revista ação social edição capoeira
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Revista voltada para projetos sociais que envolvem atividades esportivasTRANSCRIPT
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CapoeiraEdição
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Em entrevista ao jornalista Franklin Soares o Professor Macarrão foi perguntado qual a mensagem de incentivo ele daria para seus alunos e para mais quem deseje conhecer a arte da capoeira, ele respondeu em forma de música.
Sou capoeira, fui menino de ruaPois é seu moço,
hoje a vida continua
Quando eu era criançaEu era discriminadoMuita gente me dizia
Pra deixar capoeira de lado
Diziam que a capoeiraEra coisa pra maloqueiroQue eu tinha ir pra escola
Estudar pra ganhar muito dinheiro
Que tinha que ir pra escolaEstudar e ser formadoPara ter uma profissão
Ser doutor, engenheiro, advogado
Mais olha moço, para mim isso era besteira
Porque o que eu queria mesmoEra aprender a arte da capoeira
Mas o tempo foi passandoTudo só ficou pra trás
Hoje eu viajo o mundo inteiroMal de mim não falam mais
Não falam da capoeiraNão falam mal de ninguémPorque hoje eles já sabem o valor que capoeira tem.
Música Sou Capoeira (Mestre Barrão).
ESPAÇO MUSICAL
Efeito sobre foto de Júlia Medeiros
ÍNDICE
7
Profº Macarrão fala
sobre o Núcleo de
Capoeira Canidezinho.
entrevista
2A Capoeira através dos tempos
A Capoeira através dos tempos
história
13
Perfil do bailarino capoeiristA
Paulo Weslley
3 Capoeira
Maes apostam na Capoeira
para socializar filhos.
13 Artigo Berimbau, berimbau<
uma cabaça,arame,
um pedaço de pau.
11
O Molejo dos camaradas
Samba de roda.
12
A danças «dos» capoeira.
Maculelê.
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EDITORIAL
EXPEDIENTE
A Revista Acão Social é parte integrante da avaliação inicial ( AV1) do Curso de Jornalismo
Estácio‐Fic 2014.2‐ Disciplina Fotojornalismo Participaram: Franklin Soares, Francisco Lindomar,
Gleydson de Sousa, Julia Medeiros, Nádla Góes e Uerbet Santos sobe a coordenação técnica da Professora
de fotografia Fernanda Oliveira
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A FOTO DA CAPA
A MARCA
DESTAQUES
DESTA EDIÇÃ
O
Profº Macarrão fala sobre
seu Núcleo de Capoeira.
entrevista
história
A Capoeira que transformaMaes apostam na Capoeira
para socializar filhos.
Foto que ilustra essa edição inaugural da revista Ação Social foi Aproduzida no Estúdio de fotografia da Estacio‐Fic. É Uma obra coletiva da equipe. Produção: Franklin Soares, Francisco
Lindomar, Gleydson de Sousa e Nadia Góes. Quem assina o click é Júlia Monteiro. Todo o trabalho em estúdio desenvolvidos pelos alunos de jornalismo da Estácio foram supervisionados pela Professora Fernanda Oliveira. Assina a marca e o Projeto gráfico da Revista Uerbet Santos.
marca da Revista Ação Social segue uma tendência moderna Ade design onde a funcionalidade está presente. Sucita uma participação coletiva, grupal, onde diversas partes formam um
todo para assim atingir um objetivo. Segundo Uerbet Santos, idealizador da marca, ele foi concebida principalmente, com base nas letras iniciais das palavras Ação e Social (AS) que ligam tais palavras, formando um eloz entre as mesmas. ‘’O que parece um emaranhado de linhas quando esticadas formam uma ponte, um elo por onde trafega, livremente, sem ruídos, toda a comunicação do ato de fazer atividades voltadas para o social’’, comenta o publicitário.
revista Ação Social é uma Apublicação desenvolvida pelos alunos do curso de
Jornalismo da Estácio na disciplina Fotografia que tem como objetivo mostrar diversas atividades sociais transformadoras, principalmente as que envolvem esportes.
A equipe jornalísticas da Ação Social caiu em campo e foi explorar o universo lúdico da Capoeira.
Nas páginas a seguir você vai conhecer uma pouco mais da história da Capoeira e suas danças como samba de roda e maculelê.
Vai curtir uma entrevista exclusiva com Professor Macarrão o trabalho que ele desenvolve no Canindezinho.
