revista abranet14

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01 abranet.org.br setembro . 2015 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INTERNET abranet.org.br ano IV . edição 14 . setembro . 2015 A guarda de logs ainda gera muito debate e dúvidas entre os provedores de Internet, principalmente porque parâmetros essenciais para o cumprimento da lei ainda não foram definidos ECOSSISTEMA INTERNET GERA RECEITA E PRODUZ EMPREGOS Especialistas, provedores e agentes do governo concluíram na Conferência Regional Sul, realizada pela Abranet, em Curitiba, que os ISPs têm um papel crucial para o desenvolvimento da Internet, mas a reoneração da folha de pagamento vai impactar os planos NA ORDEM DO DIA

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A guarda de logs ainda gera muito debate e dúvidas entre os provedores de Internet, principalmente porque parâmetros essenciais para o cumprimento da lei ainda não foram definidos. Veja também: Estruturar a PLR pode não ser tão complexo; Empreender na TV paga exige planejamento; Ecossistema Internet gera receita e produz empregos; Acesso à rede ainda é o principal mercado; Com Simples e benefícios para construir novas redes.

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01abranet.org.br

setembro . 2015

associação brasileira de internet abranet.org.br ano IV . edição 14 . setembro . 2015

A guarda de logs ainda gera muito debate e dúvidas entre os provedores de Internet, principalmente porque parâmetros essenciais para o cumprimento da lei ainda não foram definidos

EcossistEma intErnEt gera receita e produz EmprEgosEspecialistas, provedores e agentes do governo concluíram na Conferência Regional Sul, realizada pela Abranet, em Curitiba, que os ISPs têm um papel crucial para o desenvolvimento da Internet, mas a reoneração da folha de pagamento vai impactar os planos

NA ordem do dIA

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editorialEduardo ParajoPresidente da Abranet

Mãos à obra

Na ocasião, apresentamos uma pesquisa que mostra a força do nosso segmento na região. Para se ter uma ideia, o faturamento das empresas do Sul subiu de R$ 17,5 bilhões, em 2012, para R$ 22,3 bilhões no ano passado – um crescimento significativo de 27,5%. Nesse período, elas passaram a representar 15,5% das receitas do segmento no País, geraram 16% dos novos postos de trabalho e fecharam o período pagando salários maiores que a média nacional.

Apesar de celebrar esses resultados e os números da pesquisa nacional, que foi tema da revista anterior, temos um motivo de preocupação. A mudança na política de desoneração da folha de pagamento levará o segmento de provedores de Internet a ter um segundo semestre difícil.

O aumento das alíquotas incidentes sobre a receita bruta das empresas de tecnologia, passando dos atuais 2% para 4,5%, implicará crescimento dos custos, e o impacto no emprego será praticamente imediato. Em outras palavras, essa medida deve gerar demissões ainda em 2015. À época da desoneração, houve uma formalização maior na carteira de clientes. Agora, a expectativa é de um retrocesso.

Esta edição da revista Abranet trata de um tema que está na agenda de todos os provedores de Internet: a guarda de logs. Há muitas dúvidas, principalmente porque parâmetros essenciais ainda não foram definidos no regulamento que deveria ter se seguido ao Marco Civil da Internet, promulgado há quase um ano e meio.

As dúvidas abrangem, por exemplo, quais tipos de dados guardar, o formato do armazenamento e a quem entregar. Além disso, um projeto de lei aprovado pelo Senado, mas ainda em tramitação na Câmara, pretende estender o prazo da guarda de um para três anos. De qualquer modo, o provedor de conexão precisa ter em mente que não cabe a ele nem a responsabilidade, nem a obrigação de identificar os usuários, e muito menos o conteúdo.

Entre outros assuntos, abordamos a obrigatoriedade de estruturar um plano de participação nos lucros e resultados. Se num primeiro momento isto parece afetar as operações das empresas, a médio prazo motiva os funcionários e pode contribuir para um desempenho melhor.

Comentamos também a atuação dos provedores no mercado dos serviços de TV paga, cuja oferta exige um profundo estudo prévio, considerando-se que a operação é muito mais complexa quando comparada à de banda larga.

Trazemos ainda os dados de uma outra pesquisa, a TIC Provedores 2014, feita pelo Cetic.br, que traça um retrato das empresas de provimento de acesso à Internet no País. O levantamento foi realizado entre setembro de 2013 e outubro de 2014 e contou com o apoio das principais associações do segmento, entre elas, a Abranet.

Tenham todos uma boa leitura!

No início de setembro, tivemos a grande

satisfação de realizar, pela primeira vez,

uma conferência na região Sul do País,

mais precisamente em Curitiba.

Consideramos que o evento foi muito

positivo. Durante dois dias, abrigamos

debates relevantes para os provedores

de Internet e também para toda a cadeia

produtiva da Internet, incluindo startups.

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04abranet.org.brsetembro . 2015

ÍNdiCe

consElHo EditorialEduardo Parajo

[email protected]

José Janone [email protected]

Eduardo [email protected]

gErÊncia ExEcutiVaRoseli Ruiz Vazquez

[email protected]

proJEto, produção E EdiçãoEditora Convergência Digital

[email protected]: 011-3045-3481

dirEção Editorial

Ana Paula [email protected]

Luiz [email protected]

Editora-cHEFE

Ana Paula [email protected]

Edição

Bia [email protected]

rEportagEm / rEdação

Roberta [email protected]

Edição dE artE E diagramação

Pedro [email protected]

imprEssão

Gráfica Pigma

Rua da Quitanda, 96 / Cj.31 - Centro - São Paulo / SP CEP: 01012-010 Fone: (11) 3078-3866

www.abranet.org.br

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Youtube.com/AbranetBrasil

Empreender na TV paga exige planejamento. Ser bem-sucedido neste mercado signifi ca planejar a oferta e conhecer a demanda.

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12 | SerViÇoS

Um novo modelo de negócios. Organização sem fi ns lucrativos elege o Brasil como prioridade e quer fi rmar parcerias com provedores. Por Vanda Scartezini

30 | oPiNiÃo

Já montou seu plano de PLR? Estruturar a PLR pode não ser tão complexo como se pensa e traz benefícios para os negócios.

10 | GeStÃo

06 | CaPa

NA ordem do dIA A guarda de logs ainda gera muito debate e dúvidas entre os provedores de Internet, principalmente porque parâmetros essenciais para o cumprimento da lei ainda não foram defi nidos.

Um provedor que vai atuar em faixas não licenciadas precisa obter uma licença de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) na Anatel?

05 | aBraNet reSPoNde

Ecossistema Internet gera receita e produz empregos. Pela primeira vez, a Abranet realizou uma conferência na região Sul do país. O evento, que aconteceu nos dias 1 e 2 de setembro, em Curitiba (PR), reuniu provedores, especialistas e agentes do governo. O impacto da reoneração da folha de pagamento foi um dos destaques.

16 | eSPeCial . CoNFerÊNCia reGioNal SUl

Protagonismo brasileiro. Professor da EACH – USP, José Carlos Vaz comenta a liderança do Brasil nos debates sobre a governança da Internet.

20 | eNtreViSta

Acesso à rede ainda é o principal mercado. Confi ra os resultados da Pesquisa TIC Provedores 2014, realizada pelo Cetic.br.

22 | MerCado

Com Simples e benefícios para construir novas redes. Minicom negocia com a área econômica a criação de um fundo de investimento para permitir aos provedores de Internet aderentes ao Simples receberem benefícios fi scais para a construção de novas redes.

24 | triBUtaÇÃo

Tráfego dos PTTs ultrapassa 1 Tbps no Brasil. VoD corresponde a 36% do tempo gasto com vídeo no Brasil. Banda larga está em 37,88% dos domicílios. PL no Senado intervém no compartilhamento de postes. Lei altera forma de recolhimento de carga tributária. Instituições unem-se para destinar R$ 20 milhões a pesquisas sobre a Internet.

26 | CoNeXÃo

Youtube.com/AbranetBrasil

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Serviço gratuito da Abranet destinado aos Provedores de Internet, associados

ou não, que desejam vender ou comprar equipamentos. o objetivo é fomentar

um canal de negociação. Saiba mais em http://classificados.abranet.org.br

aBraNet reSPoNdeTem uma dúvida? Quer que um especialista da associação brasileira de Internet responda? Escreva para o abranet responde. o e-mail é [email protected]

IsP EM FaIXa Não LICENCIaDa PrECIsa DE sCM

O diretor-geral da Matarazzo & Associados, Edmun-do Matarazzo, observa que, no Brasil, a atividade de oferta de conectividade para uso da Internet é tratada como serviço de valor adicionado e não requer qualquer tipo de licença. “Entretanto, a interligação de usuários ao data center que provê a conectividade é um serviço de telecomunicações, e este exige uma licença prévia para sua prestação”, explica Matarazzo.

Todo uso de espectro é estabelecido por normas es-pecíficas, pois ele é considerado um recurso escasso e de propriedade do Estado. “Entre as regras vigentes, há um conjunto de frequências denominadas não licencia-das e que se destinavam originalmente ao uso em dis-tâncias muito curtas, dentro de domicílios para controle remoto e mais recentemente em redes Wi-Fi”, comenta.

Essas frequências ganharam a possibilidade de utili-zação externa e, sob determinadas condições, não preci-

sam de licença prévia. Mas, “para oferecer a interligação de usuários ao data center e a conectividade para uso de Internet, são necessárias licenças prévias de serviço de telecomunicações e de uso de espectro, no caso de uso de outras frequências que não as destinadas a Wi-Fi.”

A cobrança, diz ele, envolve dois valores: um pelo serviço de telecomunicações e outro pela conectivida-de, com implicações tributárias distintas. Um ponto importante que os provedores de Internet precisam ter em mente é que os serviços de telecomunicações estão sujeitos ao ICMS.

