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Revista Histórica Comemorativa do Centenário da Capela Bom Jesus do Caxambú

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Page 1: Revista Comemorativa Capela Bom Jesus do Caxambú
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Mato Grosso, Ivoturucaia, Caxambusertão de Jundiaí era conhecido das bandeiras, como “Mato Grosso de Jundiaí”, tendo passado por ele famosas expedições de bandeirantes. Foram dadas sesma-rias na região de Jundiaí em 1642. Ivoturucaia naquela época compreendia as

atuais regiões da Colônia, Caxambu, Várzea e Botujuru, até perto de Atibaia, Jarinu; entre os rios Jundiaí Guaçu, Jundiaí Mirim e o Atibaia. Campo Limpo, Campo Verde, Campo Largo e Roseira; divisa no espigão da fazenda Marajoara, vale da Ponte Seca, Fazenda do Banco, Ponte Alta e o sertão dos Amaros; terras da Elequeiroz e rio dos Perdões. (GOSSNER, 1974) “Os viajantes Spix e Martius, quando de sua passagem por Jundiaí em 1818, relatam que no caminho da Vila Nossa Senhora do Desterro de Jundiaí a Vila São João de Atibaia, passando pelos atuais bairros Ponte São João, Colônia, Caxambu e Jarinu, nele “passavam tropas de gados e o transporte de cargas, por muares, demandavam de, ou iam para “São João de Atibaia”, “Bragança” e sul das “Minas Gerais”.” (LUCATO, 1987) Segundo Edu-ardo Carlos Pereira no final dos oitocentos, com a chegada de imigrantes italianos oriundos das fazendas de café, começavam os proprietários particulares a parcelar e vender as suas sesmarias aos numerosos imigrantes. Exemplo ocorreu em Jundiaí nos bairros da Ponte São João, Jundiaí Mirim, Mato Dentro, Caxambu, Roseira, Toca, Ivoturucaia e Ponte Alta, criados no entorno do “Núcleo Colonial Barão de Jundiaí”. Na ata de 10 de outubro de 1897, da comissão de construção da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no Núcleo Colo-nial, criado pelo Conde do Parnaíba em 1887, consta o senhor Silvestre Xavier da Cunha, morador do bairro Caxambu. Pode-se assim afirmar que o bairro é anterior a 1900.

O nome Caxambu, de origem africana, significa batuque, festa com dança ao som do atabaque. Relatos orais afirmam que acontecia o batuque, o samba, a congada em torno da capela do bairro. “O batuque era proibido pela igreja, mas o Senhor de escravos permitia” (MAYNARD ARAUJO, 1967). Aconteciam nas festas religiosas ou pelo menos uma vez por mês. No livro da Irmandade de Santo Antonio consta a festa de Santo Antonio de 12 a 15 de junho de 1913. No detalhamento, despesas com doces, batuque e rojões. O desen-volvimento do bairro Caxambu, entretanto, só começou com o parcelamento da Fazenda Caxambu no final do século XIX, a partir da chegada de uma população de imigrantes italianos.

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Foi no ano de 1911 que um grupo de abnegados e virtuosos cidadãos, contando com o apoio e coopera-ção das famílias italianas, na sua maioria do incipiente bairro, lançaram os alicerces de uma capela que em suas linhas gerais se conservaram até 1980, embora diversas modificações e outros acréscimos fossem feitos no de-correr dos anos. A nova construção iniciada no ano de 1980 abriga a Matriz da Paróquia do Bom Jesus. Esta publicação procura resgatar a memória da capela, dos acontecimentos e das pessoas envolvidas.

Pesquisado sobre a ata da pedra fundamental da ca-pela, nada foi encontrado. Esta foi enterrada novamente na nova igreja. Livros de atas antigas não foram encon-trados na Paróquia. O arquivo da Diocese de Jundiaí não as tem e o Arquivo Metropolitano em São Paulo não confirmou a existência de documentos em seu arquivo. No livro Tombo da hoje Matriz, existe uma lacuna sem registros de 1978 a 1982.

João Borin

Este centenário é muito importante porque resgata as tradições e a fé de um povo.

Devemos destacar o valor religioso do Caxambu, de imigrantes que

vieram buscar o melhor para suas famílias e, aqui, encontraram.

Pároco Pe. José Carlos da Silva

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Levantamento executado no início da década de 1920 dos condôminos e vizinhos, além das famílias de origem portuguesa e espanholas aparecem os de ori-gem italiana: Azoni, Baldin, Bardi, Bedin, Bellinatti, Bernardi, Bianchini, Borin, Bossato, Boveda, Brugnoli, Bruno, Cereser, Chiaramonte, Comparon, De Vechi, Fava, Fonte Basso, Galvão, Gessi, Gobi, Herculano, Hungaro, Leoni, Luchezi, Marchezini, Mauroto, Mazzi, Mezzalira, Mingotti, Molinari, Moreschi, Negri, Pesso-to, Piscenta, Polin, Potazzo, Scalli, Sibinelli, Tomazzi, Tracci, Trevizan, Vendramin, Vico.

A “Fazenda Caxambu”, no final do século XIX di-vidia com terras de Francisco José Pedroso, Francisco Xavier da Cunha, Anna Francisca de Siqueira, Vigário Estanislau José Soares de Queiroz, Mosteiro de São Bento, Capitão Joaquim Antônio Guimarães, herdeiros do Coronel Joaquim Antônio Guimarães, Raymundo José de Oliveira, Josepha Maria do Espírito Santo, Ray-mundo José de Oliveira, José Caetano da Gama, Joa-quim Cardoso da Silva e ______ Francisco Bicudo.