Vai conhecer também um pouco mais da história do Bailarino capoeirista, Paulo Leslley.
Tudo isso e muito mais informação, arte, dança com o gingado e a manemolência «dos» Capoeira.Caia na roda e boa leitura!
Uerbet Santos (Editor)
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Foto: Equipe RAS
Equipe de Fotojornalistas da Revista Ação Social emself coletiva com a Associação Zumbi de Capoeira.
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A história de t
odos nós
Viva a Capoe
ira!
capoeira é uma arte
Agenuinamente brasileira.
Arte sim, por que resistiu
ao tempo e ao sofrimento de todo
um povo e, no final das contas,
conseguiu o que tanto desejava: A
liberdade! Vamos contar um
pouquinho desta h is tór ia ,
romanceá-la, por que é lindo de se
ver, de se ler e de escrever.
COMO NASCEU A CAPOEIRA.
Tudo começou há muito tempo
atrás, em uma época em que o
Brasil ainda não era o “Brasil”. A
capoeira surgiu dos negros
trazidos da Angola, em sua
grande maioria. Ela acontecia
para poder abafar um pouco o
sofrimento deste povo, que viviam
de felicidades, danças, rituais, o
que não eram aceitos pelos seus
senhores.
Embora tenham certeza que a
capoeira é uma luta brasileiríssima
há, ainda, muitas especulações sobre
sua origem. Por ter semelhanças com
alguns tipos de danças angolanas,
muitos consideram que foi trazida de
lá pelos mesmos negros que aqui
foram escravizados, e que por
q u e s t õ e s d e s o b r e v i v ê n c i a ,
continuaram e aperfeiçoaram esta
arte aqui. Não tem como saber
precisamente de onde veio, pois em
1890, logo após a assinatura da Lei
Áurea, o Ministro das finanças, Ruy
B a r b o s a , q u e i m o u to d o s o s
documentos relativos ao período da
escravidão, deixando assim um vasto
buraco na historia. PERSEGUIÇÃO
À época da escravidão a prática da
capoeira foi perseguida a ferro e
fogo. Porém, depois de passado este
período, a capoeira ainda continuou
a ser alvo de poderosos que
tentavam dar‐lhe um fim, impondo
leis à sua pratica.
CÓDIGO PENAL
O código penal de 1890, criado
durante o governo do Marechal
Deodoro da Fonseca, fazia
proibição à prática da capoeira
em todo território nacional e,
reforçado por decretos que
impunham penas severas aos
capoeiristas, este código só fez
aumentar o ódio às perseguições
de chefes de policia que tentavam
a todo custo fazer valer a lei
contra os capoeiristas.
A capoeira foi proibida no Brasil
de 1890 até 1937, quando Mestre
Bimba apresenta a dança, ao
então presidente, Getúlio Vargas.
Conta-se que Vargas ficou tão
impressionado com os ritmos,
movimentos e com a história da
capoeira que a elevou a esporte
nacional do Brasil.
aulo Weslley Barbosa Ferreira, Pbailarino há onze anos na companhia EDISCA (Escola de
Dança e Integração Social para Crianças e Adolescentes) e há quatro anos faz parte do núcleo de capoeira do Canidezinho, bairro de Fortaleza.
Com uma rotina de treinos puxada, dividida e regrada entre o balé e a capoeira e a escola, Paulo consegue, através da disciplina da capoeira, conciliar tudo isso em seu tempo.
Mais conhecido como Balé dentro da roda de capoeira, bate de frente com o preconceito, e não nega dizer a ninguém que é bailarino. Ele conta que “Na roda, todo mundo é amigo um do outro, é irmão, é família.
Então aprendi a levar na esportiva, porque sei que é tudo brincadeira, uma maneira bem divertida de demonstrar o carinho que temos um pelo outro.Somos uma família”
Por Francisco Lindomar
PERFIL ARTIGO OPINIÃO
BERIMBAU. UM INSTRUMENTO EM MOVIMENTO
eu primeiro contato com o Berimbau foi em São Luis do MMaranhão através do mestre Pato. Um exímio capoeirista. Ainda garoto, gostava de ver as rodas de
Capoeira no Laborart ( Um centro de formação e de manifestações de arte popular) onde o ritmo do jogo é comandado pelo toque do berimbau, acompanhado de um pandeiro, marcado pelas palmas e conduzido pelo solista que entoa os diferentes estilos musicais da capoeira, como o angola.
