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ISSN 1413-2966/ D-2316-1256 Ano XIX - Número 40 – Vol. 1 – Julho/Dezembro de 2013 – Niterói (RJ) – Brasil

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ISSN 1413-2966/ D-2316-1256

Ano XIX - Número 40 – Vol. 1 – Julho/Dezembro de 2013 – Niterói (RJ) – Brasil

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Revista Fluminense de OdontologiaAno XIX - Número 40 Julho/Dezembro de 2013

Diretor Científico e FundadorProf. Dr. Cresus Vinicius Depes de Gouvêa

Editor Científico:Prof. Dr. Cresus Vinicius Depes de Gouvea - UFF

Editor Chefe: Prof. Dr. Marcos da Veiga Kalil - UFF

Conselho EditorialProf.ª Dr.ª Ana Maria Gondim Valença - UFPBProf. Dr. Cresus Vinicius Depes de Gouvêa - UFFProf.ª Dr.ª Cristiane Salgado de Souza - UFSProf.ª. Dr.ª Eliane dos Santos Porto Barbosa - UFFProf. Dr. Elson Comark - UFRJ Prof.ª Dr. ªHilda Mª Montes R. de Souza - UERJ Prof.ª Dr.ª Ivone de Oliveira Salgado - UFJFProf. Dr. José Galba Menezes Gomes - UNIFORProf. Dr. José Luiz Lage Marques - USPProf. Dr. José Nelson Mucha - UFFProf. Dr. José Thadeu Pinheiro - UFPE Prof. Dr. Pedro Gregol da Silva - UFMS Prof. Dr. Ricardo Carvalhaes Fraga - UFFProf. Dr. Sergio Kahn - FESOProf. Dr. Vicente De Paulo Aragão - UFCEProf. Dr. Helio Rogrigues Sampaio Filho - UERJ/UNIFESO/UVA Prof. Dr. Luiz Alexandre M. S. Sassone - UERJ/UGFProf. Dr. Marcelo Mangelli Decnop Batista - UGF

Assistente EditorialProf. Dr. Gustavo André de Deus Carneiro Vianna - UFFProf. Dr. Gutemberg Heleno - UFF

Editores AssociadosProf. Dr. Aldair Stefanello Busato - ULBRA Prof. Dr. Fernando Monteiro Aarestrup - UFJFProf. Dr. Sigmar de Mello Rode - UNESPProf. Dr. José Mauro Grangeiro - UFF

Editora Ad HocProf.ª Dr.ª Mônica Diuana Calazans Maia - UFF

Editor de LayoutGustavo Vicentis de Oliveira Fernandes - Universo

Assistente Técnico em InformáticaHélder Nascimento da Silva - UFF

Universidade Federal FluminenseRevista Fluminense de Odontologia/International Journal Of Science Dentistry Cultural – Niterói, RJ Ano XIX n. 40 julho/dezembro 2013 Semestral 1994-2012 Resumo em Português e Inglês

ISSN 1413-2966 – ISSN-d 2316-1256

1. Odontologia – Periódicos I. Alternativa Editora e Produção Cultural

UFF/CNPq

Tiragem: 500 exemplares CDD 617.6

SUMáRIO 1 SHEAR BOND STRENGTH OF METAL/CERAMIC INTERFACE AFTER

DIFFERENT SURFACE TREATMENTS: AN IN VITRO STUDY, pág. 3

2 INFECÇÕES FÚNGICAS QUE ACOMETEM A CAVIDADE ORAL, pág. 11

3 ODONTOGERIATRIA NA GRADE CURRICULAR DAS FACULDADES BRASILEIRAS, pág. 17

4 PRÓTESE DENTAL REMOVÍVEL E A DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA REVISÃO, pág. 21

5 TRAUMA MAXILO FACIAL: EVIDENCIAS RELEVANTES NO ATENDIMENTO DE PACIENTES GERIáTRICOS, pág. 25

6 PERCEPÇÃO DO ACADêMICO DE ODONTOLOGIA PARA UM ATENDIMENTO HUMANIZADO AOS PACIENTES NAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UFF, pág. 31