ExpedienteEdição histórica - Capela Bom Jesus do Caxambu

Trabalho de pesquisas e textos: João Borin

Jornalista responsável:Mônica Tozetto (MTB 33120)

Produção Gráfica: Laser Press Comunicação Integrada (11) 4587.6499 - www.laserpress.net

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o caminho passando a porteira, na divisa de Batista Baldin do Núcleo Colonial, em direção a Vila de São João de Atibaia, poderiam ser encontradas cruzes, Santa Cruz e capelas. Entre elas havia uma antiga, dedicada ao Bom Jesus, originada

no século XIX, propriedade de portugueses que moravam na região. Era feita de taipa de pilão, com porta pintada em azul. Ladeava o terreno da capela seis palmeiras gerivás, alinhadas de 3 em 3. Durante as festas religiosas na Capela Bom Jesus acontecia a con-gada. Os participantes vinham de Itatiba e Jarinú e se apresentavam vestidos de branco e fitas coloridas. A festa de Santa Cruz era realizada no dia 3 de maio, onde se promoviam batuques concorridíssimos. Em 1904, a Capela recebe um quadro com estampa de “Santo Antônio”, onde consta “Auferido por José Buizio de Capivary em 21 de maio de 1904. Capela do Sr. Bom Jesus. Ah! Caxambu – Jundiahy”. Confirmando que a devoção ao Bom Jesus é anterior à Igreja que completa 100 anos, a festa de Santo Antonio já era realizada. No Livro Tombo da Matriz Nossa Senhora do Desterro consta que em janeiro de 1907 é fundada aulas de catecismo no Caxambu. Próximo à Capela Bom Jesus ficava a capela dos Mezzalira, perto do poço onde os fieis paravam para beber água. No caminho de Jundiaí Mirim, em terras da Família Molinari, encontrava-se uma “capelinha de Santa Cruz, onde é hoje o Grupo Escolar Getúlio Nogueira de Sá. Possuía a Cruz e várias imagens e era cuidada por Cecília Bardi Molinari (1894-1983). A devota fazia festa dedicada a Santa Cruz todos os anos, com rezas e comes. Seu licor de aniz era famoso.” (Relato da neta, Luzia Molinari, em 11 de fevereiro de 2006). Na década de 1960 podiam ser encontradas capelas que no termo popular tinham virado Igreja: Caxambu, Toca e Roseira.

Em 1966, consta em ata da Diretoria da Capela Bom Jesus do Caxambu as 12 capelas que deveriam receber as imagens do Menino Jesus e seus responsáveis: Capela do Borin [Sagrado Coração de Jesus]– Rafael Sibinel; Capela da Várzea Grande – Paulo Bardi; Ca-pela do Nelson Fonseca - Adair Bardi da Fonseca; Capela do Aquilino Marquesin – Fernando Leonardi; Capela da Roseira [São Sebas-tião]– José Antonio Sibinel; Capela do Tega – Arlindo Vendra-min; Capela do Oscar Bardi – Vitório Comparoni; Capela do Fava [Santo Antonio]– Thomaz Luiz; Capela do Brito – Anto-nio Varago; Capela da Toca [São Roque] – Pedro Franciscon Filho; Capela do Fortunato Fontebasso – Nelson Toresin; Ca-pela do Caxambu [Bom Jesus] – Santo Spiandorelo.

CRUZ, SANTA CRUZ E CAPELA

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Capela Santo AntonioBazílio Marquezin

Capela Santa Cruz

Jorge Bernardi - Toca

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origem da devoção e a identificação que os católicos constroem em relação ao Bom Jesus. A esse respeito, diversas são as histórias que tratam de explicar a origem. A imagem do Bom Jesus representa a pessoa de Jesus Cristo que sofrera na sua pai-

xão e morte, tanto que é de um Cristo flagelado e coroado de espinhos. “Para o Catolicismo institucional cultuar o Bom Jesus significa render homenagens ao próprio Deus, que é Jesus. Para a maioria dos devotos cultuarem a imagem de [São] Bom Jesus representa mais um santo, aos quais se pede a sua intercessão. O Senhor Bom Jesus surgiu do meio popular e sua imagem foi construída através da fama de milagres e curas e mais tarde acatado pela Igreja que em determinados momentos agrega a si algumas devoções que aconteciam periferica-mente.” (SOUZA, 1967) Considerada uma das mais difundidas festas religiosas do estado paulista: a do Bom Jesus acontece no dia 06 de agosto onde o povo venera e glorifica o Cris-to do pretório de Pilatos, o Ecce Homo, seminu, flagelado, coroado de espinhos e tendo nos braços um cetro real, representado por uma cana verde. Na Matriz do Caxambu a imagem Ecce Homo é uma escultura grande, em madeira policromada representando uma figura masculina de pé, em posição frontal vestindo um sendal branco que envolve a cintura. Tem os braços erguidos e cruzados, o direito sobre o esquerdo. Pé esquerdo lançado em relação ao direito. Cabelos longos e barba castanha. Visíveis chagas ensanguentadas pelo corpo, e na cabeça, alem da coroa de espinhos, um solar. Cobre a imagem um manto em veludo verme-lho lançado sobre os ombros e uma flor de taboa representa o cetro.

São Bom Jesus, Senhor Bom Jesus, Bom Jesus

• Esmolas – 144$000 réis• Leilão – 379$300 (líquido)• Roda de Israel – 65$400• Doces – 161$900• Taxas dos tabuleiros – 21$200• Venda de bebidas – 156$600• Donativo oferecido pelo Sr. Antonio Brogno-

li, de um quinto de vinho no valor de 70$000, vendido ao Sr. Luiz Ungaro

Entre os pagamentos aparecem: banda de música, fogos de artifícios, enfeites dos altares e andores. Apare-ce também o Sr. Luiz Vendramin como leiloeiro.

Para a Festa do Bom Jesus de 6 de agosto de 1933, foram angariados:

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m 1910, o Pe. Lúcio Xavier de Castro, vigário da Paróquia Nossa Senhora do Desterro de Jundiaí, promoveu, no início de julho, as Missões na cidade e nos bairros. Participaram os missionários arquidiocesanos padres Luiz Maria Rossi e

Joaquim do Canto. As missões nos bairros foram encerradas em outubro de 1910, sem-pre com a ereção de um cruzeiro em cada bairro. No Caxambu, durante o evento, decide-se construir uma nova capela, mais ampla. O local escolhido foi acima da original, em terras da antiga Fazenda Caxambu. A construção pretendia atender o número de devotos que sempre aumentava. Para tanto, moradores do Núcleo Colonial Barão de Jundiaí, do Caxambu, Toca e Roseira, bairros de imigrantes italianos, constituem uma comissão fun-dadora, encabeçada pelo missionário jesuíta Pe. Luiz Maria Rossi (0000-1921), Orlando Fava, João Soares de Oliveira, Santo Fontebasso, Batista Baldin, Giustiniano Borin, Luiz Vendramin e Antonio Baldin. A pedra fundamental é lançada em 21 de agosto de 1910, tendo como padrinho Francisco de Queiros Teles.