Enquanto espetáculo, o Jogo de angola é bonito de ver e praticar. Pois os movimentos dos capoeiristas são bem baixos e se alternam entre movimentos lentos e rápidos. É como o mestre Pato dizia: “ Capoeira de angola se joga é no chão”.
Mas quem conduziu meu olhar para as múltiplas possibilidades que o Berimbau possuía enquanto instrumento de percussão foi o músico maranhense Papete, considerado uma dos melhores percursionistas do mundo, do naipe de Nana Vasconcelos e Airton Moreira.
Assistir inúmeros shows de Papete. O mais marcante , (não lembro o ano), foi no lançamento do seu então Long Play, Bandeira de Aço. Onde, em uma das faixas, apresentadas no Teatro Arthur Azevedo, o multi instrumentista mostra todo o seu talento ao viajar pelos sons que um berimbau pode proporcionar. Até da beriba ele tirou acordes, para admiração e encantamento de todos.
Quem o conhece sabe o que estou falando, com um Berimbau na mão, Papete invoca todas as possibilidades rítmicas desse instrumento rústico feito da beriba (uma madeira muito comum na região Norte, daí seu nome. Nas rodas de capoeira lembro muito bem um refrão que era entoado “ Berimbau, berimbau, uma cabaça ,um arame e um pedaço de pau” ... E por ai vai...
A música percurssiva de Papete foi um divisor de águas na minha vida profissional. Enquanto diretor de criação de várias agencia por onde passei sempre que podia, ao criar a letra de um jingle, por exemplo, sempre busquei a musicalidade das palavras, as rimas ricas que não estão nas extremidades dos versos mais internamente como que um toque de berimbau, uma cabaça, um arame um pedaço de pau.
Uerbet Santos é Publicitário e Roteirista.
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Bailarino e capoeirista Weslley Barbosa.
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nome “capoeira” se
Orefere aos locais onde a
a r t e m a r c i a l e r a
praticada: grandes galpões e
campos chamados de capoeira
ou capoeirão. As músicas que
acompanham têm origem nos
rituais religiosos africanos que
são tocadas em instrumentos de
percussão e que motivam a ginga,
os saltos e a mobilidade dos
participantes.
Podemos citar na capoeira dois
grandes nomes: Mestre Bimba,
responsável pela, hoje chamada,
capoeira Regional, e o Mestre
Past inha, responsável pela
capoeira Angola.
CAPOEIRA REGIONALManoel dos Reis Machado, o Mestre
Bimba, nascido na Bahia e de origem
angolana, era um homem alto, forte e
valente. Nascido em 1900, 12 anos
após a abolição da escravidão no
Brasil, aprendeu a jogar capoeira nas
rodas clandestinas dos subúrbios de
Salvador, já que a dança era proibida
pelo Código Penal Brasileiro.
REFORMULAÇÃO DA CAPOEIRA
Para preservar a cultura africana,
Mestre Bimba teve a ideia de
reformular a capoeira. Para isso, em
1932, ele funda o Centro de Cultura
Física e Regional e inventa um novo
método de ensino que juntava
algumas técnicas do boxe com o jiu‐
jitsu, que começava a chegar ao
Brasil.
Além disso, retirou algumas
posições da capoeira africana e
criou um código de ética bastante
rigoroso que impedia a violência.
Para ampliar o sentido de paz do
novo estilo, instituiu o uniforme
branco, mudou as músicas e
vigiou de perto a vida de seus
alunos.
Para surpresa de muitos, vários
jovens de origem europeia
começaram a se interessar pelas
aulas do centro. Com a liberação
do esporte por Getúlio Vargas, as
mulheres começaram a entrar
nas rodas de capoeira também.
CAPOEIRA ANGOLA
Foi na atividade do ensino da
Capoei ra que Past inha se
distinguiu. Ao longo dos anos, a
c o m p e t ê n c i a m a i o r f o i
demonstrada no seu talento
como pensador sobre o jogo da
Capoeira e na capacidade de
comunicar-se. Os conceitos do
mestre Past inha formaram
seguidores em todo Brasil. A
originalidade do método de
ens ino , a p rá t i ca do jogo
enquanto expressão artística
formaram uma escola que
privilegia o trabalho físico e
mental para que o talento se
expanda em criatividade.
Viva mestre
BIMBA!