7 PERFIL DAS DOENÇAS SISTêMICAS DOS PACIENTES DA CLÍNICA DE ODONTOGERIATRIA DA FOUFF, pág. 37

8 EROSÃO NO ESMALTE DENTAL CAUSADA POR REFRIGERANTES: UM ESTUDO IN VITRO, pág. 47

9 CORRELAÇÃO ENTRE CLASSIFICAÇÃO DE BAUME E ANGLE PARA MOLARES DECÍDUOS, pág. 57

A RFO (Revista Fluminense de Odontologia) é publicada semestralmente, em julho e dezembro, e está indexada nas seguintes bases de dados: Nacional - BBO (Bibliografia Brasileira de Odontologia) - Brazilian Dental Bibliography - Portal de Periódicos da CAPES - Coordenation for the Improvement of Higher Education Personnel International - LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (BIREME) / Lation American and Caribbean Health Sciences Literature.

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Crise, que crise?

CRISE É UM CONCEITO UTILIZADO NA SOCIOLOGIA, na política, na economia, na medicina, na psicopatologia, entre outras áreas de conhecimento. Ela não deve ser encarada como ameaça ou derrota e sim constituir um motivador desafio para o alcance da vitória, assim como a aspereza do espinho está para a suavidade da flor, ela não é local nem pontual, é mundial, repete as vozes da humanidade. Há crises existenciais, humanas, na ciência, no cotidiano. Há crises de valores, religiosas, históricas.

Há uma verdade irrefutável, crises existem a todo tempo. Porém, não existe nenhuma tese que comprove sua intransponibilidade definitiva. Muito ao contrário. Com os avanços atuais, a AIDS, como exemplo, quase na reta final, não deixa de ser fruto de uma crise.

A crise pode ser definida como uma fase de perda, ou uma fase de substituições rápidas, em que se pode colocar em questão o equilíbrio da pessoa. Torna-se, então, muito importante a atitude e o seu comportamento face a momentos como este. É fundamental a forma como os seus componentes são vividos, elaborados e utilizados subjetivamente.

A sua evolução pode ser benéfica ou maléfica, dependendo de fatores que podem ser tanto externos, como internos. Toda crise conduz necessariamente a um aumento da vulnerabilidade, mas nem toda crise é necessariamente um momento de risco. Pode, eventualmente, evoluir negativamente quando os recursos pessoais estão diminuídos e a intensidade do estresse vivenciado pela pessoa ultrapassa a sua capacidade. A crise não é necessariamente evolutiva. Define-se como a perturbação temporária dos mecanismos de regulação de um sistema, de um indivíduo ou de um grupo. Esta perturbação tem origem em causas externas e internas de adaptação e de reação.

Mas a crise é vista, de igual modo, como uma ocasião de crescimento. A evolução favorável de uma crise conduz a um crescimento, à criação de novos equilíbrios, ao reforço da pessoa e da sua capacidade de reação a situações menos agradáveis.

Editorial

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Assim, a crise evolui no sentido da regressão, quando não se a consegue ultrapassar, ou no sentido do desenvolvimento, quando ela é favoravelmente vivida.

A crise econômica, uma das mais notórias, nunca foi um problema isolado. Embora resulte de mudanças históricas, de decisões políticas, algumas a nível mundial, atinge diretamente o cotidiano de todos os homens, principalmente dos de países pobres. É ela que desencadeia pequenas outras crises como as que presenciamos atualmente, na Saúde, Educação, Habitação, enfim, em todos os setores da vida humana.

Como vencer a crise? Não existe receita pronta para a cura desta doença. Parodiando um ditado popular, se existisse, certamente seria vendida.

Hoje, os filósofos modernos falam em “quebra de paradigmas”. Uma expressão que já se torna corriqueira, mas que deve significar muito. Mudança de conceitos, superação de barreiras, alternativas para vencer a crise. A quem compete, seria desnecessário dizer.