As Missões estavam novamente no bairro quando foi criada, em 13 de junho de 1911, a Irmandade de Santo Antonio para administrar a futura Capela do Caxambu. Na primeira diretoria estavam: presidente – Antonio Cereser; vice-presidente – Santo Fon-tebasso; secretário – João Soares de Oliveira; tesoureiro – João Mezzalira; procurador – Luiz Tomazi. No mesmo dia consta o recebimento de esmola angariada para compra da imagem [de Santo Antonio], flores e palmas, uma toalha, crucifixo, castiçais e talão para a nova Igreja. Em 6 de agosto de 1911, foi celebrada a primeira missa no Bairro do Caxambu, no templo consagrado ao Bom Jesus, com as imagens novas do Bom Jesus, Nossa Senhora da Conceição e Santo Antonio. A celebração contou com a presença do Pe. Jesuíta Luiz Maria Rossi e do Pe. Lúcio Xavier de Castro, vigário da Paróquia Nossa Senhora do Desterro de Jundiaí. O tenente coronel Francisco de Queirós Telles (Chico Telles) foi o paraninfo. A Irmã Maria Luiza Borin participou da inauguração: “naquele dia, eu carregava uma imagem do menino Jesus” (JJ em 12/11/1983). Até o final de 1911, consta no livro da Irmandade de Santo Antonio a realização de uma missa mensal, com pagamento ao padre, sacristão e compra de rojões. Os rojões, em torno de meia dúzia, serviam para anunciar a missa. A Irmandade realizou cinco dias de festa em junho de 1912, em comemoração a Santo Antonio. Entre as despesas, ajuda do Pão de Santo Antonio aos pobres, compra de doces e batuque, aves para leilão e rojões. A festa passa a acontecer anualmente.

Capela Bom JesusO Pe. Jesuíta Luiz Maria Rossi foi diretor espiritual

de Madre Paulina, fundador e diretor da Congregação religiosa Irmãzinhas da Imaculada Conceição, fundada em Nova Trento em 25 de agosto de 1895, por iniciativa das irmãs Paulina do Coração Agonizante e de Matilde da Imaculada Conceição. A congregação logo se esta-beleceu na cidade de São Paulo, onde teria depois sua sede. Construiu em 1899 as cruzes nos montes mais al-tos de Nova Trento, SC, para comemorar a passagem do século. Foi Superior da Igreja São Gonçalo na Capital Paulista e como missionário, seu trabalho foi exercido no interior do Estado de São Paulo.

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Giustiniano Borin (1867-1913)

Irmã Maria Luiza Borin (1891-1990)

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s imigrantes italianos Francisco Silvério Molinari e sua esposa, Catarina Fa-raone, deixaram a cidade de Picerno, Itália, para virem ao Brasil. Desembar-caram no Rio de Janeiro no dia 18 de dezembro de 1886 e vieram para São

Paulo. Da Hospedaria do Imigrante foram para Itatiba, onde, com o irmão de Catarina, montaram um armazém. Seu cunhado e sócio, quando ficou viúvo, voltou para a Itália, deixando seus dois filhos, Fortunato e Roque Faraone. Os negócios com o armazém não deram resultado satisfatório. Assim, venderam o negócio e compraram terras no sítio Caxambu, por volta de 1889. As terras atingiam onde hoje fica a região da Igreja, Olaria do Munhoz, loteamento do Jardim Caxambu até o Condomínio Quartier Les Residence. Ao todo, 91 alqueires.

Francisco e Catarina tiveram nove filhos: “Totó”, Assunta, Antonia, Roque, Mariana, Pedro, Donata, Geralda e Nicola. Exceto o primeiro, todos os outros nasceram no Ca-xambu. No Buraco Quente foi iniciada a plantação de café, seguida de outras culturas: milho, algodão e uva. Em 4 de julho de 1935, doaram o terreno onde está construída a Capela Bom Jesus de Caxambu, município e Comarca de Jundiaí, freguesia de N. S. da Conceição de Vila Arens.

Na escritura consta “doação entre vivos gratuitamente que fazem Francisco Silvério Molinari e sua esposa Catharina Silvério Molinari, italianos, proprietários, ambos com 84 anos de idade, com área de 9.100 metros quadrados no Sítio “Caxambu”, sito no bairro do mesmo nome. Doam a Mitra Archiepiscopal de São Paulo, representada pelo Pe. Vicente Hirschle, da Paróquia da Vila Arens. Assinam como testemunhas: Antonio Fontebasso e José Mezzalira, pelos doadores que declaram não saber escrever, assina por eles o Sr. Luiz Ungaro”.

Doadores do terreno

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Catarina Faraone Francisco Silvério Molinari

GERÔNIMO MOLINARI (87 anos) neto dos doadores

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Congregação da Paixão de Jesus Cristo foi fundada por São Paulo da Cruz (ou Paulo Danei) na Itália, em 1720. O fundador descobriu na Paixão de Jesus Cristo “a maior e a mais admirável obra do amor divino” e a revelação do po-

der de Deus, que elimina a força do mal com o dinamismo da Ressurreição. A história dos religiosos Passionistas no Brasil teve início no século XX, com a chegada em 1911 dos padres vindos de Buenos Aires para evangelização no Paraná. Logo depois estão em São Paulo os padres Fidelis e Martinho. No início de 1912, chegam da Itália os padres Geraldo Cortesi, Camilo Bogna e o irmão Lucas Garcia Ramires.

Às vésperas do embarque, o papa São Pio X lhes deu a Bênção Papal e recomendou-lhes que se interessassem vivamente pelos imigrantes italianos, que, longe da pátria e do ambiente em que tinham nascido e crescido, facilmente se esqueceriam de seus deveres religiosos. Pe. Geraldo Cortesi, representando o Arcebispado de São Paulo, assina com o Vigário da Paróquia de Jundiaí, Pe. Lúcio Xavier de Castro, na Capela de S. Bom Jesus do Caxambu, aos 13 de junho de 1912, a eleição para a segunda diretoria da Irmandade de Santo Antonio. Foram eleitos: presidente – Antonio Cereser; vice-presidente – Ma-ximiliano Trevizani; secretário – João Soares de Oliveira; tesoureiro – José Mezzalira; procurador – Luiz Tomazi.

