revista algo mais-janeiro 2016

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  • 8/19/2019 Revista Algo Mais-janeiro 2016

    1/361 Algomais • J  ANEIRO /2016

     R$ 10,00

     Ano 10 - nº 118 - janeiro 2016 - www. revistaalgomais.com.br

    http://revistaalgomais.com.br/http://revistaalgomais.com.br/

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    Juntos, enfrentamos um dos anos mais difíceis da história recente do Brasil. Diante

    dos desafios, o nosso povo mostrou a sua força e capacidade de superação. Trabalhamos

    duro para manter as conquistas alcançadas e inovar, levando desenvolvimento ao nosso

    Estado e criando oportunidades para todos. Ainda há muito a ser feito, mas é grande a nossa

    capacidade de realizar o que sonhamos. Agradecemos aos pernambucanos por lutar ao nosso lado.

    Vamos juntos, fazer um 2016 melhor.

    Juntos,fazemos

    mais.

    Bem-vindo, 2016.

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    O colorido do Carnaval e da alegria pernambucana ganhou as cores desta edição daRevista Algomais. O nosso olhar da folia explora uma pergunta básica da mais originaldas manifestações culturais pernambucanas: Por que o frevo tem um espaço tãorestrito no calendário anual enquanto música? Afinal, com exceção dos dias em queas cidades pernambucanas estão em festa de Momo, dificilmente o ritmo é tocado.Mais que trazer as razões dessa vida de poucos dias da nossa música - que é bomlembrar é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade – projetamos os caminhosque poderiam fazer o frevo saltar nos demais meses do ano bem como ser curtido eexecutado em mais lugares do País e do mundo. Essa análise foi construída por críticose pelos brincantes profissionais, que fazem e vivem o dia a dia do frevo. Aliás, algunstrabalham o ritmo o ano inteiro e já tem seu trabalho reconhecido País afora, como osmaestros Forró e Spok, com suas orquestras.O otimismo, baseado em iniciativas já em curso e no potencial do frevo caminha aolado da certeza que a estrada é longa. Afinal, todos concordaram que a formação demúsicos é desafiante, pela complexidade técnica do ritmo, e que há necessidade desaltos maiores na divulgação da música, mesmo em Pernambuco.Além do frevo, o nosso entrevistado do mês é o carnavalesco Silvio Botelho. Ele é oresponsável pela construção da tradição dos bonecos gigantes que dançam e encantamna folia olindense. Os mais de 40 anos de experiência na produção de bonecosgigantes consumiram a maior parte do seu tempo, inspirações e transpirações (já quetem bonecos que demoram até um mês para produção).Da alegria dos passistas e dos bonecos, esta edição brinca também com as artesplásticas pinceladas por Ferreira. O artista pernambucano, que assinou a ilustraçãode capa da edição de Dezembro da Revista Algomais, tem uma produção que passeiapelo futebol e pela música.

    Seja no ritmo tranquilo das férias ou na preparação para os dias da folia, boa leitura!

    editorial

    A cultura da folia

    DIRETORIA EXECUTIVASérgio Moury [email protected] de [email protected]

    DIRETORIA COMERCIALLuciano [email protected]

    CONSELHO EDITORIALAlexandre Santos, Armando Vasconcelos, DoryanBessa, João Rego, Luciano Moura, Mariana deMelo, Raymundo de Almeida, Ricardo de Almeidae Sérgio Moury Fernandes.

    Uma publicação da SMF- TGI EDITORA Av. Domingos Ferreira, 890, sala 805 Boa Viagem | 51110-050 | Recife/PE - Fone: (81) 3126.8181 . www.revistaalgomais.com.br

    REDAÇÃOFone: (81) 3126.8156/Fax: (81) [email protected]

    EDITORIA GERALCláudia Santos (Editora)Roberto Tavares (Consultor Editorial)

    REPORTAGENSCláudia SantosRafael Dantas

    EDITORIA DE ARTERivaldo Neto (Editor)Caroline Rocha (Estagiária)

    FOTOGRAFIAJuarez Ventura

    [email protected]: (81) [email protected]

    PUBLICIDADEEngenho de Mídia Comunicação Ltda.Av. Domingos Ferreira, 890, sala 808Boa Viagem 51110-050 | Recife/PEFone/Fax: (81) [email protected]

    Cláudia Santos - Editora [email protected]

    Edição 118 - 15/01/2016 - Tiragem 12.000 exemplaresCapa: Rivaldo Neto - Foto: Passarinho/Prefeitura de Olinda

    facebook.com/revistaalgomais

    @revistaalgomais

    EDIÇÃO 118

    E MAIS

    Entrevista 6

    Economia /Jorge Jatobá 16

    Arruando pelo Recife e Olinda 24

    Baião de Tudo / Geraldo Freire 28

    João Alberto 30

    Memória Pernambucana 32

    Última Página/ Francisco Cunha 34

    Nossa Missão

    Prover, com pautas ousadas, inovadoras

    e imparciais, informações de qualidade

     para os leitores, sempre priorizando os

    interesses, fatos e personagens relevantes de

    Pernambuco, sem louvações descabidas nem

    afiliações de qualquer natureza, com garantia

    do contraditório, pontualidade de circulação

    e identificação inequívoca dos conteúdos

    editorial e comercial publicados.

    CAPA

    O futuro da foliaArtistas falam sobre as alternativaspara o fortalecimento do frevo. 12

    CIDADE

    Mais bikes no RecifePrefeitura projeta a inauguração de76 km de ciclovias neste ano. 22

    VELOCIDADE

    Niege ChavesAvó da promessa no automobilismo,Rafael Câmara, disputava corridasnos anos 60. 20

    CULTURA

    FerreiraArtista plástico pernambucanopincela com humor, abordandomúsica e até futebol. 26

    AUDITADA POR

     Os artigos publicados são deinteira e única responsabilidadede seus respectivos autores, nãorefletindo obrigatoriamente aopinião da revista.

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]://www.revistaalgomais.com.br/mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]://facebook.com/revistaalgomaishttp://facebook.com/revistaalgomaismailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]://www.revistaalgomais.com.br/mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]

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    “SOU CASADOCOM O CARNAVALDE OLINDA”

    Entrevista a Cláudia Santos

    entrevista

    do Dia. Nessa época eu já estava en-volvido com máscaras de Carnaval.

    Como assim?

    Aos 9 anos eu fazia máscaras para

    meus amigos. Fazia também pipae castanholas para vender. Com osamigos que pediam máscaras eu tro-cava por bola de gude ou pião. E foicrescendo em mim essa magia doCarnaval. Meu pai era folião. Quan-do passei dos 15 anos já estava que-rendo abrir a porta para a clientela.A qualidade das minhas castanholaschamava a atenção e eu tinha váriosclientes. Havia pessoas que ficavamesperando na frente da minha casapara que eu terminasse uma casta-nhola para poder comprar. Já haviaencomenda para as máscaras. Come-çava a trabalhar do início de novem-bro até o Carnaval todos os dias paraganhar aquele dinheirinho. Tambémfazia esculturas entalhadas em ma-deira e vendia no Alto da Sé nos anos70. Foi quando Ernani Lopes (presi-dente do bloco Menino da Tarde) pe-diu a Roque Fogueteiro (artesão) parafazer o boneco do Menino da Tarde.Roque disse: “não tenho mais saúde

    e idade para fazer, mas conheço um

    rapaz que sempre traz aqui os traba-lhos dele para eu fazer a crítica e achoque ele pode te atender”. Ele foi atéminha casa e perguntou se eu podiafazer um boneco tamanho gigante em

    papel. Respondi que fazia máscara,esculturas em madeiras, gesso e bar-ro, mas de papel, nunca. Como se fazisso? Aí ele disse que o boneco seriaparecido com o Homem da Meia Noi-te. Aí pensei que teria que fazer umaforma em barro. Quando preparei obarro e mostrei a Ernani ele disse: "éisso que eu quero, assim com a carade menininho, para ser filho do Ho-mem da Meia Noite com a Mulher doDia". O Menino da Tarde foi o terceiroboneco de Olinda. Ele saiu no Carna-val do final de dezembro de 1974 para1975, já chamando a atenção.

    E como foi a recepção dos foliões?

    O povo ficou enlouquecido, feliz. OCarnaval que era quase todo à noi-te, passou a ser à tarde, por causa doboneco. Todas as agremiações foramdizendo que também queriam umboneco. Aí fiz a Menina da Tarde noCarnaval de 1978. Em 1979, mais ou-tro boneco. Durante mais de 45 anos

    só havia dois bonecos: o Homem da

    SÍLVIO BOTELHO Criador de bonecos gigantesconta histórias da folia olindense

    Ele já produziu mais de mil bonecosgigantes que se tornaram ícones doCarnaval de Olinda. Nesta conversacom a Algomais, Sílvio Botelho contasobre sua trajetória na folia olindense

    e como suas produções ultrapassa-ram as ladeiras da cidade e hoje par-ticipam de eventos tão diversos comocongressos, casamentos e até enter-ros.

    Como foi sua infância em Olinda?

    Nasci no bairro do Amparo. Vivi umainfância de família humilde. Meu paiera comerciante, minha mãe tinhavida doméstica, cuidava dos filhos.Mas chegamos a fazer o segundo graucompleto, fiz alguns cursos técnicos,não passei no vestibular para medicina- eu queria ser médico - mas fiz cursosde laboratórios clínicos que poderiamme dar sustentação na área de saúde.De repente, descobri que eu desenha-va bonitinho. O Carnaval sempre mefascinou e eu pequeno, nos anos 60,na Dantas Barreto, vi o Homem daMeia Noite passando num carro ale-górico. Ele se curvou para a multidãoe na minha imaginação ele teria dadoboa noite para mim. E o gigante me

    fascinou. Logo depois veio a Mulher

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     Quando criei

    o Menino da Tarde,

    provocou muita

    ciumeira com as

    agremiações de

    estandarte que não

    admitiam a cultura

    dos bonecos"

    nem subvenção para essas agremia-ções”. Eu pedi a palavra e disse: "apartir de hoje eu vou empestear Olin-da com Bonecos Gigantes!" Fiz tam-bém muitas oficinas com pessoas quelevaram um bom tempo aprendendocomigo e hoje são bons profissionais.

    E e s s a r i x a a i n d a e x i s t e?

    Não, hoje agradecem o que eu fiz. Fuio primeiro carnavalesco jovem ho-menageado na cidade em 1995. Todomundo baixou a cabeça e disse: "elemerece ser homenageado pela quan-tidade de elementos que fez para oCarnaval."

    V o c ê v i v e d a s u a ar t e , d o s b o n e c o s ?

    Hoje sou produtor cultural, façoeventos, trabalho com os bonecos o

    ano todo. Sou também artista plás-

    tico, pinto óleo sobre tela. Tenhoum ateliê onde faço e vendo meusquadros. Agora o ateliê dos bonecosatende pedidos para o Brasil todo. Oseventos com os bonecos não aconte-

    cem apenas no Carnaval, eles estãona inauguração de lojas, ciclo natali-no, ciclo festivo, enterros.

