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Volume 1 • Número 3 • novembro/dezembro de 2009

REVISTAINSPIRAR

Revista Eletrônica Inspirar [recurso eletrônico] - Curitiba:R454 Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde,

2009-

Bimestral, v. 1, n. 3, nov/dez 2009-ISSN 2175-537XModo de acesso: www.inspirar.com.br

1. Saúde - Periódicos.CDD 610CDU 614

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REVISTAINSPIRARVolume 1 • Número 3 • novembro/dezembro de 2009

A REVISTAA Revista Eletrônica da Inspirar é um periódico de acesso aberto, gratuito e bimestral,destinado à divulgação arbitrada da produção científica na área de Ciências daSaúde, de autores brasileiros e de outros, contribuindo, desta forma, para o cresci-mento e desenvolvimento da produção científica.

MISSÃOPublicação de artigos científicos que contribuam para a expansão do conhecimentoda área da saúde, baseados em princípios éticos.

OBJETIVOPropiciar meios de socialização do conhecimento construído, tendo em vista o es-timulo à investigação científica e ao debate acadêmico.

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REVISTAINSPIRAR

CONSELHO EDITORIALProf. Dr. Alfredo Florencio Cuello - ARGProf. Alonso Romero Fuentes Filho - SC

Prof. MSc. Álvaro Luiz Perseke Wolff - PRProf. MSc. Antônio Carlos Magalhães Duarte - BA

Prof. MSc. César Antônio Luchesa – PRProfa. MSc. Cynthia M. Zilli - PR

Profa. Denise Dias Xavier - PRProfa. MSc. Elisiê Rossi Ribeiro Costa - PR

Prof. Francimar Ferrari - PEProf. Dr. Gustavo Alfredo Cuello - ARG

Prof. MSc. José Roberto Prado Junior - RJProf. MSc. Manoel Luiz de Cerqueira Neto - SE

Prof. MSc. Marcelo Zager - SCProf. Dr. Marcos Antonio Tedeschi - PR

Profa. Maria Ayrtes Ximenes Ponte da Silveira - CEProfa. Dra. Silvia Valderramas - BA

Profa. MSc. Telma Cristina Fontes Cerqueira - SE

EDITORESProf. Dr. Esperidião Elias Aquim - PR

Prof. MSc. Marcelo Márcio Xavier - PR

COORDENAÇÃO EDITORIALProfa. MSc. Elisiê Ribeiro Costa - [email protected]

EDITORAÇÃO ELETRÔNICAMarcos Leandro Cachinski - [email protected]

ATENDIMENTOMariane Mansur Garbuio - [email protected]

INFORMAÇÕES PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOSTodo o material a ser publicado, deve ser enviado para o seguinte

endereço eletrônico, aos cuidados deProfa. MSc. Elisiê Ribeiro [email protected]

I.P. (Informação Publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes.

© Inspirar - Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida,arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprie-tário do copyright Inspirar. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou proprieda-des ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostas no material publicado. Apesar de todo omaterial publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantiaou endosso da qualidade ou valor do produto ou das asserções de seu fabricante.

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SUMÁRIO

EDITORIAL ......................................................................................................................... 6

Atuação Fisioterapêutica na Manifestações Climatéricas Decorrentesdo Hipoestrogenismo ............................................................................................................ 7Application Physiotherapy in Decurrent Manifestations Climaterics of the HypoestrogenismAna Cristina da Nóbrega Marinho Torres Leite, Jannayna Lima Fernandes

Equoterapia: Tratamento Especializado para Pacientes com Lesão Medular ..................... 12Riding Therapy: Especial Treatment for Patientes with Spinal InjuresJerusa Colombaroli de Souza

Bioética na Saúde Pública e na Produção de Alimentos Funcionais e Medicamentos ....... 17Bioethics in the Public Health and in Manipulation of Food and MedicinesPatricia Nancy Iser bem, Simon Skarabone Rodrigues Chiacchio, Paulo Celso Pardi, Renata Gorjão

Prevalência dos Fatores de Risco para Incontinênia Urinária de Esforço entre asFuncionárias do Centro Universitário do Pará .................................................................... 22Prevalence of Risk Factors for Urinary Incontinence between the employees of the Center of theUniversity ParáFabiana Valente do Couto Sousa, Kerolaynne Hestefany Barbosa da Silva, Larissa Pompeu e Silva,Tereza Cristina dos Reis Ferreira, Denise da Silva Pinto

Avaliação e Intervenção Fisioterapêutica em um Posto de Trabalho .................................. 26Physioterapy Assesssment and Intervention in a Porker PositionAline Martinelli Piccinini, Pâmela Bilig Mello , Andressa Silva, Daiane Müller Bem, Letícia Marangon,Natalí Schwanke, Luís Ulisses Signori

Influência do Treinamento de Força Muscular na Flexibilidade de Alunos de umaAcademia de Ginástica de Muriaé-MG ............................................................................... 29Influence of Strength Training on Muscle Flexibility of Students of a Gymnasium for Muriaé-MGPedro Henrique Silva, Natanael Teixeira Alves de Souza, Valdinei Muniz, Diego Scalla Gonçalves Dutra

Análise da Capacitade Funcional do Paciente Geriátrico Institucionalizado porMeio da Escala de Barthel ................................................................................................... 32Analysis of the Functional Capacity of the Elderly Patients Institutionalized they had used itBarthel’s ScaleJurailton Calixto da Silva, Joyce Maria Alves, Samantha Christina Souza Lisboa

Ginástica Laboral no Setor de Informática: Abordagem Fisioterapêutica .......................... 36Gymnastics Labor in the Information Techology Sector: Approach PhysiotherapeuticFernanda Aparecida de Ornelas, Daniela Costa Censoni Guerra, Paola de Paula Zacharias,Taciana Juan D’Aprile

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Cirurgias Suspensas: as conseqüências para o Paciente ..................................................... 45Surgeries Suspended: the consequences for the PatientElaine Bione Lima Afonso, Elaine Rossi Ribeiro

A Psicologia Judiciária e o Direito ...................................................................................... 50The Psychology of the Judiciary and the LawBerenice dos Santos Morozowski, Roberto L. L. de Moura

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EDITORIALÀs portas do final do ano de 2009, entregamos mais uma edição da Revista

Inspirar.Consolida-se como uma iniciativa da mais alta relevância científica, pois

tem recebido um número crescente de material para publicação, o que revela ointeresse da sociedade de modo geral e da comunidade científica, em particular,pela divulgação e socialização do conhecimento produzido.

O monitoramento diário dos acessos eletrônicos possibilita afirmar que a re-vista configura-se como um importante instrumento de publicização do saber. Sa-ber este, de grande diversidade temática, característica típica da práticainterdisciplinar na Saúde.

Voltaremos com nova edição no mês de Janeiro de 2010, certamente subsidi-ados por mais assuntos inovadores, buscando sempre o aprimoramento profissio-nal de pesquisadores, alunos, orientadores e outros. Ganha a sociedade científica.Avança a Revista Inspirar!

Prof. Dr. Esperidião Elias Aquim - PRProf. MSc. Marcelo Márcio Xavier - PR

ERRATA!O nome correto de um dos autores do artigo “Redução do Edema em MembrosInferiores através da Drenagem Linfática Manual: Um Estudo de Caso.”, doVolume I número 2 - Agosto/Setembro de 2009 da Revista Inspirar, é PATRI-CIA VIANA DA ROSA.

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IntroduçãoSegundo a Sociedade Brasileira do Climatério (2006), o

termo menopausa refere-se à última menstruação que se apre-senta pela diminuição da função ovariana com redução dramá-tica da produção de estrogênios. A maioria dos casos ocorreentre os 45 e 55 anos. Na América Latina a média etária na qualas mulheres experimentam a menopausa é aos 50 anos, similarà média mundial, lá existem cerca de 243 milhões de mulheres,das quais estima-se que 37 milhões estão na fase climatérica,ou seja, em idade entre 45 e 64 anos; cifra que representa 8% dapopulação total. Atualmente, a proporção de mulheres noclimatério em países em desenvolvimento oscila entre 5% e 8%da população, enquanto que em países desenvolvidos a cifraaumenta para 15%. No entanto, estima-se que para o ano 2030,esta cifra aumentará em países em desenvolvimento para 17%.O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirmaque mais de 13,5 milhões de mulheres se encontram noclimatério no Brasil (IBGE, 2000).Climatério, que pode seracompanhado de sintomas como: ondas de calor (fogachos),insônia, depressão, variação de humor, falta de memória,

Atuação Fisioterapêutica na Manifestações ClimatéricasDecorrentes do Hipoestrogenismo

Application Physiotherapy in Decurrent Manifestations Climaterics of theHypoestrogenism

ResumoO climatério, frequentemente chamado de menopausa, é

o período da vida da mulher no qual a função ovariana diminuigradualmente e finalmente cessa. O aumento notável da expec-tativa de vida em nosso país, que no caso das mulheres é de 72anos, condicionou que um terço de suas vidas ocorra durante aetapa do climatério e principalmente na pós-menopausa. Esteestudo teve como objetivo mostrar, por meio da literatura, aimportância do tratamento fisioterapêutico nas manifestaçõesclimatéricas decorrentes do hipoestrogenismo. Observou-se quea atuação do profissional fisioterapeuta contribui bastante namelhora de qualidade de vida das climatéricas, uma vez queeste conscientiza e prepara a mulher para conviver com todasessas alterações orgânicas, proporcionando assim o alívio ouresolução das manifestações advindas desta fase.

Palavras-chave:Manifestações climatéricas; Fisioterapia; Saúde da Mulher.

AbstractThe climateric, frequent menopause call, is the period of

the life of the woman in which the ovarian function diminishesgradually and finally it ceases. The increase notable of the lifeexpectancy in our country, that in the case of the women is of72 years, conditioned that one part of its lives occurs mainlyduring the stage of the climateric and in the after-menopause.This study it had as objective to show, by means of literature,the importance of the phisio therapy treatment in the decurrentclimateric manifestations of the hypoestrogenism. It wasobserved that the application of the professional physiotherapistcontributes sufficiently in the improvement of quality of life ofthe climateric, a time that this acquires knowledge and prepa-res the woman to coexist all these organic alterations, thusproviding to the relief or resolution of the happenedmanifestations of this phase.

Key-words:Climateric manifestations; Physiotherapy; Womens’s Health.

1. Dra. em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.Professora do Departamento de Fisioterapia da União de Ensino Superior de CampinaGrande-PB.

2. Graduada em Fisioterapia pela União de Ensino Superior de Campina Grande-PB.

Recebido: maio de 2009Aceito: agosto de 2009Autor para correspondência: Ana Cristina da Nóbrega Marinho Torres LeiteE-mail: [email protected]

Ana Cristina da Nóbrega Marinho Torres Leite1, Jannayna Lima Fernandes2

ressecamento vaginal, ganho de peso e diminuição da libido,entre outros. Com o tempo, também começam a perder, commaior rapidez, o cálcio dos ossos, além de se tornarem maissujeitas a doenças do coração e doenças degenerativas do siste-ma nervoso, como o Mal de Alzheimer, um tipo de demência(ATHAYDE, 2006).Antigamente, não havia grande preocupa-ção com esta fase da vida da mulher, pois a maioria morria cedo.Hoje, com o aumento da longevidade, as mulheres podem vivermuitos anos após a menopausa, tendo que se manterem ativascomo mulher, como mãe e como profissional.Com base nestasconsiderações, este estudo teve como objetivo mostrar a atua-ção do fisioterapeuta nas manifestações climatéricas decorren-tes do hipoestrogenismo.

MétodosA proposta do trabalho foi de investigar, através de uma

revisão bibliográfica, a atuação do fisioterapeuta nas manifes-tações climatéricas decorrentes do hipoestrogenismo.

O estudo é caracterizado pela revisão de literatura atra-vés de livros e artigos,onde procurou-se pesquisar sobre o

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climatério e suas manifestações. Em relação a literatura, teve-se dificuldade em encontrar livros e artigos que comentem es-pecificamente sobre o tratamento fisioterapêutico direcionadopara os sintomas decorrentes do hipoestrogenismo.

Diante da escassa bibliografia encontrada a pesquisa foidesenvolvida em cima das principais manifestações climatéricas.Desta forma, o trabalho buscou explicitar o tratamentofisioterapêutico utilizado para tais complicações encontradas.

Manifestações Climatéricas

O climatério é caracterizado por manifestações decor-rentes de disfunções endócrinas, que desencadeiam alteraçõespodem ser ginecológicas (principalmente as disfunçõesurogenitais) e não-ginecológicas (representadas pelos sintomasvasomotores, psíquicos e sexuais, alterações atróficas da pele eanexos e ainda, distúrbios do metabolismo cardiovascular eósseo (BONDUKI, 2003).

Disfunções urogenitais

Com a diminuição do estrogênio circulante ocorre umaalteração na tonicidade e no trofismo das fibras muscularespélvicas, levando a atrofia da mucosa uretral produzindo umalargamento da uretra, e conseqüentemente uma menor resis-tência ao fluxo. Sendo assim, há uma diminuição do volume damusculatura estriada da uretra, pois o hipoestrogenismo reduza irrigação sanguínea nos tecidos urogenitais impedindo a ati-vidade muscular, sendo substituído o tecido muscular por teci-do conjuntivo determinando uma diminuição na pressão uretral(FONSECA, 2004).

Atrofia, inflamação e infecção da vagina podem ter efei-tos secundários na uretra e bexiga, e pode haver atrofia da uretra,trígono e ligamentos de apoio conjuntos. A deficiência deestrógenos mostrou também resultar em uma redução da turgidezdas células que formam a uretra. Esses fatores devem ser leva-dos em conta quando as mulheres se queixam de cistite, uretrite,disúria, freqüência, urgência ou incontinência de estresse du-rante o climatério (POLDEN;MANTLE, 2000).

Conforme Marinho (1997), nos primeiros 5 a 10 anos apósa menopausa é que o sistema geniturinário sofre alterações,dentre elas, a incontinência urinária é o mais freqüente, sendoesta patologia considerada como perda involuntária de urina,objetivamente demonstrável, ocasionando problema social ouhigiênico à mulher”. A incontinência urinária de esforço é aforma mais freqüente, causada quando a pressão vesical excedea uretral, na ausência do detrusor. Podendo ocorrer, segundoBonduki (2003), disúria, polaciúria, noctúria, sensação de es-vaziamento incompleto e urgência miccional provindos daatrofia urogenital.

Uma mulher no climatério com incontinência urinária,sofre com o impacto físico, emocional, sexual e social, poistem que lidar constantemente com o receio e o constrangimentoda eliminação involuntária de urina e com o uso constante defraldas. Conseqüentemente, isso pode levar a diminuição daauto-estima, aumentar a insegurança no convívio com outraspessoas e receio de participar de atividades físicas e sociaiscomo: caminhadas, aulas de dança, de ginástica, festas e com-pras. Também o prolapso genital que é considerado como outrofator a se destacar pela deficiência de estrogênio e pelo enve-lhecimento. Incide, principalmente, em mulheres multíparas eidosas com importantes fatores causais, relacionados ao relaxa-

mento das estruturas do assoalho pélvico, associado à atrofiagenital pós-menopausa (POLDEN;MANTLE, 2000).

Alterações emocionais

Ferreira (1999) afirma que as alterações psíquicas sãodecorrentes da modulação que o estrogênio tem sobre a ativi-dade dos neurotransmissores cerebrais, principalmente aserotonina que influencia o humor. Assim, teores baixos deestrogênios diminuem a serotonina, levando, muitas vezes, àdepressão.

Para Polden e Mantle (2000), os baixos níveis deestrogênios afetam as faculdades mentais das mulheres, bemcomo os estresses da vida que uma mulher nesta faixa etária (de40 a 50 anos) costuma passar. Muitas mulheres vivenciam esseperíodo de forma assintomática ou com sintomas inexpressivos,entendendo-o como o início de uma nova etapa, ou seja, a deamadurecimento existencial que lhes permitirão uma vida commaior segurança e confiança; outras, porém, vivenciam-no deforma negativa e exarcebada, principalmente àquelas que per-deram seu papel social e não redefiniram seus objetivos exis-tenciais.

De acordo com Schindler (1987), dentre os sintomas maiscomumente encontrados no climatério destacam-se as doençasdepressivas,que são consideradas as desordens psiquiátricasmais prevalentes da metade para a última fase da vida, sendoque as mulheres são mais vulneráveis do que os homens. A cor-relação entre depressão e climatério ainda é assunto controver-so; trata-se de questão complexa, pois durante esse períodooutras inquietudes tornam-se evidentes, tais como o envelheci-mento, a morte dos pais, a saída dos filhos de casa em busca deindependência e a dificuldade no relacionamento conjugal apósmuitos anos de vida em comum. Essas intercorrências podemprovocar uma reavaliação de seus papéis de mãe e mulher, fa-zendo-a deparar-se com questionamentos relacionados a suaexistência pregressa e futura.

Sexualidade

O estado de hipoestrogenismo após a menopausa podelevar a diminuição da lubrificação, da elasticidade e do númerode contrações rítimicas da vagina, dificultando a tolerância àpenetração peniana mais profunda e continuada causadas pelasalterações anatomofisiológicas e pela sensação de incapacida-de que este desconforto pode desencadear (HAIDAR et al,2004).

As mulheres geralmente se queixam de redução do dese-jo sexual na menopausa, o qual está relacionado à diminuiçãoda testosterona e não à redução estrogênica. Quando decresce aprodução estrogênica na mulher climatérica, a lubrificação va-ginal é lenta, em torno de um a cinco minutos, enquanto que najovem é de quinze a trinta segundos. Há, também, diminuiçãodas dimensões e da capacidade expansiva da vagina e, se a atrofiavaginal for importante, pode haver dispareunia. Se a mulhertinha prazer sexual antes da menopausa, continuará com ativi-dade sexual regular (SOUZA, 2002).

Estes fatores são os responsáveis pela diminuição da libi-do na menopausa que ocorre juntamente com a dispaneuria queé secundária ao ressecamento e atrofia vaginal. Já para Schiff(1989), embora as mulheres idosas mostrem diminuição tantoda intensidade quanto na duração da resposta sexual, apesardisto, estão capacitadas a ter uma relativa vida sexual. Para elas,

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o sexo representa uma importante parte dos anos da menopau-sa. Realmente, parece que quanto mais suas atividades sexuaissão intensas, maior capacidade para uma resposta sexualsatisfatória.

Conforme Freitas et al (2004), as alterações sexuais sãoconseqüências do estilo de vida da mulher, de seus relaciona-mentos, do amadurecimento sexual e afetivo, podendo enfren-tar o climatério e a menopausa sem temores ou sentimentosnegativos de forma consciente e segura, onde deve-se levar emconta as alterações de interesse sexual e orgasmo, além do des-conforto durante a relação sexual, podem estar relacionadas aoestado de hipoestrogenismo e as alterações dos níveis detestosterona, caracterizando assim os transtornos sexuais.

Doenças cardiovasculares

Bonduki (2003), afirma que em decorrência dohipoestrogenismo a mulher climatérica apresenta redução naluz do vaso como conseqüência da formação da placa dearteroma que ocorre devido as alterações do metabolismo doslipídios, lipoproteínas, carboidratos, insulina, do sistemahomeostático, obesidade e da pressão arterial. Também aclimatérica poderá apresentar alteração na vasoatividade arte-rial (vasoespasmo) decorrentes de modificações no bloqueiodos canais de cálcio, alterações nos peptídeos vasomotores, nasprostaglandinas, no metabolismo do tecido conjuntivo, além daausência da ação direta do estrogênio sobre os receptores doendotélio. Assim, tanto a redução da luz do vaso como altera-ções na vasoatividade arterial irão determinar redução do fluxosanguíneo tecidual.

O estrogênio endógeno aparentemente exerce um efeitoprotetivo no sistema vascular. Dados da American HeartAssociation (2005) indicam que a prevalência de problemascardiovasculares em homens com idade variando entre 45 e 64anos é superior a de mulheres na mesma faixa etária. Após amenopausa, observa-se que a prevalência entre os sexos é bas-tante similar, chegando a ser superior entre mulheres em idadesmais avançadas, 95% das complicações cardiovasculares sur-gem nas mulheres que já atingiram a menopausa .

O estrogênio exerce efeito vasodilatador sobre o sistemacardiovascular, além de promover maior rendimento cardíaco,diminuição da resistência vascular e maior fluxocerebrovascular. O mecanismo exato da ação estrogênica so-bre os vasos ainda é desconhecido, acredita-se que este hormôniopossa estar relacionado com a síntese do óxido nítrico e deprostaglandinas vasodilatadoras pelo endotélio, além de atua-rem sobre os canais de cálcio nas células musculares lisas daparede vascular (TOSTES et al, 2003).

Até o período da menopausa, as mulheres se beneficiamde uma relativa “imunidade” a tais patologias em relação aoshomens. Após a menopausa, ocorrem modificações metabóli-cas e, em geral, há aumento da pressão arterial, intensificando aarterogenicidade . A mulher antes da menopausa apresenta ní-veis pressóricos menores do que os homens de mesma idade,porém, após a menopausa, os níveis de pressão sistólica ediastólica feminina ultrapassam os dos homens de mesma faixaetária, portanto, o hipoestrogenismo do período pós-menopau-sa causa tendência ao aumento de pressão sangüínea e,consequentemente, aumenta o risco de doença cardiovascular (MARINHO, 1997).

Sob este aspecto é importante ressaltar que a principal

causa de doença na mulher pós-menopausática é a doençaarterosclerótica, podendo causar doença coronariana isquêmicaou acidente vascular cerebral. Em países desenvolvidos, as do-enças cardiovasculares (principalmente isquemia do miocárdio)representam a primeira causa de mortalidade masculina e a se-gunda entre o sexo feminino (FREITAS;SILVA; SILVA, 2004).

Pele e anexos cutâneos

Com relação as alterações da pele e anexos cutâneos ,Guyton e Hall (2002) afirmam que os estrogênios atuam na suatextura, deixando-a mais lisa e macia e atuam no conteúdo decolágeno da pele; com a redução estrogênica, reduzindo tam-bém colágeno, resultará numa pele mais delgada e menos elás-tica além de que os receptores de estrogênios foram encontra-dos nas glândulas sebáceas, o que pode ser responsável pelasua secura.

Flores (2002) esclarece que além das alterações já men-cionadas, há estreitamento das arteríolas cutâneas, interferindocom a nutrição tissular e com o metabolismo do tecido conjun-tivo elástico dos vasos, do tecido adiposo e músculos. Assim, ocoxim cutâneo dissolve-se e a pele perde o apoio aparecendorugas e sulcos em todas as direções: horizontais no nariz; pre-gas nas pálpebras e canto externo dos olhos, de onde se espa-lham rugas oblíquas verticais na glabela, no lábio superior e nafrente da orelha, além de uma ruga oblíqua importante no sulconasolabial.

Com a idade, há uma progressiva redução do número demelanócitos dopa-positivos da pele com conseqüente formaçãode manchas hipocrômicas. Há também formação de sardas (pe-quenas manchas pigmentadas, castanhas) que surgem no rostoe no corpo de certas pessoas, sobretudo nas de pele muito clara,devido ao aumento da deposição de melanina. Surgem tambémmelanoses (pigmentos pretos pelo depósito abundante demelanina). Estas alterações ocorrem em 50% dos indivíduosacima de 45 anos, devido à hiperplasia localizada de melanócitosda junção dermoepidérrnica ((POLDEN;MANTLE, 2000).

As alterações mais freqüentemente observadas nos cabe-los, no climatério, são o embranquecimento e a queda. Oembranquecimento inicia-se nas têmporas, em faixa etária quedepende de raça e hereditariedade, disseminando-se, gradual-mente, pelo couro cabeludo. O cabelo branco, por si só, nãopode ser considerado como uma expressão de pré-senescência,podendo estar presente até em indivíduos de pouca idade. Aqueda de cabelo se processa de maneira difusa, há uma mudan-ça gradual na espessura dos cabelos do occipto para o ápice.Geralmente, essa diminuição de cabelos é imperceptível cos-meticamente, mas torna-se evidente na senilidade (SOUZA,2002).

Fogachos Vasomotores

No que se refere às ondas de calor e suores noturnosPolden e Mantle (2000) deixam claro que estes ocorrem de re-pente, em geral na parte superior do tórax, pescoço e rosto, emgeral sem motivo embora às vezes, sejam desencadeados poruma situação estressante, uma bebida quente ou alimento muitocondimentado e quente. Podem haver palpitações, com taxa depulsação elevada. As mulheres podem despertar à noite banha-das em suor. Esses sintomas parecem relacionados com baixosteores de estrógenos no sangue, e podem também ser devido aelevações temporárias de FSH e LH.

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Schiff (1989) relata que esses sintomas são incontestá-veis e proeminentes nesse período da mulher; cerca de 60 a70% delas apresentam de forma irregular e sem ritmo, perdu-rando por um ou dois anos e gradativamente desaparecem, em-bora cerca de 25% podem permanecer por mais de cincoanos.Caracteriza-se por uma hiperemia de face e elevação datemperatura corporal, quando ocorre à noite leva sensação decansaço durante o dia, degradando a qualidade de vida da mu-lher climatérica.

O fogacho caracteriza-se por um avermelhamento da facee pela elevação da temperatura corporal. A mulher que apresen-ta o sintoma tem a sensação de duração de poucos minutos, masa monitoração da temperatura da pele do metacarpo indica quea temperatura permanece elevado de 20 a 30 min. Quando atemperatura cai, a mulher pode sofrer um episódio de exsudaçãocom temperatura corpórea baixa. A recidiva desses sintomasconstituem a síndrome completa do fogacho vasomotor.

A instabilidade vasomotora que produz as ondas de caloré indubitavelmente devida a um distúrbio ou desequilíbrio dosistema nervoso autônomo que o estrogênio exerce uma açãoprotetora sobre os vasos sanguíneos subcutâneos. Quando seremove este amortecedor, a resposta a qualquer estímulo, comoo calor, a emoção, confusão ou exercício produz uma rápidareação que desencadeia o fogacho (NOVAK; JONES;JONES,1974).

Osteoporose

Conforme Guyton e Hall (2002), o déficit de estrogêniocausa redução da atividade osteoblástica nos ossos, deficiênciada matriz óssea e deposição diminuída de cálcio e fosfato nosossos. Esse conjunto de fatores pode resultar em osteoporose,com aparecimento de fraturas ósseas graves,caracterizada pela redução da massa óssea e pela tendência afraturas secundárias e traumatismos pouco intensos, frequente-mente observada em mulheres pós-menopáusicas.

A deficiência estrogênica aumenta a remodelação óssea,porém ocorrendo aumento maior na reabsorção do que na for-mação, havendo perda de massa óssea. Esta osteoporose, cha-mada tipo I, estrogênio-dependente difere da osteoporose senilque acomete homens e mulheres igualmente. Os locais maisacometidos por fraturas são: coluna lombar, colo do fêmur erádio distal, gerando dor, redução na altura e deformidade nacoluna vertebral. Assim, pode ser calculado que após a meno-pausa, as mulheres em média podem perder mais de 20% desua massa óssea por volta dos 70 anos de idade. Perde-se o ossocortical e o trabecular (POLDEN;MANTLE, 2000).

Segundo Marinho (1997), há receptores nos osteoblastospara os estrogênios, podendo assim, atuarem no osso direta-mente, ou indiretamente através do aumento da eficácia na ab-sorção de cálcio, alterações em citoquinas, vitamina D,paratormônio, calcitonina e fatores de crescimento.

Polden e Mantle (2000) defende que 50% das mulherespós-menopáusicas correm risco de apresentar uma osteoporosede importância clínica. Não somente pelo conteúdo mineral doosso, mas também pelo colágeno que é perdido. Afirma aindaque há uma maior prevalência de osteoporose entre as mulhe-res pequenas, talvez devido aos andrógenos produzidos pelasglândulas adrenais serem convertidos a estrógenos no tecidogorduroso. Supondo-se assim que a obesidade possa dar algu-ma proteção contra a osteoporose auxiliando na produção de

estrógeno, e pelo efeito estressante do maior peso no esqueleto.

Alterações na gordura corporal

O estrogênio promove e mantém a distribuição ginecóideda gordura corporal no período pós-puberal. Com a deficiênciaestrogênica ocorre redistribuição da gordura corporal com au-mento da deposição da mesma na área visceral, caracterizandoa distribuição andróide. Esta se caracteriza pelo aumento darelação cintura-quadril que parece relacionar-se a uma maiormorbimortalidade cardiovascular, diabetes e a hiperinsulinemia(LEY;LEES;STEVENSON, 1992).

