revista camaleao

32
NO MUNDO DO TRABALHO, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS PERMANECEM EXCLUÍDAS pag 7 BOAS NOTIÍCIAS PARA PESSOAS TRANS 10 pag 23

Upload: isabella-pereira-bella

Post on 24-Jul-2016

216 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Camaleao

NO MUNDO DO TRABALHO, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS PERMANECEM EXCLUÍDAS

pag 7

BOAS NOTIÍCIAS PARA PESSOAS TRANS

10pag 23

Page 2: Revista Camaleao
Page 3: Revista Camaleao

SUMÁRIOCONCEITOS E ORIENTAÇÕES SOBRE O ATENDIMENTO

A TRAVESTIS E TRANSEXUAIS.........................................................................3

TATUADORA CRIA PROJETO PARA ATENDER HOMENS

TRANSEXUAIS E MULHERES VÍTIMAS DO CÂNCER....................................5

NO MUNDO DO TRABALHO, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS

PERMANECEM EXCLUÍDAS.............................................................................7

TRANS APROVADA NO ENEM DÁ DICAS ...................................................11

CARTA DA PRESIDENTE DA ANTRA ...........................................................12

BRASILEIRA É ELEITA A TRANSXESUAL MAIS BONITA ...............................22

10 BOAS NOTÍCIAS PARA PESSOAS TRANS ................................................23

A DIVERSIDADE TOMA CONTA DA CIDADE ................................................26

COMBATER PRECONCEITO...........................................................................15

TRANSEMPREGOS............................................................................................17

Page 4: Revista Camaleao

CONCEITO E ORIENTAÇÕES SOBREO ATENDIMENTO A TRAVESTIS E TRANSEXUAIS

Questões referentes à identidade de gêne-ro e à orientação sexual são permeadas por crenças, mitos e inverdades, e provo-cam muitas dúvidas no trato cotidiano, seja em espaços sociais ou institucionais. Con-siderando que a informação é ferramenta essencial para a eliminação do preconceito institucional, apresentamos a seguir alguns conceitos e orientações sobre o atendi-mento a travestis e transexuais. A sexuali-dade é uma das mais importantes di-mensões do ser humano, e envolve questões sociais, culturais, políticas, reli-giosas e ideológicas. É basicamente for-mada por três elementos: sexo biológico, orientação sexual e identidade de gênero.

SEXO BIOLÓGICO é o conjunto de característi-cas genotípicas e fenotípicas que distinguem ma-chos e fêmeas. É dado a partir da concepção.

ORIENTAÇÃO SEXUAL refere-se ao sexo/gênero por quem sentimos desejo e afeto. Há três tipos de orientação sexual predominantes: heterossexual (atração por pessoas do sexo oposto), homossexual (por pessoas do mesmo sexo) e bissexual (por ambos os sexos).

IDENTIDADE DE GÊNERO é a percepção que a pessoa tem de si como sendo do gênero mas-culino, feminino ou de alguma combinação dos dois, independente do sexo biológico. Pode ou não corresponder ao sexo atribuído ao nasci-mento e inclui o senso pessoal do corpo (que pode ser modicado através de procedimentos médicos, cirúrgicos e/ou estéticos) e outros as-pectos, como vestimentas, modo de falar e de se comportar socialmente.

TRANSEXUAIS têm a identidade de gênero oposta ao sexo biológico, e buscam harmonizar identidade, sexo e corpo, por meio de tratamen-tos hormonais, aplicações de silicone e/ou ciru-rgia de redesignação sexual (esta nem sempre é priorizada, pois muitas (os) transexuais, mesmo rejeitando seus órgãos genitais, não desejam submeter-se a um procedimento cirúrgico).

TRAVESTIS também têm a identidade de gêne-ro contrária ao sexo biológico, e assumem dif-erentes papéis perante a sociedade. A imagem corporal é modicada, mas não há interesse na cirurgia de redesignação sexual, sendo que o órgão genital é utilizado normalmente nas relações sexuais.