    E n t e r r o s ?

    Tem família que diz assim: “Sílviomeu parente morreu, era folião, dápra você mandar alguns bonecosacompanhando o enterro?” Tam-bém faço casamentos. Quando temtempo eu faço o boneco com o perfildos noivos. Eu entro na festa de ca-samento com os bonecos, tocandofrevo, lá pelas 2 horas da manhã. Emcongressos também. A grande aber-tura foi dada pela Abav, que me levoua muitos lugares. Os bonecos vão parafalar de Olinda. Por isso que eu crieieste nome: Olinda a Pátria dos Bone-cos Gigantes.

    Q u a n to t em p o l ev a p a r a f az e r u m b o -

    n e c o ?

    Alguns são rápidos, 15 dias. Mas ou-tros levam mais tempo. Este último

    que fiz de Getúlio Cavalcanti levou

    Meia Noite, que é de 1932, e a Mulherdo Dia, de 1967. Na década de 80 eu jáhavia feito 100 bonecos. Todo mundoqueria bonecos. As agremiações fo-ram se formando com bonecos. Hoje,2016, o maior número de agremiaçõesé de bonecos gigantes.

    C o m o v o c ê s e se n te c o m o f ato d e o s

    b o n e c o s s e t o r n a r e m u m í c o n e d o

    C a r n a v a l d e O l in d a ?

    Quando eu criei o terceiro provocouuma ciumeira muito grande com asagremiações de estandarte. Elas nãoadmitiam que tivesse outra culturaque não fossem os estandartes. Numareunião no antigo forró Cheiro doPovo, Edmar Lopes disse: “essa cul-tura não existe, tradição aqui é o Ho-mem da Meia Noite e a Mulher do Dia,

    isso não pode existir, não pode haver

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     O Homem da Meia

    Noite pesa 50 kg, hoje

    os gigantes pesam de25 a 13 kg"

    em junho e continuamos até o dia doevento que vai ser em 9 de fevereiroeste ano. É um trabalho enorme or-ganizar tudo, com qualidade, paraque o povo veja um Carnaval bonito.

    Quantas pessoas participam do desfile?

    Só de manipuladores são 200 pessoas,

    50 diretores, uma base de 30 coor-denadores, dois carros de apoio, 300dúzias de garrafas de água são consu-midas, um café da manhã, um showdo homenageado, quatro orquestrascompostas por 120 músicos, 10 girân-dolas de 465 tiros. É uma infra bastantegrande. E o dinheirinho, ó (mostra osdedos polegar e indicador próximos).

    Quando surgiu essa troça?

    Em 1987, num sábado. Estávamosna rua brincando, em Olinda, comos bonecos gigantes e queríamos di-nheiro para tomar cerveja. Pegamosos estandartes do Trinca de Ás e osbonecos e bloqueamos a rua. E a tur-ma corria atrás passando o chapéu.As pessoas gostaram. Quando termi-nou, tipo 5 horas da tarde, tinha di-nheiro para comprar 3 a 4 grades decerveja. E a gente ia para o bar beber,brincar e falar da festa. Aí surgiu aideia: vamos fazer disso um encontrode bonecos. Quando isso aconteceu,

    resolvemos: deu certo, para o ano va-mos fazer de novo. Pronto, não deuoutra, o Encontro surgiu há 29 anos.

    A crise causou algum impacto, vocês

    têm patrocínio?

    Pouco. A gente se vira como pode.Estamos na luta de buscar mais re-cursos. Pedimos aos amigos agora,rodando o chapéu. Estamos com pro-blema enorme de caixa. O desfile en-volve mais ou menos R$ 70 mil parapagar orquestra, bonequeiros, coor-denadores, diretores, caminhões,lanches, café da manhã.

    E o que acha dessa homenagem feita

    pelo Encontro de Bonecos a Getúlio

    Cavalcanti?

    Getúlio veio coroar o evento. Ele émuito forte. É um privilégio paragente. Fará com certeza um bom tra-balho e a gente vai ter ainda muitoslouros para comemorar. No café damanhã que oferecemos a artistas e

    outros convidados ele fará o show.

    entrevista  SÍLVIO BOTELHO

    mais de um mês para ficar pronto. Oprocesso é lento. O primeiro eu fiz aforma em barro e o boneco foi todofeito em papel, superpesado. Papelmachê não presta. Faço uma papie-tagem, pastelando um papel sobreo outro, com uma grude feita de umsubproduto da mandioca, ou de mi-

    lho, ou araruta. Usamos madeira paradar sustentação e a umidade não des-truir. Em 1995, conversando com umamigo, que tem uma técnica muitoboa em fibra de vidro, me sugeriufazer os bonecos com esse materialque tem maior durabilidade. Foi amão na luva. Aconteceu de um tudo:a demanda de serviço aumentou, aqualidade do serviço também. Sai umpouco mais caro, mas a qualidade ébem superior.

    São mais resistentes à chuva?

    Os bonecos antigos quando vinha achuva tinha que correr para debai-xo das marquises ou de uma árvore.Hoje não, pode chover o que chover,porque a fibra de vidro resiste à água.Os novos bonecos também são maisleves. Para ter uma ideia, o Homemda Meia Noite tem 50 kg e os maisnovos têm 25, 15, 13 kg. Eu pensavaque a gente era o universo da históriae não é. Acabo descobrindo nos anos

    80 que a Europa tem uma tradição debonecos de mais de mil anos. Eu nãosei como essa semente caiu aqui.

    Os relatos são de que os primeiros

    bonecos em Pernambuco são de Be-

    lém do São Francisco...

    Quem me passou essa informação, queeu não sabia, foi Catarina Real, antro-póloga que passou 20 anos no Recife.Ela disse: “Sílvio sabe que o primeiroregistro de bonecos gigantes são de Be-lém do São Francisco? E quem trouxe foio padre Norberto, da Bélgica?” Isso estáescrito num livro de Mário Souto Maior.

    Você é casado, tem filhos?

    Tenho um menino, mas sou solteiro,graças a Deus. Meu compromisso estácom o Carnaval, com a minha cidade,sou casado com Olinda, que é a mi-nha grande paixão.

    Seu filho não quis seguir a sua carreira?

    Ele administra algumas coisas, mas

    ele não leva muito jeito para construir

    to estresse para mim, porque eu nãoquero sair. Eu não sinto tanto calor,como a maioria das pessoas. Eu gos-to do sol, do dia. Se eu vir cinzento,entro em depressão. Sabe a que ho-ras eu me acordo? Às 5h da manhã jáestou trabalhando. Ver o sol nascer,meu Deus, é uma coisa maravilhosa.

    Como é para você o dia do desfile dos

    bonecos no Carnaval?

    É uma loucura, é um corre pra umlado, corre pra outro. É muita mão deobra, porque a gente mexe com maisde 100 bonecos e coordenar tudo isso,com nossos diretores, requer muitatensão, muito cansaço. Somos umaassociação sem fins lucrativos, a Tro-ça Carnavalesca Mista A Nordestinaé quem rege o Encontro dos Bonecos

    Gigantes. Começamos a trabalhar

    boneco. Mas admira o que se faz.Você fabrica bonecos o ano todo?

    No período de chuva, não. Não su-porto chuva. É trauma de infância.Fico nervoso, mal-humorado. Nãotenho poder criativo com muita chu-va, não. Prefiro desenhar num quartofechado, onde não veja os ambientes

    molhados. Se eu molhar meus pés eufico agoniadíssimo. Quando chega junho, julho é um período de mui-

         J    u    a    r    e    z     V    e    n    t    u    r    a

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      PENSANDO BEM

    [email protected]

    Os pais precisam ter paciên-cia ao lidar com a educaçãodos filhos. A alfabetiza-ção de uma criança ocor-re após alguns anos. O

    aprendizado fluente de um idioma ocor-re após muitos anos. Às vezes, esse longoprocesso gera ansiedade nos pais. Algunscomparam seu filho com outras crianças,como se o ser humano fosse uma máqui-na programável para obter resultadospadronizados. No caso de aprendizadosextracurriculares (idioma, esporte etc.) oprejuízo da decisão de “não fazer ou nãoperseverar" só será constatado no futu-ro, com a perda de oportunidades. Paraeliminar essa ansiedade, o importante é,antes de a criança começar a estudar, in-vestir tempo para pesquisar por um mo-delo escolar que possa proporcionar umaeducação verdadeiramente diferenciada.

    A decisão de escolha da escola deveser feita com base em critérios educa-

    cionais e valores familiares e não apenaspela comodidade. Para associar os cri-térios educacionais e a comodidade, nosEUA, por exemplo, é padrão os pais es-colherem o local da residência em fun-ção da escola que desejam para os filhos.

    Minimizar a decisão da escolha daescola pode privar os educandos de opor-tunidades no futuro. Na escola, o alunotem a oportunidade de desenvolver va-lores, estabelecer rede de amizades, alémde conhecimentos, competências e ha-bilidades. Cada escola, com seu modeloeducacional, é um conjunto único que fazdiferença na formação do educando.

    Quando os pais valorizam a escola,o desenvolvimento do aprendizado dosalunos é favorecido. O que significa valo-rizar a escola? Primeiro de tudo estabe-lecer relação de parceria e ter visão claraque, como eles, a escola quer o melhorpara seus filhos. Entretanto, há pais quedesrespeitam a escola: ficam inadim-plentes, chegam com o filho atrasado,viajam com o filho durante o ano letivo,

    propagam que o valor do serviço é caro,

    que a taxa de material é absurda, que aescola não ensina, etc. Essas posturascomprometem a relação escola-famí-lia e como os pais são modelos para ascrianças, vão ter impacto nelas também.

    Quando uma família tem gravesquestionamentos em relação à escola dofilho, precisa urgentemente buscar outra

    que compartilhe com seus valores. Se ocusto da escola está além das possibilida-des da família, a solução é buscar outraescola que se adeque ao orçamento. As

    famílias precisam adequar suas despesasaos seus orçamentos. Estarão ensinandovalores. Ao conversar com o filho paraexplicar o porquê da mudança de escola,estará dando uma lição de dignidade ehonestidade. Uma lição para a vida.

    Em uma escola do século 21 os alu-nos têm 6, 7 ou mais professores. Ascrianças hoje em dia são super estimu-ladas. As salas precisam oferecer con-forto, oportunidades para trabalhar emgrupo, recursos e treinamentos para oprofessor preparar aulas desafiadorase estimulantes. Os alunos precisamaprender a buscar o conhecimento paraexercer suas profissões no futuro e de-senvolver as habilidades do século 21.Cabe à escola colaborar com esse pro-cesso. O investimento exigido para aimplantação de uma escola de qualidadeé elevado. E para que tenha um padrãocompatível com os modelos dos paí-ses desenvolvidos é necessário treinarprofessores, adquirir recursos didáticose tecnológicos, contratar educadores

    internacionais, firmar boas parcerias.

