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Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE REVISTA BRASILEIRA DE ESTATÍSTICA volume 71 número 234 janeiro/dezembro 2010 ISSN 0034-7175 R. bras. Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p. 1-151, jan./dez. 2010

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  • Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - I BGE

    REVISTA BRASILEIRA DE ESTATÍSTICA

    volume 71 número 234 janeiro/dezembro 2010

    ISSN 0034-7175

    R. bras. Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p. 1-151, jan./dez. 2010

  • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - I BGE Av. Franklin Roosevelt, 166 - Centro - 20021-120 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil

    © IBGE. 2011

    Revista Brasileira de Estatística, ISSN 0034-7175

    Órgão oficial do IBGE e da Associação Brasileira de Estatística - ABE.

    Publicação semestral que se destina a promover e ampliar o uso de métodos estatísticos através de divulgação de artigos inéditos tratando de aplicações da Estatística nas mais diversas áreas do conhecimento. Temas abordando aspectos do desenvolvimento metodológico serão aceitos, desde que relevantes para a produção e uso de estatísticas públicas. Os originais para publicação deverão ser submetidos para o site http://rbes.submitcentral.com.br/login.php Os artigos submetidos às RBEs não devem ter sido publicados ou estar sendo considerados para publicação em outros periódicos.

    A Revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos em matéria assinada.

    Editor Responsável

    Francisco Louzada (USP - São Carlos)

    Editor-Executivo

    Pedro Luis do Nascimento Silva (ENCE/IBGE)

    Editor de Metodologias

    Fernando Moura (UFRJ)

    Editor de Estatísticas Oficiais

    Denise Britz do Nascimento Silva (DPE/IBGE)

    Editores Associados

    Dalton Francisco de Andrade (UFSC) José André de Moura Brito (ENCE/IBGE) Viviana Giampaoli (IME-USP) Beatriz Vaz de Melo Mendes (UFRJ) Thelma Sáfadi (UFLA) Paulo Justiniano Ribeiro Junior (UFP) Josmar Mazucheli (UEM) Luis A Milan (UFSCar)

    Cristiano Ferraz (UFPE) Gleici Castro Perdoná (FMRP-USP) Ana Maria Nogales Vasconcelos (UNB) Ronaldo Dias (UNICAMP) Mário de Castro (ICMC-USP) Nuno Duarte Bittencourt (ENCE/IBGE) Solange Trindade Corrêa (DPE/IBGE)

    Editoração

    Sandra Cavalcanti de Barros - ENCE/IBGE Arnoldo Furtado de Sá - ENCE/IBGE Letícia Baptista de Paula Barros – ENCE/IBGE

    Impressão

    Gráfica Digital/Centro de Documentação e Disseminação de Informações - CDDI/IBGE, em 2011.

    Capa

    Renato J. Aguiar - Coordenação de Marketing/CDDI/IBGE

    Ilustração da Capa

    Marcos Balster - Coordenação de Marketing/CDDI/IBGE

    Revista brasileira de estatística / IBGE, - v.1, n.1 (jan./mar.1940), - Rio de Janeiro : IBGE, 1940. v.

    Trimestral (1940-1986), semestral (1987- ). Continuação de: Revista de economia e estatística.

    Índices acumulados de autor e assunto publicados no v.43 (1940-1979) e v. 50 (1980-1989).

    Co-edição com a Associação Brasileira de Estatística a partir do v.58.

    ISSN 0034-7175 = Revista brasileira de estatística.

    I. Estatística – Periódicos. I. IBGE. II. Associação Brasileira de Estatística.

    Gerência de Biblioteca e Acervos Especiais CDU 31(05) RJ-IBGE/88-05 (rev.2009) PERIÓDICO

    Impresso no Brasil/Printed in Brazil

  • Nota do Editor

    Este volume da RBEs do ano de 2010 é composto por cinco artigos. O primeiro artigo,

    de autoria de Francisco Louzada, Anderson Ara, Cleyton Z. Oliveira e Cláudio V. Gonçalves,

    apresenta um diagnóstico do ensino da ciência estatística nas universidades públicas

    brasileiras. O segundo artigo, de autoria de Flávio H. M. A. Freire, Maria H. C. Spyrides,

    Moisés A. C Aguirre e Kátia L. Souza, apresenta um diagnóstico da dinâmica matrimonial no

    nordeste do Brasil. O terceiro artigo, de autoria de José A. M. Brito, Luiz S. Ochi, Luciana R.

    Brito e Flávia M. T. Montenegro, apresenta um algoritmo para o agrupamento baseado em K-

    Medoids. O quarto artigo, de autoria de Rejane C. Rocha e Thelma Sáfadi, analisa dos dados

    de doação de sangue do Núcleo Regional de São João Del Rei da Fundação Homominas. O

    quinto artigo, de autoria de Sumala A. Latif e Pedro A. Morettin apresenta uma introdução a

    cópulas com aplicações na avaliação do desempenho de empresas.

    Aproveito a oportunidade para agradecer a colaboração de Pedro Luis do Nascimento

    Silva (Editor Executivo), todos os Editores Associados, revisores do periódico, autores, IBGE e

    ABE.

    Uma excelente leitura.

    Francisco Louzada

    Editor Responsável

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.1-151-, jan./dez. 2010

    Sumário

    Nota do Editor ....................................................................................... 5

    Artigos

    Diagnóstico do ensino da estatística nas universidades públicas brasileiras:

    uma descrição de algumas das dimensões que compõem o perfil do seu corpo

    docente ...............................................................................................

    7

    Comentários ao artigo Caracterização dos docentes de Louzada et all.

    Por Renato Assunção .....................................................................

    39

    Comentários ao artigo Caracterização dos docentes de Louzada et all.

    Por Airlane Alencar .........................................................................

    40

    Francisco Louzada

    Anderson Ara

    Cleyton Z. Oliveira

    Cláudio V. Gonçalves

    Encontros e Reencontros: um diagnóstico da dinâmica matrimonial no

    nordeste do Brasil ..................................................................................

    43

    Flávio Henrique Miranda de Araújo Freire

    Maria Helena Constantino Spyrides

    Moisés Alberto Calle Aguirre

    Kátia Lucianny de Souza

    Um algoritmo para o agrupamento baseado em K-Medoids ......................... 75

    José André de Moura Brito

    Luiz Satoru Ochi

    Luciana Roque Brito

    Flávia Macedo Tavares Montenegro

    Análise dos dados de doação de sangue da Fundação Homominas - Núcleo

    Regional de São João Del Rei. ................................................................

    101

    Rejane Corrêa da Rocha

    Thelma Sáfadi

    Introdução a cópulas e aplicações na avaliação do desempenho de empresas 121

    Sumala A. Latif

    Pedro A. Morettin

    Política editorial ..................................................................................... 149

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    Diagnóstico do Ensino da Estatística nas

    Universidades Públicas Brasileiras: Uma

    Descrição de Algumas das Dimensões que

    Compõem o Perfil do seu Corpo Docente

    Francisco Louzada1

    Anderson Ara2

    Cleyton Z. Oliveira2

    Claudio V. Gonçalves2

    Resumo

    Contexto: O ensino da ciência estatística é obrigatório em praticamente todos os cursos

    de graduação das universidades brasileiras. Além disso, vários são cursos de Graduação em

    Estatística, distribuídos pelas várias universidades nacionais. Entretanto, apesar da importância

    desta ciência, não existe na literatura nacional estudos sistemáticos direcionados à

    caracterização dos docentes responsáveis pelo ensino da ciência estatística no país.

    Objetivo: Neste contexto, apresentamos neste artigo uma descrição de tais docentes,

    particularmente, no que tange aos cursos de Graduação em Estatística.

    Método: Esta descrição foi realizada por meio de um levantamento descritivo, relacionado

    aos aspectos de sua formação e produção científica. E finalizada com a apresentação da previsão

    de demanda de Doutores em Estatística necessários para suprir as vagas em aberto a partir das

    ocorrências das aposentadorias dos docentes das Graduações em Estatística.

    Coleta de Informação: Considerando a listagem dos cursos de graduação em estatística de

    universidades públicas reconhecidos pelo MEC, pesquisamos os currículos Lattes disponíveis dos

    648 docentes vinculados a essas instituições durante a segunda quinzena de julho de 2009.

    Conclusões alcançadas: O levantamento revela que, de uma forma geral, os docentes

    vinculados às Graduações em Estatística, têm, em sua maioria, mestrado e/ou doutorado. No

    1 Universidade de São Paulo 2 Universidade Federal de São Carlos

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    entanto, considerando graduação, mestrado e doutorado, a proporção com formação formal em

    estatística como área de concentração não é grande, metade dos docentes possui Graduação em

    Estatística, aproximadamente 1/3 dos mestres são mestres em Estatística e 1/3 dos doutores são

    doutores em Estatística. Em termos da produção científica nos anos 2006 a 2008, praticamente,

    a cada 10 docentes, 4 não publicaram, 4 publicaram entre 1 e 4 artigos e 2 publicaram mais do

    que 5 artigos completos no período. O estudo também revela que existem grandes diferenças

    entre as regiões geográficas do país, bem como entre os docentes com diferentes tempos de

    docência e contemplados com bolsa de produtividade científica do CNPq. Como esperado, os

    docentes que são bolsistas de produtividade possuem maior de produção científica, em média,

    em comparação com os docentes não bolsistas. Além disso, existe uma interação positiva entre

    tempo de docência e bolsa produtividade, com um aumento gradativo no ritmo da produção

    científica dos docentes com o aumento do tempo de docência, o qual é intensificado pela

    presença de bolsa de produtividade. Também detectamos que existe déficit de Doutores em

    Estatística necessários para suprir as vagas em aberto a partir das ocorrências das

    aposentadorias dos docentes das 24 Graduações em Estatística estudadas. Considerando um

    cenário pessimista, até o ano de 2017 teríamos ainda déficit de doutores para preencher as

    vagas de docentes. Em última instância, assumindo que 20% dos doutores egressos são

    absorvidos pelo mercado a cada ano ainda em 2030 o déficit de doutores deverá perdurar.

    Palavras Chave: Perfil do Profissional Docente; Graduação em Estatística.

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    1. Introdução

    A ciência estatística tem sido contribuinte significativa em praticamente todas as

    áreas do conhecimento, dentre as quais podemos citar desde áreas básicas como a

    física, a química e a biologia, às mais tecnológicas, como as engenharias, passando,

    pela agronomia, astronomia, criminologia, demografia, saúde e psicologia.

    Consequentemente, todos os setores de atividades, primário, secundário e terciário, têm

    se beneficiado dos avanços desta ciência, inclusive, a administração pública. Assim,

    dada sua natureza de ciência do significado e do uso dos dados, nenhuma disciplina tem

    interagido tanto com as demais disciplinas em suas atividades do que a ciência

    estatística (Memória, 2004), sendo o ensino desta ciência, atualmente, obrigatório em

    quase todos os cursos de graduação das mais diversas áreas, com pouquíssimas

    exceções (Lopes, 1998).