Z
MACULELÊ:
A DANÇA‘’DOS’’CAPOEIRA
‘’ Ô... boa noite prá quem é de boa noite
Ô... bom dia prá quem é de bom dia
A bênção meu papai a bênção
Maculelê é o rei da valentia’’.
A capoeira em geral, é vista como
luta e também como uma dança.
E uma das danças caracterizadas
é o maculelê, dança de forte
expressão. Uns dizem que foi
criada pelos negros africanos,
outros dizem que foi pelos índios
no Brasil; mas há quem diga que
essa manifestação folclórica
tenha a mistura dos dois.
PRICIPAIS CARACTERÍSTICAS
O maculelê tem como principal
característ ica a bat ida dos
“porretes”, um tipo de bastão feito
de madeira. Os jogos do maculelê
podem ser feitos com os porretes
ou com facões.
Na dança formam um jogo entre dois
capoeiristas, com coreografias
s e m e l h a n t e s a d o f r e v o
Pernambucano, devido aos saltos,
agachamentos, cruzadas de pernas e
movimentos dos braços.
Junto às canções a manifestação é acompanhada pelo forte batuque do a t a b a q u e , i n s t r u m e n t o d e percussão, utilizado em rodas de capoeira e em rituais religiosos. O maculelê também, pode‐ se dizer que seja um ritual. Antigamente os escravos usavam a roda do maculelê para extravasarem toda raiva que sentiam pelos feitores, por terem
sofrido maus tratos, eles diziam lutar
contra os horrores da escravidão.
De rostos pintados, saias de palha e
pés descalços, atualmente a dança
do maculelê é praticada para ser
admirada nas apresentações de
grupos de capoeira.
Por Nadla Góes
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Bailarino e capoeirista Weslley Barbosa mostrando sua habilidade corporal.
Dançarina de maculelê perplexa com a dança.
A alegria e a descontração é o principal ingrediente do maculelê.
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Viva mestre
PASTINHA!
Samba de rod
a:
molejo dos ca
maradas
estre Pastinha foi o
Mmaior propagador da
C a p o e i r a A n g o l a ,
modalidade "tradicional" do
esporte no Brasil. Em 1941,
fundou a primeira escola de
capoeira legalizada pelo governo
baiano, o Centro Esportivo de
Capoeira Angola (CECA), no
Largo do Pelourinho, na Bahia.
Hoje, o local que era a sede de
sua academia é um restaurante
do Senai.
Em 1966, integrou a comitiva
brasileira ao primeiro Festival
Mund ia l de Ar te Negra no
Senegal, e foi um dos destaques
do evento. Contra a violência, o
Mestre Pastinha transformou a
capoeira em arte.
samba de roda teve
Oinício por volta de 1860,
c o m o f o r m a d e
preservação da cultura dos
negros africanos escravizados no
Brasil. Tem uma forte influência na
Bahia onde fica evidente a cultura
d e s s e s n e g r o s .
Não só na Bahia como em todo o
mundo, as danças populares da
c a p o e i r a , r e t r a t a m
minuciosamente a vida daqueles
escravos, que usavam a roda de
capoeira para lutar e o samba
para absorver as energias de sua
essência africana, usava a dança
para cadenc iar o r i tmo da
escravidão naquela época.
“Eu vim aqui foi pra vadiar, eu
v i m a q u i f o i p r a v a d i a r.
Vadeia, vadeia, vou vadiando,
eu vim aqui foi pra vadiar...”
Em 1965, publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não‐violenta do jogo. Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, B o c a R i c a , C u r i ó , B o l a S e t e (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena at iv idade. Sua escola ganhou n o t o r i e d a d e c o m o t e m p o , frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972"Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoe i ra , mãe. E embaixo, o pensamento: Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu f im é i n c o n c e b í v e l a o m a i s s á b i o capoeirista”.
A HISTÓRIA DE MESTRE
BIMBA NA CAPOEIRA
Manoel dos Reis Machado, o
Mestre Bimba, nascido na Bahia
em 1900, 12 anos após a abolição
da escravidão no Brasil e de
origem angolana, era um homem
alto, forte e valente. Aprendeu a
j oga r capoe i ra nas rodas
clandestinas dos subúrbios de
Salvador, já que a dança era
proibida pelo Código Penal
Brasileiro.
Para preservar a cultura africana,
teve a ideia de reformular a
capoeira. Para isso, em 1932, ele
funda o Centro de Cultura Física e
Regional e inventa um novo
método de ensino que juntava
algumas técnicas do boxe com o
jiu-jitsu, que começava a chegar
ao Brasil.