    A escola precisa de área para lazer paraa prática de esportes, auditório/teatro.Pela lei de uso de solo precisa tambémter estacionamento e área verde.

    Com tantas exigências, são raras aspessoas que, com visão de maximizarseu investimento, desejem implantaruma escola. Anuidades cobradas no

    Recife são muito infe-riores às da região Sul/Sudeste. A relaçãofamília-escola é in-tensa e, muitas vezes,o serviço e a estruturaoferecidos são poucoreconhecidos.

      A escola privadaexiste porque o Es-tado não tem como

    oferecer educação para todos. Logo, deveria ser vista pelo Estado como parceira,mas é punida com excesso de controlesobre os valores cobrados, que descon-

    sideram os investimentos em infraes-trutura e qualificação dos profissionaispara oferecer uma educação diferencia-da. Isto faz com que muitas escolas nãopossam ter um plano de carreira para osprofessores e coordenadores e enchamas salas de aulas com 50 ou mais alunos.

    A educação no Brasil deixa muito adesejar. No Norte/Nordeste, a qualidadeé inferior ao restante do país. Na redepública a situação é ainda pior. São rarasas exceções que conseguem superar estasituação. Como o Brasil-Pátria educa-dora quer ter um sistema educacional declasse-mundial remunerando a escolacom restrição, criando uma cultura emque o valor pago pela educação é absur-do? A carreira do professor, coordena-dor precisa ser muito mais valorizada.Com ajuste apenas inflacionário, autori-zado por órgão de defesa do consumidor,e com o governo investindo mal a partedo PIB que reserva para educação, nãohá nenhuma possibilidade de transfor-marmos o nosso sistema educacional em

    sistema de classe-mundial.

    Valorize a escola

    Os pais precisam ter paciênciaao lidar com a educação dos

    filhos. A alfabetização de uma

    criança ocorre após alguns anos.

      EDUARDO CARVALHO

    Educador

    mailto:[email protected]:[email protected]

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    capa

    Nos passosdo FrevoM úsicos e especialistas opinam sobreos caminhos para o ritmo atravessar as

    fronteiras do calendário de M omo

    A

    s sombrinhas coloridas e ospassistas que se equilibramnas notas aceleradas dos ins-trumentos de metais são os

    símbolos de uma das principais mani-festações culturais do Estado. O frevo,com seus mais de 100 anos de tradição,foi reconhecido em 2012 pela Unescocomo Patrimônio Cultural Imaterial daHumanidade. Apesar dessa e de tan-tas honrarias, essa expressão artísticapernambucana tem uma característi-ca sazonal e bem local. Levar o frevo aoutros territórios e a permanecer vivonum calendário mais longo que os qua-tro dias de Carnaval é um desafio aindaa ser decifrado.

    “O frevo restringiu-se, mesmo noauge, a Pernambuco, e a Estados vizi-nhos. No Rio de Janeiro a concorrên-cia no período carnavalesco era mui-to forte, por se tratar de faturamentoalto, entravam bicheiros, grandesnomes do rádio. Nas poucas vezesque entrou (no mercado carioca), nosegundo ano o pessoal da marchi-nha bloqueava. Então ficou restritoao Nordeste. É uma música de épo-ca, como a marchinha e a marchinha

     junina", analisa o jornalista e crítico

    musical, José Teles. "Caetano Velosoe Carlos Fernando trouxeram o frevopara a MPB e só assim ele pode sercantado o ano inteiro, mas em meio a

    outros ritmos”, destaca.Foi justamente o músico Car-los Fernando, com o projeto Asas daAmérica , um dos pioneiros a fazero frevo voar um pouco mais distan-te. Trazendo intérpretes de renomenacional como Gilberto Gil, ChicoBuarque, Lenine, Caetano Veloso, eleproporcionou um intercâmbio. Nãoera uma modernização do ritmo, naavaliação de Teles, mas um ajuste quelevou o frevo a se encaixar com ou-tros gêneros, sem ficar tão purista.

    O professor do Departamento deEstudos Culturais e Mídia da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF),Felipe Trotta, faz um retrospecto decomo o samba e o forró conseguiramse descolar das sazonalidades do Car-naval carioca e dos festejos juninos."O samba também começou comomúsica carnavalesca, mas os com-positores se reuniam o ano todo paracantar e tocar juntos e começou acircular o que eles chamam de 'sam-

    ba de quadra', que também ganhou

        M   a   r   c   e    l   o    L   a   c   e   r    d   a    /    P    C    R

    Rafael Dantas

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    o nome de 'samba de meio de ano'(menos dançante, mais cadenciado elento). Com essa estratégia eles con-seguiram ocupar as rádios, fazendocom que o ritmo pudesse tocar o anotodo", informa o pesquisador. Mas elealerta que havia eventos de samba oano todo. O mesmo acontece com o

    forró. Assim as músicas ganham es-paço para serem ouvidas fora dos fes-tejos juninos. "Com o frevo isso nãoacontece. Considero as característi-cas de circulação do frevo bem pa-recidas com às das marchinhas. Umrepertório estático, sazonal, lindo epouco conhecido. Porém, vários ar-tistas empregam o ritmo em algumascomposições, sem se filiarem direta-mente a ele", afirma.

    Quem viveu essa experiência como forró foi o cantor Maciel Melo. Omúsico lembra que o ritmo tocavaapenas entre os meses de maio e ju-nho. Com a fundação da Sociedadedos Forrozeiros, uma força do rádio ea insistência dos artistas é que o for-ró ganhou impulso para seguir vivo oano inteiro. Também apaixonado pelofrevo, Maciel lançou o álbum Perfumed e C a r n a v a l, em homenagem a CarlosFernando. "Levar o frevo para fora erao sonho dele. Eu compus um disco defrevo, porque, como compositor que-

    ria tê-lo na minha discografia. É pre-ciso incentivar o frevo enquanto pro-duto. Não reclamo disso. Propagandaé a alma do negócio. Infelizmenteessa força só chega no Carnaval, o quefolcloriza o frevo e ajuda para que elese torne uma manifestação de gueto".

    Ao promover experiências musi-cais com o ritmo e a estética do fre-vo, alguns músicos pernambucanos,ainda raros, já conquistaram públicoe espaço ao longo do ano. Um dessesartistas é o Maestro Spok. Ele con-corda que uma das dificuldades paraformar novos ouvintes e dançantesdo frevo é que em sua maioria ele éexecutado de forma rápida e solitária(onde o artista dança sozinho), dife-rente do forró e xote, por exemplo."Muitas pessoas vêm fazendo novasleituras do frevo. Não tenho nadacontra quem queira experimentar,ousar, fundir. Acredito muito queconsigamos fazer um trabalho comseriedade assim. Penso em trabalhar

    com o frevo canção, como poesia,

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    u m a fo r m a d e e n x e r g á- l o fo r a d a s

    t r a d i ç õ e s ", d e c l a r a S p o k . A a g e n d a

    l o t a d a d o m a e s t r o e s u a o r q u e s t r a n o

    C a r n av a l n ã o c o n t r a st a c o m a p r o -

    g r a m a ç ã o d o s d e m a i s m e s e s d o a n o ,

    q u a n d o a t i n g e o p ú b l i c o d a m ú s i c a

    i n s t r u m e n t a l e d o s f e s t iv a i s d e j a z z .

    A o u n i r o e r u d i t o e o p o p u l a r ,

    q u e m t a m b é m d e i x a s u a m a r c a v i -

    v e n d o d a m ú s ic a p e r n a m b u c a n a 3 6 5

    d i a s n o a n o é o M a e s tr o F o r r ó e a O r -

    q u e s t ra P o p u la r d a Bo m b a d o H e m e -

    t ér i o , c r i a d a p o r e l e . E s t e a n o o m ú -s i c o s e r á o h o m e n a g ea d o d o C a r n a v a l

    d o R e c i fe . "H á 2 0 a n o s v i v o d a c u l t u r a

    p e r n a m b u c a n a e o fr ev o t em u m l u -

    g a r c a t iv o e m t u d o o q u e f a ç o . T r a -

    b a l h o c o m a p e s q u i s a , m a n u t e n ç ã o ,

    r e l ei t u r a e i n t e r aç ã o d o f r ev o c o m o u -

    t r a s c u l t u r a s . A c r e d i t o q u e é p r e c i s o

    d i al o ga r c o m q u a li d ad e . C o m e ç a m o s

    c o m u m t ra b a lh o d e fo r m a ç ã o n a c o -

    m u n i d a d e , q u e g e ro u c o m o p r o d u t o a

    o r q u es tr a , qu e e m m e n o s d e u m a n o

     já o c u p av a u m e s p aç o d e d e s ta q u e n o

    c i r c u i to c u l tu r a l . O d e s e n v o l v i m e n t o

    c o m e r c i a l é c o n s e q u ê n c i a d i s s o . N ã o

    h á f ór m u l a s e c r e t a ", a v a l i a F o r r ó , q u e

    l o n g e d o s p a l c o s é o p r o fe s s o r e c o m -

    p o s i to r F r a n c i s c o A m ân c i o d a S i l v a .

    O p a p e l d e e d u c a d o r é a fa c e t a

    m e n o s c o n h e c i d a d o i r r e v e r e n t e e

    b e m - h u m o r a d o M a es tr o F o r r ó. A l ém

    d e r e v o l u c i o n a r a f i g u r a c o m u m e n t e

    a s s o c i a d a à f o r m a l i d a d e d o s m a e s -

    t r o s , e l e f e z a o l o n g o d a c a r r e i r a p a r -

    c e r i a s q u e a g r e ga r a m d i f e r en c i a i s a o

    t ra b al h o , c o m o c o m o s m ú s i c o s H e r -

    m e to P a s c o a l, R e m b e r E g u e s ( c u b a -

    n o ) , O k a y T e m i z ( tu r c o ) , q u e já d i v i -

    d i r am p a lc o c o m F o r r ó.

    U m a d a s e s t r a t é g i a s p a r a g a r a n -

    t ir s e u e s p a ç o a o l o n g o d o a n o , c o m

    u m t i m e d e 2 7 i n s t r u m e n t i s t as , é d e

    p r e p a r ar s h o w s p a r a o s o u t r o s c i c l o s

    f e s ti v o s . A s s i m , e l e l ev a o f r e v o p a r a o

    S ã o Jo ã o e p a r a o N a t a l, p o r e x e m p l o .