    No Brasil, a ciência estatística tem sua história associada ao Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatística (IBGE), cujas raízes foram fincadas ainda durante o Império.

    Sendo que, segundo Araujo (1993) e Dantas (2002), o primeiro curso de ¨Inferência

    Estatística¨ foi ministrado em 1947, baseado no livro de Harald Cramer “Mathematical

    Methods of Statistics”. Porém, somente em 1953 duas escolas iniciaram o ensino da

    ciência estatística no Brasil: a Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE, criada

    pelo IBGE e a Escola de Estatística da Bahia, fundada e mantida pela Fundação Visconde

    de Cairú (Silva, 1989; IBGE,1987).

    Nas décadas seguintes, dado o avanço da ciência e a pluralização da educação,

    vários cursos de Graduação em Estatística foram criados em todo o país. Atualmente,

    de acordo com consulta realizada em 31/10/2009 (Fonte: http://emec.mec.gov.br/),

    existem cursos de Graduação em Bacharelado e Licenciatura em Estatística,

    reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC), distribuídos por 33 universidades (30

    universidades públicas e 3 privadas) espalhadas por todo o território nacional com um

    total de mais de 600 docentes diretamente envolvidos no ensino desta ciência.

    Neste contexto, uma questão de importância consiste em caracterizar os docentes

    responsáveis pelo ensino da ciência estatística no Brasil no que se relaciona aos

    aspectos de sua formação e atividades inerentes a sua profissão. Particularmente, esta

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    caracterização é fundamental para os cursos de Graduação em Estatística, núcleos

    básicos para a formação dos profissionais estatísticos, sendo que estes devem ser

    formados com o perfil exigido para a sua atuação, em instituições privadas e

    governamentais, bem como para a sua capacitação continuada e possível atuação em

    instituições de ensino superior. Este perfil evidentemente é balizado pelas necessidades

    do mercado de trabalho e pelas características formativas e profissionais dos seus

    formadores.

    Entretanto, apesar da importância do tema, depois de uma busca exaustiva não

    encontramos na literatura estudos sistemáticos voltados à caracterização destes

    profissionais. Este é o objetivo principal deste artigo: caracterizar os docentes

    responsáveis pelo ensino dentro das Graduações em Estatística do país, segundo

    algumas das dimensões que compõem o perfil desta classe de profissionais.

    Particularmente, trata-se de um levantamento descritivo, com ênfase dada ao tempo de

    docência do docente e à sua formação no que se relaciona às características de sua

    graduação, mestrado e doutorado. Também focamos a produção científica docente,

    representada aqui pela quantidade de artigos completos publicados no período de 2006

    a 2008, sendo esta, possivelmente, dentre todas as atividades relacionadas à sua

    profissão, a responsável pela manutenção do princípio da indissociabilidade acadêmica

    quanto ao binômio pesquisa-ensino. As atividades de extensão, pertinentes a este

    contexto, não foram consideradas no presente estudo por falta deste tipo de informação

    na base de dados utilizada.

    Nosso interesse é apresentar subsídios para que possam ser respondidas, dentre

    outras, questões como: Quantos são os docentes responsáveis pelo ensino dentro das

    graduações em estatística do país? Esta quantidade é proporcionalmente balanceada

    entre as regiões geográficas? Quais as porcentagens de homens e mulheres? Qual é o

    tempo médio de docência? Quais as proporções de docentes com doutorado, mestrado

    e somente graduação? As mesmas proporções se apresentam nas diferentes

    regiões? Como se dá a formação destes docentes em termos de área de concentração

    em estatística? Qual é a produção científica dos docentes? Como se comporta a

    distribuição desta produção nas cinco regiões geográficas do país? Existem docentes

    que se distanciam dos demais quanto a sua produção científica? Qual a relação entre

    tempo de docência e produção científica? Quantos são os bolsistas do CNPq? Em quais

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    regiões estão alocados? Estes apresentam produção científica diferenciada? Quantos

    doutores serão necessários para repor as vagas em aberto a partir das ocorrências das

    aposentadorias dos docentes das Graduações em Estatística estudadas,

    Muitas interpretações e inferências lógicas, gerais e específicas podem ser tecidas

    a partir do levantamento aqui apresentado. Entretanto, apesar de termos consciência do

    fato de que a simples escolha de certas variáveis a serem estudadas, com

    categorizações específicas, já ser indicativo da predileção dos autores por algumas

    visões referentes à caracterização dos docentes aqui estudados em detrimento de

    outras, e, mesmo que indiretamente, propiciar a postulação de conjecturas específicas,

    dentro do possível, preferimos omitir nossas percepções advindas da análise. Assim,

    somente apresentamos os resultados de forma descritiva, acreditando na importância de

    isenção de opinião e de concorrência entre interpretações quando da realização que uma

    pesquisa envolvendo a caracterização de uma classe de profissionais, e que os leitores

    se encarregarão desta importante tarefa que poderá ser instrumentada de forma

    adequada pelo levantamento aqui apresentado.

    O artigo é organizado como segue. A Seção 2 apresenta as especificações gerais

    da metodologia, descrevendo quais os docentes que foram incluídos no levantamento, a

    forma de coleta dos dados e as variáveis estudadas. A Seção 3 apresenta os resultados

    obtidos, incluindo uma descrição geral, seguida de descrições por região geográfica,

    tempo de docência, bolsa de produtividade e a análise conjunta de tempo de docência e

    bolsa de produtividade. A Seção 4 apresenta alguns comentários finais, resumindo os

    resultados obtidos. Também, visualizando o planejamento estratégico das Graduações

    em Estatística, esta seção apresenta uma previsão de demanda de Doutores em

    Estatística necessários para suprir as vagas em aberto a partir das ocorrências das

    aposentadorias dos docentes das Graduações em Estatística estudadas.

    2. Metodologia

    Para este estudo consideramos docentes necessariamente vinculados aos

    Departamentos de Estatística do país que oferecem curso de Graduação em Estatística.

    Uma pesquisa on-line foi realizada para identificação dos departamentos que deveriam

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

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    ser considerados, tendo como referência a listagem dos Departamentos de Estatística

    fornecida pelo website www.redeabe.org.br, portal da Associação Brasileira de

    Estatística (ABE).

    A home page de cada um dos Departamentos de Estatística que oferecem cursos

    de Graduação em Estatística foi acessada durante a segunda quinzena do mês de julho

    de 2009 para obtenção do nome dos docentes. A home page de alguns departamentos

    não foi encontrada. Neste caso obtivemos os nomes dos respectivos docentes através

    de e-mails enviados às instituições.

    Dentre as 33 universidades que possuem Departamento de Estatística oferecendo

    cursos de Graduação em Estatística credenciados pelo MEC até o mês de dezembro de

    2008, somente foram considerados os docentes vinculados aos Departamentos de

    Estatística de instituições públicas de ensino com cursos de Graduação em Estatística

    credenciados pelo MEC, com início das atividades anterior ao ano de 2008. Assim, não

    foram consideradas as seguintes universidades públicas: Universidade Federal de Goiás

    (UFG), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Universidade Federal do Mato Grosso

    (UFMT), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal de Santa

    Maria (UFSM) e Universidade Federal do Piauí (UFPI) devido ao fato destas terem

    iniciado seus cursos de Graduação em Estatística em 2008 ou após este ano. Também,

    não consideramos na análise os docentes vinculados às 3 universidades particulares:

    Escola Superior de Estatística da Bahia (ESEB), Universidade Salgado de Oliveira

    (UNIVERSO) e Centro Universitário Capital (UNICAPITAL). Desta forma, neste trabalho,

    foram pesquisados os docentes de 24 dentre os 30 Departamentos de Estatística de

    universidades públicas que oferecem os cursos de Graduação em Estatística

    reconhecidos pelo MEC, o que corresponde a 80% do total dos cursos de Graduação em

    Estatística oferecidos por instituições públicas do país.

    Os departamentos pesquisados, bem como suas respectivas fontes de informação,

    são apresentados na Tabela 1. A Figura 1 apresenta a distribuição geográfica das

    Graduações em Estatística reconhecidas pelo MEC e com início anterior a 2008. Dos

    cursos analisados, 45,8% encontram-se na região Sudeste, 12,5% na região Sul,

    21,2% na região Nordeste, 4,2% na região Centro-Oeste e 8,3% na região Norte. A

    Tabela A.1, em anexo, apresenta as características gerais das Graduações em

    Estatística participantes do estudo.

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

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    2.1. Fonte de informações

    Com os nomes dos docentes a serem incluídos no estudo em mãos, durante a

    segunda quinzena de julho de 2009, pesquisamos os seus currículos Lattes. A

    Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

    (CNPq) consiste em uma ferramenta largamente conhecida entre os acadêmicos e

    significativa para o conhecimento da trajetória de docentes e pesquisadores de todas as

    áreas do conhecimento. Sua importância se estende às atividades operacionais de

    fomento à pesquisa em nível nacional. Ela está disponível no site lattes.cnpq.br.

    Tabela 1. Departamentos de Estatística pesquisados organizados por estado.

    ESTADO DEPARTAMENTO FONTE DE CONSULTA Amazonas

    Instituto de Ciências Exatas – UFAM http://portal.ufam.edu.br/index.php/unidades-academicas/17-instituto-de-ciencias-exatas

    Bahia Departamento de Estatística – UFBA http://www.est.ufba.br/ Brasília Departamento de Estatística – UnB http://e-groups.unb.br/ie/est/ Ceará Departamento de Estatística e Matemática

    Aplicada – UFC http://www.estatistica.ufc.br/

    Espírito Santo Departamento de Estatística – UFES solicitação via e-mail

    Departamento de Estatística – UFMG http://www.est.ufmg.br/portal/ Minas Gerais

    Departamento de Estatística – UFJF http://www.ufjf.br/estatistica/ Pará Departamento de Estatística – UFPA http://www.ufpa.br/ccen/est/

    Departamento de Estatística – UEPB e-mail enviado à coordenação Paraíba

    Departamento de Estatística – UFPB http://www.de.ufpb.br/ Departamento de Estatística – UEM http://www.des.uem.br Paraná Departamento de Estatística – UFPR http://www.est.ufpr.br/

    Pernambuco Departamento de Estatística – UFPE http://www.de.ufpe.br/

    Rio Grande do Norte Departamento de Estatística - UFRN http://www.estatistica.ccet.ufrn.br/

    Rio Grande do Sul Departamento de Estatística – UFRGS http://www.mat.ufrgs.br/

    Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE http://www.ence.ibge.gov.br/

    Departamento de Estatística – UFF http://www.proac.uff.br/depestatistica/ Departamento de Métodos Estatísticos- UFRJ http://www.dme.im.ufrj.br/

    Rio de Janeiro

    Instituto de Matemática e Estatística – UERJ http://www.ime.uerj.br/ Sergipe Departamento de Estatística – UFS solicitação via e-mail

    Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica – UNICAMP

    http://www.ime.unicamp.br/

    Departamento de Estatística – UFSCar http://www.ufscar.br/~des Departamento de Estatística – USP Campus São Paulo

    http://www.ime.usp.br/

    São Paulo

    Departamento de Matemática, Estatística e Computação - UNESP Campus Presidente Prudente

    http://www.fct.unesp.br/departamentos/ mat_est_comp/index.php?menu_esq1=2

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

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    Como premissa básica, assumimos como verdadeira toda informação disponível

    nos currículos Lattes. Entretanto, temos consciência da possível existência de

    inconsistências entre o currículo Lattes e a verdadeira situação acadêmica do docente,

    muitas vezes ocasionadas pelo dinamismo presente em bases curriculares que podem

    ser permanentemente alteradas na Internet pelo usuário, que é o caso da base de dados

    aqui considerada. Este fato pode causar vícios e possíveis inconsistências na análise.