No metabolismo da glicose

A deficiência estrogênica promove redução na produçãode insulina pelo pâncreas, além de provocar maior resistênciaperiférica à sua ação. A hiperglicemia resultante pode causardano ao endotélio vascular. A resistência insulínica, associada ahiperinsulinemia, parece ser o distúrbio metabólico piloto napatogênese da doença cardiovascular(GASPARD;GOTTAL;DBFA, 1995).

Na coagulação e fibrinólise

Sabe-se que o aumento dos níveis do fator VII e dofibrinogênio é fator de risco para a doença cardiovascular. Amenopausa parece ser responsável por uma aumento de 6% nosníveis do fator VII e por 10% nos níveis de fibrinogênio. Poucose sabe a respeito dos efeitos da menopausa sobre a funçãoplaquetária; há, no entanto, relatos que o estrogênio exógenodiminui a agregação plaquetária e a liberação de adenosinatrifosfato. A complexa relação entre o estrogênio e a coagula-ção não está completamente elucidada; pelo contrário, compli-ca-se pela emergente evidência de uma correlação positiva en-tre a administração exógena de estrogênio no climatério etromboembolismo venoso (BARRET, 1998; MEADE, 1983)).

Tratamento Fisioterapêutico

O fisioterapeuta como conhecedor do declínio das capa-cidades funcionais tais como capacidade respiratória, massamuscular, massa óssea e velocidade de condução nervosa, é in-dispensável que ele seja um agente incentivador à prática deexercício como ato preventivo, e não apenas curativo, já queapresar dessas alterações, o corpo apresenta uma boaplasticidade com relação às atividades físicas específicas. Sen-do assim, a fisioterapia tem como objetivo geral promover umaboa atividade física e ajudar a mulher a ajustar-se as mudançasdeste período, tornando-os mais esclarecidas, preparadas e sau-dáveis (CAMARGO, 1999).

Martins (2005) afirma que a prática regular de atividadefísica tem seus benefícios já bem comprovados em ambos ossexos, porém no sexo feminino deve-se levar em consideraçãoos hormônios, as respostas e as adaptações ao exercício e aincidência de certas patologias, como a doença arterialcoronariana. O exercício físico regular, realizado de maneiracorreta e associado a ingesta alimentar adequada, não interferena função hormonal, se constituindo num importante instrumentopara ganho de massa óssea, capaz de fazer, a partir da adoles-cência, a prevenção primária da osteoporose pós-menopáusica,com inclusive alívio dos sintomas pré-menstruais.

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Para Souza (2002) a prática de exercícios físicos favore-ce o controle ponderal, reduz o estresse cardiovascular, melho-ra o metabolismo da glicose, prevenindo a diabetes, reduz ocolesterol total e aumenta a massa óssea, evitando fraturas e ainstalação da osteoporose. Sob o aspecto emocional, essa práti-ca pode melhorar a imagem corporal e aumentar a liberação deendorfinas no sangue.

Segundo Polden e Mantle (2000) a atividade física podeser um grande benefício na menopausa por apresentar diversosfatores positivos, entre eles: melhoram a função pulmonar, au-mentam a disposição; favorecem a circulação sanguínea; dimi-nuem o estresse, a ansiedade e a depressão; melhoram a circu-lação cardíaca; reduzem a pressão arterial em hipertensos; faci-litam o metabolismo de açucares e gorduras; diminuem as do-res na coluna; reduzem as taxas de LDL (mau colesterol); dimi-nuem a prisão de ventre; estimulam a produção do HDL (bomcolesterol); liberam a beta endorfina; ajudam na perda de peso;aumentam o condicionamento físico; retardam o processo deenvelhecimento.

Dessa forma, os exercícios aplicados durante esta fasedevem ser praticados regularmente de forma leve e moderadovisando combater doenças cardiovasculares (devido o aumentodo nível de colesterol HDL, responsável por proteger ascoronarianas); o diabetes (através da melhora do metabolismoda glicose); a instalação da osteoporose (através do aumento damassa óssea); as algias vertebrais; a obesidade; a hipertensãoarterial; a ansiedade e a depressão. Podendo melhorar ainda aflexibilidade, a resistência, o tônus muscular, a postura e a auto-estima, sem contar que os exercícios físicos ajudam também nasíntese de mais hormônios a trazerem enormes benefícios à saúde(SCHIFF, 1989).

Há uma evidente associação de atividades físicas com aredução do risco de doença cardíaca (coronariana). O exercíciofísico atua elevando os níveis de colesterol de alta densidade(HDL), que tem efeito protetor. E, também, na melhora das con-dições circulatórias, observando-se evidente melhora do desem-penho nas testes de esteira e efeitos positivos no tratamento dahipertensão arterial (SOUZA, 2002).

O exercício físico assume-se particularmente relevantena transição da menopausa, na medida em que proporciona umasensação de força e controle numa altura da vida em que a mu-lher pode sentir o seu corpo como escapando ao seu controle,por exemplo quando sentem as alterações fisiológicas na me-nopausa. É consensual que o exercício físico acarreta benefíci-os psicológicos. Por um lado, aumenta a resistência ao estressee a distração de pensamento ou fontes de estresse na medida emque alivia as tensões acumuladas; por outro lado, aumenta aauto-estima, o controle e a satisfação com o corpo.

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Equoterapia: Tratamento Especializado para Pacientes com LesãoMedular

Riding Therapy: Especial Treatment for Patientes with Spinal Injures

ResumoA lesão medular é uma condição catastrófica que, depen-

dendo de sua gravidade, pode causar alterações dramáticas navida da vítima. O efeito da lesão tem impacto não somente navida do paciente e de sua família, mas também em toda a soci-edade. Os pacientes portadores de lesão medular podem se be-neficiar de terapias alternativas como a equoterapia. Ela pro-porciona ganhos sensório-motores através dos movimentostridimensionais e das inflexões laterais que potencializam acircuitaria sináptica evocando a modulação de tônus muscular,ajustes posturais, coordenação motora, equilíbrio, força mus-cular e dissociação de cinturas. Uma vez que esses pacientesnecessitam de reabilitação por um longo tempo, a equoterapiapode auxiliar na melhora da funcionalidade desses pacientes.Dois pacientes com diagnóstico de lesão medular nível C5 –C6 foram submetidos ao tratamento no Parque de ExposiçãoJoão Bernardo Pinto Sobrinho, em São Sebastião do Paraíso,Minas Gerais, com uma sessão semanal, de 30 minutos, duran-te seis meses. Foram realizadas avaliação das atividades funci-onais estáticas e dinâmicas, avaliação do tono muscular e o Ín-dice de Barthel. Houve melhora do controle proximal e distaldos membros inferiores principalmente nas posturas dequadrupedia e sedestação. Isso foi alcançado através do ganhode equilíbrio e ajustes posturais que culminou na melhora dasatividades de vida diária. Evidências demonstram que aequoterapia auxilia nas aquisições de padrões motores, propor-cionando-lhe funcionalidade e ampliando sua socialização.

Palavras-chave:Equaterapia; biopsicossocial; cavalo; lesão medular; interação.

AbstractThe injury to medular is a catastrophic condition that,

depending on its gravity, can cause dramatical alterations in thelife of the victim. The effect of the injury not only has impactin the life of the patient and its family, but also in all the society.The carrying patients of injury to medular can benefit themselvesof alternative therapies as the equoterapia. It provides to profitssensório-engines through the three-dimensional movements andof the lateral inflections that potencializam would circuitaria itsináptica evoking the muscular modulation of tônus, posturaisadjustments, motor coordination, balance, muscular force anddissociação of waists. A time that these patients needwhitewashing for a long time, the equoterapia can assist in theimprovement of the functionality of these patients. Two patientswith injury diagnosis to medular C5 level - C6 Young chickenhad been submitted to the treatment in the Park of ExpositionBernardine João Nephew, in Is Sebastião of the Paradise, Mi-nas Gerais, with a weekly session, of 30 minutes, during sixmonths. Evaluation of the static and dynamic functionalactivities, evaluation of tono muscular and the Index of Barthelhad been carried through. It mainly had improvement of theproximal and distal control of the inferior members in thepositions of quadrupedia and sedestação. This was reachedthrough the profit of balance and posturais adjustments thatculminated in the improvement of the activities of daily life.Evidences demonstrate that the equoterapia assists in theacquisitions of motor standards, providing functionality to itand extending its socialization.

Key words:Equaterapia; biopsicossocial; horse; injury to medular;interaction.

1. Fisioterapeuta graduada pela UFSCar e com pós-graduação em FisioterapiaNeurológica pela UNIFRAN. 56º Curso Básico de Equaterapia e 5º Curso Avançado deEquaterapia pela ANDE-BRASIL. 1º Curso de Equitação especial para o 4º Programa deequaterapia e Hipismo Paraolímpico. I Curso Nacional para Atletas e Treinadores deAdestramento Paraolímpico. Classificadora Nacional de Hipismo Paraolímpico.

Jerusa Colombaroli de Souza1

IntroduçãoA lesão da medula espinhal é uma das mais devastadoras

síndromes incapacitantes que acometem o ser humano, poisestabelece alterações e disfunção na condução nervosa das in-formações sensoriais e motoras, trazendo como conseqüência:paralisia dos segmentos e déficit sensorial superficial e profun-do abaixo do nível lesionado, disfunções vasomotoras e altera-ções autonômicas, alterações esfincterianas com deficiência paraesvaziamento vesical e intestinal e disfunção sexual [1].

Os efeitos da lesão têm impacto não somente na vida dopaciente e de sua família, mas também em toda a sociedade.

Ela tem sido identificada como uma incapacitação de baixaincidência e alto custo, que exige diversas alterações na quali-dade de vida do paciente [2].

As Lesões medulares podem ser grosseiramente dividi-das em 2 categorias etiológicas: lesões traumáticas e não-trau-máticas. Os traumas são de longe a causa mais freqüente delesão em populações de reabilitação de adultos. A incidênciadas lesões traumáticas é mais elevada, sendo que a lesão é cau-

Recebido: maio de 2009Aceito: setembro de 2009Autor para correspondência: Jerusa Colombaroli de SouzaE-mail: [email protected]

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sada por um evento traumático como acidente automobilístico,queda de alturas, mergulhos em locais rasos, por ferimentoscom armas brancas, por ferimentos com armas de fogo (projé-til), etc [3].

Estatísticas indicam que os acidentes envolvendo veí-culos automotivos são a causa mais freqüente de LM trau-mática (36,6%), seguidos por atos de violência (27,9%),quedas (21,4%), lesões em esportes recreativos (6,5%) eoutros traumas (7,6%) [4].

A lesão medular geralmente ocorre em pessoas ativas,independentes, que em um determinado momento têm con-trole sobre suas vidas e no momento seguinte estão paralisa-das, com perda de sensibilidade e das funções corporais edependentes de outros para suas necessidades mais básicas[5]. Diante desta realidade, é de extrema importância que osportadores de lesão medular estejam engajados em progra-mas de reabilitação física, com objetivos de resgatar os mo-vimentos perdidos e adquirir a independência em suas ativi-dades de vida diária (AVD’s), sendo a Equoterapia um trata-mento global e de ótima indicação para tais casos.

A lesão medular pode ocorrer em diversas alturas e for-mas, por diversas causas. Conforme a altura na medula e gra-vidade da lesão, há mais ou menos comprometimentos dosmovimentos, sensibilidade, controles de esfíncteres, funcio-namento dos órgãos, circulação sanguínea e controle de tem-peratura, pois, além da lesão na medula espinhal, pode ocor-rer também uma lesão no sistema nervoso autônomo ou alte-rações no mesmo, devido a lesão causada na medula espi-nhal. Tal lesão ocorre devido a morte dos neurônios da me-dula e a quebra de comunicação entre axônios oriundos docérebro e suas conexões com os neurônios da medula, inter-rompendo assim, a comunicação entre o cérebro e todas aspartes do corpo que ficam abaixo da lesão [6].

As LM são normalmente divididas em duas categoriasfuncionais amplas: tetraplegia e paraplegia. Tetraplegia re-fere-se à paralisia parcial ou total dos quatro membros e tron-co, incluindo músculos respiratórios, e resulta de lesões damedula cervical. Paraplegia refere-se à paralisia parcial outotal de parte ou ambos os membros inferiores e do tronco,resultando de lesões da medula espinhal torácica, lombar oudas raízes sacrais [7].

Tendo em vista todas as alterações acima citadas, oca-sionadas pela lesão medular, este trabalho visa elucidar asmelhoras e os benefícios oferecidos pelo tratamentoequoterápico, sendo este um método recente, tanto na partemotora como nas AVD’s dos portadores de lesão medular.

A Equoterapia é a única terapia que trabalha o indiví-duo como um todo, ou seja, em sua forma biopsicossocial.Ela apresenta características únicas. Trata-se de uma terapiaque utiliza o cavalo como instrumento reabilitador. Cada in-divíduo é visto como uma pessoa especial, que sente, pensa,deseja, realiza e aprende. Se caso não lhe é permitido agircom uma boa desenvoltura motora, são criados mecanismospara vencer as suas dificuldades [8].

O atendimento terapêutico dos pacientes portadores delesão medular proporciona um aprendizado e uma experiên-cia enriquecedores. A Equoterapia é uma ótima proposta detratamento para os portadores de lesão medular, pois ela be-neficia pacientes que apresentam lesões em seu sistema ner-voso em desenvolvimento ou já maduro. Dito de outra for-ma, ela beneficia pessoas carentes de “um braço que as em-purre” rumo ao desenvolvimento natural. Ou, num sentido

nada figurado, de quatro patas que, através do seu movimen-to cinesioterapêutico, transmita cerca de 1.800 a 2.000 estí-mulos ao corpo dessa pessoa, que está inserida num ambien-te simbolicamente preparado para a valorização das suaspotencialidades [9].

Ela também propõe às pessoas, novas experiências esituações ricas em desafios que venham a contribuir para odesenvolvimento e o aprimoramento de suas potencialidades.Facilita a organização do esquema corporal e aquisição dasestruturas têmporo-espaciais; estimula a aprendizagem,memorização e concentração, trabalha a cooperação, socia-lização e espírito de grupo; regula o tônus muscular, além deestimular o equilíbrio e a boa postura, aumentando tambéma autoconfiança e o autocontrole [10, 11, 12].

Na Equoterapia, faz-se necessária a participação do cor-po como um todo, contribuindo para o desenvolvimento dotônus e da força muscular, relaxamento, conscientização cor-poral, equilíbrio, aperfeiçoamento da coordenação motora,orientação espacial e temporal, melhora a atenção, raciocí-nio, memória, percepção visual, auditiva e tátil, auto-estimae autoconfiança, bem como a interação do praticante (paci-ente) com o meio ambiente, favorecendo e estimulando a so-cialização [13, 14]. Todos estes aspectos justificam que aEquoterapia é um programa de reabilitação motora impor-tante para os portadores de lesão medular, atuando em suasnovas condições físicas e psicológicas.

Os benefícios que o cavalo proporciona ao ser humanosão ressaltados desde o tempo de Hipócrates que destacou aação da equitação como elemento regenerador da saúde. Ocavalo é o elemento terapêutico que proporciona ganho di-ferenciado para o praticante, pela afetividade, pelo movi-mento tridimensional, pelo contexto do ambiente e pelainterdisciplinaridade [15]. Neste método, ele entra como umagente facilitador, proporcionando aos praticantes ganhos fí-sicos e psicológicos, exigindo um trabalho muscular inten-so. Durante a sessão, o praticante recebe várias informaçõesproprioceptivas que provém das articulações, músculos, ten-dões, com abordagens diversas das terapias convencionais[16, 17,18, 19].

Metodologia

Sujeitos

Foram avaliados dois pacientes com diagnóstico de le-são medular incompleta, nível C5-C6, sendo um paciente dosexo feminino, J.R.M., 17 anos, e o outro do sexo masculino,C.B.P., 29 anos. Ambos vítimas de acidente automobilístico.

Material

Foram selecionados dois cavalos específicos, e com seusrespectivos encilhamentos, sendo a sua principal característi-ca a docilidade.

O protocolo utilizado para a avaliação do tônus muscu-lar foi a Escala de Ashworth Modificada [20], a avaliação dasatividades funcionais estáticas (sedestação, quadrupedia, ajo-elhado, semi-ajoelhado e bipedestação) que variam de zero anove e baseia-se nos critérios de adoção ou não da posturaexaminada e as atividades dinâmicas [21, 22] e o Índice deBarthel para avaliar as AVD’s [23]; avaliação fotográfica uti-

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lizando máquina digital Samsung, modelo Digimax 300, 3.2megapixels. Estes critérios de avaliação foram adotados emfunção das maiores dificuldades encontradas pelo portador delesão medular: a espasticidade e a perda de movimentos ati-vos que refletem nas atividades de vida diárias.

Situação

As sessões de Equoterapia foram realizadas no Parque deExposição João Bernardes Pinto Sobrinho, EXPAR, em SãoSebastião do Paraíso - MG. Os pacientes foram atendidos emterrenos regulares (gramado central do Parque), percorrendosempre o mesmo trajeto, e utilizando o mesmo cavalo e o mes-mo encilhamento escolhido para cada um.

Procedimento

Os pacientes foram selecionados pelo tipo e local dalesão medular. Previamente, foram esclarecidos sobre o es-tudo em questão e assinaram o Termo de Consentimento Li-vre Esclarecido, aceitando participar deste estudo.

Eles foram avaliados previamente com as escalas deAsworth Modificada (para avaliar a espasticidade, sendo queesta interfere consideravelmente na aquisição motora e narealização das AVD’s), escalas de atividades funcionais es-táticas e dinâmicas e índice de Barthel. Eles foram tratadospor um período de seis meses, totalizando 26 sessões, sendoestas realizadas semanalmente e com duração de 30 minu-tos. Um protocolo de exercícios foi estabelecido e seguidoneste período de tratamento. Os pacientes deste estudo fo-ram reavaliados no término das 26 sessões programadas. Osprotocolos utilizados na reavaliação foram os mesmos utili-zados na avaliação inicial.

A andadura escolhida foi o passo, sendo que as suasdesestabilizações e o seu movimento tridimensional são im-portantes para se obter os ajustes posturais e tônicos essen-ciais para as novas aquisições motoras. Os cavalos foramencilhados com sela e os pacientes usaram estribos em todasas sessões de tratamento.

Protocolo de exercícios

Foram realizados, em todas as sessões, treino de equi-líbrio com o cavalo parado e em movimento, e sem apoio naalça da sela (mãos na crina, na garupa, no capacete), associ-ando as estes treinos de dissociação das cinturas escapular epélvica; também foram realizados exercícios gerais de coor-denação motora para os membros superiores, estando o ca-valo, ora parado, ora ao passo; realizaram exercícios para amusculatura abdominal e paravertebral, com o cavalo para-do. E nos 5 minutos finais de cada sessão, foram realizadosexercícios de alongamento e relaxamento.

ResultadosAs tabelas abaixo tiveram como objetivo quantificar o

grau de tônus muscular encontrado, assim como a evoluçãodas atividades funcionais estáticas e dinâmicas e as AVD’s.

Escala de Ashworth Modificada

Tabela 1: Escala de Avaliação do tônus Muscular.

Escala das Atividades Funcionais Estáticas

Tabela 2: Escala de avaliação das atividades funcionais estáti-cas.

Escala de Avaliação das Atividades FuncionaisDinâmicas

Tabela 3: Escala de avaliação das atividades funcionais dinâ-micas.

Índice de Barthel

Tabela 4: Índice de Barthel para avaliação das AVD’s.

Avaliação Fotográfica:

Praticante I: J.R.M.

Praticante II: C.B.P.

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DiscussãoOs resultados obtidos neste estudo são de grande relevância,

considerando-se a dificuldade em realizar estudos em grupos deindivíduos com disfunção neurológica, pois a constituição de umgrupo homogêneo depende de vários fatores como: local de lesão,quadro motor, faixa etária, entre outros aspectos importantes.

Existem poucos estudos realizados sobre os benefícios daEquoterapia para os portadores de lesão medular.

As dificuldades nas aquisições, em decorrência da lesão,podem ser amenizadas, pois o SN, mesmo lesado, é uma estruturaplástica e responsiva à estimulação ambiental. Portanto, devemosbuscar a estimulação apropriada para melhor proporcionar a reor-ganização deste sistema. Segundo EDWARDS (1999), consi-dera-se que após uma lesão do sistema nervoso central, pode ocor-rer um movimento desordenado ou um repertório de movimentoslimitados, produzindo um input sensorial anormal para o SNC eoriginando uma resposta compensatória[24]. E, segundo FONSE-CA (2004), “andar a cavalo” proporciona ao indivíduo com defici-ência, uma experiência sensorial e motora normal, que contribuipara o desenvolvimento, manutenção e reabilitação das capacida-des físicas e traz ainda benefícios no nível físico, psicológico esocial. Para este autor, a utilização de atividades em cima do cava-lo proporciona um ambiente controlado de input sensorial, que irádesencadear respostas adaptativas apropriadas para os praticantes.Os movimentos da cintura pélvica induzem vibrações nas regiõesosteoarticulares, que através dos nervos periféricos e medula, che-gam ao cérebro [25].

A evolução dos praticantes, ao longo dos 6 meses de trata-mento equoterápico, pode ser observada nas tabela 1, 2, 3 e 4 quecontêm dados de tono muscular, atividades funcionais estáticas edinâmicas, e realização das AVD’s (atividades da vida diária), res-pectivamente.

A hipertonia foi quantificada e os dados podem ser observa-dos na tabela 1, onde se verifica que os membros inferiores apre-sentavam maior acometimento que os membros superiores emambos os pacientes; e a melhora foi observada em todos os seg-mentos avaliados. Em um outro trabalho, FONSECA (2004) afir-ma que o calor e a adaptação do cavaleiro ao ritmo do cavalo exigecontração e descontração simultânea dos músculos agonistas e an-tagonistas, promovendo o relaxamento, e também podem ajudar areduzir a espasticidade muscular, principalmente dos membros in-feriores [25].

As atividades funcionais estáticas e dinâmicas também fo-ram quantificadas como pode observar nas tabela 2 e 3, respectiva-mente.

Ao avaliar a escala de atividades funcionais estáticas da pra-ticante I, observa-se que ela já se encontrava em um bom estágiode recuperação e a Equoterapia acrescentou ganhos à sua reabilita-ção. Nas posições de decúbitos, não houve grandes ganhos, poisela já estava com grau 9, realizando sem auxílio, mantendo semapoio e realizando atividades na postura mantendo o alinhamento.Somente no decúbito lateral esquerdo que apresentava grau 8 naavaliação inicial, ou seja, realizando sem auxílio, mantendo semapoio e com alinhamento, mas sem realizar atividades na postura,e evoluiu para grau 9.

A sedestação e a quadrupedia evoluíram de grau 7 para 9,significando que a praticante obteve melhora nas posturas, poispassou a realizá-las sem auxílio, sem apoio e realizando atividadesna postura mantendo o alinhamento.

Na postura ajoelhada não houve ganhos, afinal, a praticantejá realizava sem auxílio, mantendo sem apoio e realizando ativida-

des na postura mantendo o alinhamento desde da avaliação inicial.Nas posturas semi-ajoelhada e bipedestação, a praticante evo-

luiu do grau 3 para 4, indicando que ela passou a realizá-las comauxílio, mantendo sem apoio e com alinhamento. Isto evidencia gan-ho de força muscular, equilíbrio e coordenação motora.

Ao avaliar a escala de atividades funcionais estáticas do prati-cante II, verifica-se que nas posturas de decúbito ventral, decúbitolateral direito e decúbito lateral esquerdo evoluíram do grau 7 para8, significando que o praticante passou a realizá-las sem auxílio,mantendo sem apoio e com alinhamento.

Na sedestação houve melhora do grau 4 para 8, também rea-lizando sem auxílio, mantendo sem apoio e com alinhamento.

Na quadrupedia evoluiu de grau 3 para 7, ou seja, o praticantepassou a realizar a postura sem auxílio, mantendo sem apoio, massem alinhamento.

Nas posturas de ajoelhado e bipedestação, que o praticantenão realizava na avaliação inicial, na avaliação final evoluíram degrau 0 para 2, realizando com auxílio, mantendo com apoio e comalinhamento.

Na postura semi-ajoelhada, que não era realizada na avalia-ção inicial, grau 0, evoluiu para grau 1, significando que o praticantepassou a realizá-la com auxílio, mantendo com apoio, mas sem ali-nhamento.

Os avanços relatados nos dois praticantes em relação às ativi-dades funcionais estáticas evidenciam o ganho de força muscular,equilíbrio e coordenação motora, havendo ganhos no aprendizadomotor dos mesmos. DEBUSE et al. (2006), enfatiza que nenhumoutro meio terapêutico, além do cavalo, pode oferecer tantas oportu-nidades para o aprendizado motor como a Equoterapia [26]. BENDAet al. (2003) afirma que a Equoterapia não só promove estimulaçãofísica, cognitiva, emocional e social, como também desenvolve ca-pacidades não aprendidas através do tratamento convencional [27].

Em relação às atividades funcionais dinâmicas, especificamen-te a marcha, não houve ganhos quanti-qualitativos em ambos os pra-ticantes. A praticante I manteve seu padrão “alterado”, relatando maisagilidade e menos esforços para realizá-la. O praticante II, que nãorealizava a marcha, permaneceu na cadeira de rodas, mas adquiriucondições para iniciar o treino de marcha com uso de órteses. Se-gundo TEIXEIRA (2001), os movimentos e respostas equilibratóriasque o cavaleiro deverá executar para manter-se sobre o cavalo são osmesmos necessários para a marcha humana [28], justificando os dadosobtidos após as 26 sessões de tratamento equoterápico com portado-res de lesão medular.

Ao avaliar o Índice de Barthel, verificou-se que ambos ospraticantes obtiveram ganhos nas suas AVD’s. A praticante I evoluiuda nota 90 para 100, e o praticante II evoluiu da nota 75 para 85.Mostrando como a Equoterapia pode auxiliá-los na melhor execu-ção de suas atividades da vida diária. ARTUSO (2000) relata queum dos principais alvos da Equoterapia é transferir a melhora dasfunções comprometidas ao cotidiano do paciente, para atingir umamaior independência nas atividades comuns e relacionais [29].

A melhora adquirida com a Equoterapia também foi visívelno modo de montar dos dois praticantes. A praticante I montava comboa postura e alinhamento corporal, mas não conseguia realizar to-dos os exercícios necessários, necessitando de apoio para realiza-los. Após o período do estudo, 26 sessões, ela não mais necessitavade apoio da teraputa e adquiriu total independência sobre o cavalo.Já o praticante II, apresentava má postura ao montar (postura cifótica),cansaço físico intenso durante a execução dos exercícios e necessita-va de apoio constante na sela e da terapeuta; poucos exercícios eramrealizados com o cavalo ao passo e mesmo com ele parado. Notérmino dos 6 meses, sua postura melhorou e ele conseguiu realizar

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os exercícios propostos com mais facilidade, estando o cavalo paradoe em movimento.

Assim, por todos os dados obtidos, evidenciamos que aEquoterapia, como tratamento especializado, é benéfico para os paci-entes que sofreram injúria no Sistema Nervoso Central.

Podemos comprovar com este estudo, que a Equoterapiaincrementou o controle motor nas atividades funcionais estáticas e nasdinâmicas e os ganhos foram acompanhados de modulação do tonomuscular, melhora de força, coordenação motora e precisão nos movi-mentos voluntários. Assim, é possível afirmar que estes progressosforam obtidos através dos movimentos tridimensionais e das inflexõeslaterais provocadas pelo cavalo que potencializou a circuitaria sinápticaenvolvida na motricidade voluntária, evocando maior controle motor.

Pela avaliação fotográfica, nota-se grande diferença na posturaao montar dos dois praticantes. Ambos, na avaliação inicial (figura 1 e3), necessitavam de apoio da terapeuta para executar os exercíciospropostos e apresentavam postura incorreta, desequilíbrio eincoordenação motora. Já na avaliação final (figura 2 e 4), ambosmelhoraram a postura e não necessitavam de apoio constante daterapeuta para realizar os exercícios.