    E n t r e o s m ú s ic o s a t u ai s d o f r e -

    v o , t am b ém s ã o p o u c o s o s q u e c o n -

    s e g u e m a t r av e s s a r a s f r o n t e ir a s d e

    P e r n a m b u c o c o m o r i t m o . E x c e ç ã o ,M a e s tr o S p o k p a r t ic i p a d o s f e s ti v a is

    e u r o p e u s d e m ú s i c a i n s t r u m e n t a l e

    d e d i c a a l g u m a s s e m a n a s d e a g o s t o

    p a r a l e c i o n a r f r ev o n a C a l i fó r n i a , n o s

    E s t ad o s U n i d o s . "D i s c u t i m o s f r ev o

    a s e m a n a t o d a , n u m c a m p i n g , c o m

    g e n t e q u e s e m a t r i c u l a d o m u n d o i n -

    te i ro . D e s s e c o n t ex t o n a s c e m m ú s ic o s

    q u e v ã o m e m a n d a n d o c o m p o s i ç õ e s

    d e d i v e r s o s l u g a r es . R e c e n t em e n te

    u m a j ap o n e s a , q u e e s t á e s tu d a n d o

    o r i t m o c o m a m i g o s j a p o n e s e s , m em a n d o u u m a m ú s ic a ", d i s s e S p o k .

    A tr avés d o C an al B r asi l, o M ae str o

    Forró tam bém teve a exper iência de le-

    var sua m ú sic a p ar a fo r a d e Pe r n am b uc o

    e p ar a o e xte r i o r c o m o p r o g r am a A n -

    d a n t e , que cria pontes entre o frevo e a

    c ultura de outros lugares. Nesse projeto,

    q ue p r o d uz um a sér i e d e d o c um e n tár i o s

    fazendo o diálogo de manifestações cul-

    turais, o músico já foi a Turquia, Bulgá-

    r i a, R o m ê n i a e C ub a. El e tam b ém tem

    n a sua c ar r e ir a p ar tic i p aç õ e s e m p r e s-

    tigiados eventos internacionais, como

    o F e sti val d e l Car i b e , tam b ém e m C ub a.

    DIVULGAÇÃO. M a s é e v i d e n te q u e S p o ke F o r r ó são exc e ç õ e s. Em g e r al a p r i n c i -

    p al r e c l am aç ão d o s m ú si c o s é o f ato d e

    o f r ev o n ã o s e r to c a d o n e m s e q u e r n a s

    r á d io s p e r n a m b u c a n a s . D e s s a in s a t is -

    fa ç ã o n a s c e u e m a b r i l d e 2 0 13 a L e i m u -

    n i c i p a l M o m e n to d o F r e v o , q u e o b r i g o u

    as e m i sso r as r e c i f e n c e s a ve i c ul ar p e l o

    m e n o s d u a s c a n ç õ es e/o u in s t r u m e n -

    tali z aç ão e m r i tm o d o e stil o . A l e i n ãop e g o u.

    O m ú s ic o G e tú li o C a v a l c a n t i, c a r -

    n a v a l e s c o h á m a i s d e c i n c o d é c a d a s ,

    PERSONAGEM. FORRÓ SE DIFERENCIOU AO M ODIFICAR A IM AGEM SISUDA DOS M AESTROS

        A   n    d   r    é   a    R    ê   g   o    B   a   r   r   o   s    /    P    C    R

        J   u   a   r   e   z    V   e   n   t   u   r   a

    NA ROZENBLIT. O BRINCANTE GETÚLIO CAVALCANTIDEIXOU TRABALHOS IM ORTALIZAD OS

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    15 Algomais • J  ANEIRO /2016

    l em b r a d e o u t r o s te m p o s q u a n d o h av i a

    m a is e s p a ç o p a r a o fr ev o n o r á d i o . A p e -

    s a r d e h i s to r i c a m e n te o r i t m o s e r b e m

    s a z o n a l, o m ú s ic o i n fo r m a q u e n o s a n o s

    á u r eo s d a F á b r i c a d e D i s c o s R o z e n b l it a

    r e al id a d e e r a u m p o u c o m e lh o r . "C o m o

    h avi a o s l an ç am e n to s d a g r avad o r a p o r

    vo l ta d o m ê s d e o utub r o , o f r e vo p e r -

    m a n e c i a n o a r n o ú l t i m o t r i m e s t r e d oano até os d ias da folia. H avia essa épo-

    c a p r é- c a r n a v a l e s c a m a is e x t en s a q u e

    fa z i a c o m q u e n o s s a s m ú s ic a s f o s s em

    m ai s e xe c utad as", af ir m o u G e túl i o .

    D e a c o r d o c o m a d i s se r ta ç ã o O f re -

    v o n o s d i s c o s d a R o z e n b l i t , d a d e si g n e r

    Paula de Rezende e Valadares, o ritmo

    p e r n am b uc an o e r a a m e n i n a d o s o l h o s

    do em presário José Rozenb lit. D esse

    trabalho foram im ortalizados os regis-

    tros sonoros de Nelson Ferreira, M aestro

    D u d a , C l a u d io n o r G e r m a n o e d o p r ó-

    p r i o G e túl io C avalc an ti. En tr e o s an o s

    d e 19 5 4 e 19 6 4 , c e r c a d e 2 5 % d a m ú sic a

    nacional gravada pela fábrica era frevo.

    I sso n ão e r a p o uc o p ar a q ue m c h e g o u

    a d e te r 22 % d a p r o d u ç ã o d e d is c o s n o

    B r asil n a d éc ad a d e 6 0 . A p e sar d o f im d a

    R o z e n b l i t, G e tú l io l e m b r a q ue p o r an o

    são g ravad o s d e 6 a 8 C D s d e fr evo s q ue

    m al c h e gam ao p ú b li c o l o c al .

    U m a exc e ç ão n e sse c o n te xto é a R á-

    d i o U n i v e r s i t á r i a F M , c o m o p r o g r a m a

    O T e m a é F r ev o. A p r e sen tad o p e l o r a-

    d i ali sta H ug o M ar tin s. É o ú n i c o e sp aç o

    MÚSICOS. SPOK TEM ATUAÇÃO O ANO

    INTEIRO COM O SEU FREVO INSTRUM ENTAL.

    M ACIEL M ELO FEZ HOM ENAGEM AO FREVO

    COM UM ÁLBUM AUTORAL

    e xc l usi vo p ar a o r i tm o p e r n am b uc an o .

    A l ém d a s r á d i o s , o u tr o i n s t r u -

    m e n to d e v a l o r i z a ç ã o d o f re v o q u e f o i

    p e r d i d o f o r a m o s f e s ti v a is . A a u s ê n c i a

    d e s s e s e v e n t o s r e d u z i u a d i v u l g a ç ã o

    d a s c a n ç õ e s e p r e j u d i c o u a f o r m a ç ã o

    d e n o v o s a r t i s t a s . "S e g u i m o s t e n d o

    g r a n d e s c o m p o s i t o r e s , m a s m u i t o s

    e ra m c r i a d o s n e ss e s c o n c u r s o s d e

    m ú s i c a . N ã o e x i s t e m m a i s a s n o v a s

    g e r a ç õ e s q u e n a s c e m d o s f e s t iv a i s ",

    l a m e n t a C a v a lc a n t i.

    O u s o d a s n o v a s m í d ia s p a ra d i s -

    s e m i n a ç ã o d a m ú s i c a a i n d a é u m t er -r e n o p o u c o e x p l o r a d o p e l o s m ú s i c o s

    d o f r ev o . O q u e d e c e r t a fo r m a d i s -

    t a n c i a o r i t m o d a n o v a g e r a ç ã o q u e

    n ã o o u v e r ád i o , n e m c o m p r a d i sc o .

    A s d i fi c u l d a d e s d e al c a n ç a r o s m a i s

     jo v en s n ão s e r e s tr in g em ao e s p aç o

    n o s m e i o s d e c o m u n i c a ç ã o . N a o p i -

    n i ã o d o s a r t i s t a s e c r í t i c o s , a c o n s -

    t r u ç ã o d e u m p ú b li c o m a is a m p l o e o

    s u r g i m e n t o d e n o v o s m ú s ic o s p a s s am

    p o r u m t r ab a l h o d e e d u c a ç ã o . “ Jo v e n s

    n ã o s e i n t e r es s a r am p o r f re v o p o r q u e

    é u m a m ú s i c a q u e e l es n ã o c r e s c e r a m

    o u v i n d o n o r á d i o e n a T V . A l ém d i s -

    s o , p a r a fa z e r f re v o p r a v a l e r m e s m o ,

    é q u a s e q u e o b r i g a t ór i o s a b e r l e r m ú -

    s i c a , f a z e r o r q u e s t r a ç ã o , a r r a n j o s , o u

    t e r a l gu é m p o r p e r t o q u e s a i b a . N ã o é

    m ú s ic a q u e s e fa z to c a n d o e m c a i x a

    d e f ó sf o r o ” , d i f e r e n c i a T e l e s.

      E x i s te m i n ic i a tiv a s b e m - s u c e d i d a s

    d e fo r m a ç ã o , c o m o a E s c o la C o m u -

    n i t ár i a d e M ú s ic a d a Bo m b a d o H e -

    m e t ér i o , d i r i g i d a p e l o M a e s t r o F o r -

    r ó . D e s s e tr a b a lh o n a s c e r am g r u p o s

    c o m o o s H e m e tér i c o s d a B o m b a ,

    F r e v o S . A . e a T r o m b o n a d a . O p róp r io

    P aç o d o F r e vo te m um a p r o p o sta m ai o r

    q ue a d e se r um m use u. Sua fun ç ão tam -

    b é m é f o r m ar n o vo s m ú si c o s e d an ç a-

    rinos. "É im portante a construç ão de

    espaços para fomentar novos músicos.

    Mas, o estudo dos instrumentos para se

    alcançar a execução do frevo de forma

    perfeita é um trabalho de m édio e longo

    prazo", diz Sp ok , que faz con sultoria da

    O rquestra Frevessência no Paço.

    Se j a n a e d uc aç ão o u n a c i r c ul aç ão

    das músicas, ainda há muito o que ser

    feito para popularizar o frevo entre as

    novas gerações e em todo o País. M as as

    possibilidades estão postas para que as

    so m b r i n h as c o lo r i d as c o n tin ue m g ir an -

    do por m ais 100 anos e além dos lim ites

    d e P e r n am b uc o .

        D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o    /    B   e   t   o    F    i   g   u   e    i   r   o   a

        A   n    d   r    é   a    R    ê   g   o    B   a   r   r   o   s    /    P    C    R

        R    i   c   a   r    d   o    L   a    b   a   s   t    i   e   r

    TELES. "AINDA É UM A M ÚSICA DE ÉPOCA"

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      E C O N O M I A

      JO R G E JA T O B Á

    Economista

    Em tempos de mosquito

    Entre as mazelas socioeconô-micas que assolam a regiãosomam-se agora a seca, umadas mais implacáveis dos úl-

    timos anos, e o agravamento e am-pliação das doenças de veiculação hí-drica transmitidas pelo Aedes aegypti(quatro tipos de dengue, chicungu-nha e Zika). Isso representa um re-trocesso nos ganhos de saúde obtidospor todos nós nos últimos 20 anos.

