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Revista laboratorial criada pelos alunos de Comunicação Social (Publicidade e Propaganda, Radio, Tv e Internet, Jornalismo e Relações Publicas) da Universidade Cruzeiro do Sul

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palavra do pró- reitor de graduação

palavra do pró- reitor de graduação

Desde os primeiros empreendimentos que marcaram sua trajetória ao longo dos 40 anos de atuação, consolidando-se entre as melhores instituições educacionais privadas do país, a Universidade Cruzeiro do Sul renova e amplia uma das características que assinala sua identidade: a interlocução com as comunidades, interna e externa.

No desenvolvimento desse diálogo, conta com a atuação dos cursos da área da Comunicação – Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Rádio, TV e Internet e Relações Públicas, congregando equipes docentes e discentes, com produção teórico-prática relevante, com o intuito de difundir o pensamento e a ação da Universidade Cruzeiro do Sul à sociedade em geral.

Destaque-se que, nos caminhos trilhados pelos cursos da área da Comunicação, oferecidos pela Cruzeiro do Sul desde 1994, muitos foram os trabalhos que consolidaram a expressão dessa instituição, particularmente, no campo da extensão universitária: centenas de projetos de conclusão dos cursos colocando em interlocução alunos, professores e organizações de nossas comunidades, dezenas de prêmios concedidos por renomadas entidades e associações de classe, ressaltando a qualidade de trabalhos acadêmicos que mantiveram o

olhar e a ação voltada para especificidades dos mercados e seus atores, trabalhos que, ao longo dos últimos anos, qualificaram a formação dos futuros profissionais das respectivas áreas, bem como expressaram ideias e trabalhos das gerações de profissionais e futuros profissionais que se encarregam de ressignificar o diálogo nesse novo tempo em que o próprio conceito de comunicação alcança outras dimensões, em especial, a dimensão humana, para além da técnica.

Assim como se pode ressignificar o diálogo, tendo em vista seu maior alcance e efetividade, tanto no meio acadêmico quanto nas demais dimensões de nossa sociedade, pode-se também renovar os meios para a veiculação das informações que retratam a ação universitária, a exemplo da Revista Código, produto dos cursos da área da Comunicação, cuja edição inicial temos o prazer de apresentar. Assim, com o lançamento do número 1 da Código, anunciamos a implementação de novos meios de comunicação que, por intermédio dos cursos acima relacionados, a Universidade coloca à disposição da comunidade acadêmica, integrando, além da revista, a Rádio e TV Código na web. Nesse grato momento de ampliação das oportunidades de interlocução entre a Univesidade Cruzeiro do Sul e a sociedade, relembramos e homenageamos a figura querida e saudosa do Prof. Gilberto Padovese, um dos fundadores do Grupo Educacional Cruzeiro do Sul e defensor do diálogo educativo inclusivo que marca a trajetória da Cruzeiro do Sul em seus 40 anos de existência. Temos a certeza de que esse veículo congregará, mais uma vez, alunos, professores das diversas áreas do conhecimento e as comunidades da Universidade Cruzeiro do Sul, reafirmando o espírito universitário e o ideal de educação superior que nos deixou como seu maior legado.

Prof Dr. Luiz Henrique AmArALPró-rEitor dE GrAdUAção

coordenador dos cursos de comunicação social

reitoraProfª. Drª. Sueli Cristina Marquesi

Pró-reitor de GraduaçãoProf. Dr. Luiz Henrique Amaral

Pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Prof. Dr. Danilo Antonio Duarte

Pró-reitora de extensão e Assuntos Comunitários

Profª. Drª. Janice Valia de Los Santos

Coordenador dos Cursosde Comunicação Social

Prof. Ms. Carlos Barros Monteiro

Coordernadores Adjuntos Jornalismo

Profª. Drª. Flávia SerralvoPublicidade e Propaganda

Profª. Ms. Kátia Pellicci Cembrone rádio, TV e internet Prof. Ms. Bruno Tavares

relações Públicas Profª. Drª. Angela Fernandes

maio de 2012 | Ano 1 | número 1 Tiragem: 1.000 exemplares

editor de Conteúdo Prof. Ms. Carlos Barros Monteiro

MTb 26.935/SPJornalista responsável

Profª. Drª. Flávia Silveira Serralvo MTb 65.521/SP

editora de reportagensProfª. Ms. Regina Tavares

idealizaçãoProf. Ms. Bruno Tavares

Diagramação Eduardo vianna

Capa Eduardo vianna

Profª. Ms. Rita Jimenezrevisão

Profª. Drª. Flávia Silveira Serralvo Profª. Ms. Kátia Pellicci Cembrone

impressãorettec Artes Gráfi cas e Editora

(11) 2063-7000

o Brasil passa por um momento histórico, muito privilegiado em relação às nações desenvolvidas. Ações políticas e uma sociedade mais esclarecida e consciente de sua atuação no cenário geral do país proporcionaram a fase de otimismo econômico e social que vivemos hoje. Em 512 anos como nação organizada, esse momento atesta nossa certeza de que a comunicação é um instrumento primordial para o avanço de uma sociedade. Dos 192 milhões de habitantes presentes em 5561 municípios brasileiros, os meios de comunicação estão ali presentes pela web, TV (aberta e fechada), rádio, mídia impressa, muitas rádios de poste e alto falantes móveis e fi xos.

Considerando este cenário, o leitor faz uma refl exão rápida e conclui que o acesso é fácil, mas grande parte do conteúdo ainda é de qualidade frágil e questionável. Pura verdade. Nosso país retomou a democracia apenas em 1985, depois de 20 anos de desenvolvimento econômico fi ctício e a intelectualidade amordaçada. felizmente, retomamos o desenvolvimento com liberdade. Aqui, em nossos cursos e em nossa universidade, temos absoluta certeza de que investir em capacitação e qualidade na formação de profi ssionais de comunicação é lucro líquido para o país e para nossos alunos. Já somos a sexta economia mundial, com previsão do Bando Mundial de alcançarmos a quinta posição em 2020. Nossa geração está no momento certo e na hora certa. E, como profi ssionais de comunicação, somos atores com grande janela de oportunidades no Brasil. Nossa revista é um elemento que refl ete o trabalho competente de nossa equipe de professores, pró-reitores, reitoria, corpo de profi ssionais administrativos e nossos alunos. Juntos, buscamos constantemente a excelência da formação profi ssional consciente de que estamos trabalhando em nossa universidade, pelo avanço do país e da sociedade, como fi zeram nossos irmãos brasileiros que lutaram para nos proporcionar esta liberdade de expressão e perspectivas profi ssionais. Juntos, Jornalistas, radialistas, relações Públicas e Publicitários, temos nas mãos a oportunidade de contribuir com o crescimento do Brasil, para nós e para as gerações vindouras. Esta é a proposta da Revista Código e da Universidade Cruzeiro do Sul.

Vamos em frente!

Prof. mS. CArLoS monTeiro Coordenador dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Rádio, TV e Internet e Relações Públicas

sumário

Revista Código # 1 | www.codigo.inf.br | 2012 | Universidade Cruzeiro do Sul

sumário

6 - JornAliSmo Em qUAdrinhoS 30 - EU, mÍdiA?! 40 - dE mAlAS ProntAS54 - rEAlidAdE rEviStA 64 - dAnCE ConformE A múSiCA: oS novoS CAminhoS dA indúStriA fonoGráfiCA 68 - dEtóx diGitAl70 - timE dE ComédiA 76 - tElEnovElAS: UmA PAixão nACionAl

10 - SEntidoS Em todoS oS SEntidoS 19 - Em 2011 dEU doBrAdinhA dA CrUZEiro do SUl nA APP44 - AGênCiA ExPErimEntAl do CUrSo dE PUBliCidAdE trABAlhA Em PArCEriA Com o filmE SomoS tão JovenS79 - oh, my God!

20 - tvlUSão 21 - tElEviSão: do PrEto E BrAnCo PArA A 3ª dimEnSão 22 - o BrASil 3d AindA USA frAldAS23 - yoUtUBE, Um PASSAPortE PArA A tElEviSão24 - Como AndAm AS ProdUçõES CUltUrAiS nA tv ABErtA BrASilEirA? 34 - o miCrofonE dE Silvio SAntoS46 - CinEmA dE vAnGUArdA

47 - CorES dE BUrton48 - A EvolUção dA SétimA ArtE 49 - CinEmA BrASilEiro E SUA EvolUção 58 - oS CASSEtAS do PlAnEtA 59 - A tECnoloGiA 3d nA tElEviSão BrASilEirA66 - qUAl é A mArCA do fm? 67 - tv no mEtrÔ dE São PAUlo 74 - A indúStriA do SoCiAl 75 - A SonoriZAção

26 - rElAçõES PúBliCAS nAS orGAniZAçõES ContEmPorânEAS 36 - o olhAr E A voZ dA ComUnidAdE 38 - o dESAfio CorrE nAS vEiAS50 - formAção PArA o mErCAdo E A PESqUiSA: o PAPEl do tC Em rrPP60 - PlAnEJAmEnto E CriAtividAdE Em rElAçõES PúBliCAS

Revista Código # 1 | www.codigo.inf.br | 2012 | Universidade Cruzeiro do Sul

JORNALISMO EM QUADRINHOSENTENDA O QUE É JORNALISMO EM QUADRINHOS (JQ) E DE QUE

FORMA ELE TRANSFORMOU E IRÁ TRANSFORMAR, AINDA MAIS, A REALIDADE DA IMPRENSA.

Por adriano alves, andressa Moura, caroline féria, feliPe leandro, luMa carla, Mariana barbosa, renata Pereira E rÔMulo queiroz fo

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reportagem

Revista Código # 1 | www.codigo.inf.br | 2012 | Universidade Cruzeiro do Sul

Em um contexto so-cial onde os heróis modernos não pos-suem superpoderes para salvar o mundo de terríveis vilões, cidadãos sobrevi-

vem à rotina imposta pelo mundo globalizado e os imprevistos coti-dianos. Daí nasce uma vertente do jornalismo capaz de cumprir com o objetivo essencial da profi ssão, o de informar, juntamente com a prá-tica de reproduzir visualmente as vitórias e os desafi os desses perso-nagens.

o Jornalismo em quadrinhos, ou também chamado de Jornalismo Gráfi co, é uma modalidade jornalís-tica que utiliza os quadrinhos como forma de linguagem. é importante ressaltar que outros elementos vi-suais como charges, cartoons, tiri-nhas ou infográfi cos não estão in-seridos em seu conceito.

Na opinião do Doutorando em Ci-ências da Comunicação Juscelino neco, o Jornalismo em quadrinhos não deve ser considerado um gê-nero à parte do jornalismo, apenas

uma forma diferente de linguagem de informação. “Jornalismo é jorna-lismo, e Jornalismo em quadrinhos é simplesmente transpor as práticas tradicionais de jornalismo para uma nova mídia. A prova máxima disso é que se tem vários gêneros dentro dele: artigo, resenha, notícia, repor-tagem e outros”, afi rma neco.

iníCioEste estilo jornalístico surgiu

em meados da década de 1980, quando o fotógrafo francês Didier Lefèvre acompanhou ações hu-manitárias no Afeganistão e não conseguiu exprimir em fotos o que tinha para contar, optando, assim, por narrar os acontecimentos por meio de quadrinhos

Segundo o Prof. Dr. Waldomiro vergueiro, coordenador do obser-vatório de histórias em quadrinhos da Universidade de São Paulo (USP), o nascimento do Jq vem em um momento cultural no qual a sociedade já havia reconhecido os quadrinhos como sendo algo capaz de tratar de assuntos de profundida-de. “o que ocorreu foi uma adequa-

ção para o espaço jornalístico, que pelo fato de estar utilizando junta-mente texto e imagem, fez com que a narrativa se tornasse mais ágil e de mais rápido entendimento”, es-clarece.

o reconhecimento do Jornalis-mo em quadrinhos como gênero veio anos mais tarde. Em 1992, o sueco Art Spiegelman recebeu um Prêmio Pulitzer (principal premia-ção jornalística do mundo) por sua obra Maus, em que retrata a histó-ria de seu próprio pai, que sobrevi-veu aos horrores do holocausto. Já em 1996, o maltês Joe Sacco, prin-cipal nome do Jq até os dias atu-ais, criou o termo “Jornalismo em quadrinhos” para defi nir sua obra, que consiste, em grande parte, na cobertura de guerras.

oBStáCuLoSComo um dos principais desa-

fi os do Jq, o jornalista leandro Dóro salienta a pouca difusão que o estilo tem perante a grande mídia. “nos últimos anos, o Jq até vem ganhando um espaço maior e um número considerável de adeptos,

Graduado em jornalismo pela Universidade federal de Santa Maria (UFSM) em 2007, atualmente Augusto Paim cursa o Mestrado em Teoria da Literatura pela PUC-RS e atua como jornalista cultural e assessor de imprensa.

Fundador de um grupo nacional de discussão on-line sobre Jq, em 2009 ele traduziu a obra Johnny Cash – uma biografi a, do quadrinista alemão rei-nhard Kleist. No ano seguinte foi curador e organiza-dor do i Encontro nacional de Jornalismo em qua-drinhos, realizado no rio Grande do Sul. neste ano, publicou no site holandês Cartoon Movement, espe-cializado em reportagens em quadrinhos de todo o mundo, a primeira parte da obra Inside the Favelas, realizado juntamente com o desenhista MauMau, e que retrata a rotina do Complexo de Favelas do Ale-mão após as ações de ocupação da Polícia Militar.

Para Paim, fazer Jornalismo em quadrinhos trata-se mais de preferências pessoais do que de modifi car os padrões vigentes na profi ssão. “não creio que seja pos-sível revolucionar o jornalismo. trabalho com Jq por-que gosto e me realizo profi ssionalmente. Acredito, sim, que essa possa ser uma ferramenta de linguagem que acrescente ao jornalismo, tornando-o mais hipertextual e interessante, principalmente em mídias online”, afi rma.

o quadrinista acredita ainda que o domínio de téc-nicas de desenho e capacidade de orientação aos cartunistas seja fundamental para bons resultados dentro do Jq. “o profi ssional que faz Jq tem que es-tar acostumado com os conceitos e a linguagem que serão utilizados para guiar o trabalho dos desenhis-tas; eles não são jornalistas, não estão acostumados a trabalhar com o conceito de reportagem”, alerta.

augusto paim

Revista Código # 1 | www.codigo.inf.br | 2012 | Universidade Cruzeiro do Sul

mas conheço profi ssionais atuan-tes no mercado que desconhecem completamente este estilo. Acredi-to que isso se deve, em parte, ao fato do pouco destaque dado ao Jq pelas instituições de ensino e à relutância dos veículos, princi-palmente nos de pequeno porte, em separar recursos para utilizá-lo em suas edições impressas e onli-ne.” Dóro ainda salienta o fato de que apenas mídias especializadas garantem espaço contínuo à área.

outro ponto polêmico deve-se ao fato de muitos leitores ainda não possuírem segurança em rela-ção à credibilidade do Jq, fato que é contestado pelo repórter Audaci Junior. “não concordo com isso. o New Journalism não se utiliza de elementos literários para compor seus textos? não há uma série de elementos virtuais que auxiliam no jornalismo defl agrado na internet?

E a própria fotografi a no jornalis-mo? Por que seria diferente com o Jq?”, indaga o profi ssional, que acredita que a função de desenhar - que teoricamente não se encaixa ao perfi l do jornalista - possa contri-buir com uma visão negativa do Jq.

Já para Augusto Paim, um dos principais difusores da modalidade no país, é a capacidade técnica que constitui o maior empecilho para a expansão do Jq. “é preciso conhe-cer e dominar a linguagem tanto do jornalismo quanto dos quadrinhos. Muitos trabalhos pecam por não terem comprometimento ou com um ou com outro, é preciso saber mesclar as duas áreas”, acredita.

FuturoCom o ritmo de vida cada vez

mais agitado mesmo fora de gran-des metrópoles e o acesso fácil e rápido a qualquer tipo de informa-ção adquirido pelas novas tecnolo-

joe Saccoquando o assunto é Jornalis-

mo em quadrinhos, o nome de Joe Sacco é unanimidade entre os estudiosos do segmento em todo o mundo. Nascido em Mal-ta e formado em jornalismo pela Universidade de oregon, nos Es-tados Unidos, é considerado pre-cursor do estilo desde o sucesso de sua obra Palestina, de 1996, que retrata os horrores da guerra na região. Sacco ainda desenhou suas passagens por outras zonas de batalha, como Sarajejo, Gora-zde, iraque e faixa de Gaza, que lhe garantiram vários prêmios.Para Juscelino Neco, a importân-cia de Sacco para o Jornalismo em quadrinhos deve-se ao fato de seu estilo ainda ser único na área. “Até hoje não existe um mo-delo de grande reportagem igual ao que ele fez. quando você pensa em reportagem em qua-drinhos, não há nenhum equiva-lente, não há outro autor que fez reportagens longas da mesma maneira. Particularmente, acredi-to que em sua obra haja muitos elementos autobiográfi cos, mas eles funcionam justamente como uma alavanca para a credibilida-de”, afi rma.

Na opinião de Audaci Junior, é a constante atividade jornalística de Sacco que o faz ser reconheci-do dentro de sua área de atuação. “Ele não foi o primeiro a levantar a bandeira do Jq, mas é o mais ativo no gênero. é dele também a conquista dos maiores avanços técnicos neste campo, por isso que, para se entender o Jornalis-mo em quadrinhos, é essencial falar sobre Joe Sacco”, conclui.

prof. dr. Waldomiro vergueiro, coor-denador do observatório de histórias em Quadrinhos da uSp

“jQ é simplesmente transpor as prá-ticas tradicionais para uma nova mí-dia”, afi rma Neco

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Revista Código # 1 | www.codigo.inf.br | 2012 | Universidade Cruzeiro do Sul

gias, o Jq é apontado não como um substituto, mas como uma soma ao modelo vigente de informação, como assegura vergueiro. “Esse contexto ajuda a popularidade do jornalismo em quadrinhos. No jornal tradicional, a própria diagramação do jornal já é diferente do mode-lo de vinte anos atrás exatamente para atender a esse novo tipo de leitor, que está a todo o momento tendo o contato da realidade por meio de mensagens que ele rece-be no celular, no twitter. o Jorna-lismo em quadrinhos será apenas mais um passo”, prevê o docente.

Dóro acredita que, em um futuro próximo, o Jq será utilizado como diferencial de mercado. “Através da imensa concorrência entre os meios

de comunicação, o Jornalismo em quadrinhos se tornará, de uma for-ma ou de outra, uma técnica utilizada a fi m de atrair público leitor”, explica.

Audaci, no entanto, não é tão otimista, principalmente quando se trata de Jq em território na-cional. “Não tenho muitas espe-ranças em relação ao futuro dos quadrinhos. Já houve momentos piores, mas, mesmo assim, o qua-dro está longe de ser considerado satisfatório, especifi camente no Brasil. Ainda assim, devemos tra-var a luta da divulgação como o mestre mineiro Flávio Colin, que morreu há 10 anos sem concreti-zar seu sonho de profi ssionalizar o quadrinista brasileiro”, protesta.

fique ligado!quer conhecer um pouco mais sobre Jq, sob o olhar de nossos entrevistados? Então, acesse:

Audaci Junior www.hqemhq.comAugusto Paim www.augustopaim.com.brJuscelino Neco www.massacredepelucia.word-press.comLeandro Dóro www.contosemquadrinhos.blogs-pot.com www.jornalismoemquadrinhos.blogspot.comleandromalosidoro.blogspot.com

confira uM trecho de Juventude - teMPo de crescer, Por auGusto PaiM

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interdisciplinar

SentidoS em todoS oS SentidoS

As apresentações do Projeto “Sen-tidos”, interdisciplinar desenvolvido no 2º/3º semestre do Curso de Pu-blicidade e Propaganda, surpreen-deram os participantes do EnCom 2011. Em quatro dias de apresen-tações nos auditórios dos Campi

São Miguel e Anália Franco, pudemos assistir a belíssi-mos espetáculos elaborados com competência e criati-vidade pelas agências experimentais.

o projeto aborda os conteúdos trabalhados em dife-rentes disciplinas do curso de forma integrada, favore-cendo a habilidade de articulação entre os saberes na atuação profissional. Em 2011, foi proposta às agências a leitura de contos consagrados da literatura universal e, baseada nestes contos, a montagem de espetáculos cujas performances durassem no máximo 10 minutos.

A primeira etapa deste trabalho ficou, portanto, por conta das disciplinas Linguagens em Comunicação e Redação Publicitária I, que orientaram a leitura do texto literário proposto para o trabalho da agência e a adap-tação do conto para o espetáculo a partir da interpreta-ção do texto literário lido. Também nesta etapa, os alu-nos estudaram a estrutura da sinopse para divulgação do espetáculo em revistas e cadernos de cultura.

A segunda fase do projeto consistiu no Planejamen-to de Marketing, envolvendo as disciplinas Introdução ao Marketing, Psicologia do Consumidor e Legislação

Profissional em Propaganda. As agências elaboraram estratégias de comunicação para promoção do produto cultural (exploração do 4º P do Marketing) pensando em seus públicos específicos. também conheceram a legislação que regulamenta a propaganda para ade-quação das estratégias criadas.

A partir do planejamento, passaram a desenvolver, então, um trabalho de composição textual - textos ver-bais e extra-verbais em diálogo na produção de mate-rial gráfico e audiovisual para a divulgação do espe-táculo, sob a orientação dos professores de Redação Publicitária I, Design e Criatividade e Psicologia do Consumidor. Criaram também uma peça especial para o lançamento e perceberam a importância do diálogo entre o planejamento, a mídia e a criação publicitária. Finalmente, as agências divulgaram seus espetáculos.

As encenações aconteceram na Semana do En-Com, com grande público presente – o que demonstrou a eficiência das estratégias de propaganda e marketing adotadas. Em suas performances, as agências atin-giram o principal objetivo do trabalho: mexer com as sensações do público, fazendo-o rir, chorar, enfim, se emocionar. Cores, formas, gestos, sons, aromas, pa-lavras... uma soma de códigos selecionados e organi-zados para criar efeitos de sentido, como diria Arnaldo Antunes, “sentidos em todos os sentidos”¹.

Confira, a seguir, artigos sobre alguns desses exce-lentes trabalhos produzidos.

¹ referência ao título do texto sobre a simultaneidade dos sentidos no rock dos anos 80, publicado no livro “40 Escritos”, de Arnaldo Antunes. disponível em http://www.arnaldoantunes.com.br/sec_livros_view.php?id=7&texto=27

Por Profª Ms. KÁtia Pellicci ceMbrone

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Chegou o grande dia. o dia em que receberíamos o conto que deter-minaria o rumo da nossa apre-sentação no pro-

jeto sentidos. A apreensão e a curiosidade eram nítidas por par-te das agências (o que aumentou ainda mais quando foi entregue a cada grupo um envelope lacrado).

As agências estavam reunidas, cada uma com seu “briefing” em mãos esperando a autorização para ter acesso às informações do envelope.

é fato que a primeira reação que tivemos ao ler o conto de José Sa-ramago intitulado “o conto da ilha desconhecida”, foi de que tínhamos recebido um conto sem formatação, ou mesmo digitado errado, pois não havia travessões ou qualquer tipo de sinalização indicando o início e

fim dos diálogos. Eram três páginas separadas ape-nas por vírgulas e pontos. “Talvez o EntEr do tecla-do da professora esteja quebra-do” – sugeriu um dos integrantes.

Como não está-vamos habituados a essa maneira de escrever, própria de Saramago, fi-camos decepcio-nados. Mas ago-ra, após termos recebido o prêmio de “Melhor Proje-to Sentidos” per-cebemos que foi exatamente por causa disso que vencemos.

Se Saramago não tivesse sub-vertido as normas

ortográficas vigentes em sua época, talvez hoje não precisás-semos ter lido o conto tantas e tantas vezes. Talvez também não conseguíssemos atingir o mes-mo resultado. Saramago pensou em tudo!

Por isso agradecemos, sem usar travessões, a esse grande escritor português. Um homem que pôs tudo em estado de desordem. E revolucionou!

ConStruindo o projetoNum primeiro momento, após lei-

tura e análise da obra de Sarama-go, concluímos que o sentido princi-pal do conto é que todos nós somos uma ilha desconhecida. Desconhe-cida dos outros e de nós mesmos e, na história, a busca por essa ilha representa o autoconhecimento.

SinopSeBaseado no conto “A Ilha

desconhecida” de José Saramago, o espetáculo narra a saga de Pero Vaz de Caminha (Diego Betioli) que, cansado de ser coadjuvante das grandes façanhas de seus amigos Pedro álvares Cabral (olimpio Junior) e vasco da Gama (Gustavo rufino), decide escrever sua própria história.Um rei tirano (Bruno Batista), um pescador curioso (Houari Morais) e muito mais nessa trama que fala sobre a busca por seus sonhos e como, apesar de tentarem lhe provar o contrário, eles são possíveis.

pero não vazPor Gustavo rufino de sousa, sandro ricardo alves Junior, José vital da silva filho,

dieGo da silva betioli, houari vieira de Morais, bruno Gustavo batista e oliMPio alves de sousa Junior

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Baseado na obra de Ricardo Ramos, a agência Atalanta Publicidade & Pro-paganda trouxe ao Projeto Sentidos o espetáculo Circuito

Fechado, uma possível interpre-tação do conto que, abstrato e cheio de detalhes, inspirou seus criadores a unir música, literatu-ra e dança, trazendo ao palco, com muita emoção, movimen-tos de uma vida que, em muitos momentos, pode parecer a sua.

o mais curioso é o fato de que a dança pode ser um meio de li-bertar o ser humano das amarras e bloqueios que dificultam a inte-ração no meio em que vivemos.

Planos, saudade, sentimentos guardados, narcisismo, desilusões, medo, traumas e preconceitos.

A apresentação do grupo aconte-ceu no dia 16/05/2011 às 20h, no Au-ditório FHC, Campus Anália Franco da Universidade Cruzeiro do Sul.

Foi uma oportunidade de apreciar a arte e refletir sobre cada momento intensamente vivido.

Esta foi a primeira apresentação da dupla de dançarinos Larissa Facco, bailarina há 10 anos, que conduziu a dança com toda sua experiência e talento, e Leandro Bottura, leigo em relação à dança, porém aplicado e corajoso, a surpresa do evento.

os dois descobriram no balé a harmonia e o ritmo necessários para representar o tema. Assim desenvolveram uma composição performática belíssima e inteligente que valeu a pena conferir!

uma CompoSiÇão CirCuLar da vida

Por larissa facco carneiro, victor aMbrosano da silva, leandro reis bottura e Júlio Maezato Júnior

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Muito calo-rosos fo-ram os a p l a u s o s e cumpri-mentos do público ao

término da apresentação do espe-táculo “os dentes de Berenice”, que aconteceu no auditório FHC, Campus Anália Franco da Univer-sidade Cruzeiro do Sul. Ficamos muito felizes por finalizar mais um projeto interdisciplinar com tanto sucesso e ainda por cima, ganhar-mos da Universidade o prêmio da categoria melhor projeto. E isso foi resultado de uma combinação que somente as boas agências conhe-cem: planejamento e trabalho duro.

Foram dias de leituras, esboços e ensaios exaustivos para adaptar, da melhor forma possível, sem per-der nenhum detalhe relevante, a magnífica obra de Edgar Alan Poe. Tudo começou com o desenho do projeto. Como em todos os nossos trabalhos, fizemos um cronograma e iniciamos a criação. Entre uma orientação e outra, encontrávamos janelas de tempo para resolver os pontos críticos do trabalho. o plano de marketing foi um verdadeiro desafio, já que foi a primeira vez que colocamos em prática nosso (ainda vago na época), aprendizado em planejamento. depois veio a criação das peças gráficas, e por último desenvolvemos nosso marketing de guerrilha que consistia na personagem Egeu e na equipe de produção mascarada entrar de sala em sala encenando um trecho da obra e convidando os alunos e professores a assistirem à apresentação.

No grande dia, todos estavam nervosos, os vídeos apresentaram problemas, ensaiamos umas 15 vezes a menos de uma hora do evento, a produção estava correndo com os preparativos do cenário, mas, no final, tudo saiu perfeito como o planejado e o resultado dessa experiência até hoje nos traz reconhecimento e nos motiva a inovar em todos os nossos feitos.

oS denteS de BereniCe

Por alexander José eduardo Martins, Juliana de oliveira MaGalhães, bianca Maione GoMes, ana Maria rodriGues lelis, fabiano becKer arce,

stéPhanie Jeniffer nasciMento e flÁvia cotriM alMeida

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O conto proposto à Agência Pimp’olho no projeto sentidos foi Cem Anos de Perdão, escrito por Clarice Lispec-tor. A narrativa em prosa foi adap-tada para poesia rimada, e esses versos foram contados e cantados no palco em forma de Cordel. As

personagens declamaram-nos ao som de instrumen-tos tocados ao vivo, proporcionando a emoção de cada momento da história: desejo, angústia, êxtase ...

A riqueza do texto de Clarice proporcionou ao grupo diferentes leituras, até que se chegasse a um consenso a respeito dos aspectos implícitos no texto, como o significado do proibido e da inocência. mesmo em dúvida a respeito de como encaminhar o enredo, o tema sempre esteve em evidência: o roubo. o desafio foi transmiti-lo sem causar um impacto negativo ou perder sua essência. Então, optamos pela poesia do cordel como base. Assim, desenvolvemos todo o roteiro: poesia com rimas sutis e música instrumental, utilizando flauta, violão, teclado, gaita e baixo.

Contamos com a ajuda do jornalista, arquiteto e his-toriador Gilberto maringoni, que fez a ilustração para o cartaz. A imagem atendeu a todas as expectativas do grupo, representando perfeitamente a cara do projeto.

Uma das estratégias de marketing propostas para a divulgação da peça foi encenar, ao vivo, a declamação de um pequeno trecho do texto nas proximidades do teatro, a fim de atrair a atenção do público que transita-va pela calçada, fazendo também a distribuição de ro-sas. Essa ação trouxe um pouco da característica forte do cordel, por ser feito nas ruas e de forma simples, familiarizando o público com o espetáculo.

A apresentação aconteceu em 19 de maio de 2011 no auditório D do Campus São Miguel Paulista. A per-sonagem principal foi mantida e um narrador permane-ceu o tempo todo no palco, para ligar as cenas. Tan-to as personagens quanto os músicos presentes no palco vestiram-se a caráter para sugerir outra época, enfatizando o romantismo da história. Utilizamos todo o espaço do palco, inclusive o telão com projeção de cenários em xilogravuras (arte de impressão ligada ao cordel). Ao final da apresentação, a personagem e o

narrador distribuíram rosas ao público, objeto primeiro do desejo da personagem principal, que as roubava e não se arrependia, afinal, “ladrão de rosas e pitangas tem 100 anos de perdão”.