ConclusãoOs resultados obtidos neste estudo puderam ser visualizados de

forma mais padrônica através da utilização dos protocolos para avali-ação de tono muscular, de atividades funcionais estáticas e dinâmicase pelo índice de Barthel, avaliando a realização das atividades da vidadiária.

Assim, podemos concluir que a Equoterapia é uma propostaalternativa eficaz, uma vez que auxilia na aquisição de padrões essen-ciais do desenvolvimento motor, preparando o paciente para uma ati-vidade motora subseqüente mais complexa, ampliando a sua sociali-zação, dando condições para que possam desenvolver simultaneamenteoutras habilidades que estão internamente relacionadas com o desen-volvimento da capacidade motora global. Concluímos também, que aEquoterapia, como uma terapia não-convencional, vem proporcionandoinúmeros benefícios aos seus praticantes, e em especial, neste estudo,aos portadores de lesão medular.

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Bioética na Saúde Pública e na Produção de Alimentos Funcionaise Medicamentos

Bioethics in the Public Health and in Manipulation of Food and Medicines

ResumoO presente artigo tem como objetivo promover uma re-

flexão sobre a bioética na saúde individual e coletiva principal-mente em relação à elaboração e prescrição de medicamentos.As alterações sofridas na lei no decorrer da história, na saúdeindividual e coletiva, alteraram todo o processo em relação àspráticas na orientação, prescrição, trabalho e atendimento aoindivíduo. A metodologia utilizada no presente trabalho foi àrevisão bibliográfica nas temáticas da saúde pública e privadabem como trabalhos técnicos de Alopatia e Homeopatia. Con-clui-se no artigo que as práticas dos profissionais da área dasaúde devem ser cada vez mais voltadas ao bem-estar do indi-víduo e da coletividade. No entanto, o cenário muitas vezes écontrário ao pré-suposto ético.

Palavras-chave:Bioética; Alimento Funcional; Farmácia de Manipulação; Er-ros de Medicação e Publicidade.

AbstractThe aim of this article is to promote a debate on bioethics

in individual and collective health, especially in relation to thepreparation and prescription of medicines. Changes made toindividual and collective health laws in the course of historyaltered the process for patient guidance, work and service. Themethodology used in this study was to review the themes ofpublic and private health care as well as technical work relatedto allopath and homeopathy. It is concluded in this study thatpractices of health professional should be increasingly devotedto the welfare of the individual and community. However, thescenario is often contrary to what ethical aspects may require.

Key words:Bioethics; Functional food; Pharmacy Manipulation;Medication Errors and Advertising.

1. Farmacêutica Homeopata e Mestranda em Farmácia; Professora da Universidade Novede Julho. 2. Mestrando em Gestão Integrada de Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, Professor daUniversidade UniRadial Estácio.3. Professor Doutor de Farmácia da Universidade Bandeirantes.4. Professora Doutora de Farmácia da Universidade Bandeirantes.

Recebido: maio de 2009Aceito: setembro de 2009Autor para correspondência: Patricia Nancy Iser BemE-mail: [email protected]

Patricia Nancy Iser bem1, Simon Skarabone Rodrigues Chiacchio2,Paulo Celso Pardi3, Renata Gorjão4

IntroduçãoA defesa e a proteção da saúde surgiram na legislação

brasileira através das constituições federais de 1937, 1947, 1967até 1988. Estas se referem à autoridade do Estado de legislarsobre a saúde, conquistando um espaço ainda maior com a cri-ação do Ministério da Saúde (1950). Neste contexto, surge aVigilância Sanitária, compreendida como um conjunto de açõescapazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e deintervir nos problemas sanitários, da produção e circulação debens e da prestação de serviços de interesse da saúde(LEITE;BARBOSA;GARRAFA, 2008).

O crescente número de alimentos industrializados e fun-cionais, produtos fitoterápicos e magistrais, bem como de espe-cialidades farmacêuticas e medicamentos homeopáticos requercada vez mais intensamente, a intervenção do Estado. É a ne-cessidade de segurança que gera obrigação moral, ética e trans-forma o princípio de responsabilidade em precaução.

Ações da Vigilância Sanitária garantem principalmenteaos menos favorecidos, a prevenção e proteção necessárias àsaúde.

Cabe ressaltar que são ferramentas da bioética à preven-ção, proteção, precaução e prudência, tais ferramentas são apli-cadas pelo poder de polícia da Vigilância Sanitária delegados

pela Administração Pública para controlar as atividades, direi-tos individuais e coletivas em benefício da saúde comum.

A bioética estuda sistematicamente a conduta humana naárea de ciências e da vida, bem como a atenção da saúde sobrea base de valores morais (GONZALEZ,2002;BENITEZ;GIGLIO;VALLE;MURACCOLE;LYNCH,2004)

Não é necessário ir muito além para percebermos que tam-bém é direito do cidadão ter em mãos um receituário médico deacordo com padrões éticos. Desta forma, entende-se que aomenos este receituário esteja legível a fim de evitar a dispensaçãodeste medicamento de forma errônea. O que de início propicia-ria a melhoria na qualidade de vida do paciente, pode terminarem um desastre na saúde do mesmo. Tais parâmetros infringema autonomia e são cerceados pela beneficência.

Segundo Arreguy e Schramm (2005), a bioética foi cria-da na tentativa de compreender e dissolver conflitos de interes-ses e valores no campo da saúde, sendo uma ferramenta no au-xílio da prática gestora de serviços públicos de saúde.

Desta forma, o presente artigo visa promover uma refle-xão sobre a bioética na saúde individual e coletiva em relação àprodução e prescrição de medicamentos alopáticos e homeopá-ticos, erros de medicação bem como a inserção de alimentoscom propriedades funcionais.

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MetodologiaPara abordar a situação problema descrita, optou-se como

primeira etapa à busca de referências acerca da temática quenorteia todo o artigo, sua aplicação no cotidiano e nas relaçõesda saúde individual e coletiva e a bioética como pressupostoque norteiam a problemática em questão.

O estudo foi realizado a partir de uma revisão de literatu-ra, para tanto, foram utilizados artigos científicos em idiomasportuguês, espanhol e inglês publicados respectivamente, bemcomo referências nos mesmos idiomas de revistas e livros téc-nicos da área do conhecimento no contexto da Saúde Publica.

Procurou-se enfatizar as questões do trabalho nas pesqui-sas bibliográficas, pois nessa temática existem recentes estudose abordagens que podem de forma estrutural, ajudar a trazer atona o diálogo em relação às questões da Bioética na SaúdePública e na Produção de Alimentos Funcionais e Medicamen-tos.

A pesquisa é de revisão bibliográfica de abordagem des-critivo-reflexiva com abordagem direcionada ao referencial bi-bliográfico e aos resultados secundários desenvolvidos acercada bioética, no intuito de apresentar a complexidade dessatemática de acordo com as evidencias presentes nos estudosdesenvolvidos pelos autores pesquisados.

Revisão da Literatura

Alimento FuncionalPara a inserção de um alimento com propriedades funci-

onais é necessário atender às determinações previstas na reso-lução n°19/3 de 1999, visando abranger as diretrizes básicaspara a análise e comprovação de propriedades funcionais e oude Saúde alegadas em rotulagem. A ANVISA define como pro-priedade funcional àquela relativa ao papel metabólico ou fisi-ológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento,desenvolvimento, manutenção e de outras funções normais doorganismo humano.

Neste caso, a ferramenta de bioética é a proteção, poisela visa normatizar as práticas humanas por meio da antecipa-ção dos efeitos positivos, prevenindo eventuais efeitos negati-vos. Não fosse a intervenção da legislação, seria impossívelestabelecer critérios para a inserção desta classe de alimentosdito funcionais. As indústrias poderiam colocar à disposiçãoda população qualquer alimento prejudicial à saúde com umrótulo alegando propriedade funcional em uma conduta antiética.

A bioética de intervenção considera no campo público ecoletivo, a priorização de políticas e ações que privilegiem ummaior número de pessoas. Qualquer informação ou proprieda-de funcional ou de saúde de um alimento ou ingrediente veicu-lada por qualquer meio de comunicação, não poderá ser dife-rente em seu significado daquela aprovada para constar em suarotulagem.

A legislação ainda prevê a utilização de processos cientí-ficos que comprovem a eficácia do alimento tais como ensaiosnutricionais e ou fisiológicos e ou toxicológicos em animais deexperimentação, ensaios bioquímicos, estudos epidemiológicose ensaios clínicos. Também prevê a comprovação de uso tradi-cional observado na população, sem danos à saúde; evidênciasda literatura científica, organismos internacionais de saúde elegislação internacionalmente reconhecida sobre as proprieda-des e características do produto também são consideradas.

Neste contexto fica evidente a prudência garantida pelalegislação. Para Gracián (2006), a prudência é composta peloconhecimento, discernimento, sabedoria, inteligência, razão,reflexão, ponderação, decisão, benevolência, beneficência, con-descendência e sensatez.

Segundo Moraes e Colla (2006), no Brasil, o Ministérioda Saúde, através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária,regulamentou os alimentos funcionais através das seguintes re-soluções: ANVISA/MS 16/99; ANVISA/MS 17/99; ANVISA/MS 19/99. As essências das resoluções estão a seguir:

a) ANVISA /MS 16/99 –Trata de procedimentos paraRegistro de Alimentos e ou Novos ingredientes (BRASIL,1999b);

b) Resolução da ANVISA17/99: Aprova o RegulamentoTécnico que estabelece as Diretrizes Básicas para a Avaliaçãode Risco e Segurança de Alimentos que prova, baseados emestudos e evidências ciêntíficas, se o produto é seguro sob oponto de risco à saúde ou não(BRASIL,1999b);

c) Resolução ANVISA/MS 18/99-Aprova o Regulamen-to Técnico que estabelece as Diretrizes Básicas para a Análise eComprovação de Propriedades Funcionais e/ou de Saúde,alegadas em rotulagem de alimentos (BRASIL, 1999c);

d) Resolução ANVISA/MS 19/99-Aprova o Regulamen-to Técnico de Procedimentos para o Registro de Alimentos comAlegação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde em suaRotulagem (BRASIL, 1999d).

Em decorrência dos processos de ajuste em relação aosprocessos descritos na saúde publica e individual, as resolu-ções serviram como fatores de ajuste e padronização técnicanessa área do conhecimento. Dentro desse contexto as resolu-ções em relação aos alimentos funcionais são consideradas re-cente, no entanto extremamente relevante no que diz respeito asua aplicação no cotidiano.

Em linhas gerais é possível dizer que as questões de saú-de estão diretamente ligadas ao processo de aplicação das ques-tões legais e ajustes vinculados aos medicamentos e alimentosfuncionais presentes nas resoluções descritas.

Farmácias de Manipulação Alopática e Homeo-pática

A Resolução da Diretoria Colegiada nº 67 de Outubro de2007 para farmácias de manipulação dá algumas diretrizes paraa manipulação de medicamentos e produtos magistrais. A legis-lação define a atenção farmacêutica como um modelo de práti-ca farmacêutica, desenvolvida no contexto da assistência far-macêutica.

Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos,habilidades, compromissos e co-responsabilidades na preven-ção de doenças, promoção e recuperação de saúde, de formaintegrada à equipe de saúde. Consiste na interação direta dofarmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia raci-onal e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis volta-dos para a melhoria da qualidade de vida (ANVISA, 2007).Esta interação também deve envolver as concepções dos seussujeitos, respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociaissob a ética da integralidade das ações de saúde.

Antes da intervenção da vigilância sanitária a qualidadedos medicamentos manipulados deixava a desejar em váriosquesitos tais como, qualidade, responsabilidade e eficiência.Neste conjunto de ações integrativas de saúde entra uma ferra-

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menta da bioética utilizada pela fiscalização, que é a preven-ção. A prevenção se antecipa às possibilidades de danos a saú-de, sendo um referencial que busca a ação antecipada.

Atualmente, as farmácias de manipulação contam com umespaço físico tecnicamente preparado, assim como de uma in-dústria de especialidades farmacêuticas. As farmácias magis-trais são consideradas como pequenas indústrias dadas as atu-ais exigências da legislação.

Antes destas mudanças, certamente os riscos que envol-viam a saúde pública eram imensuráveis e infinitos. Neste casofoi necessária a intervenção do Estado para garantir a proteçãoe prevenção de possíveis danos à saúde pública.

A atual presença do farmacêutico em tempo integral, ou-tro ganho para a saúde pública exigida pela legislação, garantea qualidade de todas as etapas de manipulação e controle dequalidade de medicamentos manipulados, inclusive adispensação dos mesmos, reforçando o elo entre o usuário e oprofissional de saúde, o farmacêutico.

Tais mudanças ocorreram a partir da publicação da RDCnº214 em 12 de dezembro de 2006, em uma tentativa deminimizar os danos que há anos eram causados à saúde das pes-soas.

O regulamento deixa claro, pois fixa requisitos mínimosexigidos para o exercício das atividades de manipulação de pre-parações magistrais e oficinais das farmácias, desde suas insta-lações, equipamentos e recursos humanos, aquisição e controlede qualidade da matéria-prima, armazenamento, avaliação far-macêutica da prescrição, manipulação, fracionamento, conser-vação, transporte e dispensação das preparações, além da aten-ção farmacêutica aos usuários ou seus responsáveis, visando àgarantia da qualidade, segurança, efetividade e promoção doseu uso seguro e racional.

No campo da saúde pode-se destacar a ciência homeopá-tica como um campo pouco explorado do ponto de vista de in-formação por parte da população brasileira.

Trata-se de uma medicina humanística que ainda não estáao alcance de todos, e que atualmente foi implementada de for-ma sucinta no SUS. Mas como é apenas uma recomendaçãofeita através da Portaria número 3237, de dezembro de 2007,do Ministério da Saúde não obteve ainda a inserção necessáriados medicamentos homeopáticos para a população em geral(GUTIERREZ, 2009).

De acordo com Dra Márcia Gutierrez, Presidente da As-sociação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas, a mesmadeclarou em entrevista que o Brasil possui cerca de 5500 Muni-cípios e apenas 157 deles oferecem homeopatia.

Para a manipulação de medicamentos homeopáticos aRDC 67 segue o mesmo rigor ético de cobrança, o grande pro-blema é que não existe uma legislação que atenda àsespecificidades da manipulação homeopática. Simplesmenteadequaram a legislação de produtos alopáticos aos homeopáti-cos, sem respeitar as características e particularidades dahomeopatia.

Neste caso, o agravo é ainda maior, uma vez que os pro-fissionais da vigilância sanitária que fiscalizam as farmácias eque, no entanto são de fato, farmacêuticos homeopatas são ra-ros, e dessa forma identificar as especificidades inerentes aoprocesso produtivo tornando assim a atividade poucodirecionada.

Cabe aqui a ressalva de que para entender as particulari-dades da homeopatia é necessário que este profissional seja

homeopata, ou que seja realizada a capacitação específica emtemáticas e atividades que poderiam ser realizadas considera-das de baixa complexidade e dessa forma possível. Tal necessi-dade, no entanto, ainda não é atendida nas auditorias da vigi-lância sanitária, ou seja, a formação específica não se aplica deforma ampla e direcionada, dificultando assim esse trabalho focale de extrema necessidade na saude publica e individual.

É necessário entender que os primeiros passos já foramdados, todo começo requer cuidado e precaução, agora é espe-rada a adequação e o ajuste na direção desse movimento nasaúde coletiva e individual.

Erros de Medicação e Publicidade de Medica-mentos

Segundo Storpirts (2007), atualmente os hospitais con-tam com diferentes sistemas de distribuição de medicamentos.Os sistemas incluem coletivo, individual e unitário.

A dose unitária criada em 1960 por farmacêuticos hospi-talares é capaz de diminuir a incidência de erros de medicação,custos de medicamentos, perdas, furtos, bem como melhorar oaproveitamento dos profissionais envolvidos e melhorar o ní-vel de assistência oferecido ao paciente.

Tais erros de medicação interferem na qualidade de vidae recuperação do paciente. A autora aponta ainda algumas con-dutas responsáveis pelos erros de medicação tais como; máqualidade da grafia médica, utilização de diferentes pesos emedidas adotadas em um mesmo hospital, utilização de abrevi-aturas não padronizadas, medicamentos com nomes comerciaissemelhantes, informações médicas incompletas e confusas.Neste contexto inclui-se a drogaria e farmácia de manipulaçãoonde tais erros se estendem.

Estes erros deveriam ser evitados pelos profissionaismédicos, pois os mesmos são os maiores responsáveis por pro-ver a recuperação do paciente em conjunto com outros profissi-onais da saúde incluindo o farmacêutico e enfermeiro. Mas comomanipular ou administrar um medicamento de acordo com umaprescrição errônea ou duvidosa?

A lei 8078 de Setembro de 1990 dispõe sobre a proteçãoao consumidor e apresenta outras providências: declara que sãodireitos do consumidor, artigo 6°, a proteção à vida, saúde esegurança contra os riscos provocados por práticas no forneci-mento de produtos e serviços considerados perigosos ou noci-vos.

Sobre o código de ética médica do Conselho Federal deMedicina, de 1988, já estabelecia no artigo 39 que é vedado aomédico: “receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assimcomo assinar em branco folhas de receituários, laudos, atesta-dos ou quaisquer outros documentos médicos”.

Em Outubro de 2008 foi sancionada uma lei no DF, queobriga o receituário médico e odontológico, bem como pedidosde exames médicos, serem redigidos em computadores.

A discussão direcionada de farmacêuticos por prescriçõeslegíveis tem sido grande, uma vez que isso pode ocasionar séri-os danos a saúde da população. Mais uma vez se dá necessáriaa bioética da intervenção, aprimorando assim o processo de tra-balho de quem prescreve e o processo de trabalho de quem aten-de essa necessidade, ou seja, nesses dois contextos existe umainterdependência que causa muitas vezes dano a um outro su-jeito quem efetivamente necessita do medicamento e nesse casoacaba sendo prejudicado no seu direito à saúde e bem estar.

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A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dosDeputados em Brasília aprovou projeto, de autoria do deputa-do federal Cezar Silvestri (PPS-PR), que pune médicos que es-crevem prescrições e prontuários com letra ilegível. O Conse-lho Regional de Farmácia apresenta que para se transformar emlei, o texto precisa ser apreciado em duas comissões da Câma-ra, seguir para o Senado e receber a sanção do Presidente daRepública.

Prescrições médicas ilegíveis são responsáveis por danosmuitas vezes irreparáveis a vida de muitos pacientes, neste caso,o Estado deve intervir a fim de evitar conseqüências drásticas asaúde da população.

Para alguns autores (AVORN, 1982;WADE;MCDONALD;MANSFIELD, 1989; LEXCHIN, 1993;BARROS, 1995; MANSFIELD, 1996) diversos estudos apre-sentam que a propaganda consegue realmente alterar o padrãode prescrição dos médicos.

É evidente que a publicidade de medicamentos definepadrões de mercado e de comportamento das pessoas exercen-do impacto sobre as práticas terapêuticas. Os médicos nestecontexto, induzidos pela publicidade e benefícios de grandeslaboratórios nem sempre prescreverão medicamentos que defato são mais eficazes na terapia do paciente (BARROS, 1995;MANSFIELD, 1996).

Um estudo feito por Barros(2000), comparou as infor-mações disponíveis no Dicionário de Especialidade Farmacêu-tica (DEF) para os produtos campeões de vendas, com aquelespresentes no Physician´s Desk Reference (PDR) e no DrugInformation for the Haealth Care Professional (USP-DI), ondese verificaram discrepâncias significativas no que diz respeitoàs reações adversas, contra-indicações e interações.

No DEF, não constavam mais freqüentemente, alusõesaos efeitos adversos e mecanismos de ação, inexistiam em 50%dos produtos avaliados. Considerando que quase todos os me-dicamentos são fabricados pelas mesmas empresasmultinacionais, corrobora a idéia de que há um duplo padrão deconduta dos fabricantes, conforme o país ou de acordo comexigência ou não de maior rigor na regulamentação existenteou no grau de cumprimento efetivo damesma(WADE;MCDONALD;MANSFIELD, 1989).

Com relação a este rigor, cabe citar que basta observar-mos nas grandes redes de drogarias para verificarmos os gran-des cestos de medicamento dispostos próximo as caixas parainduzir a automedicação, dispostos na forma de “self-service”(GARRAFA;PESSINI, 2003). Medicamentos não são merca-dorias que possam ser oferecidas da mesma maneira que outrosbens e serviços, passíveis de regras do livre mercado.

Na RDC 102/2000, regulamenta-se questões inerentes àpropaganda tais como, tamanho e espaçamento das letras, com-posição do produto, precauções, posologia, etc. Tais questõesse referem à proteção da saúde dos indivíduos. A partir destaRDC 102/2000, vários mecanismos de publicidade enganosaforam cerceados por grandes laboratórios multinacionais. Averdade é que, estamos rodeados de um capitalismo que trans-cende valores éticos e morais da saúde pública, desta forma sefaz necessária a bioética da intervenção.

Assim a bioética da intervenção possui responsabilidadesocial através de propostas efetivas para os direitos das classeshipossuficientes, pelas dificuldades de acesso a saúde, pelo aban-dono social e pela manutenção do bem comum.

DiscussãoA bioética de intervenção aplicada pela autoridade sani-

tária deve ser vista como uma ferramenta de proteção à socie-dade e ser continuamente exercida com relação à solicitação deregistro de alimentos funcionais, publicidade de medicamentosbem como a legibilidade de receituário médico e adequaçãodas farmácias de manipulação frente a RDC 67.

Esta revisão constatou que embora muitas mudanças le-gais tenham ocorrido nos últimos anos, ainda continuam ocor-rendo irregularidades, em desacordo com a legislação vigente.Nos últimos anos farmácias de manipulação cresceram a pontode abrirem uma sala de manipulação de medicamentos homeo-páticos sem respeitar os critérios e diretrizes preconizadas naRDC 214.

As farmácias de manipulação não possuíam até ha poucotempo atrás, farmacêutico homeopata habilitado para prepararos medicamentos homeopáticos, colocando em risco o trata-mento do paciente bem como de sua saúde. O farmacêuticoalopata, muitas vezes se via obrigado a se responsabilizar pelamanipulação de medicamentos homeopáticos sem o mínimopreparo, por pressão do proprietário da farmácia de manipula-ção. Hoje já se tem um grande progresso com relação àobrigatoriedade deste especialista no estabelecimento farma-cêutico.

Também nos dias atuais é necessária a presença do far-macêutico em tempo integral, fato que há pouco tempo atrásnão existia. Isto é de suma importância, uma vez que, além doarmazenamento, compras, treinamento de pessoal, controle dequalidade o farmacêutico está presente na dispensação de me-dicamentos garantindo assim a assistência integral ao paciente.

Em relação às prescrições médicas ilegíveis, tal fato ocor-ria com muito mais frequência em todos os setores de saúde(público e privado). Atualmente esta situação está diminuídacom a presença do farmacêutico, pois o mesmo está presentedesde a triagem desta prescrição tanto em hospitais como emfarmácias e drogarias até a dispensação dos medicamentos ma-nipulados, fracionados ou industrializados. Em todas as etapasde produção, manipulação distribuição e fracionamento de me-dicamentos há obrigatoriedade da presença do farmacêuticogarantida pela legislação, isto significa um grande progresso nasaúde coletiva e individual.

Segundo Souza (2003), em relação aos alimentos funcio-nais, também previstos na legislação, hoje são necessários oscumprimentos de algumas diretrizes para que o mesmo possaser considerado funcional. Os alimentos funcionais se caracte-rizam por oferecer vários benefícios à saúde, além do valornutritivo inerente à sua composição química, podendo desem-penhar um papel potencialmente benéfico na redução do riscode doenças como hipertensão, diabetes, câncer, osteoporose ecoronariopatias.

ConclusãoQuando o cidadão com sua saúde debilitada procurar um

médico, é fundamental que o mesmo garanta um atendimentoadequado a fim de que o indivíduo possa recuperar sua saúde.Do mesmo modo, é direito do cidadão ao procurar com umareceita médica os serviços de uma farmácia de manipulação,que esta esteja dentro dos parâmetros da legislação sanitária, afim de subsidiar uma manipulação adequada do receituário

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médico, para então, garantir a recuperação e promoção da saú-de individual e comum.

Embora seja considerável a evolução da legislação nosúltimos anos no contexto da saúde pública, esta ainda está lon-ge do ideal no que se refere à sua aplicabilidade. Desde osurgimento da Agencia Nacional da Vigilância Sanitária em 1999a mesma intervém em questões que envolvem a proteção dasaúde individual e coletiva e a prevenção de possíveis danoscausados à saúde pública. Ao mesmo tempo, procura defenderinteresses das classes hipossuficientes. Na medida em que taisferramentas da bioética são aplicadas pelo poder de polícia quecabe a Vigilância Sanitária, a mesma visa garantir a diminuiçãode riscos e danos causados na saúde comum.

Cabe ressaltar, que nos últimos anos a ANVISA vêm ten-tando adequar-se às necessidades da saúde pública, mas aindaencontra grandes dificuldades. Talvez uma explicação para es-tas dificuldades seja um número inadequado de especialistaspara as auditorias que requerem treinamento e conhecimentosmuito específicos e detalhados nas áreas que envolvem fiscali-zação de registros de alimentos com propriedades funcionais eprodução de medicamentos.

Os primeiros passos já foram dados. Todo começo re-quer cuidado e precaução, agora é esperada a adequação, po-rém, essa espera resulta eventualmente em situações de impac-to significativo em relação aos que necessitam de cuidado nasaúde individual e coletiva.

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Prevalência dos Fatores de Risco para Incontinênia Urinária deEsforço entre as Funcionárias do Centro Universitário do Pará

Prevalence of Risk Factors for Urinary Incontinence between theemployees of the Center of the University Pará

ResumoAnalisar a prevalência dos fatores de risco para Inconti-

nência Urinaria de Esforço em funcionárias do Centro univer-sitário do Pará. Método: Estudo observacional composta por200 funcionárias do CESUPA, onde foram incluídas no estudofuncionárias na faixa etária de 30 a 60 anos e que estavam emseus respectivos setores. Teve como critério de exclusão funci-onárias com menos de 30 e mais de 60 anos e que não estavamem seus setores de trabalho no momento da visita. A coleta ocor-reu no mês de maio de 2009 por meio de um questionário indi-vidual com questões fechadas e abertas, de auto preenchimen-to, não-identificado, aplicado em todas as colaboradoras dossetores visitados, presente no momento marcado para a coletade dados. Resultados : as características das variáveis relacio-nadas à perda urinaria pôde ser observado que 57,6 % conside-ra sua saúde normal, 53,5% não se sente desgastada ou cansadano dia a dia, 69,7% não tem dor na bexiga, 91,9% não temproblema de bexiga, como perda de urina, 20, 2 % perde urinaà semanas, 61, 9% diz que a perda de urina não atrapalha seutrabalho, 71, 7% diz que a perda de urina atrapalha suas tarefasde casa ou suas atividades diárias nominais fora de casa como:fazer compras, levar filho à escola, 70, 7% não perde urina ematividades físicas como: caminhar, correr, ou fazer algum es-porte 66, 7% não perde urina ao fazer pequenos esforços como:tossir, espirrar, correr, 73, 7%não perde urina durante a relaçãosexual, 65, 7% não usa algum tipo de protetor higiênico como:fralda, forro ou absorvente para manter-se seca, 67, 7% nãoficam deprimidas quando perdem urina, 75, 8% não ficam malconsigo mesmas por causa do seu problema de bexiga.

Palavras-chave:Fisioterapia; Incontinência; Epidemiologia.

AbstractAnalyze the prevalence of risk factors for urinary

incontinence between at the University Center of Pará. Method:An observational study comprised 200 employees of CESUPA,where employees will be included in the study aged 30 to 60years and they are in their respective sectors. It will be anexclusion criterion of less than 30 and more than 60 years andnot in their areas of work at the time of visit. The collectionoccurred in May of 2009 by an individual questionnaire with38 closed and open questions, self fulfillment, non-identified,applied to all collaborators of the sectors visited, present at thetime for data collection. Results: The characteristics of thevariables related to urinary loss was observed that 57.6%consider their health normal, 53.5% did not feel tired or wornon a daily basis, 69.7% have no pain in the bladder, 91, 9%have no bladder problems, such as loss of urine, 20, 2% losturine for weeks, 61, 9% said that the loss of urine does nothinder their work, 71, 7% said that the loss of urine interfereswith their jobs home or call their daily activities outside thehome such as shopping, take son to school, 70, 7% do not loseurine in physical activities such as walking, jogging, or doingsome sport 66, 7% do not lose urine when making small effortssuch as coughing, sneezing, running, 73, 7% do not lose urineduring intercourse, 65, 7% do not use some sort of protectionand hygienic: diapers, or absorbent lining to keep dry, 67, 7%not get depressed when they lose urine, 75, 8% are not badabout themselves because of their bladder problems.