Como toda crise é positiva, o nosso país se vê às voltas para resolver suas pendengas internacionais e se firmar como nação. E descobriu, há tempo, ou lhe disseram, que o caminho passa pela educação.

As mudanças são lentas, mas começam a tomar corpo e, pouco a pouco, vão se fazendo notar através de decisões simples, de projetos inteligentes, de atitudes coerentes. A nova lei de Diretrizes e Bases da Educação e as DCNs, varrendo a acomodação dos meios educacionais e provocando mudanças criativas contra as receitas pré-elaboradas.

Vislumbrando toda esta questão, as IFES vêm caminhando em sentido paralelo. Ao enquadrar-se nos novos tempos, provocam todos os seus segmentos a traçarem os caminhos, a buscarem os rumos, não só na sua infraestrutura física, mas também nos seus projetos pedagógicos institucionais.

E mais tarde, quando alguém perguntar pela crise... – Que crise?

Cresus Vinicius Depes de Gouvêa Diretor da Faculdade de Odontologia da UFF

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Copyright © 2013 international Journal of SCienCe DentiStry | available online http://www.iJoSD.uff.br

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Shear bonD Strength of Metal/CeraMiC interfaCe after Different SurfaCe treatMentS: AN IN VITRO StuDy

reSiStÊnCia ao CiSalhaMento Da interfaCe Metal/CerÂMiCaapÓS DiferenteS trataMentoS De SuperfÍCie: eStuDo IN VITRO

artigo 1

Sílvia Fontes do Amaral PereiraMaster of Science in Science and Materials engineering (ufSC) and First Lieutenant (Dentist) in the brazilian navy

Prof. Dr. Cresus Vinícius Depes de GouvêaDoctor of Dentistry and Full Professor – Director of the Dentistry Faculty at the “Universidade Federal fluminense – uff”, Coordinator of the Applied Biotechnology laboratory (laba-uff – laboratório de Biotecnologia Aplicada) – at the niterói, rio de Janeiro, brazil

Prof. Waldimir CarvalhoMaster of Science and professor of the Applied Biotechnology laboratory (laba-uff – laboratório de Biotecnologia Aplicada) - at the “Universidade Federal Fluminense-uff”, niterói, rio de Janeiro, brazil

Prof. Dr. Rubens Nascimento MaribondoDoctor of Science and Materials engineering (ufSC) and professor of the Materials Engineering Department of the Federal University of rio grande do norte

Profª. Drª. Simone Caixeta de AndradeDoctor of buco-Dental biology - histology and embryology (fop-Unicamp)

Prof. Dr. José Augusto de Almeida BuschinelliDoctor of engineering (rwth-Aachen) and Full Professor of the Mechanical Engineering Department of the Federal University of Santa Catarina

Endereço para correspondência:Shtn Residencial Lake Side, apto 112C, brasília/Df – [email protected] tel: (61) 3035-5582 / 9909-2074

Recebido: 18/08/201�

Aceite: 26/08/201�

reSuMo

O objetivo do presente estudo in vitro foi verificar, através de teste de cisalhamento, a resistência de união da liga Wironia®

light, à base de níquel-cromo sem berílio, sujeita a diferentes tratamentos de superfície, às cerâmicas Vita VM13 e Noritake. Foram confeccionados oitenta espécimes cilíndricos metálicos, com o auxílio de uma matriz de aço, nas dimensões de 4 mm de diâmetro por 4 mm de altura. Os espécimes foram divididos em oito grupos (n=10), de acordo com o tipo de tratamento superficial aplicado à liga metálica e com o tipo de cerâmica testada. Estes foram avaliados de acordo com os critérios de resistência ao cisalhamento e, com o auxílio de microscopia óptica, foi avaliada a área de cerâmica remanescente aderida ao metal após a fratura. Os corpos-de-prova do G6 (fabricados em Cerâmica Noritake com jateamento-26,401 ± 11,637 MPa) apresentaram maior resistência ao cisalhamento (p> 0,05) enquanto que os menores valores foram registrados no G4 (Cerâmica Vita com utilização de broca-13,440 ± 7,766 MPa). G6 (19425,4 μm2) apresentou a maior área de cerâmica aderida ao metal (p> 0,05) enquanto que o G4 (2310,2 μm2) apresentou a menor área. Concluiu-se que G6 obteve os valores mais altos de resistência ao cisalhamento e de remanescente cerâmico aderido à superfície metálica enquanto que o G4 obteve os valores mais baixos.