ORIENTAÇÃO SEXUALHÉTEROHOMO

SEXO BIOLÓGICO

MACHOFÊMEA

IDENTIDADE DE GÊNEROMULHERHOMEM

http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Repositorio/39/Documentos/Atendimento%20a%20travestis%20e%20transexuais.pdf

Page 5: Revista Camaleao
Page 6: Revista Camaleao

A tatuadora Renata Espinelly de Belo Horizonte, Minas Gerais, anunciou que a partir de Outubro irá oferecer duas tatuagens por mês, gratuitamente, para mulheres que passaram por mastecto-mia por conta do câncer. Vale avisar que cicatrizes por conta de implante de silicone estético não atendem o requisito da tatuadora para esse projeto. Ainda, a profissional frisa que seriam tatua-gens e não a feitura de auréolas, pois realismo não é a técnica com a qual ela trabalha.

Não só as mulheres vítimas do câncer serão atendidas por Renata, ela também irá disponibilizar uma tatuagem por mês – também gratuitamente – para homens transexuais que fizeram mastec-tomia e que desejam cobrir a cicatriz com um belo desenho. É a primeira vez que vemos uma ação partindo de profissionais da tatuagem e voltada para a população de homens trans, que por sinal, tem um longo histórico de invisibilidade que precisa ser melhor discutido e combatido.Abaixo você pode ver alguns trabalhos da tatuadora.

Tatuadora de Belo Horizonte

cria projeto para atender homens

TRANSEXUAIS e mulheres vítimas

do câncerfacebook.com/[email protected] -(31)98494-5788

http://www.frrrkguys.com.br/tatuadora-de-belo-horizonte-cria-projeto-para-atender-homens-transexuais-e-mulheres-vitimas-do-cancer/

Page 7: Revista Camaleao
Page 8: Revista Camaleao

NO MUNDO DO TRABALHO, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS PERMANECEM EXCLUÍDAS

Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais( ANTRA) mostram que a sitiação é preocupante: 90% estão se prostituindo no Brasil.

A maioria das empresas seguem distantes do processo de inclusão e respeito à cidadania

Page 9: Revista Camaleao

Dados da Associação Nacional de Trav-estis e Transexuais (Antra) mostram que a situação é preocupante: 90% estão se prostituindo no Brasil. Os números são parecidos com a pesquisa da Associação das Travestis e Transexuais do Triângu-lo Mineiro (Triângulo Trans), que revela que apenas 5% das travestis de Uber-lândia estão no mercado formal de tra-balho; 95% estão na prostitição.

Para o presidente da Associação Brasile-ira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Traves-tis e Transexuais (ABGLT), Carlos Mag-no, o preconceito no mundo do trabalho sempre fez parte da vida da população de travestis e transexuais, já que, na maioria das empresas ocupar um cargo de alto-escalão é uma realidade distante.

Devido à falta de apoio familiar, as traves-tis e transexuais são expulsas/os cedo de casa e consequentemente sofrem com a evasão escolar por conta da transfobia.

A transexual Ledah Martins, 25, DJ e produtora de evento, em entrevista ao Portal CUT, conta que fez mais de 15 entrevistas e não passou em nenhuma. “Eles diziam sempre que eu não me encaixava na vaga ou a equipe já estava completa. A maioria nem permitiu se-quer um teste das minhas habilidades profi ssionais”, diz Ledah.

Durante muito tempo, travestis e tran-sexuais foram (são) tratadas como escória da sociedade.

Mas, com o trabalho do movimento LGBT, principalmente aqueles com foco na questão trans, algumas políticas públi-cas começam a ter impacto positivo na vida das TTs. Mas, surgem outras difi -culdades como, por exemplo, o uso do nome social, uma das principais demandas do movimento de travestis e transexuais.

Em janeiro deste ano, a Prefeitura Munic-ipal de São Paulo junto com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos lançou o programa Transcidadania, que tem como objetivo promover a reintegração social e a reinserção das travestis e transexuais no mercado de trabalho. O projeto oferece uma bolsa de R$ 840 para essas pessoas concluírem o ensino fundamental e médio por meio da Educação de Jovens e Adul-tos (EJA) que acompanham cursos Profi s-sionalizantes. Cerca de 100 vagas são di-sponibilizadas com duração de dois anos. A prioridade é para travestis e transexuais em situação de rua.