Key words:Physical therapy; Incontinence; epidemiology.

1. Discente do Centro Universitário do Pará.2. Docente do CESUPA, Mestre em Saúde, Sociedade e endemias da Amazônia - UFAM/UFPA/FIOCRUZ.3. Docente do CESUPA, Mestre em Epidemiologia - U FSP, Estatutário da FundaçãoSanta Casa de Misericórdia do Pará.

Recebido: maio de 2009Aceito: setembro de 2009Autor para correspondência: Tereza Cristina dos Reis FerreiraE-mail: [email protected]

Fabiana Valente do Couto Sousa1, Kerolaynne Hestefany Barbosa da Silva1, Larissa Pompeu e Silva1,Tereza Cristina dos Reis Ferreira2, Denise da Silva Pinto3

IntroduçãoA Incontinência Urinária (IU) tem trazido aflição e con-

dições de incapacidade as quais têm causado significativamorbidade entre as mulheres. Entre 15 a 30% dos casos afeta avida social, ocupacional, doméstica, física e sexual das mulhe-res de todas as idades. Seu efeito psicossocial pode ser mais

devastador do que as conseqüências sobre a saúde, com múlti-plos e abrangentes efeitos que influenciam as atividades diári-as, a interação social e a autopercepção do estado de saúde(HIGA, 2004).

A IU é uma condição multifatorial que afeta mulheres ehomens em diferentes faixas etárias. Ao mesmo tempo em queé considerada pelos pacientes como uma condição normal do

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processo de envelhecimento, muitas vezes também é negligen-ciada pelos profissionais da área da saúde. Essa condição cons-trangedora de perda involuntária de urina tem conseqüênciasavassaladoras na qualidade de vida das pessoas incontinentes,causando muitas vezes marginalização do convívio social, frus-trações psicossociais e institucionalização precoce (SOUZA,2003).

A perda de urina está altamente relacionada com osprolapsos genitais e as várias condições clínicas severas, inclu-indo alterações neurológicas, dificuldades de locomoção, pro-blemas respiratórios, intestinais e patológicas do trato urináriobaixo (DIOKNO, 1995).

Outras causas de IU, nos adultos são dos nervos que con-trolam a bexiga urinária, perda da flexibilidade da bexiga, coma idade, doenças ou irritação da bexiga ou uretra, dano aoesfíncter externos da uretra ou certas substâncias. Comparadoscom os não-fumantes, os fumantes correm duas vezes mais ris-co de desenvolver Incontinência (TORTORA, 2000).

Diante disso, será realizado um estudo a fim de verificara prevalência dos fatores de risco para Incontinência Urinariade Esforço em funcionárias do Centro universitário do Pará,uma vez que é de especial importância ao profissional fisiotera-peuta o conhecimento prévio de todos os fatores de risco envol-vidos na gênese e manutenção da IUE, para que se possa inter-vir diretamente e de forma preventiva nos cuidados relativos àsaúde da mulher.

Referencial TeóricoA Sociedade Internacional de Continência, em recente

publicação define incontinência urinária como sendo toda per-da involuntária de urina. A incontinência urinária de esforço, asua forma mais comum, é toda perda de urina que ocorre emdecorrência de algum esforço físico como, por exemplo, pular,correr, tossir. O efeito na qualidade de vida e o impacto social ehigiênico ainda devem ser mensurados, apesar de não fazeremparte do conceito.

Dentre as Incontinências Urinárias definiremos Inconti-nência Urinária de Urgência quando ocasionada pela perdainvoluntária de urina associada a um forte desejo miccional quegeralmente resulta da hiperatividade do músculo detrusor, aIncontinência Urinária de Esforço (IUE) que é a forma maiscomum de queixa urinária entre as mulheres, e se dar pela per-da involuntária de urina durante manobras que aumentam a pres-são intra-abdominal, reflete na hipermobilidade uretral, ou le-são esfincteriana intrínseca e a Incontinência Urinária Mista,que reflete componentes de Urgência e Incontinência de Esfor-ço (ABRAMS et al., 1990).

Em condições normais o esfíncter da uretra é capaz deimpedir a saída de urina por ocasião de aumento acentuado eabrupto da pressão intra-abdominal, como em episódios de tos-se, espirro ou riso forçado, na IUE ocorre uma perda involuntáriade urina quando a pressão vesical excede a pressão uretral má-xima, sem que o músculo detrusor tenha se contraído. Pode serum sintoma (quando a paciente nos relata) pode ser um sinal(quando percebido ao exame físico) ou uma condição (quandovem associado a um diagnóstico urodinâmico específico). Ofator determinante da IUE é a alteração do gradiente de pressãoentre a bexiga e a uretra. Essa mudança ocorre por falha nomecanismo esfincteriano extrínseco ou intrínseco da uretra.Assim, a IUE pode ser decorrente de hipermobilidade do colo

vesical e/ou insuficiência esfincteriana (SOUZA, 2003).Fatores de riscos comumente citados na literatura para o

desenvolvimento de IUE incluem idade avançada, raça branca,obesidade, partos vaginais, deficiência estrogênica, condiçõesassociadas a aumento da pressão intra-abdominal, tabagismo,doenças do colágeno, neuropatias e histerectomia prévia(GUARISI, 2001).

Neste contexto diversas evidências apontam que entremulheres trabalhadoras há alteração na concentração e estresseemocional durante o expediente de trabalho e apresentar perdainvoluntária de urina durante a jornada de trabalho, que podevir a originar sentimentos como estresse, vergonha, irritação,constrangimento, incômodo e falta de concentração, fatores res-ponsáveis por um impacto negativo no seu desempenho profis-sional (SILVA, 2005).

MetodologiaEsta pesquisa foi realizada segundo os preceitos da de-

claração de Helsinque e do código de Nuremberg, respeitandoas normas de pesquisa envolvendo seres humanos (Res. CNS196/96) do Conselho Nacional de Saúde, e teve início após oaceite das orientadoras, do aceite da responsável do setor admi-nistrativo do Centro Universitário do Pará, da aprovação doprojeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa do CESUPA sob nú-mero 020/2007, e do aceite das funcionárias estudadas por meioda assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

O estudo foi descritivo de corte transversal, tipo inqué-rito institucional. A população do estudo foi composta por 200funcionárias. Foram incluídas no estudo funcionárias doCESUPA na faixa etária de 30 a 60 anos e que estivessem nosseus setores de trabalho no momento da visita. Teve com crité-rio de exclusão as funcionárias com menos de 30 ou mais de 60anos de idade, que não estivessem nos seus setores de trabalhono momento da visita; as professoras e as mulheres dos cargosde reitoria, pró-reitorias e coordenações.

A coleta de dados foi realizada no mês de maio de 2009no Centro Universitário do Pará, por meio de questionário indi-vidual. Individualmente as autoras explicaram os objetivos dapesquisa, bem com seus riscos e benefícios às individuas parti-cipantes. Após a explicação àquelas que concordaram com ostermos da pesquisa, assinaram o termo de consentimento livre eesclarecido (TCLE).

Posteriormente, foi aplicado o questionário com questõesfechadas, de auto preenchimento, não-identificado, aplicado emtodas as funcionarias dos setores visitados, presente no momentomarcado para a coleta de dados.

A análise dos dados foi realizada por metodologia quan-titativa, sendo que os mesmos foram digitados em um bancopara execução análise estatístico. De acordo com a naturezadas variáveis, foi realizada análise descritiva, sendo informa-dos os valores percentuais dos resultados, para todas as variá-veis avaliadas. O banco de dados, bem como as tabelas e osgráficos foram construídos no Microsoft EXCEL 2003.

Análise dos ResultadosA população inicial era de 200 funcionárias do CESUPA,

de todos os setores, porém devido os critérios de inclusão eexclusão, e algumas mulheres por não concordarem em partici-par do estudo, a amostra foi de 99 funcionárias. A redução da

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amostra pode ter acontecido por vergonha, preconceito ou pordesconhecimento dos tratamentos clínicos existentes, fato esteque normalmente impede a realização do diagnóstico e trata-mento precoce, prejudicando os desempenhos sexual, social eprofissional, desta forma interferindo negativamente na quali-dade de vida das mulheres trabalhadoras, que por vezes se en-contram na sua melhor fase de produtividade e desempenhoprofissional.

Quanto as características das variáveis relacionadas à ida-de, raça, etilismo e tabagismo perda urinaria pôde ser observa-do que 48 entrevistadas (48,5%) apresentavam idade entre 30 a40 anos, 54 eram pardas (54,5%), 48 funcionárias (48,5%) nãoeram etilistas e 43 mulheres (43,5%) eram tabagistas.

Tabela 01 – Variáveis de idade, raça, etilismo e tabagismo dasfuncionárias do Centro Universitário do Pará (n= 99), Belém-PA, 2009

A tabela 1 mostra que das 99 funcionárias que participa-ram do estudo, 48 (48,5%) apresentavam idade entre 30 a 40anos, este resultado mostrou estar de acordo com o de Simenovaet al (1999), com a população em geral, em que a incontinênciaurinária por esforço foi maior em mulheres com menos de 50anos.

Brown et al (1999) cita que as mulheres da raça brancatêm maior prevalência de IU quando comparadas com as daraça negra, supõe-se que provavelmente existem determinantesgenéticos, diferenças na anatomia ou na resistência da uretra enas estruturas de suporte do assoalho pélvico que protegem asmulheres negras da IU, no presente estudo foi constatado que aprevalência de mulheres incontinentes, 54,5% eram pardas.

De acordo com o estudo de Bump (1992), o álcool podecausar ou contribuir para incontinência urinaria, por irritar abexiga, porem no presente estudo foi constatado que 48 (48,5%)não eram etilistas e o fumante freqüentemente apresenta tossemais violenta, causando efeito direto ou indireto na bexiga ouna uretra podendo danificar os componentes e o mecanismoesfincteriano da uretra propiciando a IU e piorando a freqüên-cia e a intensidade da IU existente, neste estudo foi constatadoque 43 mulheres (43,5%) eram tabagistas.

Quanto as características das variáveis relacionadas àperda urinaria pôde ser observado que 57,6 % considera suasaúde normal, 53,5% não se sente desgastada ou cansada no diaa dia, 69,7% não tem dor na bexiga, 91,9% não tem problema

de bexiga, como perda de urina, 20, 2 % perde urina à semanas,61, 9% diz que a perda de urina não atrapalha seu trabalho, 71,7% diz que a perda de urina atrapalha suas tarefas de casa ousuas atividades diárias nominais fora de casa como: fazer com-pras, levar filho à escola, 70, 7% não perde urina em atividadesfísicas como: caminhar, correr, ou fazer algum esporte 66, 7%não perde urina ao fazer pequenos esforços como: tossir, espir-rar, correr, 73, 7%não perde urina durante a relação sexual, 65,7% não usa algum tipo de protetor higiênico como: fralda, for-ro ou absorvente para manter-se seca, 67, 7% não ficam depri-midas quando perdem urina, 75, 8% não ficam mal consigomesmas por causa do seu problema de bexiga.

Tabela 02 – Características das perdas urinarias das funcioná-rias do Centro Universitário do Pará (n= 99), Belém-PA, 2009

A OMS define a saúde como um estado de completo bem-estar faz com que a saúde seja algo ideal e inatingível, 57,6%

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das funcionárias participantes da pesquisa consideram sua saú-de normal.

Nas amostras analisada referente ao quesito avaliação sub-jetiva encontramos a saúde atual, em um universo de 99 funcio-nárias pesquisadas, 34,3% avaliaram como boa 57,6% avaliaramcomo normal 2% definiram como ruim e 6,1% não respondeu aeste quesito como mostra a Tabela 2. Nossos dados divergem umpouco da literatura, que retrata que a saúde pode estar bastantecomprometida pelo impacto de outros fatores, como idade, raça,condição sócio-econômica e a quantidade de perda urinária, tam-bém podem ser responsáveis pelas diferenças do comportamentopessoal frente à IU. Sendo possível afirmar que, em maior oumenor proporção, a IU e seus sintomas associados podem reper-cutir negativamente não só na saúde física, mas em aspectos emo-cionais e psicológicos.

Comparado com Fonseca et al (2005) que ao analisar osparâmetros clínicos de seu questionário identificou diferentesdomínios que a urgência, juntamente com a incontinência urináriade esforço, influenciou nas atividades diárias, limitações físicas,limitação social, no sono e na disposição. Neste estudo se obser-vou que a maioria das mulheres pesquisadas relatou não sofreralgum tipo de problema ou constrangimento com o fato de per-der urina aos pequenos, médios e grandes esforços como se cons-tata nas perguntas mostradas na Tabela 2.

Rett et al (2007) relatam que foi investigado isoladamenteo quanto alguns sintomas afetavam mulheres antes do tratamen-to, no qual pôde ser observado que os sintomas mais comunscomo o aumento da freqüência urinária em 17 (65,4%), a noctúriae a urgência miccional em 15 (57,7%). A incontinência durante arelação sexual e dor na bexiga foram em menor proporção, afe-tando apenas oito (30,8%) mulheres.

Considerações FinaisNo presente estudo foi analisada a prevalência dos fato-

res de risco para Incontinência Urinária de Esforço entre as fun-cionárias do Centro Universitário do Pará, onde participaramda amostra 99 funcionárias. Entre as 101 que foram excluídasenquadram-se as funcionárias que não se encontravam no setorno momento das visitas, que tinham menos de 30 ou mais de 60anos de idade, as professoras e as mulheres dos cargos de reito-ria, pró-reitoria e coordenações e as funcionárias que não con-cordaram em responder as perguntas.

Mesmo observando uma diferença significativa na mai-oria dos resultados avaliados é importante ressaltar que o im-pacto destes sintomas na vida de cada uma está intimamenteligado à percepção individual que estas mulheres têm frente àseveridade. A desinformação das funcionárias sobre os trata-mentos e cura da IU é um fator agravante da desvalorização dossintomas da IU, com conseqüente não procurar por ajuda médi-ca que muitas vezes ocorrem também por vergonha, preconcei-to ou por desconhecimento dos tratamentos clínicos existentes,o que impede a realização do diagnóstico e tratamento precoce,prejudicando os desempenhos sexual, social e profissional. Destaforma interferindo negativamente na qualidade de vida dasmulheres trabalhadoras, que por vezes se encontram na suamelhor fase de produtividade e desempenho profissional. De-vido a isto novos estudos precisam ser realizados principalmenteno sentido de orientar a mulher sobre o que é a IncontinênciaUrinária de Esforço, quais seus sintomas e tipos de tratamen-tos.

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Avaliação e Intervenção Fisioterapêutica em um Posto deTrabalho

Physioterapy Assesssment and Intervention in a Porker Position

ResumoO objetivo desta pesquisa é avaliar um posto de trabalho

e posteriormente desenvolver estratégias que facilitem a exe-cução da função do trabalhador. A justificativa está ligada àpossibilidade de desenvolver uma análise crítica do processode trabalho, risco de doenças ocupacionais causadas pela fun-ção em questão e estabelecimento de estratégias preventivasviáveis ao caso, de forma a diminuir os riscos inerentes à fun-ção. O posto avaliado foi um caixa de supermercado. Utilizou-se a planilha RULA. Os resultados obtidos na função de caixaindicam um tempo de ciclo pequeno, qualquer movimento re-presenta um fator de risco e a atividade é altamente repetitiva.Para reduzir o fator repetitividade sugeriu-se rotatividade entreos trabalhadores; substituição do leitor óptico de código debarras manual por um fixo que se localizasse em frente ao tra-balhador, entre outros. O escore final encontrado foi 7 (investi-gar e mudar imediatamente) em ambos os membros superiores.A intervenção do fisioterapeuta nas empresas traz benefíciosao empregador e ao empregado, pois a medida que diminui osíndices de DORT diminui também os gastos da empresa e au-menta a produtividade, proporcionando melhoria na qualidadede vida do trabalhador.

Palavras-chave:Transtornos traumáticos cumulativos; downças ocupacionais;engenharia humana; trabalhadores.

AbstractThe aim of this research was access a job and then

develops strategies that facilitate the execution of worker’sfunction. The reason is linked to the possibility of developing acritical analysis of the work process, risk of occupationaldiseases caused by the function in question and the establishmentof feasible preventive strategies to the case, in order to reducethe risks inherent in the function. We evaluated a supermarketworker. We used the Rapid Upper Limb Assessment (RULA),the results indicated a little cycle time, any movement representsa risk factor and the activity is so repetitive. To reduce the factorrepetitiveness we suggest rotate between the jobs positions,replacement of the manual optical reader of bar code for onefixed located in front of the worker, and among others. Thefinal score found was 7 (that means investigate and changesimmediately) for the two upper limbs. The physiotherapist’sassistance in business benefits the employer and the employee,therefore, decreases the rate of repetitive stain injuery, alsoreduces the company’s expenses and increases productivity byproviding better quality of life to the employee.

Key words:Cumulative traumas disorders; occupational diseases; humanengineering; workers.

1. Fisioterapeuta, mestranda em Ciência do Movimento Humano (UFRGS).2. Fisioterapeuta, mestre em Fisiologia (UFRGS), doutoranda em Fisiologia (UFRGS)3. Fisioterapeuta, Mestranda em Psicobiologia pela UNIFESP.4. Fisioterapeuta, Mestre em Bioengenharia pela USP.5. Fisioterapeuta.6. Fisioterapeuta, Pós-Graduada em Acupuntura Tradicional Chinesa pela FaculdadeCBES.7. Fisioterapeuta, mestre em Engenharia de Produção pela UFRGS, Doutor em

Ciências da saúde e Pós-doutorado em Ciências da Saúde (FundaçãoUniversitária de Cardiologia).

Recebido: maio de 2009Aceito: setembro de 2009Autor para correspondência: Aline Martinelli PiccininiE-mail: [email protected]

Aline Martinelli Piccinini1, Pâmela Bilig Mello2 , Andressa Silva3, Daiane Müller Bem4,Letícia Marangon5, Natalí Schwanke6, Luís Ulisses Signori7

IntroduçãoA ergonomia objetiva modificar os sistemas de trabalho

para adequar a atividade nele existentes às características, ha-bilidades e limitações das pessoas com vistas ao seu desempe-nho eficiente, confortável e seguro (ABERGO, 2000). “É o es-tudo do relacionamento entre o ser humano e seu trabalho, equi-pamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhe-cimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dosproblemas surgidos desse relacionamento” (ErgonomicsResearch Society). O modo de vida moderno está cada vez maisvoltado ao enfrentamento de situações críticas para suprir assuas necessidades, tais como alimentação, moradia, transporte,ensino, saúde e a própria manutenção do emprego, todas elassabidamente, situações geradoras de estresse e lesões

osteomusculares. Atualmente, um dos principais problemas desaúde enfrentados pelos trabalhadores, de acordo com o Minis-tério da Previdência e Assistência Social (INSS), são os Distúr-bios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Es-tas doenças têm relação direta com os esforços repetitivos comos instrumentos e mobiliários inadequados, com assobrecarregadas jornadas de trabalho, assim como com as pos-turas físicas incorretas e estresse.

A lesão por esforço repetitivo (LER) é definida como umadoença músculo-tendinosa dos membros superiores, ombros epescoço, causada pela sobrecarga de um grupo muscular parti-cular, devido ao uso repetitivo ou pela manutenção de posturascontraídas, que resultam em dor, fadiga e declínio do desempe-nho profissional (COUTO et al., apud SIGNORI, 2003).

A necessidade de estabelecer uma relação entre causa e

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efeito caracteriza a LER como “doença do trabalho”, que é di-ferente da doença profissional. Nas doenças relacionadas aotrabalho, a evolução dos sintomas é progressiva, e se as condi-ções de trabalho se mantêm inalteradas, aparecem com freqüên-cia novos sinais e sintomas. Isso se deve ao agravamento doquadro clínico que se estende a outros grupos musculares, de-pendendo das atividades que o trabalhador exerce (OLIVEIRAapud SIGNORI, 2003).

Os esforços mais intensos dos membros superiores po-dem ser acompanhados de lesões, no entanto essas lesõespodem ser revertidas por outros dois mecanismos: a recu-peração e a prevenção. Os DORT/LER acontecem quandoa intensidade dos fatores que causam as lesões ultrapassa avelocidade de recuperação dos tecidos (COUTO el al., apudSIGNORI, 2003). A prevenção reside no fato de estabele-cer parâmetros fisiológicos apropriados para que o traba-lho não provoque lesões nos tecidos. Esta definição reafir-ma que o fundamental na prevenção das doençasocupacionais é determinar a tolerância de exposição aosfatores de risco (KEY apud SIGNORI, 2003).

Segundo Abrahão (2000) as novas tecnologias e seusimpactos no trabalho humano têm sido abordados sob vári-os ângulos, variando conforme as áreas do conhecimento ea natureza da problemática analisada. A ergonomia tem sidosolicitada, cada vez mais, a atuar na análise de processosde reestruturação produtiva, sobretudo, no que se refere àsquestões relacionadas à caracterização da atividade e àinadequação dos postos de trabalho, em especial em situa-ções de mudanças ou de introdução de novas tecnologias.

Para Assunção (2003), na atualidade, criou-se um mo-vimento considerado processo de precarização do trabalho,por implicar mudanças nas relações de trabalho, incluindoas condições de realização, e nas relações de emprego queapontam para maior instabilidade e insegurança para os tra-balhadores. O processo em curso pode estar ocorrendo pelaconstatação de que, hoje, mais que em qualquer momentodo passado, é possível o crescimento econômico sem a am-pliação do número de empregos. Para alguns autores comoCastel (1997) apud Assunção (2003) tal evidência contri-buiu para o acirramento das desigualdades sociais no finaldo século 20, com importantes conseqüências nos ambien-tes de trabalho.

A caracterização da atividade é um elemento funda-mental para instrumentalizar o desempenho dos sistemasde produção, objetivando atingir um funcionamento está-vel em quantidade e qualidade. A inadequação dos postosde trabalho, à população de trabalhadores, constitui umproblema social importante com reflexos nas questões derequalificação, saúde e produtividade. Segundo Wisner(1987), um grande número de pessoas encontra-se rejeita-da pelo sistema produtivo ou situadas à sua margem emdecorrência da reestruturação produtiva, que exige um novoperfil do trabalhador. Vale ressaltar que esta reestruturaçãonem sempre considera a variabilidade do trabalho e o tra-balhador como o sujeito do processo de reestruturação pro-dutiva (ABRAHÃO, 2000).

Este estudo apresenta como objetivo realizar uma ava-liação de um posto de trabalho e posteriormente desenvol-ver estratégias que facilitem a execução da função do tra-balhador.

Metodologia

O posto de trabalho

Esta pesquisa trata-se de um estudo de caso. O posto detrabalho escolhido para esta avaliação foi um caixa de um mer-cado da cidade de Cruz Alta - RS.

Foi solicitado permissão do proprietário do estabeleci-mento e do trabalhador em questão através de termos de con-sentimento. Tais termos explicitavam o direito de se recusar aparticipar do estudo ou de se excluir do estudo por qualquermotivo, garantindo o sigilo e anonimato dos participantes.

Devido o fato do mercado ser de pequeno porte o caixaacumula também a função de empacotador. Porém foi conside-rado somente a função de caixa, delimitando-se as seguintesações técnicas:

>> Pegar o produto (mão esquerda);>> Passar o código de barra no identificador (mão direi-

ta);>> Largar o produto (mão esquerda).O trabalhador passa o dia sentado em um banco fixo, o

monitor forma um ângulo de 90º com a mesa do caixa obrigan-do-o a realizar rotação de tronco. Não há esteira para os produ-tos deslizarem e a jornada de trabalho compreende 8 horas.

Avaliação do posto de trabalho

Segundo Abrahão et al. (2002) ao analisar a atividade,consideram-se as características dos trabalhadores, os elemen-tos do ambiente de trabalho e como estes são apresentados aosoperadores e percebidos por eles. A articulação desta interaçãorepresenta o resultado do trabalho. Nesta abordagem, o traba-lhador é o sujeito ativo do processo, pois a depender da situa-ção com a qual é confrontado, ele transforma permanentementea sua atividade, como forma de responder às demandas que seapresentam. A análise ergonômica do trabalho procura identifi-car como o trabalhador constitui os problemas que tem de re-solver em confronto com a situação real de trabalho (Wisner,1990). A análise da atividade é um processo que compreende autilização de recursos instrumentais correntes das metodologiasde análise de trabalho, tendo como diferencial a análise em si-tuação real, com o objetivo de identificar o que, como e porquedo trabalho dos operadores.

A avaliação do posto de trabalho foi feita através daPlanilha RULA (do inglês Rapid Upper Limb Assessment) deAcompanhamento do funcionário (CORNELL UNIVERSITY,1996), tal planilha é utilizada, normalmente, para identificarqual o posto de trabalho de uma empresa que necessita de inter-venção mais urgente, apresentando um dos seguintes resulta-dos (escore final):

• 1 ou 2 = aceitável;• 3 ou 4 = investigar;• 5 ou 6 = investigar e mudar logo;• 7 = investigar e mudar imediatamente.

Resultados e DiscussãoCom utilização da planilha RULA para avaliação do pos-

to de trabalho foi encontrado escore final 7 (investigar e mudarimediatamente) em ambos os membros superiores.

Assunção (2003) coloca que a organização do trabalho,

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ao atingir o indivíduo, modifica a sua maneira de enfrentar osriscos e traz efeitos sobre a saúde ainda não perfeitamente co-nhecidos ou dimensionados.

O mesmo autor ressalta que as queixas de saúde são poucoapreendidas pelos serviços médicos das empresas, porque, muitasvezes, dizem respeito aos efeitos da corrida tecnológica e à falta detempo para dar conta das metas e dos prazos. De acordo com Sennett(2001) apud Assunção (2003), flexibilidade é a capacidade de ce-der e recuperar-se de uma árvore, principalmente dos seus galhos.Mas as práticas de flexibilidade na produção parecem tentarflexibilizar as capacidades dos trabalhadores até o ponto máximo,dobrando as pessoas, sem, no entanto, oferecer-lhes as chancespara recuperação ao estado inicial.

Considerando a função de caixa com as ações técnicas de-nominadas anteriormente o tempo de ciclo é bastante pequeno, emtorno de 1,5 segundos, sendo assim, qualquer movimento repre-senta um fator de risco e a atividade é altamente repetitiva.

Para reduzir o fator repetitividade sugere-se:>> Rotatividade à alternar funções entre os trabalhadores;>> Substituição do leitor óptico de código de barras manual

por um fixo que se localize na frente do trabalhador para diminuiros movimentos de punho;

>> Adaptação do caixa introduzindo uma esteira rolante di-minuindo assim os movimentos de ombro e o fator peso.

Também o trabalhador realiza muito o movimento de rota-ção de tronco para visualizar o monitor. Para minimizar este fatorsugere-se:

>> Substituição do banco por uma cadeira rotatória;>> Ou, melhor, mudança da localização do monitor para a

frente do trabalhador, acima do leitor óptico, não necessitando as-sim que ele realize a rotação de tronco.

ConclusãoSegundo Abrahão et al. (2002) a Ergonomia é uma disciplina

jovem, em evolução, e que vem reivindicando o status de ciência. Adefinição desta disciplina, segundo Montmollin (1984), poderia seruma “ciência do trabalho” ou uma arte alimentada de métodos e deconhecimentos resultantes da investigação científica, como afirmaWisner (1990). Portanto, não há unanimidade na definição deErgonomia, dificultando o estabelecimento de limites no seu campode investigação.

Ela busca dois objetivos fundamentais. De um lado, produzirconhecimento sobre trabalho, as condições e a relação do homem como trabalho, por outro, formular conhecimentos, ferramentas e princípi-os suscetíveis de orientar racionalmente a ação de transformação dascondições de trabalho, tendo como perspectiva melhorar a relaçãohomem-trabalho. A produção do conhecimento e a racionalização daação constituem, portanto, o eixo principal da pesquisa ergonômica(ABRAHÃO & PINHO, 1999).