Palavras-chave: Restaurações metalo-cerâmicas; ligas de níquel-cromo; porcelana dentária.

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abStraCtThe aim of this in vitro study was to verify, by means of the shear test, the bonding strength of Wironia® light nickel-chrome alloy without beryllium, subjected to different surface treatments, to Vita VM13 and Noritake ceramics. Eighty cylindrical metal specimens were manufactured with aid from a steel matrix, measuring 4 mm in diameter by 4 mm height. The specimens were divided into eight groups (n=10), according to surface treatment ap-plied to the metal alloy and type of ceramic tested. These were evaluated in accordance with shear strength criteria and, with the aid of optic microscopy the remained ceramic area ad-hered to metal after fracturing was evaluated. Specimens of G6 (manufactured with Nori-take Ceramic treated with airborne particle abrasion-26.401 ± 11.637 MPa) presented the highest shear bond strength (p> 0,05), whereas the lowest values were recorded for G4 (the Vita Ceramic specimens bur treated -13,440 ± 7,766 MPa). G6 (19425,4 μm2) presented the biggest ceramic area adhered to metal (p> 0,05), whereas G4 (2310,2 μm2) presented the small area. In conclusion, G6 had the highest values for shear bond strength and metal adhere to surface, whereas G4 had the lowest values.

Keywords: Metal-ceramic restorations, nickel-chrome alloys, dental porcelain.

introDuCtionModern Dentistry has a large quantity of materials and techniques at its disposal for restoring lost dental elements, in an endeavor to respect biological and esthetic aspects, and to preserve the remaining dental structure as far as possible (Araújo, 2006).

Dental ceramic is an excellent esthetic material capable of mimicking the texture, color and translucence of the dental struc-ture. However, because it has a high hard-ness index, that causes enamel abrasion of the antagonist teeth, and it is susceptible to fracture, the application of completely ceramic dentures is restricted (Anusavice & Ringle et al, 1977).

With the aim of minimizing the risk of fracture of the parts and preserving the dental structure during prosthetic rehabilitation, metal-ceramic systems were developed, in which the porcelain is sinterized onto a metal infra-structure, and this has shown reliable chemical bond, high mechanical strength and good esthetic characteristics (McLean, 2001).

Porcelain bond to metal is due to chemi-cal, physical and mechanical forces (Dekon & Goiato et al, 2002). All these processes

depend on the wettability of the metal sur-face with porcelain during the sinterization process(McLean, 2001), and it is imperative for the alloys to have properties that are compatible with those of the ceramics, so that bonding occurs in the best manner (Fernandes Neto & Panzeri et al, 2006). The alloy surface preparation, its com-position and the type of ceramic cooling are also interfering factors that must be taken into consideration in the results of the bond strength tests between the alloy and porcelain (Fernandes Neto & Panzeri et al, 2006).

The nickel-chrome alloys have been frequently used for making fixed metal-ceramic dentures because they cost less than gold alloys (Vasconcellos & Giovani et al, 1999) and do not require sophisticated equipment with sensitive casting procedures, as titanium alloys do (Araújo, 2006).

In this context, the aim of this study was to assess the metal bond strength of a nickel-chrome alloy without beryllium, to two types of dental ceramics used in metal-ceramic restorations, subjected to different surface treatments, and to verify the quantity of ceramic remaining adhered to the metal surface.

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Material anD MethoDSEighty metal cylinders, measuring 4 mm in diameter by 4 mm high were waxed with the aid of a stainless steel matrix (Figure 1) and cast in nickel-chrome alloy without beryllium, Wironia® light (Bego - Bremen, Germany).