    As doenças veiculadas pelo mos-quito atingiram com mais intensidadePernambuco e dentro do Estado, Recifepor razões que ainda não foram suficien-temente explicadas pelas autoridades sa-nitárias. Este artigo examina os avançosobtidos pela área de saúde no municípioe argumenta como esses ganhos podemser comprometidos pelas doenças trans-mitidas pelo mosquito. Destaca tambémos elevados custos econômicos e sociais,presentes e futuros, dessa epidemia.

    As componentes longevidade e

    saúde dos indicadores de desenvolvi-mento social, respectivamente IDH-Me Índice FIRJAN, indicaram que houveavanço na situação da saúde no Reci-fe. Redução da mortalidade infantil eda mortalidade até 5 anos ampliarama expectativa de vida dos recifensespara 75 anos, especialmente se sobre-viverem às mortes violentas por cau-sas externas que atingem sobremodo

    lidade até 5 anos de idade (por milnascidos vivos). Essa taxa caiu maisde três quartos entre 1991 e 2010. Da-dos para o período 2010-2013 (Data-sus) mostram que a tendência à quedacontinua. Usualmente quem sobreviveaté os 5 anos e, posteriormente, à ida-de em que situações adversas geramalta mortalidade por causas externas,consegue viver até a velhice.

    Já a razão de mortalidade mater-na (por 100 mil nascidos vivos) é altae crescente, evidenciando deficiên-cias nos cuidados materno-infantis,usualmente associados à insuficienteatenção pré e neonatal que têm ago-ra de ser reforçada pela presença dozika. Uma queda mais acentuada damortalidade infantil e o combate àmortalidade materna requer maiorescuidados da atenção básica à saúde,especialmente neste momento em quea doença adquire caráter epidêmico.

    Além dos gastos, em tempos de

    crise fiscal, que o combate ao mos-quito traz para o setor público, oscustos sociais e privados são elevadostanto no presente quanto no futuroporque uma geração de crianças nas-cidas e comprometidas com microce-falia vão exigir das famílias recursos,cuidado e atenção por toda a vida.Governo e sociedade têm um novo egrave desafio pela frente.

    jorgejatoba@smf tgi. com.br

    os jovens, especialmente pretos e par-dos, de 15 a 29 anos de idade,

    A mortalidade infantil (por mil nas-cidos vivos) no Recife caiu 63,5% entre1991 e 2010. Dados para o período 2010-2013 (Datasus) mostram que o avançopermanece, embora mais timidamen-te. A queda na mortalidade infantil temvárias causas, mas destacam-se a me-lhoria dos serviços de pré-natal e neo-natal e a maior cobertura dos progra-mas de vacinação e da saúde da família.A melhoria dos serviços de saneamen-to é essencial para dar continuidade aesse avanço porque reduz as doençasinfectocontagiosas de veiculação hí-drica. Nesse particular Recife apre-senta muitas vulnerabilidades não sópelo racionamento na adução de águalimpa que leva a população a estocá-lade forma imprópria, mas também peladificuldade na remoção de água suja ede resíduos sólidos que constituem ha-bitat  ideal para os vetores dessas doen-

    ças. Poderá haver uma maior rigidezà queda da taxa de mortalidade infan-til, se não uma inflexão, em função daocorrência de microcefalia decorrenteda zika que conduz à morte, em algunscasos, ou ao comprometimento neuro-lógico e cognitivo do recém-nascido deforma permanente.

    Avanço ainda mais significativoobservou-se para a taxa de morta-

    mailto:[email protected]:[email protected]

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    OUVIDORIA MUNICIPALDE SAÚDE

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    esporte

    Velocidade noDNA da famíliaPioneira nas competições de automobilismo, Niege Chavescomemora o sucesso do neto Rafael Câmara nas pistas

    Omais novo pernambucanoa brilhar nas pistas de kartno País atende pelo nomede Rafael Câmara e temapenas 10 anos de idade. Se a car-reira do jovem piloto ainda é curta,a história da sua família com o au-tomobilismo é antiga. Praticamentecinco décadas atrás, era a sua avó,Niege Rossister Chaves, quem escre-

    via seu nome no asfalto das poucascompetições de corrida de carro naépoca. E se hoje as mulheres parti-cipam das principais categorias domundo automotivo, nos anos 60, teruma representante feminina no vo-lante era raro.

    Desde pequeno, o garoto prodígiodo kart girava ao redor da mesa daavó com um velotrol e já dizia que eraveloz. Desde os 5 anos Rafael fala emser piloto. Na época, o irmão desistiudo kart e ele pediu para que a famí-lia não vendesse o carro, pois queriausá-lo. Apenas um ano depois, deu asua largada nas pistas. A motivaçãode Niege veio ainda na adolescência,aos 12, quando dirigia entre São Mi-guel dos Milagres e Porto da Rua, nolitoral norte de Alagoas, onde a famí-lia tinha uma propriedade.

    Com 17 anos, ela disputou sua pri-meira competição. Não com um kart,mas com um Jeep, no ano de 1962,numa corrida no Caxangá Golf Club.

    No mesmo ano em que começou as

    disputas, ela chegou a ficar detidaem uma delegacia por conduzir umcarro sem habilitação. Naquele ano,ela ganhou um troféu de revelação doautomobilismo concedida pela Asso-ciação Pernambucana de Automóvel.Entre os concorrentes daquele diaestava o ex-piloto Wilson Fittipau-di, irmão do bicampeão mundial deFórmula 1, Émerson Fittipaudi; e JoséCarlos Pace, piloto que disputou aFórmula 1 entre 1972 e 1977.

    Num período de poucas competi-

    ções automobilísticas, ela correu atéos 21 anos. Além do Jeep, teve comoseus possantes um DKW-Vemag euma Berlinetta. A curta carreira teveo apoio incondicional do pai, o tam-bém piloto Nelson Rossister, de quemNiege lembra de vários episódios deadrenalina e emoção.

    A atuação de uma das pioneirasno automobilismo não se restringiuao Estado, mas chegou às pistas decapitais nordestinas, como João Pes-

    soa e Maceió, e nos maiores centros

    CAMPEÃ. NIEGE EXIBE OS TROFÉUS QUE GANHOU EM DIVERSAS CORRIDAS PELO BRASIL

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    do automobilismo do País, São Paulo

    - onde disputou uma corr ida no Au-

    tódromo de Interlagos, sem ao menos

    ter feito testes para reconhecer a pista

    – e do Rio de Janeiro.

    A melhor lembrança de Niege veio

    justam ente da Cidade Mar avil hosa.

    Numa corrida com mulheres, ela saiu

    vencedora. “Estávamos hospedados

    no Leme Palace. Pela manhã papai

    abriu a porta do quarto com todos os

    jorn ais daquele dia com um retratomeu na primeira página. Ver a emo-

    ção de papai ao ler aquela vitória nos

    noticiários foi o momento mais es-

    pecial desse tempo em que estive nas

    pistas”, lembra Niege.

    O automobilismo ficou no pas-

    sado, mas o gosto pelos automóveis,

    não. Aos 70 anos, ela segue com sua

    carteira de motorista em dia e diri-

    gindo seu car ro. Por 26 anos teve um

    motorista da família que ficava no

    banco de passageiros, quando ela es-

    tava no veículo. O ronco do motor e

    o cheiro da gasolin a, que são elemen-

    tos que incomodam a maioria dos

    motoristas do cotidiano das cidades,

    é apreciado pela ex- pilota. Atuando

    como psicóloga, um dos hobbies fa-voritos é acompanhar os primeiros

    passos da carreira do neto. “Ele diz

    com convicção que será piloto de

    Fórmula 1”, c onta a vovó das pistas.

    P R O M E S S A .  Rafael Câmara come-

    çou a disputar competições em 2011,

    quando ficou em segundo lugar na

    categoria m ir im da Copa Nordeste de

    K art. Em 2012, ele levou o título re-

    gional foi campeão pernambucano e

    paraiban o. No ano de 2013, o desem-

    penho do jovem piloto se c onsolidou,

    vencendo a Copa de Kar t das Federa-

    ções e consagrando- se vic e- campeão

    brasileiro de k art. “E u gosto de corr er

    de kart desde pequenininho. Minha

    avó Niege Chaves foi uma grande pi-lota e sempre conta históri as das cor-

    ridas dela. C omecei cor rendo aqui em

    Recife, na pista do Tamboril. Depois

    comecei a fazer as corr idas pelo Brasil

    e hoje em dia m oro em São Paulo. Fica

    mais fácil para treinar, as principais

    corridas são lá e minha equipe tam-

    bém. Meu grande sonho é chegar na

    F- 1, m as, ainda tenho muitos degraus

    para subir. Vou treinar e me dedicar

    para me adaptar logo e fazer m ais um

    grande ano nas pistas”, diz Rafael.

    O ano de 2015, porém, foi especial

    para o piloto, que foi escolhido como

    grande revelação do k artism o no País.

    Além de faturar mais de 20 vitórias

    nacionais nas categorias cadete e Ro-

    tax Mi ni R ook ie, ele ainda conquistou

    uma vitória na Florida W inter Tour,

    em Orlando e também marcou pre-

    sença em campeonatos na Europa.

    Em outubro, a convite de uma equipe

    italiana, ele estreou na International

    Rok Cup, disputada no Kartódromo

    South Garda, em L onato, na Itália.

    PRO D ÍG IO . COM APENAS10 ANOS,RAFAEL FOICAMPEÃO REGIONAL EVICECAMPÃO BRASILEIRODE KART

    MEMÓR I A S . NIEGE CHAVES GUARDA FOTOS, TROFÉUS E RECORTES DE JORNAIS E REVISTAS DA SUA TRAJETÓRIA NAS PISTAS PELO PAÍS

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    Bikes ganham

    espaço na cidadePrefeitura implanta ciclofaixas na Zona Sul e no Cordeiro evai inaugurar novas rotas na Via M angue e Jardim São Paulo

    RecifeemPauta

    ORecife encerrou o ano com ainauguração de duas novasciclofaixas permanentes nacidade. Os ciclistas recifenses

     já contam com 37,5 quilômetros de ci-clovias, ciclofaixas e ciclorrotas no muni-cípio, sendo 35% desse total construídosna atual gestão municipal (13,1 quilôme-tros). Em dezembro começaram a fun-cionar as rotas Antônio Falcão, na ZonaSul, e a Inácio Monteiro, no Cordeiro.

    “É importante criar alternativas demobilidade de bicicletas. Esses inves-timentos estão sendo feitos com baseno Plano Diretor Cicloviário da Re-

    gião Metropolitana do Recife (PDC),

    feito em parceria com o Governo doEstado. O trabalho da prefeitura se-gue esse desenho de áreas ou rotasque são potencialmente interessantespara o uso de bikes. Essa mobiliza-ção mostra que não estamos focadosapenas no transporte de massa ou emobras viárias, mas incentivando no-vas atitudes da população recifenseno deslocamento na cidade”, afirmao secretário de Mobilidade e ControleUrbano do Recife, João Braga.