Não somente trabalhosas, mas principalmente prazerosas, foram todas as etapas de elaboração e desenvolvimento do projeto Sentidos, que foi pos-sível graças a colaboração e empenho de todos da Agência Pimp’olho e dos professores do curso de Publicidade e Propaganda.

Como resultado, a Agência Pimp’olho reapresentou o espetáculo em 23 de maio de 2011 no Auditório FHC, Campus Anália Franco, e esteve entre os trabalhos premiados, o que serve hoje como combustível para os demais projetos, deixando o conceito de que o es-forço, a dedicação e a união dos integrantes da agên-cia são pontos que não podem jamais ficar para trás.

Por eduardo elisio vieira vianna, fernando da Paz GerMano, Josiane Moraes, victor Moreno, luiz henrique de aMoriM santos, edMundo andrade GreGório,

eliel alMeida dos santos e Marcos tadeu bonnasorte

Cem anoS de perdão

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Mais do que uma narrativa, um enredo. Um “ Des-enredo “. A superação do amor, do suposto arrependimento, da vida, da morte. A verdade, a pureza, a beleza, as tempestades. Jó Joaquim e seu amor por Víliria.

Lutar por seu amor e defendê-lo de toda e qualquer desconfiança. Era isso que fazia. E não só isso.

o conto adaptado narra a história de víliria, uma mulher infiel ao seu esposo, que se envolve com o personagem principal: Jó Joaquim, e além dele, sés Vil e líriou, marido que a flagra com um terceiro amante. o marido, num ato de loucura, mata um dos amantes e, logo em seguida, comete suicídio.

A agência optou por uma apresentação em forma de teatro mudo, utilizando os sentimentos dos per-sonagens, como o ódio, por exemplo, representado por pessoas de preto, que simulam uma dança para aguçar os sentidos. A apresentação contou com a im-portante expressão corporal das personagens envol-vidas na história, tendo como música-tema “Bola Di-vidida“, interpretada por Zeca Baleiro, cuja narrativa dialoga com a encenação do conto, propiciando um trabalho intertextual.

A apresentação não deixou de trazer à presença do público um pequeno, mas tão importante detalhe: o Lí-rio, flor entregue à víliria por Jó Joaquim, ícone da pu-reza e do pecado, símbolo das prostitutas medievais. o nome víliria nasce da oposição entre as palavras Vil e Lírio, que representam maldade e pureza, nessa mulher multifacetada.

A Agência Reklame agradece a todos os que contribuíram para que este trabalho tivesse seu melhor desempenho, em específico ao grupo Backstage do 3º semestre de Rádio e TV, que colaboraram como personagens e figurantes, aos pais de alunos que aturaram e deram de comer aos integrantes em suas residências, e ainda (e em especial), ao grupo de profissionais da Universidade Cruzeiro do Sul, que apoiou e acompanhou o desenvolvimento deste trabalho.

deSenredo

Por Mayara silva de freitas, alvaro ruGna costa, caMila da silva reis e

ana carolina noGueira arini

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A menina e o pás-saro encantado é uma história para a qual podemos encontrar duas formas de inter-pretação, como

diz Rubem Alves: para o adulto que for ler essa história ou para uma criança. o autor explica que o conto gira em torno do amor, se-paração e saudade. A criança que ouve a história encontra seus en-cantos textuais e se identifica com o conto, como acontece com qual-

quer outra história infantil. Mas o adulto, por ter uma experiência de vida maior, por já ter vivido as di-versas experiências humanas, lê e encontra em um conto infantil, um caminho de uma experiência hu-mana, que tanto o adulto quanto a criança podem sofrer em qualquer época de suas vidas, como a dor da separação, e como aprender a superar isso com o tempo. A adap-tação que a agência kAZ fez bus-cou trazer um traço mais puxado para o real, o cotidiano, e o atual. Uma questão, que acreditamos

se encaixar perfeitamente no con-texto, é a questão do divórcio dos pais, e, com isso, as consequên-cias e mudanças na vida dos filhos.

A troca das personagens pássa-ro e menina pelo pai e a filha evi-dencia a semelhança da história fictícia a um conto da vida real. o pássaro conta suas histórias, fala dos lugares por onde ele havia passado. Adaptamos essa perso-nagem à figura do pai que, após a separação, tem os momentos certos para visitar a filha. Esse ponto fica bem explicado na his-tória quando a plumagem do pás-saro muda de acordo com as suas viagens, retratando os lugares por onde ele havia passado - um quente e outro frio. o pai vem retratar esse pássaro sem as plumagens mas com um figurino diferente, um como andarilho nordestino, e o outro como um gaucho viajante, trazendo momentos cômicos à peça, em meio ao drama que rodeia a his-tória de uma família separada. As-sim, com a narrativa, num certo momento, a menina en-tende que a separação é necessária, e que com essa decisão ela poderá criar pilares certos para dar continuidade a sua vida adulta, sem cometer os mesmos erros que os pais, aprendendo a lidar com a separação e solidão, de forma calma e objetiva, buscando olhar por outro ângulo o problema.

A apresentação da agência kAZ foi um sucesso, emocionando o público.

a menina e o páSSaro enCantadoPor Leonardo BianChi da roCha, viniCiuS Biondo novaiS, SheiLa rodrigueS da SiLva,

ediLaine guimarãeS doS SantoS e CíCera maria da SiLva

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premiaÇão do projeto SentidoS2º/3º SemeStreS do CurSo de puBLiCidade e propaganda 2011

Bárbara – Agência nous marcos vinicius Z. PereiraWagner Tadeu ToneliThamires Bento NegroJennifer Kiss Andrighetti e SilvaEduardo Simão dezaniGuilherme feitosa GimenesJackeline Sousa Sabino

Há Limite? – Agência Lizardingrid oliveira rebellesLuan de Sousa CiconelliCarolina Pucci de oliveiraVictor Sanches de SouzaRicardo Correia MartinsRenata Aparecida Lopes de SousaAmanda Cristina Bueno Miranda

o espelho – Agência optimaValmir de Lima FiorentinoMariana dos Santos CôdoFelipe Henrique Feitosa da SilvaWillian MaffezoliThais Lima da CostaMarcella Principedayane Chagas dos Santosmariana moraes de oliveiraJose Rildo de Santana Junior

Será a Benedita? – Agência HaraJanini Cristini StefanoAmanda Alexandre de oliveiraCaio Matheuslarissa Garcia mendesRafaella Fuccia Clares

os obedientes – Agência Dialogmilena Gouvêa AnginoliThais Stephanie MartinezCaio Fernandes Massani MadeiraLuan Ribeiro SanchesGiancarlo rodrigues Pires SpositoBruna Paliologo BettoTiago Scocca Donação

A maior flor do mundo – Agência Voiceérika ferreira leandroPatrícia Fernanda CodesseiraLuan Antonio Rodrigues dos SantosLuna Clara da SilvaMauricio de Freitas

Venha ver o por do sol – Agência o focoyara rafaela SilvaAna Paula Amaro dos SantosJéssica Costa da SilvaPriscila Lúcia AntoniateLeonardo Alcantara de Assis

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Campus São MiguelCampus Anália Franco

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os três nomes de Godofredo – Agência elloAmanda Cordeiro Pereira da SilvaCíntia Souza RibeiroFernanda de Faria SantosGiovanna Erbert nazarenoSuellen Dias SousaErika Souza PereiraTacila Saldanha Lira

enterro Prematuro – Agên-cia flashManoela Leal VomeroRenan Paranhos ColferaiAndré Augusto ZanonSarah Fratellimarcel ferreira GonçalvesJuliana Carlin Silva

felicidade Clandestina – Agência CoffeeEduardo Augusto tobitaClaudio Bergamini Mendes JuniorThais Azevedo dos SantosTamara Freire de FigueiredoJefferson da Silva CastanhaAna Carla Martins de MouraMariana Aparecida Pontes Silva

Desenredo – Agência reklamemayara Silva de freitasAlvaro Rugna CostaCamila da Silva ReisAna Carolina Nogueira Arini

os dentes de Berenice – Agência D StatusAlexander José Eduardo martinsJuliana de oliveira magalhãesBianca maione GomesAna Maria Rodrigues LelisFabiano Becker ArceStéphanie Jeniffer Nascimento Flávia Cotrim Almeida

o relógio de ouro – Agência flyJoice Marcelle Bailon SilvaClaudia Franciele Alves de AndradeBianca Maria da SilvaDaniele Martins de Sousa BragaEdnaldo lopes de oliveira Junior

A menina e o pássaro encantado – Agência KazLeonardo Bianchi da RochaVinicius Biondo NovaisSheila Rodrigues da SilvaEdilaine Guimarães dos SantosCícera Maria da Silva

Circuito fechado – Agência Atalanta PPLarissa Facco CarneiroVictor Ambrosano da SilvaLeandro Reis BotturaJúlio Maezato Júnior

Pero não Vaz – Agência Sete Publicidade e PropagandaGustavo rufino de SousaSandro Ricardo Alves JuniorJosé Vital da Silva FilhoDiego da Silva BetioliHouari Vieira de MoraisBruno Gustavo Batistaolimpio Alves de Sousa Junior

Cem anos de Perdão – Agência Pimp’olhoEduardo Elisio vieira viannafernando da Paz GermanoJosiane MoraesVictor MorenoLuiz Henrique de Amorim SantosEdmundo Andrade Gregório Eliel Almeida dos SantosMarcos Tadeu Bonnasorte

Criatividade em Soluções Cênicas

Bárbara Agência Nous

há limite? Agência Lizard

o Espelho Agência Optima Será a Benedita?

Agência Hara os obedientes

Agência DialogA maior flor do mundo

Agência VoiceVenha ver o por do sol

Agência O Focoos três nomes de Godofredo

Agência Elloo relógio de ouro

Agência Fly

Criatividade em Ações de marketing

Enterro Prematuro Agência Flash

A maior flor do mundo Agência Voice

Venha ver o por do sol Agência O Foco

melhor roteiro Adaptado

Felicidade Clandestina Agência Coffee

Menções Honrosas

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As agências expe-rimentais “Sens Comunicação” e “Moz Publicida-de”, criadas pelos alunos da Cruzei-ro do Sul, conquis-

taram respectivamente o 1º e o 2º lugar no Concurso de Campanhas Universitárias da Associação dos Profissionais de Propaganda - APP.

o projeto “Somos tão Jovens”, assinado pela Sens Comunica-ção (campus Anália Franco) re-cebeu a Garra do Galo, com a campanha desenvolvida para o lançamento do filme de mesmo nome, que retrata a trajetória do

músico Renato Russo, da banda legião Urbana. o filme é inédito e os alunos vencedores acompa-nharam in loco, a convite da produ-ção, algumas gravações da trama.

Já o 2º lugar ficou com a Agên-cia Moz Publicidade (campus São Miguel), que desenvolveu um pro-jeto para o cliente Pizza Hut, com o objetivo de divulgar os serviços de dine-in, Pizza Express e delivery da empresa.

As agências também recebe-ram as menções honrosas de me-lhor Redação Publicitária - Slogan (Projeto Somos tão Jovens), e de melhor apresentação (aluna Pa-mela Lima, Projeto Pizza Hut).

A coordenação do curso muito se orgulha pela conquista. “Este é um grande presente para todos nós da Instituição. A dimensão desse prêmio é enorme para todos nós. isso significa que os trabalhos de Conclusão de Curso dos alunos de Publicidade e Propaganda da Cru-zeiro do Sul são os melhores do Estado de São Paulo, reconheci-dos pela APP Brasil”, afirma o Prof. Ms. Carlos Monteiro, coordenador dos cursos de Comunicação Social.

Para a Prof.Ms. Kátia Pellicci Cembrone, coordenadora Adjunta do Curso de Publicidade e Propa-ganda “Este é o merecido reconhe-cimento de um trabalho sério, de uma equipe que alicerça sua prá-tica em conhecimentos sólidos, orientando e exigindo dos alunos sua excelência. Leitura, pesqui-sa, análise de dados, aquisição de repertório levam à criação de belas e eficientes campa-nhas publicitárias”. A professora afirma ainda que a equipe con-tinuará trabalhando para formar profissionais de que nossa socie-dade se orgulhe.

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em 2011 deu doBradinha da Cruzeiro do SuL na app

alunos e professores premiados no concurso da app

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tvLuSãoPor flÁvio ataide

A cordei cedo, fi z a barba, escolhi uma roupa que não transmitisse um ar tão formal, porém que não fosse tão informal ao ponto de transparecer imaturidade. No caminho em direção ao primeiro dia de trabalho em uma emissora de TV e a primeira

oportunidade de integrar um mundo profi ssional, até então, totalmente desconhecido, a ansiedade era enorme. o que esperar? o que fazer? Como falar?

Cheguei cerca de 20 minutos atrasado. Sentei e percebi que os “chefes” também estavam atrasados. Alívio. Ao chegar, a primeira coisa que ouvi de um deles é que não poderia me dar atenção, pois era dia corrido, dia de gravação.

Nos bastidores, era tamanha correria que não sabia quem era funcionário e quem era convidado. Depois de pouco tempo, percebi que os convidados eram as pessoas mais simples, que se empolgavam ao sentar nas cadeiras dos maquiadores, ao trocar de fi gurino e também ao chegar ao enorme restaurante da emissora.

Hora da gravação. Todos entram no estúdio, observam o cenário, luzes e os olhos brilham. Estavam há poucos minutos de serem “famosos”, de se sentirem “importantes”, de ouvirem aplausos que ecoavam em menção à apresentadora do programa e não a eles.

Durante a gravação, uma platéia que interagia, que gritava adjetivos aos convidados que adentravam ao palco, adjetivos pejorativos.

Gravação termina. momento de receber o cachê, dos convidados conversarem sobre o que foi exposto e quais as melhores partes do “circo” que havia sido armado. os olhos de todos ainda brilhavam, mais ainda, ao receber o cachê pela participação.

Muitos deles querem trocar telefone com o produtor, manter o vínculo com aquelas pessoas da televisão. muito natural, afi nal não se abre uma história de vida para qualquer um, geralmente as pessoas costumam fazer isso com amigos. Aí, da parte deles, surge a pergunta: “E agora, nunca mais vamos nos ver?”

Um amigo nunca diria que não. Então o telefone é dado, mas com a resposta da pergunta ecoando como: “Sim! Nunca mais vamos nos ver!”.

Com o passar dos dias, uma das situações mais corriqueiras é ouvir gritos nas ruas, quando o carro da emissora passeia pelos lugares mais periféricos da cidade. Todos olham, tentam verifi car se algum “famoso” está dentro do veículo e também pedem para serem levados à emissora

ou apenas para serem gravados pela própria.De dentro do carro, observo. No início era até

engraçada toda essa curiosidade, e a sensação de “importância” por ser observado e notado apenas por estar sentado num banco de um carro. Com o passar do tempo, torna-se algo comum e sem a menor importância.

Depois do trajeto, chego a uma casa bastante humilde na periferia da cidade de Caieiras. Casa de apenas 2 cômodos, chão batido, sem revestimento e moradores que fazem questão de, mesmo com toda a humildade, oferecerem uma xícara de café pros “homens da televisão”.

Após a entrevista com os moradores, hora de levá-los à emissora para entregar o relatório e para que passem por uma segunda entrevista. Desta vez, bastante criteriosa, para avaliar se as pessoas têm possibilidade de gravar e falar bem quando estiverem envoltas a toda parafernália do estúdio.

Ao chegar à portaria da emissora com a humilde senhora, a mesma começa a se emocionar, chora instantaneamente só pelo fato de ver o logo no alto do prédio. Minha reação imediata é perguntar o motivo das lágrimas, a resposta que tenho é direta e como se fosse proferida da boca inocente e dos olhos marejados de uma criança: “o meu sonho era estar no SBt!”

Na emissora ela estava, porém o cachê de R$ 80,00 não foi recebido. Após a entrevista avaliativa, tive a resposta de que aquelas pessoas humildes não iriam corresponder às expectativas do tema do programa - expor a falta de relações sexuais do casal– o motivo que me foi dado é de que aquelas pessoas não falavam bem.

o “não” foi dado a mim, cabia então a mim, dar a resposta para aquelas pessoas humildes e principalmente para a senhora que sempre sonhou em conhecer e participar de um programa de TV da emissora, que ela não servia e não era boa o sufi ciente para tal façanha.

Pensei, repensei e disse-lhe que ainda não tinha posição sobre a confi rmação da gravação com ela.

Não consegui lidar com o fato de ver os mesmos olhos marejados e esperançosos tornarem-se olhos tristes e decepcionados. Não acabei com a ilusão da maravilha que é estar “dentro da TV”. A senhora foi embora, aguardando a posição.

Talvez até hoje esteja lá sentada com sua melhor roupa, na frente de sua casa, aguardando o dia em que os homens da televisão retornem e a levem para viver a pedante ilusão de estar dentro da televisão, ou como ela mesma diz: “Viver seu sonho!”

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televisão

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teLeviSão: do preto e BranCo para a 3ª dimenSão

Por saMara Ketry E bruna Messias

Assis Chateaubriand foi o empreendedor responsável por trazer a televisão para o Brasil, que passou a ser transmitida no dia 18 de setembro do ano de 1950 com a TV Tupi. Naquele período, o aparelho de televisão custava muito caro para quem quisesse adquiri-lo, por

ser importado dos Estados Unidos. Como tudo ainda era novidade, não existia gravação em vídeo; portanto, os programas eram ao vivo, com grande possibilidade de erros que acabavam indo ao ar.

A televisão era formada por profi ssionais radialistas que aprendiam com os seus próprios erros, desenvolvendo um novo jeito de transmitir as imagens, com novas idéias e trabalhos, como por exemplo, nos anos 1950 e 1960 a imagem era na cor preto e branco, o equipamento era quadrado, pesado e com botões grandes.

Já em 1972, chega ao Brasil a televisão a cores com modelos mais modernos, leves e design diferenciado levando ao telespectador uma qualidade de imagem surpreendente à época.

Com o passar do tempo, a tecnologia foi avançando e sempre com o objetivo de levar ao telespectador mais entretenimento e informação. o avanço da tecnologia foi tanta que chegou no mercado brasileiro a televisão com transmissão 3D.

Um aparelho de televisão 3D possibilita ao telespectador assistir uma imagem em três dimensões, através de óculos com lentes especiais, aplicando técnicas específi cas,ou seja, ver uma imagem em três dimensões signifi ca o seguinte: hoje a imagem é produzida com duas dimensões, o chamado 2D, cada d signifi ca 1 dimensão que é a largura e a altura do objeto, com 3D temos três dimensões, a altura,a largura e o tamanho,e o resultado do tamanho se dá com o auxílio dos óculos específi cos, junto com ele a profundidade da cena, ou seja, com a utilização dos óculos com lentes azul + vermelho, vermelho + verde, um em cada olho, acaba alterando o ângulo de cada um deles, dando uma impressão de que os objetos saltam da tela, e o telespectador sente-se como se estivesse na cena exibida.

A tecnologia 3D encontra-se agrupada nos novos

modelos de televisores de Plasma, lCd e lEd dos vários fabricantes.Existem quatro tipos de técnicas que compõem a imagem 3d: Anaglifi co, true 3d, Alternate-frame sequencing, Autostereoscopia

Com essas técnicas de desenvolvimento da tecnologia 3D, cada aparelho precisa ter o seu próprio acessório para que a transmissão funcione conforme o emissor espera passar para o receptor, como por exemplo, os fabricantes Sony, Panasonic entre outros, optaram pelos óculos ativos que possuem camadas LCD em suas lentes, que abrem e fecham em sincronia com a TV para criar o efeito tridimensional. Já os óculos polarizados são usados nas salas de cinema 3D, e não servem para televisão.

E mais, cada fabricante trabalha com sua tecnologia 3D. Desta forma os óculos funcionam somente com a televisão da mesma marca, assim difi cultando ao consumidor a variedade dentro dessa tecnologia.

o desenvolvimento de tv 3d sem o uso de óculos ainda está em discussão. Isso porque essa técnica fará com que o telespectador fi que em uma distância do televisor e imóvel, caso contrário o efeito pode não funcionar.

Mesmo que o telespectador compre um aparelho 3D, nem todos os programas serão exibidos de modo tridimensional. Para que isso aconteça, a emissora precisa captar as imagens com essa tecnologia para que o equipamento funcione.

No Brasil, a estreia dessa transmissão já ocorre tanto em canal por assinatura como aberto. A operadora Net fez uma parceria com a tv Globo para fazer a primeira transmissão ao vivo em 15 de Fevereiro de 2010, e a pauta foi o desfi le das escolas de samba do rio de Janeiro.

A Rede TV não mediu esforços para fazer história, tornando-se a primeira emissora em canal aberto a transmitir conteúdo com a tecnologia 3D para os seus telespectadores em 23 de fevereiro de 2010, com a exibição do programa “Pânico na TV”, considerado a maior audiência e faturamento da emissora. Contudo, essa nova tecnologia aos poucos se torna cada vez mais aceita e desejada pelos consumidores que a cada dia procuram a melhor maneira de se entreter com a melhor imagem disponível no mercado.

teLeviSão: do preto e BranCo

tecnologia

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o BraSiL 3d ainda uSa FraLdaSPor Mariana ferreira da silva E tiaGo do nasciMento santos

O 3D ainda impressiona os olhos dos mais experientes, quando o quesito é cinema. Cada vez mais abusando de efeitos especiais de última geração, os filmes hollywoodianos abriram as janelas de seu fantástico mundo para a nossa realidade, ou pelo menos

fizeram nos sentir mais próximos dele. E proximidade é a palavra certa quando estamos falando da tecnologia de projeção de imagens em duas dimensões que dão a ilusão de terem três.

Engana-se aquele que acredita que essa tecnologia é recente, ou mesmo de origem moderna. Esse tipo de sistema existe desde o século xix, quando o primeiro filme em 3d, “the Power of love”, 1922 (o Poder do Amor) entrou em cartaz. Entretanto, essa é uma tecnologia em constante ascensão, ou seja, velha,mas atual.

Enquanto, em meados do século passado, quando o 3D se popularizava com grandes sucessos de bilheteria como “A Casa de Cera” e “Dá-me um Beijo”, as pessoas precisavam daqueles óculos azuis e vermelhos (3D anáglifo, imagem ou um vídeo formatado de maneira especial para fornecer um efeito tridimensional estereoscópica), que enjoavam e doíam os olhos, hoje já existem tecnologias que dispensam todo e qualquer tipo de óculos para assistir imagens em 3D.

o 3d mais popular hoje em dia é o tipo chamado polarizado (ou passivo). o princípio de formação de imagem é exatamente o mesmo do tipo anáglifo. A diferença é que não há a necessidade de lentes coloridas para bloquear determinados tons coloridos, assim a fidelidade de cores é muito maior. o 3d polarizado gera duas imagens projetadas que são emitidas em ângulos distintos. Nos óculos, as lentes têm tons âmbar pouco diferentes uma do outra e são compensadas com uma camada escura, que o deixa parecido com um óculos de sol.

Existe ainda, o 3d chamado Barreira Paralaxe, que nada mais é do que o sistema de projeção de imagens em 3d que dispensa o uso de óculos. o funcionamento dela é similar ao dos óculos polarizados. A diferença é que todo o processo é feito em uma barreira colocada sobre a tela. As duas imagens produzidas são entrelaçadas simultaneamente. Graças à barreira de paralaxe, que nada mais é que uma espécie de filtro, as imagens são divididas em ângulos diferentes, sendo percebidas de maneira distinta por cada um dos olhos,

gerando assim o 3D. Infelizmente, essa tecnologia ainda não está disponível para cinemas. Apenas alguns videogames (Nintendo 3DS) e aparelhos de televisão (lEd e Plasma) possuem esse sistema.

mas, onde o Brasil entra nessa história toda? Bem, o Brasil acaba de lançar seu primeiro, exatamente, primeiro longametragem em 3d. o filme “Brasil Animado”, 2010, de Mariana Caltabiano, mistura imagens reais do país com personagens animados, mas não promete lotar as salas de exibição.

Felizmente, a situação do Brasil quanto à sua qualidade de produção não pode ser questionada frente ao grande trabalho de Carlos Saldanha. o carioca foi co-diretor de “A Era do Gelo”, e diretor de “A Era do Gelo 2” e “A Era do Gelo 3”. Agora, Saldanha apresentou sua produção “Rio” (2011), em 3D. Mesmo sendo uma produção da 20th Century fox, os brasileiros sentem-se orgulhosos por saberem que um compatriota está tão diretamente ligado a um filme que já arrecadou mais de U$ 300 milhões em todo o mundo.

o Brasil ainda está engatinhando no mercado de produções em 3D, mas, mesmo assim, esperamos ver em breve grandes produções nacionais explodindo tela afora pelas salas de todo país.

Hoje, sentar-se em frente a uma tela de cinema e esperar que o filme salte do telão em nossa direção é quase tão comum quanto abrir os olhos ao acordar. os filmes em 3d estão espalhados por todo o planeta, encantado milhões de pessoas, mas sem a fuga de pouco mais de trinta pessoas que assistiram “A Chegada do trem na Estação” no final do século xix. o 3d revolucional a ida ao cinema, tornando o filme mais interativo para o público. E que público!

De acordo com o Ministério da Cultura, cerca de 25 milhões de brasileiros vão ao cinema pelo menos uma vez ao mês. E isso ainda é pouco, pois só diz respeito à 14% da nossa população. Entretanto, a gama de produção nacional é pequena se comparada a países como Estados Unidos e inglaterra. quanto à produção de filmes 3d brasileiros... Bem, antes do último 21 de janeiro, o Brasil jamais havia filmado um longa-metregem em 3d. o filme “Brasil Animado” é o primeiro filme 3d brasileiro e não promete levar milhões às salas de exibição para assisti-lo.

Torcemos pelo mercado nacional de produções em filmes 3d a partir de agora, esperado ver muitas mais produções nesse estilo de filmagem, com grande enredos e com a qualidade dos grandes de hollywood.

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YoutuBe, um paSSaporte para a teLeviSão

Por rodolPho santana da costa E vinicius de arauJo labonia reis

Com a Internet podemos fazer várias coisas como, por exemplo, nos comunicar com uma pessoa do outro lado do mundo, trocar arquivos entre outras coisas. Antigamente, para poder assistir a um vídeo era necessário fazer o download do arquivo de vídeo e assistir

a partir de um software de vídeo, como por exemplo, o Windows media Player. Porém, existia a possibilidade de ver alguns vídeos online por meio do programa chamado Flash, um software primariamente de gráfi co vetorial - apesar de suportar imagens bitmap e vídeos - utilizado geralmente para a criação de animações interativas que funcionam embutidas num navegador web. o uso do Flash também serve para desenvolver jogos e fazer websites.

No ano 2000, já era possível ver algumas dessas animações na televisão, como por exemplo, as do site “charges.com.br”, criado por Maurício Ricardo, que fi cou conhecido na internet por suas animações de humor, sobre política, futebol e o cotidiano do brasileiro, chegando a fazer animações para o “Domingão do faustão” e o reality show “Big Brother Brasil”, ambos da emissora rede Globo de televisão.

foi quando, em 2005, Chad hurley, Steve Chen e Jawed karim fundaram o youtube, um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital, ou seja, permite assistir vídeos em sua própria página.

A ideia de criar o youtube surgiu por conta deste modo de compartilhar arquivos de vídeo. “Estávamos em um jantar em janeiro de 2005, onde fi zemos arquivos digitais. No dia seguinte, não conseguíamos enviá-los por e-mail e demoramos muito para colocá-los na Internet. Pensamos que deveria haver uma forma mais fácil de fazer isso”, afi rmou hurley, em entrevista à revista norte-americana “Fortune”.

Com isso, vários usuários do site começaram a mostrar seus talentos. os usuários norte-americanos foram os que começaram a fazer vídeos de humor, que consistia apenas fazer um curta e outro meio que era fi car de frente da câmera falando sobre o que vinha na cabeça, esses vídeos fi caram conhecido como vlog,

que é uma variante de weblogs cujo conteúdo principal consiste em vídeos. Com estrutura geralmente similar à de weblogs e fotologs, possui atualização frequente e constitui-se como um site pessoal, mantido por uma ou mais pessoas. os vídeos são exibidos diretamente em uma página, sem a necessidade de se fazer download do arquivo. Alguns vlogs norte americanos famosos mundialmente foram de ray William Johsson, Brooke Brodack, Lucas Cruikshank, Shane Dawne e o brasileiro-americano Joe Penna.

Brooke Brodack, de acordo com a revista New yorker, foi considerada a primeira estrela youtube. Seus vídeos fi zeram tanto sucesso que ela chegou a assinar um contrato com a NBC para fazer alguns vídeos no programa “it’s you Show tv’’.

outro que fez sucesso é o jovem ator lucas Cruickshank, criando um personagem fi ctício chamado fred, de 6 anos, que fi ca contando sobre sua vida. o sucesso foi tanto que ele fez ponta em seriados americanos infantis como “iCarly” e “hannah montana” e recentemente produziu seu fi lme “fred: the movie”, especialmente para ser exibido no canal infantil Nickelodeon. A exibição atraiu a audiência de 7,6 milhões de tespectadores.

o brasileiro Joe Penna, conhecido pela internet como “mysteryGuitarmen”, nasceu em São Paulo, mas se mudou para o Estados Unidos há uns 11 anos. E virou uma celebridade no youtube, largando a faculdade de medicina para se dedicar a seus vídeos. Joe Penna virou o garoto propaganda da operadora de celular Vivo, fora as várias palestras e aparições mundiais na televisão, até mesmo aqui no Brasil, Joe teve um quadro no Fantástico.

Já no Brasil, esse sucesso de vlog e vídeos de humor começaram a virar febre quando o colorista PC Siqueira, resolveu fazer vídeos caseiros falando de sua vida e outras coisas de que gostava. Atualmente ele tem um blog um programa na MTV. Ronald Rios é outra celebridade do youtube que agora tem um programa na rádio Jovem Pan e um na MTV.

o youtube, a cada dia que passa, está virando uma plataforma que funciona como vitrine de novas promessas para o mundo televisivo.