After being removed from the lining and cut from the sprue, the test specimens were steam cleaned subjected to no treatment (Figure 2A) or had received the following different surface treatments: use of a cylindrical diamond bur 835.104.016 (Komet - Germany) (Figure 2B), mounted on a straight part; 55% fluorhydric acid (Dentsply-Brasil) etching for 5 minutes (Figure 2C); aluminum oxide airborne particle abrasion (50μm) (Figure 2D).

FiGuRE 1.Eighty wax patterns were obtained through direct molding from a stainless steel matrix. A – Wax adapted inside the stainless steel matrix, B – metal rod triggered to remove the wax pattern: C – Wax pattern completed.

A B C

FiGuRE 2SeM images of different surface treatments on test specimens. A. Control with no treatment. b. Cylindrical diamond bur. C. 55% fluorhydric acid (Dentsply-Brasil) etching for 5 minutes. D. aluminum oxide airborne particle abrasion (50 μm) (Scale: 10 μm/1KX).

A B

C D

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FiGuRE �Energy dispersive spectrometry of X-rays, demonstrating the clear metal surface area and the dark area in the precipitation of oxides (scale: 10 μm/1KX).

FiGuRE �Shear test. Matrix with the specimen inside (A), attached to aluminum device (B), with the ceramic portion receiving the load of the active tip and flat device (C).

CeramiC appliCation and FiringWith the aid of a stainless steel matrix iso-lated with an insulating agent for ceramic (VITA– Bad-Sackingen, Germany), the ce-ramics Vita VM 13 (Vita – Bad-Sackingen, Germany), with their pre-opaque (Wash Opaque, Vita VM 13, Vita – Bad-Sackin-gen, Germany), and ceramic Noritake EX-3 (Noritake Kisai Co. – Nagoya, Japan) were applied to ten specimens of each type of surface treatment, using the incremental technique, in accordance with the manu-facturers’ recommendations.

Shear teStAll of the eighty test specimens, with their different surface treatments and ceramics were inserted into the matrix and taken to an EMIC, model DL 10.000 universal mechanical testing machine belonging to the Military Engineering Institute – IME - in order to perform the shear test (Figure 3). The force of a 50 Kgf load cell was applied on the exposed ceramic at a speed of 0.5 mm/min and shear fracture strength was recorded in MPa. After fracture of the test specimens, the areas of the ceramic remainders adhered to the metal were measured in µm2, by image analysis, with the aid of an optic microscope (ZEISS - Stemi 200C, Göttingen, Germany).

Specimen surfaces were analyzed by Scanning Electronic Microscopy (SEM LEO, model S440) equipped with an X-ray spectrometry system (EDS) (Oxford Link, model ISIS) for microanalysis (Figure 3).

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TABlE 2Mean values of ceramic remaining adhered to the metal surface in micrometers (μm)

TABlE 1Bond strength means (Mpa) and standard deviations of two ceramic groups with different metal surface treatments.

The mean shear strength values were submitted to Shapiro-Wilk test that revealed p- value higher than 0.05 for all the groups, characterizing a normal distribution, allo-wing the analysis of variance (ANOVA) to be performed, in which a statistically significant difference was verified among the samples assessed (p<0.05).

The Tukey multiple comparison test, used to compare each group with the others, showed the existence of two homogeneous groups. The first homogeneous group was composed of G4 (13.440 ± 7.766 MPa), G3 (17.604 ± 9.009 MPa), G7 (21.973 ± 4.512 MPa), and G5 (21.981 ± 6.631 MPa). Whe-reas the second homogeneous group was composed of the groups G1 (26.350 ± 6.511 MPa), G6 (26.401 ± 11.637 MPa), G8 (25.928 ± 8.005 MPa), and G2 (25.154 ± 4.760 MPa), associated with the first homogeneous group excluding the data of G4. Therefore, the

test specimens of G6 (26.401 ± 11.637 MPa) showed higher shear bond strength values, while the specimens of G4 (13,440 ± 7,766 MPa) showed the lowest results.