    A rota ciclável da Antônio Falcãopossui 1,7 quilômetro de extensão,tendo fluxo bidirecional. O percurso

    dessa estrutura vai da Avenida Mas-

     mobilidade

        I   r   a   n    d    i    S   o   u    z   a    /    P    C    R

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    M em b ro d a Inq uisiç ão relata "p ec ado s"na c apitania co m olesb ian ism o , feitiç aria e até a p rátic a d a leitu ra p o r m u lheres

     arruando pelo Recife e por Olinda

    No tempo doinquisidor (Parte 2)

    L eon a r do D a n t as S i lv a

    Naqueles anos finais do sé-culo 16 a próspera Vila deOlinda, sede da capitaniade Pernambuco, era habi-tada por uma sociedade onde havia

    uma grande ausência de mulheresbrancas, pois os portugueses em suagrande maioria deixavam suas mu-lheres legítimas em Portugal conti-nental, aventurando-se viajar sozi-nhos em busca da fortuna em terrasdo Novo Mundo.

    Aos olhos do visitador da Mesa daInquisição de Lisboa, Heitor Furtadode Mendoça (sic), chegado a Pernam-buco em setembro de 1593, vão sendodesnudados os pecados daquela po-pulação, sobretudo os cometidos naintimidade dos lares, na luz soturnadas alcovas, que davam lugar ao co-metimento usual do pecado da car-ne, representado pelas relações ex-traconjugais (responsáveis por umapopulação de filhos bastardos), pelaprática da poligamia, da sodomia(então chamada de pecado do nefan-do) e do lesbianismo; além da feitiça-ria e culto judaico.

    Com tamanha falta de mulheresbrancas, as jovens casavam logo na

    entrada da puberdade (com 12, 13 e

    14 anos), e logo se enchiam de filhos.Das oito filhas da judaizante BrancaDias e do seu marido Diogo Fernan-des, por exemplo, somente uma, pornão possuir o uso da razão (Beatriz

    Fernandes), permaneceu solteira. Omesmo acontece com as muitas filhasde Jerônimo de Albuquerque, cunha-do do donatário Duarte Coelho, na-turais e legítimas, que vieram a fazergrandes casamentos. Da lista de suadescendência aparecem genros damais alta estirpe: dois fidalgos e qua-tro portugueses bem-nascidos.

    A educação dos rapazes ficava acargo do Colégio dos Jesuítas e dosBeneditinos, enquanto as moças erameducadas por professores particularescomo Branca Dias e Bento Teixeira;este último autor da Prosopopea, queveio a ser o primeiro poeta a ter seunome impresso em letra de forma noBrasil (1601).

    Ao contrário dos séculos que seseguiram, as mulheres não viviam tãosegregadas, algumas delas chegavama passar “toda à tarde na sua janela esem trabalhar, à vista dos que passa-vam”; como Inês Fernandes, denun-ciada em 22 de novembro de 1593.

    Havia outras que praticavam, com

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    como Isabel Bezerra e Clara Fernan-des, que, na ausência dos maridos,“dormiam com quem lho pediam”.

    Nada escapava aos ouvidos do in-quisidor que, como seu poder supre-mo, ia devassando os mais recôndi-tos comportamentos mediante umacadeia interminável de confissões e

    denunciações dos residentes na lo-calidade intimados a comparecer àMesa Inquisitorial mediante ameaçasdos mais terríveis castigos.

    Assim surgiam casos de prática delesbianismo, como as de Clara Fer-nandes com a sua escrava (4.11.1593),assim como Maria Lucena, mulher deAntônio da Costa (6.11.1593) ou Ma-ria Rodrigues, que é flagrada por umvizinho em colóquio com a adoles-cente Ana “fazendo uma com a outracomo se fora homem com mulher”(10.11.1593).

    O sapateiro Lessa, “homem altode corpo e de uns bigodes grandes”que morava numa casa térrea próxi-ma ao Recolhimento da Conceição,era dado à prática da pedofilia, sendopor isso denunciado por um rapaz de15 anos, de nome João Batista, origi-nário da Ilha da Madeira, que em cer-ta tarde fora à sua oficina buscar umpar de chinelas, ocasião em que foiatacado pelo sapateiro que, à força,

    tirou-lhe o calção e tentou possuí-lo(27 de maio de 1594).Baltazar Lomba foi acusado por

    Francisco Barbosa de cometer pe-cado de sodomia com outros índiose com um negro de nome Acahuy.O denunciado é descrito como “umhomem solteiro, já velho de alguns50 anos que costuma coser, fiar eamassar como mulher” (12 de janeirode 1595).

    Os casos do cometimento do coitoanal (pecado nefando) torna-se fre-quente entre pessoas do sexo mascu-lino, não faltando, porém, a práticada sodomia entre casais, como a quereleva, em 9 de dezembro de 1594,Manuel Franco, 43 anos, com suamulher Ana de Seixas: “Está casadocom a dita mulher e que haverá ora 12anos e meio, pouco mais ou menos,que, uma noite, estando ele farto deceia e vinho, cometeu a dita sua mu-lher por detrás com o seu membroviril, entrou e penetrou dentro no

    vaso traseiro dela..”

    Eram comuns os casos de biga-mia, alguns deles chegando a noto-riedade, como o de Antônio do Valleque, sendo casado em Estremoz (Por-tugal), voltou a contrair núpcias noBrasil com a filha de Jerônimo Leitão,capitão e governador da capitania deSão Vicente (São Paulo).

    Outro bastante citado nos autos daInquisição em Pernambuco é a figurado rico mercador João Nunes Correia,“uma das maiores fortunas existen-tes em Pernambuco nos últimos anosdo século 16”; segundo José AntônioGonsalves de Mello, fora ele por duasdezenas de vezes denunciado à mesado Santo Ofício. Cristão-novo, nas-cido em Castro Daire, dizia modes-tamente “não ter ofício e viver nes-ta terra por sua fazenda limpamentecom quatro cavalos na estrebaria”.Dentre as muitas denúncias que oimputaram uma veio escandalizar osinquisidores, segundo o escrivão doSanto Ofício, correu o mundo “pelaboca de todos, altos e baixos, hon-rados e plebeus, religiosos, nobres emelhores da terra e toda a mais gentee o povo”,

    Em resumo o capitalista João Nu-nes vem a ser denunciado por umpedreiro, que estando a retelhar suacasa em Olinda, vira um crucifixo

    “no mesmo cômodo onde ele fa-zia suas necessidades corporais”. Oque na rua era motivo de boatos e defuxicos, chega oficialmente à mesado Santo Ofício através dos depoi-mentos dos irmãos Belchior e Joãoda Rosa, em 30 de outubro e 5 denovembro de 1593, que reiteram terJoão Nunes em sua casa, no mesmoaposento, um crucifixo “entre doisservidores vasos imundos em quefazia suas necessidades corporais”.Na mesma denúncia consta que oclérigo Manuel Dias “o qual alevan-tou a perna e deu um grande traquediante da imagem da Virgem de vul-to fermosa que está no altar”.

    João Nunes, coitado, tem contrasi uma verdadeira colmeia de ves-pas, e termina por ser enviado presoa Lisboa, onde vem a ser absolvidopela Inquisição que ainda criticamcom veemência o visitador HeitorFurtado de Mendoça, por sua con-duta arbitrária na Visitação que fez à

    Vila de Olinda.

    regularidade, o exercício da leitura,como Maria Álvares e Inês Fernandes,“que costumavam estar aos sábadosdeitadas numa rede lendo por livrossem fazer nenhum serviço”.

    Naquele mundo povoado de ma-gias, era comum a existência de feiti-ceiras, como Ana Jácome, denuncia-

    da em 29 de outubro de 1593, por serdado a feitiçarias “capazes de matar ascriancinhas recém-nascidas”. LianorMartins, a Salteadeira, é denunciada,em 22 de novembro do mesmo ano,por trazer consigo “um buço de loboe uma carta de Santo Erasmo, junta-mente com uma semente que ela comoutras suas amigas fora colher numanoite de São João, com um clérigorevestido, as quais coisas dizia fazerquerem bem os homens às mulheres”.

    Da imensa lista, não poderiam fal-tar as chamadas mulheres do mundo(prostitutas), que praticavam a maisantiga das profissões, como LianorFernandes e Maria Almeida, a Fla-menga, não faltando as que regular-mente eram flagradas em adultério,

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    O b o m h u m o re as c o r es d eF e r r e i r aCom incursões na música e no futebol,Ferreira achou na

    arte a melhor forma de expressar seu estilo descontraído

     arte

    Cláudia Santos

    N

    o final dos anos 60, o pai do jovem José Ferreira de Car-valho, estava muito doentee, preocupado com a vida

    boêmia do filho. Para incentivá-lo aesquecer o futebol e o violão, o enfer-mo sugeriu: “Por que você não pin-ta quadros?” Mesmo sem nunca tertido contado com as artes plásticas,Ferreira, para não contrariar o pai,resolveu aceitar o conselho. Foi des-sa forma, um tanto aleatória e des-compromissada, que Pernambuco e oBrasil ganharam um dos artistas maiscriativos e profícuos, autor da obraque ilustrou a capa de dezembro deAlgomais.

    “Eu tinha 17 anos, nem sabia ondecomprar as tintas”, relembra. Ferrei-ra lembra também da peraltice quefez para conseguir a primeira tela.Havia lido em livros que ela poderiaser feita com um tipo de tecido que,por acaso era o mesmo que fora con-feccionado o forro do vestido de noivade sua irmã, que ia se casar em breve.“Roubei um pedaço do pano. Quandominha irmã foi provar e viu que esta-va faltando uma parte foi uma confu-

    são”, conta, aos risos.

        F   o   t   o    :    J   e    d   s   o   n

        N   o    b   r   e    /    F   o    l    h   a    d   e    P   e   r   n   a   m    b   u   c   o

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    27 Algomais • J  ANEIRO /2016

    p r o p ô s q u e o p a g a -

    m e n t o f o s s e u m a v i a -

    g e m a E u r o p a . “ L á

    é q u e c o m e c e i a c o -

    n h e c e r o q u e e r a a r t e . E r a

    p a r a fi c a r u m m ê s , ac a b e i

    f i c a n d o s e i s n a c a s a d e

    u m a m i g o e m P a r is ”,

    r e l ata F e r r e i r a q uef r e q u e n t o u v á r i o s

    c u r s o s n a c a p i t a l

    f r a n c e s a .