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pesquisa

Como andam aS produÇõeS CuLturaiS na tv aBerta BraSiLeira?nUm PAÍS Com CErCA dE 30% dE AnAlfABEtoS fUnCionAiS E Com 1/3 doS JovEnS

Com idAdE EntrE 18 E 24 AnoS qUE não frEqUEntAm ESColAS do EnSino médio, A tElEviSão ConSEGUE imPor Ao UnivErSo dAS fAmÍliAS tUdo AqUilo

qUE SE ProJEtA no vÍdEo.

Por viviane Mendes

Os impactos sociais da televisão no Brasil e no mundo têm despertado o interesse e chamado cada vez mais a atenção de estudantes e pesquisadores, certamente devido a seu forte poder de infl uência em muitos aspectos da vida cotidiana.

Em menos de quatro anos, o vídeo transformou a face do país, modifi cou seus hábitos, seus costumes, suas crenças, impôs alterações na cultura, estabeleceu parâmetros de comportamento, afetou a economia, isso tudo através da publicidade que se tornou uma atuante ferramenta de bens de serviços e consumo através da televisão.

Há mais de seis décadas, a televisão se transformou em uma das principais fontes de informação e notícia, para as mais várias classes sociais. Para muitos, ela tem sido sua única fonte de informação e entretenimento.é fato que vivemos em um país com um alto índice de analfabetismo, com uma grande diferença de classes sociais e constantemente em busca de educar para a cidadania. Daí a importância dos meios de comunicação; rádio, televisão, revista, jornais, internet, entre outros, contribuírem com ações que visem promover a educação de cidadãos comuns.

Um artigo que desenvolvi durante minha primeira graduação, de jornalismo, aqui na Universidade Cruzeiro do Sul, intitulado “Educação e cidadania na mídia: um estudo da grade de programação da TV aberta brasileira”, que visou analisar a programação das principais emissorastv Globo, SBt, tv record, rede tv, tv Gazeta e tv Cultura, entre setembro de 2007 a setembro de 2008, registrou números nem tanto surpreendentes, porém preocupantes se levarmos em

consideração o artigo 221 da Constituição Federal Brasileira.

Lembremos o artigo 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

i – preferência a fi nalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo a produção independente que objetivo sua divulgação;

III – regionalização cultural, artítica e jornalística, conforme percentuais estabelecidos por lei;

IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Infelizmente, em nosso dia a dia, não nos damos conta que a TV aberta brasileira é falha quando se trata desses princípios. Saímos cedo pra trabalhar, voltamos tarde, as nossas crianças passam boa parte do tempo na frente da televisão, não nos preocupamos com os conteúdos apresentados e menos ainda com os números, que mesmo indiretamente são expostos diariamente em nossas casas. Desta forma, faz-se necessário um olhar cada vez mais crítico em relação aos meios de comunicação.

A televisão, há tempos, faz parte do cotidiano, da nossa família e, devido a seu forte poder de infl uência, deveria contribuir com conteúdos voltados a ações de educação e cidadania. Vale lembrar que a educação questionada, não se refere ao aprender ler e escrever, mas sim no que diz respeito a formar cidadãos dignos de conviver pacifi camente uns com os outros dentro de um contexto de cidadania.

o estudo da grade de programação da tv aberta brasileira a qual me referi registrou um total aproximado de 664 programas distribuído da seguinte forma:

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enquanto fi camos parados, os meios de comunicação foram crescendo e se articulando, garantindo sua presença cada vez mais dentro da nossa sociedade.

diante dos confl itos apresentados na tv aberta brasileira, é possível dizermos que a TV aberta brasileira está carente de uma identidade? Para o jornalista José Carlos Aronchi, “A TV aberta brasileira está buscando uma identidade, porque está em meio a um vendaval, uma transformação, que é a migração do sinal analógico para o digital, a TV está em um momento de transição e muitas outras exigências estão em pauta”, afi rma. Sendo assim, podemos concluir que tanto a migração do sinal, quanto a nova classifi cação indicativa da faixa etária da programação, as alterações nas políticas públicas, tudo isso faz com que a televisão tenha que se adequar a essa nova era.

Por outro lado, não podemos deixar de ressaltar que a TV aberta comercial tem como objetivo o lucro do empresário/empresa. Apesar de a televisão ser um serviço público, hoje ela não atende devidamente há esses interesses públicos, e sim atende mais ao interesse do empresário/empresa. Segundo Aronchi, “a televisão comercial aberta visa o lucro do empresário, desta forma ela procura audiência, então quando ela cria um programa, ela cria pensando em uma falha de audiência de sua grade, ou então na falha de audiência de um concorrente que merece um investimento em um determinado horário pra poder competir com um produto de melhor qualidade”.

Convido a todos os profi ssionais, estudantes de graduação, pesquisadores e comunicólogos a refl etir sobre este meio de comunicação altamente infl uente que é a televisão. façam isso de forma a não esquecer de que estamos falando de uma televisão comercial aberta que depende de patrocinador, e, consequentemente, busca audiência. Sendo assim, produzir conteúdo de qualidade, buscando uma audiência ampla e qualifi cada, é o grande desafi o de quem faz televisão.

São vários os estudos e pesquisas que mostram que o tempo que se gasta diante da TV é maior que o tempo gasto dentro de uma sala de aula e também em relação ao tempo que os pais passam com seus fi lhos. A televisão está substituindo as funções de cada um desses membros, ela tem sido ponto de referência na organização da vida familiar, pois, a todo instante e a qualquer hora do dia, ela está disponível, oferecendo companhia a quem quer que seja, adulto, criança, idoso, homem, mulher, sem distinção de cor ou raça. é necessário enfrentarmos a discussão, perceber que

Globo18%

SBT15%

Record10%Band

15%

RedeTV12%

Gazeta7%

Cultura23%

Porcentagem por Emissora

DiSTriBuiÇÃo DAS CATeGoriAS Por emiSSorAS

TV GLoBo –123 programas, sendo que: Entretenimento (85), informação (16), Educação (11), Publicidade (1) e outros (10).SBT –100 programas, sendo que: Entretenimento (91), informação (7), Educação (0), Publicidade (2) e outros (2).TV reCorD – 69 programas, sendo que: 47 Entretenimento, 13 informação, 0 educação, 1 publicidade e 8 outros.TV BAnDeirAnTeS – 98 programas, sendo que: 63 Entretenimento, 16 informação, 0 educação, 2 publicidade e 17 outros.reDe TV – 77 programas, sendo que: 33 Entretenimento, 17 informação, 0 educação, 15 publicidade e 12 outros.TV GAzeTA – 44 programas, sendo que: 10 Entretenimento, 15 informação, 1 educação, 15 publicidade e 3 outros.TV CuLTurA - 151 programas, sendo que: 79 Entretenimento, 43 informação, 24 educação, 1 publicidade e 4 outros.

ToTAL DAS ProDuÇÕeS Por CATeGoriAS

1º entretenimento – 408 programas / Equivale a 62%.2º informação – 127 programas / Equivale a 19%.3º outros – 56 programas / Equivale a 8%.4º Publicidade – 37 programas / Equivale a 6%.5º educação – 36 programas / Equivale a 5%.

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c)Importante órgão público nacional vê sua imagem associada à corrupção e outros atos que mobilizam a opinião pública contra a improbidade administrativa. Desenvolvendo programa de gestão de crises, a assessoria de comunicação do órgão, entre outras ações, busca apoiar as investigações do Ministério Público com o objetivo de garantir a máxima transparência nos processos, além de manter relacionamento aproximado com a imprensa para ampla e constante veiculação de informações de interesse público.

d)Visando posicionar a marca de maneira associada à qualidade no atendimento pré e pós-venda, a rede de concessionárias Z inicia a implementação do programa de fi delidade buscando, entre outras ações, estreitar relacionamento com clientes reais e potenciais. Fazem parte do programa as ações de treinamento para funcionários da área administrativa e de vendas, o atendimento VIP para clientes reais e potenciais, bem como vantagens Premium para atendentes, vendedorese compradores.

reLaÇõeS púBLiCaS naS organizaÇõeS ContemporÂneaS

veja exempLoS de SituaÇõeS Que, emBora SimuLadaS, oCorrem no univerSo daS organizaÇõeS:

artigo

a) A empresa x, atuante no comércio de acessórios de moda, pretende divulgar coleção exclusiva de bolsas confeccionadas por artesãs rendeiras do nordeste. Na fase inicial de lançamento, o público alvo integra mulheres jovens, classe A e B, zona oeste e sul da cidade de São Paulo, região onde se localiza a maior loja da marca. Um forte trabalho de comunicação utilizando as redes sociais, com vídeos e mensagens virais, faz parte do plano de lançamento da coleção que pretende associar à marca os valores da empresa ligados à capacitação e geração de renda para comunidades artesãs.

b)Em parceria com empresa privada e órgão governamental, um renomado instituto ambientalista desenvolve campanha educativa com colaboradores e voluntários, a fi m de estimular e fortalecer os valores e práticas organizacionais ligadas ao campo da sustentabilidade. A campanha contará com ciclo de eventos incluindo palestras, teatro-empresa, gincanas e visitas guiadas a sítios ambientais, contando com apoio de materiais impressos e audiovisuais, a serem veiculados nas mídias internas e externas.

Por Profª. drª. anGela fernandes

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Agora responda: em quais dessas situações atua o profissional de re-lações Públicas? Se a resposta foi em todas, acertou.

Claro que essas situações são, apenas algumas entre milhares que acontecem diariamente no mundo das organizações, sejam elas da indústria, comércio ou serviços; do primeiro setor (governamentais), segundo setor (privadas) ou do ter-ceiro setor (organizações civis de interesse público); de pequeno, mé-dio ou grande porte, com atuação nos vários segmentos – financeiro, educação, saúde, esporte, entrete-nimento, turismo, habitação, sane-amento, tecnologia da informação, construção civil, etc. o fato é que onde existe uma organização formal (legalmente constituída) pode atuar o profissional de relações Públicas.

no Brasil, como atividade profis-sional, Relações Públicas está às vésperas de completar cem anos e hoje alcança, em muitas organi-zações, uma posição estratégica com o objetivo de criar e manter, por meio da comunicação criterio-samente elaborada, relacionamen-tos produtivos entre estas e seus diversos públicos : funcionários, acionistas, clientes, fornecedores, imprensa, governo, entidades de classe, organizações da socieda-de civil, comunidade, entre outros.

o profissional da área, formado em nível superior, pode atuar no âmbito da comunicação adminis-trativa/interna, institucional e mer-cadológica. No âmbito da comuni-cação administrativa e interna, visa a criar e manter aproximação entre a organização e seus funcionários para que necessidades, expectati-vas e objetivos de ambos os lados possam ser alinhados. Bom para a

organização que busca difundir sua missão, visão, valores e diretrizes entre os grupos de colaboradores, de maneira a incentivar e conquistar a atuação qualificada e adequada aos objetivos e normas de trabalho, bom para os colaboradores que re-cebem informações pontuais, ne-cessárias ao cumprimento de suas funções, além de contarem com cli-ma de compartilhamento de idéias e informações que, valorizando a condição humana, favorecem o en-gajamento entre as diversas equi-pes. Imagine, por exemplo, a impor-tância da sintonia entre o trabalho da atendente do call center , do ven-dedor, do gerente de atendimento, do diretor de atendimento pós-ven-da e do presidente da empresa.

No âmbito da comunicação ins-titucional, o profissional atua em apoio à construção, manutenção, fortalecimento e disseminação da identidade da organização fazendo com que os valores e diferenciais que integram sua personalidade possam ser conhecidos e reconhe-cidos pela opinião pública. Consu-midores bem informados tendem a adquirir ou recomendar produtos e serviços da empresa ou institui-ção que atenda às demandas da sustentabilidade, da qualidade, do Código de Defesa do Consumidor, da legislação trabalhista, ética e de direitos humanos.

A tão almejada imagem positi-

No Brasil, como atividade

profissional, Relações

Públicas está às vésperas de completar cem anos e

hoje alcança, em muitas

organizações, uma posição estratégica.

Sintonia e sinergia entre as equipes

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além do atendimento no ponto de venda, com uma rede de técnicos treinados com disponibilidade para atendimento qualificado, remoto ou presencial, onde precisar.

Sem dúvida, essa experiência fará a diferença na hora da esco-lha pela marca. Essas ações de relacionamento são planejadas e coordenadas pelo profissional de Relações Públicas em apoio à co-municação mercadológica das or-ganizações.

Tanto para o desenvolvimento da comunicação administrativa, inter-na, institucional ou mercadológica, o profissional da área tem, sob sua responsabilidade, o planejamento e a execução de ações de relaciona-mento com vários públicos. Essas ações podem envolver reuniões, treinamentos, campanhas de cons-cientização, de incentivo e motiva-ção; programas de conteúdo social, cultural ou esportivo; programas de gestão de crises, além de outras realizadas com o apoio de uma vas-ta rede de veículos massivos ou di-rigidos, fazendo uso de publicações nos meios impressos, eletrônicos e digitais, além da possibilidade de uso de mídias radicais e/ou alterna-tivas.

Na sociedade contemporânea,

va não é apenas fruto de trabalho estanque que envolva a publica-ção do nome e símbolo da empre-sa em algumas notas da imprensa ou a publicação de donativos ou ações de patrocínio. é, sobretudo, resultado de um amplo e contínuo trabalho de comunicação da identi-dade organizacional expressando, por meio de forte trabalho de rela-cionamento com os diversos seg-mentos de público, as crenças, os valores e a conduta da empresa ou entidade. Uma marca reconhecida e valorizada pela sociedade con-ta, nos bastidores, com dedicado e constante trabalho do profissional de Relações Públicas.

Além de atuar no campo da co-municação administrativa/interna e institucional, o profissional da área tem um papel ativo na comunica-ção mercadológica, ou seja, apóia a conquista dos objetivos da co-municação de marketing das orga-nizações, com ou sem finalidades lucrativas, uma vez que, o relacio-namento com público cliente/usuá-rio ou potencial cliente/usuário ne-cessita de aporte estratégico para que experiências e percepções se-jam aderentes à identidade da or-ganização traduzindo-se em aceita-ção e confiança, necessárias ao ato de aquisição/consumo de produto e serviço. Um exemplo: imagine que para usar o novo aparelho com tec-nologia 3D o cliente possa contar,

Uma marca reconhecida e valorizada pela

sociedade conta, nos bastidores, com dedicado e constante trabalho do profissional de Relações

Públicas.

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as relações públicas apoiam a expressão da identidade organizacional

Aceitação e confiança dependem da qualidade das experiências e percep-ções dos públicos

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ABErJE - Associação Brasileira de Comunicação Empresarialwww.aberje.com.br ABrACom - Associação Brasileira das Agências de Comunicação www.abracom.org.br ABRP/SP – Associação Brasileira de relações Públicas – Seção Estadual de São Paulowww.abrpsp.wordpress.comConfErP - Conselho federal de Profi ssionais de relações Públicas www.conferp.org.brintErCom- Sociedade Brasileira de Estudos interdisciplinares da Comunicação / Núcleo de Comunicação organizacional e Relações Públicas www.portalintercom.org.brMegaBrasilwww.megabrasil.com.brSinProrP - Sindicato dos Profi ssionais liberais de relações Públicas no Estado de São Paulowww.sinprorp.org.br

BLoGSMundo-RP - Mundo das Relações Pú-blicas.www.mundorp.com.br

Portal-RP – Portal de Relações Públi-cas e Transmarketingwww.portal-rp.com.brrPalavreando - Espaço para discus-são de questões emergentes em RP e em Comunicação organizacional.rpalavreando.com.br inTernACionAiSALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicaciónwww.eca.usp.br/alaicAmCo - Asociación mexicana de Co-municadores organizacionaleswww.amco.com.mxfEiEA - federation Europe-an industrial Editors Associations.www.feiea.org.ukIABC - International Association of Bu-siness Communicatorswww.iabc.com ICA -InternationalCommunication Association divisão de Comunicação organizacio-nal: www.icahdq.org/divisions/in-dex.html#division4

Divisão de Relações Públicas: www.icahdq.org/divisions/in-

dex.html#division12IPRA - International Public Relations Associationwww.ipra.orgAErP - Agência Experimental de rela-ções Públicashttp: / /www2.metodista.br /agenciarp/ PRSA - Public Rela-tions Society of Americawww.prsa.org

ConrerPs– Conselhos Regionais de Profi ssionais de relações PúblicasConrErP – 1ª região - rJwww.conrerp1.org.brConrErP – 2ª região - SP / Prwww.conrerp2.org.brConrErP – 3ª região - mG / BA / ESwww.conrerpmg.org.brConrErP – 4ª região - rS / SCwww.conrerprssc.org.brConrErP – 5ª região – PE / rn / PB / CE / Piwww.conrerp5.org.brConrErP – 6ª região - df / Go / to / MT / MSwww.conrerpdf.org.br

PArA SABer mAiS SoBre reLAÇÕeS PÚBLiCAS ACeSSe:

variados temas, questões, proble-mas e oportunidades emergentes integram o mundo organizacional, ao lado de fatores complexos que geram a necessidade de mudan-ças e adaptação das empresas, ór-gãos governamentais e entidades a novos contextos. Para essas orga-nizações há, entre outros, o desafi o de expressarem sua personalida-de, presença e conduta em meio aos mercados mais exigentes e às sociedades mais dinâmicas, o que impõe a necessidade de integração das várias frentes da comunicação, a fi m de que possam transparecer para a opinião pública uma identi-

dade sólida e coesa que servirá de alicerce para a construção e manu-tenção de sua reputação. é preciso destacar que, na contemporaneida-de, o aparato tecnológico à disposi-ção da comunicação entre os indi-víduos permite o trânsito de muitas vozes que emergem ao mesmo tempo, infl uenciando a formação de percepções e opiniões, muitas ve-zes, em confl ito com a identidade e os objetivos organizacionais. o diálogo constante com os diversos públicos é o caminho para que a organização assegure a compreen-são acerca de sua identidade, bem como de seus desafi os e oportuni-

dades, objetivos e metas.A reputação organizacional

não prescinde do trabalho do profi ssional de relações Públicas, cuja formação permite o planeja-mento estratégico da comunicação integrada, colocando em prática ações criativas, com o uso de di-versas ferramentas midiáticas, ob-jetivando a criação de plataformas de relacionamento com os públicos de interesse. Nesse contexto diálo-go, identidade e imagem deixam de ser meros conceitos ao integrarem as práticas das Relações Públicas desenvolvidas a favor da efetividade das organizações contemporâneas.

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A MÍDIA SE DEMOCRATIZOU E PERMITIU QUE MILHARES DE PESSOAS PASSASSEM DE ME-ROS RECEPTORES PARA PORTA-VOZES DE SUAS PRÓPRIAS OPINIÕES E IDEIAS. QUEBRAN-DO HIERARQUIAS E PASSANDO POR CIMA DE FRONTEIRAS, BLOGS, VLOGS, MÍDIAS SOCIAIS E COLABORATIVAS DÃO ESPAÇO PARA DIÁLOGOS DINÂMICOS E ACABAM COM O SISTEMA

DE “INFORMAÇÃO DE MÃO ÚNICA”.

EU, MÍDIA?!

Por inGrid taveira, larissa leonardi, tatianne francisquetti E Wallace toledo

De um posto de saúde do subúrbio paulista, um pai de família conta, aos prantos e soluços, a difícil

busca de remédios que acabariam com as dores e o sofrimento de seu fi lho. Afl ito com a possível morte da criança, decidiu, como última tentativa, entrar em contato com a mídia. Do outro lado da linha, em um estúdio de rádio, o jornalista João Leite grava a denúncia

da falta de medicamentos nos postos de saúde da região, para repassá-la às autoridades. Todos os dias, relatos como o deste cidadão tornam-se pauta para vários veículos de comunicação.

Assim como ocorre no rádio, TVs, jornais, revistas e sites mostram que a voz do povo tem poder e cresce visivelmente, apoiada pelos avanços da tecnologia. Mídia Participativa é o nome dado para este fenômeno. Se antes esta forma de comunicação era uma válvula de escape contra a

repressão imposta pela Ditadura Militar, hoje é um espaço ainda mais aberto e democrático, onde até manifestações descomprometidas com causas sociais são aceitas.

Para Magno Nunes, radialista e colaborador de veículos participativos, seu principal papel hoje é dar espaço aos que estão fora do circuito da comunicação de massa. “Ela vem dar o espaço que a gente sabe que é de direito do cidadão, mas também dar oportunidade para pessoas que realmente sofrem com algumas injustiças poderem falar”, diz.

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reportagem

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Além disso, essas mídias servem como uma ponte entre a população e as autoridades competentes. “o país é pobre, as pessoas não têm condições e não sabem onde cobrar. A TV e o rádio são mídias fortes e, quando existem problemas, e os mesmos chegam à imprensa, logo são solucionados, pois, além de serem de utilidade pública, também existem interesses por trás de tudo isso”, declara João Leite, ex-produtor do programa de prestação de serviços Pulo do Gato, da rádio Bandeirantes de São Paulo.

Em alguma segunda-feira à noite, você já deve ter zapeado entre os canais de TV e parado na bancada dos homens de preto do CqC (Custe o que Custar), da BAND. No quadro Proteste Já, o programa abre espaço para a população. Moradores de comunidades de todo o Brasil relatam denúncias em sua região, e, pelos repórteres, são ouvidos e têm seus problemas resolvidos – plenamente ou em partes - pelas autoridades competentes. partiCipaÇão 2.0

Mentes criativas como a de Steve Jobs (fundador da Apple) e Mark Zuckerberg (criador de facebook), entre outras, revolucionaram a vida tecnológica e virtual do mundo pós-moderno com conceitos inovadores. Se um novo recurso propõe uma nova visão, a colaboração globalizada e conectada elevou a mídia participativa a outro patamar.

As opiniões, vontades, anseios e reivindicações hoje são compartilhados e debatidos livremente nos blogs, vlogs, podcasts e em outros meios virtuais possíveis que navegam no infinito mar cibernético.

os flash mobs (vide box) são exemplos divertidos desta intera-ção atual. Um tímido evento no facebook, lançado no período da

manhã, mostra-se um movimento viral de peso durante o percorrer do dia, e muitos internautas se juntam à brincadeira, em sua maioria, jo-vens. Com data e local marcados, seja por pura diversão ou por uma causa pertinente, este fenômeno torna-se uma manifestação real e causa impacto na opinião pública. “há dois tipos de flash mobs, um é para chamar a atenção da popula-ção para algo, e outro é mais para socialização, uma grande brinca-deira. os dois são válidos”, explica Fernando Barbosa, coordenador do flash mob Pijama’s day em São Paulo pelo segundo ano consecu-tivo. Ele afirma que, se você tiver uma boa ideia, é só postar no face-book e ver se a galera abraça a cau-sa. Mais democrático, impossível.

Enquanto o flash mob divulga uma opinião coletiva, outras mí-dias participativas dão oportuni-dades para expor pensamentos individuais. Sites interativos, como o portal tricolor SPFC Digital, feito com a ajuda de torcedores, permi-te que os leitores participem man-dando textos, além dos tradicionais comentários. “o portal é todo fei-to de colaboração. os colunistas mandam os textos, e nós até evi-tamos editá-los. Tudo é publicado do jeito que recebemos”, revela Nunes, que narra as partidas do time tricolor pela radioweb do site.

A web possibilitou que anônimos se tornassem mídias, da noite para o dia. qualquer pessoa com acesso à internet e vontade de falar pode criar um blog, fazer uma postagem no twitter ou gravar um depoimen-to em vídeo. “oi, como vai você?” é o bordão de Paulo Cezar Goularte Siqueira, vulgo PC Siqueira, que se tornou famoso por suas postagens no canal masPoxavida, do youtube, site mais popular de postagem de ví-deos do mundo. PC Siqueira saiu da “terra dos sem-fama”, causou polê-

micas, repercutiu e acabou ganhan-do um contrato de trabalho na MTV.

Como ele, milhares de pessoas utilizam esse espaço. A rede está recheada de uma diversidade sem fim. mas se por um lado isso é um fator positivo, por outro a ausência de controle dos conteúdos publica-dos torna sua qualidade questioná-vel. “quem forma opinião na internet está aí para falar, não tem problema nenhum. o problema é quem rece-be essa informação. Para um me-nino de 10, 15 anos, que não tem opinião formada, o que vier, ele vai absorver e levar aquilo como ver-dade absoluta”, afirma nunes. o importante é saber encarar o conte-údo encontrado nas mídias partici-pativas de forma crítica e conscien-te, mas não deixar de aproveitar os benefícios que ela nos traz. E se o saudoso cineasta Glauber rocha nos permite: uma ideia na cabeça, uma câmera na mão e um link no youtube fazem toda a diferença.

eu Sou mídia, Sim!

Eles fazem parte de um grupo composto por mais de 45 milhões de vozes que se manifestam diariamen-te na internet. Esse número foi apu-rado pelo Ibope, em setembro deste ano de 2011, e refere-se à quanti-dade de usuários ativos na web.

São blogs, vlogs, podcasts e ou-tros tipos de mídia feitos para tratar de assuntos específicos ou até mes-mo cotidianos. Eles ganharam es-paço no mundo da comunicação e transformaram receptores de infor-mações em produtores de opiniões.

Conheça a seguir algumas pes-soas que usam essas ferramen-tas para veicular suas ideias pelo mundo afora:

Sempre gostei de me expres-sar. não à toa, virei jornalista. e por falar em jornalismo, sinto que

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32 Durante a Ditadura Militar (1964-1985), os meios tradicionais de comunicação foram privados de exercer seu principal papel: informar. A censura proibia que notícias contra o governo fossem veiculadas e o Estado agia com brutalidade contra quem burlas-se essa imposição. Repórteres foram assassinados, redações,depredadas e os jornais foram cerceados.

Foi nesse cenário que surgiu esta forma de mídia, pro-duzida pelo povo e para o povo. Esse tipo de mídia assu-miu um papel político na sociedade, e serviu para que clas-ses menos favorecidas se mobilizassem contra o regime ditatorial vigente.

pareCe reCente, maS não é...

nasci no tempo errado. Gostaria de contar outras histórias: Ditadura e festivais. Porém, com a censura, o que conseguiria dizer? Receitas de bolo? mensagens subliminares? Pior: qual seria o meio utilizado para atingir um vasto público? então, pa-radoxalmente, agradeço ser da era virtual. Hoje, não precisa ser jor-nalista para se expressar. As pos-sibilidades oferecidas pela internet são tentadoras. o blog é uma de-las. Perdi a conta de quantos blogs eu tive. Lembro-me do último: Ba-celardas. Até hoje, está no ar. Po-rém, desatualizado. no Bacelardas, eu escrevia sobre tudo: política, esporte, cinema, música, amor... não tinha limite de caracteres e ideias. tudo era permitido. e para quem conhece um pouco a história brasileira, sabe que a liberdade de expressão é uma dádiva. Assim, aventurei-me em textos no Bace-lardas e em áudios em um podcast chamado Zumbinews, conduzido pelo também jornalista magno nu-nes. Lá, eu falava apenas sobre es-porte. Porém, mais uma vez, sentia que a minha mensagem não tinha limites. Pois, para as ondas virtuais, ainda não inventaram uma foz. elas deságuam onde bem entendem.Vinícius Bacelar, jornalista es-portivo da Folha online

Logo que comecei a trabalhar no “Caracas, véi”, vi que não era nada parecido com meus proje-tos anteriores por vários motivos: é a primeira vez que escrevo em um blog sobre tecnologia, apesar de esta ser minha área, profi ssão e vida. outro motivo é que jamais tinha gravado um podcast, que é uma mídia completamente diferen-te. A forma de acesso é a mesma de diversas mídias digitais - pela In-ternet, mas o consumo é completa-

mente diferente: você já viu alguém parado em frente ao computador ouvindo um podcast e não fazendo mais nada? o podcast acompanha as pessoas no caminho para o tra-balho ou para a faculdade, dentro do celular ou do mp3 player. Assim, o podcast tem que ser interessan-te, e, na minha opinião, tem que ser engraçado também. talvez, o fato mais interessante, no nosso caso, é que, mesmo sendo todos profi s-sionais de tecnologia de um grande banco nacional, temos formações e opiniões diferentes. Dois são forma-dos em computação, um em socio-logia e outro em publicidade. Além disso, complementamos o blog com reportagens consolidadas de outras fontes e artigos próprios. Pratica-mente não nos censuramos. Sim-plesmente não citamos a empresa e projetos em que trabalhamos, pois é o momento em que falamos por nós mesmos como profi ssionais e como aspirantes a engraçadinhos.Daniel Bastos Pereira, fundador da Mindexs Mobile e analista de Business Intelligence no Itaú Unibanco

eu decidi montar o blog para com-partilhar o melhor do designer, le-vando em consideração tudo que envolve o mundo criativo. Abordo assuntos ligados a tudo que diz respeito à criação, como ilustração, publicidade, fotografi a, arquitetura e todo tipo de arte. Por tratar de as-suntos bem específi cos, meu públi-co é segmentado, meus principais visitantes são ilustradores, estudan-tes de publicidade e curiosos por arte. Hoje, o blog tem cerca de 7.000 pageviews e, apesar de ter um bom público, não me considero um for-mador de opinião. tenho pessoas que gostam do meu trabalho, mas isso não signifi ca que eu sou um formador de opinião. Hoje em dia, você encontra de tudo na internet, desde receita de pão, até mesmo como operar a avó que caiu da es-cada e fi cou com problema na vista. Não são as mídias que infl uenciam as pessoas, são as pessoas que procuram o que lhes infl uenciar. A mídia é só uma ferramenta, você assimila ou não.Willian Sanfer, designer gráfi co no Grupo RBS

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Domingo. São quase duas da tar-de, mas você passa pela Sé e vê de-zenas de pessoas vestidas com seus pijamas e pantufas, dormindo ao relen-to. Então, às duas horas em ponto, um despertador toca, todos eles se levan-tam e vão para o Metrô, com seus tra-vesseiros e roupas de dormir.

Você se pergunta: o que eles estão fazendo? mas o máximo que consegue imaginar é que eles exageraram na be-bida, no sábado à noite, e perderam a chave de casa. resposta errada. Eles são participantes do Pijama’s day, um fl ash mob que se espalhou por todo o mundo e acontece todos os anos, em meados de setembro, em cidades como Beirut, Paris, Roma e São Paulo.

Um fl ash mob pode ser defi ni-do como uma manifestação relâm-pago, para praticar ações inusita-das e combinadas previamente, por e-mails ou mídias sociais. Es-sas manifestações podem aconte-cer porque seus participantes que-rem protestar contra algo, chamar atenção para um fato ou apenas aparecer.