Em 1914 são realizadas as Missões no Caxambu, Toca e outros bairros. O religioso passionista Pe. Basilio recebe provisão de vigário da Capela Bom Jesus. No bairro da Toca, em 11 de outubro de 1914, foi benzida a pedra fundamental da nova capela pelo Pe. Ignácio – passionista. Por Provisão da Cúria de 22 de dezembro de 1920, o Pe. Basílio erigiu as Estações da Via Sacra na Capela Bom Jesus do Caxambu. Até 31 de dezembro de 1922, as capelas do Caxambu e Colônia estavam a cargo dos Padres Passionistas. Na capela do Caxambu havia duas missas e na da Colônia, uma missa por mês. Vigário Hygino de Campos escreveu no Livro Tombo da Matriz que a capela estaria, a partir de janeiro, a cargo dos padres Salvatorianos. Em 21 de janeiro de 1923, é instalada, na Capela Santa Cruz de Vila Arens, a matriz da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, desmembrando da Paróquia de Jundiaí e dando posse ao novo vigário, Pe. Vicente Hirs-chle da Sociedade do Divino Salvador. A Capela do Caxambu passa a fazer parte dessa paróquia.

Os passionistas

AA Associação do Apostolado da Oração, da Capela

Bom Jesus do Caxambu, foi fundada em 1917. No fi-nal de 1923, é realizada uma Romaria do Apostolado da Oração de Caxambu para a matriz de Vila Arens com a presença de 350 romeiros.

Irmandade do Sagrado Coração de Jesus

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santo é padroeiro de Portugal, da cidade italiana de Vicenza, dos vinhateiros e fabricantes de vinagre. Na cidade de Valencia é patrono. Na arte portuguesa, São Vicente Mártir é quase sempre representado como jovem, com vestes de

diácono, segurando uma nau com dois corvos. Algumas narrativas plásticas incluem ainda a característica palma do martírio e o molho de cordas. Pode eventualmente apa-recer também com uma mó ou uma grelha, ou também, com um cacho de uvas ou uma tesoura de poda, pousando a mão sobre uma pipa de vinho. Sua história começou no ano de 325, na cidade espanhola de Huesca, então província de Saragoza. Lá nasceu o jovem Vicente, padre dedicado que se destacava por seu trabalho, tanto que o bispo de Saragoza, Valério, lhe confiou a missão de pregador cristão e doutrinador catequético. Valério e Vicente enfrentavam, naquela época, o imperador Diocleciano, que perseguia os cristãos na Espanha. Os dois acabaram sendo presos por um dos homens do im-perador, Daciano, que baniu o bispo e condenou Vicente à tortura. O martírio sofrido por Vicente foi brutal a ponto de surpreender os carrascos que decidiram matá-lo com garfos de ferro, dilacerando-o completamente. Seu corpo foi jogado ao mar. O corpo de Vicente foi resgatado por cristãos, que o sepultaram em uma capela perto de Va-lência. Depois, seus restos mortais foram levados à Abadia de Castes, na França, onde foram registrados milagres. Em seguida, foram levados para Lisboa, na Catedral da Sé, onde estão até hoje. Vicente foi canonizado e recebeu o nome de São Vicente Mártir, hoje santo padroeiro da cidade de São Vicente e de Lisboa. Desde então, o dia 22 de janeiro é dedicado a ele.

OSão Vicente, o Mártir

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Festa da Uva, realizada na matriz do bairro do Caxambu, Paróquia Bom Jesus, é a mais tradicional e está incluída no calendário municipal de eventos pelo proje-to de lei número 7.456, de 10 de agosto de 1999, de autoria do vereador Marcílio

Carra. O evento acontece anualmente, nos meses de janeiro e fevereiro. A primeira festa religiosa aconteceu em 1932, com venda de uvas. João Cereser relembrou, em 1980, em reportagem, que, em setembro de 1935, “os vinicultores do bairro, muito religiosos, se reuniram para indicar qual seria o santo padroeiro da viticultura. Acreditavam que essa devoção poderia solucionar o problema das chuvas (...)”. O santo escolhido foi “São Vicente Mártir”. Em 1936, o evento passa a se chamar “Festa da Uva do Bairro Caxam-bu em louvor a São Vicente Mártir”. A imagem do santo, feita por “Irmãos Romano” chegou para a festa de 1938, quando foi realizada grande procissão, em 22 de janeiro, dia do padroeiro da uva. Em 1937, a procissão pelas ruas foi feita com um quadro comprado em 17 de janeiro do mesmo ano. Nessa época também foi organizado um livro de ouro para arrecadar dinheiro e pagar o trabalho dos “Irmãos Romano”. A imagem é a mesma que se encontra na matriz da Paróquia Bom Jesus do Caxambu.

Em 20 de janeiro de 1946, tem início as festividades da colheita das uvas. O primeiro cacho de uva colhido é abençoado pelo pároco da Colônia, Pe. Eurico Binotto. O evento conta com a presença do prefeito Dr. José Romeiro Pereira e autoridades civis, militares e eclesiás-ticas. Um grande “Arco do Triunfo”, que dava as boas vindas: “Sede bem vindos a nossa terra”. A decoração exibia bambus e bandeirinhas. Houve ainda Leilão de Uvas e quermesse. João Cereser ofereceu um almoço de confraternização.

Festa da Uva do Caxambu

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Em 1953, João Cereser é membro da Co-missão da 3ª Exposição Vitivinicola e Industrial do Estado de São Paulo e 4ª Festa da Uva. A imagem de São Vicente Mártir participa das co-memorações de inauguração do Parque da Uva, projeto de Vasco Venchiarutti, inaugurado no governo municipal de Luiz Latorre. Depois da missa campal, na Praça da Matriz, segue a ima-gem em carreata até o parque.

Itala Sibinelli - 1934

1946

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Page 11: Revista Comemorativa Capela Bom Jesus do Caxambú

A festa de 1938 exibia o seguinte programa:

Capella do Bom Jesus, para entronização da imagem de São Vicente.

• Dia 20 – 18h00 – chegada do Padre Elyseu Murari, que presidirá os actos reli-giosos; às 20h00 – reza, sermão e confições.

• Dia 21 – 8h00 – missa; 20h00 – reza, sermão, benção e confições

• Dia 22 – 9h00 – missa cantada em louvor do São Vicente, dia que lhe é con-sagrado; às 10h00 – chegada de Dom José Gaspar da Afonseca e Silva, bispo auxiliar da Arquideocese; às 10h30 – benzimento das imagens de São Vicente, São José e Nossa Senhora do Rosário; às 13h30 – será ministrado o sacramento do Crisma; às 16h00 – procissão e a entrada, benção.