    N o i n í c i o s u a

    p i n t u r a e x i b i a fo r t e s

    t r a ç o s d e u m a r t i s -

    t a p r i m i t iv o , m a s a o

    l o n g o d o t em p o , a s

    c ar ac te r í sti c as n aïf f o r am s e

    p l a s m a n d o n u m e s ti lo p r ó p r i o ,

    q u e m e s c l a m d o f ig u r a ti v o a o

    a b s t ra to . M a s s e m p e r d e r j a m a i s

    a a l e g r i a d a s c o r e s v i v a s , c o m o

    ate sta o ar ti sta Jo ão C â m ar a , ao

    c o m e n t a r o t r a b a l h o d o a m i -

    g o n o l i v r o Ferreira, redesco-

    brindo o paraíso. “O t ra ç o

    p r i n c i p a l d o t r a b a l h o d e

    F e r r e i r a é e s t a c a p a c i d a -

    d e d e m u t a ç ã o a l e g r e e

    d e c o r a t iv a . Q u e r o d i z e r

    c o m i ss o q u e s u a s p eç a s

    s ã o n a t u r al m e n t e b e m -

    - h u m o r a d a s . N ã o s e

    t r a t a d e u m a d e c o r a ç ã om i n i m a l i s ta , d e g o s t o

    r a c i o n a l e p e r s p e c t i v a a r -

    q u i t e tu r a l c o r r i g i d a , o u d e

    c o r e s e t o n s n e u t r o s . I s s o

    e n t e d i a r i a F e r r e i ra e q u e m

    s e i n t e r e s s a p e l a v i d a ” .

    N e s s e s 4 0 a n o s d e t r a -

    b a l h o a r t í s t i c o , F e r r e i r a

    p a s s o u p o r v á r i a s f a s e s . N a s

    sé r i e s Brincadeira de Criança   e

    Festas do Povo  r e t r a t o u o c o l o r i d o d a s

    p a i s a g e n s , d a s p e s s o a s e d a c u l t u r a

    p e r n a m b u c a n a . Já n a s ér i e Ferreira e

    os Mestres  e l e so l ta to d o o s e u h u m o r

    a o p a r o d i a r a s o b r a s f a m o s a s d e m i to s

    c o m o M a ti s s e , P i c a s s o , M a n e t , B a s -

    q u i a t e P o l lo c k , e n t r e o u t r o s , e m t el a s

    n a s q u a i s m u i t a s v e z e s n ã o s e fu r t a d e

    s e a u t o r r e t r a t ar n e l a s .

    M a i s r e c e n t em e n t e v e m p i n t an -

    d o t u d o o q u e a b a r c a o u n i v e r s o d o

    s e u a te l i ê. A l i á s a o fi c i n a d o a r t i s t a

    é u m a o b r a à p a r t e . S i t u a d a n o b a i r r o

    d o C a m p o G r a n d e, o n d e r es id e d e s -

    d e a i n f ân c i a , te m o m u r o c o b e r t o

    p e l o c o l o r i d o d e s u a a r t e q u e c h a m a

    a a t e n ç ã o d o s t r a n s e u n t e s . É l á q u e

    e le t r ab a l h a, s e m p r e n o r i tm o d e s u a

    d e s c o n t ra ç ã o , b o m h u m o r e d o g o s to

    p e l a b o e m i a q ue a p i n tur a n ão c o n se -

    g u i u f az ê - l o a b a n d o n a r . “ M u i ta s v e z e s

    a p a r ec e a q u i u m a m i go e , c l a ro , v a m o s

    t om a r u m a c e r v e ja ”, c o n f es s a .

    E s s e m e s m o b o m h u m o r é t r a n s -

    p o s t o p a r a s e u s q u a d r o s , s e m p r e

    c h e i o s d e c o r e s fo r t es e m o v i m e n to .

    V e r s a t i l i d a d e é o u t r a c a r a c t e r í s t i c a

    d e s s e a r t i s t a r e c i f e n s e , q u e j á t e v e

    c a r r e i r a p r o m i s s o r a n o f u t eb o l , t em

    t al en t o p a r a a m ú s i c a – é m e m b r o d a

    O r d e m d o s M ú s ic o s d o B r a si l – al ém

    d e s e r fo r m a d o e m a d m i n i s tr a ç ã o d ee m p r e s a s e te r t r a b a l h ad o 5 a n o s n a

    f áb r i c a d e r á d i o s e t el ev i s o r e s A B C .

    A s s i m c o m o n a a r t e , e l e é o q u e s e

    p o d e c h a m a r d e m u l t ia r t is t a, t r a b a -

    l h a c o m p i n t u r a , e s c u l t u r a, a r t es a -

    n a t o , c e r â m i c a , p o r c e l a n a e at é r o u -

    p a s ( fe z p i n t u r a s p a r a u m a c o l e ç ã o d a

    g r i f e P e o p l e ) .

    Q u e m d e s c o b r i u s e u t al en t o fo i o

    r a d i o lo g i s ta L u c i lo M a g al h ãe s , d u -

    r a n t e u m a v i s i t a à f ei r i n h a d e B o a

    V i a g em , o n d e F e r r ei r a c o m e ç o u a

    c o m e r c i a li z a r s u a s o b r a s . D e p r o n -

    t o e l e c o m b i n o u q u e c o m p r a r i a t o d a

    o b r a q u e F e r r e i r a c r i a s s e . “ T o d o f i n a l

    d e s e m a n a e n t r eg av a u m q u a d r o e e le

    m e p a g a v a ” , c o n t a o a r t i s ta .

    A té q u e u m d i a o m é d i c o q u i s a d -

    q u i r i r u m g r a n d e p a i n e l e F e r r e ir a

    UM MULTIARTISTA

    VERSÁTIL, FERREIRA TRABALHA COM PINTU

    RA, ESCULTURA, ARTESANATO, CERÃMICA,

    PORCELANA E ATÉ ROUPA

  • 8/19/2019 Revista Algo Mais-janeiro 2016

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    28   Algomais • J  ANEIRO /2016

    baião de tudog e r al d o @ s m f tg i .c o m . b rGeraldo Freire

    MISTÉRIOS DA MEGASENA

    Quando você joga uma aposta sim-ples da Mega- Sena tem uma chancede acertar em 50 milhões. Em per-centual,isso equivale a 0,0000 02%de possibilidade. Também significarepetir a mesma face da moeda 25vezes seguidas num jogo de “caraou coroa”. E mais: tem seisvezes mais probabilidadede morrer num acidente deavião e 12 vezes mais de serfulminado por um raio.

    O MOTIVO DA LAMBIDA

    O cachorro lambe para de-monstrar afeto. A vida do cãojá começa com uma lamb idada mãe. Daío animal começa arelacionar o ato ao sentimentode afeto. Quando o cachorrolambe sua mão está dizendo:

    “Eu gosto de você!” MAIS ÁGUA NO CHUVEIROChega ao mercado ainda este ano o chuveiroNebia. Ele consome menos 70% de água. Umbanho de cinco minutos, que gasta 48 litros,nele derramam apenas 14. O Nebia faz essemilagre através de um sistema que pulveriza aágua em forma de gotículas, aumentando emdez vezes a área de contato dela com o corpo.Essa belezura vai chegar custando US$ 399.

    O PREÇO DO BANDIDO

    Em Pernambuco, o custocom um preso é oito vezesmaior do que com um alunoda escola pública. O encar-cerado custa ao Estado R$3,5 mil ao mês.

    O CÉREBRO MORRE CEDO

    É verdade! Sob o aspecto neu-rológico,o cérebro humano co-meça a morrer aos 27 anos. Umadescoberta feita na Universi-dade de Virgínia, nos EstadosUnidos, mostra que ele atinge

    o auge aos 22 anos, fica estávelaté os 27, e a partir daí come-ça a desmoronar. Aos 30 anos,várias funções do cérebro já es-tão bem mais fracas. Do pontode vista evolutivo, o “trintão”já deveria ter se reproduzido ecompletado seu ciclo de vida.

    mailto:[email protected]:[email protected]

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    J oã o Albert o   joaoalberto@ smfttgi.com.br

    MARGARIDA CANTARELLI

    BRILHO FEMININO

    Margarida Cantarelli tem uma carreira marcada por su-

    cesso, em todos os espaços que ocupou. Como professora

    universitária, que nunca deixou de ser, como secretária

    da Casa Civil do Governo Marco Maciel, como desembar-

    gadora federal, como presidente do Instituto Histórico

    Geográfico de Pernambuco e da Associação dos Amigos

    do Porto e na Academia Pernambucana de Letras. Acaba

    de ser eleita presidente da instituição, que, com certeza,

    ganhará muito dinamismo sob seu comando.

    O DESAFIO DE JOAQUIM

    Recém-filiado ao PSDB, Joaquim Francisco assume a pre-

    sidência do Instituto Teotônio Vilela de Pernambuco. A

    propósito, ele renunciou à 1ª suplência do senador Hum-

    berto Costa, posto que agora é de Pompéia Pessoa, que era

    a 2ª suplente.

    DEMOCRATAS

    José Mendonça Filho foi reeleito presidente do DEM em

    Pernambuco, com mandato de três anos. E como líder do

    partido na Câmara dos Deputados vem tendo uma atuação

    das mais elogiadas, com grande inserção na mídia nacional.

    ENREDO

    O pernambucano Heitor Dhalia começa a selecionar o

    elenco para seu próximo filme, O d i r eto r , que vai ter como

    tema a relação entre um diretor de teatro polêmico e uma

     jovem atriz.

    NA ESLOVÁQUIA

    O secretário Sebastião Oliveira foi convidado pelo embai-

    xador Milan Cigáñ para visitar a Eslováquia e conhecer as

    técnicas utilizadas naquele país no desenvolvimento da

    malha rodoviária.

    MAGISTRADA

    A primeira-dama Ana Luíza Câmara, que é juíza, perma-

    nece atuando do TJPE, como coordenadora dos JuizadosEspeciais, mas sempre encontra uma forma de estar ao

    lado do governador em eventos importantes do Estado.

    PERFIL

    Miguel Arraes será o próximo homenageado do livro P e r f i l

    P a r l a m e n t a r  que a Assembleia Legislativa lança com per-

    sonalidades que fizeram história na casa e deixaram uma

    marca para o País. Já foram focalizados Agamenon Maga-

    lhães, Francisco Julião e Nilo Coelho e Eduardo Campos.

    JOAQUIM FRANCISCO

         J    u    a    r    e    z     V    e    n    t    u    r    a

    mailto:[email protected]:[email protected]

  • 8/19/2019 Revista Algo Mais-janeiro 2016

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    O que se

    comenta...

    ... por aí 

    QU E Olinda, Petrolina e Caruaru devem

    ter as mais di sputadas eleições munic ipaisdo próxi mo ano

    QU E dezenas de bares e restaur antes doRecife não resistiram à cri se e fecharamem 2014

    QU E nunca mais se falou no projeto deprivatização da BR - 232.

    QU E não tem mais data prevista a instala-ção do badalado hub da L atam no Nordes-te.

    QU E a abertura da Forever 21 foi o princi-pal acontecimento do comércio do Recifeno ano passado.