    Como providência básica, realizamos em nosso banco de dados três revisões

    sistemáticas de todas as informações coletadas para validação dos mesmos.

    De acordo com os departamentos pesquisados (ver Tabela A.1), existem 648

    docentes atuando no ensino da Estatística no Brasil nos cursos de Graduação em

    Estatística com início de suas atividades antes do ano de 2008 (ver Tabela 1). Neste

    contexto, foram realizadas 648 buscas aos currículos Lattes desses docentes.

    8,3%

    21,2%

    45,8%

    4,2%

    12,5%

    UFAMUFPA

    UEPB

    UFBAUFC

    UFPBUFPE

    UFRN

    UFS

    UNB

    ENCE UERJ

    UFES

    UFF UFJF

    UFMG UFRJ

    UFSCar UNESP (Presidente Prudente)

    UNICAMP

    USP (IME)

    UEMUFPRUFRGS

    Figura 1. Distribuição dos Departamentos de Estatística pesquisados por região geográfica.

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

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    2.2. Variáveis Estudadas

    A Tabela 2 apresenta as variáveis que foram abordadas no estudo. Consideramos

    os mestrados e doutorados nacionais em estatística registrados no portal da

    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), disponível em

    http://www.capes.gov.br. Deste modo, consideramos mestre e doutores em estatística

    docentes que se titularam pelos programas de pós-graduação, reconhecidos pela

    CAPES, como sendo de probabilidade e estatística, conforme mostra a Tabela 3.

    Avaliamos os mestrados e doutorados em estatística realizados no exterior considerando

    apenas a declaração do docente exibida no currículo Lattes, uma vez que estes

    programas fornecem, geralmente, titulação referenciada por ¨Mestre ou Doutor em

    Filosofia¨. Assim, se o docente informa que seu doutorado no exterior foi em

    estatística, consideramos esta informação. Com relação à variável BOLSISTA, levamos

    em consideração somente a bolsa de Produtividade em Pesquisa - PQ, fornecida pelo

    Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico de Tecnológico (CNPq), uma vez que

    esta possui importantes critérios para sua concessão, tais como: produção científica do

    candidato, número de formação de recursos humanos em nível de Pós-Graduação,

    contribuição científica, tecnológica e em inovação, coordenação ou participação

    principal em projetos de pesquisa, participação em atividades editoriais, de gestão

    científica e administração de instituições e núcleos de excelência científica e

    tecnológica. Entretanto observamos, com pequena frequência, docentes que possuem

    outros tipos de bolsas: Bolsa de Apoio Técnico a Pesquisa do CNPq - Nível 1 (2

    docentes), Bolsa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial do CNPq - Nível 1 (2

    docentes), e Bolsa de Produtividade Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora

    do CNPq - Nível 2 (1 docente), as quais, foram desconsideradas na análise.

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

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    Tabela 2. Informações coletadas através da pesquisa de currículos acadêmicos.

    DESCRIÇÃO VARIÁVEL CODIFICAÇÃO

    Se o docente possui, ou não, currículo lattes PLATTES {0}=não; {1}=sim

    Sexo do docente SEXO {Masc}; {Fem}

    Se o docente possui, ou não, graduação em estatística GRAD.EST {0}=não; {1}=sim

    Se o docente possui ou não mestrado MEST {0}=não; {1}=sim

    Caso mestre, Se o Mestrado é em Estatística MEST.EST {0}=não; {1}=sim

    Se o docente possui, ou não, doutorado DOC {0}=não; {1}=sim

    Caso Doutor, Se o Doutorado é em Estatística DOC.EST {0}=não; {1}=sim

    Caso doutor, se o doutorado foi realizado no Exterior DOC.EXT {0}=não; {1}=sim

    Tempo de docência, em anos (2009 – Data do primeiro vínculo +1)

    TEMPO.D {0,1,2 ...}

    Número de artigos completos publicados em 2006 AC.2006 {0,1,2 ...}

    Número de artigos completos publicados em 2007 AC.2007 {0,1,2 ...}

    Número de artigos completos publicados em 2008 AC.2008 {0,1,2 ...}

    Número de artigos completos de 2006 a 2008 AC.TOTAL {0} = 0; {1} = 1 ou 2; {2} = 3 ou 4; {3} = de 5 a 10; {4} =

    mais que 10 Se o docente possui bolsa, ou não, de Produtividade em Pesquisa fornecida pelo CNPq

    BOLSISTA {0}=não; {1}=sim

    Tabela 3. Mestrados e doutorados em Estatística nacionais considerados.

    PROGRAMA UNIVERSIDADE MESTRADO DOUTORADO

    Estatística UNB x

    Estatística UFMG x x Estatística UFPE x x Estatística UFRJ x x Estatística UFSCar x x Estatística USP x x Estatística UNICAMP x x Matemática Aplicada e Estatística UFRN x

    3. Resultados

    Dos 648 docentes pesquisados, encontramos 561 (87%) currículos Lattes, dos

    quais apresentamos uma descrição geral das características dos docentes de acordo

    com as variáveis coletadas, seguida das descrições por Região Geográfica, Tempo de

    Docência, Bolsa de Produtividade em Pesquisa, e uma descrição cruzada por Tempo de

    Docência e Bolsa de Produtividade em Pesquisa. Devemos ressaltar que mesmo nos

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

    17

    currículos encontrados, alguns docentes não possuíam todas as informações

    consideradas neste artigo.

    3.1. Descrição Geral

    A Tabela 4 apresenta a descrição geral das informações coletadas. Observamos

    que 87% dos docentes possuem currículo Lattes, 63% são do sexo masculino, 54%

    não se graduaram em estatística, 91% concluíram o mestrado, dos docentes que

    concluíram o mestrado, 38% deles realizaram em Estatística, 70% dos docentes

    possuem doutorado, 25% destes realizaram seu doutorado no exterior. Também,

    podemos notar que existem docentes que iniciaram suas atividades letivas com vínculo

    há quase meio século (49 anos), bem como docentes que iniciaram suas atividades

    letivas em 2009, sendo que o tempo médio de docência é de aproximadamente 18

    anos. A distribuição do número de artigos completos publicados nos 3 anos

    considerados é assimétrica a direita, sendo que a maior frequência se encontra em

    nenhum artigo publicado (42%), seguida por: 1 ou 2 artigos (30%), 3 a 4 artigos

    (10%), 5 a 10 artigos (12%) e mais do que 10 artigos (6%) publicados. Ainda, o

    número de artigos completos publicados anualmente, em média, é semelhante em todos

    os anos analisados, com uma pequena variação, de 0,7 e 1,0 artigos. Porém de 2006 a

    2008, notamos que existe um leve aumento na média de publicação, bem como na

    amplitude. Além disso, 11% dos docentes possuem bolsa de produtividade científica.

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

    18

    Tabela 4. Descrição geral das Informações coletadas.

    VARIÁVEL RESULTADO (n=648) PLATTES: sim(%) / não(%) 87 / 13

    SEXO: masculino(%) / feminino(%) 63 / 37

    GRAD.EST: sim(%) / não(%) 46 / 54

    MEST: sim(%) / não(%) 91 / 9

    MEST.EST: sim(%) / não(%) 38 / 62

    DOC: sim(%) / não(%) 70 / 30

    DOC.EST: sim(%) / não(%) 32 / 68

    DOC.EXT: sim(%) / não(%) 25 / 75

    TEMPO.D (em anos): Média; DP [Min, Max] 18,4; 10,3 [1, 49]

    AC.2006: Média; DP [Min, Max] 0,9; 1,7 [0, 12] AC.2007: Média; DP [Min, Max] 0,9; 1,6 [0, 13] AC.2008: Média; DP [Min, Max] 1,0; 2,0 [0, 16] AC.TOTAL: 0(%) / 1-2(%) / 3-4 (%)/ 5-10(%) / +10(%) 42 / 30 / 10 / 12 / 6

    BOLSISTA: sim(%)/não(%) 11 / 89

    DP= desvio padrão. As demais siglas das variáveis são listadas na Tabela 3.

    3.2. Descrição Por Região Geográfica

    A Tabela 5 apresenta os resultados do estudo por região geográfica. Notamos que

    na região Norte existe uma alta proporção de docentes que possuem Graduação em

    Estatística (82%). Ainda, 42% dos docentes têm doutorado e destes 27% possuem

    Doutorado em Estatística, todos realizados no Brasil. A distribuição do número de

    artigos completos publicados de 2006 a 2008 é visualmente assimétrica, com 56% dos

    docentes que não publicaram no período, 25% que publicaram 1 ou 2 artigos e 14%

    que publicaram entre 3 e 4 artigos e 5% que publicaram entre 5 e 10 artigos. O número

    de artigos completos produzidos anualmente, em média, decresceu de 0,5 artigo em

    2006 para 0,2 em 2008. Nesta região, não existem docentes contemplados com bolsa

    de produtividade científica.

    Na região Nordeste, observamos que 16% dos docentes não possuem currículo

    Lattes, Ainda, 89% dos docentes detém o título de mestre, dentre eles 49% possuem

    Mestrado em Estatística. Do mesmo modo, temos que 58% dos docentes possuem o

    título de doutor, 31% destes possuem Doutorado em Estatística. Notamos, também,

    que 29% dos doutorados foram realizados no exterior. A distribuição de artigos

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

    19

    completos de 2006 a 2008 é visualmente assimétrica e com 51% dos docentes que

    não publicaram no período, 29% que publicaram 1 ou 2 artigos, 10% que publicaram

    entre 3 e 4 artigos, 8% que publicaram entre 5 e 10 artigos e 2% que publicaram mais

    de 10 artigos no período estudado. A média de artigos publicados anualmente variou

    entre 0,5 e 0,7, com um máximo de 11 de artigos publicados no ano de 2008. Nesta

    região, 8% dos docentes possuem bolsa de produtividade científica.