• Dia 23 – 5h30 – missa e às 6h00, partida duma romaria do bairro à cidade, con-duzindo a imagem de São Vicente, que será colocada no altar preparado para missa campal e depois a imagem ficará na igreja Matriz até findar a “2ª Festa da Uva e Exposição Vitivinicola do Estado de São Paulo”, em Jundiaí, na praça das Bandeiras (atual praça da Bandeira, onde fica hoje o Terminal Central)

Chegada da Imagem

Tomou parte o bairro do Caxambu através da comissão do bairro e da Capela Bom Jesus. Dom José Gaspar de Afonse-ca e Silva – bispo auxiliar, fez a bênção da imagem do padroeiro da uva. Houve lugar a cerimônia em 22 de janeiro de 1938, às 11 horas, na frente da Capela no Caxambu. Apesar da chuva, às 15 horas, foi realizada a crisma a mais de 300 pessoas.

1953

1966

1938

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Page 12: Revista Comemorativa Capela Bom Jesus do Caxambú

s comemorações religiosas da Santa Cruz, Santo Antonio, Bom Jesus, São Vi-cente e outras, obedeciam um programa. Ao amanhecer, toque de alvorada com rojões. A programação era divulgada em rádios e jornais. Havia missa, a

procissão percorria as ruas do bairro com as bandas do Carlitos ou São João Batista, ou ainda, de Jarinu (1962). Recolhia-se o cortejo à Igreja e então, tinha início a quermesse com prendas doadas, barraca de doces, rifas, churrasco, picadinho no pão, vinho e venda de uvas. No leilão de prendas havia doces, roscas, galinhas, frangos, galos, bezerros. A rifa era feita através da roleta de números, a “Roleta de Israel”. A prenda maior muitas vezes era a leitoa assada com a maçã na boca. Também aconteciam as comemorações do dia de Santo Antonio, muito venerado no bairro, com missa, bênção e distribuição dos Pães de Santo Antonio.

Na década de 1960, em maio, acontecia a coroação de Nossa Senhora. Em 1972, a coroação acontece com quermesse, tendo barraca de petiscos, quentão e bar. Colabora a Irmandade do Sagrado Coração de Jesus. No dia 19 de agosto de 1975, segundo consta na ata deste dia, “a festa do Senhor Bom Jesus que ficou marcada na história da Matriz, não aconteceu no ano passado, o vigário não fez com que realizasse tal festa.”

Na Festa da Uva de 1983 já era montado um serviço completo de restaurante, com frango frito, churrasco e doces caseiros, parque de diversões, exposição de frutas e flores. Depois as festas passam a servir frango frito, polenta, macarrão e vinho.

Em 2001 é realizada a “1ª Festa do Vinho Artesanal”, nos meses de julho e agosto, com exposição e venda de vinhos e serviços de restaurante. Além da comemoração do padroeiro Bom Jesus acontece o dia de São Cristóvão, protetor dos motoristas, com carreata e buzinaço (procissão de carros, caminhões, tratores, motos), terminando com a bênção em frente à Matriz. Esta comemoração está completando 10 anos.

Consta das atas da diretoria da Capela Senhor Bom Jesus do Caxambu, em 7 de ja-neiro de 1957: “ficou resolvido cada diretor comprar 6 frangos e trazê-los no dia da festa, assados para a barraca do Leilão. Ficou en-carregado o Sr. Presidente mandar fazer as fixas de cervejas, guaraná, caçula e churras-co”. Em 04 de julho de 1957: “Ficou encar-regado o Sr. Nelson Bardi da Fonseca para comprar os garrotes para o churrasco da festa; o Sr. Afonso Tega para mandar fazer fixas de churrasco, cervejas, guaraná, caçula e tubaína; o mesmo arrumar 20 dúzias de ovos para o dia da festa, e fazer a lista para pedir as esmolas”.

Festas, festas e festas

A... não existe festa sem alusão ao passado ou à memória.

Neves Pontes

“ “

Festa do Bom Jesus - 1948

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O povo do Caxambu comemorou, nos dias 6 e 13 de agosto de 1961, um evento de real importância histórica: o Jubileu de Ouro da Fundação da Capela que constituiu um marco na vida coletiva e religiosa do bairro. Pais, netos e bisnetos prestaram homenagens àqueles que, em tempos remotos, arrastando mil dificuldades, lançaram os alicerces de uma comunidade pacata, operosa e digna de admiração e respeito de todo o município de Jundiaí. Para presidir os festejos, foi convidado o Arcebispo Coajutor de São Paulo, Dom Antonio Maria Alves Siqueira. Foi saudado em nome do povo pelo Monsenhor Silvestre Murari, um dos filhos que a cidade deu ao sacerdócio. Dom Antonio respondeu à saudação com palavras de carinho e consideração para com os pioneiros italianos que há 50 anos lançaram a semente de uma comunidade religiosa. Em seguida, rezou a missa solene e foi inaugurada uma placa comemorativa doada pelo prefeito Dr. Omair Zomig-nani. No bronze, figuram os nomes dos pioneiros.

O primeiro registro da Festa do Padroeiro Bom Jesus encontrado nos arquivos é de 1917. No livro da Irmandade de Santo Antonio, em 7 de agosto de 1917, consta: Saldo da Festa do dia 05/06/08 – 116$800. Em 1921: resumo da festa de abril 305$500; re-sumo da festa de agosto (Bom Jesus) 536$000. Em 1922: resultado da festa de agosto: 510$600. Em 1923: resultado da festa de agosto: 437$700. Em 1928: resultado das festas realizadas de cada comissão, sendo a de Santo Antonio e de S. Bom Jesus. Secretário da Irmandade de Santo Antonio – Antonio Borin.