‘’Foi dura a caminhada até aqui,
muitos anos se passaram,
muitas lutas e batalhas foram
t raçadas. A inda há mais
história a ser contada. Temos,
no sangue, a capoeira, a
negritude, uma alma que pede,
s e m p r e , p o r l i b e r d a d e !
Podemos voar quando os
nossos pés tocam o chão de
uma roça, onde a arte, a luta, a
musicalidade, a dança nos
envolve com a voz de quem
sempre quer mais. Salve a
capoeira de todos nós! Salve a
nossa voz!’’.
OS INSTRUMENTOS DO
SAMBA DE RODA
O samba de roda é uma cultura
trazida da África e se tornou uma
vadiação entre os capoeiristas,
nas canções traz a camaradagem
e sensualidade, fazendo com que
o casal que está sambando no
centro da roda entre numa
sintonia. A introdução fica por
conta da viola (berimbau com
som agudo), pandeiro e as
batucadas do atabaque. Os
instrumentos vão dando ênfase
ao ritmo do samba junto ao
cantador que inicia as cantigas,
seguido em coro pelo grupo a
dançar.
Os rapazes vão cortejando as
moças com o samba malandro e
as mesmas com o seu rebolado.
As moças usam a umbigada, que
seria também outra dança, mas
no samba de roda é onde as
moças trocam de lugar na hora de
irem sambar.
‘’Eu vim aqui foi pra vadiar,
eu vim aqui foi pra vadiar.
Vadeia, vadeia, vou vadiando,
eu vim aqui foi pra vadiar’’...
Por Nadla Góes
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Foto: Franklin Soares
O figurino das sais rodadas é outro componenteque faz do samba de roda um ritmo envolventee sedutor
Jovens e adolescentes de todas as idades se rendem ao ritmo da capoeira propagado pelo Mestre Pastinha
Foto: Gleydson de Sousa
(Por Júlia Medeiros)
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A CAPOEIRA QUE T
RANSFORMA
Já foi questã
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mas hoje, a c
apoeira é um
esporte que n
ão só recuper
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como também
dá sentido a
vida de muita
s pessoas
sada a princípio na África como uma cerimônia de disputa para escolher uma moça para se casar, e
Uposteriormente trazida para o Brasil pelos negros, que eram contrabandeados para trabalhar nas fazendas de
cana‐de‐açúcar, a capoeira passou a ser a forma que os negros tinham para se defender dos brancos. A luta
chegou a entrar no Código Penal Brasileiro e foi marginalizada por muito tempo.
Independente do estilo praticado, Regional ou Angola, a capoeira é mais que uma luta ou uma dança, como muitos pensam, e
passou a desenvolver um papel social, em que todos podem superar seus limites físicos e psicológicos. E hoje, o esporte
passou a ser um dos principais símbolos da cultura brasileira e está disseminada com núcleos em mais de 160 países, e em
todos os continentes.
NA SOCIEDADE
Em Fortaleza existem várias associações, dentre essas a Zumbi Capoeira, fundada pelo mestre Lula. A associação possui mais
de sete núcleos espalhados por Fortaleza e pelo interior do estado. Dentre esses, está o núcleo do bairro Canindezinho, na
capital cearense. O núcleo utiliza o espaço do pátio da escola Senador Osires Pontes e tem mudado a vida de algumas pessoas
na comunidade ao redor.
ENTREVISTA
AS: Você acredita que a capoeira salva vidas?
Por quê?
Macarrão: Sim, acredito! A capoeira salva vidas,
sim! Mas vai depender da pessoa. Se você não der a
abertura para que ela mude sua vida, ela não terá
essa força toda. Eu sou exemplo claro, pois minhas
amizades de infância, muitos hoje, já estão mortos,
outros estão no mundo do erro. E graças a Deus,
hoje estou aqui, pois se não fosse à capoeira, não
saberia o que seria da minha vida. Hoje eu poderia
estar matando, roubando, ou coisa parecida.
AS: Como vocês fazem para manter-se nessa
caminhada rumo ao exterior?
MACARRÃO: Muito treino, muita conversa
(papoeira), chateação, choro, confraternização,
vivencias. Pode usar todos os argumentos
existentes.
AS: Na visão de professor, como você se define?
MACARRÃO: Já fui um mau professor. Muitas das
vezes não soube ensinar. Não tratava bem os
alunos. Mas graças à experiência, a minha esposa.