As regards the mean values of the ceramic remainders found, normal distribution was not observed in all the groups and it was not possible to perform parametric analysis. Thus, when analyzing the results with the normality test, it was found that there was no normal distribution (p>0.05) for G3. With the application of Kruskall-Wallis test, significant differences were found among the groups. Through the median analysis, it was concluded that G5 and G7 constitute a group, and G3 and G6 form another group, both being homogeneous. Furthermore, the specimens of G6 (19425.4 μm2) maintained the highest value of ceramic area adhered to metal while the samples of G4 (2310.2 μm2) obtained the lowest area.

reSultSTable 1 shows the bond strength means obtained with the different types of surface treatment performed on the metal surface, recorded in MPa. After concluding the shear test, the remai-ning ceramic area adhered to the metal was measured with the aid of an optic microscope, and the measurements are shown in Table 2.

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DiSCuSSionCeramic bonding to metal is performed du-ring firing of the part, when the pores of the crystalline structure of the metal open, into which the fluid agents of the ceramic penetrate and remain fixed after cooling (Nascimento & Martinelli et al, 2003). This is attributed to physical factors such as the Van der Walls forces, chemical bond, and mechanical inte-raction (Silver & Klein et al, 1956).

In addition to the good clinical results and mechanical strength obtained (Chong & Beech, 1980), nickel-chrome alloys, when free of beryllium, allow the formation of a homogeneous layer of oxides, favoring the metal/ceramic bond (Reskalla & Chaves Fi-lho et al, 2005). It also has reduced toxicity when exposed to the oral environment (Lin & Bowers et al, 2008, Bezzon & Ribeiro et al, 2001) due to its high resistance to corrosion (Chong & Beech, 1980).

Because it is a handcrafted process with dozens of variables to be accurately controlled, a metal-ceramic prosthesis must be made in accordance with the highest standards that regulate the laboratory stage, in order to avoid bond failure between the two materials, which in these cases, is usually associated with mechanical and chemical factors.

In the test developed by Itinoche in 1999 (Tango & Jóias et al, 2006),which uses cylin-drical test specimens with ceramic superim-posed on metal, it is necessary to standardize the specimens in order to obtaining reliable results. This is made feasible by using a stainless steel matrix that serves as a mold when making the samples, and for perfor-ming the mechanical test. Moreover, in this type of test, a lower probability of creating residual stress on the interface is observed; if this is associated with the shear forces, it could mask the results of the study (Tango & Jóias et al, 2006).

In their studies, Huang (2003) e Tango (2006) observed considerable metal/ceramic bond strength values in specimens treated

with aluminum oxide airborne particle abra-sion. In this research similar results were found, which can be attributed to airborne abrasion being capable of removing the excess unstable oxide layers formed during alloy casting, leaving the metal surface encrusted with aluminum that has a homogeneous composition and roughness, making it ideal for bonding (Mackert & Ringle et al, 1988). This homogeneity of the oxide layer on the metal enables the wettability by the sur-face ceramic (Araújo, 2006, Anusavice & Ringle et al, 1977, McLean, 2001, Ringle & Fairhurst et al, 1979) with consequent diffu-sion of the metal ions, such as chrome and aluminum from the porcelain, forming an intermediate interface or layer (Warpeha & Goodkind, 1976). Thus, the oxide layers formed must probably have been sufficien-tly thick (Dekon & Goiato et al, 2002) to allow the perfect dissolution of ions, with interdigitations of the intermediate layer on the metal, resulting in good bonding (Lubovich & Goodkind, 1977).

In the SEM image associated with energy dispersive X-ray spectrometry, the specimens that did not receive surface treatment sho-wed a layer of oxide distributed irregularly on the metal, with high silicone content that diffused from the alloy to the surface during casting. In spite of the literature being unanimous in emphasizing the need for removing the excess oxides formed on the metal surface to form an ideal interface for bonding Groups G1 (26.350 ± 6.511 MPa) and G5 (21.981 ± 6.361 MPa) showed good results (Araújo, 2006, Anusavice & Ringle et al, 1977, Fernandes Neto & Panzeri et al, 2006, Lin & Bowers et al, 2008, Huang, 2003, Lubovich & Goodkind, 1977). Since the purpose of the study did contemplate measuring the thickness of the oxide layer shown in these specimens, there are several relevant factors to consider with regard to metal bonding to ceramic. Therefore, the satisfactory results may be justified by the action of factors such as: the harmonious