Matarazzo também observa que, frequentemente, existe uma confusão entre licença para uso de espec-tro (frequências em geral) e licença para prestação de serviços de telecomunicações. É preciso que os provedores de Internet fiquem atentos para atender às regras perfeitamente.

Um provedor que vai atuar em faixas não licenciadas, como as de 2,4 GHz e 5,8 GHz, precisa obter uma licença de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) na Anatel?

classiFicadosabranEt

Serviço gratuito da Abranet destinado aos Provedores de Internet, associados

ou não, que desejam vender ou comprar equipamentos. o objetivo é fomentar

um canal de negociação. Saiba mais em

classiFicados

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A GUARDA DE LOGs ainda gera muito debate e dúvidas entre os provedores de Internet, principalmente porque parâmetros essenciais para o cumprimento da lei ainda não foram definidos

DESDE A PROMULGAÇÃO do Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965), em abril do ano passado, questões relaciona-das à guarda de logs têm preocupado empresas provedo-ras de conexão à Internet. As dúvidas decorrem, principal-mente, da falta de parâmetros essenciais, como o formato do armazenamento, que ainda não foram defi nidos no re-gulamento. Enquanto isto, ISPs têm adotado estratégias diferentes para cumprir a lei.

O Marco Civil da Internet estabelece que “cabe ao ad-ministrador de sistema autônomo respectivo o dever de manter os registros de conexão, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de 1 (um) ano.”

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CaPa Roberta Prescott

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Já o provedor de aplicações de Internet deve manter os registros de acesso, nas mesmas condições, durante seis meses. Em ambos os casos, essa guarda precisa ser feita “nos termos do regulamento”.

Deve-se ter claro que não cabe ao provedor de conexão à Internet nem a responsabilidade, nem a obrigação de iden-tifi car os usuários. A lei descreve registro de conexão como “o conjunto de informações referentes à data e hora de iní-cio e término de uma conexão à Internet, sua duração e o endereço IP utilizado pelo terminal para o envio e recebi-mento de pacotes de dados.” Ou seja, não se trata de dados cadastrais, como qualifi cação, fi liação ou endereços, e nem

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de informações pessoais.No caso das aplicações,

o Marco Civil descreve-as como “o conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um terminal conectado à Internet.” Assim, os registros de acesso são as informações referentes à data e hora de uso de uma determinada aplicação de Internet a partir de um determinado endereço IP.

Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br, faz uma analogia bastante simples para ilustrar o tipo de dado que o Marco Civil da Internet determina arma-

zenar: é a placa do carro, com a qual você identifica o

veículo, mas não sabe quem está diri-gindo. É preciso ficar claro que qualquer informa-ção além dos dados técnicos não cabe ao provedor

nem saber e muito menos identificar. “Não se pode exigir do provedor identificar o usuário”, afirma.

QuEstõEs Em abErtoAté que se publique o regulamento, que ditará

as regras quanto às “medidas e os procedimentos de segurança e de sigilo” e ao ambiente controla-

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do, o Marco Civil da Internet é tido como uma lei de efi cá-cia contida. Justamente por esta brecha, alguns advogados sustentam que ainda não existe a obrigação de guardar os logs, uma vez que não está explícito como o armazena-mento deve ser feito.

De acordo com Carol Conway, diretora do Conselho Jurídico da Abranet, já houve, inclusive, uma decisão do Tribunal de Justiça, em ação movida contra um provedor de aplicações, sobre a não obrigação legal de manuten-ção dos logs enquanto o regulamento não for editado. Não há também jurisprudência ou decisões que tenham consolidado os entendimentos sobre o Marco Civil da Internet, uma vez que a lei tem pouco mais de um ano.

No entanto, a recomendação para os ISPs tem sido armazenar os logs, atentando-se ao fato de que o Mar-co Civil da Internet veda que o provedor de conexão guarde logs de terceiros. “Nunca se falou em guardar conteúdo, como e-mail. Isto seria apenas com ordem judicial. É igual a grampo telefônico”, compara Gets-chko. Na visão do especialista, IP e hora não são infor-mações que violem privacidade de ninguém.

“A meu ver, o mais seguro para uma empresa seria não guardar esses dados caso eles não sejam efetivamente essenciais para a prestação dos seus serviços, sejam eles

de conexão ou de aplicações online”, diz Paulo Rená, diretor do Instituto Beta Para Internet e Democracia (Ibi-dem). A orientação, caso haja necessidade de guardar, é comunicar aos clientes sobre a guarda, especifi cando a fi nalidade e detalhando como os dados são coletados e tratados de maneira geral. “Havendo a guarda, além de observar o que for informado aos clientes, a empresa deve resguardar sempre o sigilo desses dados.”

Outra questão que tem gerado bastante discussão é como fica a guarda de logs para quem faz uso do CG-NAT. A definição de registro de conexão na lei não abrange a porta de origem. No entanto, a adoção do compartilhamento de endereços IPv4 públicos via a implantação de plataformas CG-NAT permite que vá-rios usuários acessem a Internet por meio de um mes-mo endereço. O método dificulta a identificação do usuário. “O NAT é um puxadinho; por isto, a lei não tratou dele, porque não é perpétuo. Se o Brasil tives-se IPv6, não precisaria dividir porta”, salienta Carol Conway, da Abranet. Para Demi Getschko, do NIC.br, se o provedor tiver condições, é melhor guardar tanto o IP quanto a porta de origem.

No regulamento, além da guarda, outro ponto im-portante é formatar como será feita a disponibilização

para EntEndErQuando se trata de guarda de logs, as

informações requisitadas são os logs de acesso, como data, hora, IP e login do usuário. Ou seja, formas que ajudam a identificar os usuários em um determinado momento. Não se trata, contudo, de guardar conteúdo ou o que o usuário fez na Internet.

A lei determina a guarda de logs, mas apenas o regulamento – ainda a ser publicado – dirá como ela deve ser feita. Assim, não é possível precisar com exatidão o que se imagina que seja ambiente controlado e de segurança, conforme apontado na lei.

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dos logs. Necessita-se de um manual para não ferir direitos do usuário e de terceiros. Como forma de dar segurança jurídica à relação estabelecida entre prove-dores e usuários, a Abranet fez algumas considerações sobre o assunto ao Ministério da Justiça. Entre elas, apontou que a disponibilização das informações so-licitadas por ordem judicial deverá ser feita em prazo razoável e por meio eletrônico.

A quem se deve entregar os dados também tem pro-vocado debates. Pela regra geral, explica Carol Conway, os provedores de Internet devem obedecer à ordem do juiz, isto é, mostrar a quem o magistrado determinar. As autoridades podem solicitar a guarda dos registros por prazo superior ao previsto no Marco Civil, mas em qual-quer caso devem obter ordem judicial. Sem ela, somente dados cadastrais podem ser acessados pelas autoridades. E o entendimento do Conselho Jurídico da Abranet é que o acesso aos dados cadastrais dos usuários somente pode ocorrer nas hipóteses expressamente previstas na Lei n.º 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas) ou na Lei n.º 9.613/1998 (Lei da Lavagem de Dinheiro, tal como reformada pela Lei n.º 12.683/2012).

Paulo Rená, do Ibidem, acrescenta que o acesso a banco de dados apenas pode acontecer por meio de uma

ordem judicial devidamente particularizada. “Se a em-presa facilita o acesso para a polícia, por exemplo, ou para outras empresas, ela estará violando o que já está assegurado pelo Marco Civil”, ressalta.

prazo Ainda que o Marco Civil da Internet determine a guar-

da dos logs por um ano, no caso dos registros de conexão, e por seis meses para os registros de acesso a aplicações de Internet, um projeto de lei aprovado pelo Senado quer estender o prazo para três anos.

Em julho, o Senado aprovou o PLS 494/2008, de inicia-tiva da CPI da Pedofi lia, que estabelece que provedores de Internet e empresas de telecomunicações situados no Brasil devem manter dados cadastrais e de conexão de seus usuá-rios por pelo menos três anos. Já os fornecedores de serviço de conteúdo ou interativo, como operadoras de redes so-ciais, fi cam obrigados a armazenar os dados por seis meses.

O projeto está na Câmara para ser votado. Carol Conway, da Abranet, diz que os provedores de Inter-net não precisam se preocupar neste momento com o projeto de lei. O PL agora está indo para a Câmara e se aprovado – caso seja alterado, volta ao Senado – segue para a sanção presidencial.

O Marco Civil estabelece que “as medidas e os procedimentos de segurança e de sigilo devem ser informados pelo responsável pela provisão de serviços de forma clara e atender a padrões definidos em regulamento, respeitado seu direito de confidencialidade quanto a segredos empresariais.”

Na prática, os provedores estão buscando um sistema adequado para os logs de conexão e a guarda dos dados. Para evitar erros, a orientação é

ficar atento ao horário do servidor de autenticação, além de verificar rotineiramente se os logs estão sendo gerados e armazenados.

De acordo com especialistas, o custo desse armazenamento é marginal e não deve comprometer as finanças dos provedores de Internet, uma vez que a maioria dos equipamentos faz a função automaticamente. A principal discussão não é o prazo, mas o que está sendo guardado.

Data Login IP17/08/2015 21:44:33 [email protected] XXX.XXX.XXX.XXX

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A PARTIR DESTE ANO, em decorrência da convenção coletiva 2015 fi rmada entre o Sindicato de Empre-sas de Internet do Estado de São Paulo (Seinesp) e os trabalhadores, as empresas com mais de 60 empregados passam a ser obrigadas a ter um pla-no de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que inclusive deve ser protocolado no Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas e Cursos de In-formática do Estado de São Paulo (Sindiesp). Até o ano passado, este limite era de cem empregados. A mesma obrigatoriedade existe em outros locais, va-riando apenas o número de funcionários a partir do qual isto é exigido. Tal mudança terá impacto em muitos provedores de Internet, mas, apesar de pare-cer complicado em um primeiro momento, ter um programa de PLR motiva os funcionários e pode contribuir para o crescimento das empresas.