Na prática, para produzir e formular conhecimentos a seremutilizados para a análise e a transformação das situações reais de traba-lho (ou para melhorar a relação entre o homem e o trabalho), aErgonomia incorpora, na base do seu arcabouço teórico, um conjuntode conhecimentos científicos oriundos de várias áreas (Antropometria,Fisiologia, Psicologia e Sociologia, entre outras) e os aplica com vistasàs transformações do trabalho. Consideram como critério de avalia-ção do trabalho, três eixos: 1) a segurança; 2) a eficiência; e 3) o bemestar dos trabalhadores nas situações de trabalho. Portanto, a Ergonomiabusca estabelecer uma articulação entre eles visando uma solução decompromisso nas suas propostas (ABRAHÃO et al., 2002).

Pode-se perceber a importância da avaliação ergonômica dospostos de trabalho para identificar os fatores de risco de doençasocupacionais e propor ações que minimizem estes fatores.

A intervenção do fisioterapeuta nas empresas traz benefícios aoempregador e ao empregado, pois a medida que diminui os índices deDORT diminui também os gastos da empresa e aumenta a sua produ-tividade. Além de proporcionar melhoria na qualidade de vida do tra-balhador.

Embora haja outros fatores que interferem na saúde do traba-lhador (individuais, psicológicos) a intervenção do fisioterapeuta podesim proporcionar uma grande melhora no processo de trabalho.

Conclui-se, então que a Ergonomia é instrumento eficiente, masdeve ser aproveitada de forma ampla dentro da empresa. Através daplanilha RULA foi possível avaliar coerentemente os riscos inerentesà função de caixa de supermercado nas circunstâncias descritas e pro-por estratégias que minimizem tais riscos.

O emprego da metodologias ergonômicas, na medida em queauxilia na redução e na prevenção das diversas espécies de acidentesocupacionais, otimiza o trabalho, reduz riscos, diminui prejuízosoperacionais e técnicos, possibilita um melhor planejamento das tare-fas, e contribui na construção de um ambiente laboral mais ergonômico,além de proteger e de reduzir significativamente a vulnerabilidade ju-rídica, como um todo, e, mais especificamente, a possibilidade deresponsabilização civil do empregador.

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Influência do Treinamento de Força Muscular na Flexibilidade deAlunos de uma Academia de Ginástica de Muriaé-MG

Influence of Strength Training on Muscle Flexibility of Students of aGymnasium for Muriaé-MG

ResumoO treinamento de força muscular possui a finalidade de

desenvolver importantes qualidades de aptidão, constituindouma excelente forma de preparação física. A Flexibilidade é acapacidade física responsável pela execução de um movimentode amplitude angular máxima por uma articulação ou conjuntode articulações, dentro dos limites fisiológicos. Este estudo tevecomo objetivo analisar se o treinamento de força muscular in-flui no grau de flexibilidade de alunos que realizam musculaçãoem uma academia de ginástica de Muriaé MG. A amostra foiconstituída de 17 indivíduos do sexo masculino, com idade en-tre 18 a 28 anos que pleiteavam o inicio de atividades físicasuma academia de ginástica. Os indivíduos realizaram o teste deflexibilidade no banco de Wells (BW). O BW é um instrumentousado na avaliação física como um teste de flexibilidade paramedir a amplitude da flexibilidade da parte posterior do troncoe coxas. Após a avaliação realizada pelos pesquisadores, foiinstituída uma ficha de exercícios. O treino durou 12 semanascom reavaliação no final da ultima semana. Como resultadoapós a análise dos dados obtidos na avaliação e reavaliação dosalunos pudemos observar que 82.35% da amostra obteve umaumento de flexibilidade em 1 2 e 3 cm, respectivamente35.29%, 29.41% e 17.65%. Os demais alunos (17.65%) tive-ram uma diminuição da flexibilidade em 1 cm. O treinamentode força muscular mostrou interferir positivamente no grau deflexibilidade avaliado pelo teste de sentar e alcançar na maioriada amostra.

Palavras-chave:Treinamento; Flexibilidade; Força.

AbstractThe muscular strength training has the purpose of

developing important qualities of fitness, providing an excellentform of fitness. Flexibility is the physical capacity responsiblefor the execution of a movement to maximum angular amplitu-de by a joint or set of joints, within physiological limits. Thisstudy aimed to examine whether the muscular strength trainingaffects the degree of flexibility to students who perform weighttraining in a gym for Muriaé MG. The sample consisted of 17males, aged between 18 to 28 years who wanted to start aphysical activity gym. The subjects performed the test offlexibility on the Well (BW). The BW is a tool used in physicalassessment as a test of flexibility to measure the extent of theflexibility of the back of the trunk and thighs. After the evaluationconducted by the researchers, was instituted a form of exercise.The training lasted 12 weeks with reassessment at the end oflast week. As a result after the analysis of data obtained in theevaluation and reevaluation of students could observe that82.35% of the sample obtained an increase of flexibility in 1 2and 3 cm, respectively 35.29%, 29.41% and 17.65%. Otherstudents (17.65%) had a loss of flexibility in 1 cm. Training ofmuscle strength showed positive influence on the degree offlexibility assessed by using sit and reach the majority of thesample.

Keywords:Training; Flexibility; strength.

1. Acadêmico do Curso de Fisioterapia.

2. Educador Físico.

3. Professor da Faculdade de Minas - Muriaé-MG

Pedro Henrique Silva1, Natanael Teixeira Alves de Souza1, Valdinei Muniz2,Diego Scalla Gonçalves Dutra3

IntroduçãoNíveis adequados de força muscular e flexibilidade são

fundamentais para o bom funcionamento músculo-esquelético,contribuindo para a preservação de músculos e articulaçõessaudáveis ao longo da vida (ALTER, 1999). Esse fato é plena-mente justificável com base nas inúmeras informações positi-vas relacionadas a esse tipo de exercício físico que vêm sendodisponibilizadas pela literatura ao longo dos últimos anos, taiscomo: redução dos fatores de risco associados a doenças

cardiovasculares e ao diabetes mellitus, prevenção e tratamen-to da osteoporose, redução ou manutenção da massa corporal;melhoria da estabilidade dinâmica e preservação da capacida-de funcional (A.C.S.M., 2002).

O treinamento de força muscular pode ser realizado devárias formas, desde um treinamento com peso a exercíciospliométricos ou até mesmo uma corrida em aclive, possui a fi-nalidade de desenvolver importantes qualidades de aptidão,constituindo uma excelente forma de preparação física, devidoa sua facilidade de adaptação a condição física do indivíduo,

Recebido: maio de 2009Aceito: setembro de 2009Autor para correspondência: Pedro Henrique SilvaE-mail: [email protected]

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melhorando a composição corporal resistência muscular, capa-cidade funcional, flexibilidade entre outros (ARAUJO, 2000).

Para o aumento de massa muscular o corpo necessita serexposto a séries múltiplas e um volume treinamento adequadoem uma sessão de treinamento (KRAEMER; HAKKINEN,2002). Tesch, (2000) indica a utilização de dois até cinco exer-cícios para o mesmo grupamento muscular. Os resultados pro-venientes do treinamento resistido vêm exclusivamente nos seg-mentos trabalhados e quando se utiliza principalmente os mo-vimentos em sua total amplitude, com ritmo lento ou moderadoe com respiração continuada (POLLOCK et al., 1998). Os di-versos equipamentos e aparatos utilizados na musculação, agrande variedade de exercícios especiais e métodos, permitemmudar substancialmente os programas de treinamento(PLATONOV, 2004).

A Flexibilidade é a capacidade física responsável pelaexecução de um movimento de amplitude angular máxima poruma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limitesfisiológicos, determinando a mobilidade total dos indivíduos,além de promover agilidade, melhora a capacidade mecânicados músculos e articulações permitindo o aproveitamento eco-nômico de energia durante o esforço e prevenção de lesões(DANTAS, 1999). O termo flexibilidade é freqüentemente uti-lizado como forma de inferir o comprimento muscular (BANDY;IRION, 1994). Apesar de a excursão máxima do músculo nor-malmente não ser necessária em atividades de vida diária(SINGER et. al. 2003), perdas significativas dessa propriedadepodem comprometer a execução adequada do movimento(GAJDOSIK, 2001). Embora alguns autores tenham sugeridoque a redução da flexibilidade estaria associada à maior fre-qüência de lesões músculo-esqueléticas (HARTIG, 1999), nãoestá comprovado que o ganho de flexibilidade tem influênciana prevenção dessas lesões (THACKER, 2004).

A proliferação de tecido conjuntivo que acompanha ahipertrofia muscular, mesmo quando obtida com exercícios par-ciais, aumenta a elasticidade do músculo esquelético. Os exer-cícios com pesos forçam os limites das amplitudes das articula-ções, o que em conjunto com o aumento de tecido conjuntivo,explica os efeitos estimulantes desses exercícios sobre a flexi-bilidade (FERREIRA, 1999).

O presente estudo tem como objetivo analisar a influên-cia do treinamento de força muscular no grau de flexibilidadedos indivíduos de uma academia de ginástica de Muriaé MG.

MetodologiaA amostra foi constituída por 17 indivíduos que pleitea-

vam o inicio de atividades físicas em uma academia de ginásti-ca do município de Muriaé – MG. Como critérios iniciais deinclusão, os participantes deveriam ser sedentários, bem comonão ter participado regularmente de nenhum programa de exer-cícios físicos ao longo dos últimos seis meses precedentes aoinício do treino. Além disso, cada participante respondeu ante-riormente ao início do estudo, a um questionário sobre o histó-rico de saúde e nenhuma disfunção cardio-pulmonares ou mús-culo-esquelética foi relatada. Todos os indivíduos eram do sexomasculino, com idade entre 18 a 28 anos, objetivando ahipertrofia muscular.

Os indivíduos foram primeiramente sujeitos a uma avali-ação completa, composta por teste de VO2 máximo, perimetria,adipometria, coleta dos sinais vitais, sendo que neste estudo

enfatizaremos apenas o teste de flexibilidade no banco de Wells(BW).

O BW é um instrumento usado na avaliação física comoum teste de flexibilidade para medir a amplitude da flexibilida-de da parte posterior do tronco e coxas, o resultado é obtido deacordo com a pontuação atingida na régua. O BW utilizado emnossa pesquisa foi o da marca Terrazul, mede 35 cm de altura elargura; 40 cm de comprimento, com régua padrão de 15 cm naponta. Após a avaliação realizada pelos pesquisadores, foi ins-tituída uma ficha de exercícios que se dividia em 2 tipos (ficha1e ficha 2) correspondendo ao treino do grupo muscular antago-nista ao dia seguinte. Na ficha 1 os exercícios realizados foram:voador frente, supino reto, tríceps puley e hack, leg press e ca-deira extensora Na ficha 2: puxador alto frente, remada máqui-na, bíceps direto, mesa flexora, stiff, panturrilha máquina. Osexercícios eram realizados em baixa velocidade, em 3 séries de10 a 12 repetições com intervalo de 1 minuto. Antes do iniciodos treinamentos os indivíduos avaliados eram sujeitos a umaquecimento de 12 a 15 minutos na esteira ergométrica. O trei-no durou 12 semanas com reavaliação no final da ultima sema-na, os treinos eram realizados 4 dias por semana tendo a quarta-feira, o sábado e domingo para descanso.

Resultados e DiscussãoApós a análise dos resultados encontrados na avaliação e

reavaliação do teste de sentar e alcançar no banco de Wells pu-demos observar que, 82.35% da amostra obtiveram um aumen-to de flexibilidade. Sendo que 35.29% destes obtiveram umaumento na flexibilidade em 1 cm, enquanto que 29.41% au-mentaram em 2 cm e 17.65% chegaram a 3 cm de aumento naflexibilidade de tronco. Os demais alunos (17.65%) tiveram umadiminuição da flexibilidade em 1 cm.

Fatouros et al. (2002), em um estudo semelhante, comamostra dotada por oito sujeitos idosos submetidos a treina-mento com peso por 16 semanas apresentaram aumentossignificantes (P < 0,05) na amplitude dos movimentos de flexãodo joelho (9 graus); flexão do cotovelo (9 graus); flexão e ex-tensão do ombro (18 e 15 graus, respectivamente); flexão e ex-tensão do quadril (9 e 6 graus, respectivamente). Os resultadosobtidos por Thrash; Kelly, (1987) que após submeterem 13 ho-mens (18 a 41 anos) a 11 semanas de treinamento com peso (8exercícios realizados em 3 séries de 8 repetições, 3 vezes porsemana, em dias alternados), verificaram aumentos, em valoresabsolutos, nos movimentos de dorsiflexão e flexão plantar dotornozelo, flexão e extensão do tronco e flexão e extensão dosombros. Foi visto que mediante o estímulo oferecido ao longode 10 semanas de treinamento com peso, os sujeitos inicial-mente classificados como sedentários, conseguiram preservarou até mesmo, melhorar os níveis de flexibilidade em todas ascinco articulações analisadas (CYRINO et al., 2004). No pre-sente estudo com protocolo de treinamento de força com 12semanas de duração, e, indivíduos sedentários com idade de 18a 28 anos tivemos resultados positivos com aumento da ampli-tude de movimento de flexão de tronco.

Embora existam pesquisadores que defendam a realiza-ção de aquecimento anteriormente ao início da prática de exer-cícios de diferentes naturezas (CHURCH, et al., 2001; FOSS ;KETEYIAN, 2000) os prováveis benefícios dessa atividadecomo elevação da temperatura do músculo, aumento dos im-pulsos nervosos, redução da rigidez muscular e articular, dimi-

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nuição da viscosidade do músculo, prevenção de lesões, sãoainda bastante controversos, na perspectiva de melhoria do de-sempenho físico, podendo contribuir ou não, de acordo com atarefa motora a ser executada. Acrescenta-se a isso que para arealização de aquecimento considerado adequado seria neces-sária uma combinação entre atividades com características ge-rais e específicas (HEDRICK, 1992). No presente estudo pro-gramamos 15 minutos de aquecimento em esteira ergométricaantes do treinamento, por se tratar de atividade aeróbica, exi-gindo do indivíduo movimento em todas as articulações do cor-po e aumento da freqüência cardíaca consecutivamente aumen-to do aporte sanguíneo, varredura de catabólitos e nutrição dotecido muscular.

O protocolo para o treinamento de força estabelecido nesseestudo optou por realizar exercícios utilizando o máximo daamplitude de movimento, visto que, de acordo com Fleck (1999),para desenvolver força em toda amplitude de movimento deuma articulação, o treinamento deve ser realizado também emtoda a amplitude do movimento da articulação.

Apesar de não estar estabelecido o mecanismo pelo quala flexibilidade contribui na prevenção de lesões, alguns estudostêm apontado a diminuição da flexibilidade como fator de riscopara patologias degenerativas, como a lombalgia (JONES etal., 2005). Hurley (1995), não constatou que o treinamento compeso desenvolvesse a flexibilidade, porém não afirmou tam-bém que ela fosse prejudicada, indicando assim um trabalhosimultâneo dessas duas aptidões.

ConclusãoO programa de treinamento de força muscular emprega-

do neste estudo mostrou interferir positivamente na maioria daamostra, indicando um aumento nos valores de flexibilidadeavaliados pelo teste de sentar e alcançar do banco de Wells,quando comparamos a segunda avaliação no termino do treinocom a primeira realizada no inicio. Reconhecemos ainda a ne-cessidade de estudos com amostra mais representativa, longosperíodos de testes, com indivíduos de ambos os sexos, níveisde aptidão física diferenciada e aplicação de outros testes paraavaliarmos com maior precisão a magnitude desta interferên-cia.

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Análise da Capacitade Funcional do Paciente GeriátricoInstitucionalizado por Meio da Escala de Barthel

Analysis of the Functional Capacity of the Elderly PatientsInstitutionalized they had used it Barthel’s Scale

ResumoVerificar a capacidade do idoso de executar atividades

que lhe permitem cuidar de si próprio foi o principal objetivodeste estudo. Foi utilizada a Escala de Barthel para avaliar acapacidade funcional dos idosos onde foram analisadas em dezitens de atividades de vida diária (AVD’s), incluindo mobilida-de e cuidados pessoais, como alimentação e banho. A pesquisafoi realizada em um asilo no município de São Caetano do Sul,em 29 idosos de ambos os sexos que realizam Fisioterapia, comidades entre 61 a 104 anos, sendo 10 homens e 19 mulheres. Aanálise dos dados obtidos foi feita através da transformação dasrespostas em freqüências absolutas e respectivas porcentagens.Caso as freqüências absolutas apresentassem diferença que obom senso rejeitaria como provenientes do mero acaso, teriamsido feitos testes estatísticos de aderência (Q2). O estudo indi-cou que 48,2% dos idosos necessitam de supervisão ou assis-tência para a maioria das atividades de vida diária (AVD) e51,8% apresentam grau máximo de independência. Os dadosobtidos revelaram um alto índice de dependência funcional doidoso institucionalizado, confirmando estudos anteriores queapontam uma diminuição da capacidade funcional de idososem instituição de longa permanência.

Palavras-chave:Atividades cotidianas; idoso; envelhecimento; avaliação geriá-trica.

AbstractTo verify older capacity to execute activities that allow it

to take care of itself was the main objective of this study. TheBarthel´s scale was used to evaluate functional capacity of theaged ones where they had been analyzed in ten activities ofdaily life (ADL), including personal mobility and cares,example, feeding and bath. The research was done in an asylumin the city of São Caetano do Sul, in 29 aged of both sex thatcarry through physiotherapy, with ages between 61 and 104years, 10 men and 19 women. The analysis of the gotten datawas made through the transformation of the answers in absolutefrequencies and respective percentages. In case that the absolutefrequencies presented difference that common-sense wouldperhaps reject as proceeding from the mere one, they wouldhave been made statistical tests of tack (Q2). The study indicatedthat 48.2% of the aged ones need supervision or assistance forthe majority ADL and 51.8% present maximum degree ofindependence. The gotten data had disclosed one high index ofinstitutionalized functional dependence of the aged one,confirming previous studies that point a reduction of thefunctional capacity of aged in institution of long permanence.

Key words:Activities of daily living; Elderly; Geriatric assessment.

1. Fisioterapeuta, Professor do Departamento de Fisioterapia da Universidade doGrande ABC - UniABC

2. Acadêmicas da disciplina Prática de Fisioterapia Supervisionada em Geriatria eGerontologia,do VIII semestre do curso de Fisioterapia da Universidade do GrandeABC- UniABC

Recebido: maio de 2009Aceito: setembro de 2009Autor para correspondência: Jurailton Calixto da SilvaE-mail: [email protected]

Jurailton Calixto da Silva1, Joyce Maria Alves2, Samantha Christina Souza Lisboa2

IntroduçãoÀ semelhança dos diversos países do mundo, o Brasil está

envelhecendo rapidamente. Considerada como aqueles indiví-duos com mais de 60 anos, a população idosa, compõe hoje osegmento populacional que mais cresce em termos proporcio-nais. As alterações na dinâmica populacional são claras,inexoráveis e irreversíveis. No início do século 20, um brasilei-ro vivia em média 33 anos, ao passo que hoje a expectativa devida dos brasileiros atinge os 68 anos (RAMOS, 1993).

Entre 1960 e 1980, observou-se no Brasil uma queda de33% na fecundidade (VERAS, 2001). A diminuição no ritmode nascimento resulta, em médio prazo, no incremento propor-cional da população idosa. Nesse mesmo período de 20 anos, aexpectativa de vida aumentou em oito anos. Hoje, a população

de idosos ultrapassa os 15 milhões de brasileiros (para umapopulação total de cerca de 170 milhões de habitantes), que em20 anos serão 32 milhões (VERAS, 2002).

A expectativa de vida tem crescido nos últimos anos ecom isso surge a preocupação de promover um envelhecimentosaudável e de manter a capacidade funcional máxima do idoso(CALKINS et al., 1997).

A senescência promove uma redução das reservas de vá-rios sistemas orgânicos, sobretudo do sistema nervoso central(SNC), do sistema circulatório, do sistema gastrintestinal e dosistema hematopoiético. Esses sistemas ficam mais vulneráveis,tornando os idosos mais suscetíveis ao aparecimento de doen-ças e aos efeitos colaterais dos agentes farmacológicoscomumente utilizados. Além disso, o comprometimento da fun-ção neuromuscular e articular, evidenciado pela perda de força

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muscular e pela perda da amplitude de movimento, geram limi-tações funcionais que dificultam a execução das atividades devida diária (AVD), como caminhar, levantar-se, manter o equi-líbrio postural e prevenir-se contra quedas iminentes(KAUFFMAN et al., 2001).

Uma avaliação geriátrica eficiente e completa, a custosrazoáveis, torna-se cada vez mais premente. Seus objetivos sãoo diagnóstico precoce de problemas de saúde e a orientação deserviços de apoio onde e quando forem necessários, com o fimde manter as pessoas nos seus lares. A história, o exame físico eo diagnóstico diferencial tradicionais não são suficientes paraum levantamento extenso das diversas funções necessárias àvida diária do indivíduo idoso. A prática clínica geriátrica devese preocupada com a qualidade de vida, conter também umaampla avaliação funcional em busca de perdas possíveis destasfunções (CARVALHO-FILHO e PAPALÉO-NETTO, 2000).

A estrutura e os componentes da avaliação geriátrica va-riam muito dependendo da equipe e do local onde ela é realiza-da, se em hospital, instituição de longa permanência, pronto-socorro ou ambulatório. No entanto, apesar da diversidade, elatem características próprias e constantes como o fato de ser sem-pre multidimensional e utilizar instrumentos (escalas e testes)para quantificar a capacidade funcional e avaliar parâmetrospsicológicos e sociais. E mais, a avaliação sempre resulta emuma intervenção, seja ela de reabilitação, de aconselhamentoou internação (RUBESTEIN & RUBESTEIN, 1980).

Existem inúmeras escalas que servem para quantificaçãoda capacidade para executar as Atividades da Vida Diária (AVD)e as Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD), muitasdelas validadas no Brasil, porém com limitações principalmen-te no que se refere à sua especificidade.

A utilização destes instrumentos de avaliação tem impor-tantes implicações na qualidade de vida dos idosos, uma vezque possibilita ações preventivas, assistenciais e de reabilita-ção. Estas ações contribuem para um processo de envelheci-mento com maior expectativa de vida saudável e uma tentativade recuperação ou manutenção da capacidade funcional (ROSAet al., 2003).

A Capacidade Funcional é definida como a capacidadedo idoso para executar atividades que lhe permitem cuidar de sipróprio e viver independentemente em seu meio. É medida pormeio de instrumentos que avaliam a capacidade do pacientepara executar as Atividades da Vida Diária (AVD) e AtividadesInstrumentais da vida Diária (AIVD). (COSTA et al., 2001)

Neste estudo avaliamos a Atividade da Vida Diária, sen-do utilizado como instrumento de avaliação a Escala de Barthelque permite uma ampla graduação entre máxima dependência(0 pontos) e máxima independência (100 pontos). Os pacientescom pontuação abaixo de 70 necessitam de supervisão ou as-sistência para a maioria das atividades. (MAHONEY &BARTHEL, 1965)

Como objetivo geral busca-se verificar a capacidade fun-cional da população geriátrica institucionalizada no Abrigo IrmãTereza a Velhice Desamparada que realizam Fisioterapia. Quantoao objetivo específico, verificar a capacidade do idoso paraexecutar atividades que lhe permitem cuidar de si próprio.

Material e Método

Tendo em vista o objetivo proposto, a pesquisa adotou oreferencial metodológico de um estudo transversal de caráterquantitativo, descritivo-exploratório. Para este estudo, a popu-

lação foi constituída por todos os idosos institucionalizados deum abrigo situado na região do Grande ABC, atendidos pelaFisioterapia após a aplicação de teste de capacidade mental -Mini Exame do estado Mental – MEEM O MEEM foi projeta-do para ser uma avaliação clínica prática de mudança do estadocognitivo em pacientes geriátricos, examina orientação tempo-ral e espacial, memória de curto prazo (imediata ou atenção) eevocação, cálculo, praxia, e habilidades de linguagem e viso-espaciais.

A presente pesquisa foi apresentada ao Comitê de Éticada Uniabc com aprovação em 4 de junho de 2008, Nº. do pro-cesso 102/08.

Os sujeitos foram convidados a participar da pesquisa,salientando o seu direito de deixar de participar a qualquermomento, sem prejuízos ao seu atendimento e com absolutosigilo de seus dados pessoais. Aqueles que aceitaram participardo estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclare-cido. As informações foram colhidas, através de entrevista di-reta, face a face com idosos. Os dados foram coletados atravésde um instrumento de medida fundamentado na Escala de Barthelpara avaliação funcional do idoso, o qual permite uma amplagraduação por pontos, entre máxima dependência (0 pontos) emáxima independência (100 pontos) considerando a pontuaçãoabaixo de setenta (70 pontos) dependente. O questionário foiaplicado pelo pesquisador com a participação de dois acadêmi-cos do sétimo semestre do curso de fisioterapia, após treina-mento realizado no mês de agosto de 2008.

A análise dos dados obtidos foi feita através da transfor-mação das respostas em freqüências absolutas e respectivasporcentagens. Caso as freqüências absolutas apresentassem di-ferença que o bom senso rejeitaria como provenientes do meroacaso, teriam sido feitos testes estatísticos de aderência (Q2).

Resultados e Discussão

O presente estudo procurou verificar a capacidade do ido-so de executar atividade que lhe permitem cuidar de se próprio.A pesquisa foi realizada em um asilo da região do Grande ABC,com 29 idosos de ambos os sexos que realizam Fisioterapia,com idades variando entre 61 a 104 anos, dos quais 10 eram dosexo masculino e 19 do sexo feminino.

De acordo com a escala de Barthel para avaliação da ati-vidade funcional do idoso, o estudo revelou que 48,2% dos ido-sos pesquisados necessitam de supervisão ou assistência para amaioria das atividades de vida diária (AVD) e 51,8% apresen-tam grau máximo de independência. Os dados obtidos revela-ram um alto índice de dependência funcional do idosoinstitucionalizado, confirmando estudos anteriores que apon-tam uma diminuição da capacidade funcional de idosos em ins-tituição de longa permanência.

Cada atividade pode ser analisada individualmente pelaescala de Barthel. Através da Tabela 1 referente à atividade ali-mentação, 56,40% necessitam de ajuda para cortar carne,25,30% são independentes, manuseiam talheres e comem emtempo relativamente normal.Nos estudos de Guedes et al. (2004)utilizando o índice de Barthel, a população geriátricainstitucionalizada na cidade de Passo Fundo – RS, 57,8% dosidosos necessitam de ajuda para cortar carne, passar manteigano pão, e 36,7% são independentes, sendo capazes de usar ta-lher e comer em tempo razoável.

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Referente ao banho (tabela 2), onde qualquer tipo de aju-da para o banho é considerado como dependente para a ativida-de, observou-se o maior número de idosos dependente, 72,50%e 27,50% são independentes, corroborando com estudos deGuedes et al (2004), através da escala de Barthel, onde 67,89%foram considerados dependentes.

No item vestuário (Tabela 3), verificou-se que 31,00%dos idosos são independentes para essa função; 34,50 % sãodependentes e 34,50% necessitam de ajuda na maioria das tare-fas. Nos estudos de Guedes et al. (2004), através da escala deBarthel, 46,78% dos idosos são independentes para realizar essafunção.

Quanto à higiene pessoal (Tabela 4), verificou-se atravésda escala de Barthel um elevado número de dependentes, 58,60%dos idosos não conseguem realizar as tarefas sozinhos. Nesseitem são analisadas atividades como escovar os dentes, lavar orosto, as mãos e barbear-se. Observou-se que 41,40% dos ido-sos são independentes para a realização das tarefas.

No item dejeções (tabela 5) verifica-se que 41,50% sãocontinentes; 27,50% apresentam incontinência ocasional e31,00% são incontinentes. Nos estudos de Guedes et al. (2004),69,72% são considerados continentes, ou seja, não apresentamepisódios de incontinência; se são necessários enemas e supo-sitórios, colocam-nos sozinhos.

No quesito referente à micção (tabela 6), verificou-se que,72,50% dos idosos são incontinentes, sendo que 41,50% apre-sentam incontinência ocasional e 31% são incontinentes. Ob-servou-se que 27,50% são continentes. Nos estudos de Costa etal. (2001), a incontinência urinária ocorre em 30% dos idososda comunidade e em 60 a 70% dos residentes em asilos.