De acordo com Fernando de Caires Barbosa, 24 anos, coordenador do Pijama’s day, há objetivos diversos: chamar a atenção do governo, para que seja investido mais em transpor-tes públicos; mostrar aos jovens uma alternativa ao transporte privado, “seja por conta da menor poluição, ques-tão de sustentabilidade ou por conta do dinheiro, afi nal, com r$ 3,00 você pode percorrer toda a São Paulo”; ou ainda, “alertar para os congestiona-mentos que o automóvel traz para as cidades”, complementa.

E você, já viu um fl ash mob por aí?

não? Então, conheça abaixo alguns fl ash mobs que ganharam destaque no Brasil e no mundo.

Churrascão gente diferenciada

Foi criado pelo jornalista Danilo Sa-raiva, via Twitter e facebook, como for-ma de protesto contra o cancelamento da construção da estação de Metrô Angélica, em Higienópolis. A decisão de não construir a estação foi toma-da após reclamações de moradores do bairro, que chegaram a dizer que o Metrô é frequentado por “gente dife-renciada”. daí o nome do fl ash mob.

o movimento aconteceu em maio deste ano e reuniu aproximadamente 600 pessoas, na Avenida Angélica. os manifestantes organizaram batucadas, levaram caixas de isopor com cervejas e refrigerantes, marmitas e churrasco.

pela democracia Em março de 2011, centenas de

pessoas compareceram a um fl ash mob organizado com o intuito de pedir respeito às reformas políticas e à demo-cracia. os manifestantes se reuniram em frente ao parlamento marroquino e permaneceram alguns minutos fazen-do um “V” de vitória com as mãos, e, logo em seguida, se dispersaram. Esse não foi o primeiro fl ash mob pró-demo-cracia organizado pelas mídias sociais. no começo deste ano, o Egito tam-bém foi palco de diversos fl ash mobs.

Apesar de o presidente do país ordenar o cancelamento do acesso às mídias sociais, internautas conseguiram furar seu bloqueio e organizar diversas manifestações, que culminaram com a renúncia do ditador

Hosni Mubarak. Inspirados pelo sucesso dos movimentos no Egito, moradores de outros países do oriente médio e do norte da áfrica, como a líbia, a Síria e a Jordânia, também aderiram aos fl ash mobs pela democracia e pela igualdade, organizados por mídias como o Twitter e facebook.

no pants Subway ridefoi criado nos EUA, em 2001, e

importado para o Brasil. No dia 9 de janeiro de 2011, um grupo de jovens se reuniu na estação Luz do Metrô, se dividiu em quatro grupos e embarcou em diferentes direções. Nos vagões, os adolescentes tiraram as calças, to-dos ao mesmo tempo, e utilizaram a justifi cativa de estarem com calor.

oprah Flash mob dance Considerado o maior fl ash mob da história, o grupo Black Eyed Peas reuniu cerca de 20 mil fãs na Avenida michigan, em Chicago, nos EUA. o grupo tocou a música i Gotta feeling e o público realizou uma coreografi a que envolvia todos os presentes. o fl ash mob foi uma surpresa para a apresentadora oprah Winfrey, que comemorava a exibição da 24ª temporada de seu programa.

pillow Fightos participantes combinam pela

internet um local e horário para travar uma guerra de travesseiros com desconhecidos. é um fl ash mob com proporções mundiais, já que ocorre em várias cidades do mundo, ao mesmo tempo. Em 2011, ele aconteceu em 2 de abril, em mais de 20 cidades brasileiras.

FLaSh moBS

o miCroFone de SiLvio SantoS

Por raPhael Menezes

Todos nós sabemos que na atualidade, além de comunicador, empresário, dono do Baú, irreverente, esposo, pai, avô e, acima de tudo, um ídolo, Silvio Santos contribuiu, contribui e ainda tem muito a contribuir

para o país.Nessa breve matéria vamos abordar um tema

um tanto quanto curioso e pouco divulgado, embora todos nós reparemos: o microfone de Silvio Santos.

Não é surpresa para ninguém que grandes nomes da televisão têm suas marcas registradas, no nosso caso, algumas delas são os microfones. A partir da década de 1980 isso se fortaleceu e vários nomes como: xuxa, Sérgio mallandro, Gugu liberato, Angélica, Eliana, raul Gil e, claro, Silvio Santos, procuraram ter seus próprios estilos, nos deixando cada vez mais deslumbrados e curiosos.

Se engana quem pensa que Silvio Santos foi o primeiro a usar o microfone pendurado no pescoço. César de Alencar, em 1955, no programa, Rádio Televisado, da TV Rio, lançou a moda que mais tarde seria aderida pelo Senor Abravanel e outros grandes nomes da TV, o que veremos logo mais.

quando começou a trabalhar na tv, apresentando seus primeiros programas, Silvio usava microfones grandes, pesados, com traços fortes, o que na época era muito comum, mas com estas características vinham juntos os problemas de tropeços, cabos enrolados, minimizando os movintentos em uma das mãos, pois tinha que segurar o “trambolho”.

Naquela época, existia um modelo portátil,

sem fi o, fabricado pela, grandiosa e premiada americana Shure, que vinha até com um cordão para pendurar no pescoço.

o primeiro modelo a ser usado pelo apresentador foi um “Electro-voice”, marca que iniciou o modelo de microfones de lapela, e até Manoel de Nóbrega usou, também, este mesmo modelo na Praça da Alegria.

Hoje, o que estamos acostumados a ver nas noites de domingo é um microfone fabricado pela alemã Sennheiser (segunda empresa no ranking de microfones no Brasil, perdendo apenas para

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a americana Shure) modelo MD 405S, revestido metalicamente e produzido na década de 1960. Esse microfone possui um sistema transmissor “bodypack”, como se fosse um sistema de ‘lapela’ ou ‘headset’, opera na frequência Uhf, assim como todos os outros microfones sem fi o do SBt.

Esse modelo já é uma segunda versão usada pelo apresentador, uma vez que o primeiro se “aposentou” devido a um imprevisto no programa Topa Tudo por Dinheiro, em 1992, quando Silvio caiu em uma piscina d’água, deixando um grande chiado para o telespectador, provando que ali era o fi m de seu microfone, porém, dias mais tardes foi substituido pelo modelo hoje usado por Senor Abravanel.

outra curiosidade aconteceu no teleton de 1999 que foi gerado e transmitido pela TV Cultura. o fato é que os técnicos da emissora não conseguiram fazer com que o microfone do Homem do Baú funcionasse, obrigando-o, assim, a entrar no ar com o microfone na gravata desligado e segurando um Shure SM 58 UT2 – UHF.

Mesmo com toda tecnologia a favor do maior comunicador do Brasil, Silvio Santos continua usando seu microfone pendurado no pescoço, reforçando, além de seus bordões, mais uma fo

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retroSpeCtivaAlguns grandes nomes da TV brasileira usaram o

mesmo modelo de microfone que Silvio Santos usou.Chacrinha – usou um microfone idêntico ao de Silvio

Santos durante alguns anos de sua carreira, mas afi xado com menos capricho, porém, o trocou por outros mais modernos dias depois.

manoel de nóbrega – o pai artístico de Silvio o substituiu na década de 1970, no “Programa Silvio Santos”, mas não há informações sobre o motivo da eventualidade.

Léo Santos – quando animador, o irmão de Silvio, Leon Abravanel, usava o mesmo modelo de microfone do irmão mais famoso. Nos anos 1980, Léo dedicou-se somente aos negócios como executivo do Grupo Silvio Santos.

raul Gil – foi substituto de Silvio aos sábados no “Programa Silvio Santos”, conduzindo seu programa, porém, o apresentador, ao invés de pendurar o microfone no pescoço, o segurava na mão. Hoje tem como exclusividade seu “microfone de ouro”, um prêmio dado pela Warner Music devido ao grande sucesso na TV Record e à contribuição para a música brasileira.

J. Silvestre – integrou o elenco do SBT no programa “Show sem Limite”. Por um curto período usou o microfone famoso do patrão, porém, antes de entrar na emissora, já havia usado outros modelos no peito.

Bolinha – o animador do “Clube do Bolinha” , édson Cury, usou durante algum tempo, em meados dos anos 1970, um modelo de microfone adaptado para ser usado no pescoço.

Sérgio Chapelin – o apresentador do “Globo repórter” saiu da Globo em 1983 para comandar o “Show sem Limite”, depois de J. Silvestre, no SBT. Por incrível que pareça, Chapelin também usou o microfone de Silvio.

Gugu Liberato – quando era do SBT, Augusto Liberato saiu da “Sessão Premiada” para comandar o “Viva Noite”, onde se revelou um grande apresentador do gênero. Vídeos na internet comprovam o uso do microfone do ex-patrão no pescoço. Logo depois decidiu por um estilo próprio e, durante sua trajetória, também usou microfones exclusivos. Hoje, na TV Record, usa um Shure UHR-2 Beta 87A com grille (globo do microfone) “beta black”, o único visto até hoje no Brasil.

oscar Pardini – o integrante e humorista do grupo Café com Bobagem pode se orgulhar muito: ele foi o único imitador do Silvio Santos a usar o próprio microfone do patrão no “A Praça é Nossa” e no “Domingo Legal”. De tão bom imitador, já recebeu o convite, pelo próprio Silvio, de substituí-lo em algumas locuções.

Revista Código # 1 | www.codigo.inf.br | 2012 | Universidade Cruzeiro do Sul

Nasci em Gua-rulhos, tenho 29 anos e sem-pre estudei em escola pública. Desde o ensino médio, eu exer-

cia ati vidades voltadas à área da comu-nicação (fui integrante do grêmio e par-ti cipava dos eventos que aconteciam na escola, parti cipava de grupo de jo-vens na Catedral de São Miguel Arcan-jo, fui até coordenadora do grupo por algum tempo) sempre atuando como representante das ideias, expectati vas e ações de equipes as mais variadas.

Essa vivência como porta-voz da situação, anseios e necessidades das pessoas, despertou em mim o desejo de estudar Comunicação. Assim, em 2008, iniciei na Universidade Cruzeiro do Sul, a graduação em Comunicação Social, à época, com habilitação em Relações Públicas.

Escolhi o curso de Relações Públicas ao perceber sua aplicação nas mais diversas áreas e ti pos de organizações, tanto do 1º quanto do 2º e 3º setores, com atuação nos segmentos da indústria, comércio, educação, entretenimento, esportes, saúde etc., o que facilita a empregabilidade. Além disso, notei que a área permite a realização de diversas ati vidades no campo da comunicação - planejamento, assessoria de imprensa, desenvolvimento de programas de relacionamento com diversos públicos com uso de vários veículos, dos impressos aos digitais e, entre outras frentes, criação de programas de interação com a comunidade (sempre ti ve uma predileção por essa área) que representa hoje uma ati vidade em ascensão no mercado de trabalho, haja vista a importância do papel social das organizações.

trajetivas narratórias

o oLhar e a voz da Comunidade Por daniela fausto

Essas são algumas perguntas que fazemos sobre os

egressos do curso de relações Públicas. Segundo especialistas em storytelling1 contar e ouvir

histórias é uma característica do ser humano, uma vez que as histórias são poderosas ferramentas para difundir

ideias, visões e fazer circular o conhecimento.

Então, vamos a elas.

quem são? onde estão?

O que fi zeram ou estão fazendo? qual o percurso

trilhado?

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“escolhi o Curso de relações públicas pela abrangência da área”, afi rma Daniela

1 o storytelling se destaca como técnica que utiliza as histórias e narrativas como instrumento de comunicação e educação. veja http://www.terraforum.com.br/consulto-ria/lists/areasdeatuacao/dispform.aspx?id=45

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Nos quatro anos do curso, pude aprender muito com os docente que são extremamente preparados para compartilhar, além de seus conhecimentos teóricos, as suas experiências pessoais e de mercado de trabalho. Isso, com certeza, agregou muito à minha formação e me possibilitou o desenvolvimento de um Trabalho de Curso, junto a um cliente real, em que coloquei em prática tudo o que aprendi.

Se durante oito anos trabalhei na área administrativa, hoje eu uso os meus conhecimentos de Relações Públicas para atuar no projeto Parceiros do SP, um quadro do Jornal SPTV, 1ª edição, da Rede Globo. Esse projeto tem por objetivo dar voz à comunidade e mostrar o que acontece no nosso bairro, divulgando e buscando melhorias para todos os moradores. Fico muito feliz por empregar os ensinamentos obtidos durante a graduação neste novo trabalho. Ele está sendo uma experiência incrível.

É claro que conquistar esse espaço não foi fácil. Foram mais de 5.000 inscritos e muitas etapas de seleção, dentre as quais: elaboração de vídeo, dinâmicas, redação e entrevistas. A cada etapa, aumentava a esperança em fazer parte deste projeto, pois sabia que eu tinha sido bem preparada.

No dia 12 de agosto de 2011, eu soube que entre os mais de 5.000 inscritos, foram selecionados 14 candidatos. E eu fui escolhida para representar o bairro de São Miguel Paulista!

Estou aprendendo muito com este projeto, trata-se de uma experiência que vou levar para toda minha vida.

Posso dizer que cada momento é único, é, principalmente, muito bom saber que a cidade de São Paulo está conhecendo um pouco mais de São Miguel Paulista e que isso acontece pelo meu olhar e minha voz. fo

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“emprego o conhecimento obtido na graduação para mostrar o que acontece no nosso bairro”, diz daniela

Segundo daniela, “é muito bom saber que a cidade de São paulo está conhecendo um pouco mais de São miguel paulista”

Revista Código # 1 | www.codigo.inf.br | 2012 | Universidade Cruzeiro do Sul

Pensei em diversas formas de iniciar esse artigo e descartei to-das, comecei diversos “primeiros parágra-fos” e apaguei todos. Senti novamente a

sensação de desafio correndo nas veias, a mesma sensação que me fez encarar o mundo e buscar, mui-tas vezes com medo, eu confesso, e também com muita determinação, o meu objetivo: ser uma profissional de comunicação.

Nem sempre as coisas são fá-ceis, não é mesmo? E, se fos-sem, os desafios não teriam graça. Sempre estudei em escola públi-ca estadual e, infelizmente, quan-do terminei meu colegial não tinha condições financeiras de iniciar um curso superior imediatamente. Tive, como muitos, que trabalhar para poder pagar meus estudos. Traba-lhei por três anos, só então, com o meu salário, iniciei a graduação.

Tinha muita vontade, mas o di-nheiro era tão pouco, que precisei vender meu carro, um Fusca azul claro lindo, que ganhei do meu marido, na época meu namorado. Ele comprou e disse que era para pagá-lo em prestações (confesso que paguei somente a metade da minha dívida, mas, mesmo assim, ele ainda me pediu em casamen-to!). Precisei tomar uma decisão, pois, ou pagava o carro e coloca-va gasolina, ou pagava a mensali-dade da universidade, então, deci-di vendê-lo. Essa foi a primeira de muitas escolhas e renúncias que fiz em prol da minha formação.

Por que mesmo escolhi fazer Co-municação Social? E relações Públi-cas (rP) ? Por que escolher uma pro-

fissão que era pouco conhecida no Brasil? Com certeza, mais uma vez foi o calor do desafio correndo nas veias.

Pesquisei diversos cursos, con-versei com algumas pessoas e tive tempo para decidir o que realmente gostaria de fazer. Acredito que esse tenha sido, no meu caso, o grande diferencial, o tempo para escolha. Despreparo e decisões precipita-das são companheiros do arrepen-dimento. Comunicação Social foi o curso que atendeu às minhas expec-tativas, unindo uma grade curricular extensa, professores de qualidade e a prática que tanto procurava.

quando eu fiz a minha gradu-ação, ao final do segundo ano da faculdade existia a obrigatoriedade de escolher entre as 4 habilitações que o curso oferecia: Relações Pú-blicas (RP), Jornalismo, Rádio e TV e Publicidade e Propaganda. Eu es-colhi RP por dois principais motivos: primeiro pela qualidade do corpo docente, que conseguiu mostrar a

abrangência e os desafios de um cur-so ainda pouco conhecido no Brasil, mas com muitas possibilidades de crescimento, e segundo pelo prazer em trabalhar com relacionamentos.

Ser Relações Públicas é fazer uso, de forma coerente e criativa, das diversas ações e ferramentas de comunicação que tanto a tradicional quanto a moderna tecnologia ofere-cem. é, também, saber lidar com as diferenças, conflitos, expectativas, exigências de cada um e de todos.

No terceiro ano, comecei a pen-sar que não entraria no mercado de trabalho se não iniciasse um estágio rapidamente. Procurei lou-camente, quase deixei todos ao meu lado loucos também. Só fala-va em estágio, só pensava em es-tágio e só sonhava com estágio.

Finalmente consegui um estágio em comunicação, que aceitei mes-mo com um salário que pagava só metade do valor da minha faculda-de. A decisão em sair de um em-prego estável, em que já estava há sete anos, realmente não foi fácil.

Eu sabia que daria um jeito para pagar minha faculdade, e dei. Sete meses depois que iniciei meu pri-meiro estágio em comunicação, consegui um outro que me isentava da mensalidade da universidade e foi assim que minha trajetória pro-fissional começou. neste estágio consegui o privilégio de trabalhar no mundo acadêmico e estar ao lado de pessoas que compartilharam comigo o que elas tinham de mais belo: seus conhecimentos. Além disso, tive o prazer de trabalhar com minha orientadora do Trabalho de Curso (TC) por quase dois anos. Foram lições aprendidas que levo comigo sempre.

o deSaFio Corre naS veiaSPor Jacqueline eiKo taKeMasa dos santos

“Ser relações públicas é ter o dom de saber lidar com todos os tipos de públicos, pessoas, empresas”, afirma Jacqueline

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Jacqueline acredita que o profi ssional de Relações Públicas precisa conhecer a estratégia de négocio da empresa e desenvolver planos integrados de comunicação

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Além de escolher o curso que atendia às minhas expectativas e, é claro, que me dava prazer, tive a oportunidade de ser orientada no último ano do curso, quando passa-mos pelo TC, por uma pessoa mag-nífi ca, que fez toda diferença na mi-nha trajetória profi ssional e também na minha vida pessoal. Não poderia deixar de citar aqui seu nome e agra-decê-la por todo apoio. Profª Drª. Angela Fernandes, muito obrigada.

Mas, como a inquietação faz par-te do meu universo, queria mais, queria ingressar de vez como pro-fi ssional de comunicação e fui en-carar, mais uma vez, o mercado de trabalho, agora não mais como es-tagiária, mas como uma Relações Públicas. Consegui um emprego temporário como Analista de Co-municação Júnior em uma grande empresa do setor petroquímico, e estava tão feliz que não cabiadentro de mim.

Aceitei esse emprego, que era temporário e, mesmo com casamento marcado, com diversas con-

tas para pagar, tomei a decisão de deixar um emprego fi xo, que tinha na universidade, e partir para um temporário. E foi esse emprego que me abriu as portas para o mundo corporativo das grandes empresas.

Repentinamente, meu contrato temporário foi encerrado e me vi, pela primeira vez, desempregada. Passei uma noite inteira sem dor-mir, pensando no que poderia fazer e no dia seguinte levantei a cabe-ça, fui para o computador fazer o meu currículo e procurar vagas, e para as entrevistas do mercado de trabalho. Senti o desafi o cor-rer nas minhas veias novamente e isso me encheu de esperanças.

Foram apenas 20 dias desem-pregada, fi z quase dez entrevistas nesse período. Na época eu dizia aos meus amigos que já era pós--graduada em entrevistas de empre-go, e, felizmente, após muitos tes-tes, consegui emprego na área de comunicação corporativa na empre-sa em que estou atualmente, uma multinacional de origem francesa.

que frio na barriga, que sensa-ção estranha, estava em um am-biente que nunca havia explorado antes, em um tipo de empresa que nunca havia pensado estar, mas eu estava lá. Tinha conseguido dar o primeiro grande passo da minha vida. Iniciei nesta empresa como Analista de Comunicação, dentro do Setor de Comunicação Corpora-tiva e, após dois anos, fui para o Setor de Recursos Humanos, como Analista de Comunicação Interna e Responsabilidade Social.

Nesse período decidi que preci-sava continuar a me especializar e fui à procura de um curso de pós--graduação. queria me aperfeiçoar em Gestão da Comunicação, porque percebi que me faltava um conheci-mento mais aprofundado em gestão.

Em 2011, uma grande oportuni-dade surgiu e retornei para o Setor de Comunicação, dessa vez, como Coordenadora de Comunicação Ex-terna Brasil e América Latina.

Minha trajetória não é muito di-ferente da de muitos outros profi s-sionais de comunicação que bata-lharam e batalham a cada dia para superar seus desafi os, os desafi os do mercado e mostrar a importância da nossa profi ssão ao mundo.

Para um profi ssional de Comuni-cação, e aqui me permito falar com propriedade das Relações Públicas, é essencial ter pensamento estraté-gico, visão holística e, é claro, ter conhecimento em planejamento in-tegrado de comunicação.

Posso afi rmar que, nos diversos empregos e nos muitos departa-mentos da empresa pelos quais passei, usar as habilidades de RP fez e continua a fazer a diferença para a qualifi cação de meus traba-lhos e consecução de meus objeti-vos.

Por bruna sales, fabiana chaGas, nathalia alves, roseane costa, sandra Mesquita E taMires freitas

de maLaS prontaS ADRENALINA, MEDO, SAUDADE E LEMBRANÇAS. PROFISSIONAIS MARCADOS POR GRANDES CON-FLITOS. ELES FAZEM PARTE DA HISTÓRIA AO GRAVAR, FOTOGRAFAR, ESCREVER E INFORMAR EM UM CENÁRIO QUE ASSUSTA, MAS TAMBÉM OS ENCANTA. ARRISCAM SUAS VIDAS PARA APURAR

FATOS E CONSTRUIR RELATOS QUE SERÃO ESTAMPADOS NA IMPRENSA E FICARÃO AMARELADOS NAS PÁGINAS DOS LIVROS DE HISTÓRIA. SÃO HOMENS E MULHERES A SERVIÇO DA INFORMAÇÃO.

SEUS DESTINOS? DEPENDE DO QUE ACONTECE.

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reportagem

Encontrar um cor-respondente com disponibilidade é uma tarefa árdua. A incessante busca pela informação não permite sua perma-

nência em um endereço fixo, sem falar na agenda sempre sujeita a alterações de compromisso e fuso horário. A internet, mesmo trazen-do facilidades, ainda pode ser uma faca de dois gumes.

Esse é o caso de rodrigo lopes, jornalista multimídia do Grupo rBS (RS). Iniciou sua carreira como au-xiliar de redação e desenvolveu várias funções até ser contratado como tradutor de textos na editoria mundo. Lopes não se contentava. não gostava do óbvio. Essa vonta-de o levou ao seu primeiro furo jor-nalístico: uma entrevista exclusiva com o general lino César oviedo, foragido e acusado de golpe de Es-tado no Paraguai.

Lopes nos recebeu em sua casa de uma maneira atípica

para hóspedes. Chegamos pela tela de seu computador e não sentamos em seu sofá, ficamos de um lado, e ele, do outro. o que nos ligou? Uma conexão de banda larga que possibilitou uma conversa sem interrupção.

Sorridente, com o sotaque típico do sul, ele se mostrou muito simpático. Acabou de escrever seu primeiro livro: “Guerras e tormentas - Diário de um Correspondente Internacional”. Antes mesmo de perguntarmos, ele dispara: “Eu era um guri que sonhava em ir à guerra. Vivenciando-a, as pessoas revelam o que têm de melhor e pior. Nós, como jornalistas, somos testemunhas da história e retratamos a realidade mesmo que não seja a que gostaríamos de descrever.”

Lugares não faltaram como ce-nário para histórias, que mais pa-recem ficção: líbano, israel, Em-baixada do Brasil em Honduras no caso Zelaya, furacão katrina, elei-ção de obama, entre tantos outros.

Ele relata um em especial. “Estava exausto, após chegar da fronteira do Líbano. Tomando banho, no vi-dro embaçado, escrevi no box do banheiro: “obrigado, meu deus”. Isso foi um desabafo, porque a gen-te se sente muito sozinho e a pres-são psicológica é muito forte.”

Sem guerraS no CurríCuLo o que para alguns é extrema-

mente entusiasmante, para outros não tem razão de ser. Marcelo Die-go, ex-correspondente especial da folha de S.Paulo, nos Estados Unidos, possui sua trajetória mar-cada por coberturas de eventos e acontecimentos notórios. Atuou nas olimpíadas de Sidney, Atenas e na polêmica Crise do Mensalão, além da cerimônia de premiação do oscar, na qual o filme “Central do Brasil” foi indicado. “Cobrir uma guerra não fez falta para a minha essência como jornalista. Muitos estudantes têm esse sonho, veem certo glamour. Sabe o que é co-brir uma guerra na maioria das vezes? ficar em um bunker prote-gido de todas as formas. A guerra parece que potencializa aquele sentimento de que, como jornalis-ta, você fará coisas que os outros não farão”, acredita o jornalista.

Diego fez questão de nos re-ceber em seu trabalho. Apesar de atarefado e constantemente inter-rompido para resolver questões profissionais, relatou detalhes das suas diversas experiências. Em 1995, foi contratado pelo jornal Fo-lha de S.Paulo e atuou lá por 15 anos, passando por inúmeras edi-torias como correspondente. “Ao cobrir as olimpíadas, tive a oportu-nidade de atuar em duas frentes: na de Sidney, como coordenador, onde exerci funções burocráticas; e em

rodrigo Lopes, jornalista multimídia do grupo rBS

rodrigo Lopes na cobertura da guerra entre israel e Líbano

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Atenas, com a missão de garimpar boas histórias, criando as pautas na hora. vivi as olimpíadas com maior plenitude, foi enriquecedor”, recorda Diego, que atualmente é diretor da Agência Máquina Info, empresa vol-tada à comunicação coorporativa.

a SatiSFaÇão Que Se Sente de Longe A voz rouca ao telefone narra emoções de mais de 20 anos como correspondente. Luiz Recena Grassi trabalhou para grandes veículos, como Correio Braziliense, Gazeta mercantil e rede Globo.

Sua carreira começa em um pal-co diferente. Um intercâmbio aos 18 anos, na Cidade do México, o levou a uma trajetória de sucesso. Recena relembra sua primeira gran-de cobertura, a visita do presidente Geisel em 1977, ao méxico. “foi ex-traordinário, pude transmitir o olhar e a opinião brasileira, sem depender do colonialismo traduzido das gran-des agências”, conta orgulhoso.

Sua trajetória é uma espécie de

documentário que descreve de for-ma ininterrupta. “Cobertura do muro de Berlim; exclusiva com yasser Arafat, Presidente da Autoridade Nacional Palestina; a morte de Fran-çois Miterrand, estadista e ex-presi-dente francês; Fernando Henrique Cardoso em Moscou, convidado por mikhail Gorbachev para discutir o mundo; entre outros fatos”. De to-dos os casos, Recena relembra os dois terremotos ocorridos na Armê-nia no dia 7 de dezembro de 1988, que resultariam em 55 mil mortos. “o país fi cou numa situação devas-tadora. Lembro que alguns ex-go-vernantes da URSS pegavam no pó de cimento espalhado pelo chão das cidades, se perguntando o que havia ocorrido”, relata, emocionado.

Esquerdista orgulhoso, recena faz questão de falar sobre Havana, capital de Cuba. Esteve lá por cin-co vezes. Entrevistou o revolucio-nário e ex-presidente cubano Fidel Castro. “As conversas com Fidel foram muito marcantes. Tínhamos tamanha intimidade que ele tocou o meu ombro e perguntou como eu fa-lava espanhol tão bem se era brasi-

leiro. Fidel é muito inteligente e dono de um ótimo humor”, confessa o correspondente na condição de fã.Perguntamos sobre como ele vê sua carreira jornalística, afi nal, foram duas décadas vivendo sem destino certo. Ele se esforça e, com um grande suspiro, dispara: “Eu faria tudo de novo”. uma muLher de FiBra

Realizamos via e-mail entre-vista com Sandra Coutinho, cor-respondente da Globo news em nova york. Para Sandra, o que não poderia fi car de fora é a rela-ção entre o trabalho e a família.

Logo de início, uma surpresa: “Meu câmera, produtor e editor é também meu marido, Anderson Gazio, com quem tenho dois fi lhos”, mas, com ar de pesar, completa que com as crianças sempre fi ca menos tempo do que gostaria. Sobre sua rotina, logo diz: “rotina? Não tenho! A cobertura vai desde o furacão irene à Assembleia Geral da onU. A única certeza é a de que entro ao vivo no Jornal das 10h. Em geral são 10 ou 12 horas de

Luiz recena (à esquerda) no mar Báltico congelado

marcelo diego, ex-correspondente especial da Folha de S.paulo

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trabalho diário”, informa a jornalista que, de tão apaixonada pela profi ssão, diz não ver a hora passar.

Além de administrar a relação entre casa e trabalho, Sandra também administra suas emoções. Sobre a cobertura que realizou recentemente nos dez anos do atentado de 11 de setembro, diz: “Como não se emocionar com um pai que chora a morte do fi lho mesmo uma década depois?”. no geral, ela confessa: “é difícil, mas em tragédias que ainda estão acontecendo não choro na frente de quem perdeu tudo, por uma simples razão: tento passar otimismo e coragem. Entretanto, choro depois. Jornalista não tem que ser de ferro.”

Ser mulher, para Sandra, é irrele-vante, não melhora nem piora. Com bom humor, aponta que o único problema é ter que levar o equipa-mento. A correspondente, repórter, editora, mãe e esposa não teme o futuro, pelo contrário, espera dele

muito mais histórias e aventuras.Após topar com a experiência de

Sandra Coutinho, nos deparamos com um iniciante, Vinícius Dônola, que, com 24 anos de jornalismo, vive a almejada fase de sua carreira na Rede Record.

um Sonho reaLizadoAo acaso. é assim que o

recém-correspondente vê sua entrada na área internacional. Atarefado com a cobertura dos Jogos do Pan de Guadalajara, no México, o correspondente sorri e brinca ao ser indagado sobre sua rotina de trabalho: “Cada semana apresenta uma dinâmica diferente e a próxima é sempre imprevisível”.

Tendo em seu passaporte gran-des momentos, como o 11 de se-tembro e a cobertura da morte de osama Bin laden, ele vê toda a sua trajetória com muita satisfa-ção. Sente saudades das praias do Rio de Janeiro, do carinho de seus

pais, do calor do seu povo, mas está muito feliz. “A experiência no exterior tatua o DNA, amplia os ho-rizontes, faz o brasileiro enxergar o Brasil com outro olhar. Incrível e inesquecível”.