    Com relação à região Centro-Oeste, no presente estudo sendo representada por

    uma única universidade (UnB), observamos que metade dos docentes possui Graduação

    em Estatística (53%) e todos possuem o título de mestre, sendo que 56% destes

    possuem Mestrado em Estatística. Ainda, 86% dos docentes possuem o título de

    doutor, destes 44% o realizaram em estatística e 67% foram realizados no exterior.

    Além disso, o tempo médio de docência é de 24,6 anos, sendo este o maior dentre as

    cinco regiões geográficas. As maiores frequências de publicação se encontram entre 0

    artigos (33%) e 1 ou 2 artigos publicados no período (33%).Temos ainda que 19% dos

    docentes publicaram entre 5 e 10 artigos e que 5% publicaram mais do que 10 artigos

    no período. A quantia de 5% dos docentes possui bolsa de produtividade científica.

    Na região Sudeste, os resultados obtidos são similares aos resultados gerais

    apresentados na Tabela 4, exceto pelo fato de que esta região possui um baixo grau de

    docentes com titulações em estatística (graduação, mestrado ou doutorado). Além

    disso, apresenta uma proporção ligeiramente acima da proporção nacional de docentes

    com bolsa de produtividade científica (13%).

    Na região Sul, somente 3% dos docentes não possui currículo Lattes, 27% dos

    docentes são graduados em estatística, sendo esta a região apresenta a menor

    proporção de graduados em estatística entre as regiões geográficas. Além disso, 87%

    possuem o título de mestre, mas apenas 24% dos mestrados são em estatística. Ainda,

    temos que 74% dos docentes possuem doutorado, destes somente 8% realizados em

    estatística e 15% foram realizados no exterior. A distribuição do número de artigos

    completos publicados no período estudo é a única dentre todas as regiões geográficas

    que não apresenta assimetria visual acentuada, com uma alta proporção de docentes

    que publicaram mais de 5 artigos no período (39%). O número médio de artigos

    publicados anualmente está próximo de 2 artigos. Comparando a região Sul com as

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

    20

    demais regiões do país, temos que esta região apresenta a maior produção científica

    média.

    Com relação ao tempo de docência, as regiões Sudeste e Sul possuem seus

    tempos médios próximos da média nacional (19 anos), enquanto as regiões Norte e

    Nordeste apresentam tempos médios de docência próximos de 15 anos e a região

    Centro-Oeste tempo médio próximo de 25 anos. Para todas as regiões, os tempos

    máximos de docência variam, aproximadamente, de 40 a 50 anos.

    Graficamente, algumas informações relevantes e contidas na Tabela 5 são exibidas

    nas Figuras 2, 3 e 4.

    Tabela 5. Descrição de todas as Informações coletadas por Região.

    REGIÕES DO BRASIL

    VARIÁVEL NORTE (n=40)

    NORDESTE (n=141)

    CENTRO-OESTE (n=24)

    SUDESTE (n=372)

    SUL (n=70)

    PLATTES: sim(%)/não(%) 90 / 10 84 / 16 88 / 12 85 / 15 97 / 3 SEXO: masc.(%)/ fem.(%) 55 / 45 60 / 40 62 / 38 65 / 35 57 / 43 GRAD.EST: sim(%)/não(%) 82 / 18 70 / 30 53 / 47 37 / 63 27 / 73 MEST: sim(%)/não(%) 69 / 31 89 / 11 100 / 0 95 / 5 87 / 13 MEST.EST: sim(%)/não(%) 48 / 52 49 / 51 56 / 44 35 / 65 24 / 76 DOC: sim(%)/não(%) 42 / 58 58 / 42 86 / 14 77 / 23 74 / 26 DOC.EST: sim(%)/não(%) 27 / 73 31 / 69 44 / 56 37 / 63 08 / 92 DOC.EXT: sim(%)/não(%) 0 / 100 29 / 71 67 / 33 24 / 76 15 / 85 TEMPO.D (em anos): Média; DP [Min, Max]

    14,5; 9,9 [1, 44]

    15,2; 10,2 [1, 40]

    24,6; 10,7 [7, 49]

    19,6; 10,1 [1, 45]

    19; 9,1 [1, 40]

    AC.2006: Média; DP [Min, Max]

    0,5; 0,9 [0, 3]

    0,5; 1,0 [0, 7]

    0,9; 1,8 [0, 7]

    0,8; 1,7 [0, 11]

    1,8; 2,6 [0, 12]

    AC.2007: Média; DP [Min, Max]

    0,3; 0,6 [0, 2]

    0,5; 1,2 [0, 10]

    1,6; 2,5 [0, 9]

    0,8; 1,5 [0, 10]

    1,8; 2,5 [0, 13]

    AC.2008: Média; DP [Min, Max]

    0,2; 0,6 [0, 3]

    0,7; 1,7 [0, 11]

    0,9; 1,5 [0, 6]

    0,9; 1,7 [0, 10]

    2,3; 3,6 [0, 16]

    AC.TOTAL(%): 0 1-2 3-4 5-10 +10

    56 25 14 5 0

    51 29 10 8 2

    33 33 10 19 5

    40 32 10 13 5

    29 25 7 18 21

    BOLSISTA: sim(%)/não(%) 0 / 100 8 / 92 5 / 95 13 / 87 13 / 87

    A Figura 2 resume as proporções referentes aos títulos acadêmicos de mestrado e

    doutorado e de bolsistas de produtividade científica, bem como indica o número de

    docentes por região. A região Sudeste apresenta o maior número de docentes, enquanto

    a região Centro-Oeste o menor, possivelmente por estar sendo avaliada por meio de

    apenas uma única universidade. Ainda, notamos que as regiões Sudeste e Centro-Oeste

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

    21

    possuem alta frequência de mestres e doutores. A região Norte, comparada às demais

    regiões, possui frequência reduzida de mestres, doutores e bolsistas como docentes. A

    região Nordeste possui, também, uma baixa frequência de doutores quando comparada

    às demais regiões.

    MEST DOC BOLSISTA

    95%

    77%

    13%

    MEST DOC BOLSISTA

    89%

    58%

    8%MEST DOC BOLSISTA

    69%

    42%

    0%

    MEST DOC BOLSISTA

    100%86%

    5%

    MEST DOC BOLSISTA

    87%74%

    13%

    n=40

    n=141

    n=372

    n=24

    n=70MEST DOC BOLSISTA

    95%

    77%

    13%

    MEST DOC BOLSISTA

    95%

    77%

    13%

    MEST DOC BOLSISTA

    89%

    58%

    8%

    MEST DOC BOLSISTA

    89%

    58%

    8%MEST DOC BOLSISTA

    69%

    42%

    0%

    MEST DOC BOLSISTA

    100%86%

    5%

    MEST DOC BOLSISTA

    100%86%

    5%

    MEST DOC BOLSISTA

    87%74%

    13%

    MEST DOC BOLSISTA

    87%74%

    13%

    n=40

    n=141

    n=372

    n=24

    n=70

    Figura 2. Titulação e bolsas de produtividade em pesquisa dos docentes por região do país.

    2,6%

    13,2%

    53,0%

    4,6%

    26,6%

    0 1-2 3-4 5-10 +10

    56%

    25%

    14%5%

    0%

    0 1-2 3-4 5-10 +10

    51%

    29%

    10% 8%2%

    0 1-2 3-4 5-10 +10

    40%32%

    10% 13%5%

    0 1-2 3-4 5-10 +10

    29%25%

    7%

    18% 21%

    0 1-2 3-4 5-10 +10

    33% 33%

    10%19%

    5%

    2,6%

    13,2%

    53,0%

    4,6%

    26,6%

    0 1-2 3-4 5-10 +10

    56%

    25%

    14%5%

    0%

    0 1-2 3-4 5-10 +10

    51%

    29%

    10% 8%2%

    0 1-2 3-4 5-10 +10

    40%32%

    10% 13%5%

    0 1-2 3-4 5-10 +10

    29%25%

    7%

    18% 21%

    0 1-2 3-4 5-10 +10

    33% 33%

    10%19%

    5%

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

    22

    Figura 3. Número de artigos completos publicados entre 2006 e 2008 e contribuição total por

    região geográfica do país.

    GRAD.EST MEST.EST DOC.EST TODAS.EST

    82%

    48%

    27%

    8%

    GRAD.EST MEST.EST DOC.EST TODAS.EST

    70%

    49%

    31%

    9%

    GRAD.EST MEST.EST DOC.EST TODAS.EST

    37% 35% 37%

    9%

    GRAD.EST MEST.EST DOC.EST TODAS.EST

    27% 24%8% 1%

    GRAD.EST MEST.EST DOC.EST TODAS.EST

    53% 56%44%

    17%

    6,2%

    21,8%

    57,5%

    3,7%

    10,8%

    GRAD.EST MEST.EST DOC.EST TODAS.EST

    82%

    48%

    27%

    8%

    GRAD.EST MEST.EST DOC.EST TODAS.EST

    70%

    49%

    31%

    9%

    GRAD.EST MEST.EST DOC.EST TODAS.EST

    37% 35% 37%

    9%

    GRAD.EST MEST.EST DOC.EST TODAS.EST

    27% 24%8% 1%

    GRAD.EST MEST.EST DOC.EST TODAS.EST

    53% 56%44%

    17%

    6,2%

    21,8%

    57,5%

    3,7%

    10,8%

    Figura 4. Titulação em estatística dos docentes e a proporção geral de docentes por região geográfica do

    país.

    A Figura 3 exibe o número de artigos completos publicados entre os anos de 2006

    e 2008, além disso, exibe a contribuição total de cada região do país. Desta forma,

    entre os anos avaliados, a publicação geral de artigos completos totaliza 1505, ou seja,

    aproximadamente 502 artigos completos por ano. Assim, a região sudeste é responsável

    por 53% destas publicações, seguida da região sul, responsável por 26,6%. A região

    norte é responsável por 2,6% das publicações nos anos analisados.

    A Figura 4 apresenta as proporções de titulações obtidas na área de estatística

    (classificadas segundo a Tabela 3) por região geográfica, bem como exibe a proporção

    geral de docentes por região. Dentre as titulações, é baixa a proporção de docentes que

    possuem Graduação, Mestrado e Doutorado em Estatística, ou seja, docentes que se

    graduaram, realizaram seu mestrado e doutorado na área de estatística. Notamos

    também que a região Sul possui menor frequência de docentes titulados em estatística

    como área de concentração. A maior frequência de docentes que possuem Graduação

    em Estatística se encontra no Norte (82%), analogamente, a maior frequência de

    docentes com Mestrado em Estatística está na região Centro-Oeste, representada por

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

    23

    uma única universidade, (56%) e a maior frequência de docentes com Doutorado em

    Estatística na região Sudeste (37%). A frequência de docentes com todos os títulos em

    Estatística é similar entre as regiões Norte (8%), Nordeste (9%) e Sudeste (9%), mas na

    região Sul, somente 1% dos docentes têm todos os títulos em Estatística.