Os empresários precisam ficar atentos na elabo-ração do plano de PLR. De acordo com Mateus de Oliveira Silva, diretor da RH Plus Cia. da Remu-neração, “muitos pensam que o fato de se aplicar a PLR vai se transformar em direito adquirido, mas não funciona sob esta ótica.” O especialista minis-trou a palestra “PLR - Participação nos Lucros e Resultados: Estratégias para implantação de um modelo eficaz” no Seinesp, em agosto.

Uma de suas principais recomendações para a elaboração do plano é que este precisa ser na base

do “ganha-ganha”. Deve-se também saber adequar a remuneração integrada ao contexto do negócio, visto que ela impacta diretamente na formação de preços. “Acho que o maior problema é a visão pe-quena do empresário em não querer distribuir uma parcela de seu lucro com quem o ajuda a ter este lucro. Aí não funciona mesmo”, frisa.

montando o planoAntes de estruturar a PLR, a empresa deve ter

muito claro e bem definido o seu plano de cargos e salários (PCS). Outro ponto importante é fazer, ao longo do ano, uma provisão para o pagamento. Oliveira Silva explica que, pensando em uma PLR com temporalidade anual, a empresa deve provi-sionar 8,33% de uma folha, caso o potencial de pa-gamento seja igual a um salário, considerando que tenham sido alcançados os resultados esperados.

Praticamente não existem diferenças no proces-so de criação de um plano de PLR para empresas de pequeno, médio e grande portes. O que muda, nor-malmente, é a cultura empresarial, já que as maio-res são mais estruturadas e preveem programas de remuneração variável.

Mas isto de forma alguma impede ou dificulta as pequenas empresas na estruturação da PLR. Para o especialista, a vantagem para as grandes empre-sas é que elas costumam ter mais facilidade para

JÁ MontoU seU Plano de Plr?Empresas paulistas com mais de 60 empregados agora precisam ter um plano de participação nos lucros e resultados. Estruturar a PLR pode não ser tão complexo como se pensa e traz benefícios para os negócios

GeStÃo Roberta Prescott

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“A Lei determina que a empresa tenha um programa de PLR com critérios técnicos bem defi nidos, que possam ser facilmente identifi cados e os resultados, apurados. A Lei não manda abrir balanços, livros fi scais, nada disto”matEus dE oliVEira silVa | diretor da rH Plus Cia. da remuneração

apurar indicadores. Geralmente, possuem algum sistema de apuração de metas – ou balanced sco-recard (BSC), em inglês –, que se integra a progra-mas de remuneração variável, a exemplo da PLR.

Há, contudo, um ponto crucial em todo o pro-cesso. Algumas empresas resistem em abrir seus números para os funcionários, sem saber que não é obrigatório divulgar o faturamento. “A Lei deter-mina que a empresa tenha um programa de PLR com critérios técnicos bem definidos, que possam ser facilmente identificados e os resultados, apura-dos. A Lei não manda abrir balanços, livros fiscais, nada disto”, diz o especialista.

As empresas que adotam sistema de gestão de pessoas baseado no desempenho dos colabora-dores, por meio da PLR, tendem a obter lucros maiores, indicadores financeiros saudáveis e mais estáveis, rendimentos individuais expressi-

A sigla PLR significa participação nos lucros e resultados. De acordo com o diretor da RH Plus Cia. da Remuneração, Mateus de Oliveira Silva, desde a época de Getúlio Vargas a PLR estava na legislação brasileira, mas nunca chegou a ser aplicada de fato. “Isoladamente, algumas empresas tomavam esta iniciativa em prol de seus colaboradores”, conta.

Isto mudou a partir de 1994, quando foi instituída uma Medida Provisória que, inicialmente, regulamentava os critérios de concessão da PLR e isentava as empresas de pagamento de encargos sobre o valor distribuído. Posteriormente, a Medida Provisória foi transformada em lei (Lei 10.101, de 19 de dezembro de 2000). “Nota-se que desde 1994 foi crescente o número de empresas que passaram a adotar a PLR como instrumento de motivação de seus colaboradores”, conclui o especialista.

Entenda o que é plr

vos, produtividade acima da média e maior faci-lidade de captação de recursos humanos qualifi-cados junto ao mercado.

“Um programa de PLR precisa ter sempre seu foco a médio e longo prazos. A curto prazo, só faz efeito para o colaborador. O segredo é pensar em in-dicadores e resultados de médio para longo prazo, ainda que se tenha de fazer pagamentos no curto pra-zo, se houver resultados”, ensina Oliveira Silva.

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SerViÇoS Roberta Prescott

PROVEDORES DE ACESSO À INTERNET de diversas regiões do Brasil têm fl ertado com a opção de incluir em seu portfólio o fornecimento de televisão por as-sinatura. De fato, quem empreende nesse segmento diz que a oferta desses serviços ajuda a fi delizar os clientes. No entanto, é preciso estudar muito bem antes de entrar no mercado de TV paga, principal-mente porque a operação é muito mais complexa quando comparada à de banda larga.

Com a Lei do SeAC (Serviço de Acesso Condi-cionado), os provedores de Internet ficaram aptos a fornecer serviços de TV por assinatura. Projeções do mercado dão conta que, em 2014, os provedores investiram cerca de R$ 3 bilhões na construção de novas redes com o intuito de agregar novos serviços aos seus clientes e, em consequência, aumentar a receita. Mas o caminho para se alcançar esses objetivos passa pela elaboração de um plano de negócios detalhado.

“A TV paga fideliza o cliente da banda larga porque é um serviço complementar, e o churn diminui muito. Mas o custo de programação é

Ao mesmo tempo que ajuda a fi delizar clientes, o serviço de TV paga impõe desafi os aos provedores de Internet. SER BEM-SUCEDIDO NESTE MERCADO SIGNIFICA PLANEJAR A OFERTA E CONHECER A DEMANDA

eMPreender na tV PaGa eXiGe PlaneJaMento

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“A TV paga fideliza o cliente da banda larga porque é um serviço complementar, e o churn diminui muito. Mas o custo de programação é caro”alEx Jucius diretor-geral da NeotV

caro”, reforça Alex Jucius, diretor-geral da NeoTV. Fernando Medin, diretor-geral e vice-presidente sênior da Discovery Networks Brasil e Cone Sul, diz ter observado, nos últimos 18 meses, uma de-manda muito maior dos ISPs para ter contrato de programação, lançando suas operações e entrando nesse mercado. “Vemos com muito bons olhos a pluralidade de operadores.”

A G2C (Globosat Comercialização de Conteú-dos) sustenta que, ao ingressar no setor de TV paga, o ISP adquire condições de competir com as princi-pais operadoras do mercado, oferecendo para seus assinantes um rico portfólio de canais e conteúdos.

planEJamEnto é tudoA primeira lição que os ISPs devem fazer é

estudar sua base de clientes para entender se ela absorveria uma oferta de televisão por assinatura. Deve-se levar em conta o porcentual da base que é residencial, o tíquete médio e o perfil do con-sumidor. Feito isto, o provedor precisa analisar o mercado para identificar se há espaço para mais

um fornecedor. Deve-se ainda compreender quem é a concorrência, como ela atua, o que é ofertado e quais são seus pontos fortes e fracos – lembrando que operadoras de TV por satélite, como Claro TV e Sky (DirecTV), estão presentes em todo o território nacional. Com essas informações em mãos, os ISPs conseguirão ter uma visão mais clara do cenário e traçar suas estratégias.

Um erro comum cometido por muitos ISPs ao empreender no mercado de televisão paga é supe-restimar a capacidade comercial de venda de TV para os clientes finais. Isto porque vender Internet

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é bem mais simples que comercializar pacotes de televisão. “A recomendação que eu sempre dou é buscar uma realidade de conversão do assinante de banda larga em TV paga, porque muitos ISPs começam com banda larga e fazem um cálculo ima-ginando que vão conseguir converter 50% da base, mas, muitas vezes, isto parece agressivo demais”, diz Medin, que aconselha a começar com um plano um pouco mais conservador e ampliar aos poucos.

Outra recomendação é iniciar com uma ofer-ta enxuta de canais e um modelo de set-top box mais simples e barato, para não onerar a empresa. Quando a base de clientes estiver mais sólida será o momento de pensar em expansão.

Ainda na etapa de planejamento, os provedores precisam fazer uma análise rigorosa de sua infraes-trutura para levantar quais investimentos em equi-pamentos de tecnologia serão necessários. Também terão de decidir qual tecnologia será mais adequada para entregar TV por assinatura a seus clientes.

Quem defende o uso da fibra óptica ressalta que a qualidade de imagem tem garantido ao provedor um grau alto de satisfação entre seus clientes. No entanto, a rede de fibra usada para distribuir TV não é a mesma para banda larga, o que requer ajustes tecnológicos e planejamento da arquitetura de rede.

Já o satélite (DTH) tem sido bastante apropriado para os provedores de Internet, uma vez que apenas poucas empresas contam com rede própria de fibra óptica, e os pequenos não têm capilaridade de fibra e ainda têm clientes com tecnologia rádio. Contudo, Alexandre Britto, consultor e ex-CEO da iON TV, alerta que o DTH individual é inviável para qual-

quer ISP, sendo preciso recorrer a um agregador que forneça não apenas a tecnologia, mas também faça a negociação de conteúdo e do set-top box.

licEnça E programaçãoApós planejar (muito bem) a operação, os prove-

dores de Internet precisam obter a licença do SeAC. O custo é de R$ 9 mil e o processo para consegui-la demora, em média, três meses. Uma vez obtida a licença, os ISPs têm até 18 meses para entrar em operação. As programadoras só negociam os paco-tes de conteúdo com aqueles detentores da licença.