Festa dos 50 anos da Capela Bom Jesus do Caxambu

Coral Santa Cecília - 6 de agosto de 1925

Santo Cereser João FavaJoão Cereser

Ernesto Sibinel

Francisco Chinelato

Luiz VendraminSanto Sibinel

Justiniano Borin (filho)

Antonio Borin

Dosolina Vendramin

Angelina Vendramin

Rosa Sibinel Josephina Vendramin

Celestina Fava

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ssim que foi construída e inaugurada a capela em 1911, o local já estava peque-no. Consta no livro da Irmandade de Santo Antonio, em 1915, despesa com 3.000 tijolos a Benedito; 6.000 tijolos a J. Baldin; tijolos para o poço; pagamen-

to de pedreiro e cal. No ano seguinte, pago para embolsar telhado; 8.500 tijolos Baldin; madeira, pedreiro Ferrari, tijolos Beppe, pregos no Ungaro, portas e janelas e ferragem; pago pedreiro e carpinteiro Ferrari, telhas, cal e cimento. Em 1920, despesas com telhas; 2.500 tijolos a Angelo Vendramin, madeira para igreja; pago pedreiro, cal, ferro, areia, forro, grade e tinta. Em 1925, consta despesa com engenheiro Construtor Emanuel

Giani. No ano seguinte, compra de madeira para torre, telhas de escamas, tábuas para andaime. Em 17 de julho de 1927, despesas com pedreiro Cesari Fer-

rari, Arcângelo Sibinel – serviço, Angelo Miotto – serviço; despesa com sacos de cal, barricas de cimento e tijolos e em dezembro,

despesa com reforma da Igreja. Em 1930, pagamento do altar de Santa Therezinha; despesa com pintura da capela, despesa

de 32 dias de serviço de Francisco Pincetta; 3 vidros para bandeira da janela; 150 dias de pensão dos pintores. Em

1936, pago as porteiras para fechar o terreno da ca-pela a Jacomo Maria, pago os pedreiros da reforma

do telhado da capela. Em 1937, pagamento pela compra de ladrilhos para a capela – 1.284$000,

mais carrinho, areia, cal, água, cimento, mão de obra de pedreiro e servente – total: 1.944$300. Em 1938, pintura do altar de

Construções e reformas

A

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S. Vicente. Em 1942, pagamento ao prof. Silvio Graziani, dois altares – 1.500$000. Em 7 de março de 1957: consta da ata da diretoria da capela: “Ficou combinado nesta reunião de todos os diretores a com-parecer no dia nove deste mês às 7,30 ho-ras para cavar o barranco e tirar fora a terra afim de deixar o terreno em plena ordem para construir (os dois mictórios)”. Em 06 de março de 1958, início das construções do muro de pedras (pedras recolhidas no Sítio Molinari); pagamento com reforma: tijolos, areia, cal, serviço de terraplanagem, serviços de pedreiro e ajudante, desenhista da planta, serviço de pedreiro (poço). Em 1959, pago despesas com ferro, cimento, compra de 12 bancos e em 1960, paga-mento pela montagem do órgão, serviço executado pelos empregados da Karl Möhrle. Em 17 de mar-ço de 1961, aprovado a construção do barracão de festas. Vários membros da dire- toria ficaram

enca r r eg a -

dos de arrumar tijolos, areia, eucaliptos etc. No dia 29, ficou resolvido que, para o dia 8 do corrente, sábado, às 13 horas, todos os doze diretores deveriam ir cortar madeira ne-cessária para a construção dos barracões. Em 1964, ficou decidida a construção da casa pa-roquial. Em 30 de dezembro de 1965 e maio de 1966, o bispo Dom Antonio Maria Alves de Siqueira visita a casa paroquial – bispo residencial de Jundiaí. Em 9 de agosto de 1980: início da de-

molição da capela do Bom Jesus do Caxambu, quan-do completava

69 anos.

Matriz da Paróquia Bom Jesus do Caxambu15

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Paróquia Sagrado Coração de Jesus da Colônia

Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Colônia, em Jundiaí, foi criada pelo Cardeal Arcebispo de São Paulo Dom Carmelo de Vasconcellos Mota, em 7 de setembro de 1952. A sede da paróquia, naquele tempo, era uma capela cons-

truída pelos primeiros imigrantes italianos do Núcleo Colonial “Barão de Jundiaí”. Até então, era um Curato (capela com padre mais ou menos estável), que dependia da Matriz de Nossa Senhora do Desterro, agora Catedral da Diocese de Jundiaí. Quem cuidou deste Curato até 31 de dezembro de 1949 foi o Pe Montano Catanzaro. Em janeiro de 1951, assume a capela a Congregação dos Missionários de São Carlos, fundada na Itália em 1887, por Dom João Batista Scalabrini. Trata-se de uma obra missionária, com o carisma de acompanhar pastoralmente os imigrantes italianos. A Sociedade Missionária de São Carlos delegou ao Pe Ermenegildo Amianti pastorear a população da Colônia e Caxambu. Em 28 de janeiro de 1951, o Pe Ermenegildo Amianti (conhecido como Pe Hermes) foi nomeado Curato e em 18 de setembro de 1952 passou para primeiro pároco. Na nova paróquia fazia parte as capelas dos bairros do Caxambu, Toca, Roseira, Ivoturucaia e outras menores.

Paróquia Bom Jesus do Caxambu

m 1º de fevereiro de 1967, na reunião extraordinária da diretoria da Capela Bom Jesus do Caxambu, compareceram os representantes das capelas da re-gião, onde o Pe. Primo Bernardi comunicou que a capela Bom Jesus seria ele-

vada à Paróquia. Foi designado para vigário o Pe. Lauro Gurgel, cuja posse seria no dia 12 de fevereiro. Em 21 de fevereiro, Pe. Lauro Gurgel expôs que, à partir daquela data, a comissão passaria a denominar-se “Conselho Paroquial”. Em 6 de outubro de 1968, é oficializada a criação da Paróquia do Caxambu. Em 9 de outubro consta na ata da Ir-mandade do Santíssimo Sacramento: “(...) Foi efetuado o acerto de conta com referencia as solenidades realizadas no dia seis passado, dia em que foi oficializada a nossa Paróquia com a posse do primeiro Vigário (Pároco) Pe. Canízio, as solenidades foram administra-das por Dom Gabriel Paulino Bueno Couto e Monsenhor Pedro, esteve presente neste ato o nosso digníssimo prefeito municipal professor Pedro Fávaro e o vice-prefeito Sr. Virgílio Toricelli (...)”. A Paróquia do Caxambu, criada em 1968, abrange em seu territó-rio os bairros do Caxambu, Toca, Roseira, Ivoturucaia, Jundiaí Mirim, Tarumã, Rio Aci-ma e Mato Dentro. Quando da criação da Paróquia N. S. Do Carmo de Jundiaí Mirim, em 19 de dezembro de 1971, é transferido o território de Jundiaí Mirim, Tarumã, Rio Acima e Mato Dentro para a recém criada. Ivoturucaia passa para a Paróquia da Colônia.