    Ainda, avaliando a titulação dos docentes, consideramos uma nova avaliação

    referente à última titulação de cada docente. A Tabela 6 apresenta a distribuição para

    cada região geográfica, bem como a distribuição geral. Em todas as regiões existe a

    presença, em sua maioria, de docentes com titulação máxima de doutor, em especial as

    regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, nas quais esse índice supera os 70%. A maior

    presença de docentes apenas graduados ocorre nas regiões Norte (29%) e Nordeste

    (11%). Com relação aos docentes que possuem apenas o título de mestre, as maiores

    frequências estão nas regiões Nordeste (32%) e Norte (29%).

    Tabela 6. Ultima titulação dos docentes.

    ULTIMA TITULAÇÃO %

    Graduação Mestrado Doutorado

    Norte (n=36) 28,5 28,5 43

    Sul (n=68) 7 21 72

    Sudeste (n=317) 2 22 76

    Centro-Oeste (n=21) 0 14 86

    Região

    Nordeste n=(119) 11 32 57

    Geral 6 23 66

    3.3. Descrição Por Tempo de Docência

    A Tabela 7 apresenta a descrição das informações por tempo de docência, em três

    categorias: menos do que 5 anos, de 5 a 10 anos e mais do que 10 anos de docência.

    Dos docentes com tempo de docência menor que 5 anos, observamos a predominância

    masculina com 67%. Do mesmo modo, podemos observar que 72% dos docentes

    possuem graduação em Estatística, 72% possuem mestrado, destes 40% são Mestrado

    em Estatística. Ainda, 28% dos docentes não possuem doutorado e destes 56% são em

    Estatística como área de concentração. Além disso, 17% dos doutorados foram

    realizados no exterior. O número médio anual de publicações esteve entre 0,2 e 0,3,

    com um máximo de 4 artigos publicados.

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

    24

    No grupo de docentes com tempo de docência entre 5 e 10 anos, 43% dos

    docentes possuem Graduação em Estatística e 92% deles possuem mestrado, sendo

    que 33% possuem Mestrado em Estatística. Observamos que 66% dos docentes

    possuem doutorado e 27% destes o realizaram em Estatística, e 10% dos doutorados

    foram concluídos no exterior. O número médio de artigos publicados anualmente variou

    entre 0,6 e 0,7, atingindo um valor máximo de 10 artigos em 2008.

    Para o grupo de docentes com mais de 10 anos de docência, 41% são graduados

    em Estatística e 95% possuem mestrado, sendo 39% destes mestrados são em

    Estatística. Observamos também que 80% dos docentes possuem doutorado, 32%

    destes foram realizados na área de Estatística e 28% foram concluídos no exterior. O

    número médio de artigos publicados anualmente ficou entre 0,9 e 1,2, com um máximo

    de 10 artigos publicados em 2008.

    Tabela 7. Descrição das informações por tempo de docência

    TEMPO DE DOCÊNCIA VARIÁVEL

    < 5 anos (n=67)

    entre 5 a 10 (n=79)

    > 10 anos (n=383)

    SEXO: masculino(%)/ feminino(%) 67 / 33 60 / 40 61 / 39 GRAD.EST: sim(%)/não(%) 72 / 28 43 / 57 41 / 59 MEST: sim(%)/não(%) 72 / 28 92 / 8 95 / 5 MEST.EST: sim(%)/não(%) 40 / 60 33 / 67 39 / 61 DOC: sim(%)/não(%) 28 / 72 66 / 34 80 / 20 DOC.EST: sim(%)/não(%) 56 / 44 27 / 73 32 / 68 DOC.EXT: sim(%)/não(%) 17 / 83 10/90 28 / 72

    AC.2006: Média; DP [Min, Max] 0,2; 0,4 [0, 1] 0,6; 1,3 [0, 8] 1,1; 1,9 [0, 12]

    AC.2007: Média; DP [Min, Max] 0,3; 0,6 [0, 4] 0,6; 1,2 [0, 7] 1,1; 1,8 [0, 13]

    AC.2008: Média; DP [Min, Max] 0,2; 0,5 [0, 2] 0,7; 1,5 [0, 10] 1,2; 2,3 [0, 16]

    AC.TOTAL(%): 0 1-2 3-4 5-10 +10

    60 33 6 1 0

    45 32 10 11 2

    34 31 12 15 8

    BOLSISTA: sim(%)/não(%) 3 / 97 11 / 89 13 / 87

    Comparando as 3 categorias de tempo de docência, observamos que a distribuição

    do número de artigos completos publicados entre 2006 a 2008 vai perdendo a

    assimetria com o aumento do tempo de docência. Dos docentes com tempo de docência

    menor do que 5 anos 60% não publicaram no período analisado. Entretanto, essa

    proporção cai para 34% para os docentes com mais de 10 anos de docência. Por outro

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

    25

    lado, a quantidade de docentes que publicaram mais do que 5 artigo no período passa

    de 1% para os docentes com tempo de docência menor do que 5 anos para 23% para

    os docentes com mais de 10 anos de docência. Aumento também é observado na

    proporção de docentes com bolsa de produtividade científica que passa de 3% para os

    docentes com tempo de docência menor do que 5 anos para 13% para os docentes

    com mais de 10 anos de docência.

    3.4. Descrição Por Bolsa de Produtividade Científica

    Na Tabela 8 apresentamos as descrições das variáveis estudadas categorizadas de

    acordo com a variável Bolsa de Produtividade Científica CNPq. Observamos alguns

    contrastes entre as categorias: 33% dos docentes bolsistas possuem Graduação em

    Estatística, enquanto que esse percentual sobe para 48% se analisarmos os docentes

    que não possuem bolsa. No grupo bolsista, 52% realizaram seu Doutorado em

    Estatística contra 28% do grupo de não bolsistas, 48% dos bolsistas realizaram o seu

    doutorado no exterior contra 21% dos não bolsistas. As distribuições do número de

    artigos completos de ambos os grupos são claramente distintas, com assimetrias

    direcionadas a lados opostos. Enquanto 72% dos bolsistas produziram mais do que 5

    artigos no período e 33% produziram mais do que 10 artigos no período, 11% dos não

    bolsistas produziram mais do que 5 artigos e 2% produziram mais do que 10 artigos no

    período.

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

    26

    Tabela 8. Descrição de todas as Informações por ser ou não bolsista

    DOCENTE VARIÁVEL

    BOLSISTA (n=61)

    NÃO BOLSISTA (n=500)

    SEXO: masculino(%)/ feminino(%) 68 / 32 61 / 39 GRAD.EST: sim(%)/não(%) 33 / 67 48 / 52 MEST: sim(%)/não(%) 93 / 7 91 / 9 MEST.EST: sim(%)/não(%) 44 / 56 37 / 63 DOC: sim(%)/não(%) 100 / 0 67 / 33 DOC.EST: sim(%)/não(%) 52 / 48 28 / 72 DOC.EXT: sim(%)/não(%) 48 / 52 21 / 79

    TEMPO.D (em anos): média ± DP (variação) 20,1; 8,9 [3, 41] 18,2; 10,4 [1, 49] AC.2006: Média; DP [Min, Max] 3,4; 3,0 [0, 12] 0,5; 1,1 [0, 9] AC.2007: Média; DP [Min, Max] 2,9; 2,8 [0, 13] 0,6; 1,2 [0, 10] AC.2008: Média; DP [Min, Max] 3,8; 3,7 [0, 16] 0,6; 1,4 [0, 11] AC.TOTAL(%): 0

    1-2 3-4 5-10 +10

    0 12 16 39 33

    47 33 9 9 2

    Dando prosseguimento à análise, na Tabela 9 apresentamos os resultados

    considerando 3 categorias do número total de artigos produzidos pelo docente entre

    2006 e 2008: docentes que não publicaram no período estudado (42%), docentes que

    publicaram entre 1 e 4 artigos no período (44%) e docentes que publicaram mais do

    que 4 artigos (18%). Dentre os docentes que não publicaram artigos completos entre

    2006 a 2008 existe uma alta proporção de docentes que não publicaram e possuem

    Graduação em Estatística. Enquanto, 14% não possuem mestrado e 52% não possuem

    doutorado. A proporção de docentes que possuem Graduação em Estatística vai

    diminuindo para as outras categorias, sendo que 63% dos docentes que produziram

    mais de 4 artigos não são graduados em estatística. Estes docentes apresentam maiores

    proporções de mestres (47%) e de doutores (40%) em estatística, com também as

    maiores proporções de doutores formados no exterior (42%). Os docentes que

    produziram mais que 4 artigos completos possuem um tempo médio de docência maior

    do que as outras duas categorias (aproximadamente 4 anos de diferença). Dentre os

    docentes que produziram mais de 4 artigos no período estudado, 43% são bolsistas de

    produtividade científica do CNPq. Ainda, notamos que as regiões se distribuem de forma

    semelhante dentro das categorias de número de artigos publicados, porém destacamos

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

    27

    o aumento da presença de docentes da região Sul dentre as categorias, iniciando em

    8% na categoria dos docentes que não publicaram no período, e chegando a 25% na

    categoria de docentes com mais do que 4 artigos. Além disso, destacamos a diminuição

    concomitante da presença dos docentes das regiões Norte e Nordeste com o aumento

    da quantidade de artigos publicados, iniciando com 9% e 26%, e chegando a 2% e

    12%, respectivamente.

    3.5. Descrição Conjunta Por Tempo de Docência e Bolsa de Produtividade

    Nesta seção apresentamos os resultados referentes à descrição dos docentes, de

    acordo com as variáveis estudadas, por tempo de docência e bolsa de produtividade

    científica. Os resultados são apresentados na Tabela 10. A maioria dos docentes

    bolsistas não possui Graduação em Estatística, mas a proporção de graduados em

    estatística aumenta com o aumento do tempo de docência para o mesmo grupo,

    chegando a 36% para os docentes com mais tempo de docência. Com relação aos

    docentes não bolsistas, temos que a maioria possui essa titulação, porém a proporção

    de graduados em estatística apresenta movimento contrário, diminuindo com relação ao

    tempo de docência, iniciando com 75% para os mais novos, decrescendo para 42%

    para os mais antigos. Efeito semelhante é observado ao se analisar a variável referente

    ao Doutorado em Estatística para este grupo. Além disso, notamos um aumento

    gradativo no ritmo de publicação dos docentes com relação ao seu tempo de docência,

    sendo este intensificado para os docentes que possuem bolsa de produtividade científica

    do CNPq.

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

    28

    Tabela 9. Descrição de todas as Informações pelo número total de artigos.