É muito importante a etapa da preparação, porque as programadoras solicitam aos ISPs sua estimativa de assinantes. É com base nisso que o valor do paga-mento dos royalties é estipulado, ou seja, o modelo da indústria, em nível mundial, é pagar pela quantidade de assinantes, e o custo unitário cai à medida que a base aumenta. “Não adianta tirar a licença para come-çar a fazer projeto ou juntar dinheiro para investir na infraestrutura de rede”, explica o diretor da Matarazzo & Associados, Edmundo Matarazzo.

A Globosat, por exemplo, solicita os documen-tos legais para a operação de SeAC e faz a análise de crédito, procedimentos aplicados para todos os operadores que desejam contratar seus canais e conteúdos. Não há um pré-requisito de base de as-sinantes. Os canais e conteúdos da Globosat podem ser contratados desde por operadoras start-up até por aquelas que já possuem uma base de assinantes, seja de qual tamanho for.

Na Discovery, o custo de programação segue a mesma regra independentemente do porte do operador e da tecnologia que usa – uma praxe de outras fornecedoras de conteúdo também. Confor-me explica Medin, o preço está direcionado ao vo-lume de assinantes. “Alguns dos ISPs fazem parte de associações para criar um volume maior”, diz.

A NeoTV é uma destas associações que negocia conteúdo com as programadoras e estabelece um contrato padrão com elas para seus 140 associados, que atendem a 920 cidades brasileiras. De acordo com Alex Jucius, seu diretor-geral, isto permite que as empresas tenham preço de atacado, mas no varejo.

“Não adianta tirar a licença para começar a fazer projeto ou juntar dinheiro para investir na infraestrutura de rede”

Edmundo matarazzo diretor da Matarazzo & associados

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“Com todas as programadoras temos, pelo menos, um contrato, menos os canais core da Globosat, que devem ser contratados diretamente com ela”, detalha.

Uma das maiores reclamações das empresas que atuam no setor de TV paga é o alto custo da programação, especialmente dos canais Globosat. Há, inclusive, casos de pequenos operadores que não trabalham com estes canais para conseguir oferecer pacotes de entrada a preços mais atrativos.

“Não acredito que o custo de programação, principalmente, do nosso portfólio seja empecilho”, defende o VP da Discovery. “O produto que ofere-cemos é nos mesmos termos para operadoras gran-des de TV a cabo e pequenos provedores. Entrar em um mercado que já está estabelecido é mais difícil comparado a um que esteja começando a andar.”

Estimativas informais do setor apontam que com

menos de 30 mil ou 40 mil clientes não se consegue um bom acordo com as programadoras. Além disto, ao negociar conteúdo, os provedores de Internet precisam avaliar bem o que estão comprando e fazer simulações para entender como vão montar pacotes para serem competitivos e agradar ao perfil do consumidor da região.

A lição que fica para os provedores de Internet que desejam empreender no ramo de televisão por assinatura é planejar bastante. Entender e definir qual produto colocará à venda e a qual custo é tão importante quando dimensionar os investimentos necessários para levar a cabo uma operação como esta. De outro lado, os ISPs precisam aproveitar a vantagem que têm sobre seus concorrentes, que é a de conhecer bem seus clientes e prover aten-dimento personalizado.

ano mais difícilO ano de 2015 deve ser de estagnação para o setor de TV paga, mas a chamada classe C não deve cancelar assinaturas

nem de TV paga e nem de Internet banda larga, conforme mostrou um estudo realizado pela PlanoCDE. Este trabalho revelou que o brasileiro primeiro considera cortar a alimentação fora de casa (opção de 59% dos entrevistados), o lazer (como cinema e teatro, com 49% da preferência) e os serviços de beleza (38%). A pesquisa foi realizada com 200 pes-soas de forma online, com maioria do sexo feminino, entre 25 e 34 anos e com renda mensal familiar de até R$ 2.500.

A migração do lazer para dentro de casa representa uma oportunidade para o mercado de TV por assinatura. De acordo com Maurício Prado, da PlanoCDE, no primeiro momento de crise, os setores que têm cobrança recorrente são mais resilientes. As pessoas priorizam mudar as marcas que consomem para uma mais barata e cortar gastos não fixos. “Internet e TV paga são últimos a cair”, diz.

A estimativa do presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), Oscar Simões, é que 2015 se encerre com os mesmos 20 milhões de assinantes conquistados no ano passado. “Nossa expectativa de crescimento do setor neste ano é zero. Se houver alguma expansão, será muito pequena”, afirma.

Simões admite que os desligamentos por falta de pagamento aumentaram, mas sustenta que o mercado de TV paga no Brasil não está saturado. “Quando as condições da economia melhorarem, devemos retomar o crescimento”, pontua. A enti-dade não revela o porcentual de inadimplência, informando que esses dados são considerados ‘estratégicos’ pelas operadoras.

Para a G2C (Globosat Comercialização de Conteúdos), o Brasil ainda apresenta muito potencial de expansão no mercado de TV paga, e os ISPs podem desempenhar um papel relevante neste processo.

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ENTRE 2012 E 2014, as empresas de Internet da região Sul tiveram crescimento tanto nominal quanto real, passaram a representar 15,5% do faturamento do segmento no País, geraram 16% dos novos postos de trabalho e fecharam o período pagando salários maiores que a média nacional. Os indicadores integram uma pesquisa encomendada pela Abranet ao Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributa-ção (IBPT), que considerou as empresas do segmento de representação da Abranet, incluídas nas divisões 61, 62 e 63 da Classifi cação Nacional de Atividades Econômicas (CNAEs). A pesquisa foi apresentada durante a abertura da Conferência Regional Abranet Sul, realizada nos dias 1 e 2 de setembro, em Curitiba (PR).

O faturamento das empresas do Sul subiu de R$ 17,5 bilhões, em 2012, para R$ 19,9 milhões, em 2013, e alcan-çou R$ 22,3 bilhões no ano passado. Foi um crescimen-to de aproximadamente 27,5% no período. Em 2014, as atividades ligadas à comunicação responderam por 19% do faturamento, enquanto as relacionadas à tecnologia da informação somaram 81%.

ecossisteMa internet Gera receita e ProdUZ eMPreGosPela primeira vez, a Abranet realizou uma conferência na região Sul do País. O evento, que aconteceu nos dias 1 e 2 de setembro, na capital paranaense, reuniu provedores, especialistas e agentes do governo. A principal conclusão foi que os ISPs têm um papel crucial para o desenvolvimento da Internet como ferramenta de negócio no Brasil, mas a reoneração da folha de pagamento vai impactar os planos.

eSPeCial . CoNFerÊNCia reGioNal SUl Roberta Prescott

Esse montante fez com que as empresas do Sul repre-sentassem 0,27% do total do faturamento das companhias brasileiras, valor maior que 79% de todos os setores da eco-nomia. Nacionalmente, as empresas que atuam no segmen-to Internet faturaram R$ 144,7 bilhões no ano passado.

Assim como no escopo Brasil, na região Sul, as empre-sas de menor porte são mais numerosas, porém, faturam menos. Do total, 2,07% (ou 435 empresas) faturam acima de R$ 48 milhões por ano, enquanto 14,79% (3.105 fir-mas) faturam entre R$ 3,6 milhões e R$ 48 milhões anu-almente. A maioria (83,14% ou 17.453 empresas) fatura menos que R$ 3,6 milhões.

Na pesquisa, a região destacou-se com relação à mas-sa salarial. O montante pago foi superior à média nacio-nal: o salário médio anual ficou em R$ 47,8 mil no Sul, contra R$ 40,3 mil no País.

Com quase 21 mil unidades (contando filiais), as empre-sas do segmento de Internet da região Sul empregavam 55,9 mil funcionários em 2014, um crescimento acumulado de 20,9% desde 2012. Nacionalmente, as 139,7 mil unidades

16abranet.org.brsetembro . 2015

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empregavam 370,5 mil pessoas no mesmo ano. Entre 2012 e 2014, a região Sul gerou 9,7 mil novos postos de trabalho, ou seja, 16,8% dos 57.780 postos criados no Brasil todo.

risco À VistaSe os dados foram positivos, agora, há uma preocupa-

ção evidente com a mudança da carga tributária. O pre-sidente da Abranet, Eduardo Parajo, lamentou o fim do programa de desoneração da folha de pagamento para as empresas de TICs. A partir de 1° de dezembro, os pro-vedores de Internet voltarão a pagar uma alíquota de 4% sobre a receita para a Previdência Social. Com a desone-ração, criada em 2011 pelo governo Dilma Rousseff, a alí-quota estava em 2,5%. “Nosso setor realmente empregou mais com a desoneração da folha, e a reoneração vai ter impactos negativos para o nosso segmento”, ponderou.

A desoneração da folha de pagamento foi fundamen-

“O evento foi muito positivo. Reunimos assuntos não

apenas para os provedores de Internet, mas também para a cadeia da Internet

como um todo, tendo a participação do pessoal de

startups, além de integração com o governo do Paraná.”

Eduardo paraJo | Presidente da abranet

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setembro . 2015roberta Prescott

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18abranet.org.brsetembro . 2015

tal para a ampliação dos postos de trabalho das empresas do segmen-to de representação da Abranet. O crescimento acumulado do número de empregados foi de 17,5% no pe-ríodo de 2012 a 2014.

No período, as empresas que atuam no segmento da Internet cria-ram 57.780 postos de trabalho, uma média de 19.260 por ano. Em 2014, 370,5 mil pessoas trabalhavam no segmento, 7,6% mais que os 344,3 mil de 2013; com salário médio anual de R$ 40,3 mil. Os dados fazem parte da pesquisa nacional contratada pela Abranet ao IBPT e divulgada durante a 1ª Conferência Abranet - Desafios e Oportunidades para as Empresas de Internet, ocorrida em maio em São Paulo.

assimEtrias nEcEssÁriasNa Conferência Regional Abranet Sul, realizada nos dias

1 e 2 de setembro, a importância dos provedores de Internet para o desenvolvimento do País foi destaque na palestra de Jovino Francisco Filho, da gerência de Controle de Obri-gações Gerais da Agência Nacional de Telecomunicações

Na Conferência Regional Abranet Sul, durante o painel “Diálo-gos sobre inovação”, ficou bastante claro o uso da plataforma In-ternet como meio de desenvolvimento de novos negócios. Sandro Vieira, presidente-executivo do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), destacou o papel fundamental dos associa-dos da Abranet para levar conexão, uma vez que as startups depen-dem da Internet para atuar.