FeLiz Com o Que Faz Jornalista satisfeita com o que

faz, Thais Furlan é correspondente internacional da Rede Record em Londres.

Num clima bem informal, diz que não escolheu ser correspondente. “Escolheram para mim (risos). Fui escalada para a cobertura da última eleição presidencial americana pelo meu chefe Douglas Tavolaro. Fui enviada ao Arizona para cobrir o candidato John McCain. A ideia era passar uma semana no país e acabei fi cando quatro meses. Com a mudança do correspondente de nova york, surgiu a vaga.”

A jornalista fala ainda da necessidade de estar sempre de malas prontas. “Já tive que correr da academia, num fi nal de semana de folga, direto para o aeroporto. Foi uma viagem para a Polônia, quando todo o governo do país morreu num acidente aéreo”, conta. “quem cobre Europa não tem dia, não tem hora”, e, entusiasmada, completa: “Não saberia viver numa rotina rígida. Adoro estar aqui hoje e não saber para onde sigo amanhã.”

no fi nal da entrevista, percebe-se que, entre veteranos e iniciantes, homens e mulheres, a opção pelo jornalismo foi certeira. Ser correspondente, seja pelo acaso, por preferência ou por um convite, tornou esses jornalistas mais humanos, mais completos e realizados. Passaportes na mala, o futuro é incerto, e o passado, uma memória viva que será eternizada pela imprensa.

Sandra Coutinho concilia trabalho e família numa jornada sem rotina

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Nós, alunos da agência Sens, do 8º semestre de Publicidade e Propaganda do Campus Anália Franco,

ao produzir um projeto experimental para o trabalho de conclusão de Curso, escolhemos como cliente a Canto Claro Produ-ções Artísticas, que está reali-zando o longa-metragem “So-mos tão Jovens”

A Canto Claro é uma pro-dutora com sede na capital Carioca que já está há mais de 40 anos no mercado. é espe-cializada no mercado Cult, ob-tendo sucesso com os filmes “Copacabana me engana” e “A Rainha Diaba”, ganhador de prêmios Internacionais como Festival de Cinema de San Sebastian, Espanha (1975) e quinzaine des réalisateurs, Cannes (1974). Por trás dis-so tudo está Antônio Carlos da Fontoura, produtor e dire-tor que tem vasta experiência no mercado cinematográfico e também televisivo. Trabalhou na rede Globo como roteiris-

ta das séries Carga Pesada, Você Decide e Ciranda Cirandinha. No cinema, dirigiu produções recentes como o “Gatão de meia idade” e “As aventuras de Zico”. o filme “Somos tão Jovens” contará a história do ídolo do rock nacional Renato Rus-so e como aconteceu a formação de

bandas dos anos 80, como Aborto Elétrico, Capital inicial e Plebe rude.

A ideia surgiu da paixão da agên-cia pelo cinema: queríamos realizar um projeto diferenciado mas que também tivesse a nossa “cara”. Procurávamos outras alternativas, mas o cinema sempre vinha a nos-

sa mente. A partir daí, arrega-çamos as mangas e fomos em busca de um filme que aten-desse a nossas expectativas. Foi então que “Somos tão Jo-vens” cruzou certeiramente nosso caminho. Entramos em contato com a produção e fo-mos muito bem atendidos pela Leticia Fontoura, esposa do diretor, que nos convidou para uma reunião no escritório da Canto Claro, no Rio de Janeiro.A viagem foi fantástica, não só porque estávamos pres-tes a definir nosso futuro aca-dêmico, mas também porque estávamos entre amigos e as lembranças são indescritíveis.

Chegamos à Canto Claro, uma casa antiga em uma rua tranquila no Rio, e Fontoura nos esperava em seu escritó-rio. Ao fundo, ouviam-se músi-ca clássica. Nas paredes, car-

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Por fernanda Medeiros

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tazes de seus maiores sucessos.Ficamos horas conversando.

Fontoura explicou-nos todo o pro-jeto, sua empolgação contagiou a agência, contamos a nossa ideia e, no mesmo momento, ele aceitou, dizendo que se sentia honrado por termos escolhido seu fi lme para o nosso trabalho.

Nosso projeto seguiu, e, a cada nova informação, a pressão por um bom trabalho crescia. Foram dezenas de noites sem dormir para entregarmos a primeira eta-pa do projeto, o planejamento.

neste mesmo tempo as fi l-magens iniciaram e, no dia 23 de julho, fomos convidados a conhecer o set no pólo cinema-tográfi co de Paulínia, interior de São Paulo.

“Mais uma vez os esforços vale-ram a pena, no momento em que entramos no apartamento recons-truído da família Manfredini, no quarto do Renato Russo, onde o ator Tiago Mendonça se preparava para rodar a cena. A produção es-

tava incrível”, diz Diego Leonardo, Produtor de RTVC da Agência Sens.

Elaborando o projeto de uma campanha desde os estudos ini-ciais até, enfi m, chegar à criação, a agência percebeu como o traba-lho contribuiu para o crescimento acadêmico e profi ssional do grupo

“Ter a responsabilidade da cria-ção do projeto experimental ‘Somos tão Jovens’ foi um grande desafi o, por se tratar de uma marca instantâ-nea, não possuindo um histórico de comunicação. Tive que partir das in-formações obtidas através da Canto Claro, entrar na história, criar o fi l-me em minha cabeça. Espero que o resultado desse estudo surpreenda a todos, levando para um lugar de juventude e voz”, comenta Fernan-do Alfaro, Diretor de Arte da Sens.

A apresentação do trabalho de Conclusão de Curso aconteceu dia 18 de novembro, no campus Anália Franco, e foi um grande su-cesso. Com a melhor nota do cam-pus, a agência representou a Univer-sidade Cruzeiro do Sul no Concurso

da APP – Associação dos Profi ssio-nais de Propaganda – e levou a Gar-ra do Galo, troféu oferecido ao me-lhor Projeto Experimental de 2011.

o fi lme tem previsão de lança-mento no cinema em julho de 2012.

A SensA agência foi criada no ano de

2010, reunindo oito personalidades diferentes com o mesmo objetivo: produzir bons trabalhos acadêmi-cos.

A formação atual é composta por: Diego Leonardo – Produtor de RTVC, Fernando Alfaro – Diretor de Arte, Daniel Nascimento – Re-dator, Elisabete nascimento – Pla-nejamento, Andreza Policarpo – Pesquisa, Denise Bondorenko – Mídia, Fernanda Medeiros e Taís Araujo – Atendimento.

Em 2010, a agência levou o Prêmio Galo de ouro, pelo projeto Simulado de Campanha, com o cliente Davene e, em 2011, conquistou a Garra do Galo, pela APP São Paulo.

Agência Sens: Bete, Fernando, Antonio Fontoura (diretor do fi lme “Somos tão Jovens”), Fernanda e Diego

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Cinema de vanguardaPor Janaina forti

A palavra vanguarda provém do francês avant-garde, e temos como um dos seus sentidos comuns “parte da frente”. A expressão vanguarda, portanto, imputa algo que está à frente do seu tempo.

Principalmente nos anos 1920, 1950 e 1960, grupos de diversas origens passaram a realizar experimentos de interação entre o cinema e as vanguardas artístico-literárias. A intenção era fazer uma autocrítica da arte, recriando o processo de criação fílmica como uma forma de protesto, de inovação, reinvenção da arte e do mundo através do advento do cinema.

o cinema de vanguarda procurava questionar e dis-cutir os valores estéticos tradicionais, atribuindo uma nova linguagem artística revolucionária para a sua época.

Como forma de nova expressão artística, experiências futurista saíram do âmbito da música e da pintura e foram inseridas no cinema, como no fi lme “A vida futurista”, do autor italiano Filippo Marinetti, criando sobreposições e imagens tridimensionais.

o cubismo (movimento artístico do século xx), por exemplo, também aparece em fi lmes como “Ballet Mecanique” (1924), de Fernand Léger, fazendo um experimento de fi guras geométricas, música e abstracionismo.

na Alemanha, após a Primeira Guerra mundial nos anos 1920, o expressionismo proveniente da pintura foi trazido para o cinema imprimindo um olhar distorci-do de elementos de cenário, fotografi a e maquiagem, conferindo uma expressão de subjetividade psicológica aos personagens e aos ambientes do fi lme, de acordo com uma visão de mundo naquele momento. Com ce-nários retorcidos, sombrios e maquiagem pesada, os personagens eram carregados de pessimismo e aluci-nações, como, por exemplo, em “o gabinete do doutor Caligari” (1919), de Robert Wiene, “Nosferatu” (1922), de F.W. Murnau, “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang, en-tre tantos outros fi lmes que instigaram um grande in-teresse em produtores hollywoodianos que desejavam inserir em suas produções elementos expressionistas.

Também na década de 1920 na França, já havia manifestações fílmicas trazidas do movimento artístico dadaísta, talvez uma das mais provocativas que mesclavam diversos elementos de imagem, sons e movimentos desconexos. o artista plástico francis Picabia, juntamente com o pintor e poeta Marcel

duchamp e o fotógrafo man ray, acabaram fazendo a ligação entre o dadaísmo americano e o francês. Em 1926, com o “Anemic Cinema”, primeiro fi lme de marcel duchamp, o fi lme traz esferas rodando e letras que formam palavras e frases que não se podem interpretar ao certo.

luis Buñuel, na Espanha, em 1929, rodava seu primeiro e mais famoso fi lme, “Um chien andalou”, repleto do mais puro surrealismo, trazendo imagens não lineares e fora de conexão.

Na França, por volta dos anos 1950/1960, o diretor deixava de ser apenas um diretor e passou a ser chamado de cineasta. Esse profi ssional deixava de ser um simples diretor de cena para se tornar um autor/diretor de cinema que “escreve com sua câmera”. Com a formação de cineclubes e a reunião de críticos e intelectuais que escreviam na revista Cahiers Du Cinem, surgiram grandes diretores, como Jean-luc Godard e François Truffaut, uns dos fundadores (juntamente com André Bazin) da nouvelle vague. o movimento era formado por diretores que acreditavam que um fi lme devia representar a visão pessoal do cineasta e defendiam produções de baixo custo. os movimentos de câmera, como o plano sequência, a utilização de personagens falando diretamente com a câmera e a inexistência de uma grande virada no enredo com narrativas simples e contínuas caracterizavam um pouco da ruptura que a Nouvelle Vague trouxe para o cinema. “os incompreendidos” (1959), de troffaut, e “Acossado” (1959), de Godard, foram dois fi lmes consagrados como marco da estética cinematográfi ca francesa.

Entre as décadas de 1950/1960 surgia no Brasil o Cinema Novo, com o famigerado lema: “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. o diretor Glauber Rocha trazia à tona assuntos, com o objetivo de abordar a realidade do país, do sertão, e até como forma de denunciar as injustiças sociais, como em “Deus e o diabo na terra do sol”, de 1963.

qual seria o cinema de vanguarda nos tempos de hoje? Ele poderia ser analisado anacronicamente mais adiante, sendo observado como obras anticomerciais e não narrativas que trouxeram inovações de caráter experimental ou já se esgotaram as possibilidades de vanguardas cinematográfi cas? haveria ainda manifestações de protesto ou de rupturas estéticas no cinema do mundo pós-moderno?

CoreS de Burton

Por Gabriela ferreira E Janiny luPPi

Tim Burton, 52 anos, diretor e produtor. Começou sua carreira como desenhista da disney, mas logo foi demitido pois sua linguagem não se adaptou aos padrões da empresa. Em busca de seu lugar ao sol, passou a criar

seus próprios projetos, imprimindo sua marca registrada: um forte contraste de cores.

Esse excêntrico cineasta americano, depois de muitos trabalhos, ganhou a atenção para esse seu jogo de cores com “Batman” (1989). no filme, o personagem Coringa (Jack Nicholson) veio como um elemento perturbador. Suas cores fortes destoavam do ambiente sombrio que a cidade de Gotham City tem, e do próprio Batman, que vem num tom muito escuro. o personagem tem grande interferência na realidade, mas não só pelos seus feitos, mas pela cor muito presente.

Sua outra obra foi o filme “Edward: mãos de tesoura” (1990), que traz uma dinâmica inversa à do filme Batman. Aqui, o ambiente é muito cheio de vida, muitas cores. Já o personagem principal vem monocromático. Na visão de Burton, Edward (Johnny depp) é a representação da realidade, pois, trazendo a cidade com muitas cores, é vista como um mundo inexistente, perfeito demais para ser real. E Edward, que é uma espécie de “Frankenstein”, se mostra muito mais humano do que todos da cidade. A cidade o via como um monstro devido a sua aparência, mas ele em momento algum os rejeita, pelo contrário, sempre está disposto a ajudá-los.

Com Edward, Burton começa sua crítica à sociedade, e, nos demais filmes, ele passa a usar as cores como um elemento irreal, um mundo de sonhos. E é na representação do cinza que ele expressa a realidade.

Em “A fantástica fábrica de Chocolates” (2005), a cidade é cinza. Já a fábrica vem com muitas cores, remetendo a este lado imaginário, como um sonho.

Uma vez que na história é um sonho, é um desejo estar na fábrica, então é desta forma que ela vem exposta.

outro exemplo é a animação “A noiva Cadáver” (2005), onde a realidade de Victor é um mundo sem cores e sem alegria. quando ele se envolve no drama da noiva cadáver e é levado ao submundo dos mortos, vê que lá é cheio de vida e mais alegre do que todos imaginam.

Percebemos que, em todas as produções, é neste mundo de cores que os personagem principais encontram a solução de seus problemas na vida real. Willy Wonka (“A fántastica fábrica de Chocolates”) sempre viveu aquele mundo fantástico de sua fábrica em busca da fuga da realidade, mas consegue mudar isso quando conhece o jovem Charlie. Já Victor (“A Noiva Cadáver”) consegue mudar sua visão do seu forçado casamento após passar um tempo com a noiva cadáver do mundo dos mortos.

A crítica mais intensa é com o filme “Sweeney tood” (2007). é o mais escuro e descrente da realidade. é quase total a ausência de cores e, nos poucos momentos em que ela aparece, são expostas pelos devaneios da personagem Sra. Lovett (Helena Boham Carter) ou pelos constantes esguichos de sangue. Assim como o personagem Benjamin Barker (Johnny Depp), que perde toda a sua fé e só enxerga o ódio e seu desejo de vingança pela perda de sua esposa, a cidade também é pessimista. Ambos sem vida, ambos sem cor.

Tim Burton, usando esse jogo, consegue tratar de assuntos muito sérios de maneira mais suave e, ao mesmo tempo, fazendo uma grande crítica à sociedade, que na visão dele está morta, sem vida e, claro, sem cor. Uma sociedade que vem perdendo as esperanças, e vive num mundo de sonhos. Muitas vezes, esse mundo pode lhe trazer as respostas para as soluções na vida real, mas apenas se procurar. Viver na ilusão não fará a sua vida melhor, ela continuará sem cor.

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a evoLuÇão da Sétima arte

Por Paula Gonçalves E Gisele Martins

Em Paris, 28 de dezembro de 1895, se deu o marco inicial do cinema, arte que vem encantando a todos e crescendo desde então. Foi neste dia que os irmãos Lumière, inventores do cinematógrafo - aparelho inspirado na engrenagem de uma máquina de costura - realizaram

a primeira exibição pública e paga de cinema. Foram exibidos filmes mudos de pouca duração que retratavam o cotidiano. dentre os filmes exibidos estavam “A saída dos operários da Fábrica Lumière” e “A chegada do trem à Estação Ciotat”.

os irmãos franceses decidiram então enviar cinegrafistas para vários países com o propósito de registrar imagens e difundir, assim, diversas culturas dentro da capital da França.

Com o passar do tempo, os filmes começaram a ter como propósito contar histórias, e o francês Georges Méliès, que comandava um teatro, foi o primeiro grande produtor de filmes de ficção com narrativas voltadas para o entretenimento, filmando “viagem à lua”, de 1902. Era o cinema adquirindo aspectos artísticos.

logo depois, no início do século xx, o diretor estadunidense david W. Griffith, um dos pioneiros de hollywood, criou filmes em que a montagem e os movimentos de câmara eram empregados com maestria, estabelecendo, assim, os parâmetros do fazer cinematográfico dali em diante.

Com o surgimento da Primeira Guerra mundial, a Europa reduziu a quantidade de filmes. Assim, a produção cinematográfica passou a se concentrar nos

Estados Unidos. Um dos grandes destaques do cinema mudo foi

Charles Chaplin, uma imagem icônica conhecida em todo o mundo até os dias de hoje.

Já no ano de 1926, surge o primeiro filme falado, “o Cantor de Jazz” da Warner Brothers, porém, o som do filme não era totalmente sincronizado. A Warner conseguiu o feito somente dois anos depois, com o filme “As luzes de nova iorque”, 1928.

As novidades no mundo cinematográfico não pararam por aí. Em 1935 foi lançado o primeiro filme colorido pelo estúdio Fox,“Vaidade e Beleza”, de Rouben Manoulian.

Atualmente, o que é “novidade” são os filmes em 3d, mas o que a maioria das pessoas não sabe é que essa tecnologia já foi utilizada há muito tempo. Em 1922, foi lançado o primeiro filme 3d, “o Poder do Amor”, dirigido por nat G. deverich e harry k. fairall, mas somente na década de 50 alcançou um sucesso relativo, porém, não decolou, pois na época eram usados óculos de projeção anáglifa que normalmente eram de papelão e possuíam uma lente vermelha e outra azul que causava a falta de fidelidade nas cores e dores de cabeça que desagradavam os espectadores.

hoje, com o avanço da tecnologia, os filmes são exibidos em dolby 3d, imax 3d, masterimage 3d, reald Cinema e xpand 3d, com óculos de lente polarizada, garantindo, assim, mais qualidade e realidade ao filme.

o Cinema é denominado sétima arte, desde a publicação do Manifesto das Sete Artes, pelo teórico italiano Ricciotto Canudo, em 1911.

a trajetória do Cinema BraSiLeiroPor ahlex lessa E alex ferrarezzi

Para muitos, o cinema brasileiro é sinônimo de pobreza, nordestino, baixaria, apelação sexual e/ou tiros e favelas. Logicamente que não podemos deixar de enfatizar que por anos a única coisa que se via nos fi lmes nacionais era realmente isso. quem não se lembra do “Central do Brasil”

(1998)? nos diálogos, durante o fi lme, foram soltos diversos palavrões, para retratar a dura realidade onde vivia a personagem interpretada pela atriz Fernanda Montenegro.

Claro que, mesmo com essas “atribuições”, Fernanda montenegro foi indicada ao oscar de melhor atriz. isso mesmo, de melhor atriz. ou seja, o enredo e a ideia central do fi lme passaram longe de ser indicado. A trama da pobreza, palavrões e afi ns não alegrou até mesmo muitos brasileiros, quem diria os americanos.

é lamentável que, muitas vezes, na fi la do cinema, algumas pessoas comentem: “Ah, é fi lme nacional, não deve ser bom, ou deve ter apenas palavrões e tiros”.

E concordamos. muitos fi lmes nacionais continuarão não sendo bons. Mas não pode deixar passar e não dizer que essa realidade mudou. temos fi lmes lindos, inteligentes e até alguns desconhecidos do grande público, inclusive com prêmios.

Mas devemos nos questionar sobre essa trajetória, afi nal, algo aconteceu e vem mudando. Um fi lme como “Dona Flor e seus dois Maridos” (1976) era o recordista de público, com 10,7 milhões de telespectadores, posto que manteve por 34 anos, só sendo batido por “Tropa de Elite 2” (2010), com 11 milhões de telespectadores. mas o que será que aconteceu com os outros fi lmes durante todo esse tempo?

Devemos julgar e dizer que foi por falta de capacidade dos roteiros e diretores? ou a culpa é apenas do povo, que prefere pré-julgar o fi lme sem antes vê-lo? Afi nal, é mais gostoso assistir a um fi lme americano ou inglês, com efeitos especiais, com atores renomados, segundo a mídia.

Mas a questão mais óbvia que podemos levantar é que o cinema brasileiro vem se esforçando e se modifi cando, seja pela parte de quem produz, seja por quem assiste. Até porque o público está cada vez mais exigente e isso só tem a fi car mais forte.

também temos que elogiar quem produz os fi lmes. Por mais que ainda existam muitos palavrões, pobreza

e afi ns, os textos fi caram mais adaptados ao mercado, ou seja, o enredo demonstra comédia, traição, briga de casais, separação e até mesmo refl exão para a vida. Nós sempre tivemos a impressão de que as pessoas envolvidas com o cinema brasileiro preferiam se fechar no mundo “deles” e não importava o que se via fora.

Concordamos que muitas coisas feitas nos Estados Unidos são enormes besteiróis, que não adicionam em nada tanto para cultura, quanto para pessoa. Mas e as pessoas que gostam desses besteiróis, fi cam apenas se lamentando quando assistem aos fi lmes nacionais? tão regados de tiro, morte, gritaria e pobreza?

o Brasil é um país que possui diversas etnias e gostos culturais, e então por que até hoje não explorar esse lado? falta de recurso? ou falta de vontade?

Percebemos que esse canto do besteirol ainda pode dar muitos valores ao mercado nacional. Mas quem investirá para fazê-lo? E, além disso, não só é preciso fazer, mas, sim, que os produtores e escritores saiam da sua “zona de conforto” e utilizem sua criatividade para isso.

Parece que o cinema nacional prefere manter o estilo de “cultura” a abranger todos os gostos.

Assistimos a um fi lme com a atriz ingrid Guimarães, chamado “De Pernas pro Ar” (2011), que conseguiu fazer com que muitas pessoas rissem dos acontecimentos passados pela personagem.

E o que dizer do fi lme “Bruna Surfi stinha” (2011), que muitos julgavam ridículo e “vulgar”? mas o fi lme conta a vida de uma ex-garota de programa. o que podíamos esperar? que tudo se passasse no colégio de freiras? mas já ressaltamos que o fi lme não é regado de palavrões e tiros, como era de se esperar. Porém, de uma forma diferente e que nos envolveu.

Por fi m, vemos que, para o cinema brasileiro evoluir, seus frequentadores também precisam evoluir. Um exemplo de que isso acontece é entrar em uma locadora e os fi lmes brasileiros estão separados dos demais. Se o fi lme é de ação, por que não está junto na seção de ação? Salientamos também que não adianta fazer um fi lme cheio de ações e efeitos, se o brasileiro ainda não estiver preparado para esse novo mundo.

A trajetória do cinema brasileiro já passou por momentos difíceis, mas começamos a ter a esperança de que lá no fi m, bem lá no fi m do túnel, está a luz que aperfeiçoará essa relação entre história e evolução.

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FormaÇão para o merCado e a peSQuiSa: o papeL do tC em rrpp

reSumoO artigo analisa a inserção do TC – Trabalho de Curso – em Relações Públicas e sua contribui-

ção para a formação acadêmica e orientação para o mercado de trabalho dos egressos do curso. A análise parte da legislação que defi ne as condições de oferta do curso e aborda o posiciona-mento das entidades de classe e órgão de pesquisa quanto à legitimação do TC como prática de

pesquisa e do campo de Relações Públicas.

Esse artigo tem como foco a análise do Trabalho de Curso (TC) na formação e no impacto na vida profi ssional dos fu-turos Relações Pú-

blicas. Antes de aprofundarmos a discussão, entendemos que é im-portante defi nir o referencial teóri-co adotado. o subtítulo de nosso artigo, para alguns, já apresenta uma pista dos caminhos que se-rão trilhados; para outros, aqueles que nunca ouviram falar do concei-to de campo, por exemplo, pode parecer estranho, ou até mesmo uma ideia fora do lugar a utiliza-ção da palavra “campo” para de-signar o primeiro item deste artigo.

A opção por utilizar a noção de campo para se pensar a impor-tância do TC no curso e na área profi ssional dos futuros rrPP

pode parecer estranha, mas não o é quando pensamos na defi ni-ção dos campos de Comunicação e RRPP. Aliás, muitos autores já estudaram a Comunicação e as RRPP, a partir da teoria de Campo.

A noção de campo parte das pesquisas de Pierre Bourdieu, so-ciólogo francês, que compreendia o mundo social à luz de três con-ceitos complementares, ainda que distintos: campo, habitus e capital.

Bourdieu compreendia campo como “espaços estruturados de po-sições cujas propriedades depen-dem das posições nestes espaços, podendo ser analisadas indepen-dentemente das características de seus ocupantes“. Para que exista, efetivamente, um campo, o autor chama atenção para o seguinte: “é preciso que haja objetos de dispu-tas e pessoas prontas para dispu-tar o jogo”. Então!!! você, leitor, tem

dúvida da pertinência da utilização do conceito (campo) para o enten-dimento da Comunicação e das rrPP? Será que há de fato um es-paço no mundo social no qual se en-quadre a comunicação e as rrPP? Nesse espaço, de fato, há dispu-tas e pessoas dispostas a jogar?

Ao analisar o conceito de cam-po, proposto pelo pesquisador, fi ca evidente a pertinência de suas pes-quisas aplicadas à nossa área, no caso, as RRPP. Ressaltamos que as refl exões de Bourdieu são utili-zadas em diferentes domínios do conhecimento e apresentam di-versas possibilidades de análise; além disso, são amplamente em-pregadas no circuito acadêmico.

As pesquisas do autor centram--se nas discussões acerca das relações de forças e dos proces-sos que regulam as sociedades modernas, ou seja, na mediação

ComuniCaÇão e reLaÇõeS púBLiCaS: aÇõeS para ConStruÇão doS CampoS

o ConCeito de Campo e Sua apLiCaÇão em rrpp[1]

FormaÇão para o merCado

artigo

Por Profª. drª. vilMa silva liMa

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[1] Seguimos o pesquisador Theobaldo de Andrade, que utiliza essa denominação para diferenciá-la de RP.

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entre o indivíduo e a sociedade. trajetória daS rrppo campo da comunicação so-

freu grandes mudanças no Sécu-lo xx em função da disseminação das mídias de massa. Tornou-se uma questão acadêmica, política, estética e econômica. De nossa parte discutiremos dois aspectos fundamentais do campo: a legi-timação das práticas de mercado e a das práticas do Ensino Supe-rior dedicado à área das RRPP.

o ensino na área (comunicação como um todo) surge como neces-sidade de orientar práticas profis-sionais desenvolvidas sem a devida reflexão teórica acerca do fazer co-municacional. o campo do Jornalis-mo atrai a maior parte dos interes-ses de pesquisadores das ciências sociais. Nas teorias da comunica-ção, o jornalismo também predomi-na, por meio dos elementos: news-making, agenda setting, gatekeeper que privilegiam os estudos do ethos do jornalista e do jornalismo.

Já o campo das RRPP desen-volveu-se como estratégia de ins-tituições públicas e privadas, rece-bendo do campo científico, como as demais áreas, uma habilitação específica, dedicada à formação de graduados em comunicação com foco nas questões relati-vas às atividades da habilitação.

o campo da comunicação é tema de inúmeros trabalhos aca-dêmicos e práticas profissionais dos diversos segmentos legiti-mados pela sociedade. Partimos, nesse artigo, desse pressupos-to e dedicamos nossa análise ao campo das Relações Públicas, tanto no que se refere às práticas do mercado quanto às do ensino.

Como ocorreu com outros cam-pos da comunicação, a RRPP tam-

bém nasce primeiramente como prática de mercado, havendo regis-tro do primeiro profissional a rece-ber esse título em 1914, como cola-borador da light (atual Eletropaulo). é preciso ressaltar que o Brasil foi o primeiro país a regulamentar a pro-fissão de relações Públicas (lei 5377 de 11/12/1967). Posterior-mente, torna-se objeto de ensino específico em instituições de En-sino Superior (1967 – ECA/USP). Como habilitação de Comunica-ção Social, o curso é oferecido em inúmeras instituições desde 1967.

A partir dos anos 70, as Rela-ções Públicas consolidam práticas e estudos acadêmicos em linhas de pesquisa específicas e têm maior presença em virtude da am-pliação do uso das ferramentas de RRPP por parte de organizações privadas e principalmente públicas.

A necessidade de planejar em ambientes contemporâneos mar-cados pela diminuição da partici-pação do Estado no planejamento exigiu de empresas e instituições elaborar planejamento estratégico, atividade desenvolvida por rela-ções públicas com maior eficácia que outras áreas de comunicação.

Ao longo do Século xx, acom-panhando a expansão da comu-nicação como elemento central para as relações sociais em todos os âmbitos, a RRPP tornou-se presença obrigatória em organi-zações de todos os segmentos. A definição do campo profissional é tarefa até hoje desempenhada por especialistas e associações cria-das para organizar o segmento e pelo campo científico, responsável pela produção de conhecimento e por reflexões sobre as práticas.

A ABRP, Associação Brasilei-ra de Relações Públicas, enten-de as atividades da área como

... o esforço deliberado, plani-ficado, coeso e contínuo da alta administração, para estabelecer e manter uma compreensão mú-tua entre uma organização pú-blica ou privada, e seu pessoal, assim como entre essa organiza-ção e todos os grupos aos quais está ligada direta ou indireta-mente. (ANDRADE, 1993, p. 41).

A sofisticação nas relações co-

municacionais, como parte da com-plexidade da própria sociedade fizeram com que surgissem inú-meros conceitos com o objetivo de explicar e orientar as práticas do mercado. Algumas delas deriva-ram para o marketing, outras para a publicidade; o campo das RRPP desenvolveu estratégias interdisci-plinares e contribuiu para a consti-tuição do conceito de comunicação integrada como principal elemento do posicionamento institucional em relação aos seus públicos de inte-resse. Do Marketing veio, principal-mente, a idéia de Endomarketing, criando-se planos específicos para colaboradores, agora compreendi-dos como participantes ativos da construção da identidade das em-presas nas quais realizam suas atividades. As RRPP trabalham com os públicos de interesse das organizações e contribuem para que estas se posicionem de manei-ra adequada para cada um deles. Com isso há melhor aproveitamen-to dos potenciais em relação a cada público e neutralização das fragili-dades em relação a cada um deles.

interSeCÇão entre CampoSo campo científico busca cons-

tituir-se como espaço de reflexão e orientação para as práticas de mercado. No campo das RRPP a

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imbricação entre o campo científico e o campo do mercado ocorreu com menos conflitos que em outros, considerando as associações pro-fissionais e docentes transitarem pelos dois campos tendendo mais à sinergia que às divergências.

o reconhecimento mútuo ocor-re em diversos programas comuns desenvolvidos e o TC – Trabalho de Curso – é elemento-chave do processo de aproximação entre formação acadêmica e atuação no mercado de trabalho. Lembra-mos que o TC produzido pelos alunos de RRPP pressupõe a re-alização de um projeto de Comu-nicação para um cliente real, ou seja, de fato, uma instituição que já esteja estabelecida no mercado.