    ARTIGOS PUBLICADOS DE 2006 A 2008 VARIÁVEL Igual a 0 (n=233) Entre 1 e 4 (n=226) Mais que 4

    (n=102) SEXO: masculino(%)/ feminino(%) 60 / 40 62 / 38 62 / 38 GRAD.EST: sim(%)/não(%) 53 / 47 44 / 56 37 / 63 MEST: sim(%)/não(%) 86 / 14 96 / 4 94 / 6 MEST.EST: sim(%)/não(%) 32 / 68 39 / 61 47 / 53 DOC: sim(%)/não(%) 48 / 52 81 / 19 96 / 4 DOC.EST: sim(%)/não(%) 27 / 73 31 / 69 40 / 60 DOC.EXT: sim(%)/não(%) 19 / 81 19 / 81 42 / 58 DI.VINCULO (anos): Média; DP [Min, Max]

    17,4; 11,1 [1, 49]

    17,7; 9,6 [1, 44]

    22,0; 9,1 [3, 47]

    BOLSISTA: sim(%)/não(%) 0 / 100 8 / 92 43 / 57

    REGIÃO: norte(%) nordeste(%) centro-oeste(%) sudeste(%) sul(%)

    9 26 3 54 8

    6 21 4 59 10

    2 12 5 56 25

    Por fim, considerando apenas o ritmo de produção científica balizado pelo total de

    artigos completos publicados entre 2006 e 2008, apresentamos, na Figura 4, uma

    comparação geral entre as diferentes categorias. Existem docentes que apresentam uma

    quantidade de publicação muito acima dos demais. Deste modo, a Tabela 11 apresenta

    uma descrição geral das características dos docentes categorizados entre os que

    publicaram até 10 artigos nos 4 anos analisados e os que publicaram mais que 10

    artigos. Comparativamente, temos que os docentes que apresentam um nível maior de

    publicação, em sua maioria, não têm Graduação em Estatística (71%), possuem

    doutorado (96%), grande parte destes no exterior (47%), tem mais tempo de docência,

    6 anos (em média) a mais que os docentes que publicaram até 10 artigos. Além disso,

    55% possuem bolsa de produtividade científica do CNPq. Por outro lado, no grupo de

    docentes que publicaram até 10 artigos no período analisado, 48% tem Graduação em

    Estatística, 32% não tem doutorado, dos docentes com doutorado, somente 22% o

    fizeram no exterior.

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

    29

    4. Comentários Finais

    Sem pretensão de esgotar o tema, o presente levantamento teve por finalidade

    caracterizar os docentes dos cursos de Graduação em Estatística do país, com relação

    aos aspectos de sua formação e em termos da sua produção científica. O estudo aponta

    questões e diferenças importantes, dentre as quais, muitas já esperadas. Dos docentes

    analisados, 87% possuem currículo Lattes, ou seja, 13% dos docentes não são

    cadastrados na Plataforma Lattes. Caracterizando os docentes vinculados às

    Graduações em Estatística, de acordo com as variáveis estudadas, de uma forma geral,

    temos que estes são, em sua maioria homens (63%), com mestrado (91%) e doutorado

    (70%). No entanto, a formação estatística, como área de concentração, da maioria dos

    docentes não é grande. Apenas 46% dos docentes possuem Graduação em Estatística,

    dentre os que possuem mestrado somente 38% são mestres em estatística e 32% dos

    doutores possuem Doutorado em Estatística. Em termos de quantidade de publicações,

    temos que, enquanto 39% dos docentes não publicaram artigos no período, 39%

    publicaram entre 1 e 4 artigos e 22% dos mesmos publicaram mais do que 5 artigos.

    Geral S SE CO NE N bols ñ bols 510

    1020

    3040

    Art

    igos

    com

    plet

    os d

    e 20

    06 a

    200

    8

    Geral S SE CO NE N bols ñ bols 510

    1020

    3040

    Art

    igos

    com

    plet

    os d

    e 20

    06 a

    200

    8

    Geral S SE CO NE N bols ñ bols 510

    1020

    3040

    Art

    igos

    com

    plet

    os d

    e 20

    06 a

    200

    8

    Geral S SE CO NE N bols ñ bols 510

    1020

    3040

    Art

    igos

    com

    plet

    os d

    e 20

    06 a

    200

    8

    Figura 5. Comparação geral do número total de artigos completos de 2006 a 2008.

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

    30

    Tabela 10. Descrição dos docentes por tempo de docência e por bolsa de produtividade

    Tempo de Docência VARIÁVEL

    até 5 anos de 5 a 10 anos mais que 10 anos

    n 65 71 332

    SEXO: masculino(%)/ feminino(%)

    66 / 34 60 / 40 60 / 40

    GRAD.EST: sim(%)/não(%) 75 / 25 47 / 53 42 / 58

    MEST: sim(%)/não(%) 72 / 28 93 / 7 95 / 5

    MEST.EST: sim(%)/não(%) 38 / 62 35 / 65 38 / 62

    DOC: sim(%)/não(%) 25 / 75 62 / 38 77 / 23 DOC.EST: sim(%)/não(%) 56 / 44 24 / 76 27 / 73

    DOC.EXT: sim(%)/não(%) 12 / 88 6 / 94 24 / 76

    AC.2006: Média; DP [Min, Max]

    0,2; 0,4 [0, 1] 0,3; 0,7 [0, 3] 0,7; 1,2 [0, 9]

    AC.2007: Média; DP [Min, Max]

    0,3; 0,6 [0, 4] 0,4; 0,7 [0, 4] 0,8; 1,4 [0, 10]

    AC.2008: Média; DP [Min, Max]

    0,2; 0,5 [0, 2] 0,5; 0,8 [0, 4] 0,8; 1,6 [0, 11]

    Não

    Bol

    sist

    a

    AC.TOTAL(%): 0 1-2 3-4 5-10

    +10

    61 31 6 2 0

    51 33 9 7 0

    39 35 11 11 4

    n 2 8 51

    SEXO: masculino(%)/ feminino(%)

    100 / 0 57 / 43 67 / 33

    GRAD.EST: sim(%)/não(%) 0 / 100 14 / 86 36 / 64

    MEST: sim(%)/não(%) 50 / 50 83 / 17 46 / 54

    MEST.EST: sim(%)/não(%) 100 / 0 20 / 80 45 / 55

    DOC: sim(%)/não(%) 100 / 0 100 / 0 100 / 0

    DOC.EST: sim(%)/não(%) 50 / 50 43 / 57 54 / 46

    DOC.EXT: sim(%)/não(%) 50 / 50 29 / 71 50 / 50

    AC.2006: Média; DP [Min, Max]

    1,0; 0,0 [1, 1] 2,6; 2,6 [0, 8] 3,7; 3,0 [0, 12]

    AC.2007: Média; DP [Min, Max]

    0,5; 0,7 [0, 1] 2,1; 2,8 [0, 7] 3,2; 2,9 [0, 13]

    AC.2008: Média; DP [Min, Max]

    0,5; 0,7 [0, 1] 2,4; 3,6 [0, 10] 4,2; 3,7 [0, 16]

    Bol

    sist

    a

    AC.TOTAL(%): 0 1-2 3-4 5-10

    +10

    0 100 0 0 0

    0 29 14 43 14

    0 6 17 40 37

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

    31

    Tabela 11. Descrição geral dos docentes divididos entre os que publicaram até 10 artigos e os que

    publicaram mais que 10 artigos.

    VARIÁVEL Até 10 Artigos (n=527)

    Mais que 10 Artigos (n=34)

    SEXO: masculino(%)/ feminino(%) 61 / 39 59 / 41 GRAD.EST: sim(%)/não(%) 48 / 52 21 / 79 MEST: sim(%)/não(%) 91 / 9 94 / 6 MEST.EST: sim(%)/não(%) 38 / 62 38 / 62 DOC: sim(%)/não(%) 69 / 31 97 / 3 DOC.EST: sim(%)/não(%) 31 / 69 42 / 58 DOC.EXT: sim(%)/não(%) 23 / 77 45 / 55 TEMPO.D (em anos): Média; DP [Min, Max] 17,9; 10,2 [1, 49] 25,0; 9,2 [10, 45] AC.2006: Média; DP [Min, Max] 0,5; 0,9 [0, 6] 5,8; 2,7 [2, 12] AC.2007: Média; DP [Min, Max] 0,5; 0,9 [0, 7] 5,6; 2,6 [1, 13] AC.2008: Média; DP [Min, Max] 0,6; 1,2 [0, 7] 6,6; 3,7 [1, 16] AC.TOTAL(%): 0

    1-2 3-4 5-10

    +10

    44 32 11 13 0

    0 0 0 0

    100 BOLSISTA: sim(%)/não(%) 8 / 92 59 / 41

    Considerando as regiões geográficas do país, observamos que as regiões Norte,

    Nordeste e Centro-Oeste possuem as maiores proporções de docentes graduados em

    estatística, respectivamente 82%, 70% e 53%, com a ressalva de que a região Centro-

    Oeste, nesta pesquisa, é representada somente por uma universidade. As regiões Norte

    e Nordeste possuem as menores quantidades de docentes com doutorado em

    comparação com as demais, respectivamente 42% e 58%, a região Sul é a que possui

    menor proporção de doutores em estatística do Brasil, apenas 15%. Na região Norte

    não existem docentes que realizaram seu doutorado no exterior. Dentre as regiões

    geográficas, considerando a quantidade de artigos completos publicados no período

    analisado, dentro do contexto considerado, a região Sul apresenta a maior quantidade

    de artigos publicados, enquanto, o Norte e o Nordeste são as regiões com as menores

    quantidades.

    Com relação ao tempo de docência em instituição de ensino superior, temos que

    os docentes mais novos (até 5 anos de docência) possuem, em sua maioria, Graduação

    em Estatística (72%), o que não ocorre com as categorias, de 5 a 10 anos e mais de 10

    anos de vínculo empregatício, respectivamente, 43% e 41%. Para os docentes na

    categoria 5 a 10 anos de docência, existe a menor frequência de docentes com

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

    32

    Mestrado em Estatística (33%) e de docentes com Doutorado em Estatística (28%), isto

    possivelmente devido ao fato de que os mestrados e doutorados em estatística são mais

    recentes. A maior presença de doutorados no exterior é observada entre os docentes

    que com vínculo há mais de 10 anos (28%). Além disso, a maior quantidade de artigos

    publicados no período estudado é apresentada pelos docentes mais antigos.

    Com relação às bolsas de produtividade científica, como esperado, os docentes

    bolsistas possuem maior de produção científica, em média, em comparação com os

    docentes não bolsistas, aproximadamente 3 e 0,5 artigo anuais, respectivamente, sendo

    que 33% dos bolsistas publicaram mais do que 10 artigos no período estudado. Esta

    quantidade ser reduz a 2% dos docentes que não possuem bolsa.