A Fleety é uma empresa de compartilhamento de veículos que nasceu da ideia de conectar proprietário de carros ociosos com pes-soas que gostariam de alugá-los por um período. “Nossa principal missão hoje é entregar valor para as duas pontas, e a Internet pos-sibilitou isto porque encurta caminhos”, destacou Andre Marim, sócio-fundador da Fleety. Atualmente, a plataforma está disponível nas regiões metropolitanas de Curitiba e São Paulo, mas a expansão

startups que inovam

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nacional já está na programação. “A Internet redesenha as pessoas, e pessoas redesenham a Internet.”

Outro exemplo é o marketplace de sustentabilidade ForUs, que não seria possível sem a Internet. Caio Castro, fundador do ForUs, conta que, com as crises hídrica e energética, as pessoas começa-ram a pensar em sustentabilidade e a buscar soluções. Sua sacada foi fazer um espaço onde as pessoas poderiam buscar fornecedo-res para diversas soluções sustentáveis para economia de água e de energia, entre outros. Ao fazer a solicitação, cada cliente recebe três orçamentos para escolher a empresa que melhor o atende. “Em pouco menos de um mês, tivemos 4.100 pessoas envolvidas e 40 fornecedores cadastrados, que conseguiram aumentar as vendas com a nossa rede”, afirmou.

No âmbito da cultura, Octávio Nassur criou o Estilyngue para impulsionar a doação para eventos culturais, como teatros e shows. “Não falta dinheiro para cultura, falta acesso a ele”, ressaltou, mos-trando que é usado apenas o total de R$ 1,3 bilhão dos R$ 5,59 bi-lhões possíveis de serem aplicados por meio da Lei Rouanet.

Com a Internet, nasceram também os hackers. Stephan Garcia, do grupo Code for Brazil e Open Brazil, autodenomina-se hacker cívico. A organização junta diversos hackers cívicos para fazer proje-tos online, como sites e aplicações em código aberto. “Por meio de código aberto, queremos que o cidadão faça governo para cidadão e exercite o uso de dados abertos de maneira mais eficaz.”

Desde seu advento, a Internet proporcionou a criação de uma série de empresas que, até então, não era possível. Atualmente, startups estão chamando a atenção do mundo inteiro devido à inovação de jovens empreendedores que querem colocar em prática uma ideia de negócio

entrevista com Jovino Francisco Filho, da anatel

http://bit.ly/crsul-jovino

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(Anatel). Ao mostrar que a taxa composta do crescimento anual da base dos serviços de banda larga fixa aumentou 12% entre as prestadoras de grande porte e 27% entre as de pequeno porte, ele afirmou que a disparidade chamou a atenção da agência. “A Anatel está olhando os pequenos, porque sabe que eles vão chegar mais rapidamente e melhor aonde os maiores e mais lentos não conseguem.”

Francisco Filho enfatizou que a Anatel está com um olhar mais próximo para os provedores de pequeno e médio porte porque são eles que estão fazendo a di-ferença onde a oferta do serviço não é competitiva e os grandes não chegam. Segundo ele, para aumentar a competitividade e a eficiência, os provedores de Inter-net poderiam se juntar para ganhar escala. Francisco Filho apontou, como exemplo, a possibilidade de as empresas compartilharem infraestrutura como de call center e fazerem compras coletivas, em vez de isolada-mente, para conseguir preços de atacado.

A competitividade dos provedores de Internet também pode vir por assimetrias regulatórias. A Anatel colocou em consulta pública a proposta de criação do estatuto da pe-quena e média empresa de telecomunicações. De acordo com análises iniciais, os provedores com menos de cinco mil assinantes e que atuam com equipamentos de radioco-municação de radiação restrita (RERR) estariam liberados de obter licença da Anatel.

“É muito importante para um mercado que tem em-presas de portes tão distintos dar chance a elas de atuar de maneira igualitária no mercado”, apontou Edmundo Matarazzo, diretor da Matarazzo & Associados. O deba-te principal gira em torno do desenvolvimento do setor com regras que atenuam a carga regulatória das pequenas prestadoras de serviço, enquanto exigem maior compro-metimento dos grandes grupos econômicos, em especial os que detenham poder de mercado significativo (PMS) e nas relações com os usuários finais.

A proposta do novo regulamento sobre equipamentos RERR deve substituir a resolução da Anatel nº 506, de 2008. Entre os objetivos estão a reorganização e a rees-truturação do texto, a compatibilizacão das regras com as outras normas e regulamentos da Anatel, a incorporação de algumas inovações importantes, como a previsão de faixas UWB (ultra wide band), e o traslado para o RST das regras de cadastramento e licenciamento de estações.

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“Se até há bem pouco tempo as empresas não que-riam ir onde não havia energia elétrica, hoje, não têm interesse em se instalar em cidades sem acesso à In-ternet”, reporta José Marinho, diretor da Rede Cidade Digital. Segundo o executivo, que participou da Confe-rência Regional Abranet Sul, o provedor de Internet é indispensável para o projeto de cidades inteligentes.

“É o provedor quem permite o sinal da Internet. Então, só há cidades inteligentes se houver Internet e infraestrutura adequada. Como muitos municípios es-tão em áreas onde as grandes operadoras não querem atuar, o provedor de Internet ganha destaque. Por isso digo que é importantíssimo haver uma sintonia entre o poder público e privado”, ponderou Marinho.

A instalação de cidades digitais é uma demanda dos municípios, até porque não há atração de investimento sem conexão à Internet. “Esse é o grande gargalo a ser combatido: levar sinal Internet para essas localidades. Não há como ter serviços melhores de atendimento ao cidadão sem ter uma gestão pública informatizada. Só assim haverá acesso simplificado aos serviços de edu-cação e saúde”, exemplificou.

cidades inteligentes: provedor é indispensável para o sucessoDiretor da Rede Cidade Digital, José Marinho lembra que, hoje, cerca de 80% dos municípios brasileiros têm menos de 20 mil habitantes e padecem com a falta de uma infraestrutura de Internet

entrevista com José Marinho, diretor da rede Cidade digitalhttp://bit.ly/crsul-marinho

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Roberta Prescott

eNtreViStaJosé Carlos VazProfessor da Escola de artes, Ciências e Humanidades da Universidade de são Paulo (EaCH-UsP)

ProTaGoNIsMo brasILEIroO Brasil será sede de mais um importante encontro, o 10º Fórum de Governança da Internet. Professor da EACH – USP, José Carlos Vaz comenta o protagonismo brasileiro nos debates sobre o tema e o papel dos provedores de Internet na difusão da banda larga para as diversas regiões do País

Realizado em julho, na Bahia, o V Fórum da Internet iniciou os debates para o 10º Fórum de Governança da Internet (IGF, na sigla em inglês), que ocorre em novembro deste ano em João Pessoa, na Paraíba. A expectativa dos organizadores é que 2.500 pessoas participem presencialmente do IGF 2015 e outras 5 mil o acompanhem por acesso remoto. Entre os objetivos do IGF, está a reunião de vários grupos interessados em discutir políticas públicas que favoreçam a socialização da Internet e sua governança em todo o mundo.

José Carlos Vaz, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), participou da equipe de metodologia, facilitação e relatoria das discussões do V Fórum da Internet. Nesta entrevista, ele comenta os eventos, enfatiza o protagonismo brasileiro nos debates sobre governança da Internet e discorre sobre o papel dos provedores de Internet em levar a banda larga para diversas regiões do País.

Vaz é também coordenador do Grupo de Estudos em Tecnologia e Inovações na Gestão Pública (GETIP), vinculado ao Observatório Interdisciplinar de Políticas Públicas da EACH-USP; pesquisador e consultor na área de administração pública, especialmente em temas ligados a aplicações de Tecnologia da Informação em governos, planejamento e gestão estratégica e desenvolvimento local; e vice-presidente do Conselho Administrativo e Fiscal do instituto Pólis.

aBraNet: Quais foram os objetivos do V Fórum da internet?JOSÉ carLOS VaZ: Promover uma discussão aberta, mul-tissetorial e abrangente sobre a Internet no Brasil. Ele teve representação dos quatro setores que compõem o Comitê Gestor da Internet: governo, sociedade civil, setor empre-sarial e setor acadêmico. Além de debates e exposições, ocorreram “trilhas”, nas quais painelistas indicados por cada um dos quatro setores puderam apresentar posicio-namentos e desafios nos respectivos temas.

Em seguida, foram realizados debates com o público parti-cipante separado em pequenos grupos e depois apresentações em plenárias de cada uma das “trilhas”. Após a apresentação do relatório das discussões ocorridas, foi realizada uma plená-ria. Nos debates, procurou-se identificar consensos, dissensos e pontos a aprofundar, a partir das falas dos participantes.

como o evento ajudou a preparar o igF 2015?O V Fórum da Internet permitiu a discussão de temas “quen-tes” sobre a governança da Internet no Brasil, com fortes li-gações com o debate mundial. Possibilitou debates efetivos, usando um método que privilegia o envolvimento de todos os participantes, que têm condições de, em um ambiente multissetorial, dialogar com posições diferentes, construir consensos e explicitar dissensos a serem trabalhados.

Qual é a importância de o Brasil sediar o 10º Fórum de governança da internet?O Brasil tem uma presença significativa na discussão sobre a governança da Internet. Nosso modelo multissetorial é

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21abranet.org.br

setembro . 2015divulgação

Atualmente, estados e municípios têm um envolvimento muito limitado. Não existe uma solução única para isso, é preciso construir uma política integrada que alcance dife-rentes aspectos do problema.