De acordo com a pesquisadora da Uni-camp, Regina Facchini, 45, essas políticas públicas da prefeitura municipal paulista são importantes. Entretanto, os efeitos delas serão visíveis daqui a alguns anos.

http://www.brasildefato.com.br/node/32210

Page 10: Revista Camaleao

Ensaio Fotográfico - Rafael Dadin

Page 11: Revista Camaleao
Page 12: Revista Camaleao

Maria Clara Araújo, de 19 anos, está cursando o primeiro período de pedagogia, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Zona Oeste do Recife. A estudante transexual se beneficiou do direito de usar o nome social no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) do ano passado. “Não vai ser nenhum preconceito que vai te fazer sair mal na prova”, disse ela, em entrevista ao G1.De acordo com Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de transexuais e travestis que poderão usar o nome social e não o civil durante o Enem 2015 cresceu 172% em relação ao ano passado, o equivalente ao crescimento de 102 para 278.Maria Clara acredita que, quando há o reconhecimento do nome social, há a legitimidade de gêne-ro dentro do âmbito de aplicação de prova. A estudante afirma, ainda, que o país precisa construir uma universidade plural, “onde essas pessoas possam estar incluídas nessa unidade de ensino, produzindo cientificamente e ocupando esse espaço como qualquer indivíduo”.“Quando nós falamos de pessoas transexuais precisamos ter consciência de que são tidas pela sociedade como corpos abjetos. Nossa materialidade, infelizmente, é tida como não importante. Nós somos invisíveis para a população. Nós não estamos na escola, nós não estamos no mercado de trabalho e o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo, porque 90% estão na prostituição como única forma de sobrevivência”, lamenta.“Quando nós falamos de pessoas transexuais precisamos ter consciência de que são tidas pela sociedade como corpos abjeto”Maria Clara frisa a relevância de transexuais e travestis fazerem parte do universo acadêmico, as-sim como a universidade precisa ser um espaço de inclusão. “Quando falamos em pessoas trans, nós precisamos falar em representatividade sobre o processo contínuo de humanização social. Nós precisamos ser donos da nossa própria narrativa.”Mesmo que haja alguma situação indelicada, é crucial que o candidato tenha a consciência de que o principal é fazer uma boa prova. “Caso tenha algum problema, respire fundo e tente controlar isso. Pois eu sei que é difícil ter a sua identidade gênero não respeitada, mas se fosse comigo, eu tentaria resolver isso antes ou depois da prova. Tenta pensar que a prova é o maior objetivo ali e não vai ser nenhum preconceito que vai te fazer sair mal na prova”, fala a estudante.Durante o Enem, Maria Clara recomenda que o candidato mantenha a segurança. “Pois você

tem esse reconhecimento do nome social para te as-segurar. Então sinta-se seguro e faça uma boa prova.” Fora isso, ela completa: é imprescindível controlar al-guns fatores nos dias que antecedem o exame, como

a ansiedade e o nervosismo. O costume da leitura também é crucial para garantir um bom desempenho, segundo a jovem. “Porque se tratando de uma prova que é muita densa em leitura, se você não tiver esse ritmo de leitura todos os dias, quando abrir a prova vai dizer ‘opa, muito texto’, isso pode te assustar.”

TRANS APROVADA NO SISU, DÁ DICAS A QUEM VAI USAR O NOME SOCIAL

http://g1.globo.com/pernambuco/educacao/noticia/2015/10/trans-aprovada-no-sisu-da-dicas-quem-vai-usar-o-nome-social-no-enem.html

Page 13: Revista Camaleao

ANTRA SOLICITA QUE TRATE TRAVESTIS NO FEMININO

A ANTRA – Articulação Nacional de Travestis e Transexuais é uma entidade que abriga mais de 178 ONGs de travestis e transexuais em todo o país:A Mídia e Meios de Comunicação Local e Nacional.

Prezado(as) jornalistas, editores, redatores(as) de mídia impressa e virtual, sou Cris Stefanny, presidente da ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil.Tomo a iniciativa de encaminhar esta Nota Circular com a certeza que nos aproxima-mos ao repudiar os índices assustadores de violência praticados contra as Travestis e Tran-sexuais no Brasil. A brutalidade e covardia motivadas pela TRANSFOBIA promovem a negação, usurpação e tolhimento de direitos, além de engrossar cotidianamente as estatísti-cas de homicídios praticados, sobretudo, por uma parcela doentia da sociedade identificada como “pity boys”, assim como pelos supostos clientes que procuram travestis e transexuais para programas sexuais.Entendo que os meios de comunicação são de suma importância para o esclarecimento e a educação da sociedade. Esta convicção faz de nós parceiras sem reservas da imprensa brasileira quando se trata de divulgar tais vi-olências e de colaborar com o jornalismo in-vestigativo na busca dos responsáveis por tais crimes. No entanto, não podemos nos omitir o fato de não raro, a imprensa colaborar para reforçar os estigmas e,consequentemente, a violência contra Travestis e Transexuais nas vezes em que se refere a nós no gênero mas-culino. Nossa identidade de gênero é FEMINI-NA, pois mesmo que por nascença nosso sexo