    GUERRA CONTRAA GORDURA LOCALIZADA

    Cláudia Magalhães,legenda da dermato-logia pernambucana,tem feito o maior su-cesso com os equi-pamentos que trouxedos Estados Unidospara o c ombate à gor-dura localizada e quetêm sido uma festapara muitos coluná-veis recifenses.

    DESEMPREGO

    Ipojuca foi a c idade do País que mais sofreu com o desemprego. E m12 meses, a cidade perdeu 28 mil v agas, o que representa 31% dapopulação do município.

    CLÁUDIA MAGALHÃES

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    memória pernambucana

    A u m a p r in c e s an e g r aAqualtune fundou o Quilombo dos Palmares, além de ser

    avó de Zumbi e mãe de Ganga Zumba

    Marcelo Alcoforado

    Nestes dias em que o pre-conceito racial insiste emcontrariar a razão, convêmalguns esclarecimentos.

    Para começar, diga- se que as etnias –ou raças, se você preferir – possuem

    características que as diferem graçasa fatores como a adaptação aos diver-sos ambientes onde os agrupam entoshumanos viviam.

    Já que os negros são os mais atin-gidos pela discriminação, pergunta-- se: você sabia que a etimologia dapalavra África significa algo comoensolarado...? É na luz solar que sepode entender o porquê da pele escu-ra. A pele branca é característica dosque vivem em ambientes onde o solé menos intenso, não significando,

    pois, que ser branco implique algumavantagem. Acontece que a pele clarafaculta sintetizar a vitamina D commenos claridade, enquanto as pes-soas de pele escura precisam de maissol para sintetizar a mesma quan-tidade da vitamina. Se fosse possí-vel transpor todos os brancos para aÁfr ica e todos os africanos para a Eu-ropa, os primeiros sofreriam o efeitodecorrente da insolação, enquanto osafricanos passariam a ter avitami nose

    D e suas consequências.

    Basicamente, então, está expla-nada a única função da pele clara. Éapenas uma adaptação evolutiva, nãohavendo nenhum motivo para al-guém se sentir superior pelo simplesfato de ser alvo e ter os olhos azuis.

    Ademais, como é sabido, viemos dehomens primitivos, negros, que mi-graram da África para a Ásia e a Eu-ropa. Então, a conclusão é lógica,praticamente não existe a decantadaraça pura. Aliás, a ideia do arianism o,glorificada por um maníaco racista,resultou na Segunda Guerra Mundialcom seus 85 mi lhões de mortos.

    Por que, então, o racismo? – você,com r azão, há de perguntar.

    Desde a Antiguidade, os povosguerreavam e os perdedores, não im-

    portava a cor da pele, se tornavam c a-tivos do vencedor. O preconceito erachauvinista e não racial, independen-temente da cor dos indiv íduos. O corr eque o desenvolvimento europeu trou-xe conquistas territoriais e culturais.Os louros de olhos azuis impunhamaos vencidos cultura, religião e tudoo mais, restando para os que não sesubmetiam a morte que, por sua vez,realimentava o racismo nos vencedo-res e nos submetidos. C om o Renasci-

    mento ocorreu o domíni o europeu em

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    todo o mundo, alegando ser uma raçasuperior, destinada por Deus e pelahistória a comandar o mundo e domi-nar as raças que não eram europeias,portanto inferiores.

    Assim, quando os conquistado-res portugueses chegaram à África,cristalizou-se a ideia da superioridade

    racial. Logo se intensificou o comérciode escravos que, naquela época, eraaceito como uma forma de aumentaro número de trabalhadores numa so-ciedade. Daí resultaram fatos de quenem Deus duvida. Um deles foi a tesede que, assim como os índios, escra-vos não eram seres humanos, e que,como animais, não tinham alma, sen-do justificada por Deus, pois, a sua ex-ploração para o trabalho e os suplíciosa que se submetiam.

    Daí ao entendimento de que osnegros eram uma raça inferior,

    não houve demora. A dis-criminação passava a ter

    base racial. Em sua ignorância, osconquistadores não sabiam que bran-cos, amarelos, índios, negros, tinhamtodos os mesmos ancestrais.

    Foi nesse cenário de obtusida-de que se destacou uma admirávelmulher negra que viria a ser mãe deGanga Zumba e avó materna de Zum-

    bi dos Palmares. Seu nome, Aqualtu-ne Ezgondidu Mahamud, uma prin-cesa do Congo, que liderara, em 1665,dez mil homens na Batalha de Mbwi-la, havida entre o Congo e Portugal.Derrotada, ela foi escravizada e trazi-da para o Brasil.

    Muito bonita, tão logo chegou aoporto do Recife Aqualtune foi vendidacomo escrava reprodutora a um fa-zendeiro especializado em gado que,ao saber da sua origem nobre, a entre-gou à escória dos homens da fazenda.

    Engravidada, ela foi revendidapara o engenho de Porto Calvo, ondeouviu falar de um tal Reino dos Pal-mares, criado por negros que, desde oprimeiro momento da escravidão noBrasil, haviam fugido para o interiore criado centros de resistência. Emtorno de 1606, um grupo de escravosconseguira se estabelecer nas monta-nhas de Pernambuco, e ali, na regiãoconhecida como Palmares, formaraum mocambo.

    O ideal de liberdade logo tomouforma. Surgiu na princesa negra avontade de fugir e se juntar ao povo dePalmares. Assim fez. Com um grupode escravos, destruiu a casa--grandee, em seguida, realizou uma bem--sucedida fuga para Palmares. Ao lon-go do caminho, mais escravos foramse somando ao grupo, registrando-seque com ela chegaram ao destino cercade 200 escravos. Logo sua origem realteria sido reconhecida, e ela passou aliderar o reino. Foi ali que ela fundou oQuilombo dos Palmares, e deu à luz adois filhos, ambos viriam a ser valoro-sos guerreiros, que também entrarampara a história: Ganga Zumba e GangaZona, conhecidos pela sua corageme liderança. Aqualtune também teveuma filha, Sabina, que mais tarde teveum menino chamado Zumbi, que anosdepois ficaria famoso como Zumbi dosPalmares, reconhecido como um dosmaiores líderes negros da história.

    Ganga Zumba e Ganga Zona se

    tornaram chefes de dois dos mais im-

    portantes mocambos de Palmares,um dos principais quilombos do pe-ríodo escravocrata, enquanto ela pas-sou a governar um território quilom-bola onde as tradições africanas erammantidas e cada mocambo organi-zava-se de acordo com suas própriasregras. Ali, os ex-escravos organiza-

    vam um Estado Negro abrangendopovoados distintos confederados soba direção suprema de um chefe, masem 1677 a aldeia de Aqualtune, que jáera idosa, foi queimada pelas expedi-ções coloniais.

    Não se sabe a data de morte daprincesa negra, mas os quilombolaspermaneceram lutando até serem fi-nalmente derrotados, em novembrode 1695, pelo bandeirante DomingosJorge Velho.

    De qualquer forma, seu final davida é controverso. Uns registramque ela teria morrido queimada navila onde vivia com outros idosos dacomunidade, enquanto outros asse-veram que, como ocorrera em Por-to Calvo, ela teria conseguido fugir.Houve também quem afirmasse queela simplesmente morrera de doençasda velhice.

    Há uma lenda segundo a qual osdeuses da África teriam tornado aguerreira imortal, um espírito ances-

    tral que conduziu seus guerreiros atéa queda definitiva do Quilombo dosPalmares.

    Seja qual seja a versão, o fato éque ela é lembrada em Pernambuco,e merecidamente cantada em verso,em prosa e, avalia-se, até no título deuma música de Jorge Ben Jor, chama-da Zumbi.

    Aqualtune foi um misto de prin-cesa e guerreira, um dos maiores sím-bolos de resistência e luta pela liber-dade negra, mãe de um dos maioreslíderes pela luta da liberdade negra,e avó de talvez o maior dos líderes daluta contra a escravidão.

    Lamentavelmente, contudo, mes-mo diante de tão eloquente exemplode dignidade, ainda há os que de for-ma irracional reavivam, sempre quepodem, o racismo. Aquatune, heroí-na do século 17, entrou para a histó-ria e 350 anos depois nela permaneceocupando um lugar de honra.

    E os racistas de ontem e de hoje,

    onde estão?

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    Quando me perguntam sobre as pers-pectivas econômicas para o País,digo que, se fosse parlamentar, pro-poria uma emenda para incluir naConstituição a obrigatoriedade de

    ocorrência de uma crise intensa, no máximo, acada 10 anos.

    Faço essa brincadeira porque, na prática,desde o Plano Real, em 1994, há mais de 20anos, portanto, que não vivemos uma crise tãoextensa e profunda, nem tão exigente para asempresas e famílias, como a atual. E, por con-ta disso mesmo, ocorreu uma espécie de “surfena bonança”. As pessoas, de um modo geral, seacostumaram a gerir os ambientes familiares eempresariais com o “vento a favor”, sem gran-des restrições externas. E isso, de certa forma,nos desacostumou da austeridade. O resultadofoi, com certeza, no âmbito empresarial, umcerto acúmulo de “gordura” que agora, na épo-ca das “vacas magras”, precisará ser revisto ereorientado.

    Esse é, certamente, se é que se pode dizer

    assim, o lado bom da crise: a necessidade de fa-zer mais com menos. De ser mais consequente,econômico e produtivo, seja do ponto de vistafamiliar seja, sobretudo, do ponto de vista em-presarial. Essa é a própria essência da produti-vidade: utilizar da melhor maneira possível osrecursos disponíveis (financeiros, humanos,materiais etc.), sem desperdício, procurandotirar-lhes o proveito máximo.

    Se conseguirmos fazer isso, a crise exercita-

    “Pensar magro” em 2016

    Consultor

    e arquiteto

    e requer pelo menos determinação, confiançae foco. Determinação para fazer o que precisaser feito, por mais exigente que seja; confiançana recuperação quando a crise passar, por maisdistante que pareça em determinados momen-

    tos; e foco naquilo que é essencial à sobrevivên-cia, por mais difícil que seja fazer as escolhascertas.

    É verdade que se trata de um esforço maisde natureza mental do que de qualquer outrotipo já que para fazer diferente é preciso pensardiferente. No caso, “pensar magro”. Em muitassituações, reaprender a “pensar magro”.

    É isso aí! Saúde, sucesso e boas decisões“magras” em 2016!

    [email protected]

    Esse é, certamente, se é quese pode dizer assim, o lado

    bom da crise: a necessidade

    de fazer mais com menos.

    rá o seu papel pedagógico e quando ela passar,todos estaremos mais enxutos, mais eficientes,menos perdulários, em suma, mais competi-tivos. Tanto individualmente quanto coletiva-mente já que o País também estará mais efi-ciente e com os pés mais assentados no chão.

    Com certeza, nada disso é fácil de executar

    FRANCISCO CUNHA

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    A N O S

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