Do ponto de vista regulatório, é preciso encontrar meca-nismos para fazer com que as grandes operadoras ampliem a qualidade da oferta e a cobertura territorial e reduzam ex-pressivamente os preços. As empresas envolvidas no atendi-mento a regiões dotadas de maior carência de infraestrutura e responsáveis pela última milha precisam ser estimuladas, de forma que a política não somente amplie o acesso à Internet como favoreça o desenvolvimento local e regional, reduzin-do o risco de monopólios e oligopólios e o excessivo poder hoje concentrado pelos grandes carriers.

De um ponto de vista mais amplo, é necessário que o de-senvolvimento da Internet no Brasil seja tratado dentro dos marcos de uma visão mais abrangente, isto é, como parte de uma estratégia nacional de desenvolvimento e promoção da soberania tecnológica. Um país com as dimensões e recursos dos quais dispomos não pode se resignar a ser dependente no campo da Tecnologia da Informação.

É preciso entender que a soberania tecnológica, com um país fortemente conectado e ativo produtor de bens e serviços de TI, é um passo necessário e fundamental para o desen-volvimento do país e sua afirmação como ator internacional relevante. Há muitas forças contrárias a isto, dentro e fora do Brasil, e não podemos ser ingênuos.

Qual é o papel dos provedores de acesso à internet para levar banda larga a mais regiões do Brasil?Creio que o melhor caminho seja o estímulo aos prove-dores de acesso para ocuparem um papel central nas po-líticas de acesso. Não acredito que a melhor opção seja dependermos de duas ou três grandes multinacionais para promovermos o desenvolvimento da Internet no Brasil, mas este é um risco. Para combater este risco, temos de ser ambiciosos e não pensar apenas nos objetivos imedia-tos. Necessitamos de uma visão realmente estratégica e de longo prazo. Isso exige do setor a capacidade de formular propostas de alta densidade, que intervenham nos vários pontos das cadeias de valor da Internet. Mas não será fru-tífero que o setor se feche em torno de suas ideias. É pre-ciso construir essas propostas em articulação com outros setores que compartilham parte dos objetivos.

respeitado no exterior e tomado como uma referência muito importante. Apenas um ano depois do encontro NET Mun-dial, realizado em São Paulo, em 2014, temos aqui um se-gundo evento de grande peso. A realização do IGF no Brasil demonstra e reforça a importância do país neste campo e o trabalho do Comitê Gestor da Internet e do governo brasi-leiro nos debates mundiais sobre o tema.

Do ponto de vista interno, é uma oportunidade para dar mais visibilidade aos debates da governança da In-ternet, ao posicionamento brasileiro e à força de nosso modelo de governança.

Qual é o papel do Brasil na governança da internet mundial?O Brasil constituiu-se uma referência internacional nos debates em direção a um novo modelo de governança da Internet mais representativo das demandas dos vários paí-ses e dos vários setores envolvidos. Tem um papel de lide-rança nos debates, auxiliando a construção de novos con-sensos e, ao mesmo tempo, reafirmando a posição de que a governança da Internet não pode ser monopólio de um país, de uma única organização ou de um setor específico, mas deve ser construída em um ambiente de democracia, diálogo e respeito aos direitos humanos.

Quais são os principais desafios para o desenvolvimento da internet no País?Apesar dos avanços que têm ocorrido, é preciso fortalecer a capacidade de o Estado brasileiro, nos três níveis da fede-ração, implementar políticas robustas de acesso à Internet.

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22abranet.org.brsetembro . 2015

O NÚMERO DE PROVEDORES de Internet brasileiros au-mentou entre 2011 e 2014, passando de 1.934 para 2.138, e as regiões Sul, Norte e Centro-Oeste passaram a contar com mais ISPs, com destaque para o Sul, que apresentou crescimento de oito pontos percentuais em relação ao pri-meiro levantamento. No entanto, a disparidade regional ainda permanece, com as regiões Sul e Sudeste concen-trando a maior parte das empresas.

Enquanto 31% dos provedores de Internet disseram atuar no Sul – contra 23% em 2011 –, no Sudeste o per-centual fi cou estável, em 43%. No Centro-Oeste, passou de 11% para 15% e, no Norte, de 6% para 9%. Somente no Nordeste houve queda no número de provedores de In-ternet, de 22% para 21%, em 2014.

Os dados fazem parte da pesquisa TIC Provedores 2014, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvol-vimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) e que in-vestigou a atuação das empresas de provimento de acesso à Internet no País. O levantamento foi realizado entre setem-bro de 2013 e outubro de 2014, com o apoio das principais associações de provedores de serviços de Internet no Brasil.

Em entrevista à Abranet, Alexandre Barbosa, gerente do

Cetic.br, explicou que ao se observar a densidade, ou seja, o número de provedores por 100 mil habitantes, o maior crescimento foi registrado no Sul, que passou de 1,51 pro-vedor, em 2011, para 2,29, em 2014. Para ele, o mercado de ISPs está relativamente estável. “O maior crescimento de provedores se deu nas regiões menores”, disse.

A pesquisa também mostrou que a principal atividade das empresas ainda é prover acesso à Internet. Pratica-mente todos (97%) têm esta oferta no portfólio. Barbosa disse que em 2011 o Cetic.br não tinha este dado, então, não é possível comparar se houve expansão na atuação. Metade dos ISPs afirmou dispor de oferta de e-mail, en-quanto 42% têm serviço de infraestrutura como hosting ou colocation. “Quando mais complexa é a atividade, menor a proporção de ISPs que a oferece.” Nesta linha, apenas 16% dos provedores de Internet têm serviço de provimento de aplicações (ASP) e 26%, de provimento de conteúdo. Com relação aos clientes, de maneira geral os mercados residenciais e corporativos são atendidos por ISPs de todos os portes. Já na área de governo, os peque-nos provedores estão mais focados nas prefeituras, não atendendo muito governos estaduais e federal.

acesso À rede ainda É o PrinciPal Mercado

A pesquisa do Cetic.br aponta que os ISPs expandiram sua atuação regionalmente, com um

mix de oferta tecnológica, usando frequências não licenciadas e redes próprias de fi bra óptica

MerCado Roberta Prescott

Proporção de empresas provedoras de acesso à Internet por tecnologias de acesso disponibilizadastecnoloGia

Percentual sobre o total de provedores de acesso à Internet Base: 2066 empresas que declararam ser provedoras de acesso à Internet. Dados coletados entre setembro de 2013 e outubro de 2014

acesso sem fio acesso sem fio wireless via acesso via acesso via wireless via frequência acesso via acesso via acesso via acesso via frequência livre fibra óptica cabo UtP licenciada, como rádio cable modem adsl satélite modem 3G

84% 49% 46% 45% 12% 10% 2% 1%

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setembro . 2015http://cetic.br/tics/provedores/2014/geral/

Com relação ao meio de provimento de acesso, 78% dos provedores de Internet afirmaram utilizar apenas in-fraestrutura própria, enquanto 18% disseram usar tanto própria quanto terceirizada, e apenas 2% sinalizaram con-tar apenas com infraestrutura de terceiro.

tEcnologiaOs provedores adotam uma combinação de tecnologias

para levar acesso à Internet a seus clientes. A maioria (84%) afirmou usar frequências livres (não licenciadas), enquanto as faixas licenciadas são utilizadas por 45%. Fibra óptica faz parte da realidade de 49% dos ISPs e cabo UTP, de 46%.

Um dos pontos ainda sensíveis é a velocidade de co-

nexão. Menos de 20% dos provedores de Internet (mais exatamente, 18%) afirmaram ofertar conexão de banda larga com velocidade superior a 40 Mbps. Ao considerar velocidades maiores que 100 Mbps, o percentual cai para 9% e acima de 1 Gbps reduz para apenas 2%. Barbosa reconhece que no Brasil ainda predominam conexões com velocidades baixas.

Mesmo que os endereços de IPv4 tenham se esgotado, a transição para IPv6 está lenta, principalmente para os provedores de Internet de menor porte que ainda têm blo-cos de IP para usar. Na média, 28% dos ISPs disseram que ainda têm endereços para mais 6 meses a um ano e 24%, para entre um e dois anos.

Regiões onde os provedores de Internet atuam

disParidade reGional

Percentual sobre o total de provedoresBase: 2014 2138 provedores . Dados coletados entre setembro de 2013 e outubro de 2014.

2011 1934 provedores . Dados coletados entre junho de 2010 e junho de 2011.

Fonte: NiC.br

Prover acesso à Internet ainda é a principal atividadeserViços oFertados

Percentual sobre o total de provedores de acesso à Internet Base: 2138 provedores que declararam prover serviços de Internet. Dados coletados entre setembro de 2013 e outubro de 2014

2014

Apenas 9% dos provedores de Internet ofertam banda larga com velocidade superior a 100 MbpsVelocidade

Percentual sobre o total de provedores de acesso à Internet Base: 2066 empresas que declararam ser provedoras de acesso à Internet. Dados coletados entre setembro de 2013 e outubro de 2014

2014

serviço serviço de Provimento de acesso Provimento infraestrutura como Provimento de telefonia Provimento de serviços de Provimento Provimento de à internet de e-mail hosting ou colocation de hospedagem sobre iP homepages segurança de conteúdo aplicações (asP)

97% 50% 42% 40% 30% 29% 28% 26% 16%

Mais de Mais de Mais de Mais de Mais de Mais de Mais de até 128 Kbps 1 Mbps a 10 Mbps a 20 Mbps a 40 Mbps a 70 Mbps a 100 Mbps Mais de não sabe/ 128 Kbps a 1 Mbps 10 Mbps 20 Mbps 40 Mbps 70 Mbps 100 Mbps a 1 Gbps 1 Gbps não respondeu

12% 89% 94% 42% 27% 18% 15% 9% 2% 0%

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24abranet.org.brsetembro . 2015

PARA MINIMIZAR OS EFEITOS da forte carga tributária brasileira, os pequenos provedores regionais de acesso à Internet e serviços de telecomunicações optaram por ade-rir ao Simples, um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fi scalização de tributos aplicável às microem-presas e empresas de pequeno porte.