As atuais Diretrizes para o Curso de Comunicação Social, estabele-cida pela Lei de Diretrizes e Bases de 1997, orientam a formação de cursos heterogêneos, de acordo com os projetos pedagógicos das instituições que os oferecem, em contraposição às diretrizes anterio-res, do início dos anos 1980, que definiam disciplinas e tornavam os cursos mais homogêneos no que se refere às práticas pedagógicas e à nomenclatura das disciplinas. Em ambos, o TC mantém-se como prin-cipal articulador entre os conceitos das ciências humanas e sociais, comunicação social e relações públicas e sua aplicação prática.

o tC em rrppA elaboração do TC inclui pes-

quisa acadêmica e de mercado, desenvolvimento de práticas expe-rimentais, incentivo ao trabalho em equipe e, ainda, preparação para pós-graduação. é parte do projeto pedagógico em todas as iES (ins-tituições de Ensino Superior) que

oferecem o curso e ensejam pre-miações por entidades de classe e órgãos de pesquisa, legitimando os resultados e apresentando visi-bilidade a iES, alunos e docentes.

A orientação de TC contribui para o processo ensino-aprendi-zagem desenvolvido na gradua-ção em RRPP ao consolidar um trabalho realizado de acordo com as regras acadêmicas e com as práticas do mercado. Profissionais do ensino e do mercado de RRPP têm oportunidade de avaliar práti-cas e propor projetos experimentais orientados por premissas desenvol-vidas na academia e testadas nos diversos ambientes de mercado.

os prêmios mais relevantes de-monstram a convergência entre os campos científico e profissional na área: Sociedade Brasileira de Estudos interdisciplinares da Co-municação (Intercom) e ABRP or-ganizam anualmente eventos nos quais são apresentados os tra-balhos realizados como parte do processo de formação acadêmica.

a universidade Cruzeiro do Sul no prêmio aBrp

Na Universidade Cruzeiro do Sul, o desenvolvimento de Trabalhos de Curso para um cliente real, ocorre desde a primeira turma do curso (1994/1997). No ano de 1997, dois Projetos foram desenvolvidos e desde então diversos planejamen-tos de comunicação para as mais variadas áreas são apresentados anualmente por nossos discentes. Entre 2002 e 2009 mais de uma dú-zia de trabalhos foram premiados pela Associação Brasileira de Rela-ções Públicas que anualmente pre-mia os melhores trabalhos desen-volvidos pelas inúmeras faculdades de Relações Públicas do país.

o tC “Comunicação integrada Finta – uma estratégia vencedora”, desenvolvido no curso de RRPP da Universidade Cruzeiro do Sul, pelos alunos Aline Medeiros, Diego Cape-lo, dorothy da Silva, lucas Godoy e Lucia Porto, foi inscrito em três das dezesseis categorias existentes e obteve as seguintes premiações:

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mais uma conquista dos alunos do Curso de relações públicas da universidade Cruzeiro do Sul fo

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1º LuGAr: Projeto Experimental Empresas Privadas; 2º LuGAr: Ações estratégicas de RRPP – apoio ao marketing;3º LuGAr: Ações Estratégicas de RRPP – comunicação interna; emenÇÃo HonroSA: ações estratégicas de RRPP em ações culturais e esportivas.

Ao longo destes 17 anos de oferecimento do Curso na Univer-sidade Cruzeiro dos Sul, diversos trabalhos receberam premiações, o que demonstra a maturidade do curso na iES, que, em 1997, for-mou a primeira turma de graduados em RRPP e, desde então, busca aprimorar o projeto pedagógico do curso e estruturar a comunidade acadêmica formada por docentes e discentes, em busca de sintonia com o campo de atuação dos egressos.

ConSiDerAÇÕeS finAiSEm um país instável, sob vá-

rios aspectos, o planejamento em RRPP exige conhecimento, criati-vidade e muito trabalho para cons-truir planos capazes de orientar empresas, instituições e pesso-as. Combinar esses elementos no ambiente acadêmico é um desa-

fi o coletivo de docentes e alunos, que, na elaboração de TCs o fa-zem e contribuem para a formação acadêmica e profi ssional, além da consolidação do campo de RRPP.

mudanças no sistema de Educa-ção Superior, ocorridas nas déca-das de 1980 e 1990, pouco afeta-ram o papel do TC como parte do projeto pedagógico, confi rmando o acerto de manter a exigência de ela-boração de trabalho teórico-prático na formação específi ca em rrPP.

A emergência de novas iES, a partir dos anos 1990, nas quais são oferecidos cursos do campo de RRPP, e a sinergia entre es-tas instituições, órgãos de pesqui-sa e associações profi ssionais do campo contribuíram para conso-lidar o TC como prática acadêmi-ca e de interface com o mercado. A Universidade Cruzeiro do Sul faz parte do campo desde 1994 e participa do processo de constru-ção do campo de RRPP, desenvol-vendo práticas pedagógicas volta-das à formação dos futuros RRPP.

AndrAdE, Cândido teobaldo de Souza. Curso de relações públicas: relações com os diferentes públicos. 6. ed. São Paulo: Thomson, 2003.

AndrAdE, Cândido teobaldo de Souza. Para enten-der relações públicas. 4. ed. São Paulo: loyola, 1993.

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profª. drª. vilma Lima (à esquerda) e membros da agência experimental vero recebendo o prêmio da aBrp

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reaLidade reviSta

O TROCADILHO NÃO É NOSSO. TRATA-SE DO TÍTULO DE UMA RECENTE PUBLICAÇÃO SO-BRE A RELEVÂNCIA DA REVISTA REALIDADE PARA A HISTÓRIA DA IMPRENSA BRASILEIRA, VE-ÍCULO DE COMUNICAÇÃO PROPOSTO PELA EDITORA ABRIL, QUE MUDARIA, PARA SEMPRE,

O CENÁRIO DE UM PAÍS MARCADO PELO REGIME DITATORIAL.

Por anselMo duarte E thaÍs saraiva

No fi nal de 2010, os jor-nalistas José Carlos Marão e José Ha-milton Ribei-ro lançaram,

pela Realejo Livros, a obra “Reali-dade Revista – A história e as me-lhores matérias da revista que mar-cou o jornalismo e infl uenciou as mudanças no país”. Logo de cara,

o livro conta a trajetória da revista Realidade, que durou apenas dez anos, de 1966 a 1976.

Para a época, ela era ousada e inovadora, escrevia matérias em primeira pessoa e abordava assun-tos polêmicos. Passaram pela re-vista jornalistas como José Hamil-ton ribeiro, Carlos Azevedo, Eurico Andrade, Roberto Pereira, Roberto Freire, Múcio Borges da Fonseca, Audálio Dantas, os fotógrafos Wal-

ter Firmo, Roger Bester e Cláudia Andujar. o redator-chefe Paulo Pa-tarra contava com o apoio de Woi-le Guimarães, Alessandro Porto, Luiz Fernando Mercadante, Sérgio de Souza e Narciso Kalili. Além da grande equipe, algumas persona-lidades participaram ativamente. Para citar alguns: Adoniran Barbo-sa, Carlos Drummond de Andrade, Nelson Rodrigues, Carlos Lacer-da, Plínio Marcos e Paulo Francis. fo

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reportagem

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Nossa equipe de reportagem conversou com alguns persona-gens determinantes para a cons-trução da história desta revista, tão bem quista no meio jornalístico. o primeiro a conversar com a Códi-go foi José Carlos Marão, atuante como repórter da revista por cinco anos. Para ele, o que diferencia o seu livro, de 430 páginas e 11 ca-pítulos, dos demais já lançados sobre o tema é a idealização de tal projeto partir de quem vivenciou o veículo de perto.

Também buscamos referências nos estudos empenhados por José Salvador Faro, professor doutor de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Além de se considerar um ávido leitor da Realidade e possuir tese no assunto, Faro também publicou o livro “Revista Realidade, 1966-1968 - Tempo da reportagem na im-prensa brasileira”, pela editora Age.

Falamos ainda com quem ajudou o livro “Realidade Revista” a ga-

nhar as livrarias: José Luís Tahan, proprietário da realejo Editora e livreiro na cidade de Santos, em São Paulo. Ele nos contou como encarou o desafio de trazer a revis-ta Realidade à tona. “Conheci mais da revista depois de viver com dois dos seus fundadores. os jornalistas eram autores que se alinhavam ao jornalismo literário, como se costu-ma denominar. Assim, tornei-me um admirador da postura e ousadia da-queles tempos. Nenhuma revista de hoje se compara em popularidade e qualidade de textos e imagens”.

Conversamos também com Woi-le Guimarães, jornalista e um dos proprietários da GW Comunicações, que já trabalhou em diversos veícu-los, dentre eles, Folha de S. Paulo e rede Globo. Ele atuou na realidade como secretário gráfico, mas logo assumiu a secretaria de redação e ficou por lá até o Ato institucional de Número 5 (AI-5).

Como um dos pontos fortes da realidade era a fotografia, não podíamos deixar de fora um bate--papo com Cláudia Andujar, que atuou na revista como free-lancer a convite de Victor Civita, funda-dor da editora Abril. A fotógrafa que nasceu em Neuchâtel, na Su-íça, hoje é naturalizada brasileira.

Por fim, ouvimos os leitores sau-dosistas Antônio Luiz Marchioni e Joilda Bélo.

a reaLidade na reaLA revista começou a ser elabo-

rada em 1965, em São Paulo. Ini-cialmente como revista semanal, encarava a concorrência carioca de títulos como o Cruzeiro. Já como revista mensal, contratou vários jornalistas advindos de outros ve-ículos, como quatro rodas e Jor-nal da Tarde, assim como apostou em novos talentos. “Realidade teve

seu primeiro número lançado em abril de 1966. Foi o meu terceiro emprego na vida. os dois anterio-res tinham sido muito curtos e eu era muito jovem. obviamente, mar-cou minha vida e minha carreira”, relembra Marão.

Dentre tantas reportagens rea-lizadas pela revista, destacar uma delas é um tanto complicado, mas Marão se arrisca: “A matéria mais marcante foi Nossa Cidade, pu-blicada na edição número dois. o motivo: ela criou um estilo, que viria a caracterizar uma parte das maté-rias da revista e outros colegas”.

Segundo os entrevistados, os leitores assíduos da revista sabiam quem escrevia pelo estilo da repor-tagem, pois cada jornalista escrevia de forma autoral, sem cumprir as re-gras do padrão jornalístico clássico. “Eu procurava trazer para o papel impresso o linguajar coloquial das ruas, corrigindo os erros, obviamen-te. quando possível, usava alguma técnica de suspense, para intrigar o leitor e levá-lo até o fim do texto. A abertura tinha que ter algum impac-to, e o final deveria, de alguma for-ma, concluir a linha de pensamen-to da matéria”, esclarece Marão.

Para Guimarães, o texto era di-ferenciado de revistas da época, como o Cruzeiro, por exemplo. A Realidade também não se parecia em nada com os textos-legenda de revistas como Manchete e Fatos e Fotos. “Realidade inovou, traba-lhando mais o texto, mas nunca per-dendo o conteúdo. Privilegiava a in-formação, contextualizava-a e dava o sabor do romance às reportagens, permitindo que os repórteres colo-cassem arte e estilo nas narrações.”

o padre e líder de movimentos sociais na Zona leste, Antonio luiz Marchioni, ou Padre Ticão, como é conhecido na Paróquia São Fran-

o autor do livro “realidade revista”, josé Carlos marão

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cisco de Assis, no bairro de Ermeli-no Matarazzo em São Paulo, relem-bra: “Eu era um jovem no seminário, por volta de 1968, e saiu uma repor-tagem sobre um senhor da minha cidade natal, Urupês, interior pau-lista. Ele escrevia ainda no tempo da impressão mais artesanal. De-pois entregava os jornais de casa em casa. Realidade trazia um modo humano de fazer reportagens.”

Faro comenta como conheceu a revista Realidade. “Comecei a ler a Realidade, porque sempre gostei de ler e, naquela época, não ha-via tantas revistas como hoje. São daquele tempo o Cruzeiro e man-chete. Na roda de amigos também se falava de uma revista diferente, com reportagens mais profundas. Tínhamos mais tempo para leitu-ra. E aqueles textos foram sendo excelentes para discutirmos assun-tos, pautarmos conversas. Foi uma adesão espontânea. Mais tarde, já como estudante, ela me chamou atenção pelo aspecto da importân-cia cultural para nossa sociedade.”

Ao comparar o jornalismo pra-ticado pelas revistas atuais com a revista Realidade, Marão explica que os contextos sociais, econômi-cos e culturais são completamente diferentes. A Realidade, dentro do contexto da época, dava liberdade para cada um desenvolver seu pró-prio estilo. “outros condicionamen-tos, como a periodicidade mensal, levaram a um exercício de criativi-dade que permitiu encontrar muitos caminhos novos nos textos. Hoje, há satélites, internet e outros re-cursos. Parece, então, que o estilo da revista realidade ficou mesmo para livros”, sentencia o jornalista.

reaLidade em FoCoFaro ressalta a qualidade estéti-

ca da revista, em especial, de suas fotografias: “Era a mais elaborada

em termos gráficos. As matérias eram muito sincronizadas com a época.” Guimarães acrescenta que “Realidade inovou também nas fotos, contratando grandes fo-tógrafos que faziam verdadeiros ensaios e não apenas documen-tavam as reportagens, mas acres-centavam sensibilidade visual e artística. os exemplos estão em toda a coleção da revista, desde o número um”, explica o jornalista.As pessoas consideravam que a fotógrafa Cláudia Andujar tinha um jeito especial de entrar nos lugares, pela curiosidade de estrangeira. E, de fato, as fontes das reportagens a acolhiam com facilidade. “Eu ti-nha aproximadamente 22 anos. Normalmente, ia sozinha para o local escolhido. Considero que fez a diferença, a liberdade que a Re-alidade me deu”, analisa Cláudia.

Ao ser questionada sobre mo-mentos marcantes de sua carreira, ela sorri e recorda com satisfação quando fotografou o norte brasilei-ro: “Um padre havia sido assassi-nado na Amazônia. Não havia in-teresse em fazer denúncia devido

ao momento político. Então, decidi fotografar os índios yanomami. fiz um retrato humano deles. A revis-ta dedicou a capa e mais seis pá-ginas à índia que fotografei. Foi gratificante. não ficou só na repor-tagem. Passei a ser ativista na cau-sa em defesa da tribo yanomami”.

Em janeiro de 1967, uma edição temática teve que sair das bancas com o argumento de que uma foto era indecente, claro sinal da cen-sura imposta pelo regime militar vi-gente no Brasil entre 1964 e 1985. A edição censurada foi vendida re-centemente nas bancas, relança-da pela editora Abril. “os censores alegaram que era devido à foto que tirei de um parto realizado no Rio Grande do Sul”, explica a fotógrafa.

paineL de ComportamentoSA revista realidade desafiou

muitos preconceitos com suas matérias. Para Marão, todos ten-tavam, racionalmente, combater os preconceitos de que estavam impregnados, desde a infância. “Não só os jornalistas da Reali-dade, mas toda uma geração de uma determinada camada cultural conseguiu, em boa medida, se li-vrar dos preconceitos. Mas, infeliz-mente, a geração imediatamente posterior era muito conservadora, em todos os sentidos”, lamenta.

Para o experiente jornalista, a re-vista contribuiu para a mudança de costumes, na medida em que divul-gou e, em alguns casos, endossou as grandes mudanças que estavam ocorrendo no resto do mundo. “Pode parecer inacreditável, nos dias de hoje, mas os tabus da virgindade, do divórcio, do casamento inter-racial e muitos outros eram fortíssimos. Uma revista de grande circulação, atacando diretamente esses temas, obviamente atingiu grande parce-

Faro lê edição especial da realidade, censurada em 1967

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la do público, que acabava agindo como multiplicadora de opinião.”

A respeito da forte audiência, Guimarães complementa: “A ver-dade é que a revista esgotava-se sucessivamente a cada número. Saiu com 100 mil exemplares e, assim, número a número, chegou a mais de 500 mil exemplares. Um sucesso editorial. os leitores parti-cipavam muito com cartas interes-santes e instigantes. E, claro, com-prando, discutindo os assuntos, debatendo as apreensões, reper-cutindo a censura que a revista so-fria, algumas bem explícitas, como proibições de circulação”, afi rma.

A revista Realidade é vista, por especialistas em jornalismo, como de grande contribuição para o Bra-sil. “Naquele período, a revista con-tribuiu tanto para a modernidade quanto o fusca, a minissaia, a televi-são. Porque, mais do que combater a Ditadura, as reportagens falavam de assuntos gerais onde o leitor podia abrir a cabeça, refl etir sobre todas as suas inquietações. Não só políticas. E aí, esse leitor se tornava também crítico e criativo. E era, por tabela, ameaça à Ditadura Militar. Sua principal contribuição, a meu ver, foi em discutir muitos temas comportamentais”, explica Faro.

Guimarães fi naliza: “Se eu fos-se resumir em uma frase, a Re-alidade desbravou o Brasil, que-brou tabus e entendeu seu tempo”.

aS FaSeS da reaLidadeA revista foi marcada por três

fases, nas quais a linha editorial mudou ligeiramente sua essência. A primeira fase da revista (1966-1968) foi marcada por matérias humanizadas e escritas com emo-ção. Investia-se muito no jornalista, para que ele conseguisse transmi-tir em suas reportagens uma ideia

real do fato. A grande reportagem era a principal característica edi-torial do periódico. Faro comenta sobre a fase de ouro de Realida-de: “A primeira fase defi niu o perfi l da Realidade para todos os anos seguintes, foi uma consolidação.”

Na segunda fase (1969-1973), o texto perdeu o tom de denúncia, embora tivesse permanecido o for-mato da reportagem e o estilo literá-rio. Pouco a pouco, a revista foi as-sumindo o modelo newsmagazine, ou seja, de revista de informação.

Marão sentiu falta da fase de ouro da revista. “Participei de duas fases. Todo o esforço na se-gunda fase era tentar alcançar o mesmo nível da primeira. No en-tanto, as condições políticas e, eu creio, uma equipe menos cria-tiva que a anterior, impediram.”A partir de outubro de 1973, o periódi-co abandonou a pauta investigativa. Nesta terceira fase, a revista se as-semelhou às revistas época e veja.

CenSura reaLNos primeiros anos, a Realida-

de teve liberdade autoral. Depois, a censura se converteu em auto-censura, como conta Marão: “Ne-nhuma matéria minha foi censura-da, tal como se entende a censura, ou seja, impedir a divulgação de alguns fatos. Pelo menos na pri-meira fase da revista, nunca des-cartei nada por censura interna. Já na segunda fase, havia mui-tas amarras, mas a eventual cen-sura já ocorria na própria pauta. Não saíamos para fazer matérias que pudessem trazer problemas.”

Segundo Marão, a edição mais emblemática foi a de número dez, edição especial da mulher brasi-leira, apreendida por ação de se-tores da Igreja e do Judiciário. Ao

folhear a revista, Faro concorda: “Há uma variedade de temas so-bre a mulher brasileira na edição censurada que reportou temas como virgindade, corpo feminino, mãe solteira etc. Foi inovadora.”

Joilda Bélo, aposentada, nos fala sobre sua relação com a re-vista: “Ao ler Realidade, era como se tivesse com quem conversar sobre tabus não abordados em casa, mas pulsantes na socieda-de em mudança da década de 60”, desabafa a leitora a respeito dos aspectos feministas da revista.

Na capa da edição em ques-tão, uma jovem loira é vista sob uma lente de aumento, traduzindo o desejo da edição de observar a mulher brasileira de perto. “Eu di-ria que era uma mulher dos anos 60 do sudoeste e do sul do Brasil, onde o mercado se concentrava. Se a revista fosse feita hoje, acre-dito que seria diferente nesse as-pecto, tendo mais consciência da diversidade étnica”, opina Marão.

Após publicar 120 edições, Re-alidade acabou perdendo sua for-ça e fechou em 1976. A revista, que foi de grande importância para jornalistas e leitores brasileiros, com certeza, deixou saudades.

Nos dias de hoje, Marão acredita que uma revista como a Realida-de estaria em outro tipo de merca-do. “Há pelo menos duas revistas mensais muito boas, a Piauí e a Brasileiros. No entanto, a situação é outra. é importante lembrar que, quando a Realidade foi lançada, havia um grande vácuo no merca-do de publicações. Realidade pre-encheu esse vácuo. No mercado de hoje, os espaços estão preen-chidos, então é difícil ter o mesmo nível de sucesso.”

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oS CaSSetaS do pLaneta

Por ricardo reis E lucilene oliveira

Um dos programas que revolucionou a forma de fazer humor na televisão chegou ao fi m em 2010.

trata-se do programa “Casseta & Planeta, Urgente!” que compunha, desde 1992, as noites de terças-feiras da emissora carioca.

Por mais estranho que pareça, Cláudio Besserman, Reinaldo Figueiredo, Hélio De La Peña, Cláudio Manoel, Beto Silva, Marcelo Madureira e Hubert Aranha não se conheceram através da telinha. Eles eram redatores dos jornais Casseta Popular e o Planeta diário.

Autores do lema ‘’Jornalismo mentira, humorismo verdade’’, os Cassetas tiveram seu primeiro trabalho em televisão com o “Doris para Maiores”, em 1991. Além de interpretar, os futuros Cassetas também escreviam parte do roteiro cômico do programa que mesclava humor e informação. Com a participação dos humoristas, a rede Globo atingiu 52 pontos no iBoPE na época.

Devido ao enorme sucesso, em 28/04/1992 nasceu uma das mais bem-sucedidas atrações de humor da televisão brasileira, o “Casseta & Planeta, Urgente!”.

Geralmente as atrações incluíam coberturas jornalísticas e documentários falsos, sátiras de outros programas de tv (novelas, fi lmes, seriados) e de campanhas publicitárias, entrevistas com populares e videoclipes com paródias de músicas de sucesso.

Com seu jeito irreverente, os comediantes davam vida a personagens até hoje lembradas pelo grande público, como Seu Creysson, marrentinho Carioca, Carlos maçaranduba, fucker & Sucker, além, é claro, das clássicas imitações de personalidades do meio artístico e político.

Ao longo dos anos, além das personagens, o humorístico da Globo veiculou quadros que

representavam situações do dia-a-dia nacional e alguns outros historicamente reconhecidos como as organizações tabajara (sátiras aos programas de vendas da televisão), o Tabajara Futebol Clube (típico time de bairro, considerado por eles como o pior time do mundo), Grupo Gagoto magoto e Sambabaca (sátira aos grupos de samba e pagode, por se tornarem conhecidas por uma só música e ainda assim, com a dicção errada).

o Casseta, como era chamado, foi um programa que, durante anos, acompanhou os brasileiros, fazendo rir de situações nem sempre agradáveis. Um programa que valorizava o acervo e a programação da emissora de Roberto Marinho, através de tantas paródias e sátiras de personagens, novelas, programas, seriados e atrações da emissora.

Afi nal, quem não se lembra do começo do programa com as apresentações humorísticas das mesmas cenas da novela que o antecedia?

Porém, o programa nunca mais foi o mesmo quando, em meados 2006, durante a cobertura na Copa do Mundo na Alemanha, o integrante Cláudio Besserman, mais conhecido como Bussunda, passou mal e faleceu. Desde então, nenhum integrante foi adicionado ao programa.

o cancelamento do programa, no entanto, não signifi ca o fi m do grupo. de acordo com o que foi divulgado pela sua assessora de imprensa ‘’o grupo sentiu necessidade de pensar em um novo formato e pediu à Globo para esticar o período de férias e trabalhar nisso”.

Agora, a Globo e nós, telespectadores, conferimos todas às sextas-feiras o “Casseta e Planeta Vai Fundo”, o novo projeto dos talentosos humoristas brasileiros. Será que vai surgir um novo campeão de audiência?

televisão

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A Tecnologia 3D veio do cinema e não surgiu agora. A primeira exibição aconteceu em 1922, com o fi lme “The Power of

Love”, e foi muito usada entre os anos 1950 e 1990. Com o passar do tempo, essa tecnologia se aprimorou e, atualmente, o 3D utilizado na TV é o mesmo do cinema.

Na verdade, o 3D é uma ilusão da mente pela projeção de uma imagem em dois pontos de observação diferentes. Isso porque a perspectiva do olho esquerdo não é a mesma que a do olho direito: a tecnologia imita nossos olhos.

Como a TV 3D emite imagens em alta velocidade alternadamente para cada olho, os óculos especiais, em sincronia com a TV, permitem a visualização dessa imagem, o que não seria possível apenas com movimentação natural de nossa pálpebra, que é mais lenta.

Essa tecnologia está em fase de implementação no Brasil. Segundo o engenheiro marcelo Zuffo, coordenador do LSI (Laboratório de Sistemas Integrados) da USP, o Sistema Brasileiro de TV Digital, o ISDB-T, já está preparado para receber o sinal 3D. Com o apoio da Sony, o laboratório elaborou as especifi cações técnicas de como é esse novo padrão 3D para TV aberta, usando como referência o Blu-ray 3d.

A RedeTV saiu na frente com a transmissão pública em 3D do programa ao vivo “Pânico na TV”. Para isso, os investimentos da emissora giram em torno de 1.250 milhões de dólares, o que corresponde a cinco câmeras especiais com duas lentes. Segundo a emissora, ela se tornou a primeira do mundo de TV aberta a transmitir imagens com a tecnologia 3D.

Apesar do realismo nas imagens, o 3D não traz só vantagens. De acordo com a Samsung, podem ocorrer sintomas como dores oculares e de cabeça, pelo efeito denominado Crosstalk, em que a imagem passa a ser enxergada invertidamente: aimagem destinada ao olho esquerdo é vista pelo direito e a do direito é vista pelo esquerdo. Para a solução desse problema, empresas como a SempToshiba estão trabalhando para desenvolver óculos que reduzam esses desconfortos.

Além dos problemas de saúde causados pelo 3D, outra desvantagem é o limitado acesso desta tecnologia pela população, afi nal, para ver imagens em 3d é necessário adquirir aparelho de TV compatível, além dos óculos que custam cerca de 200 reais, no caso de não estarem inclusos nos pacotes. Atualmente, o valor médio desses aparelhos é de 8.000 reais.

A tendência é esta tecnologia ser aceita, assim como ocorreu com a transmissão HD. Segundo o superintendente de operações da

RedeTV, Kalled Adib, que cita o fato de 300.000 receptores HD terem sido vendidos em 2007 e os mais de 16 milhões no ano de 2010, é preciso se pensar no futuro e não se preocupar com o número de pessoas que estão assistindo hoje, referindo-se à implantação da tecnologia 3D.

quem já possui o televisor 3d em casa vai deixar de se queixar de um dos atuais problemas da tecnologia: a baixa quantidade de conteúdo.

A rede Globo, em parceria com a Net, ofereceu para os assinantes da operadora a transmissão do Carnaval 2011 com a tecnologia 3D através do canal exclusivo 701. o megafestival de música “Rock in Rio” foi transmitido com a mesma tecnologia. Além disso, a Globosat, programadora da Globo, já anunciou estar preparada para abrir um novo canal com 100% de conteúdo 3D.

Apesar dos esforços para manter o Brasil entre os primeiros a implantar a tecnologia 3D na televisão, a acessibilidade desse recurso está comprometida pelos preços inacessíveis à maior parte da população, e porque, diferentemente da implantação da televisão digital no Brasil, a tecnologia 3D não possui uma legislação específi ca que determina prazos de implantação no território nacional, o que, provavelmente, fará com que a tecnologia 3D seja exclusividade de algumas emissoras que possuam capital sufi ciente para implantá-la.que possuam capital sufi ciente

a teCnoLogia 3d na teLeviSão BraSiLeira

Por henrique Gualdieri E vinÍcius hirayaMa

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pLanejamento e Criatividade em reLaÇõeS púBLiCaS

PROJETO INTERDISCIPLINAR: UM DESAFIO A CADA SEMESTRE

Junte um lugar paradisí-aco no litoral paulista, música, diversão e pú-blico jovem; acrescente conceitos de preserva-ção ambiental, turismo sustentável e valoriza-

ção da cultura local. Agora pense num projeto de co-

municação integrada que atraia a atenção e mobilize diversos seg-mentos de público, em nível local, nacional e internacional, com a promoção desses e outros con-ceitos reconhecidos pela socie-dade contemporânea. Essa foi a fórmula que integrou o desa-fi o vivido pelos alunos do 5º e 6º semestre de Relações Públicas no desenvolvimento do Proje-to Interdisciplinar no 2º semestre de 2011.

Sob o tema Brazil Music Festi-val: música, educação e cultura, as agências experimentais das res-pectivas turmas, sob a orientação da Prof.ª Renata Alves, contando com o apoio dos professores das demais disciplinas do semestre, atenderam ao briefi ng que propôs divulgar e promover o evento Brazil Music Festival(BMF), realizado em Ilhabela, por iniciativa da organiza-ção Atitude Brasil.

Para o desenvolvimento da pro-posta, as agências realizaram es-

tudo exploratório com uso de pes-quisas direcionadas, planejamento de ações estratégicas de Relações Públicas para públicos específi cos, criação de peças contextualizadas e avaliação das ações propostas, colocando em prática ingredientes que fundamentam um plano de co-municação em moldes profi ssionais.

Segundo a Agência Experimental Herzog Comunicação Corporativa, composta pelas alunas Fernanda Carvalho, Juliana Codinhoto, Cami-la Mota, Cristiane Souza e Rosân-gela Gomes, o desafi o consistiu em criar uma campanha de comuni-cação integrada e envolvente que expressasse o conceito do Festival de forma simples, destaquesse sua associação à Carta da terra, mobi-lizasse o público alvo para a cidade de Ilhabela, promovesse o Brasil por meio da música de qualidade e incluísse o BmF no circuito mundial de festivais de música.Além do objetivo geral, a proposta teve como objetivos específi cos, entre outros, o lançamento e pro-moção do BmF para o público jo-vem (18 a 24 anos) e estreitamento de relacionamento com mídia geral e especializada com ênfase nas ações de Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.