é masculino, nos apresentamos socialmente vin-culadas ao gênero FEMININO.Todas as vezes que a imprensa reforça o termo “masculino” para se referir a nós intensifica os estigmas, os preconceitos e a discriminação, de-finindo a mulher a partir da exclusividade decor-rente do órgão genital, sem levar em consider-ação a sua essência e a construção social a ela associada.Solicito, em nome de uma parcela significativa da população, que os/as redatores/as e os/as responsáveis pelos meios de comunicação im-pressos, televisivos e/ou digitais incorporem em suas matérias o artigo feminino ao se referirem às Travestis e Transexuais. Com esta providên-cia, além de qualificar o conteúdo da informação disponibilizada ao grande público, estarão con-tribuindo para atenuar e/ou reverter os índices de criminalidade e de exclusão social praticados contra nós, Travesti e Transexuais.Conto com o respeito de todos/as com relação a nossa Identidade de Gênero: feminina.Portan-to, sempre ao redigirem matérias que envol-vam Travestis e Transexuais recorram ao gêne-ro feminino (AS TRAVESTIS, DAS TRAVESTIS, A TRAVESTI, UMA TRAVESTI). A aplicabilidade do gênero masculino só se justifica nos casos em que a referência do sexo biológico é feminina, mas a identidade social é masculina.

Agradeço a ampla divulgação desta Nota Circu-lar junto aos seus funcionários/as.

Atenciosamente.

Cris StefannyPresidente da ANTRA

http://www.alegriafalhada.com.br/antra-articulacao-nacional-de-travestis-e-transexuais-solicita-que-se-trate-travestis-no-feminino/

Page 14: Revista Camaleao
Page 15: Revista Camaleao
Page 16: Revista Camaleao

Grupo de teatro de BH usa a arte para combater preconceito contra travestis

O trabalho do Coletivo Toda Deseo é voltado para o u niverso trans. Uma das ações é a ‘Gaymada’ jogo que aproxima o pú blico do tema.

O ator David Maurity chegou ao ensaio carregando sua carteira, as chaves de casa, uma meia-calça rosa, um microves-tido e um par de sapatos, salto oito.“Ainda vim de Uber, meu bem”, disse o integrante do coletivo Toda Deseo. Criado em 2013, o trabalho do grupo, composto por nove artistas, é voltado para o universo trans.“Não somos travestis. Nós somos atores que representam travestis no pal-co e isso é muito importante porque é uma questão de protagonismo mesmo. O nosso lugar de fala é do teatro. Mas a gente quer compartilhar essa luta. En-quanto as ‘meninas’ estiverem morren-do, pessoas perdendo a vida por conta do preconceito, por conta da violência, esse nosso trabalho faz muito sentido”, disse.Uma destas ações é a “Gaymada”, um campeonato de queimada que procura desmistificar o universo trans, trazendo para o jogo todos que quiserem partici-par. O evento, que sempre acontece em praças à luz do dia, já chegou a sua ter-ceira edição.“Elas (travestis) sempre existiram, sem-pre estiveram aí, mas era um universo que ficava muito preso à noite e as pes-

Page 17: Revista Camaleao

Grupo de teatro de BH usa a arte para combater preconceito contra travestis

O trabalho do Coletivo Toda Deseo é voltado para o u niverso trans. Uma das ações é a ‘Gaymada’ jogo que aproxima o pú blico do tema.