O regime especial unifica os tributos IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para a Se-guridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP). Estima-se que a unificação dos im-postos em um único boleto reduza a carga tributária, em mé-dia, em 40%, um alívio para a contabilidade das empresas.

“O enquadramento no Simples é viabilizado justamen-te para aumentar a competitividade de empresas que não têm condições de competir em situação de igualdade com outras de faturamento maior”, aponta Artur Coimbra, di-retor do Departamento de Banda Larga do Minicom.

O grande senão dessa adesão foi o fato de os órgãos tributários terem excluído os provedores do benefício do Regime Especial de Tributação do Programa Nacional de Banda Larga (REPNBL), criado pelo governo para incen-tivar a construção de redes de fibra óptica no Brasil.

Se abrir mão do Simples, o provedor de Internet pas-sa a ter de pagar as alíquotas “cheias” dos impostos, en-tre eles, PIS, Cofins, Fust, Funttel e ICMS, portanto, os mesmos encargos tributários de todas as empresas do ramo que exercem atividade semelhante. A proposta que

o Ministério das Comunicações coloca à mesa é incluir os provedores de Internet na nova etapa prevista para o Programa Nacional de Banda Larga, que planeja levar ve-locidades de até 25 Mbits para o usuário.

A ideia, explica o diretor do Minicom, é viabilizar um fun-do especial para financiar os provedores de pequeno e médio porte. A medida, de acordo com cálculos do ministério, bene-ficiaria provedores de 1.200 municípios com até 100 mil habi-tantes. A proposta estabelece um teto de R$ 3 milhões, e 80% do valor a ser repassado aos provedores viriam desse fundo.

Artur Coimbra adianta ainda que a União seria a res-ponsável por sustentar o fundo de investimentos, que po-deria chegar a R$ 9 bilhões. O modelo de negócio está sendo desenhado por técnicos do Departamento de Ban-da Larga do Ministério das Comunicações, do BNDES e Banco do Brasil. Espera-se que a iniciativa possa ser anunciada ainda em 2015, mas ela terá de passar pelo cri-vo dos ministérios da Fazenda e do Planejamento.

coM siMPles e beneFÍciosPara constrUir noVas redesO Ministério das Comunicações negocia com a área econômica a criação de um fundo de investimento, orçado em R$ 9 bilhões, para permitir aos provedores de Internet aderentes ao Simples receberem benefícios fi scais para a construção de novas redes

triBUtaÇÃo Roberta Prescott

Pela súmula nº 334 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ficou estabelecido que o ICMS não incide sobre o serviço dos provedores de acesso à Internet. Todavia, incide sobre a prestação do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) e do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC).

Os fiscos estaduais, muitas vezes, entendem o provi-mento de acesso à Internet como serviço de telecomunica-ções, para fins de incidência do ICMS. Segundo o Minicom, quando isto ocorre e aplica-se o ICMS sobre o acesso à In-ternet, o caminho institucional para os provedores inconfor-mados é recorrer no âmbito de um processo administrativo fiscal ou socorrer-se do Poder Judiciário, haja vista que a súmula nº 334 não é vinculante, ou seja, não precisa ser obrigatoriamente seguida pelas demais instâncias.

simples e icms

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CoNeXÃo

O NÚCLEO de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) informou que a marca de 1 Tbps de tráfego no conjunto de Pontos de Troca de Tráfego (PTTs) brasileiros foi superada no mês de agosto. “Estamos muito contentes, porque é provavelmente o PTT que mais cresce no mundo, 100% ao ano”, declarou o diretor de Projetos do NIC.br, Milton Kaoru. Segundo ele, o tráfego registrou 600 Gbps em 2014, e a estimativa para até o fi nal do ano é de pelo menos 1,2 Tbps.

Com a previsão de aumentar para 40 o total de PTTs no Brasil, o NIC.br, que gerencia o IX.br (antigo PTT.br), trabalha para que outros pontos cresçam em termos de volume. De acordo com Kaoru, isso acontece por conta da necessidade de expansão das principais redes de entrega de conteúdo

Tráfego dos PTTs ultrapassa 1 Tbps no Brasil(CDNs), “como Netfl ix, Google e Microsoft.”

Kaoru afi rmou que, apesar de um volume muito maior de PTTs em São Paulo, responsável por cerca de 80% do tráfego brasileiro, há aumento também em outras regiões. Ele disse que, enquanto a Google colocou duas CDNs, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro, a Netfl ix conta com essa infraestrutura

em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. “A Netfl ix começa a trabalhar agora para levar uma

CDN para Fortaleza, mas ainda não está confi rmado”, afi rmou, em evento realizado na Federação das Indústrias do Estado

de São Paulo (Fiesp).O diretor do NIC.br explicou também que a Google dispõe de poucas CDNs na América Latina, com mais uma em

Buenos Aires, mas nenhuma em países como o Chile. “Mas a Google não dá indícios de que vai

colocar um terceiro PPT no País”, completou Kaoru.

O BRASILEIRO PASSA 36% do tempo diário destinado ao consumo de vídeos assistindo a conteúdos sob demanda. O dado consta na nova edição anual do estudo TV & Media produzido pelo ConsumerLab, área da Ericsson que pesquisa o comportamento dos usuários. O relatório aponta que o formato de transmissão sob demanda fez com que os consumidores mudassem seus hábitos. Os usuários agora passam seis horas por semana assistindo à transmissão de séries, programas e fi lmes sob demanda –

VoD corresponde a 36% do tempo gasto com vídeo no Brasil

até o fi nal do ano é de pelo menos 1,2 Tbps.Com a previsão de aumentar para 40 o total

de PTTs no Brasil, o NIC.br, que gerencia o IX.br (antigo PTT.br), trabalha para que outros pontos cresçam em termos de volume. De acordo com Kaoru, isso acontece por conta da necessidade de expansão das principais redes de entrega de conteúdo

Netfl ix começa a trabalhar agora para levar uma CDN para Fortaleza, mas ainda não está

de São Paulo (Fiesp).O diretor do NIC.br explicou também que a Google dispõe de poucas CDNs na América Latina, com mais uma em

Buenos Aires, mas nenhuma em países como o Chile. “Mas a Google não dá indícios de que vai

colocar um terceiro PPT no País”, completou Kaoru.

o dobro do tempo registrado em 2011.Quando os conteúdos gravados ou baixados são

adicionados a essa conta, a porcentagem chega a 35% no mundo. No Brasil, portanto, o consumo de video on demand (VoD) está acima da média global. O estudo apresenta os pontos de vista e hábitos de 680 milhões de consumidores e mostra que os serviços de VoD estão atendendo às necessidades dos espectadores atuais.

O estudo também destaca o crescimento do consumo de vídeo em dispositivos móveis. Hoje, 61% dos entrevistados usam seus smartphones para esse tipo de conteúdo – um aumento de 71% desde 2012.

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setembro . 2015agência Brasil

Os adolescentes são a faixa etária que mais representa essa tendência: dois terços do tempo que passam assistindo a TV e vídeos são gastos em tablets, notebooks e smartphones.

O relatório aponta que a TV tradicional ainda é importante. Sua popularidade continua alta, principalmente devido ao acesso que ela dá para a

visualização de conteúdo premium e ao vivo, como esportes, além de seu valor social. No entanto, 66% dos consumidores brasileiros dizem que não conseguem encontrar nada para assistir na programação diária de sua TV tradicional. Essa

sensação de descontentamento, segundo o estudo, é uma das causas apontadas para o crescimento do consumo de vídeos sob demanda.

De acordo com o relatório, há uma tendência de consumidores “cord-nevers”, sendo que 22% dos entrevistados que nunca tiveram uma assinatura de TV paga já estão pagando por serviços de conteúdo over-the-top (OTT). O levantamento indica que aproximadamente um em cada 10 consumidores assiste ao YouTube por mais de três horas ao dia e um em cada três considera muito importante poder assistir a esse tipo de vídeo em sua própria TV. Além disso, o estudo constata que a crescente importância dessas plataformas, como o YouTube, resultou em um aumento da popularidade de vídeos educativos e instrutivos, que atingiram uma média de 73 minutos de visualização por semana.

A BANDA LARGA FIXA somou, em julho, 25,1 milhões de acessos no território brasileiro, de acordo com o último relatório da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Isto signifi ca uma penetração em 37,88% dos domicílios do País.

A região que contempla o maior número de acessos é o Sudeste, com penetração de 51,49%. Na contramão, encontra-se o Norte, onde apenas 16,61% dos domicílios contam com acesso à Internet banda larga fixa. A região Sul tem penetração de 43,62%; o Centro-Oeste, 39,76% e o Nordeste, 17,35%.

Banda larga está em 37,88% dos domicílios

NO BRASIL, 80% dos acessos à Internet estão concentrados em 4% dos municípios, revelou o secretário de Telecomunicações do MiniCom, Maximiliano Martinhão (foto). Segundo ele, se forem considerados apenas os acessos com mais de 12 Mbps, 80% estão em 1% dos municípios.

Nova etapa do Programa Banda Larga para Todos – a ser lançada pelo governo – planeja alcançar velocidade média de 25 Mbps.