Na Paróquia do Caxambú no Jardim Vera Cruz está em construção a Capela da Imaculada Conceição.

Paróquias:1968-1972 - Pe. Canisio van Herkhuizen (1910-1972)

1972-1974 - Pe. Aníbal Martinelli

1975-1976 - Pe. Luiz Gonzaga de Mello Camargo

1976-1978 - Pe. Sebastião Hugo Santana

1978-1979 - Pe. José Egidio

1979-1979 - Pe. Francisco Dodi

1980-1982 - Pe. Marcello Fernandes Vieira

1982-1983 - Pe. Francisco Serafim

1983-1991 - Pe. Ermenegildo Amianti C. S. (Pe. Hermes) (1913-1993)

1991-1999 - Pe. Francisco Dodi

1999-2005 - Pe. João Batista Carvalho

2005-2010 - Pe. Paulo Toni Júnior

2010 - - Pe. José Carlos da Silva

Paróquia Bom Jesus do Caxambu

A

E

Desterro, Vila Arens, Colônia e Caxambú

Pe. Canísio - 1º Pároco Pe. Francisco Dodi16

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Em 9 de agosto de 1998, data da Consagração do Templo dedicado ao Bom Jesus, a cerimônia foi presidida por Dom Roberto Pinarello de Almeida. Comissão: Pe. Fran-cisco Dodi, Aristeu Marquesin, Jairo Franciscon, Milton Luiz, Rafael Sibinel, Renato Tafarelo e Valdomiro Anholon.

De 1911 a 1968, os vigários atendiam a Capela Bom Jesus do Caxambu. No início, uma, duas, depois quatro vezes por mês, até ter um padre residente. Neste período, aten-deram a capela os padres passionistas, scalabrinianos, salvatorianos e padres vindos de outras localidades, como a vizinha Jarinu.

Pe. Natali Ubaldi, na década de 1960, dava aulas de religião na escola primária do Grupo Escolar “Getúlio Nogueira de Sá”, lembra Humberto Cereser. Ele ia de moto até a escola. Italiano, nascido em 17 de março de 1931, na Província de Pádua, se ordenou sacerdote em 1956, na Congregação Missionária de São Carlos. Logo depois veio para o Brasil. À partir de 20 de novembro de 1957, assume como vigário cooperador na Paró-quia Sagrado Coração de Jesus na Colônia. Fazia as visitas paroquiais montado em sua motocicleta. Ainda vivo, reside em São Paulo e, em junho de 2011, visitou a paróquia da Colônia.

Capelas da Paróquia da Vila Arens

Pe. ErmenegildoAmiante

Pe. Natali Ubaldi

Matriz da Paróquia da Colônia(1899-1957)

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nome do bairro, segundo informações orais passadas ao longo dos anos, de geração em geração, pelos moradores do local. De acordo com Vagner Mar-quezin, os mais velhos contavam que o nome remonta aos homens que vinham

para a região caçar animais silvestres. O local da caça de porco do mato, tatus, coelhos, entre outros animais é um grande vale, com nascente, onde os bichos vinham matar a sede. Lá, os animais entocados eram prezas fáceis, daí originando o nome “Toca”. Em 1906, a primeira capela no local foi construída pela família Marquezin. Segundo o livro de Tombo da Paróquia N. S. do Desterro era dedicada a Santa Cruz e recebia, em 1912, provisão por um ano. No ano seguinte, em 1913, recebia por mais um ano e também em 1914, alem de receber as Missões, constrói-se a segunda capela, esta dedicada ao Bom Je-sus. Segundo Maria Mingotti Bernardi (86 anos) “dedicaram ao Bom Jesus depois, como a do Caxambu também era, mudaram para São Roque”. Neste mesmo ano a Capela de São Roque, como passa a ser conhecida e provisionada até 01/10/1915. Passado muitos anos em 16 de agosto de 1940 tendo a necessidade de construir uma capela mais ampla, realizou-se, com a presença de autoridades eclesiásticas e não sem grande concorrência de povo, o lançamento da primeira pedra da nova capela desta progressista e fervorosa localidade da Toca, da qual São Roque é venerado patrono.

Américo Marquezin e sua mulher [Erminia Negri] e outros [Antonio Marquezin, Pedro Marquezin e Luiz Marquezin] fizeram doação em 27 de julho de 1937 a Mitra Archie-piscopal de São Paulo do terreno e Capela de São Roque no bairro denominado “Toca”, pertencente à Paróquia de Vila Arens. (Livro Tombo da Paróquia da Vila Arens). A atual igreja foi construída em 1940 e depois passou por ampliações.

A atual igreja preserva até hoje uma imagem do Bom Jesus, feita em terracota policroma-da. A imagem lembra aquelas encontradas em capelas desativadas do Bairro do Caxam-bu como: Capela do Sibinel dedicada ao Sagrado Coração de Jesus e a da Família Fava dedicada a Santo Antonio.

Toca

O “Em nome de Deus Amen. Aos onze dias do mês de outubro do anno de nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo, de mil novecentos e quatorze, neste lugar denominado “Toca” no bairro do Cachambu, Municí-pio e paróquia de Jundiahy, sendo pastor das Almas o padre Lúcio Xavier de Castro foi solennemente assen-tada e benzida esta Pedra pelo Padre Ignácio Missioná-rio Passionista como fundamento da Capella que sob a evocação de Senhor Bom Jesus [S. Roque*], aqui será levantada. Jundiahy 11 de Outubro de 1914. Eu João Baptista de Figueiredo lavrei esta a pedido da Comissão edificadora da Capella. Em nome de Deus. Amen. Pa-dre Ignácio- Missionário Passionista; Padrinhos – Luíz Ungaro, João Meszalira; Comissão: José Negrini, Luiz Mingotti, Leopoldo Mingotti, Alberico Negrini, Luiz Marchesini, Pedro Marchesini, Antonio Marchesini, José Franciscon, José da Silva, Luiz Bernardi, Eliseu Mingot-ti, Giovanni Masiero.” *colocado a lápis.

O Sr. Jorge Bernardi, o Toio (90 anos) informou que nas terras da Toca era tudo mato. Na terra dele, antes vivia o Domingo Masaio e a mulher, escravos li-bertos, angolanos e outros mais próximos, mais a frente tinha outro, depois o Juca Paula que era bugre (índio). Aqui não existia estrada, cada terreno tinha um acesso que dava no morro. Um caminho estreito todo ele no topo dos morros, na divisa com a Fazenda Conceição. Este caminho ia do morro atrás da Capela da Toca, pelo morro atrás do Borin e depois saia onde é o Zé Bardi, saindo no bairro Barreira.