Em relação ao uso do vaso sanitário (Tabela 7), 58,60%

dos idosos usam o vaso sanitário, mesmo que usem barras deapoio sentam-se e levantam-se sem ajuda; limpam-se e vestem-se sem ajuda; 20,70% necessitam de ajuda para manter o equi-líbrio, limpar-se e vestir-se e 20,70% são dependentes para essafunção.

Na Tabela 8 quanto à passagem cadeira – cama, 34,50%dos idosos são independentes, fazem uso de cadeiras de rodas,mas não necessitam de ajuda; 10,50% necessitam de ajuda mí-nima; 27,50% necessitam de grande ajuda na passagem da ca-deira para a cama e da cama para a cadeira; 27,50 dependentes.

Em relação à deambulação (Tabela 9), 41,30% são inde-pendentes deambulam mesmo fazendo uso de prótese ou órteses;24,30% necessitam de ajuda ou supervisão: 16,90% fazem usosde cadeiras de rodas com independência e 27,50% dependen-tes.

No item que se refere a subir e descer escadas (Tabela10) verificou-se que 65,50% dos idosos sobem ou descem es-cadas sem ajuda, mesmo que fazendo uso de orteses ou próteses;10,20% necessitam de ajuda e 24,30% são dependentes.

Através da escala de Barthel, como instrumentos de me-dida para a avaliação da capacidade funcional dos idosos ondeforam analisadas em dez itens de atividades de vida diária(AVD’s), incluindo mobilidade e cuidados pessoais (alimenta-ção, banho, cuidado pessoal, vestir-se, uso do banheiro, conti-nência urinária e fecal, transferências, deambulação e subir edescer escadas, os achados indicam que dentre essas atividadesda vida diária, o banho, vestuário, higiene pessoal e micçãodetêm os maiores índices de dependência funcional, parcial outotal).

ConclusãoNuma sociedade em que a população idosa cresce de uma

forma exponencial, a avaliação do grau de autonomia deste grupopopulacional é extremamente importante, quer na avaliação doestado de saúde, quer na planificação dos cuidados tendo emconta as suas necessidades específicas.

Neste sentido, o Índice de Barthel surge como um instru-

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mento válido e fácil de aplicar na prática clínica. Neste estudo,segundo os resultados obtidos, um alto índice de idosos depen-dentes nas atividades de vida diária em um abrigo da região doGrande ABC, sugere intervenções significativas sobre esse as-pecto, principalmente no que se refere ao banho, vestuário, hi-giene pessoal e micção. Os dados mostram uma maior depen-dência dos idosos residentes em instituições de longa perma-nência, também constatados na revisão bibliográfica. Eviden-ciamos a imprescindível importância do fisioterapeuta na assis-tência ao idoso no processo de manutenção da capacidade fun-cional, atuando de forma curativa e preventiva.

Entendemos, também, a necessidade de prosseguir eaprofundar pesquisas com avaliações que abranjam o idoso emtodas as dimensões, dando subsídios pra a intervenção e ado-ção de medidas que melhorem a qualidade de vida desses indi-víduos.

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Ginástica Laboral no Setor de Informática: AbordagemFisioterapêutica

Gymnastics Labor in the Information Techology Sector: ApproachPhysiotherapeutic

ResumoA saúde, como premissa básica no exercício da cidadania

do ser humano, se constitui de extrema relevância para a socie-dade, pois diz respeito à qualidade de vida, escopo de todo ci-dadão, no exercício de seus direitos. As condições e o ambientede trabalho têm afetado sobremaneira a saúde dos trabalhado-res, na medida em que têm sido crescentes os fatores de risco,no desenvolvimento de doenças ocupacionais. O objetivo pro-posto foi verificar a Ginástica laboral no setor CEITE da Uni-versidade Católica de Santos. O estudo foi clínico, randomizado,não controlado, qualitativa, quantitativa, e prospectivo, em 12trabalhadores do sexo masculino divididos em 2 grupos (n=6).GI-Ginástica Laboral, GII-Controle. A avaliação postural porfotometria e escala analógica de dor foram conduzidas em 2momentos; M1 antes da primeira sessão, e o M2 após 14 ses-sões. Foram realizadas respectivas condutas durante 15 minu-tos, todos os dias durante a jornada de trabalho, no períodoaproximadamente de um mês. Os resultados mostraram que naGinástica Laboral, após tratamento estatístico (teste T Student)foi verificado melhora (p<0,05) nos dados obtidos na avaliaçãoda escala analógica de dor. Na Avaliação Postural por Fotometria– SAPO após teste estatístico (T Student) não se verificou re-sultados positivos (p>0,05), como também não foram observa-dos significância para o grupo controle (p>0,05). Portanto pode-se concluir que foi verificado melhora significativa após Ginás-tica laboral na avaliação analógica de dor.

Palavras-chave:Ginástica Labora; Saúde do Trabalhador e Fisioterapia.

AbstractThe health and basic premise in the exercise of citizenship

of the person, it is of extreme importance to society as it relatesto quality of life and scope of every citizen in the exercise oftheir rights. The conditions and the working environment haveparticularly affected the health of workers, as they have beenincreasing the risk factors in the development of occupationaldiseases. The objective was to verify the proposed GymnasticsCeita employment in the sector of the Catholic University ofSantos. The clinical study was randomized, not controlled,qualitative, quantitative, and prospective in 12 male workersdivided into 2 groups (n = 6). Gymnastics Labor-GI, GII-Control. The assessment of posture and photometry analog painscale were conducted in 2 stages, before the first session M1,M2 and after 14 sessions. Their behaviors were performed for15 minutes every day during the working day in the period ofabout a month. The results showed that the Labor Gymnastics,after statistical treatment (Student T test) was found better (p<0.05) in data obtained in the evaluation of the analog scale ofpain. In Postural Assessment by Photometry - SAPO afterstatistical test (Student T) there was positive (p> 0.05) but nosignificance was observed for the control group (p> 0.05). Sowe can conclude that significant improvement was found afterthe evaluation Gymnastics labor analog pain.

Key words:Gymnastics Labor; Guidelines; Ergonomics.

1. Docente da Universidade Católica de Santos e aluna no curso de pós doutorado daUfscar

2. Discente do Curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Santos.

Recebido: maio de 2009Aceito: setembro de 2009Autor para correspondência: Fernanda Aparecida de OrnelasE-mail: [email protected]

Fernanda Aparecida de Ornelas1, Daniela Costa Censoni Guerra2,Paola de Paula Zacharias2, Taciana Juan D’Aprile2

IntroduçãoA saúde, como premissa básica no exercício da cidadania

do ser humano, se constitui de extrema relevância para a socie-dade, pois diz respeito à qualidade de vida, escopo de todocidadão, no exercício de seus direitos. Isto posto, na esfera ju-rídica, o direito à saúde se consubstancia como forma indispen-sável no âmbito dos direitos fundamentais sociais. (BARRO-SO, 1996; BASTOS, 1982).

Referente à saúde do indivíduo durante a jornada de tra-

balho, discuti-se a importância da área da saúde do trabalhadore da ergonomia. Estas técnicas são aplicadas como forma decolocar em prática o direito do trabalhador (REBOREDO,2006).

Segundo a Constituição Federal de 1988, estabelecidoem seu artigo 7º: “São direitos dos trabalhadores urbanos e ru-rais além de outros que visem à melhoria de sua condição soci-al: XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meiode normas de saúde, higiene e segurança”. A NR-17, NormaRegulamentadora do Ministério do Trabalho estabelece quecompete ao empregador realizar a análise ergonômica do tra-

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balho para avaliar a adaptação das condições de trabalho àscaracterísticas psicofisiológicas do trabalhador. Os controles aserem adotados envolvem: o dimensionamento adequado doposto de trabalho, os equipamentos e as ferramentas, as condi-ções ambientais e a organização do trabalho.

Quando violados, o direito e ou as normasregulamentadoras são refletidos às empresas, ao seguro social(INSS) e ao próprio trabalhador (HERBSTRITH, 2008).

O custo para o país com acidentes de trabalho e doençasocupacionais chega a R$ 20 bilhões por ano com aposentadori-as, indenizações e tratamentos médicos. De cada 100 trabalha-dores na região Sudeste, por exemplo, pelo menos um é porta-dor de LER, de acordo com a Organização Mundial de Saúde esomente no primeiro ano de afastamento do empregado, asempresas gastam cerca de R$ 89 mil com encargos sociais epagamento do trabalhador em licença-médica, já para o traba-lhador os danos se referem à limitações de suas atividades diá-rias devido as dores que podem levar a incapacidades funcio-nais, problemas psicológicos, gastos com transportes, remédi-os e diminuição na qualidade de vida (BUSCHINELLI etal,1994).

Em situações, as quais há falha ou ausência da ação daergonomia e ou da saúde do trabalhador pode acarretar emmalefícios aos trabalhadores como as doenças ocupacionais,ditas como LER ou DORT, refletindo em morbidades acompa-nhadas por significativo quadro álgico e diminuição da capaci-dade de vida diária e profissional além de grande impacto navida pessoal e social do indivíduo (OLIVEIRA LUIZ C., 2006).

Embora compreendamos a atuação da saúde do trabalha-dor e da ergonomia em prol á aplicabilidade do direito do tra-balhador há um interesse em se levantar os principais fatores derisco no setor CEITE da Universidade Católica de Santos, nodesenvolvimento de doenças ocupacionais que amenizem oudificultem a total acessidade dos trabalhadores frente aos seusdireitos.

ObjetivoEste estudo tem como objetivo sugerir a intervenção

fisioterapêutica com ginástica Laboral no ambiente de traba-lho, especificamente no setor CEITE da Universidade Católicade Santos.

Metodologia

Aspectos Éticos

Inicialmente foi solicitado o parecer da comissão de éticaem pesquisa (COMET) da Universidade Católica de Santos,localizada na cidade de Santos – SP.

Tipos do Estudo

O presente estudo foi ensaio clínico prospectivo, qualita-tivo e quantitativo pela análise e intervenção no posto de traba-lho Informática e Tecnologia (CEITE), da Universidade Cató-lica de Santos.

Seleção e Caracterização dos Funcionários

A seleção dos funcionários acompanhou os critérios de

inclusão como ser do sexo masculino e trabalharem no setorpor no mínimo seis meses.

Foi levantado o número total (n por conveniência) daamostra após o levantamento de funcionários com caráter deinclusão, sendo divididos em dois grupos de forma randomizada.

Os três grupos foram definidos como:Grupo 1 – Ginástica Laboral;Grupo 2 – Controle.

Procedimento

O presente estudo foi desenvolvido no período de agostoa novembro de 2008 na Universidade Católica de Santos nosetor Centro de Informática e Tecnologia (CEITE).

Para melhor consecução do objetivo proposto, este estu-do foi dividido em oito etapas.

Etapa I – Autorização para realização dotrabalho

Inicialmente foi solicitada autorização para execução doprojeto pela Carta de autorização entregue aos responsáveis daUniversidade Católica de Santos, ao diretor do centro de Ciên-cias e ao coordenador do Curso de Fisioterapia e ao coordena-dor do setor Centro de Informática e Tecnologia (CEITE), parapossível acesso aos locais para a realização do estudo.

Etapa II - Levantamento dos dadosNesta etapa, houve o comparecimento das autoras deste

estudo ao setor Centro de Informática e Tecnologia (CEITE)para observação e conhecimento do espaço físico (120m²), ati-vidades executadas (atividade administrativa principalmentedigitação) e do número de funcionários (n = 12).

Etapa III - Conscientização da proposta do estudoNesta etapa, foi realizada explicação informal, frente ao

trabalho e na presença de interesse do participante, sendodisponibilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido(TCLE) e marcado um dia para a Avaliação Fisioterapêutica.

Etapa IV – Avaliação do material de trabalhoNesta etapa, foi avaliado o mobiliário e os equipamen-

tos presentes no setor escolhido, utilizando um Check List ba-seado na NR17.3 – Mobiliário dos Postos de Trabalho.

Etapa V – Análise do ambiente de trabalhoNesta etapa, foram analisados os fatores ambientais do

local de trabalho, na semana antes da intervenção da fisiotera-pia, pela medição do iluminamento (A), ruído (B), umidade re-lativa e temperatura (C).

As medições foram conduzidas pelo Engenheiro Eduar-do Eberhardt CREA: 5061761607. Os equipamentos utilizadose a forma de utilização de cada aparelho se deram da seguinteforma:

A - Iluminamento: O equipamento Luximetro, marcaLutron®, modelo LX 101 – Lux Meter calibrado conforme ins-truções do fabricante foi posicionado na superfície de trabalho,como por exemplo, na mesa do computador, ou foi utilizadocomo base um plano horizontal a 0,75 m do piso. Os valoresmensurados foram confrontados com a NBR 5413 –“Iluminância de Interiores”

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B- Ruído: O equipamento Decibelimetro, marca Lutron®,modelo SL 4001, tipo 2, calibrado conforme, instruções do fa-bricante foi disposto próximo do pavilhão auditivo do trabalha-dor.

C- Umidade relativa e temperatura: O equipamentoTermo-Higrômetro digital, marca Quest®, modelo HT 3003(Figura 3), calibrado conforme instruções do fabricante, foi postono setor, sobre o solo, e os valores foram indicados no paineldigital assim que o aparelho se estabilizou.

Etapa VI - AnamneseNesta etapa, foi realizada anamnese do indivíduo conten-

do seus dados pessoais e indicadores de saúde.

Etapa VII – AvaliaçõesNesta etapa foram realizadas avaliações da postura do

indivíduo por fotometria (A) e a avaliação subjetiva da escalavisual analógica (B).

As avaliações foram conduzidas em 2 momentos (M1 eM2).

O M1 foi realizado após a etapa VI – Anamnese e o M2foi aplicado após 14 sessões de intervenção fisioterapêutica.

A – Avaliação Postural por Fotometria – SAPOInicialmente foi solicitado que o individuo comparecesse

de sunga no local combinado segundo agendamento. Foi avali-ado o peso (Kg) e estatura (M) do indivíduo com uma balançaantopométrica mecânica adulta, logo depois foram posicionadosos marcadores nos pontos anatômicos de acordo com o proto-colo SAPO na vista anterior, posterior, lateral direita e lateralesquerda.

Os marcadores foram bolinhas de isopor de 25mm corta-das ao meio.

Marcação de pontos na vista anterior:Trago direito e es-querdo (ponto 2 e 3), Acrômio direito e esquerdo (ponto 5 e 6),Espinha ilíaca ântero superior direita e esquerda (ponto 12 e13), Trocanter maior do fêmur direito e esquerdo (ponto 14 e15); Linha articular do joelho direita e esquerda (ponto 16 e19), Linha média da patela direita e esquerda (ponto 17 e 20),Tuberosidade da tíbia direita e esquerda (ponto 18 e 21), Maléololateral direito e esquerdo (ponto 22 e 25) e Maléolo medialdireito e esquerdo (ponto 23 e 26).

Marcação de pontos na vista posterior: T3 (ponto 17),Ângulo inferior da escapula direito e esquerdo (ponto 8 e 7),Espinha ilíaca póstero superior direita e esquerda (ponto 10 e9), Linha média da perna direita e esquerda (ponto 33 e 32),Ponto médio do calcâneo na altura dos dois maléolos direito eesquerdo (ponto 34 e 35),Calcâneo direito e esquerdo (ponto41 e 37)

Marcação de pontos na vista lateral direita:C7 (ponto 8),Epicôndilo lateral (ponto 6) Marcação de pontos na vista late-ral esquerda: C7 (ponto 8), Epicôndilo lateral (ponto 6)

Após a marcação dos pontos houve a captura de fotosdigitais na vista anterior, posterior, lateral direita e lateral es-querda de cada indivíduo, em formato de arquivo JPEG comdefinição de 3 Megapixels, registradas por uma máquina foto-gráfica digital marca SONY®, modelo T 200, 8.1 Megapixels,posicionada sobre um tripé da marca first moonlight®, modelo6156 e a máquina fotográfica foi posicionada na frente do paci-ente a uma distância de 3,0 metros e altura de 1,25 metros.

Foi confeccionado um fio de prumo para calibragem do

aparelho com marcação de um metro, o fio de prumo e o indiví-duo ficaram no mesmo plano perpendicular ao eixo da câmera,sendo enquadrados ambos na foto.

Ao final o programa ofereceu um relatório apresentandoos seguintes parâmetros:

Vista anterior: Alinhamento horizontal da cabeça; Alinha-mento horizontal dos acrômios;

Alinhamento horizontal das EIAS;Vista posterior:Assimetria horizontal em relação à T3.,Vista Lateral: Alinhamento horizontal da cabeça (C7);

Alinhamento vertical da cabeça (acrômio); Alinhamento verti-cal do tronco; Ângulo do quadril (tronco e coxa); Alinhamentovertical do corpo; Alinhamento horizontal da pelve (retroversãoe anteroversão); Ângulo do joelho.

Centro de gravidade em plano frontal sagital.

B - Escala Visual Analógica de DorEsta escala consiste em auxiliar na aferição da intensida-

de da dor no indivíduo, é um instrumento que consiste em umarégua com desenhos de rostos com expressões que variam dasatisfação à dor intensa e uma escala numérica de zero a dez,importante para verificarmos a evolução do mesmo durante otratamento de maneira fidedigna. Também foi útil para poder-mos analisar se o tratamento foi efetivo, quais procedimentostêm surtido melhores resultados, assim como se há alguma de-ficiência no tratamento, de acordo com o grau de melhora oupiora da dor.

Foi solicitado ao paciente que assinalasse com um “x”sobre o valor que expressasse a intensidade de sua dor.

Após as avaliações e análises das etapas anteriores, foirealizada a intervenção fisioterapêutica conforme os grupospropostos.

Etapa IX - Intervenção Fisioterapêutica A - Ginástica LaboralEste grupo (G1), dividido conforme item 3.3 foi repre-

sentado por seis funcionários (n=06), os quais foram submeti-dos à 14 sessões de intervenção fisioterapêutica com a técnicaginástica laboral durante 15 minutos, 4 vezes semanais, realiza-da de acordo com o protocolo de Ginástica Laboral representa-do por 15 exercícios de alongamento e relaxamento dos mem-bros superiores e inferiores, enfatizando a postura em pé.

B - Grupo ControleEste grupo (G2), foi dividido conforme item 3.3 repre-

sentado por seis funcionários (n=06), os quais não receberamnenhuma das intervenções.

Os funcionários foram orientados a não comentarem en-tre si frente a intervenção fisioterapêutica que receberam, jáque se trata de intervenções diferenciadas de acordo com o gru-po que pertencem.

Para este grupo foi disponibilizado a opção terapêutica(Ginástica Laboral).

Durante a condução deste estudo ficaram de comum acor-do, entre as autoras e a profissional responsável pela GinásticaLaboral já existente no setor a pausa de 30 dias para que nãohouvesse comprometimento dos resultados finais.

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Análise dos resultados

Avaliação quantitativa das características doambiente de trabalho

Na tabela 1, nota-se que os valores estão dentro dos limi-tes estipulados conforme preceitua respectivamente as normasregulamentadoras: NR 15, NBR 5413 “Iluminância de Interio-res” e NR 17.5.2.

Tabela 1 - Tabela representativa dos valores mensuradosfrente a avaliação quantitativa das características do ambientede trabalho.

Características antropométricas - Anamnese

Observar-se os dados colhidos na anamnese, referente àidade e medidas antropométricas. Analisamos que o desvio pa-drão referente às medidas antropométricas obtidos entre os vo-luntários referente ao peso é elevado e em relação a estatura,enquanto que o desvio padrão referente à idade é de ±6,8 comuma média de 28,9 anos.

Indicadores de Saúde - Anamnese

Os achados entre todos os funcionários pesquisados de-monstram que 72% referem dor, onde 85% deles acreditam serdecorrente de suas atividades laborais, e apenas 15% referemdor por algum outro motivo. Foi constatado que o cansaço du-rante a jornada de trabalho é relatado por apenas 17% dos fun-cionários, mas que após a jornada 44% dos trabalhadores sesentem cansados, porém 67% dos funcionários acreditam quese o cansaço estiver presente terá grande influência no seu ren-dimento.

Pratica de Atividade Física - Anamnese

Foi verificado que 33% realizam atividade física, enquanto67% não realizam nenhuma atividade física.

Avaliação Pela Escala Visual Analógica (EVA) –Ginástica Laboral (G1)

Quando verificadas as avaliações iniciais e finais pelaEVA, houve valores significativos após tratamento estatístico(teste T Student), com valor de p=0,007971, o que demonstrouinferior à p< 0,05.

- Avaliação Pela Escala Visual Analógica (EVA) – Con-trole (G3)

Nas avaliações iniciais e finais através da EVA, não hou-veram valores significativos após tratamento estatístico (teste TStudent), com valor de p=0,087344, o que demonstrou superiorà p< 0,05.

- Avaliação Postural por Fotometria (SAPO) – GinásticaLaboral (G1)

Vista Anterior e PosteriorPara analisar os dados encontrados seguiu-se o protocolo

determinado pelo programa SAPO que preconiza: valores po-sitivos, sentido anti-horário e lado direito, valores negativossentido horário e lado esquerdo.

Analisando os dados obtidos na avaliação inicial na vistaanterior, o G1 apresenta alinhamento horizontal da cabeça commédia de 1,1 e desvio padrão de ± 0,68, o que indica uma rota-ção para direita da cabeça. Em relação ao alinhamento horizon-tal dos acrômios percebe-se que o acrômio direito encontra-semais elevado que o esquerdo com média de -1,89 com desviopadrão de ± 1,12, o mesmo ocorre com o alinhamento horizon-tal das espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS), com médiade –9,14 desvio padrão ± 6,72, a EIAS direita apresenta-se ele-vada em relação à esquerda. Na vista posterior verificou-seassimetria horizontal da escápula em relação à T3, onde aescápula esquerda foi em média –19,8 mais elevada que à direi-ta com desvio padrão de ±7,81.

Nas avaliações finais, os valores encontrados foram pró-ximos aos valores obtidos nas avaliações iniciais, o que demons-tra, pouca ou nenhuma alteração postural após a aplicação doprotocolo.

Vista LateralNa avaliação inicial na vista lateral o que observamos no

G1 foi que: no alinhamento horizontal da cabeça (C7) a médiafoi de 5,55 desvio padrão de ±1,77, o que indica uma menorcurvatura da coluna cervical; o alinhamento vertical da cabeça(acrômio) com média de 4,38 desvio padrão de ± 4,97, sugereuma protusão de cabeça; o alinhamento vertical do tronco me-dido entre o trago, trocânter maior do fêmur e a vertical paraverificar a inclinação do tronco, trás uma média de –3,78 des-vio padrão de ± 1,94, mostrando um tronco mais extendido; oângulo do quadril (tronco e coxa) a média foi de –9,25 desviopadrão de ± 5,22 sugerindo uma extensão de quadril; no alinha-mento vertical do corpo verifica-se que o peso está mais sobreas pontas dos pés, pois a média encontrada foi de 1,2 desviopadrão de ± 0,71, o alinhamento horizontal da pélvis medidaentre as espinhas ilíacas ântero-superior, póstero-superior es-querda e a horizontal indica uma retroversão pélvica nesse gru-po, pois a média foi de –15,85 com desvio padrão de ± 6,80, ogrupo caracteriza-se com uma leve flexão de joelhos, pois amédia ângulo do joelho foi de –18,39 desvio padrão de ± 9,07.

Nas avaliações finais, os valores encontrados foram pró-ximos aos valores obtidos nas avaliações iniciais, o que demons-tra, pouca ou nenhuma alteração postural após a aplicação doprotocolo.

Avaliação Postural por Fotometria (SAPO) –Controle (G2)

Vista Anterior e PosteriorAnalisando os dados obtidos na avaliação inicial na vista

anterior, o G3 apresenta alinhamento horizontal da cabeça commédia de 1,4 e desvio padrão de ± 0,73, o que indica uma rota-ção para direita da cabeça. Em relação ao alinhamento horizon-tal dos acrômios percebe-se que o acrômio direito encontra-semais elevado que o esquerdo com média de -2,0 com desviopadrão de ± 1,80, o mesmo ocorre com o alinhamento horizon-tal das espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS), com médiade –12,59 desvio padrão ± 3,98, a EIAS direita apresenta-se

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elevada em relação à esquerda. Na vista posterior verificou-seassimetria horizontal da escápula em relação à T3, onde aescápula esquerda foi em média –8,98 mais elevada que à direi-ta com desvio padrão de ±2,41.

Nas avaliações finais, os valores encontrados foram pró-ximos aos valores obtidos nas avaliações iniciais, o que demons-tra, pouca ou nenhuma alteração postural após a aplicação doprotocolo.

Vista LateralNa avaliação inicial na vista lateral o que observamos no

G2 foi que: no alinhamento horizontal da cabeça (C7) a médiafoi de 7,29 desvio padrão de ±2,71, o que indica uma menorcurvatura da coluna cervical; o alinhamento vertical da cabeça(acrômio) com média de 4,97 desvio padrão de ± 1,76 sugereuma protusão de cabeça; o alinhamento vertical do tronco me-dido entre o trago, trocânter maior do fêmur e a vertical paraverificar a inclinação do tronco, trás uma média de –12,67 des-vio padrão de ± 2,97, mostrando um tronco mais extendido; oângulo do quadril (tronco e coxa) a média foi de –18,76 desviopadrão de ± 9,41 sugerindo uma extensão de quadril; no alinha-mento vertical do corpo verifica-se que o peso está mais sobreas pontas dos pés, pois a média encontrada foi de 3,89 desviopadrão de ± 0,98 o alinhamento horizontal da pélvis medidaentre as espinhas ilíacas ântero-superior, póstero-superior es-querda e a horizontal indica uma retroversão pélvica nesse gru-po, pois a média foi de –17,84 com desvio padrão de ± 8,37, ogrupo caracteriza-se com uma leve flexão de joelhos, pois amédia ângulo do joelho foi de –20,74 desvio padrão de ± 6,94.

Nas avaliações finais, os valores encontrados foram pró-ximos aos valores obtidos nas avaliações iniciais, o que demons-tra, pouca ou nenhuma alteração postural após a aplicação doprotocolo.

DiscussãoObjetivando propiciar maior saúde, segurança e qualida-

de de vida aos trabalhadores, o Ministério do Trabalho e Em-prego, pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SST)/portaria n° 13 de 17 de setembro de 1993, criou regras especí-ficas e, ao mesmo tempo, normatizou as relações de trabalho noBrasil, pelas Normas Regulamentadoras (NR’s).

A SST é o órgão de âmbito nacional competente paracoordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades re-lacionadas com a segurança e medicina do trabalho, inclusive aCampanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho –CANPAT; o Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT eainda a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e re-gulamentares sobre segurança e medicina do trabalho em todoo território nacional.

De acordo com a legislação vigente, as penalidades paraas empresas que não cumprem as normas estabelecidas vão desdea interdição até ao fechamento da empresa, além do pagamentode multas, a falta de informação dos empregados e empregado-res, as necessidades constantes de aumento de produtividade ede redução de custos, além das rápidas e constantes mudançasna legislação são as principais causas da falta de adequação àsnormas (COSTA et al, 2003; Apud SILVA, 1999).

Em oito de junho de 1992, a Secretaria de Estado de Saú-de de São Paulo (SEASA-SP), publicou a primeira resolução arespeito da LER, definindo-a como um conjunto de afecções

que podem acometer tendões, sinóvias, músculos, nervos, fásciase ligamentos, isoladas ou associadas, com ou sem degeneraçãode tecidos, atingindo, principalmente, os membros superiores,região escapular e pescoço, sendo de origem ocupacional e de-corrente, de forma combinada ou não, do uso repetitivo e força-do de grupos musculares, e manutenção de postura inadequada.Posteriormente, o INSS (Instituto Nacional de Segurança Soci-al) publicou a Resolução n° 245/92 e finalmente em março de1993, o INSS publicou LER / Normas Técnicas para Avaliaçãode Incapacidade baseada nas duas resoluções que a antecedem(SATO et al, 1993; SETTINI e SILVESTRE, 1995).

O reconhecimento da complexidade deste fenômeno exi-ge a noção de que não se trata de um mal de etiologia única. Amultifatoriedade que envolve LER/DORT, supera a noção deque a repetitividade de movimentos possa ser a causa exclusiva(LÉO, 1998; ASSUNÇÃO, 2000, 2002; MIRANDA, 1998;SETTIMI, 2001; GALAFASSI, 1998; BARRETO & SANTOS,2001).