Segundo Martinhão, ao dobrar a velocidade média pode-se acrescentar 0,3 ponto percentual ao PIB. Isto é, R$ 16,5 bilhões a mais no PIB de 2014, que foi de R$ 5,5 trilhões. E, ao quintuplicar a velocidade média, pode-se aumentar a renda domiciliar mensal média em até 5,7%

Concentração excessiva

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AVANÇA NO SENADO FEDERAL um projeto de lei que altera o mecanismo de modicidade tarifária do setor elétrico com o intuito de incentivar o compartilhamento de infraestrutura, notadamente dos postes das distribuidoras, com operadoras de telecomunicações. Trata-se do PLS 428/14, do ex-senador Aníbal Diniz (PT-AC), agora a caminho da Anatel. A proposta modifi ca a lei das concessões (8.987/95) e insere um parágrafo no artigo 11 para estabelecer que as receitas alternativas, complementares ou acessórias à concessão “serão revertidas em favor da modicidade tarifária, observado o limite máximo de 70%, nos termos do regulamento.”

Na prática, o PL resgata algo que o Ministério das Comunicações tentou fazer há três anos, via decreto, ainda na negociação sobre os preços dos postes alugados pelas elétricas às operadoras de telecom. Na época, chegou a ser cogitada uma inversão na modicidade, com a possibilidade de as concessionárias de energia capturarem até 70% das receitas alternativas, como o aluguel dos postes.

“As regras do setor elétrico relacionadas à modicidade tarifária acabam por gerar difi culdades no compartilhamento da infraestrutura desse setor com os demais. De acordo com as normas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 90% das receitas devem ser revertidas em favor do consumidor e apenas 10% dessas receitas fi cam com suas detentoras”, argumentou Diniz.

Segundo ele, “o percentual da receita que fi ca com a prestadora de serviço do setor elétrico é insufi ciente para cobrir as despesas decorrentes do próprio compartilhamento, confi gurando-se em verdadeira falta de incentivo à atividade que deveria ser estimulada pelo poder público”. Daí a ideia de autorizar, por lei, que as elétricas capturem até 30% das receitas indiretas. Aprovado na Comissão de Infraestrutura do Senado no fi nal de agosto, o PLS 428/14 ainda será apreciado pelas comissões de Ciência e Tecnologia e de Assuntos Econômicos, a quem cabe votação terminativa antes de a proposta seguir para a Câmara dos Deputados.

PL no Senado intervém no compartilhamento de postes

A LEI 13.137, publicada em junho pelo governo, muda a forma do recolhimento da carga tributária da Lei 10.833 (PIS/COFINS/CSLL, de 4,65%). Não há alteração da carga, mas a retenção não será mais gerada por pagamentos acima de R$ 5.000,00 para o mesmo fornecedor, ou seja, todos os pagamentos efetuados devem ser levados em consideração para a apuração do imposto, desde que o valor total dos pagamentos para todas as Pessoas Jurídicas de Direito Privado no mês seja igual ou superior a R$ 10,00. É preciso que os provedores de Internet fiquem atentos à mudança e adequem seus departamentos fiscal, financeiro e contábil. Conheça a Lei 13.137/15:http://bit.ly/1313715

Olho vivoLei altera forma de recolhimento de carga tributária

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FRUTO DA COLABORAÇÃO entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Ministério das Comunicações (MiniCom) e o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), a “Pesquisa Estratégica sobre a Internet” vai destinar R$ 20 milhões a pesquisadores interessados em contribuir com o desenvolvimento da Internet no Brasil. Do montante, R$ 5 milhões serão para propostas de auxílios regulares e R$ 15 milhões para propostas de projetos temáticos.

A chamada de propostas é destinada aos pesquisadores de todo o País que trabalham em áreas de pesquisa para o desenvolvimento da Internet no Brasil, vinculados

Instituições unem-se para destinar R$ 20 milhões a pesquisas sobre a Internet

O SETOR DE TECNOLOGIA da Informação deverá ter um crescimento de 7,3% em 2015, segundo projeção feita pela Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes). Se concretizada, será uma taxa maior que a de 6,7% alcançada em 2014. Será também mais que o dobro da média mundial prevista para 2015, de 3,43%, um índice, aliás, inferior aos 4,04% registrados em 2014. De acordo com os dados da entidade, que fazem parte do estudo IDC IT Black Book, o presidente da Abes apontou que a indústria brasileira de software registrou investimentos de US$ 60 bilhões em 2014, fi cando na sétima posição do ranking mundial.

TI: crescimento confirmado

a instituição pública ou privada, sem fi ns lucrativos, de ensino superior ou de pesquisa nacional. Os objetivos são desenvolver a pesquisa em Tecnologia da Informação e Comunicação, buscando criar conhecimento e inovação, afi nada com os grandes problemas na Internet; e formar e fortalecer grupos de pesquisa excelentes em instituições acadêmicas de pesquisa e pequenas empresas de base tecnológica, nos diversos temas atuais sobre aplicações e tecnologias para a Internet.

Esta é a primeira chamada lançada no âmbito do acordo de cooperação entre as instituições, que prevê ainda a divulgação de outros editais. O acordo é resultante dos recursos recolhidos

pela Fapesp no período de 1998 a 2005, quando a fundação, por delegação do CGI.br, realizou a atividade de registro

de domínios “.br”.Parte do total acumulado, no

valor de R$ 98 milhões, será utilizada para apoio à pesquisa. Em nota, o coordenador do

Comitê Gestor, Virgilio Almeida, afi rmou que é natural ao CGI.br

que os recursos provenientes do registro de domínios ‘.br’ sejam usados em benefício

da Internet no Brasil.Podem ser apresentadas propostas

de pesquisa nos seguintes temas: tecnologias viabilizadoras da Internet; aplicações avançadas da Internet; comunicação em rede e cultura digital; políticas relativas à Internet; software livre, formatos e padrões abertos; aplicações sociais de Tecnologia da Informação e Comunicação. O prazo para apresentação de propostas é 27 de novembro de 2015. Os detalhes sobre as inscrições podem ser encontrados no endereço: http://www.cgi.br/editais/ver/7

lucrativos, de ensino superior ou de pesquisa nacional. Os objetivos são desenvolver

de domínios “.br”.

valor de R$ 98 milhões, será utilizada para apoio à pesquisa. Em nota, o coordenador do

Comitê Gestor, Virgilio Almeida, afi rmou que é natural ao CGI.br

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COM A OPORTUNIDADE LANÇADA pela ICANN de se obter novos nomes de domínio, a PIR teve aprovados os novos TLDs .ONG e .NGO, visando focar com maior atenção as organizações não governamentais, entre elas, fundações, institutos e associações ao redor do mundo.

Para consolidar esse trabalho, foi lançada a plataforma OnGood, antecipada aos provedores brasileiros em 2014, em evento realizado pela Abranet, em São Paulo. A PIR levou três anos para estruturar esse modelo de negócio. Conver-samos com cerca de 16 mil ONGs em 40 países. O número de ONGs no mercado mundial está em torno de 10 milhões.

Aprendemos que quatro pontos eram fundamentais para as ONGs, independentemente da região onde es-tavam. Elas precisavam de: credibilidade, visibilidade, acesso a recursos e contato com outras ONGs para traba-lhos conjuntos e trocas de experiências.

Para nos assegurarmos de quais recursos poderiam ser dirigidos a essas ONGs ao redor do mundo, era necessário entender o que os doadores precisavam. Fomos conver-sar com eles também. As respostas foram similares: pre-cisavam ter certeza de que as ONGs eram genuínas, que cumpriam suas missões, que fosse possível identificá-las e selecioná-las por diversos critérios e que houvesse uma plataforma segura para que as doações fossem feitas e os recursos chegassem à ONG de destino previsto.

Com base nesta pesquisa, a PIR criou a plataforma OnGood, disponível em cinco línguas, entre elas o portu-guês (http://www.ongood.ngo), que atinge todos os quatro pontos fundamentais para as ONGs: Credibilidade: para participar dessa plataforma e adqui-rir os domínios .ONG/.NGO, a organização passará por validação de sua solicitação e depois por auditorias ale-

oPiNiÃoVanda Scartezini Engenheira eletrônica com especialização em gestão de P&D, é representante para a américa Latina da oNG PIr

UM NoVo MoDELo DE NEGÓCIoatórias e regulares. Desta forma, a comunidade na plata-forma acolherá apenas ONGs genuínas. Visibilidade: com a aquisição do nome de domínio .ONG, a organização recebe também o .NGO, para garantir sua marca e ter visibilidade nos dois mundos (de línguas de origem latina e de origem anglo-saxã). Doações Seguras: por meio de plataformas dos parceiros do OnGood, doadores podem fazer contribuições finan-ceiras com um simples clique, de forma segura, direta-mente para a ONG de sua escolha.

Conexão com outras ONGs: da mesma forma, as ONGs podem fazer pesquisas e encontrar outras parcei-ras em qualquer local do mundo, pesquisando por causa, localização geográfica, gênero, etc., e contatá-las como membros dessa comunidade.

Em função dos contratos de registry com a ICANN, a PIR não é autorizada a vender diretamente seus nomes de domínio ou a plataforma associada a eles. Com o intuito de criar valor para os ISPs e tê-los como braços de venda pelo País, a PIR também criou alguns modelos de negócio que permitem a es-ses atores da cadeia da Internet adicionar valor a seus negócios: Promocional: Para os interessados em oferecer descontos no custo dos registros dos nomes .ONG/.NGO, apenas para beneficiar seus membros, através de simples campanhas di-gitais. Associações de ONGs são perfeitas para este caso. Afiliado: Para os interessados em oferecer os domínios .ONG/.NGO diretamente a seus membros, como uma nova fonte de renda, através de um programa contínuo de relacio-namento e com baixo esforço técnico para sua implantação. Distribuição: Para os interessados em oferecer .ONG/.NGO diretamente para seus clientes, com vendas diretas a partir de seu site e com o seu próprio logo, buscando nova fonte de renda. Esta opção demanda um esforço técnico médio ou alto, dependendo da realidade já implantada no site do ISP.

Interessados em se tornar um revendedor podem contatar [email protected], em português, espanhol ou inglês.

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Organização sem fins lucrativos, a PIR – Public Interest Registry elege o Brasil como prioridade e quer firmar parcerias com provedores

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