    A análise conjunta do tempo de docência e bolsa de produtividade científica revela,

    como esperada, a existência de interação positiva entre tempo de docência e bolsa de

    produtividade, com um aumento gradativo no ritmo da produção científica dos docentes

    com o aumento do tempo de docência, o qual é intensificado pela presença da bolsa de

    produtividade.

    Os docentes que publicaram mais do que 10 artigos no período estudado, em sua

    maioria, não têm Graduação em Estatística, possuem doutorado, quase a metade no

    exterior, tem mais tempo de docência e com mais da metade sendo bolsista de

    produtividade quando comparados com os docentes que publicaram até 10 artigos no

    período.

    Como mencionado inicialmente, este trabalho considera algumas dentre as

    possíveis informações contidas no currículo Lattes dos docentes, direcionando a

    descrição para algumas visualizações do contexto acadêmico estatístico do país. Porém

    outras informações podem ser levantadas através deste, como por exemplo, o número

    de alunos orientados pelo docente (em iniciação científica, trabalho de graduação,

    mestrado, doutorado e pós-doutorado), a quantidade de livros publicados, o número de

    disciplinas ministradas, dentre outras, que com certeza, colaborariam para um

    entendimento ainda maior das várias dimensões que compõem a caracterização do

    desempenho de função dos profissionais aqui descritos. Também, não pesquisamos as

    atividades de extensão do docente, mesmo sendo estas de extrema importância na

    formatação do trinômio ensino-pesquisa-extensão. O aspecto qualitativo da produção

    científica do docente não foi considerado, pois para uma análise qualitativa precisamos

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

    33

    qualificar cerca de 1500 artigos currículo a currículo, o que esta fora do alcance do

    presente artigo. Entretanto, entendemos que a qualificação dos artigos publicados é

    importante e necessária e deverá ser considerada em um estudo futuro. Uma

    possibilidade é o enriquecimento das informações contidas no currículo Lattes com

    informações de outras bases de dados referentes, dentre outras, a quantidade de

    citações dos artigos do docente e o fator de impacto dos periódicos em que seus artigos

    foram publicados.

    Além disso, claramente, as informações coletadas a partir do currículo Lattes,

    enriquecidas por informações advindas de outras bases de dados, podem ser úteis em

    termos de planejamento estratégico. Com exemplo, é essencial visualizar a necessidade

    de material humano estatístico dentro das Graduações de Estatística do país. Esta

    visualização deve ter como base a situação atual das Pós-Graduações em Estatística do

    país, em termos de oferta de doutores egressos, em contra posição da quantidade

    necessária de doutores para suprir as vagas de docentes dentro das Graduações em

    Estatística, assumindo, como premissa, que estas vagas serão preenchidas somente por

    doutores egressos dos Programas de Doutorado em Estatística.

    Em termos de demanda de doutores, considerando a variável TEMPO.D (tempo de

    docência), sabemos quanto tempo um determinado docente está vinculado à academia,

    e consequentemente, assumindo um tempo médio de 30 anos de serviço para

    aposentadoria, conseguimos saber em que ano um determinado docente irá se

    aposentar. Estes valores são aproximados, pois dentre os docentes vinculados aos

    Departamentos de Estatística podem existir docentes aposentados, bem como docentes

    que trabalharam em outras instituições antes de terem iniciado suas carreiras

    acadêmicas. A Tabela 12 apresenta as previsões do número necessário de doutores

    egressos necessários para suprir as vaga em aberto a partir das ocorrências das

    aposentadorias dos docentes das 24 Graduações em Estatística estudadas.

    Por outro lado, em termos de oferta de doutores egressos, a Figura 6 apresenta a

    quantidade de egressos das Pós-Graduações em Estatística nos últimos 10 anos (1998-

    2008) em termos de mestres e doutores formados (informação disponível no site da

    CAPES, http://www.capes.gov.br). Claramente observamos uma tendência de

    crescimento do número de egressos, com 72 mestres e 20 doutores, em média, sendo

    formados a cada ano a partir de 2005. Em termos de previsão de oferta de doutores

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

    34

    egressos, acreditamos que a quantidade de doutores egressos deve aumentar de 50% a

    60% a partir de 2010, uma vez que, neste momento, várias das Pós-Graduações

    apresentadas na Tabela 3 deverão ter formado seus primeiros doutores. Como

    premissa, assumimos que, a partir de 2010, os programas de doutorado das

    instituições, UFMG, UFPE, UFRJ, UFSCar, USP e UNICAMP deverão formar 4, 4, 4, 4,

    12 e 4 doutores, respectivamente, perfazendo a quantidade de 32 doutores egressos

    anualmente. Também, em termos de apresentação da demanda de doutores, assumimos

    3 possíveis cenários: Pessimista, Base e Otimista, sendo que o Cenário Base

    corresponde a oferta atual de 32 doutores egressos, enquanto os Cenários Pessimista e

    Otimista correspondem a oferta de 30% a menos e a mais de doutores egressos, isto é,

    22 e 42 doutores egressos anualmente. Além disso, contemplamos a possibilidade de

    20% dos doutores egressos não permanecerem na academia, sendo absorvidos pelo

    mercado.

    Tabela 12. Número de aposentadorias e previsão de demanda de Doutores em Estatística.

    Número de Previsão de Ano

    Aposentados Demanda 2010 92 92 2011 6 98 2012 13 111 2013 9 120 2014 5 125 2015 19 144 2016 14 158 2017 20 178 2018 11 189 2019 23 212 2020 14 226 2021 21 247 2022 18 265 2023 27 292 2024 23 315 2025 21 336 2026 15 351 2027 15 366 2028 17 383 2029 17 400 2030 13 413

    A Tabela 13 apresenta os déficit de Doutores em Estatística necessários para

    suprir as vagas em aberto a partir das ocorrências das aposentadorias dos docentes das

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    35

    24 Graduações em Estatística estudadas, de acordo com a Tabela 12, considerando os

    3 cenários definidos acima, bem como a possibilidade de absorção pelo mercado de

    20% dos doutores egressos. Considerando um cenário em que os Programas de

    Doutorado em Estatística do país formem, em média, 32 doutores, até o ano de 2012

    ainda devemos ter déficit de doutores para preencher as vagas de docentes. O problema

    se agrava se o número médio de doutores egressos diminui. Considerando que todos os

    doutores egressos ficarão na academia, no Cenário Pessimista, até o ano de 2017

    teríamos ainda déficit de doutores para preencher as vagas de docentes. Em última

    instância, assumindo que 20% dos doutores egressos são absorvidos pelo mercado a

    cada ano, no Cenário Pessimista, ainda em 2030 o déficit de doutores deverá perdurar.

    36 7

    11

    3

    8 9

    20

    15 14

    2421

    27

    4347

    35

    6568

    62

    67

    72

    81

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Doutores Mestres

    Figura 6. Número de Egressos das Pós-Graduações em Estatística do país de 1998 a 2008.

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    Tabela 13. Déficit de Doutores em Estatística necessários para suprir as vagas em aberto a partir das

    ocorrências das aposentadorias dos docentes das Graduações em Estatística.

    Todos Egressos Permanecem na Academia

    20% dos Egressos Absorvidos Pelo Mercado Ano

    Otimista Base Pessimista Otimista Base Pessimista 2010 50 60 70 58 66 74 2011 14 34 54 30 46 62 2012 15 45 9 33 57 2013 32 16 48 2014 15 35 2015 12 36 2016 4 32 2017 2 24 2018 27 2019 32 2020 28 2021 31 2022 31 2023 40 2024 45 2025 48 2026 45 2027 42 2028 41 2029 40 2030 35

    Agradecimentos

    Os autores agradecem o Editor Executivo e os quatro revisores pelos excelentes comentários.

    Também agradecem a Airlane Alencar e Renato Assunção pelos comentários ao artigo que são

    publicados juntamente com o mesmo, a Benedito Galvão Benzé pela leitura cuidadosa do

    material, a Carlos de Bragança Pereira, Dani Gamerman e Gleici da Silva Castro Perdoná por

    sugestões e comentários referentes ao tema, e aos Coordenadores dos cursos de Graduação em

    Estatística que forneceram os nomes de seus docentes quando a homepage de seus

    departamentos não foi encontrada. Este trabalho teve o financiamento parcial das instituições

    governamentais: CNPq e CAPES.

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    Referências Bibliográficas

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    UFRN, Natal, 1993.

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    Estatística, História da Estatística no Brasil. Disponível em http://www.redeabe.org.br/historia.htm.

    Acesso em 23 de dezembro de 2009. ABE biênio 32000/2002.

    Cramér, Harald. Mathematical Methods of Statistics. Princeton, New Jersey. Princeton University Press,

    1946.e-MEC. Disponível em http://emec.mec.gov.br. Acesso em 31 de outubro de 2009.

    IBGE. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Calendário comemorativo dos 50 anos de

    fundação do IBGE. Rio de Janeiro, 1987.

    Lopes, C.E. “Probabilidade E A Estatística No Ensino Fundamental: Uma Análise Curricular” – Tese de

    Mestrado – Universidade Estadual de Campinas, 1998.

    Memória, J. M. P. Breve História da Estatística. Texto para Discussão 21. Brasília, DF: Embrapa Informação

    Tecnológica, 2004.

    Plataforma Lattes. Disponível em http//:lattes.cnpq.br. Acesso de Julho a Novembro de 2009.

    Silva, L. F. A Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e a produção das estatísticas.

    In: Revista Brasileira de Estatística - RBEs. Rio de Janeiro, Ano 50, n.193, 1989.

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    Apêndice

    Neste apêndice apresentamos na Tabela A.1. as características gerais dos bacharelados em estudo. As

    informações foram retiradas do portal e-MEC (http://emec.mec.gov.br/).

    Tabela A.1. Detalhes dos cursos de Graduação em Estatística considerados nesta pesquisa.

    Univer -sidade

    Grau Município/UF Data de Início do

    Curso

    Per.* Total de

    Vagas

    Créd.** Duração créditos (anos)

    Carga horária (horas)

    Número de Doc.