A repetição de movimentos, manutenção da postura ina-dequada por tempo prolongado, falta de pausas durante a jor-nada de trabalho, esforço físico, invariabilidade de tarefas, pres-são mecânica sobre determinados segmentos do corpo em par-ticular membros superiores, trabalho muscular estático, choques,impactos, vibrações, frio e fatores organizacionais passa a serapenas um dos inúmeros fatores contributivos para a gênesedesta problemática (O’NEILL, 2003).

Codo, (1995) também relatou que existe uma tendênciaatual de excluir a repetitividade como sendo fator de risco, cal-çada na leitura que se faz de que a seqüência extremamenterepetitiva de uma linha de produção, por exemplo, seja conse-qüência da forma como o trabalho é organizado e projetado,ficando o fator de risco, portanto, sendo atribuído à estes outrosfatores mais complexos, ele ainda argumenta que os esforçosrepetitivos são conseqüências de vários fatores do trabalho, atu-ando conjuntamente e estão relacionadas, principalmente, àsposturas, movimentos e sua freqüência.

Salientando também que a postura correta no ambientede trabalho é muito importante no desempenho eficiente dastarefas diárias, principalmente em atividades que exigem movi-mentos repetitivos sabendo que, boas posturas evitam que ocorpo permaneça em contração excessiva e prolongada, cau-sando pontos de tensão, contraturas, compressão de raízes ner-vosas, espasmos, dor e redução da flexibilidade.

A postura devidamente adequada do ponto de vistaergonômico, para atividade administrativa, é a sentada, tendocomo base determinadas posições corretas ao sentar(ABDALLAH, 2002). As quais serviram como base para à pre-sente pesquisa.

Com relação a apresentar alguma sintomatologia que pos-sa ter sido causado pelas atividades de trabalho os sintomasmais relevantes são formigamentos, dores freqüentes principal-mente na coluna cervical, torácica e lombar (LIMA, 2003). Osresultados apresentados no presente estudo demonstraram quea maior incidência de sintomatologia dolorosa está localizadana coluna vertebral, corroborando afirmação de Lima, 2003.

A respeito das pausas durante a jornada de trabalho, foirealizada uma pesquisa de caráter quantitativo na qual oDatafolha após analisar os resultados da pesquisa observou umacoerência com estudos semelhantes à de especialistas a respei-to da LER/DORT, onde foi demonstrado que de fato uma rela-ção onde fatores como excesso de horas trabalhadas, ausência

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de pausas, ritmo acelerado e a pressão por aumento de produti-vidade e eficiência estão diretamente relacionados com tal pro-blemática (O’NEILL, 2003).

Como regra geral, as empresas com programas de Ginás-tica Laboral têm tratado a participação dos empregados comofacultativa. Todavia, a participação é atrelada a programas deremuneração variável ou outros incentivos, tornando a partici-pação obrigatória. Claras são as ações de total oportunismo emque, para a implantação de programa de ginástica laboral, algu-mas empresas chegaram até a fazer alteração nos horários deentrada e/ou saída dos empregados, não assumindo, sequer, opequeno tempo dispendido para a prática, porém deve-se en-tender a prática de exercícios físicos como benéfica quandorealizada pela livre vontade dos indivíduos, em situações desua escolha, sem constrangimentos, respeitando sempre as pau-sas de descanso (MACIEL et al., 2005).

A interdisciplinaridade tão difundida na academia e fre-qüente nos periódicos, livros, matérias de jornais e nasverbalizações sobre saúde do trabalhador, parece relegada asegundo plano, justamente em uma área que exige por sua pró-pria complexidade. Isso explica de certa forma que investir emprogramas de responsabilidade social em relação às comunida-des passou a fazer parte do discurso e da prática das grandesempresas, que exploram cada vez mais as suas ações com obje-tivos de divulgação e marketing e ainda, ressalta que, empresasadministradas por modismos e seguindo discursos e recomen-dações de consultores de gestão empresarial, têm tentado “ino-var” pela implantação de teorias administrativas, as mais diver-sas, desde as teorias clássica e científica; passando pela teoriacomportamental, a teoria dos sistemas, até as teorias mais mo-dernas de gestão. (TOLEDO; ORSELI, 2001; MACIEL et al.2005)

Em contraposição a esse pequeno efeito, existem os be-nefícios que a empresa pode obter ao inverter a relação de cau-sa e efeito das condições de trabalho sobre a saúde dos traba-lhadores. Para as empresas, pode ser vantajosa a implantaçãode programas de ginástica laboral na medida em que essa açãopode ser convertida em prova nos processos trabalhistas. Alémdisso, as empresas implantam tais programas pelas ações isola-das, travestidas de programas voltados à melhoria da qualidadede vida dos empregados e, ao mesmo tempo, cultivam ambien-tes de elevado nível de pressão por resultados, jornadas de tra-balho acima daquelas estabelecidas pela legislação, tolerânciaaos índices de acidentes e pouca atenção aos programas de saú-de e segurança dos trabalhadores (MACIEL et al. 2005).

Porém para se ter realmente uma eficácia de um progra-ma de saúde do trabalhador, é importante além de uma preocu-pação mais globalizada das condições gerais do local de traba-lho, saber também qual profissional está apto à realmente ofe-recer benefícios propostos como forma de prevenção.

De acordo com a resolução COFFITO nº 08/1978 - quan-to ao uso do termo Ginástica Laboral, considera-se que o exer-cício físico é de uso e conhecimento universal, contudo a suaaplicação terapêutica deve ser prescrita e supervisionada porprofissionais competentes e, sobretudo, habilitados, caso con-trário, não se afasta, ao máximo, a possibilidade de dano à inte-gridade da saúde da pessoa humana e que tal consideração re-força os princípios éticos de promover a beneficência e afastara maleficência. Ressalta ainda que os termos competência ehabilitação, dizem de requisitos mínimos (regulamentados), tan-to individuais quanto de uma categoria, para o exercício de umofício, e por fim, considerando os seguintes documentos legais

e normativos: O DECRETO LEI Nº 938/69, a LEI Nº 6.316/1975, a RESOLUÇÃO CNE/CES Nº 04/2002 e as RESOLU-ÇÕES PÚBLICAS COFFITO Nº 08/1978 e Nº 259/2003, Noâmbito de sua circunscrição, resolve : Artigo 1º - O uso do ter-mo Ginástica Laboral na Fisioterapia do Trabalho, visando osfins terapêuticos previstos no conjunto de habilidades e compe-tências, atos privativos e atribuições do fisioterapeuta, dispos-tos no DECRETO LEI 938/1969 e nas Resoluções PúblicasCNE/CES nº. 04/2002 e COFFITO nº. 08/1978 e 259/2003, éexclusivo dos profissionais dessa categoria.

Toledo; Orseli (2001), enfatizou que outro aspecto fun-damental, além dos citados acima, está relacionado ao condici-onamento físico do trabalhador, seja ele, de uma linha de pro-dução contínua, de uma caldeiraria, de um almoxarifado e, éclaro, de um digitador de computadores ou caixas de banco esupermercados. Complementando que para essas situações estácomprovado que exercícios físicos de aquecimento e alonga-mento antes, durante e após a jornada de trabalho ajudam emmuito a prevenção das LER/DORT, desde que orientado porespecialistas na área.

Lima (2003) e Carvalho et al. (2002) afirmaram que aprática de atividade física regular é muito importante na pro-moção da saúde e no desempenho profissional, a esse respeito,argumentam que os benefícios associados a tal prática são inú-meros, sendo observados naturalmente, como a diminuição doestresse e do sedentarismo, melhora na qualidade de vida e oaumento da performance profissional, pessoal e social. É im-portante ressaltar que as pessoas que praticam exercícios físi-cos mostram sistematicamente níveis de severidade de sinto-mas menores do que aquelas que não o realizam. Observa-secom relação à prática de atividade física dos funcionários dosertor CEITE, que 33% realizam atividade física.

Durante a consecução da pesquisa, foram realizadas aná-lises ergonômicas do setor escolhido, onde observou-se condi-ções adequadas de mobiliário e das características do ambienteatravés de avaliação qualitativa e quantitativa.

A importância de tal avaliação é um aspecto importanteque deve ser observado, pois, sem elas, as sessões de protoco-los aplicados seriam apenas um paliativo momentâneo, vistoque alguns minutos de alongamento, relaxamento e determina-das orientações não seriam capazes de atuar com eficiência di-ante de fatores ambientais inadequados. Na semana anterior àintervenção da fisioterapia, foram analisados fatores ambientaisdo local de trabalho, pela medição do iluminamento, ruído,umidade relativa e temperatura efetiva, conforme preceitua res-pectivamente NBR 5413 “Iluminância de Interiores”, da NR 15e NR 17.5.2.

Como resultado das análises, ficou constatado que os li-mites estipulados pelas normas pertinentes eram devidamenterespeitados.

Em análises ergonômicas considera-se que no meio físi-co no qual se efetua um trabalho, o ruído, as vibrações, o calor,o frio, a altitude, os produtos tóxicos etc., quando ultrapassamcertos limites, podem provocar doenças ou alterar o bem-estar(ALVES et al., 2002).

Como forma de intervenção fisioterapêutica, durante aconsecução do trabalho, foram aplicadas intervenções de Gi-nástica Laboral e Orientações. Os funcionários foram divididosem 3 grupos, sendo um dos grupos controle, cada grupos sórecebeu uma das intervenções, os funcionários foram avaliadose reavaliados.

Todos os funcionários do estudo foram do sexo masculi-

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no, por sua menor variação de humor e queixas, o que se difereda mulher, pois alterações como os transtornos do humor po-dem estar relacionadas a mudanças influenciadas por hormôniosna função neurotransmissora (STEINER et al., 2003). Aprevalência de depressão em mulheres é duas vezes maior quenos homens (YOUNG et al., 2000). Essa maior incidência fe-minina é observada a partir da puberdade, sendo menos eviden-te nos anos que sucedem a menopausa (WEISSMAN et al.,1995).

Observou-se como resultado na Ginástica Laboral, apóstratamento estatístico (teste T Student) uma melhora (p<0,05)nos dados obtidos na avaliação da escala analógica de dor. NaAvaliação Postural por Fotometria – SAPO com teste de (testeT Student) não se verificou resultados positivos, como tambémnão foram observados significância para o grupo que recebeuOrientações e para o grupo controle.

De maneira geral, os trabalhadores que participaram des-te estudo relataram alterações positivas em seu estado de saúdee bem-estar, o que pôde ser observado pelo escore mais baixona Escala Analógica de Dor, (melhor auto-avaliação dos parti-cipantes), após a prática e de ginástica laboral e das orienta-ções. Resultado semelhante foi observado por Wainstein et al.(2001) em relação aos resultados obtidos após implantação daginástica laboral em uma instituição bancária.

Martins e Martins (2000) realizaram um estudo junto a90 funcionários da Justiça Federal de Santa Catarina. Após 27sessões de GL, os participantes responderam a um questionárioauto-administrativo. A conclusão foi a e que os dados sugeremuma boa aceitação do programa pelos funcionários e que a GLparece ter sido eficaz na prevenção de LER/DORT. No entanto,a pesquisa não apresenta nenhum dos controles habituais paraesse tipo de pesquisa: não há um grupo controle nem mesmocontrole do próprio sujeito, o que seria a “aplicação do mesmoquestionário antes e depois”. Não foram realizadas medidas ouexame clínicos que possam comprovar as sugestões das auto-ras. Resta o fato da boa aceitação por parte dos participantes eo auto-relato da diminuição dos sintomas relacionados a doresno corpo.

Martins (2000), realizou um estudo com 26 trabalhado-res da reitoria da universidade federal de Santa Catarina ondeforam medidas a flexibilidade, força, percentual de gordura e apressão arterial dos participantes. Após 54 seções de GL, reali-zada três vezes por semana durante 15 minutos encontrou-seuma melhora significativa dos quesitos acima. No entanto, osresultados não mostraram uma co-relação positiva entre a fre-qüência às sessões de exercícios nos locais de trabalho e osbenefícios apontados nas mensurações realizadas. Por outrolado, parece ter havido uma intensificação da prática de exercí-cios fora do trabalho devido ao programa, o que explicaria asmelhorias encontradas.

Estudo realizado por Pinto (1997) em operadores de cai-xa em uma agência bancária, em Florianópolis após proposta aimplantação de um programa de ginástica laboral como medidapreventiva, verificou-se que tal programa parece ter desenvol-vido nos operadores a prática de atividades físicas regularmen-te, onde também não foram observadas relações com os núme-ros de sessões e nem a identificação de seus benefícios quanto asua eficácia.

Além disso, é fato que não existem evidências conclusi-vas sobre a efetividade dos programas de ginástica laboral nageração de incentivo à prática de esportes ou com um métodode promoção da saúde nos locais de trabalho. Algumas evidên-

cias positivas existem, mas são raras e pouco generalizáveis, oque não justifica o grande número de empresas que vem empre-gando esse método na prevenção de LER/DORT. (MACIEL etal. 2005).

Importante ressaltar que estudos semelhantes realizadospor Cañete (1996); Dias (1994); Pinto (2003) e Polleto (2004),para avaliação da ginástica laboral nos ambientes de trabalho,constataram que atividades físicas proporcionam bons resulta-dos à manutenção geral da saúde.

Segundo Pinto e Souza (2004) a GL adaptada para asnecessidades impostas pelo tipo de trabalho, realizadas sem sairdo posto, em breves períodos de tempo, ao longo de todo dia detrabalho pode produzir resultados positivos para os funcionári-os e para a empresa. Em contrapartida, Hess e Hecker (2003)concluem que os poucos estudos específicos sobre os progra-mas de GL não fornecem evidências conclusivas nem a favor,nem contra a ginástica laboral.

A referência fornecida para corroborar essa afirmação nosleva ao “site” do SESC na Internet, uma das instituições quemais tem oferecido programas desse tipo, ao lado do SESI e doSENAI. No entanto, não há de fato um estudo científico sobre oassunto realizado por essas instituições que comprove a afir-mação de que a GL diminui as afecções relacionadas a LER/DORT. Apesar disso, essas instituições continuam propondo eimplantando programas de GL nos locais de trabalho, aparente-mente com grande sucesso.

Para Zétola (2000), de forma bastante discutível, os pro-gramas de exercícios realizados entre trabalhadores, sãocomprovadamente a única forma de prevenção tanto do proble-ma do isolamento social, quanto de LER/DORT.

Pellegrinotti (1998) apresenta fortes relações entre quali-dade de vida e práticas de atividade física, referindo-se a gran-de aceitação popular e a consolidação já existente de longa datacomo ciência. Desta forma a ginástica laboral é apresentada, namaioria das vezes, como mecanismo de prevenção de LER/DORT e a adoção de programas de GL nos ambientes de traba-lho é justificada principalmente por essa atribuição.

Diante de toda controversa criada, cabe salientar que asconstantes como grupo controle, relação ao número de sessõesaplicadas durante os protocolos, avaliação ambiental, pausasrealizadas durante as jornadas de trabalho e a prática de exercí-cios físicos, podem de certa forma, mascarar os efeitos da gi-nástica laboral o que explicaria tamanha divergência em rela-ção a sua eficácia. Dessa forma o presente estudo obteve umnúmero de sessões inferiores aos demais protocolos aplicadospelos autores citados, entretanto, demais critérios foram anali-sados para que se possa de forma isolada e sem intervenção deoutros fatores associados explicar as verdadeiras melhorias en-contradas. O que pode ser observado em nossos resultados.

Para a realização de um novo estudo, três empresas loca-lizadas em Santos-SP receberam um projeto que sugeria a im-plantação de um programa de Ginástica Laboral junto aos seusempregados. Para a obtenção de uma mostra dos aspectos posi-tivos e negativos, na visão das organizações, o projeto conce-bia também a aplicação de uma pesquisa de aceitação junto aosempregados e um questionário a ser preenchido pelos princi-pais executivos das empresas. Infelizmente, não houve recipro-cidade das empresas, que se negaram à implantação dos pro-gramas, demonstrando, claramente, a forte resistência que ain-da predomina nas instituições, em relação aos programas volta-dos à melhoria da qualidade de vida dos empregados. Tendoem vista tais negativas, o programa foi implantado junto aos

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empregados da própria Universidade.É com base na pesquisa realizada que elaboramos um

protocolo de Ginástica Laboral priorizando manter condiçõessaudáveis no ambiente de trabalho para que os trabalhadorespossam desenvolver uma melhora tanto no desempenho físicoquanto no âmbito social, pois acreditamos que além dos efeitosterapêuticos os protocolos promovem uma melhor interaçãoentre os funcionários, diminuem o stress e as preocupações.

ConclusãoFoi concluído que a Ginástica Laboral obteve maior

significância apenas na Escala Visual Analógica (EVA).

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Cirurgias Suspensas: as conseqüências para o Paciente

Surgeries Suspended: the consequences for the Patient

ResumoCom os objetivos de analisar as suspensões de cirurgias,

identificar os motivos mais freqüentes, as tipos mais suspensos,e os sentimentos apresentados pelos pacientes mediante a sus-pensão da cirurgia, realizou-se um estudo descritivo, em umhospital filantrópico, com atendimento geral, no município deSão Paulo, quando, no período de três meses, entrevistando-se18 pacientes. Dentre as quatro equipes do Centro CirúrgicoNeurológico, o maior número de suspensão foi da equipe B(44%), a cirurgia com maior freqüência foi Artrodese de Colu-na Cervical (40%) e o motivo foi falta de condições clínicas(36%). O sentimento mais representativo foi angustia (38,8%).Possivelmente os motivos encontrados são passíveis de seremminimizados com conseqüente repercussão positiva para ospacientes.

Palavras-chave:Cirurgias suspensas; pacientes; centro-cirúrgico.

AbstractThe objectives of the study had been to identify the biggest

number of suspension of surgery for team, the reasons mostfrequent, the surgeries that had been more suspended, and thefeelings presented for the patients by means of the suspensionof the surgery. The work was carried through in a philanthropichospital, with attendance general, in the city of São Paulo, theperiod of three months and carried through interview with 18patients. Amongst the four teams of Neurological the SurgicalCenter, the greater I number of suspension was of team B (44%),the surgery more frequently was Astrodome de Cervical Colu-na (40%), the reason was lack of clinical conditions (36%) andthe presented feeling more was distresses (38.8%).

Key words:Suspended Surgery; Center-surgical; patients.

1. Enfermeira pós-graduada em Centro Cirúrgico.

2. Enfermeira, doutora em Clínica Cirúrgica.

Recebido: agosto de 2009Aceito: setembro de 2009Autor para correspondência: Elaine Bione Lima AfonsoE-mail: [email protected]

Elaine Bione Lima Afonso1, Elaine Rossi Ribeiro2

IntroduçãoA suspensão de uma cirurgia é um evento que pode ser

analisado por duas vertentes: a primeira, sem dúvida, voltadapara as repercussões que envolvem o paciente, e a segunda,pelas conseqüências que causam para a instituição de saúde.

Para o paciente, toda cirurgia, por mais simples que seja,tem importante significado a ponto de provocar comportamen-to/sentimento com a mesma proporção de qualquer outra situa-ção traumática.

O paciente, ao se preparar para a cirurgia, traz consigoexpectativas, duvidas e temores a respeito do que irá acontecer.Para ele, o hospital é um ambiente estranho e desconhecido,onde se sente nas mãos de profissionais, aos quais confia e es-pera receber cuidados adequados. Todas as suas preocupaçõese expectativas estão voltadas para a realização da cirurgia enão para a sua suspensão. (PASCHOAL, et al. 2006).

Uma vez agendada a cirurgia, o paciente passa por mo-mentos de espera, muitas vezes prolongados. Caso a suspensãoda cirurgia aconteça, o paciente passa por muitas significações,tais como riscos, faltas, abandono, prejudicando até mesmo emsua assistência, pelo jejum prolongado, tricotomia, sondagens,punções venosas, ansiedade, stress, angustia, medo, tristeza edepressão.

Identificando esses pontos, podemos refletir sobre o con-ceito ampliado de saúde, que nos remete ao holístico, ao todo,considerando em primeiro plano a pessoa que passará por umato cirúrgico. Melhorar a qualidade da assistência de enferma-gem, significa minimizar o sofrimento da pessoa, o que em muitojustifica a busca por referenciais teóricos e epistemológicos sobreos procedimentos cirúrgicos o os atos que os envolvem.

Objetivos:Geral: Analisar, mediante a óptica da dimensão pessoal e

estrutural, os efeitos da suspensão de cirurgias.Específicos:• Conhecer o sentimento do paciente com a cirurgia

suspensa,• Identificar as equipes que tiveram maiores casos de sus-

pensão de cirurgias• Averiguar os tipos de cirurgias suspensas• Pontuar os motivos de suspensão.

Revisão de Literatura

DefiniçãoAs principais finalidades de um Centro Cirúrgico ( CC)

são:

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• Realizar procedimentos cirúrgicos e devolver os paci-entes às suas unidades de origem nas melhores condições pos-síveis de integridade.

• Servir de campo de estágio para formação, treinamentoe desenvolvimento de recursos humanos.

• Servir de local para desenvolver programas e projetosde pesquisa voltada para o desenvolvimento de novas técnicascirúrgicas e assépticas. (POSSARI, 2007)·

Importâncias do Centro CirúrgicoO CC é o setor mais importante do hospital, ou pelo me-

nos, o que mais atrai a atenção pela evidência dos resultados,dramaticidade das operações, importância demonstrativa e di-dática e, principalmente, pela decisiva ação curativa da cirur-gia. Sua importância é devida:

• Ser o local onde o paciente deposita toda a esperança decura.

• Necessitar de tecnologia de ponta para prestar assistên-cia à clientela.

• Ser praticamente o local mais caro do hospital.• Ao grande numero de profissionais que ali trabalham

(cirurgião, anestesiologista, enfermeiro, técnico e auxiliar deenfermagem, instrumentador cirúrgico, técnicos de raios X (RX),farmacêuticos).

• Ao grande numero de alunos que ali estagiam.• Aos aspectos específicos, principalmente em sua cons-

trução, relacionados ao controle de infecção.• A utilização racional dos recursos humanos e materiais

como vistas à otimização de custos tanto para o paciente quan-to para a instituição.

• A necessidade de controle de assepsia para minimizar orisco de infecção da ferida operatória. (POSSARI, 2007).

Atribuições do Enfermeiro (SOBECC, 2007)O enfermeiro é o profissional habilitado para gerenciar

as necessidades que envolvem o ato anestésico-cirurgico emtodas as suas etapas. Dependendo da organização estruturaladotada, há tanto o enfermeiro-coordenador quanto oassistencial. É recomendável que o enfermeiro seja especialistana área de conhecimento em que atua.

Fases pré-operatóriaA fase pré-operatória começa quando se toma a decisão

de prosseguir com a intervenção cirúrgica e termina com a trans-ferência do paciente para a mesa da sala de cirurgia. O espectrodas atividades de enfermagem durante esse período pode in-cluir o estabelecimento de uma avaliação basal do paciente an-tes do dia da cirurgia ao realizar uma entrevista pré-operatória,exames necessários foram feito ou serão realizados, arranjar osserviços de consulta apropriados e fornecer a educação prepa-ratória a respeito da recuperação da anestesia e cuidados pós-operatórios. No dia da cirurgia, o ensino do paciente é revisto,a identidade do paciente e o sítio cirúrgico são verificados, oconsentimento informado é confirmado e inicia-se uma infusãointravenosa (BRUNNER E SUDDARTH,2005).

O pré-operatório imediato é marcado pelos preparos es-pecifico para a cirurgia, tais como jejum oral absoluto, confor-me a idade, a tricotomia da região a ser abordada, feita no máxi-mo duas horas antes do procedimento cirúrgico, higiene corpo-ral seguida de aplicação do anti-séptico prescrito, conforme oprotocolo da instituição, a remoção de adornos metálicos e

próteses dentárias removíveis, a higiene oral, a aplicação demedicação pré-anestésica, quando prescrita, e o esvaziamentovesical e intestinal antes da entrada do paciente no CC(SOBECC,2007)

A cirurgia seja ela eletiva ou de emergência, é um eventoestressante e complexo para o paciente. Os pacientes com pro-blemas de saúde, cujo tratamento envolve uma intervenção ci-rúrgica, geralmente se submetem a uma cirurgia. Tal procedi-mento envolve a administração de anestesia local, regional ougeral, aumentando assim o grau de ansiedade do paciente, oque provoca alterações emocionais decorrentes do anuncio dodiagnóstico cirúrgico. Isso causa, portanto situações desagra-dáveis no estado bio-psico-sócio-espiritual do paciente, acarre-tando problemas grave, podendo chegar à suspensão da cirur-gia ou até mesmo óbito do paciente (POSSARI,2007).

Problemas acarretados pela suspensão do proce-dimento cirúrgico

Todo procedimento cirúrgico é agendado com antecedên-cia, fazendo com que o paciente fique aguardando e se prepa-rando psicologicamente para a intervenção cirúrgica. A suspen-são da cirurgia ocorre geralmente no dia agendado, por algumproblema evidenciado no paciente, ou por não liberação domaterial pelo convenio, ou até mesmo problemas com as equi-pes cirúrgicas, nesses casos os pacientes sempre sofrem por al-gum problema, iremos abordar cada um deles:

AnsiedadeÉ um dos indicadores do estresse (esgotamento pessoal

que interfere na vida do individuo) e pode se tornar patológica(Faria, et al,2007)

É um sentimento vago e desagradável de medo, apreen-são, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de ante-cipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho. (Castillo,et AL,2008). Também pode ser definido como uma respostapsicológica e física à ameaça do autoconceito. (CARVALHO,et AL,2004).

StressAtualmente a palavra stress tem sido muito recorrida, as-

sociada a sensações de desconforto, sendo cada vez maior onúmero de pessoas que se definem como estressadas ou relaci-onam a outros indivíduos na mesma situação. O stress é quasesempre visualizado como algo negativo que ocasiona prejuízono desempenho global do individuo. (STACCIARINI, etAL,2001).

AngustiaÉ a sensação psicológica, caracterizada por “abafamen-

to, insegurança, falta de humor, ressentimento, dor e ferida naalma. Na moderna psiquiatria, é considerada uma doença quepode produzir problemas psicossomáticos (BRUNNER ESUDDARTH,2005)

MedoÉ sentimento que é um estado de alerta demonstrada pelo

receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaça-do, tanto psicologicamente como fisicamente. Pavor é a ênfasedo medo, o medo pode provocar reações físicas como descargade adrenalina, aceleração cardíaca e tremor. Pode provocar aten-

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ção exagerada a tudo que ocorre ao redor. (STACCIARINI, etAL,2001)

TristezaÉ um sentimento humano que expressa desanimo ou frus-

tração em relação a alguém ou algo. É o oposto da alegria. Atristeza pode causar reações físicas como depressão nervosa,choro e insônia. A tristeza pode ser conseqüência de emoçõescomo o egoísmo, a insegurança, a inveja e a desilusão. Sãoemoções que, quando não tratadas logo, podem terminar geran-do tristeza, ou em casos extremos a depressão nervosa. (FUREGATO, et AL,2008).

Casuística e Método

Tipos de estudoTrata-se de um estudo com abordagem quantitativa do

tipo descritivo-exploratório. Segundo Polit e Hungler (1995) apesquisa descritiva tem o propósito de observar, descrever eexplorar uma situação, não pretendendo compreender as cau-sas subjacentes.

População e amostraA população foi composta por pacientes com cirurgias

agendadas com antecedência no Centro Cirúrgico neurológico,denominado bloco 5, de um hospital filantrópico do municípiode São Paulo.

O tipo de amostra foi de conveniência, para Polit e Hungler(1995) nesse tipo de amostra são utilizados sujeitos mais dispo-níveis pelo pesquisador.

A amostra foi de 25 pacientes, que tiveram suas cirurgiassuspensas, embora somente 18 tenham sido entrevistados, jus-tificados pela ausência destes no momento da suspensão da ci-rurgia.

ExclusãoA amostra foi constituída de pacientes maiores de 18 anos

com cirurgias agendadas pelas equipes cirúrgicas

Procedimentos para coleta de dadosAntes do início da coleta de dados foi solicitado autori-

zação para o Comitê de Ética em Pesquisa e também da chefiade enfermagem do hospital campo de estudo, obedecendo àResolução 196/96 do Conselho nacional de Saúde.

Após parecer favorável, segundo protocolo Nº363-08 ini-ciou-se a coleta de dados.