Ata do lançamento da pedra fundamental da nova Capela do Bairro da Toca, em 11 de outubro de 1914

São Roque o padroeiro do bairro da Toca é o santo protetor dos cachor-ros e outros animais como cavalos, bois e aves domésticas. O culto a São Roque tomou vulto com a vinda de colonos italianos que começaram a chegar à região. As festas na Capela de São Roque são realizadas em 16 de agosto, dia do padroeiro. A “Banda Musical 15 de Novembro”, de Jari-nú, com o maestro Lazaro Siqueira, animava as festas em louvor a São Roque e N. S. da Gloria. A decoração da festa era feita com bambus e ban-deirinhas coloridas, já não decoram mais. Um enorme galpão hoje abriga a cozinha e o restaurante.

São Roque

Luiz Bernardi e Luiza Morandi

Jorge Bernardi

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nome do bairro tem origem, pe-las muitas roseiras brancas que existiam no local. A fama deu

nome ao “Sítio Roseira”, no Caxambu, e depois bairro Roseira. Em 1918, a família de Luiz Mingotti, que residia no bairro da Toca, comprou terras de José Silvestre de Oliveira, no “Sitio Roseira”. O fato ocor-reu em 20 de janeiro, dia de São Sebastião. Então, Luiz promete construir uma capela em homenagem ao santo. Concluída em 1921, a capelinha tinha 2,5 x 3 metros. Lá ele rezava o terço todas as terças e sextas-feiras, em italiano. Depois de algum tempo, a tradição foi assumida pelo seu filho, Fre-derico Mingotti, até a construção de uma nova capela em 1946, de 4 x 5 e 3 metros altura. Assumiu o cargo Antonio Mingotti (Tonico), que exerceu os ofícios de sacris-tão e catequista. Ele passa a receber um vi-gário, que celebra uma missa mensal. Para a nova capela, o Pe. Angelo Cremonti doa a imagem de São Sebastião.

Os moradores do bairro Ro-seira dedicavam-se às plantações de café e uva. E, no desejo de possuírem uma capela melhor e mais ampla, tomaram a si a tarefa da construção de um novo templo. No domingo, 12 de julho de 1959, com bênção e lançamento da primeira pedra da nova capela em terreno de 1.500 metros quadrados doado por Mário Min-gotti, teve o ato oficiado pelo Pe. Ermenegildo Amianti, vigário da Paró-quia Sagrado Coração de Jesus da Colônia. C o n -

Roseira

OBibliografia

tou com a presença do Pe. José Cesar de Oliveira, de Jarinu, Pe. Lino Leonardi, Pe. Natal, Pe. Adalberto de Paula Nunes e autoridades civis. Comissão construtora: presidente – Nelson Bardi da Fonseca; vice-presidente – Santo Fontebasso; 1º tesoureiro – Antônio Fontebasso; 2º te-soureiro – Otávio Mingotti; 1º secretário – Duílio Fontebasso; 2º secretário – An-tonio Mingotti. Em 20 de janeiro de 1960, a imagem do santo padroeiro foi transla-dada da velha à nova capela em procissão e celebrada a santa missa. A inauguração oficial ocorreu no dia 1º de maio do mes-mo ano, onde foram recebidas doações de imagens de santos, a via-sacra, confessio-nário e lustre central, como também a ca-pelinha do sacrário. Os padrinhos foram Vitor Geraldo Simonsen (1916-1986) e sua esposa, Dulce Ribeiro Simonsen. As festividades iniciaram com uma salva de rojões às 18 horas do dia anterior, seguin-do reza na nova capela. No dia seguinte, domingo, 1º de maio, de manhã, chegaram várias comitivas com caminhões e ônibus, da cidade, da Colônia, Ponte São João, São Bernardo do Campo e outras localidades. Às 19 horas – bênção da nova capela pelo Pe. Ermenegildo Amianti, seguindo missa cantada pelo coral local. A quermesse con-

tou com banda de música, barraca do coelho, jogo de argola. As primeiras novenas na Igreja eram realizadas

juntamente com a do bairro da Toca. Chamavam “novena da chuva”. Saía da igreja da Roseira a imagem de São Benedito, que era trocada no alto do morro do Sítio do Mingotti pela ima-gem de N. S. da Glória. Realizava-se nove dias, na mesma hora, nas duas

capelas. No final da novena, as imagens eram trocadas nova-mente.

AGRADECIMENTOS

Documentos avulsos e livros das Capelas: Toca, Colônia e Caxambu

Livros Tombo da Matriz N. S. do Desterro, das Paró-quias: Vila Arens, Ponte São João, Colônia e Caxambu

Jornal da Cidade de 02 de fevereiro de 1980

GOSSNER, Walter. Artigo, “Museu de Jundiaí II”, Eda-nee, São Paulo,1974

LUCATO Cláudio, Causos de Jundiaí, Resgate da tradi-ção, Jornal “Além Viaduto” n° 4, 1987

MAYNARD ARAUJO, Alceu. Folclore Nacional, Volu-me I, II, III, Melhoramentos, São Paulo, 1967

NEVES PONTES, Annie Larissa Garcia. Irmandade do senhor Bom Jesus dos Passos: festas e funerais na Natal oitocentista – Tese de mestrado, 2008

SOUZA, Joaquim Vicente de. A História do Santo Senhor Bom Jesus da Cana Verde - Siqueira Campos, 1967

Cúria Diocesana de JundiaíParóquias: N. S. da Conceição da Vila Arens, Sagrado Coração de Jesus da Colônia,São João Batista da Ponte São João e Bom Jesus do CaxambuAquilino Marquezin Arlindo Vendramin Beldran Comparoni Cintia de SouzaEduardo Carlos PereiraEvanira Fontebasso DuarteHumberto CereserIris Cassatella Paes Jerônimo MolinariJorge Bernardi Julia Fernandes Heimann Maria Aparecida Marquezin FelipeMaria Luiza Molinari Maria Mingotti Bernardi Nilce Aparecida Marquezin Nogueira Nivaldo Fontebasso Sandra Vendramin Vagner Antonio Marquezin

João Antonio Borin e os Imigrantes - Esculturas (entalhes) do artista plástico Edson Lufaac (2007)

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