soas criavam os estereótipos em cima disso. Como se toda travesti só vivesse à noite, como se todo gay só tivesse na boate. Tem família, tem trabalho. A noite é um dos mo-mentos da vida dessas figuras. Se vocês nunca prestaram atenção, abram seus olhos e ve-jam”, disse David.Nos dias dos jogos, o grupo chega sempre montado com perucas, cílios postiços e muito bom humor.“A gente não vai fazer como meninos. Como inserí-las (travestis) e ainda fazer um campe-onato? Todo mundo é afetado pela ‘Gaymada’. Além disso, tem uma rede social que amplia assim (estala os dedos) demais”, contou Rafael Lucas Bacelar.Outro espetáculo do grupo é “No Soy Un Maricón” em que são apresentados quatro pocket-shows, cada um com quinze minutos de duração.Eles narram a história de travestis desde a busca pela fama até a decadência. Mas a ideia é transformar o palco em uma festa e convi-dar o público a participar.“Neste espetáculo a gente se deparou com situações um pouco complicadas. Em deter-minados momentos, as pessoas se sentiam no direito de passar a mão na gente. Isso mostra como as pessoas confundem e enxergam a travesti como um objeto sexualizado. Então,

a gente teve que mostrar para as pessoas que ‘não, se eu coloco um vestido, isso não te dá o direito de passar a mão em mim’. É quase uma reeducação”, disse David.Muitas travestis já viram os trabalhos da Toda Deseo e as opiniões delas, segundo o coletivo, são divididas.“A reação é bacana por parte de muitas pes-soas, mas também recebemos críticas não tão positivas, o que pra gente também é impor-tante porque a gente trabalha com essa temáti-ca e a gente não é travesti. Então o nosso lugar de fala é outro. Ele é o do ator, ele é o da arte, ele é o do teatro. Nós queremos que elas nos entendam e entendam o nosso ponto de vista, de onde parte o nosso trabalho”.Cristal Lopez entendeu. A travesti é figurinha fácil nos ensaios do grupo e nos campeona-tos de “Gaymada”. Ela também foi convidada para participar do próximo espetáculo da Toda Deseo.“Acho ótimo quando as pessoas que não tem vivência trans são sensíveis a esse assunto”, disse.O grupo evolui e reage de acordo com as mu-danças e discussões sobre os direitos das traves-tis. “Hoje é uma coisa, amanhã morrem cinco, cai uma lei, sobe mais uma lei, nosso trabalho é dinâmico”, disse Rafael. “Nós somos arte-ativis-tas”, completou David

http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2015/11/grupo-de-teatro-de-bh-usa-arte-para-combater-preconceito-contra-travestis.html

Page 18: Revista Camaleao
Page 19: Revista Camaleao

O TransEmpregos é uma ideia original de um grupo de pessoas trans preocupadas com a empre-gabilidade de travestis e transexuais no Brasil, um país em que, infelizmente, essa população ainda se encontra grande parte das vezes desempregada, precisando negar a própria identidade de gênero para encontrar um emprego ou mesmo, sendo obrigadas a trabalhar em empregos infor-mais onde via de regra não são valorizadas. Dado que de forma geral, o empresariado não contra-ta essas pessoas, muitas vezes por preconceito declarado, velado ou por total desconhecimento do talento dessas pessoas, nós propomos que se observem essas pessoas pelo ponto de vista do quanto elas podem contribuir para uma empresa, com toda a força de vontade que possuem.

Por possuírem mais difi culdade de se colocarem no mercado de trabalho, de modo geral estamos falando de pessoas mais engajadas e dedicadas em seus empregos – em que pesem os estereóti-pos e o que o senso comum diz.

Caso você seja empresário ou recrutador e, sua empresa esteja preocupada em fazer justiça so-cial, ao mesmo tempo que precisa de pessoas dinâmicas, pró-ativas, cheias de vontade de encon-trar um emprego em que elas possam ser valorizadas como profi ssionais, independente da iden-tidade de gênero que possuem, cadastre sua vaga em nosso site. Entre em contato com nossos profi ssionais e, ouse experimentar dar uma oportunidade a quem geralmente só recebe “nãos” quando vai procurar emprego – e isso em nada se deve ao fato de não possuírem competência e capacidade de se adaptarem a novos ambientes e situações, pois para superar as adversidades da vida, essas pessoas já demonstram estar à frente de muitos outros

Page 20: Revista Camaleao

19

Bryan Assis

Page 21: Revista Camaleao
Page 22: Revista Camaleao
Page 23: Revista Camaleao

Sonhar é para todo mundo

Aos 23 anos, Valesca Dominik Ferraz é a segunda transexual mais bonita do mundo após o ficar em segundo lugar no concurso Miss Internacional Queen 2015, na Tailândia. A campeã foi a rep-resentante de Filipinas, e no terceiro lugar ficou a miss Tailândia.Natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Valesca é cabeleireira e foi a única negra a disputar o título nesta edição do concurso. Num vídeo publicado pela organização antes da final, ela fala que ficou com medo quando se juntou às outras candidatas. “Para mim, isso é importante para mostrar como é difícil ser transexual e negra, porque o preconceito vem de dois lados”, lamentou. “Sonhar é para todo mundo. Independente da cor da pele, do sexo, somos seres humanos e sonhar faz parte da vida”.