Entre os dados pesquisados, destacam-se aqueles que revelam

parte do perfi l do público alvo e que serviram, entre outros, para o traça-do das ações propostas pela Agên-cia Herzog.

o marco desta etapa da pes-quisa é o salto das estatísticas em relação ao uso de sites de relacio-namento e comunicação online. em 2010, tínhamos 93% dos jovens usando sites de comunicação ins-tantânea, e 89% fazendo uso de sites de relacionamento. Podemos considerar que alguns fazem parte destes tipos de site por infl uência de amigos ou, então, para não se sen-tir excluído. mas o fato é que eles estão lá e podem ser trabalhados. Além de se relacionar via internet, muitos jovens utilizam a rede mun-dial de computadores para ampliar seus conhecimentos sobre música: conhecer novos hits, compartilhar sensações e gostos. o Dossiê Uni-verso Jovem fez um levantamento de como este público descobre as novidades do mundo musical.

78% dos entrevistados conside-ram o rádio como a melhor fonte de descoberta para novas músicas. A indicação de parentes e amigos está em segundo lugar com 74% das opiniões. televisão, Internet, Redes Sociais, Shows e Festas, vendedores ambulantes e lojas também foram citados. em último lugar, com apenas 19%, estão os

pLanejamento e Criatividade em

interdisciplinar

os textos em itálico correspondem ao trabalho original produzido pela Agência experimental Herzog Comunicação Corpotativa

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jornais e as revistas. estes dados nos mostram que o rádio ainda é procurado pelos jovens quando o assunto é novidade musical, po-rém, a internet e as redes sociais estão em ascensão e também são ferramentas potenciais para divul-gação de músicas, eventos, etc.

Após a análise cruzada des-ses e outros dados obtidos com a pesquisa exploratória, as alu-nas elaboraram plano de comuni-cação integrado por conjunto de programas de Relações Públicas, cada qual com várias ações pon-tuais, voltadas para determinado segmento de público de interesse. Importante ressaltar que todos os programas são detalhados, ação por ação, contendo, cada qual, os objetivos, justificativas, estratégias de ação e divulgação, cronograma de execução, orçamento e formas de avaliação.

Para exemplificar, segue parte da apresentação dos programas propostos.

programaS de reLaÇõeS púBLiCaS

entende-se como programa de Relações Públicas o conjunto de ações que, unidas por um objetivo similar, constroem ou mantém um relacionamento entre uma organi-zação e seus públicos. no caso do Brazil music Festival, a Herzog Co-municação Corporativa planejou 3 programas de Relações Públicas, sendo cada um deles focado em um objetivo especial.

o primeiro programa sugerido é o Programa I – Semear.

Como o próprio nome diz, bus-camos, a partir das 4 ações que o compõem, a apresentação do nome Brazil music Festival, tanto para o público alvo definido através do Es-tudo exploratório quanto a aproxi-

Dossiê universo Jovem (Adaptação Agência Herzog)

Dossiê universo Jovem (Adaptação Agência Herzog)

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mação do evento com a população nativa de Ilhabela (por tratar-se de um município com características específicas e número reduzido de habitantes, há a preocupação de haver predisposição negativa em relação à presença do festival no município).

o programa Semear inclui as ações:

Ação I - BmFest na Ilha - Apresentar a Carta da terra aos

moradores e ligá-la à realidade do município;

- expor o conceito do evento; - Sanar dúvidas dos moradores

para evitar descontentamento.Ação II - olhar Caiçara - Aproximar o público-alvo do

festival, e também os moradores de Ilhabela, na produção do evento;

- Permitir a divulgação da Cul-tura Caiçara através do olhar de pessoas comuns, que não fazem parte da rotina da comunidade. esta ação permite que o público se identifique com as fotografias;

- Interligar o conceito do even-to (meio ambiente, sustenta-bilidade) com a rotina da cida-de sede do festival (Ilhabela);

- Instigar a participação do pú-blico-alvo na produção do evento, dando-lhes a oportunidade de ex-pressar arte através de fotografias;

Ação III – Instigar- Instigar a curiosidade do públi-

co alvo sobre a realização do Brazil music Festival;

- Aproximar o evento de seu pú-blico potencial antes da divulgação na mídia;

- Introduzir o conceito do evento em locais de grande movimentação de pessoas;

Ação Iv – mídia Indoor- Informar os veranistas e turistas

de forma direta e objetiva; - Posicionar a marca Brazil music

Festival ; - Incentivar a presença do públi-

co no evento; - Despertar o interesse e atenção

das pessoas pelo ecossistema de Ilhabela;

- Disseminar os valores e princí-pios da Carta da terra.

Destaque-se que as ações são desenvolvidas de maneira encade-ada, cada qual voltada para seg-mentos de público específicos e objetivos delimitados.

Entre as ações propostas, apre-senta-se como exemplo a terceira, denominada instigar, cuja formu-lação atende ao objetivo de atrair a atenção do público jovem, potencial participante do BMF.

oBjetivo geraL viabilizar o primeiro contato do

público estratégico com o conceito do Brazil music Festival.

oBjetivoS eSpeCíFiCoS Instigar a curiosidade do públi-

co alvo sobre a realização do Brazil music Festival;

Aproximar o evento de seu pú-blico potencial antes da divulgação na mídia;

Introduzir o conceito do evento em locais de grande movimentação de pessoas.

púBLiCo–aLvo - Jovens de 18 a 24 anos que resi-

dam/circulem em municípios como São Paulo, Rio de Janeiro, Caragua-tatuba, Ubatuba e São Sebastião.

eStratégiaS de aÇão Como foi dito anteriormente, o

principal objetivo do teaser é gerar curiosidade no público alvo de ma-neira misteriosa, construindo uma prévia sobre algum lançamento seja ele de produto, serviço ou evento.

no caso do Brazil music Festival, a chave de lançamento para o pú-blico potencial será o conceito de sustentabilidade. Para isso, utiliza-remos bicicletas que geram energia elétrica instaladas em pontos de grande circulação de pessoas. os transeuntes poderão utilizar as bi-cicletas para carregar a bateria de seus celulares e esta mesma ener-gia ligará um pequeno monitor insta-lado em cada um dos aparelhos. na medida em que o usuário pedala, a bateria de seu celular é carregada e o monitor exibe informações sobre o ecossistema de Ilhabela, medi-das de preservação do ambiente e curiosidades sobre a Carta da terra.

Ao final da sessão, os usuários serão questionados sobre qual a opinião deles sobre as bicicletas, a importância de preservar a natureza e poderão registrar suas impressões em uma câmera de vídeo que fica-rá sob responsabilidade de um dos colaboradores do stand. Aqueles usuários que autorizarem a exposi-ção de sua imagem terão o vídeo divulgado nos sites de relaciona-mentos Facebook e twitter, e pode-rão incentivar seus amigos a assis-tirem pela Internet. Aos internautas também será permitida a postagem de comentários. As bicicletas es-tarão expostas nos pontos citados durante uma semana. Após a cam-panha de divulgação do BmFest, divulgaremos os vídeos também nos intervalos de atrações musicais durante a realização do evento.

eStratégia de divuLgaÇão As cidades que receberão as bici-

cletas serão: São Paulo, Rio de Ja-neiro, Ubatuba e Caraguatatuba. em cada município, as bicicletas ficarão

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Revista Código # 1 | www.codigo.inf.br | 2012 | Universidade Cruzeiro do Sul

em evidência, instaladas em locais de grande circulação de pessoas .

Além dos objetivos e estraté-gias, o plano de ação instigar, apresentado para o Projeto Inter-disciplinar, conta com a descrição de cronograma detalhado mos-trando como as ações são coorde-nadas no tempo. Há ainda o plano orçamentário que detalha os cus-tos relativos aos recursos huma-nos, técnicos e materiais empre-gados nas várias etapas da ação.

é importante lembrar que as etapas que compõem programas e ações de Relações Públicas para os Projetos Interdiciplinares envol-vem um conjunto de etapas que nescessitam ser desenvolvidas de maneira alinhada à realidade das organizações estudadas. Pesqui-sas direcionadas, criação de ações estratégicas e peças contextualiza-das para públicos específi cos, bem como avaliação das ações propos-tas são alguns dos ingredientes para um plano de comunicação efi caz.

Em cada semestre letivo, os alunos do Curso de Relações Pú-blicas têm novos desafi os para o cumprimento do Projeto Interdis-ciplinar. Cada proposta traz situa-ções, contextos e problemas espe-cífi cos que requerem a aplicação prática do conhecimento construído no conjunto de disciplinas que se inter-relacionam. Assim, as habi-lidades de planejamento e criação em Relações Públicas são desen-volvidas de forma contextualiza-da, visando a preparar o futuro profi ssional para situações reais do mercado.

Banner/ teaser produzido pela agência experimental herzog compondo a açãoinstigar

para ConSuLtar eSSa e outraS aÇõeS Com reSpeCtivaS peÇaS, vide doCumento CompLeto no núCLeo de ComuniCaÇão

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danCe ConForme a múSiCa: oS novoS CaminhoS da indúStria

FonográFiCa

NUNCA TIVEMOS TANTAS FORMAS DE ACESSO À MÚSICA COMO HOJE. A INTERNET E O MER-CADO APROXIMARAM O ARTISTA DE SEU PÚBLICO E O FIZERAM MAIS CRIATIVO PARA QUE

SOBREVIVESSE A ESTA NOVA INDÚSTRIA QUE, ACREDITE, ESTÁ SE RECUPERANDO.

Por bianca castilho, danilo cardoso, elizabeth souza, fernanda ricardo E vasco GuiMarães

O s rumores eram que a indústria fonográfi ca ca-minhava para a morte certa, após as investi-das da pirataria.

Executivos diziam que era impossí-vel sobreviver em um mundo no qual 48% dos internautas baixam músi-ca de graça. Não estavam errados: de acordo com Associação Brasilei-ra de Produtores de Disco (ABPD),

em cinco anos o faturamento da in-dústria brasileira recuou 50%. Mas, também, não estavam totalmente certos, pois, em 2009, as gravado-ras nacionais cresceram 160% no meio digital. E isto não é fato isola-do. Em todo o mundo os lucros da música online sobem anualmente.

A verdade é que a internet tem que ser vista como aliada. Como fa-zer dinheiro com ela? isso ainda é um desafi o. Segundo João marcello Bôscoli, presidente da trama Entre-

tenimento, a internet permitiu ao ar-tista publicar, divulgar, promover e vender sua obra sem precisar pedir autorização para ninguém. “Antes, era necessário ter a anuência de al-guma grande gravadora, sobretudo no Brasil, onde o mercado indepen-dente era quase inexistente. Havia poucas portas para o artista bater. Se todas dissessem não, era quase impossível sobreviver.”

o inegável é que para se fazer sucesso é preciso estar próximo ao fo

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reportagem

danCe ConForme a múSiCa:

Revista Código # 1 | www.codigo.inf.br | 2012 | Universidade Cruzeiro do Sul

público. quer ser famoso? Então, saiba como as pessoas ouvem mú-sica hoje. Em uma pesquisa feita pelo instituto Nilsen, em janeiro de 2011, 26 mil pessoas foram entre-vistadas, com o intuito de revelar como se ouve música na internet. A conclusão: não se ouve música, se vê música. De acordo com o estudo, acessar música em sites de vídeo, como o youtube, é mais comum do que fazer download. Isto evidencia que o grande inimigo da indústria, nos últimos anos, o download pira-ta, não tem mais a força de antes.

No país vice-líder mundial em pi-rataria, de acordo com a Federação Internacional da Indústria Fonográ-fi ca, 44% dos internautas brasileiros baixam conteúdo ilegal. Por culpa da burocracia, que difi culta com que gravadoras entrem em contato com as lojas virtuais, o download legal no Brasil é coisa rara. Em contra-partida, as receitas de músicas on-line já representam 12% do total e alguns formatos crescem gradativa-

mente, como é o caso da venda de CDs que subiu entre 2008 e 2009.

Novas e velhas plataformas tam-bém passam a conviver juntas, como é o caso do LP. Dado como morto, o zumbi da indústria fono-gráfi ca vendeu 4 milhões de cópias em 2010 nos Estados Unidos. “o vi-nil, desde quando surgiu, se tornou objeto de desejo do consumidor por ser um produto para se colecio-nar”, afi rma luís oliveira, proprie-tário de loja de Cds, vinis e afi ns.

e oS artiStaS?Com a indústria perdendo o po-

der, como fi cam os artistas? muitos deles resolveram gerenciar a pró-pria carreira. Neste novo cenário, artistas se tornam adeptos do lema “faça você mesmo”, no qual eles são responsáveis pelos contatos, pela identidade visual e por toda a produção e promoção da música. Ainda assim, muitos artistas an-seiam por uma gravadora.

Usar novas tecnologias para se promover já se tornou uma obrigação. Com um público, na sua maioria jovem, ferramentas como redes sociais são fundamentais para gerar uma aproximação. o Teatro Mágico, que está há oito anos na estrada, se consolidou como principal fenômeno da internet nacional, obtendo mais de 6 milhões de downloads ofi ciais por seguidores e fãs em redes sociais. “Esse é um momento para comemorar, assim como o Teatro Mágico, que não aparece na televisão, não é capa de revista e nem ganha prêmios, mas, mesmo assim, lota as casas de shows, tudo isso porque o artista e o público falam de igual para igual”, diz Gustavo Anitelli, produtor executivo da trupe.

o esperado para os próximos anos é que a internet seja mais uma vitrine do que uma fonte de renda.

Para se ter uma ideia, um artista fatura R$ 1.000,00, se sua música tocar cerca de 820 mil vezes ao mês na rádio online last.fm. ou seja, a receita é simples: seja popular na internet, faça shows, assine contratos publicitários e então, quem sabe, desta forma consiga a fama e até enriquecer.

a pirataria A facilidade em se achar um

camelô somada ao poder aquisiti-vo do povo brasileiro, hoje, são os fatores que mais contribuem para que a pirataria cresça a cada dia. Se compararmos o preço de um CD original, que hoje gira em torno dos R$ 35,00, e o oferecido pelo mer-cado ilegal, aproximadamente por r$4,00, fi ca claro quem vencerá esta disputa. “A pirataria atingiu mais a grande indústria do que os artis-tas. A solução mais efi caz é baixar os preços”, comenta Bôscoli, pre-sidente da trama Entretenimento.

Há também as questões de fi scalização, da ação da polícia e do governo que atualmente não têm o impacto desejado. Em nota ofi cial, Paulo Abrão, presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CnCP), afi rma: "temos de aprofundar os debates sobre o arcabouço legislativo em torno dos direitos da propriedade intelectual e conhecer as principais jurisprudências dos tribunais para que possamos aperfeiçoá-las".

o Brasil é um dos países que mais combatem a pirataria, contudo, se o problema econô-mico não for resolvido, nenhu-ma campanha será efi caz. “Só estamos aqui porque tem gen-te para comprar”, conclui Ronal-do da Silva, que trabalha há cin-co anos com produtos piratas.

Cds originais continuam fundamen-tais para colecionadores e aprecia-dores da música fo

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rádio

QuaL é a marCa do Fm?

Por bruna GoMes

A 89FM de São Paulo assinou recentemente um contrato que terá 15 meses de duração com a Nestlé. o nome da rádio e vários programas passaram a levar a marca Fast, de uma linha de produtos da empresa. A mudança trouxe novas vinhetas,

uma nova identidade visual (criada por designers da linha Fast) e algumas alterações na programação, com inserção de novos programas, como o “Play fast”, que toca músicas escolhidas pelos ouvintes através de redes sociais, como o twitter e o facebook.

A novidade está movimentando o meio rádio e criando uma expectativa para uma possível tendência no mercado de fms. Esse formato já era utilizado em nomes de programas há vários anos, desde o “repórter Esso”, mas só recentemente, através do pioneirismo da SulAmérica Trânsito (e mais tarde pela oi fm e mitsubishi fm) foi experimentado o patrocínio da própria emissora. Por já ter um investimento fi xo, as rádios se “desprendem” dos anunciantes comerciais e ganham mais liberdade na programação.

Para o público, uma vantagem: as rádios apostam mais na interatividade, já que o processo de customização abre espaço para arriscar e inovar. A 89 Fast, por exemplo, traz no novo slogan “A rádio no seu ritmo”, a conotação de agilidade, típica do público jovem e da internet, que pretende ser cada vez mais utilizado para interagir e aproximar o ouvinte da rádio. A oi fm se auto-rotula, como é possível observar em seu site, uma rádio “livre pra tocar as músicas que quiser: as mais

pedidas, as menos pedidas e até as nunca pedidas”. Já a SulAmérica Trânsito apostou na prestação de serviços, com uma programação exclusivamente voltada para o trânsito das 6 às 22h e, atualmente, segundo dados do iBoPE divulgados no site emissora, está no topo da audiência nos horários de congestionamento.

Em novembro do ano passado, estreou mais uma rádio com um nome conhecido. foi a rádio disney fm, que trouxe uma programação bastante diversifi cada, misturando músicas de artistas como Justin Bieber e Pearl Jam e tendo em sua programação um telejornal, para um público mais velho.

Além dessas, no fi nal de março foi lançada a rádio Estadão ESPn, que será jornalística, para concorrer diretamente como CBn e Bandnews. Ela nasceu da parceria, que já existe desde 2007, entre os dois grupos em transmissões esportivas. A rádio ocupará o 92,9 no dial FM e o 700 no AM, que são as freqüências das atuais Eldorado. Esta, por sua vez, junta-se com a Brasil 2000, que altera o nome para Eldorado Brasil 3000.

A customização das rádios e todas as mudanças no dial de São Paulo abrem espaço para os ouvintes, através das mídias eletrônicas, e também para os profi ssionais da área, já que serão necessárias novas tecnologias e, principalmente, novas ideias para manter a audiência e a atratividade para o mercado publicitário em um momento em que a informação e o entretenimento estão cada vez mais acessíveis.

A marca do rádio precisa continuar sendo instantaneidade, inovação e a proximidade com o ouvinte.

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tv no metrÔ de São pauLoPor renata Molina E thiaGo teixeira

Primeiro foram as telinhas nos ônibus. Depois, com o sucesso, a ideia foi aplicada no Metrô de São Paulo em 2007. o lançamento da tv minuto se deu na estação Vila Madalena, em São Paulo. A chegada dessa nova mídia na cidade permitiu a transmissão de informações

em tempo real para mais de 5 mil monitores LCD dentro dos trens por meio de uma tecnologia inédita no Brasil.

Na TV Minuto, 30% da programação é utilizada pelo Metrô para veiculação de informativos institucionais, como campanhas comportamentais e de segurança, além de dicas culturais. Ela está baseada em três idéias: informar, educar e entreter.

Segundo dados do Metrô, cada passageiro permanece, em média, por 32 minutos diários nos trens dos metrôs. A passageira Josenice, que exerce a profi ssão de enfermeira, diz que esse meio é muito útil para seus dias. “é muito bom ter a tv no metrô, vemos noticias do trânsito, do tempo, e também podemos saber o que está acontecendo na cidade enquanto estamos indo para o trabalho.”

A atualização do conteúdo e mensagens é em tempo real, um de seus maiores diferenciais. A missão é informar e entreter os usuários do metrô, que chegam a 3,3 milhões de pessoas por dia em São Paulo, sendo que 75% dos passageiros utilizam o meio de transporte por, no mínimo, cinco vezes por semana, de acordo com a Gerência de operações Comerciais do metrô de São Paulo (GoC).

o conteúdo da tv minuto foi desenvolvido especialmente para atender às especifi cidades do ambiente do Metrô. De acordo com seu diretor comercial, dario Gohda, por não possuírem som, os fi lmes, vinhetas e informações transmitidos nos monitores da tv minuto desafi a a criatividade dos publicitários. “As mensagens deverão ter foco na força da imagem e da informação simples e direta, para entreter e seduzir o passageiro”, afi rma em comunicado à imprensa.

A TV Minuto está realizando uma pesquisa para detectar com mais detalhes o perfi l exato dos usuários, por linha e por horário, permitindo avaliar cobertura e frequência do veículo e, assim, oferecer aos anunciantes espaços ainda mais efi cientes. Cada estação possuirá cerca de 40 aparelhos de TV espalhados desde a entrada, passando pelas escadas rolantes, até plataformas de embarque. A estação do Brás terminou em 2009 esse processo. o passageiro victor diz

estar satisfeito com essa nova fase de modernização do sistema de comunicação do Metrô de São Paulo, mas dá um alerta de que, na visão dele, a empresa poderia veicular mais informações da cidade.“Eu acho legal, tudo o que é feito para modernizar, deixar melhor o metrô e interessante”. A empresa imagina que o telespectador terá, em média, um contato de 7 minutos com a programação exibida na estação.

Exibindo 20 horas de programação em tempo real, transmite seu conteúdo em mais de 5,2 mil monitores distribuídos nas Linhas Verde, Vermelha e Azul. Com um público interessado em promoções e nos mais variados canais, conta com uma grade dinâmica e diversifi cada, com notícias nacionais e internacionais, esporte, turismo, cultura, muita informação, prêmios e entretenimento, A promotora de vendas Patrícia é testemunha dessa interação entre passageiro e entretenimento televisivo. “Eu acho que ter televisão no metrô é bom pra gente, porque, até mesmo nos momentos em que estamos estressados no Metrô, podemos nos distrair um pouco.” Além de possuir mais de 30 anunciantes, mostrando, assim, sua força no campo publicitário.

A tv Globo está sendo uma das primeiras emissoras a exibir uma parte da sua programação nas telas como, por exemplo, trechos de suas novelas do metrô em São Paulo. A emissora carioca já oferece o mesmo serviço em cerca de 400 ônibus na cidade de São Paulo. Para as transmissões, que ocorrerão dentro dos vagões, o material dos folhetins está editado em três blocos de um minuto e meio, com um intervalo de 30 segundos, sem som e com legenda explicativa.

Porém, nem todos os usuários estão satisfeitos com essa implantação de televisão informativa no Metrô. Segundo a empregada doméstica Dona Maria, muita coisa ainda precisa ser melhorada. “é bom! mas o Metrô só vive cheio, a televisão pra mim tanto faz, prefi ro a qualidade no transporte.”

Com a inauguração da TV Minuto, a Companhia do Metrô terá uma receita adicional mensal de, no mínimo, R$ 219 mil ou 33,6% do faturamento do Consórcio TV Minuto, o que for maior.

Essa arrecadação somada à receita não-tarifária da Companhia, composta de valores obtidos com a locação de espaços, publicidade em trens e estações, participação no faturamento de shoppings, mídia, comercialização nas estações e terminais rodoviários, é repassada para investimentos na operação e manutenção do sistema metroviário.

novas mídias

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detóx digitaL

“COMO VOU PASSAR O DIA SEM ENTRAR NO MSN? COMO FICAREI O DIA TODO SEM PODER FALAR COM OS MEUS AMIGOS, SEM ME INTEIRAR DOS ACONTECIMENTOS E SEM FALAR

COM O MEU NAMORADO?”

Por adriana nasciMento, carolina ribeiro, José Pessoto, Juliana veloso E roberta chaMorro

“Esses foram os primei-ros questionamentos que passaram pela minha ca-beça, quando fui convida-da por uma equipe de es-tudantes de jornalismo a realizar uma experiência,

que a princípio me deixou morren-do de medo: passar um dia inteiro longe da internet. Eu aceitei, mas pensei que seria impossível, pois sou uma pessoa que liga o compu-tador logo ao levantar da cama, é automático. No sábado, como de costume, eu levantei e já ia ligar o PC, mas lembrei da proposta e nem cheguei perto. Fui me ocupar com outras coisas, como, por exemplo, realizar tarefas de casa, que esta-vam deixadas de lado. Conclusão: passei roupa das 12h às 17h. De-pois disso, passei o resto do tempo com o meu fi lho. dormi antes das 23h. Um milagre, pois sempre ma-drugo na net. No domingo, liguei o PC assim que levantei, não aguen-tei. Entrei no mSn e notei que al-guns amigos sentiram a minha fal-ta. Uns perguntaram se eu estava em São Paulo, outros, se eu tinha ido para a balada em Araraquara (risos). Engraçado que nem senti muito a falta de e-mails, orkut, face-book e MSN. A única coisa de que senti falta, de verdade, foi de não ter conversado com o Renato, uma

pessoa que eu adoro, um amigo que conheci na internet. Foi muito engraçada a minha reação inicial, imaginei que não conseguiria sobre-viver, e, mais engraçado ainda, foi constatar como é simples fi car o dia todo fazendo outras coisas. Preten-do fazer essa desintoxicação mais vezes, faz bem. Eu recomendo!”

Convidada pela revista Código, Karina Nogueira, uma paulistana de 31 anos, que se diz totalmente de-pendente do mundo digital, aceitou passar por uma desintoxicação di-gital e relatar o desafi o para nossos leitores. karina fi cou um dia inteiro sem acessar a internet, sem assis-tir à TV e, até mesmo, sem usar o celular. A dona de casa conseguiu passar pela experiência sem muito estresse, colocou a casa em dia e ainda deu mais atenção ao seu fi lho.

quando questionada pela Códi-go se conseguiria fi car mais uma semana em processo de desintoxi-cação digital, a resposta foi imedia-ta: “Aí já é demais, uma semana in-teira eu não aguentaria”, reclamou. Segundo pesquisas recentes da fGv, f-nazca e iBoPE, são 81,3 milhões de brasileiros que, a par-tir dos 12 anos de idade, acessam a internet com uma média mensal de 69 horas. Ao total, são 85 mi-lhões de computadores, 250 mi-lhões de telefones e 155 milhões

de TVs em atividade no país.o acúmulo de informação e co-

nhecimento, a angústia em estar conectado em tempo real, o medo de perder algum acontecimento im-portante, entre outros fatores têm contribuído para gerar estresse, es-tafa e isolamento social no mundo contemporâneo. A tecnologia pro-duziu uma mudança na forma de pensar, agir e viver.

A inToXiCAÇÃo ComeÇA CeDo

Com 10 anos, Thiago Noguei-ra se encantava com computado-res disponíveis aos clientes em um shopping próximo a sua casa. Ficava fascinado com as demons-trações de jogos, dos gráfi cos e, principalmente, com a agilidade da-queles mecanismos. Segundo ele, naquele instante, soube que faria parte daquele universo.

Hoje, aos 26 anos, Noguei-ra é analista de sistemas na em-presa Uol e diz não viver sem o seu arsenal particular: notebook, celular 3G, tv a cabo e video-game. Ele se considera depen-dente da internet e do telefone celular, por causa do acesso 3G.

“Acho que internet, hoje em dia, tem mais importância que o tele-fone, para mim. Temos respostas rápidas (certas ou não) sobre qual-

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reportagem

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quer assunto em segundos”, diz. Para a psicóloga de comporta-

mento, Denise de Toledo, o uso da internet tem a ver com as necessi-dades de cada um. o signifi cado é que aponta o uso adequado ou não. Assim, pessoas, ditas normais, podem usar a internet para tra-balho, lazer ou puramente como fonte de informação, sem acar-retar transtorno psicológico al-gum. “é importante identifi car se há uma relação satisfatória entre o que a internet oferece e o uso que se faz dela”, explica Denise.

forA DA reDe“Em 1969, eu vi a primeira de-

monstração de tecnologia, com o fo-guete da NASA. Hoje, após 40 anos, eles mandam ônibus espaciais para a lua, frequentemente.” Essa é a concepção de tecnologia mais marcante para o bombeiro aposen-tado de 72 anos, orlando ribeiro.

Ele sabe o que é um compu-tador, mas não faz ideia do que é acessar a internet. Para ele, o mundo digital não causou nenhum

o analista de sistemas confessa que “seria osso” fi car um dia sem acessar seus e-mails e redes sociais

impacto. Diz não viver essa gera-ção, pois “as crianças de hoje, dife-rentes das do passado, aprendem bem mais rápido e melhor”, refl ete.

Mas nem todos pensam como ribeiro. o mundo tem sete bilhões de habitantes e 70% dessas pesso-as acham a internet indispensável. Cada vez mais, fazer parte da so-ciedade da informação tornou-se imprescindível. Produzir, interagir e usar tudo o que nos é fornecido, faz parte da teia tecnológica em que vi-vemos. Para saber a dosagem certa, o importante é fazer parte do mundo digital sem se tornar dependente.

o especialista em marketing em redes sociais e escritor do livro “twitter, Chiclete & Camisinha”, ta-gil Ramos, acredita que o mau uso dos meios digitais pode causar iso-lamento. “Este é o caso de alguém que resolve comprar um aquecedor elétrico e nunca mais sai para a rua para tomar sol”, salienta. “Esse é o lado negativo”, explica o autor. “o positivo é que as pessoas passam a conhecer a cultura humana em

para o bombeiro aposentado, os avanços tecnológicos contribuem para o aprendizado dessa nova geração

Segundo especialistas, desplugar-se faz bem para a saúde e ajuda a manter a atenção.

Recente pesquisa, divul-gada na China, revelou que jovens que passam entre 10 e 12 horas por dia na internet tiveram a matéria branca cerebral reduzida.

há hotéis nos EUA que oferecem pacotes de de-sintoxicação digital. A diária varia entre US$ 199 e US$ 399. Em alguns deles, há uma porcentagem de até 15% de desconto na diá-ria para hóspedes que to-parem deixar seus apare-lhos eletrônicos em casa.

tempo real”, complementa.A sedução da internet é grande e

pode trazer benefícios para o mun-do presencial. “A Web 2.0 aproxima almas. Uma pessoa no Brasil que anda em cadeira de rodas podeconhecer outra na Malásia, 20 anos mais jovem, e começar uma amizade atraída pela paixão co-mum: caça a borboletas, por exemplo”, fi losofa.

o especialista deixa a dica. “Ao viciado tecnológico: mais vale um canário mudo que come alpiste do que cinco mil canários virtuais do game eletrônico. A quem está alheio à tecnologia: quantos bits terá sua lápide no cemitério virtual? Se não sabe, é porque já está morto e en-terrado”, fi naliza.

CurioSidadeS de um mundo oFFLine

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Revista Código # 1 | www.codigo.inf.br | 2012 | Universidade Cruzeiro do Sul

time de ComédiaA BOLA ESTÁ COM MILTON NEVES, TOCA NO MEIO DE CAMPO PARA TADEU SCHMIDT, PASSA PARA ROBERTO AVALLONE E CRUZA PARA TIAGO LEIFERT, QUE FAZ O GOL DE AUDIÊNCIA

COM O NOVO JORNALISMO ESPORTIVO.