Tornei-me um bom professor. Ainda não estou cem
por cento, porem estou evoluindo bem.
AS: Sabemos que a capoeira tem uma filosofia.
E qual a filosofia do núcleo Canindezinho?
MACARRÃO: Vamos por palavras: Lealdade,
honestidade, sinceridade, amizades. Todas as
coisas boas que possam acontecer. Isso que
mantém nosso núcleo unido.
AS: Você tem noção da importância do teu
trabalho na vida de seus alunos?
MACARRÃO: Sinceramente? Tenho! De todos eles,
eu tenho noção da minha importância. Eles não
sabem, mas eu sei. - quando eu falo com eles, vou
buscar tocar no problema, na ferida - esse laço
familiar que criamos, faz com que eu conheço-as
bem.
professor «mac
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Profº Macarrão comandando uma roda de Samba de roda
Para o Professor Macarrão (de costas) a capoeira é um espaço democrático
Foto: Francisco Lindomar,
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DONA ZEFINHA E AS
QUATRO FILHAS
Uma das histórias que mais
chamam a atenção é a da dona
Josefa Moraes, conhecida por
todos como, dona Zefinha. Ela
colocou as quatro filhas na
capoeira com o objetivo de que
aprendessem alguma luta, para
que se defendessem, caso fosse
preciso. Como dona Zefinha
estava sempre acompanhando
as filhas na capoeira, todos
insistiam para que a mesma
participasse.
“
Eu tinha vontade, mas tinha
medo. Até que um dia chamei o
“macarrão” e disse que queria
participar” disse ela. Assim como
muitos ali, a capoeirista disse que
o esporte é tudo na sua vida, e
indica o pra outras pessoas.
Continua na página 9
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p r o f e s s o r J a i r t o n
OHolanda, conhecido
c o m o M a c a r r ã o , é
formado em educação física e
começou a praticar capoeira com
1 3 a n o s , c o n f i r m a e s s a
importância: “É importante, mas
não está sendo importante”, se
referindo a falta de interesse de
muitas pessoas sobre o esporte.
E mais: “Não é apenas jogar as
pernas para alto... Isso aqui é uma
extensão da minha família...
Antes daqui eu não tinha vida, não
tinha nenhuma perspectiva”,
disse.
A INFLUÊNCIA DA CAPOEIRA
As histórias sobre a forma como a
capoeira influenciou, de alguma
forma, a vida dos praticantes
estão por todos os cantos. Um
desses exemplos é o de Valesca.
Ela revela que queria muito
praticar uma atividade física, mas
que não gostava de academia e
menos ainda de capoeira, que era
o que a mãe dela sempre insistia
pra que ela praticasse. “No
primeiro dia eu chorei muito, eu
não queria”, revela a jovem. Hoje
em dia ela fala pra quem quiser
ouvir, que não v ive sem a
capoeira, e que tem uma vida
mais saudável e um corpo mais
forte sem precisar de academia.
A CAPOEIRA QUE T
RANSFORMA
‘’Eu a chamav
a de estranh
a, mas agora
ela fala
com as pessoa
s e isso é mu
ito bom disse
a mãe’’.
le ibiane Frei tas, estava no treino
Gacompanhando a filha, Ariana, conhecida
como Luluzinha. Em conversa com a
Biane, como gosta de ser chamada, disse que foi pega
de surpresa quando a filha disse que queria participar
da capoeira. O motivo é que a mesma já era
apaixonada pela luta desde a adolescência. “A minha
mãe trancava a porta porque eu fugia pra ir ver roda de
capoeira”, revelou. Dona Biane, diz também que
percebeu mudanças na filha depois que a mesma
entrou no esporte, como o relacionamento com outras
pessoas e redução de peso. “Eu a chamava de
estranha, mas agora ela fala com as pessoas e isso é
muito bom” disse a mãe.
A CAPOEIRA ABRE NOVAS PERSPECTIVAS
A capoeira passou a ser uma saída para jovens que não
tem perspectivas ou oportunidades na comunidade. O
Canindezinho não conta com projetos governamentais,
que possam de alguma forma tirar crianças,
adolescentes e até adultos da ociosidade. O projeto
mais próximo segundo algumas mães é o CUCA
(Centro Urbano de Cultura e Arte) do bairro Mondubim.
E que o local ainda é muito distante para as crianças e
jovens irem sós.