BRASILEIRA DE 23 ANOS é ELEITA A SEGUN-DA TRANSEXUAL MAIS BONITA DO MUNDO EM

CONCURSO NA TAILâNDIA

Page 24: Revista Camaleao

10 BOAS NOTÍCIAS PARA PESSOAS TRANSAlguns fatos recemtemente noticiados podem dar alguma esperança de dar destaque às questões trans

O Centro Acadêmico Afonso Pena, da Faculdade de Direito da UFMG, abriu processo seletivo para con-tratar exclusivamente pessoas trans;

A UFES (Universidade Federal de Feira de Santana/BA) foi uma das poucas instituições que alterou sua foto de perfil no Face-book com o filtro da luta trans. A ação foi parabenizada pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ): “O ambiente acadêmico pode ser mais acessível e também mais acolhedor a todos e todas, inclusive às pessoas trans”, publicou o político e ativista;

A ex-candidata à Presidência da República pelo PSOL, Luciana Genro escre-veu um claro depoimento ao trocar sua foto de perfil: “O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. A maioria das pessoas trans aca-ba sendo empurrada pelo preconceito para fora das escolas, restando como alternativas a prostituição e os subempregos; ) A ex-candidata à Presidência da República pelo PSOL, Luciana Genro escreveu um claro depoimento ao trocar sua foto de perfil: “O Brasil é o país que mais mata travestis e tran-sexuais no mundo. A maioria das pessoas trans acaba sendo empurrada pelo preconceito para fora das escolas, restando como alternativas a prostituição e os subempregos;

Em junho, a cantora Miley Cyrus fechou uma parce-ria com o Instagram para dar voz a transgêneros e transexuais. Na ação, a artista publica fotos em sua rede social acompanhada de pessoas trans;

Engajadíssima na causa das pessoas trans, Miley Cyrys também promoveu o Blackyard Sessions este ano. Trata-se de uma série de vídeos de apresentações inéditas para arrecadar fundos para a fundação Happy Hippie, que ajuda a conscientizar pessoas a respeito do público LGBTT;

1

2

3

4

5

Page 25: Revista Camaleao

10 BOAS NOTÍCIAS PARA PESSOAS TRANSAlguns fatos recemtemente noticiados podem dar alguma esperança de dar destaque às questões trans

No início de maio, a PUC-Rio permitiu, pela primeira vez, que uma estudante transexual usasse seu nome social. A aluna lutava pela autorização desde 2014

Este ano, o requerimento do nome social para o ENEM foi alter-ado, não sendo mais necessário solicitá-lo por telefone. A men-sagem direcionada aos homens trans, transmasculinos e pessoas não binárias diz ainda que a pessoa poderá utilizar o banheiro de acordo com sua própria identidade de gênero;

Em junho, o Google lançou um filme que mostra a história de um homem transgênero. Trata-se de um vídeo corporativo de uma academia de ginástica americana que ajuda pessoas em fase de transição;

Em 29 de maio, a Argentina regulamentou cirurgias de transgenitalização e demais procedimentos em todo país; a Lei João W. Nery, que tramita em Brasília, é baseada no texto dos hermanos. Veja o depoimento emocionante da ativista Daniela Andrade sobre o avanço;

Em janeiro, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, lançou o programa Transcidadania, que oferece às pessoas transexuais a oportunidade de re-tornarem ao ensino fundamental e médio, além de receberem bolsas de es-tudos e assistência médico-terapeuta;

6

7

8

910

Se for verdade que o cenário para os homens trans é difícil, a militância ‘T’ vive à margem da mídia e não recebe a devida atenção de outros movimen-tos sociais de minorias, essa notícias parecem dar alguma esperança a essas pessoas e merecem destaque.