    ***

    ENCE Bach. Rio de Janeiro/RJ

    06/03/53 M e N 120 S 4,0 3024 44

    UNB Bach. Brasília/DF 01/03/74 I 48 S 3,5 2760 24

    USP Bach. São Paulo/SP 01/01/72 I 30 S 4,0 2055 47

    UERJ Bach. Rio de Janeiro/RJ

    26/10/69 M e N 90 S 4,0 2670 98

    UEPB Bach. Campina Grande/PB

    03/03/80 M e N 80 A 5,0 2574 11

    UNICAMP Bach. Campinas/SP 01/03/69 I 70 S 4,0 4605 22

    UEM Bach. Maringá/PR 20/03/00 I 40 A 4,0 3271 22

    UNESP Bach. Presidente Prudente/SP

    27/12/83 M 30 A 4,0 2820 35

    UFBA Bach. Salvador/BA 03/03/84 I 40 S 4,0 3060 28

    UFPB Bach. João Pessoa/PB

    16/10/00 M 25 S 4,0 2760 19

    UFJF Bach. Juiz de Fora/MG

    01/03/07 M 25 S 4,0 2350 15

    UFMG Bach. Belo Horizonte/MG

    01/03/78 M 45 S 3,5 3000 27

    UFPE Bach. Recife/PE 01/03/68 I 30 S 4,0 2760 18

    UFSCar Bach. São Carlos/SP 18/07/76 I 30 S 4,0 2820 19

    UFS Bach. São Cristóvão/SE

    27/03/00 N 50 S 4,5 2805 15

    UFAM Bach. Manaus/AM 01/07/76 I 48 S 5,0 2715 24

    UFC Bach. Fortaleza/CE 01/01/65 I 60 S 4,0 2700 25

    UFES Bach. Vitória/ES 05/01/87 M 40 S 4,5 3015 17

    UFPA Bach. Belém/PA 28/02/75 M 50 S 4,0 2700 16

    UFPR Bach. Curitiba/PR 01/01/74 N 66 S 4,5 2700 21

    UFRJ Bach. Rio de Janeiro/RJ

    18/06/46 I 15 S 4,0 2655 24

    UFRN Bach. Natal/RN 01/03/74 M 50 S 3,5 2945 26

    UFRGS Bach. Porto Alegre/RS

    01/03/97 I 20 S 4,0 2790 27

    Bach./ Lic.

    Plena

    Porto Alegre/RS

    01/03/97 I 40 S 4,0 2790

    UFF Bach. Niterói/RJ 01/3/07 M 60 S 4,0 3260 24

    * Período do curso: M = matutino, N = noturno e I = integral; ** Periodicidade em que os créditos são integralizados: S = Semestralmente, A = Anualmente; *** Número de docentes vinculados ao departamento de Estatística de cada universidade, dados coletados através desta pesquisa.

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    Comentários ao artigo Caracterização dos docentes de Louzada et all.

    Renato Assunção

    Os autores fizeram um bom trabalho descritivo da situação dos docentes em departamentos que

    oferecem cursos de graduação em estatística no Brasil. Devido à carência de dados, este esforço

    é meritório e devemos agradecer aos autores pelo seu esforço. Meu comentário talvez seja

    reduzido a apenas um, desdobrado de várias formas. Eu tive bastante dificuldade em interpretar

    os resultados apresentados e pensar nas conseqüências de longo prazo que o quadro delineado

    implica. A falta de uma visão histórica, do desenvolvimento ao longo do tempo, e das possíveis

    decomposições multivariadas de algumas estatísticas representaram, para mim, a maior

    dificuldade de usar os resultados do artigo. Isto não é uma crítica aos autores mas a constatação

    de que precisamos de mais artigos como este para que este quadro mais completo possa emergir

    com o tempo.

    Ao fazer uma análise descritiva, é útil termos uma estrutura de referência com a qual as

    estatísticas obtidas possam ser comparadas. No caso atual, esta referência poderia ser a mesma

    situação em alguma época passada (30 anos atrás?) ou algumas outras áreas da ciência

    relevantes para a estatística tais como a computação, engenharia e a matemática. Sem estas

    âncoras de referência, fica difícil interpretar resultados sobre, por exemplo, a dispersão

    geográfica, a composição por sexo ou a taxa de publicação.

    A falta de referência e de informações adicionais dificulta a análise dos resultados. Por exemplo,

    verifica-se que a região centro-oeste possui 100% de seus docentes com mestrado, uma

    porcentagem maior que a de todas as outras regiões. O que concluir disso? Como interpretar este

    resultado? Será que os departamentos do centro-oeste são universidades mais jovens, que

    fizeram contratações mais recentemente? Talvez por isto tenham contratado pessoas com

    formação acadêmica mais completa que universidades mais antigas, com professores mais

    idosos e contratados há muito tempo atrás. Ou a estatística reflete uma política de atração de

    quadros mais qualificados? Ou existe uma política mais agressiva de formação de pessoal já

    qualificado? Todas estas possíveis explicações implicam em situações completamente diferentes

    para o futuro e não podemos optar por nenhuma delas.

    O professor Gauss Cordeiro comentou em mensagem veiculada na ABE-L um dos achados do

    artigo. Dentre os docentes dos Cursos de Graduação em Estatística com produção acadêmica de

    mais de 4 artigos publicados no triênio 2006-2008, 63% não fizeram graduação em Estatística.

    Este fato parece indicar que a graduação em estatística não prepara os docentes para a atividade

    de pesquisa. No entanto, como observou o professor Paulo Justiniano Ribeiro também na ABE-L,

    esta estatística pode refletir simplesmente uma lenta mudança histórica. No passado, o mais

    comum é que os programas pós-graduação em estatística recebessem, em sua maioria, pessoas

  • R.bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 34, p.7-42, jan./dez. 2010

    40

    com formações em áreas diferentes da estatística, principalmente em matemática e engenharia.

    Isto vem mudando nos últimos anos onde a maioria dos estudantes de pós-graduação são

    formados em estatística. Sem saber qual era a composição de pesquisadores produtivos no

    passado (seriam 100% deles sem formação estatística?), fica difícil concluir algo acerca da sua

    divisão atual em 63% e 37%.

    Eu acredito que o atual artigo possui duas importantes contribuições. A primeira delas é tirar um

    retrato da situação nos departamentos de estatística. Devemos complementar este retrato com

    outros, seja no futuro, seja no presente, para que políticas de formação profissional possam ser

    mais bem direcionadas.

    A segunda contribuição é o quadro preocupante da demanda por doutores em estatística no

    Brasil apenas para suprir a necessidade de substituir os atuais professores quando eles se

    aposentarem. O número projetado é muito maior que a capacidade instalada dos atuais

    programas de pós-graduação em estatística e não existe nenhum sinal de que isto vá mudar de

    imediato. As conseqüências disso para a estatística brasileira podem ser desastrosas e pedem um

    esforço de pensar em políticas de formação que procurem diminuir o impacto que possa vir da

    contratação de pessoas sem formação adequada para os postos que terão de ser preenchidos.

    Comentários ao artigo Caracterização dos docentes de Louzada et all.

    Airlane Alencar

    O artigo “Caracterização dos Docentes dos Cursos Públicos de Graduação em Estatística no

    Brasil: Descrição de Algumas das Dimensões que Compõem o Perfil Desta Classe de

    Profissionais”, apresentado nesse exemplar da Revista Brasileira de Estatística, é pioneiro e

    fundamental. É pioneiro por não haver até o momento nenhum levantamento desse tipo e é

    fundamental, pois o recente crescimento do número de cursos universitários no país requer esse

    tipo de trabalho para orientar a criação de cursos necessários e de qualidade de acordo com a

    demanda de profissionais de cada área.

    Além de apresentar o perfil dos docentes em departamentos de estatística das universidades

    públicas, esse artigo apresenta uma previsão da demanda de Doutores em Estatística somente

    para preencher as vagas de professores doutores nas universidades públicas. É importante

    ressaltar que a demanda por profissionais de estatística, tanto para graduados, quanto para pós

    graduados, é muito maior. Somente na lista Stat-Math [1] de discussão na internet são

    oferecidos em média umas 2 vagas por dia (não fiz os cálculos, somente me baseei na

    quantidade de mensagens que recebo). O conselho regional de estatística (CONRE) também

    divulga muitas vagas. Isso significa que a demanda por estatísticos é muito grande.

  • R. bras.Estat., Rio de Janeiro, v. 71, n. 234, p.7-42, jan./dez. 2010

    41

    É usual ler na imprensa que há uma escassez de engenheiros e de outros profissionais.

    Recentemente, foi citado na lista da Associação Brasileira de Estatística o discurso do

    documentarista João Moreira Salles em evento da Academia Brasileira de Ciências [2]. Entre

    outros ricos comentários, ele apresenta os seguintes dados: “Em 2008, segundo o Inep [Instituto

    Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira], o país formou 1.114 físicos,

    1.972 matemáticos e 2.066 modistas.”; “A Rússia forma 190 mil engenheiros por ano, a Índia,

    220 mil e a China, 650 mil, diz o relatório. Nós formamos 47 mil.” Isso torna evidente que o país

    apresenta déficit de alguns profissionais e o crescimento do país depende da formação de bons

    profissionais em todas as áreas, sem desmerecer nenhuma profissão.

    Outro aspecto importante sobre a demanda de estatísticos é que nossa profissão é bastante bem

    avaliada no ranking de profissões como apresentado regularmente em pesquisa divulgada no Wall

    Street Journal [3]. Essa pesquisa leva em considerações aspectos como estresse, remuneração,

    desgaste físico e empregabilidade e classifica a profissão de estatístico como a terceira melhor

    em 2009 e a oitava melhor em 2010.

    Não há dúvida de que a profissão de estatística é muito requisitada, mas é claro que há

    diferenças regionais, tanto com relação à oferta de emprego, quanto com relação à remuneração.

    O artigo apresentado também caracteriza os docentes por região do país. Seria fundamental

    observar que talvez a demanda por estatísticos apresente nuances, sendo que, por exemplo, em

    algumas áreas sejam mais requisitados profissionais para trabalhar com finanças, enquanto em

    outras regiões sejam necessários profissionais de controle estatístico de qualidade.

    Quanto à excelência dos cursos de estatística no país, essa preocupação deve ocorrer tanto para

    os cursos de graduação, quanto nos cursos de pós. Além da qualidade do ensino e do incentivo à

    pesquisa feita pelos alunos, é importante observar que ao longo do tempo são necessárias

    atualizações nos cursos. Por exemplo, algumas disciplinas que eram somente optativas na

    graduação, já deveriam ser obrigatórias (são chamadas de optatórias), como por exemplo,

    modelos lineares generalizados. Esse é somente um exemplo localizado, mas há muitas matérias

    necessárias para a formação de um bom estatístico. Outras questões como o desenvolvimento

    computacional levam à necessidade do estatístico trabalhar com grandes bases de dados e

    atualmente a maioria das vagas divulgadas exigem conhecimento de ferramentas para lidar com

    eles. O estatístico pode até trabalhar em conjunto com profissionais especializados em banco de

    dados, entretanto deve saber o mínimo para o trabalho em conjunto. Outro aspecto relevante é a

    interdisciplinaridade já que a estatística auxiliar a análise de dados em todas as áreas.

    A caracterização dos docentes dos cursos de graduação em estatística apresentou que menos da

    metade dos docentes tem graduação em estatística e que dentre mestres e doutores,somente um

    terço apresentam a correspondente pós graduação em Estatística. Isso é até esperado, pois os