Para participar da capoeira basta procurar um dos
núcleos de uma das associações espalhadas pelo
estado. A disciplina dos treinos é indispensável para
quem se interessa em participar da luta.
(Por Gleydson de Sousa)
Foto: Júlia Medeiros Foto: Júlia Medeiros
Na capoeira disciplina e repetição de movimentos fazem a diferença. Ariane ( esq.) foi pra capoeira por sua mãe queria que ela aprendesse uma forma defesa. Gostou e não larga o maculelê por nada nesse mundo.
Ariane ( esq.) e sua mae Biane ( dir.). Familia unida pela capoeira.
Uma característica marcante da capoeira é que aprendem a jogar e a tocar os instrumentos
Foto: Francisco Lindomar,
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Estácio do C
eará especia
lmente para
Projeto de r
evista acadêm
ica de codinom
e Ação Social.
ENTREVISTA
AS: Em que ano surgiu o núcleo Canindezinho?
Macarrão: Surgiu 25 de setembro de 98, no Centro
Comunitário do Canidezinho pelos capoeiristas Max,
William, Wesley, Ricardo e eu (Jairton Holanda).
comandados pelo mestre Amaral. Foi um momento de
turbulência, pois as rodas de capoeira eram no meio da
praça e não tínhamos atenção nenhuma.
AS: Durante todos esses anos de capoeira, o que
mais lhe marcou?
Macarrão: Foi ser professor precoce. Comecei
ministrar aula de corda azul e branca. Isso me trouxe
uma responsabilidade grande, pois meu mestre não
conseguia manter a turma do primeiro horário. Ele não
tinha ninguém para auxiliá-lo. Então foi me dado a
oportunidade de assumir uma das turmas na escola de
ensino fundamental e médio Júlia Alves. Isso ocorreu
no inicio dos anos 2000.
AS: Como você resume sua vida antes e depois
da capoeira?
Macarrão: «eu não tinha vida antes” (risadas) .Na
realidade, eu, não tinha perspectiva de vida, pois
conheci a capoeira muito “novinho”. Só tinha treze
anos. Eu queria ser jogador de futebol, como toda
criança. Cheguei a jogar em um clube por quatro
partidas. E justamente em um dos jogos, conheci a
capoeira. E após conhecer á arte da capoeira, passei
a levar como um eixo da minha vida. Hoje tudo que
conquistei foi através da capoeira. Sou formado em
educação física, tenho uma esposa, cheguei ao
exterior, realizei alguns dos meus sonhos. Todos
propiciados pela capoeira.
AS: O quê o núcleo Canindezinho representa para
você e para comunidade?
Macarrão: Quem vive no mundo da capoeira, sabe que
não é só jogar as pernas para o alto e depois dá o salve
e ir embora. O núcleo Canindezinho é uma extensão de
minha família. Dou carão, sou chato. Mas, trato como
filhos, irmãos. Independente de graduação, idade,
tamanho. Apesar de ter alunos que se encontram na
condição de pai de dois, três filhos.
Para comunidade, eu, vejo que não perceberam a
importância que a capoeira tem. As pessoas ainda
pensam que é só um jogo de capoeira. E não é! A
importância de um núcleo para o bairro é muito
importante, pois aqui na comunidade a capoeira
"brota". Porém, para a comunidade em si, não é muito
importante. A importância maior é para esses garotos
que aqui estão.
AS: Na sua visão, qual o pior momento que o
núcleo Canindezinho passou?
Macarrão: O pior momento foi quando mestra
Vanda. Minha mestra. Decidiu parar. A partir daí foi
deixado em minha responsabilidade o dever de
sustentar o núcleo. Nessa época não existia tantas
crianças, já era um grupo adulto e muitos saíram. Foi
um momento de recomeço. Apesar de já estar dando
aula, era muito difícil. Faltava experiência para
segurar um núcleo. Mas o mundo da capoeira da
muitas voltas e hoje somos um dos principais
núcleos da associação zumbi capoeira.
A S : O n d e v o c ê , j u n t o c o m o N ú c l e o
Canindezinho pretende chegar? (risadas)
Macarrão: Na realidade, já estamos chegando. É
um trabalho árduo, de (formiguinha) mesmo.
Queremos ser destaque em cenário mundial.
Continua na página 10
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Profº Macarrão acredita que o seu e o destino de seus alunos é percorrem o mundo divulgando as raízes culturais da arte brasileira através da Capoeira.