Page 26: Revista Camaleao
Page 27: Revista Camaleao
Page 28: Revista Camaleao

A DIVERSIDADE TOMA CONTA DA CIDADE

Através do deslocamento cultural, eventros confrontam a homofobia e a transfobia

É dia de Praia da Estação. O sol forte estorrica o cimento da praça enquanto alguns se refres-cam na água das fontes, finalmente religadas pela administração municipal, após três anos de cobranças. À frente do Museu de Artes e Ofícios, tendas acolhem o público que aguarda ansiosa-mente pelo início de mais uma edição do Campeonato InterDrag de Gaymada – um dos eventos que ganharam luz em 2015 ao propor o deslocamento do queer para outros circuitos culturais de Belo Horizonte. Enquanto jogadores dos times TransFavela e Hoje Acordei Perfeita se preparam para a primeira partida do dia, a juíza e as cheerleaders (integrantes do coletivo Toda Deseo, que organiza o evento) animam os espectadores e explicam as regras.“Não pode invadir o campo, ninguém é carta branca e se a bola bateu em você e caiu no chão é uma gaymada. E o mais importante: eu posso mudar todas as regras a qualquer momento”, brinca a juíza, encarnada no ator, pesquisador e bailarino Rafael Lucas Bacelar. Ele explica um pouco da história do evento, que chegou em sua terceira edição no último dia 12. “Nesses dois anos em que a Toda Deseo existe, entendemos a necessidade de deslocar as pessoas da noite, travestis, drag queens e gays muito afeminados, para o lugar da tarde. Então, revisitando nossas histórias como mulheres e gays, vimos que todos tinham em comum a coisa da queimada na escola. E pensamos em reinventar a brincadeira, agora adultos”, sublinha, revelando que o coletivo atualmente busca recursos para realizar uma edição nacional do campeonato.Para Bacelar, a Gaymada se assemelha ao teatro de arena e ao teatro de estádio, e possibilita ao jogador vivenciar um espaço de diversidade. “Brincar lida com três liberdades, que são de criação, de espaço e de tempo. E a Gaymada é um espaço onde isso pode acontecer”, pontua. “Você não precisa expor sua orientação sexual para experimentar a brincadeira. É um lugar do queer, do

Page 29: Revista Camaleao

amor, da diversão. É experimentar a liberdade como forma de criação artística”, reflete, desta-cando que outros movimentos socioculturais da cidade têm absorvido a cultura queer, como é o caso do Bloco da Bicicletinha, pedalada festiva que recentemente realizou uma edição dedicada às drags.O artista lembra, ainda, que os outros projetos da Toda Deseo transitam nesses mesmos lugares. “Somos um coletivo que dedica o tema de suas criações e debates no teatro às pessoas LGBT, principalmente às travestis e transexuais. Realizamos o ‘No Soy Un Maricón’, que é uma festa en-cenada, onde essas pessoas são as protagonistas, e o ‘Corpos Que Não Importam’, performance que trata, principalmente, das ideologias de gênero. A Gaymada é nosso terceiro projeto”, explica Rafael Lucas Bacelar.A questão da representatividade das trans e travestis também é ressaltada com veemência pelo artista, que fala sobre a diferença entre os termos. “Definir o que é trans e o que é travesti é um grande desafio, porque diz de uma autoidentificação. A travesti, de alguma forma, afirma uma identidade como mulher, mas sem abdicar do sexo, como estratégia política. Já a trans se autodenomina assim exatamente pela cirurgia, por causa desse lugar da transformação comple-ta”, assinala. “A drag queen não tem nada ver com isso. Não é uma identidade de gênero. É uma personagem, um palhaço. É a criação de uma estrutura simbólica e artística onde você estabelece jogos de criação, como a dublagem e o canto”.“Nós, do Toda Deseo, somos todos artistas, então temos privilégios de espaço e de fala no que fazemos. Talvez por isso tenhamos tanta aceitação”, continua Bacelar. “Podemos, sim, ser assimi-lados às drag queens, mas não gostamos de nos rotular, para que nosso trabalho artístico não fique preso. Passamos por esse lugar de performance, mas, por trabalharmos pelas trans e travestis, se falamos por elas ou nos portamos como elas o tempo inteiro, estamos deslegitimando o momen-to em que eu tiro a roupa de mulher e a Cristal continua a vida dela”, crava.

Page 30: Revista Camaleao
Page 31: Revista Camaleao
Page 32: Revista Camaleao