Os dados foram coletados pelas próprias autoras, queacompanharam os pacientes com cirurgias suspensas, interna-dos nos meses de janeiro/fevereiro/março, para o procedimen-to cirúrgico agendado.

Após a identificação dos pacientes foi esclarecido aosparticipantes da pesquisa os objetivos do estudo e solicitadoaos mesmos que assinassem um termo de consentimento livre eesclarecido.

Operacionalizações da coleta de dadosAo suspender a cirurgia que estava agendada pela equipe

médica, iniciou-se a coleta de dados, por meio de entrevistacom os pacientes em questão.

Os pacientes foram avaliados mediante um questionário

com perguntas objetivas no momento da suspensão da cirurgia,sendo possível observar melhor os seus sentimentos quanto aoocorrido, não obstante, mesmos que se passassem algumas ho-ras o sentimento do paciente continuavam o mesmo.

Apresentações dos resultadosA pesquisa foi realizada em um hospital filantrópico do

município de São Paulo, composto por 1.700 leitos, tendo aten-dimento geral, com 60% SUS e 40% convênio/particular, con-tendo cinco centros cirúrgicos, sendo a média mensal de 1.000cirurgias/mês.

Os dados foram coletados em um centro cirúrgico deno-minado bloco 5, que tem como finalidade somente o atendi-mento neurocirúrgico, que totaliza 6% de cirurgias realizadas.

A equipe multiprofissional é composta por 2 enfermeiras(1 matutino e 1 vespertino), 1 enfermeira noturno que realizacobertura à distância, a mesma fica locada no centro cirúrgicodo bloco 3, 7 auxiliares de enfermagem, (distribuídos nos 3plantões) 3 auxiliares de limpeza, (distribuídas nos 3 plantões)2 escriturarias (1 matutino e 1 vespertino), 3 supervisoras deenfermagem (distribuídas nos 3 plantões), 4 equipes que reali-zam cirurgias neurológicas nesse centro cirúrgico, que denomi-naremos como: equipe A, equipe B equipe C e equipe D.

Equipe A: realiza cirurgias de craniotomia, laminectomia,composta por 2 médicos;

Equipe B: realiza cirurgias de artrodese de coluna e es-poradicamente craniotomias, composta por 3 médicos;

Equipe C: realizam cirurgias de artrodese de coluna,laminectomia, craniotomias, composta por 6 médicos;

Equipe D: realiza cirurgias de biopsia estereotáxica, com-posta de 4 médicos.

O centro cirúrgico em questão, possui 3 salas cirúrgicas,que são divididas entre as equipes, e distribuídas de acordo como procedimento cirúrgico.

Levando em consideração que foram entrevistados 18pacientes de 25 cirurgias suspensas, pois a diferença de 7 paci-entes foi devido à ausência destes no dia marcado.

Apresenta-se a seguir, os resultados encontrados:

Gráfico 1 - Suspensão de cirurgias por equipe médica, de umhospital filantrópico de Estado de São Paulo.

De acordo com o gráfico 1, totalizaram 25 cirurgiassuspensas em um período de 3 meses de pesquisa, sendo divi-das entre as 4 equipes que realizam cirurgias no CC em ques-tão.

Evidenciou-se que a equipe A teve 32% de cirurgiassuspensas, a equipe B teve o maior número de cirurgiassuspensas, um total de 44%, equipe C teve 24% e a equipe D0%, porém não houve cirurgias agendadas durante o períodopor essa equipe.

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Gráfico 2 - Quantidade de cirurgias suspensas por tipo de ci-rurgia

Analisando todas as cirurgias suspensas, observou-se queo maior quantitativo de cirurgias suspensas foi de Artrodese deColuna Cervical, um total de 40%, devido à maior dificuldadede liberação de material devido ao custo para os convênios epara o hospital, seguida de Clipagem de Aneurisma 16%,Artrodese de Coluna Lombar 12% e denervação de facetas lom-bares 8%, e o restante totalizou 24%, sendo um número baixoem relação às outras cirurgias.

Gráfico 3 – Profissionais da área de saúde que comunicaram opaciente a respeito da suspensão da cirurgia

Evidenciou-se que a maioria dos pacientes são avisadospela própria equipe médica, um total de aproximadamente 73%dos pacientes, o que traz uma segurança maior ao mesmo, 27%foram avisados pelo enfermeiro responsável pela unidade, e 0%pelos auxiliares de enfermagem, vendo o lado positivo, pois osmédicos e enfermeiros tem uma maior responsabilidade quantoa essa questão.

Para Vieira (2001), considerando a representação socialde enfermeiros perante a suspensão de cirurgias, esclarece quesurgiram papeis passivos até ações ativas no intuito de resolu-ção do problemas gerados.

Gráfico 4 – Os sentimentos que foram expressados pelos paci-entes ao serem informados da suspensão da cirurgia

Verificou-se que os sentimentos ao ser suspensa uma ci-rurgia variam muito de um para o outro, até mesmo pelo proce-dimento a ser realizado, quanto a sua maior complexidade, maioro sentimento. Chegou-se ao resultado de : stress 22,2%, angus-tia 38,8%, insegurança 5,7%, tristeza 22,2%, medo 11,1% eoutros 0%.

Em estudo realizado por Antônio (2002) os resultadosmostraram que os fatores geradores de sentimentos são relacio-nados às emoções do paciente e outra ao funcionamento da ins-tituição, sendo esses últimos mais freqüentes.

Gráfico 5: Esclarecimento quanto ao motivo da suspensão dacirurgia aos pacientes pelo médico

Devido aos resultados mostrados acima, vê-se a necessi-dade que cada paciente tem em ser esclarecido quanto ao moti-vo da suspensão da mesma, devido à exigência de alguns, sem-pre querem que o médico cirurgião dê um pouco de atençãonessa hora tão estressante. Evidencia-se, de acordo com os re-sultados, que foram 88,8% esclarecidos pelos médicos e 11,2%pelos enfermeiros, sendo assim, não houve nenhuma reclama-ção por parte dos pacientes.

Gráfico 6: Os motivos mais freqüentes das cirurgias suspensas

Ao analisar os motivos mais freqüentes verificou-se queevidenciou-se um maior número de suspensões por falta de con-dições clinicas 36%, esse motivo ocorre devido falta de examespré-operatórios e avaliação clínica, que muitas vezes os paci-entes internam sem os mesmos, 24% por paciente não ter inter-nado (algumas vezes por falta de liberação do convênio e ou-tras por medo/insegurança do procedimento), 24% por materi-al não liberado pelo convênio e 16% por outros motivos cita-dos que foram a minoria.

Mendes (2005) relata que a suspensão de cirurgias evi-denciadas em estudo retrospectivo realizado durante 5 anos fo-ram divididas em causas médicas e administrativas, concluindoainda, que há correlação entre a taxa de suspensão de cirurgiase a média de permanência dos pacientes internados.

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Gráfico 7: quantidade de suspensão por tipo de convênio mé-dico

Somando um total de cirurgias suspensas de 25, foramsuspensas 19 de convênio (76%) e 6 SUS (24%).

Considerações finaisApós o estudo e contato direto com os pacientes partici-

pantes da pesquisa, verificou-se que os mesmos chegam ao hos-pital com uma expectativa muito grande quanto ao procedimentocirúrgico, além da ansiedade explícita.

Quando ocorre o fato da mesma vir a ser suspensa, ospacientes se sentem angustiados, tristes e preocupados .

Ao serem avisados da suspensão na maioria das vezespelos próprios médicos, sendo uma das maiores exigências dospacientes, os mesmos ficam decepcionados e sempre com al-gum sentimento de cunho negativo. Os que exclusivamente fo-ram avisados pelos enfermeiros também apresentaram uma sa-tisfação de estarem sendo esclarecido quanto à suspensão dacirurgia, melhorando o nível de stress e angustia, ajudando naqualidade de atendimento.

Verificou-se que a equipe B teve um maior numero desuspensão, tanto porque a mesma teve um maior numero deagendamento, e foi a equipe mais prestativa e esclarecedora aopaciente.

A cirurgia com maior numero de suspensão foi artrodesede coluna cervical, e o motivo mais comum, foi falta de condi-ções clínicas, muitas vezes pela ausência de exames pré-opera-tório.

Os pacientes entrevistados mostram um índice de satisfa-ção pelo interesse de saber como eles se sentiam naquele mo-mento de maior ansiedade e stress, durante a internação.

Tendo em mente uma melhoria da assistência de enfer-magem aos pacientes em pré-operatório, conseguimos avaliaros sentimentos dos pacientes com cirurgias neurológicassuspensas, embora apenas uma faceta do todo.

A reflexão emergente do estudo passa pela necessidadede educação continuada dos profissionais que atuam nas áreascirúrgicas, considerando os aspectos humanos envolvidos nacomunicação de uma cirurgia suspensa, e também aos aspectosintrínsecos aos próprio paciente, dos sentimentos relacionadosà doença e ao ato cirúrgico em si.

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A Psicologia Judiciária e o Direito

The Psychology of the Judiciary and the Law

ResumoA Psicologia Judiciária consiste na aplicação dos conhe-

cimentos psicológicos ao serviço do Direito. Dedica-se à prote-ção da sociedade e à defesa dos direitos do cidadão, através daperspectiva psicológica e busca auxiliar a pro-mover o bem es-tar bio-psico-social do indivíduo, que é o conceito de saúdeadotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Palavras-chave:Psicologia judiciária; psicologia jurídica; psicologia forense;direito; psicólogo.

AbstractThe Psychology of the judiciary is the application of

psychological knowledge in the service of the law. It is dedicatedto the protection of the society and the rights of the citizenthrough the psychological perspective and help to promote thepeople’s biopsychosocial well being. This is the world healthorganization’s concept of health.

Key words:Judicial psychology; forensic; psychology; law; psychologist.

1. Psicóloga Jurídica - Psicoterapeuta Sistêmica - Coordenadora do Núcleo deConciliação das Varas de Família do Programa Justiça no Bairro do TJPR –Professora das disciplinas de Psicologia Judiciária e Psicologia da Família daINSPIRAR – CENTRO DE ESTUDOS PESQUISA E EXTENSÃO EM SAÚDE..

2. Bel. em Fisioterapia – FRT- Bel. em Direito – UBC - Pós Graduado em PsicologiaJudiciária e Criminologia – FMU - Coordenador do Curso de Pós Graduação Lato

Sensu em Psicologia Judiciária Social e Criminologia da INSPIRAR –CENTRO DE ESTUDOS PESQUISA E EXTENSÃO EM SAÚDE.

Recebido: maio de 2009Aceito: setembro de 2009Autor para correspondência: Roberto L. L. de MouraE-mail: [email protected]

Berenice dos Santos Morozowski1, Roberto L. L. de Moura2

IntroduçãoNos estudos do comportamento e das atitudes dos seres

humanos, se observa que existem proposições oriundas dasnecessidades básicas de sobrevivência dos indivíduos e daespécie em geral.

O convívio com outros seres humanos – convívio social– é uma dessas necessidades.

Surge, então, a obrigatoriedade de serem estabelecidasnormas de convívio, normas estas que são abrangentes a todosos componentes deste círculo de convívio.

No mundo jurídico existe uma dicotomia pedagógica queestabelece a existência de dois grandes ramos do Direito, oOrdenamento composto por Leis Civis (Direito Constitucional,Direito Civil, Direito Trabalhista, Direito de Família, etc.), e oOrdenamento composto por Leis Penais (Direito Penal).

Na esfera da lei civil o ato contrário ao preconizado pelanorma que disciplina o convívio denomina-se ilícito civil. E naesfera da Lei Penal o ilícito penal é chamado de crime, oucontravenção.

A Psicologia Judiciária, também denominada Psicolo-gia Forense, ou Psicologia Jurídica, objetiva auxiliar os mem-bros do Poder Judiciário, do Ministério Público, os Advogados,e também os cidadãos que estão envolvidos no processo judi-cial a elucidarem questões referentes à saúde mental e psicoló-gica de um indivíduo que praticou uma determinada conduta.Se ele possuía ao tempo do ato praticado seus entendimentosvolitivo e cognitivo em perfeito estado de normalidade. Ou seja,se a capacidade psicológica do sujeito estava preservada etinha ele o entendimento sobre as conseqüências de suas atitu-des assim como se estava consciente de estar realizando um atopermitido ou não pela lei. Ou também qual o grau de agressão

psíquica sofreu uma pessoa vítima da conduta praticada poroutro indivíduo.

Leciona o Douto Professor Damásio Evangelista de Je-sus (1988) em sua obra Direito Penal: “O fato social é sempre oponto de partida na formação do Direito. O Direito surge dasnecessidades fundamentais das sociedades humanas, que sãoreguladas por ele como condição essencial à sua sobrevivên-cia. É no Direito que encontramos a segurança das condiçõesinerentes à vida humana, determinada pelas normas que formama ordem jurídica”.

O fato social que se mostra contrário à norma de Direito,forja o ilícito jurídico, cuja forma mais séria é o ilícito penal,que atenta contra os bens mais importantes da vida social. Con-tra a prática desses fatos o Estado estabelece sanções. O Esta-do também fixa outras medidas, com o objetivo de prevenir oureprimir a ocorrência de fatos lesivos dos bens jurídicos docidadão. A mais severa das sanções é a pena, estabelecida parao caso de inobservância de um imperativo. “Dentre as medidasde repressão ou prevenção encontramos as medidas de segu-rança.”

O ato de conviver em sociedade exige dos seres humanosuma conduta que não agrida ao seu semelhante e que não violeos interesses e as necessidades dos demais membros dessasociedade.

O homem vive e atua em um meio social. Sente necessida-des e procura satisfazê-las, recebe informação do meiocircundante e por ele se orienta, forma imagens conscientes darealidade, cria planos e programas de ação, compara os resulta-dos de sua atividade com intenções iniciais, experimenta esta-dos emocionais e corrige os erros cometidos.

Tudo isto representa a atividade do homem no plano psi-cológico, que constitui o objeto de uma ciência: A Psicologia.

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Esta ciência se propõe a tarefa de estabelecer a leis básicas daatividade psicológica, estudar as vias de sua evolução, desco-brir os mecanismos que lhe servem de base e descrever as mu-danças que ocorrem nessa atividade nos estados patológicos.Só uma ciência capaz de estudar as leis da atividade psicológicacom uma precisão possível pode assegurar o conhecimentodesta atividade e sua direção com bases científicas. “(LURIA,__.)

O campo de atuação do Psicólogo que atua perante oDireito é repleto de indagações e descobertas, obrigando esteprofissional a estar constantemente buscando mais conheci-mentos tanto na esfera do saber da área da saúde como noâmbito das relações jurídicas que norteiam a sociedade.

O espírito de pesquisador é fundamental para manter oconstante questionamento dos caminhos a serem desvenda-dos ou seguidos numa prática em que as questões humanastratadas no âmbito do Direito e do Poder Judiciário são das maiscomplexas, haja vista que são as dificuldades que surgem noconvívio das pessoas o motivo que as levam a recorrer ao PoderJudiciário.

Em face das rápidas mudanças ocorridas nos valores éti-cos, sociais e morais de uma sociedade torna-se necessário quetanto os profissionais do Direito e das Ciências Sociais adqui-ram mais conhecimentos no tocante a psique dos homens assimcomo os profissionais da Psicologia, Medicina, e ciênciascorrelatas, obtenham maiores conhecimentos das influênciasdo convívio em sociedade que geram dispositivos legais queora permitem um comportamento ora incriminam essa mesmaforma de agir, uma vez que o chamado fato social é um fatoacontecido – condutas reiteradamente praticadas por membrosde uma determinada sociedade – que gerou uma norma legaldisciplinadora deste comportamento autorizando-o ou reprimin-do-o.

E o que está em questão é como os membros de umasociedade podem facilitar a resolução de conflitos, e que estesnão são simples questões de cunho burocrático. Esses confli-tos revelam, muitas vezes, questões delicadas, difíceis e doloro-sas.

Nas Varas de Família, por exemplo, alguns dos motivospelos quais as pessoas recorrem ao Poder Judiciário são asdiscordâncias em relação à guarda de seus filhos, alguns reivin-dicam direito de visitação quando um dos pais se recusa a per-mitir o direito inerente à condição de pai ou de mãe, pois nãoconseguem fazer um acordo amigável e esquecem que os filhostêm o direito de ter a companhia de ambos os pais.

Pessoas que praticam maus-tratos e violência sexual con-tra seus filhos, enteados ou outras crianças. Casais que ansei-am adotar uma criança por terem dificuldades de gerar filhos.Jovens que se envolvem com drogas, ou passam a ter outroscomportamentos que transgridem a lei, e seus pais não sabemcomo fazer para ajudá-los a se recuperarem e voltarem a ter umaconduta socialmente aceita.

Questões de cunho trabalhista que necessitam ser avali-adas sob a ótica da Psicologia para aquilatar a verdadeira influ-ência do meio profissional na saúde mental do trabalhador.

No campo do Direito Penal a promoção da avaliação doacusado sob a ótica da Psicologia objetivando estabelecer ascondições psicológicas em que foram praticadas as condutas ese era ou não responsável por suas ações. Na seara do cumpri-mento da pena a que foi condenado, portanto, na fase da execu-ção penal sob que condições está a psique do ‘apenado’ sepode ou não auferir os benefícios intrínsecos a progressão de

regime de apenamento, elaboração de exames criminológicos,se deve ou não ser posto em liberdade. Caso esteja internadoem Hospital de Custódia se está curado e há condições de sercolocado em liberdade.

No tocante às vítimas das violações de direitos, necessá-rio é fundamentalmente que a vítima seja acolhida, amparada etambém compreendida em sua condição de vítima. Por vezes, háa necessidade de um complexo estudo sobre ela por intermédioda que a “Vitimologia”, disciplina que objetiva compreender sehouve ou não a contribuição dela para que ocorresse esta agres-são aos seus direitos. E em caso positivo qual foi esta contribui-ção uma vez que por vezes as suas próprias condutas podemculminar em uma lesão produzida por terceiros. E em caso nega-tivo avaliar a conduta do agressor que elegeu aquela vítima.Sendo que em ambos os casos auxiliar a curar as feridas psíqui-cas que foram desencadeadas pela agressão perpetrada contraela.

O Psicólogo e a Psicologia JudiciáriaApós o surgimento da Psicologia Judiciária, também

chamada de Psicologia Forense ou Psicologia Jurídica temsido exigido dos psicólogos uma busca por informações e apren-dizados que nos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Psicolo-gia ainda não são contemplados, portanto incapazes de formargraduados com os conhecimentos necessários para o exercíciodeste ramo da psicologia que requer um preparo diferenciadoem razão das particularidades que apresenta. Muito se aprendesobre psicologia clínica nos cursos de graduação. Conheci-mentos fundamentais e que sem a menor sombra de dúvidaembasam o saber psicológico necessário à atuação do profissi-onal, mas para a área jurídica há necessidade de serem adquiri-dos vários outros “saberes” que se tornam quesitos fundamen-tais para o bom exercício da atividade do denominado Psicólo-go Judiciário, Forense ou Jurídico.

As instituições de ensino superior que ministram o cursode psicologia deixam a desejar no momento que sinalizam para oaluno um novo campo de trabalho e não fornecem um mínimo deconhecimento sobre essas áreas em surgimento, evidência ouexpansão no mercado de trabalho.

A área jurídica demanda uma serie de quesitos e conheci-mentos inerentes ao Direito, ao Poder Judiciário e às CiênciasSociais, tais como o ordenamento jurídico, hierarquia, discursojurídico, postura e compostura profissional, perícia, código deética e deontologia, tirocínio jurídico, além de vocação paramediação, inclinação para não apenas a interdisciplinaridade,mas também a transdisciplinaridade, uma vez que os direitosintrínsecos à condição de seres humanos que estão necessitan-do de soluções para conflitos, tanto de ordem civil como crimi-nal, ocasionadores de agressões psíquicas que poderão trans-formar as suas vidas tanto de modo benéfico como de modonefasto.

A Psicologia, “enquanto ciência que estuda o comporta-mento humano e os processos mentais” (DAVIDOFF, 1983) como objetivo de “ entender porque pensam, sentem e agem demaneira que o fazem” (NYERS, 1994), apresenta-se como uminstrumento de extraordinário valor para o profissional que sededica ao Direito (advogados, juízes, promotores) porque lançaluzes a respeito da compreensão das forças interiores que mo-vem os indivíduos. (FIORELLI, 2006).

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O Psicólogo nas Varas de FamíliaNas Varas de Família essas forças interiores são produzi-

das pelos mecanismos de defesa, muitas vezes patológicos queterminam exacerbando mitos individuais, de gênero, maternos epaternos.

O Direito de Família fundamenta suas ferramentas de tra-balho na normatização, no ordenamento jurídico dos procedi-mentos processuais e do modo como as famílias se apresentamno formato de sistema conjugal e sistema parental.

O Psicólogo Jurídico fundamenta suas ferramentas detrabalho no acolhimento dessas famílias em dificuldades psico-lógicas, que se transformaram em dificuldades jurídicas,desmitificando mitos e identidades rígidas ou preconceituosas.Propondo um novo pensar e agir nas questões familiares paraque se possa de maneira ética-jurídica tutelar suas vidas agorasob as júdices de um Juiz.

A interdisciplinaridade ocorrida entre o Direito e a Psico-logia possibilita aos profissionais de ambas as áreas uma ampli-ação dos conhecimentos inerentes a cada ciência envolvida,agindo diretamente no aguçamento das percepções sobre amatéria que se lida e traduzida nos comportamentos individuaiscoletivos da família envolvida.

A convergência de interesses, que é a base do conflito, eo afeto adoecido são a matéria prima do trabalho dos operado-res do Direito e Psicologia Jurídica principalmente nas Varas deFamília. Os envolvidos vivenciam situações de fortes emoções,desencontros psicológicos, desastres emocionais e financei-ros. Acreditam que para eles só existam duas possibilidades: acooperada e a adversarial.

Na possibilidade cooperada (consensual) a intervençãode terceiros nas soluções é delegada a segundo plano, as par-tes são capazes de encontrar suas próprias regras. Contudo, napossibilidade adversarial (litigioso) a solução será delegadaentão a terceiros; neste momento o Psicólogo procuraráreformular as visões de mundo dos envolvidos, valendo-se deinstrumentos como a mediação, aconselhamento e orientação.Será do Poder Judiciário a tutela desta família em dificuldadejurídica.

São lides que demandam tempo, alto custo emocional efinanceiro para todos os envolvidos no processo e os que bus-cam a resolução deste, sejam eles advogados, juízes ou promo-tores. Isto significa que “todos os participantes de um proces-so podem ser percebidos como envolvidos em um ambienteemocional, cujos mecanismos tornam - se vitais para a compre-ensão dos comportamentos” (FIORELLI, 2006).

O conflito altera toda a dinâmica familiar, que reflete nasociedade civil, cultural, religiosa e afetiva deste sistema famili-ar nuclear (pai, mãe, filhos) e por conseqüência também na famí-lia extensa (avós, tios, etc.) alterando muitas vezes de formapatológica a comunicação.

A função do Psicólogo Jurídico nas Varas de Família é depossibilitar a alteração das situações de conflito físico, emocio-nal e psicológico orientando e ensinando as partes envolvidasa administrar as relações antagônicas, buscando neutralizar oprocesso internacional negativo, evitando que terminem aprisi-onados pelo conflito por eles mesmos gerado.

O motivo pelo qual as partes não conseguem identificar,clarear ou externar seus sentimentos e interesses, é devido àpresença dos elementos emocionais que distorcem a percep-ção, criando nos litigantes uma “cegueira perceptiva” que difi-culta a possibilidade de qualquer acordo.

Instrumentalizar advogados, juízes, promotores edesembargadores é uma visão moderna e necessária quando asquestões envolvem família. Não é possível nos dias atuais re-solver conflitos familiares no Poder Judiciário sem a presençada Equipe Técnica formada por Psicólogos e Assistentes Soci-ais. A compreensão dos mecanismos de defesa, a motivação doindivíduo, os interesses que se encontram por trás dos enunci-ados processuais podem levar à antecipação dos resultados dalide que finalmente representam ganhos emocionais para todosos envolvidos, além dos benefícios financeiros quando se re-duz o lapso temporal para o fim da lide judicial.

Daí a necessidade imperiosa, emergencial de se formarprofissionais da psicologia com conhecimentos básicos do Di-reito, leis e ordenamentos, além de conhecimentos oriundosdas Ciências Sociais quando a opção do profissional for pelaatuação no campo da Psicologia Jurídica. Em cada área de atua-ção do Poder Judiciário (cível, criminal, família, etc.) existem par-ticularidades que exigem dos profissionais operadores destassearas interdisciplinaridade, um discurso afinado, coerente se-gundo a demanda do objeto do processo.

Assim como o advogado que atua na família deve ser umvocacionado, o psicólogo deve também se colocar neste lugar edispor seu saber e vivência para amenizar as dores e o luto deuma separação.

A experiência em atuar nas Varas de Família mostra que afamília em dificuldade jurídica perde a noção de tempo, acreditaque tudo acabou para sempre. Os mitos e medos estão exacer-bados de tal forma e magnitude que os mecanismos de defesaafloram em forma de agressividade, violência e patologias.

Se neste momento surge um profissional que acolhe, legi-tima o sofrimento sem interferir nos conteúdos deste sistemafamiliar ocorrerá uma luz no final do túnel, que é o acordo. Semuma formação apropriada, específica e dirigida deste profissio-nal não se terá a menor possibilidade de uma intervenção ade-quada, madura, coerente, imparcial, eficiente e correta. O pro-blema é este profissional terminar acirrando as dificuldades comuma intervenção unilateral, laudos que não sinalizem soluçõesou pior, pareceres que favoreçam de forma inverídica os fatosapenas para favorecer o processo na direção da parte que ocontratou.

“Para o Direito, a busca da verdade pode transcender oslimites do indivíduo: na psicologia, ela focaliza seu mundo inte-rior, embora sem perder de vista o contexto em que a pessoa sesitua” (FIORELLI, 2006).

As Varas de Família atuam no sentido de regular as rela-ções no sistema conjugal e nas relações parentais, sendo destaforma um campo de análise privilegiado de como se constituemas identidades de gênero, que pelas práticas normativas termi-nam submetidas, reguladas e governadas. Nestes termos pode-se pensar que uma família em litígio considera seus intentosjustos porque seus membros desejam a retomada do poder, enão o contrário, quando deviam buscar o consenso e o acordo.“Como disse Foucoult: faz-se guerra para ganhar, e não por-que ela é justa. Portanto, é interessante analisar as justificati-vas apresentadas ao longo dos processos mais em termos depoder, do que em termos de justiça” (REIS, 2009).

Muitas pessoas buscam a justiça pelo prazer de buscar,pelo desenvolvimento de uma percepção aguçada de que a auto-realização virá quando o objeto de busca for atingido e o gozodesta vitória se dará na relação do indivíduo consigo mesmo,no âmago de seus pensamentos – quando, em suas reflexões,poderá dizer: venci! (REIS, 2009).

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Volume 1 • Número 3 • novembro/dezembro de 2009

REVISTAINSPIRAR

ConclusãoEste é o desafio, para os Psicólogos Jurídicos e institui-

ções de ensino formadoras de profissionais, deinstrumentalizarem-se, correta e conscientemente, para o exercí-cio de suas atividades laborais de modo a desempenhá-las como máximo de eficiência e eficácia, obtendo os conhecimentosnecessários para tal desiderato. Objetiva adequar a psique dequem está no conflito, à norma que regula o comportamentosem causar mais conflitos; sanar o conflito existente, sem violaras normas e sem ampliar os danos psíquicos e emocionais jáocasionados; buscar aproximar ao máximo a mente humana dacondição de saudável dentro do entendimento de saúde mentalpreconizado pela Organização Mundial de Saúde – OMS. Esseobjetivo somente será atingido por intermédio de profissionaisbem formados e possuidores dos conhecimentos necessáriospara o exercício da atividade escolhida.

Referências BibliográficasJESUS, D. E. - Direito Penal, Vol.1, Ed. Saraiva, 1988.LURIA, A.R., Curso de Psicologia Geral, Vol. I, Ed. Civi-

lização Brasileira, 2ª Edição.FIORELLI, J. O. – Psicologia Aplicada ao Direito, São

Paulo, LTR, 2006.REIS, E.F. – Varas de Família - um encontro entre a Psi-

cologia e o Direito, Juruá, 2009.

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