Por feliPe accacio (o zaGueiro), João Pontaltti (o Meio-caMPista) E laÍs carvalho (a atacante)

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FormaÇão do time

Comemorar o dia da mentira ao informar que o Corinthians venceu a Liberta-dores seria uma brincadeira comum para um torcedor

adversário em provocação ao time rival. Porém, foi Tiago Leifert quem brincou no dia primeiro de abril des-te ano no seu stand up comedy diário, o programa Globo Esporte, veiculado pela rede Globo. desde 2010, o apresentador adotou um

novo modo de se fazer jornalismo esportivo. outros adeptos a esta nova corrente são: Milton Neves, Tadeu Schmidt e Roberto Avallone. A inserção do humor no segmento repercute na opinião pública, na imprensa, no meio esportivo e aca-dêmico. Em nome da audiência ou outra coisa que valha, o jornalismo esportivo, tal qual conhecemos, adquire um novo perfi l.

e ComeÇa o jogo...os meios de comunicação são

grandes produtores de humor, principalmente a campeã da

comunicação de massa, a televisão. Não é só nos programas voltados para a comédia que o humor se faz presente, outros formatos também aplicam certa dose de graça no seu dia a dia, devido ao crescimento de uma audiência saturada por antigas fórmulas midiáticas.

os modelos dos programas esportivos atuais mostram uma nova forma de apresentação que conta com dinamismo e uma linguagem de fácil compreensão.

Até bem pouco tempo, o formato de apresentação não era tão descontraído assim. Apesar da

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reportagem

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linguagem flexível dos convidados de um programa televisivo, entre eles: jogadores, jornalistas, técnicos e torcedores, o jornalista sempre mediava entrevistas e debates com um tom mais sério e objetivo, assim como rezam os manuais de jornalismo esportivo nas faculdades.

o ex-jogador e destaque do Co-rinthians na década de 1980, Biro Biro, comenta o formato dos progra-mas em sua época. “os programas eram apresentados com o mesmo contexto dos de hoje, porém, o que vem mudando desde a minha época são as formas inovadoras com que os programas são apresentados.”

na rede Globo, por exemplo, a renovação no comando do telejor-nal esportivo aconteceu quando a emissora notou perda da audiên-cia no horário em que era exibido o programa Globo Esporte. Para a emissora, os telespectadores não se sentiam mais atraídos pe-los comentários do experiente Léo Batista, da ex-atleta Glenda kozlo-wski ou do repórter Tico Marcos.“quando começou o novo forma-to do Globo Esporte, a emissora estava há alguns anos perdendo para o programa Chaves (SBT) em audiência, pois o público que as-siste TV no horário é formado por adolescentes e os que antes gos-tavam de saber sobre esportes envelheceram”, diz Rubens Lis-boa, jornalista esportivo do Univer-so online (Uol) e aluno egresso da Universidade Cruzeiro do Sul.

Segundo o professor de jorna-lismo esportivo, Dirceu Roque, os antigos apresentadores tentavam inserir o humor nos programas de esporte, porém, não conseguiam, devido à falta de prática jornalísti-ca de alguns profissionais, como a elaboração de uma reportagem na rua e de tarefas mais práti-

cas. Para o docente, tais fatores agregam conhecimento, maturi-dade e segurança no momento da apresentação do programa.

os apresentadores atuais car-regam essa bagagem de experi-ência. Muitos trabalharam como redatores, repórteres e produto-res, antes de conquistar a auto-nomia para apresentar um pro-grama, principalmente ao vivo.

Roque reforça que existe uma facilidade em se fazer hu-mor em todo o jornalismo, po-rém, o segmento esportivo é o que mais contribui para isso.

Renato Mendes, editor e jorna-lista do segmento automobilístico em revista e internet, acredita que a inserção do formato humorísti-co em seu setor pode ser válida dentro dos programas de TV aber-ta, pois é destinada a um públi-co que aceita o discurso informal.

o juiz apita a FaLta...Daniel Batista, repórter do

Jornal da tarde e do Jornal o Estado de S. Paulo, diz não poder usar o mesmo formato adotado por Leitfer na empresa em que trabalha. “Por uma política da empresa, tenho que adotar um tom

mais sério nas matérias. o humor eu deixo para fazer no Twitter”.

o formato e a inserção do hu-mor nos meios de comunicação, dependendo da mídia, pode não ser um bom investimento, ressal-ta Batista ao falar sobre o conhe-cido jornal impresso o Estado de S.Paulo. “o leitor do Estadão é mais crítico, então quer um tex-to mais noticioso e analítico. Não quer apenas que eu escreva que o Kleber está fora do Palmeiras, tenho que explicar os motivos que o fizeram sair e o que vai aconte-cer com o time após a sua saída.”

tá impedido? Segundo o Manual de Telejorna-

lismo – os segredos da notícia na TV, de Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo de Lima, o jornalista espor-tivo não pode se deixar levar total-mente pela emoção, pois o exagero é um passo para a desinformação, ele faz com que o jornalismo espor-tivo esteja sempre em uma linha tênue entre a pieguice e a razão.

Sobre a posição do jornalista, o Manual esclarece que: “A interven-ção do narrador ou repórter deve ser discreta, sem que haja a mani-pulação da emoção dos telespec-tadores com adjetivos e advérbios falsos e inconsistentes, com o ob-jetivo de estimular a audiência e a sustentação dos patrocinadores.”

Improvisar também faz parte da função do jornalista esportivo, porém, a coerência deve prevale-cer. “A improvisação é constante, mas as informações não podem ser recheadas de metáforas, er-roneamente confundidas com es-tilo. o jornalismo esportivo não é jornalismo de segunda categoria e não se confunde com talk-show, quem faz o espetáculo é o atle-ta e não o narrador ou o repórter.”

Biro Biro se diz favorável à liberdade de expressão no jornalismo esportivo

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o torCedor viBra...“Eu acho que é um formato e

que de certa maneira revolucio-nou alguns programas jornalísticos esportivos na televisão”, aponta o canoísta rodrigo oliveira. Além de aprovar o novo jornalismo, olivei-ra acredita que faltava apenas co-ragem para transformar o jornalis-mo em um formato mais dinâmico.

Biro Biro e Roque também acre-ditam que o novo formato é uma boa iniciativa. “Acho que é uma boa tática para atrair determinada varie-dade de público”, diz o ex-jogador. “é legal o que o tiago faz e vem dando certo”, afirma o professor.

a outra torCida reCLama...Para o telespectador e estagi-

ário Felipe Salomão, os progra-mas esportivos têm muita gritaria e assuntos infundados. Em rela-ção a um bom humor, depende do programa. No caso dos deba-tes da TV Bandeirantes, dá para perceber que é forçado, diferen-te do Super Esporte da Gazeta e o Globo Esporte da tv Globo.”

o jornalista lisboa acredita que outros problemas deveriam ter maior tempo de aparição nos

programas citados. “Casos de corrupção envolvendo o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e dirigentes de clubes ou federações. Da mesma forma, os casos de doping no esporte também aumentaram. Com certeza o tempo de veiculação é menor que o da apresentação do concurso de musas ou do jogo de videogame do apresentador. Sem contar que na rede Globo você não ouve falar das denúncias contra Ricardo Teixeira.”

e Como anda o pLaCar?Segundo o iBoPE, um ponto de

audiência corresponde a 1% do universo de pessoas ou domicílios que estavam sintonizados em um canal ou assistindo a um programa específico. dessa maneira, exis-tem dois tipos de audiência: a indi-vidual e a domiciliar.

Na audiência individual, um pon-to quer dizer que 1% dos telespec-tadores estava assistindo a um determinado programa. Por outro lado, na audiência domiciliar, um ponto refere-se a 1% das casas que estavam assistindo a um deter-minado programa.

Pela segunda vez, no mês de

agosto de 2011, o programa Glo-bo Esporte teve a maior audiência, com 14.2 pontos de média, com pi-cos de 16 nos períodos da manhã e da tarde, entre todas as emisso-ras, segundo a média do iBoPE em São Paulo. No mesmo horário, o SBT marcou 5.8 pontos, a Record, 5.5 pontos e a Band registrou 2.7 pontos de média.

Já nos programas dos finais de semana, os índices divulgados pelo iBoPE das emissoras Globo, record, Band, redetv! e Gazeta

Felipe Salomão diz como alguns pro-gramas forçam a associação entre humor e jornalismo

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daniel Batista acredita que o uso do hu-mor no jornalismo esportivo deve ser apli-cado em veículos menos conservadores

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são dos dias 17 e 18 de setembro de 2011. Record, Band, RedeTV! e Gazeta são dos dias 17 e 18 de se-tembro de 2011.

“Um novo formato, seja ele qual for, traz mais audiência enquanto ele é único, ou seja, outras emissoras ainda não contam com esse estilo. Mas a partir do momento em que di-versas emissoras utilizam do mes-mo modo de produção jornalística, a audiência volta a ser a mesma”, diz o jornalista Paulo Roberto Dias, editor de programas de TV online.

e oS téCniCoS vão À LouCura...A rede Globo é a recordista de

audiência do país. A emissora te-levisiona os maiores jogos e cam-peonatos nacionais entre alguns internacionais, como a Libertadores da América e a Sulamericana, das quais participa a seleção brasileira de futebol. A emissora conta tam-bém com boa estrutura de profi s-sionais da área esportiva. Enquan-to isso, a Band também cresceu no segmento de esportes. Nos últimos anos, transmitiu o Campeonato Brasileiro e entrou em duelo cons-tante com a rede Globo ao exibir a série B, a Copa do Brasil e a Cham-pions League, atingindo, assim, os admiradores do futebol europeu.

é hora doS pênaLtiS...CÓDIGO: Vemos todos os dias na TV o Tiago Leifert comandar o Globo Esporte e introduzir hu-mor e piadas em meio a notícias. Como você vê esse novo jornalis-mo esportivo?BATISTA: Acho válido. é um novo formato para noticiar os fatos. é uma forma, inclusive, de fazer com que o futebol volte a sua essência, que é ser um entretenimento. Hoje, muita gente leva o futebol a sério. quer brigar e xingar por qualquer crítica. Esporte, principalmente o futebol, não é isso.LISBOA: o jornalismo esportivo acabou virando entretenimento e isso tem dois pontos. o primeiro, que me agrada, é o fato de ter mais pessoas jovens acompanhando esportes. o segundo, que acho péssimo, é a forma como se chega a isso. o novo perfi l prefere rir a informar.MENDES: é um novo padrão, diferenciado e que dá defi nição ao jornalismo esportivo moderno. Já se foi a época em que a formalidade ditava as regras neste gênero, pois hoje o público é mais aberto a novas ideias. Até locutores de rádio e televisão se adaptaram a este modelo, e, não por acaso, são os mais cogitados e apreciados pela opinião pública.CÓDIGO: Você acha que, por serem programas do gênero informativo, a forma com que os apresentadores dão as suas opiniões prejudica o programa?BIRO BIRO: De forma alguma, eu sou totalmente a favor de que as pessoas sejam livres para dar as suas opiniões.OLIVEIRA: Acredito que existe, sim. Existe um poder de infl uência através das opiniões dos apresentadores ou convidados,

sejam positivas ou negativas, e geram no telespectador muitas críticas em relação ao formato, o que acho que prejudica a emissora.LISBOA: Não. Acho que, quando passam a opinião explícita do apresentador, do programa ou da emissora, é algo legítimo. Sabemos que não existe 100% de imparcialidade em nada que seja jornalístico, mas o ideal é que fi que claro ser uma opinião do apresentador ou da emissora, uma vez que o público geralmente tem difi culdade para saber o que é notícia e o que é apenas um comentário.CÓDIGO: Você acha que os pro-gramas de esporte mais tradicio-nais podem perder público por não adotarem esse novo formato?BIRO BIRO: Acho que sim, porque o público quer interagir, e, quanto mais moderno e atualizado, conse-quentemente mais sucesso se terá.DIAS: os programas mais tradicionais sempre serão as mesas-redondas e não perderão público, uma vez que elas são sempre realizadas após os jogos, e na maioria das vezes contam com a presença de jogadores, técnicos, entre outros. Esse formato de jornalismo com humor é mais para a forma de abordagem da matéria, ou seja, para as reportagens.MENDES: A ordem natural das coisas é que o mais novo ganhe mais espaço, e o antigo perca sua força com o tempo, como acontece com tudo. E vale lembrar, também, que esse tipo de recurso evolui muito rápido, e logo o formato de hoje estará ultrapassado. Porém, o público conservador, que cresceu observando o antigo formato, talvez ainda o prefi ra, e isso faz com que os moldes antigos ainda tenham seu espaço.

dias acredita que o formato tradicional não perderá público

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O merchandising social começou no México e chegou ao Brasil em meados da década de 1980. os mais jovens certamente não se lembrarão, mas seus pais certamente não se esquecem de Heleninha Roitman, personagem

de renata Sorrah na novela “vale tudo”, 1988. o problema de alcoolismo da personagem rompeu paradigmas, a sociedade como um todo passou a respeitar e olhar de forma diferente esta questão.

Para muitos profi ssionais, o merchandising social deve ter um compromisso ideológico com o pensamento do autor, é possível defender temáticas sociais que ele acredita. Glória Perez, manoel Carlos, Benedito ruy Barbosa, entre outros, há tempos aderiram a este tipo de ação para sensibilizar e esclarecer a sociedade sobre questões importantes e de interesse público.

Se existe alguém que questione o poder de abrangência dessas ações sociais, lembremos o último capítulo da novela “o Clone”, 2002, escrita por Glória Perez e que está sendo reprisada atualmente. Na ocasião, o último capítulo foi visto por aproximadamente 45 milhões de pessoas. A trama levantou questões como a dependência química, alcoolismo, diferença entre culturas e principalmente a clonagem deseres humanos.

Não podemos ignorar a dimensão de pessoas atingidas pelo merchandising social nas telenovelas. Embora muitos questionem o excesso de violência e o abuso do erotismo nas novelas, é importante destacar que um simples detalhe como a cena exibida na novela

“Laços de Família”, em que Capitu, personagem da atriz Giovana Antonelli, mostrava uma camisinha, é de extrema importância para desencadear campanhas cuja fi nalidade seja alertar os jovens sobre a importância do uso do preservativo para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e evitar a gravidez.

ou então uma situação mais séria e delicada como a doação de medula encabeçada pela personagem da atriz Carolina Dieckmann, Camila. Na época, a Secretaria de Saúde Pública chegou a declarar que houve um aumento de doação de medulas de 20 para 200 por mês.

é fato que o merchandising social se tornou a indústria do Social, é só olharmos os índices de audiência das novelas.

na época em que a novela “o Clone” foi ao ar pela primeira vez, a autora e escritora Glória Perez teve a ideia de inserir depoimentos reais de dependentes químicos em cenas.

Na ocasião, muitos críticos declararam ser uma estratégia para alavancar a audiência da novela. Já a autora declarou, na época, ser menos moralista ter depoimentos de pessoas que estão passando pelo mesmo problema que uma personagem e muito mais efi ciente do que colocar a família, a polícia ou psicólogos falando sobre o assunto.

Seja de que forma for, atentando para questões familiares, dependência química, taxa de natalidade, exploração sexual, trabalho infantil, alcoolismo, homossexualidade, entre outras questões, não faltam bandeiras a serem levantadas e discutidas na teledramaturgia brasileira.

a indúStria do SoCiaL

SE Por UM LADo AS TELENoVELAS BrASILEIrAS SÃo CrITICADAS Por ESTIMULAr A VIoLÊNCIA, ABUSAr Do EroTISMo E INFLUENCIAr JoVENS E CrIANÇAS, Por oUTro, A NoSSA DrAMATUrGIA

INSErE EM SUAS TrAMAS MENSAGENS CoM PrEoCUPAÇÕES SoCIAIS E EDUCATIVAS, AÇÕES CoMErCIALMENTE CHAMADAS DE MErCHANDISING SoCIAL.

Por viviane Mendes E rozy silva

merchandising social

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Asonorização é todo o equipamento de som que serve para aumentar o poder sonoro dos instrumentos musicais e a voz em ambientes grandes com muitas pessoas reunidas. Na sonorização, são usadas caixas de som, amplifi cadores, equalizadores,

efeitos, microfones, Cd player e outros componentes de som. Pode-se, então, defi nir sonorização como sendo a amplifi cação sonora de uma determinada fonte a níveis aceitáveis de audição para seres humanos. Estranho, mas verdadeiro, pois existem frequências que não estão no espectro audível humano, denominados infrasons e ultrasons. Existem países que limitam o nível sonoro para um evento ou show em 85 dB, mesmo amplifi cado a milhares de Watts. No Brasil é uma festa, não se tem regulamentação e podemos escutar eventos e shows a níveis estúpidos de 120 dB SPL a 140 dB SPL. Imagine que você tenha um sistema, fl y, fl oor, amontoado, ou como você queira colocar suas caixas de som, com 10 alto-falantes de 15” e 95 dB SPL (1 W/1 M) – a sensibilidade do alto-falante – com aproximadamente 500 Watts cada um, e a uns 4 metros de distância teremos 122 dB SPL. Fique exposto a isso por um período de uma hora seguida. Pronto, fi cou surdo.

Nas emissoras de TV, é comum a sonorização de matérias jornalísticas. o áudio principal, que são as narrações ou áudio de sonoras, é gravado em um canal. No outro canal, são inseridos os sons diretos que seguem as imagens respectivas. Assim, ao ser exibida, a matéria tem o som da narração com os sons diretos mixados adequadamente, oferecendo ao telespectador um resultado sonoro agradável. Esta prática serve também para sonorização de programas ou documentários, com complexidade maior que a edição de matérias jornalísticas de curta duração.

A sonorização é parte fundamental de um fi lme, mesmo antes do cinema falado. Até 1926, as sessões de cinema eram acompanhadas por música ao vivo, geralmente executadas por piano, órgão ou até mesmo

por orquestras. “o Cantor de Jazz”, de 1927, foi o primeiro fi lme sonoro a ser lançado, mas, na época, o som ainda era gravado em disco. Mais tarde, a técnica foi sendo aperfeiçoada, passando a existir gravação simultânea entre imagem e som sincronizado, gravado numa faixa lateral que acompanhava os fotogramas. A seguir, foi desenvolvido um sistema que permitia gravar o som sincronizado com as imagens, em uma película separada daquela que registrava essas imagens. Atualmente, com a criação dos sistemas de som digitais, os estúdios de som fazem mixagem de até seis bandas de som para acompanhamento das imagens, possibilitando uma qualidade sonora extremamente realista.

Em shows, apresentações artísticas ou mesmo eventos sociais ou corporativos, contam com o apoio de sistema de “sonorização”, em que se amplifi ca o som de instrumentos, acústicos ou elétricos. Existem diversos tipos de sistemas de sonorização, que normalmente são dimensionados de acordo com o orçamento disponível, solicitação do artista ou contratante, ou, que seria a forma mais correta, pela defi nição de um profi ssional da área, neste caso, o Engenheiro de Som.

No estúdio de rádio, são utilizados diversos equipamentos de sonorização para proporcionar um som de qualidade para os ouvintes. Dentre eles estão a mesa de som, elemento central; microfones; alto-falantes (monitores, caixas de som), e o processador de áudio que é o mais importante em uma emissora de rádio FM. Antes de enviar o sinal ao transmissor, o áudio passa por este equipamento que o equaliza e comprime. é muito importante ter a certeza de que os ouvintes da emissora tenham um som de boa qualidade, com clareza, defi nição e densidade.

A sonorização, de um modo geral, é de extrema importância em qualquer transmissão que possua efeito sonoro, seja ele profi ssional ou não, em vários setores, seja no rádio, na TV, no cinema, em palestras, em apresentações musicais, de orquestras, etc., a fi m de se obter um bom som, que transmita nitidez e boa audição a quem o está ouvindo.

a SonorizaÇão

Por Giovani batista benK E tiaGo Gilberto da silva

áudio

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76 TELENOVELAS: UMA PAIXÃO NACIONAL

“A NOVELA ESTÁ PARA O BRASIL, ASSIM COMO O CINEMA ESTÁ PARA HOLLYWOOD.”

Por barbara neGri, elizabete farias, inGrid caMPos, Jaqueline bonfiM, laerte conde E sheila ProcóPio im

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reportagem

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Dona Tereza olha ansiosa para o reló-gio, faltam poucos mi-nutos para começar a

maratona de telenovelas a que se propõe a assistir de segunda a sá-bado. Ao total, são sete telenovelas com tramas das mais variadas. De época, juvenil, bem-humorada, proi-bida para menores... Seja lá qual for o seu teor, as telenovelas têm um papel definitivo no cenário cultural nacional e, principalmente, no cora-ção do brasileiro. “é a melhor hora para reunir toda a família”, garante a telespectadora que acompanhou as primeiras telenovelas, as moderni-zações das tramas, a produção dos autores e a evolução dos atores.

Famosa por prender a atenção das pessoas, a telenovela tem o poder de unir uma família, gerar novos costumes, mudar uma rotina e até lançar temáticas reflexivas.

Dona de casa, Tereza Santos, 84 anos, vê telenovela desde 1951, quando teve contato com “Sua vida

me pertence”, de Walter Foster, exibida pela TV Tupi. Desde então, nunca mais parou. Apaixonada, revela que não perde um capítu-lo, assiste diariamente a todas as telenovelas. na rede Globo, seu canal predileto, encontra tramas exibidas às 15h, no programa “Vale a Pena Ver de Novo”, e perpassa por mais quatro títulos até chegar à telenovela das 23h, “o Astro”, exi-bida até o final de outubro. Assim como várias senhoras, enquanto assiste à telenovela, Tereza não dispensa fazer um bom crochê. Para ela, há prazer em comentar com as vizinhas sobre a vida dos personagens e até arriscar-se em palpites sobre o final de cada um deles nas suas respectivas tramas.

Tereza se lembra da adolescên-cia, quando sua mãe ouvia as ra-dionovelas e se emocionava com os personagens. A senhora de sor-riso largo confessa ter acompanha-do o desenvolvimento da televisão e da telenovela numa época em que poucas pessoas desfrutavam de tecnologia. quem possuía tv na década de 50 se prestava a receber os vizinhos em casa para assistir aos programas de televisão.

Com o decorrer dos anos, houve diversas mudanças na dramaturgia brasileira. A telenovela começou na década de 50 ao vivo e com muitos improvisos. Na década seguinte, com o advento do videotape surge a gravação das ficções, fator revolucionário para o ganho de qualidade nas histórias televisivas.

Nas décadas de 70 e 80, a quali-dade se aperfeiçoou ainda mais e a telenovela tornou-se o produto mais comentado pela audiência nacional. A rede Globo se consolidou nessa época como a maior produtora do gênero. Em 1990, surgem concor-rentes tentando ganhar o mercado

publicitário desta nova vertente da comunicação de massa. A extinta TV Manchete apresentou “Panta-nal”, de Benedito Rui Barbosa, e “xica da Silva”, de Walcir Carrasco, enquanto o SBT não mediu esfor-ços para produzir “éramos Seis”, de Silvio de Abreu. Já a rede Globo fe-cha a década com o sucesso “o rei do Gado”, de Benedito rui Barbosa.

teLenoveLa Faz penSar Com a evolução das temáticas,

a dramaturgia passou a abordar assuntos capazes de conscienti-zar a população sobre determina-dos problemas sociais. “As nove-las são o retrato da realidade das pessoas. Hoje em dia, nós vivemos as mesmas situações que os per-sonagens, por isso fica fácil nos identificar com a história”, comenta Alessandro ortega, musicista, de-claradamente apaixonado por tele-novelas. As telenovelas trazem te-mas polêmicos, como: preconceito aos homossexuais em “Insensato Coração”, doenças pouco conhe-cidas, como a Síndrome de Down, em “Páginas da Vida”, drogas e clonagem humana em “o Clone” etc. “o principal ponto positivo é que pode fazer refletir sobre a vida, sobre os problemas da sociedade, para além do mero entretenimento. o principal ponto negativo é a influ-ência que uma informação ou men-sagem errada pode passar para o telespectador. Se a família está com o mesmo problema apresen-tado na novela, ela leva à reflexão. é o mínimo que pode acontecer”, comenta nilson xavier, autor do Al-manaque da Telenovela Brasileira.

o escritor da telenovela “Amor e revolução”, do SBt, tiago xa-vier Santiago, rememorou a Dita-

Telespectadora fiel, Tereza acom-panha a evolução das telenovelas diariamente fo

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dura Militar brasileira e apostou em um processo de conscientização histórica. “Foi trabalhoso e difícil, porém, motivo de grande orgulho. Fui criança e adolescente no regi-me militar. Votei pela primeira vez para presidente com 26 anos de idade. Sei o que é viver sob uma Ditadura. A ideia veio daí, da ne-cessidade de lembrar e alertar o povão, para que os fatos não se repitam”, e ressalta: “no caso desta novela, a fi cção retrata a realidade”.

agora é Que São eLeSortega admite que as telenove-

las são feitas em especial para as mulheres, porém, acha natural que o homem também tenha apreço pelas tramas televisivas. “Pelo con-trário, homem tem que apreciar o romantismo e os bons desfechos das histórias que a telenovela apre-senta”, completa. o telespectador de carteirinha ainda ressalta a im-portância de telenovelas como “Ir-mãos Coragem” na tentativa de aproximar os homens do univer-so das telenovelas. “os homens passaram a assumir que também assistem novelas”, afi rma xavier.

Para o especialista em telenove-las, com a tecnologia e a qualidade da fi cção televisiva, houve algumas mudanças de comportamento, os te-lespectadores cobram temas atuais.

“Antes as pessoas não cobra-vam tanto da telenovela, o público era passivo, hoje o público reage, ele desliga a TV quando não gos-ta, critica e manda e-mail recla-mando. temos um perfi l diferente e a cada década o público reage de uma maneira. quem susten-ta a telenovela é a classe C, são homens e mulheres que não pos-suem outro meio de entretenimen-

to”, explica Claudino mayer, pes-quisador de teledramaturgia pela Universidade de São Paulo (USP).

Vale lembrar que o Brasil tem o posto de maior produtor de teleno-velas e líder de exportação cultural do país. A telenovela “o Bem Ama-do” foi a primeira a ser vendida em 1973 para o Uruguai, e em 1999 a rede Globo conquistou o status de maior exportadora de telenovelas, passando a estabelecer contrata-ções fi xas de elencos, de escrito-res em longo prazo, assim como passou a ter roteiristas e equipe de produção para manter o que cha-ma de Padrão Globo de qualidade.“A telenovela é a narração da na-ção, e se tornou o principal pro-duto cultural de exportação pela qualidade de seus dramaturgos e da equipe de produção e de atores e atrizes”, revela Maria Aparecida Baccega, pesquisadora do Cen-tro de Estudos nacionais da tele-novela da USP (CEntv – USP).

autor de almanaque da telenovela Brasileira fala sobre esta paixão genuinamente nacional

Bordões famosos:1. Sou chique, bem (Drica Mora-es, na personagem Márcia)2. Cada mergulho é um fl ash (mara manzan, na personagem odete)3. Sou chique de doer (Nívea Stel-mann, na personagem Elvira)4. Catiguria (Camila Pitanga, na personagem Bebel)5. Garota mau caráter (mi-guel Falabella, no personagem Mário Jorge)Pares românticos:1. Simone Marques\ Rosana Reis e Cristiano Vilhena (Regina Duarte e Francisco Cuoco, em “Selva de Pedra” - 1972)2. Dona Lola e Júlio (Nicette Bru-no e Gianfrancesco Guaranieri, em “éramos Seis” – 1977)3. nacib e Gabriela (Armando Bó-gus e Sônia Braga, em “Gabriela” –1976)4. Zé trovão e Ana raio (Almir Sa-ter e Ingra Liberato, em “A história de Ana raio e Zé trovão” - 1990)5.Edu e Camila (reinaldo Gianeccini e Carolina dieck-mann, em “Por Amor” –1997)Vilões: 1. Nazaré Tedesco (Renata Sorrah, em “Senhora do Destino” - 2004) 2. Flora (Patrícia Pillar, em “A Fa-vorita” - 2009) 3. Laura Prudente e Renato Men-des (Claudia Abreu e Fábio Assun-ção, em “Celebridade” - 2003) 4. Bia Falcão (Fernanda Mon-tenegro, em “Belíssima” - 2005) 5. odete roitman e maria de fá-tima (Beatriz Segall e Glória Pires, em “Vale Tudo” - 1988)As mais exportadas:1. “Da Cor do Pecado” – 100 países 2. “Terra Nostra” – 95 países 3. “o Clone” – 90 países 4. “Caminho das Índias” – 90 países 5. “Escrava isaura” – 79 países

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Q uatro pessoas, uma mesma cena, uma mes-ma palavra e perspectivas completamente dife-rentes. A história é a seguinte: Anastasia é uma turista russa que está juntamente a seu gru-po, visitando os principais pontos turísticos do rio de Janeiro. Elias é um morador de rua que, na maioria das vezes, não sabe o que vai co-

mer – ou SE vai comer naquele dia. osvaldo e luís são dois batedo-res de carteira que estão observando, há um bom tempo, um grupo de turistas a espera da hora certa para fazer o que melhor sabem.o grupo de Anastasia para em frente a um dos morros que tan-to embelezam a cidade maravilhosa esperando novas explicações de seu guia. Encostado em um muro não muito longe dali, está Elias que adora ver o jeito estupefato como fi cam os gringos ao ve-rem o cenário que está tão acostumado e cansado de ver. osvaldo e Luís também estão por perto, ainda esperando o momento opor-tuno. E este se apresentou quando o guia disse “Aquele é o morro do Alemão. Nele, vivem seres humanos, e não macacos, como to-dos pensavam”; “That is the Morro do Alemão. In that mountain, hu-man beings live, and not monkeys, just like everybody thought”. Ao ouvirem as palavras do guia, os turistas, admirados com a afi r-mação, disseram “oh!!!”. Elias, que se sentia envergonhado e até mesmo ofendido com aquilo tudo, empregou o máximo que pôde à palavra “oh” seu tom sarcástico, de modo que soasse como um “nossa, como vocês são idiotas”. osvaldo, no mesmo momento em que o guia abriu a boca, cutucou Luís e, apontando para a bolsa de Anastasia, disse para o seu comparsa “oh”, chamando sua aten-ção para o alvo escolhido. Sim, a bolsa foi roubada. A nossa turis-ta russa não restou outra opção a não ser gritar “oh, my god! my purse was stolen!!!”, ao ver os ladrões indo embora com seus per-tences. mas, no meio de tantos “oh’s”, ninguém ouvia ninguém.

oh, mY god!

Por dieGo loPes Motoda