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interaction of thermal expansion coefficients that did not cause stress on the ceramic, inducing cracks (Vasconcellos & Giovani et al, 1999, Mackert & Ringle et al, 1988), and adequate cleaning of the metal surface, imperative for eliminating grease coming from handling, by means of using the steam (Dekon & Goiato et al, 2002) appliance to perform careful cleaning in this study.

Although metal surface treatment for formation of the interface was contemplated in this study, and the test specimens were not immersed in acid solutions, the result was similar to the findings of Araújo (2006); Huang (2003); Ringle et al. (1979) showing some points of corrosion on the metal surface. Some authors consider values above 10 MPa clinically acceptable for shear bond strength in metal/ceramic bonding (Chong & Beech, 1980). The nickel-chrome-based alloys with a high chrome (> 12%) and molybdenum (> 5%) content, such as the one used in this study, allows the formation of more stable oxide layers that are more resistant to corrosion(Huang, 2003), forming fewer defects on their surfaces1. The application of fluorhydric acid for 5 minutes was capa-ble of altering the metal surface, causing a diminished oxide layer, but not allowing it to become deficient or have an excess of failures that would interfere in bonding (Mackert & Ringle et al, 1988, Lubovich & Goodkind, 1977, Scolaro & Valle, 2002).

Alteration of the metal surface by the increase in roughness generated by the diamond bur does not necessarily mean an increase in fracture strength since this, among the mechanical interactions that occur, is the least important (Lubovich & Goodkind, 1977). Therefore, roughness created by the bur could be excessively irregular, causing discontinuity of oxide layers, making surface wettability difficult and compromising bonding (Araújo, 2006). The use of diamond burs also leaves resi-dues on the metal surface, since they are embedded in the alloy, prevent the correct

diffusion of ions creating bubbles at the interface during porcelain firing, which weaken the bond (Ringle & Fairhurst et al, 1979). Moreover, it was shown that the air-particle abrasion group exhibited signi-ficantly higher shear bond strength when compared to drilled group (do Nascimento & Kirsten Miani et al, 2012). However, the superior result of G8 when compared with G4 may be attributed to the uniformity of roughness and non-interference of other forces that regulate bonding.

It is important to emphasize the diffe-rence in ceramic processing; that is, Vita received a pre-opaque and opaque appli-cation (powder/liquid), while Noritake only received an opaque application (paste) because its kit does not contain a pre-opaque application. Although it was not the aim of this study, it could be that in spite of perfor-ming the ceramic application in accordance with the manufacturer’s recommendations, the pre-opaque application may have inter-fered in the results.

In this study, few specimens showed co-hesive fracture, and in the majority of cases, there were samples with total and partial debonding of the ceramic, corroborating the results of Scolaro and Valle (2002) who found samples with ceramic completely de-bonded from the metal. When the ceramic loosened from the metal, the failure occurred in the bond between the metal and oxide layers (Scolaro & Valle, 2002); and when there was ceramic remaining adhered to the metal, the problem was between the interface and the porcelain (Anusavice & Ringle et al, 1977, Mackert & Ringle et al, 1988). It seems to be clear that the higher the bond strength between the materials is, the larger will be the quantity of ceramic remaining adhered to the metal. Therefore, it may be observed that G6 offered higher shear bond strength and a larger area of adhered ceramic, while G4 showed lower shear bond strength values, with a reduced area of adhered ceramic.

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ConCluSionWithin the limitations of the methodology applied, and based on the results obtained, we may conclude that: all the ceramics associated with different types of metal surface treatment showed clinically acceptable shear bond strength values.

The ceramic Noritake, whose surface was treated with alu-minum oxide airborne particle abrasion, showed higher fracture strength at the metal/ceramic interface (26.401 ± 11.637 MPa), while the Ceramic Vita treated with a diamond bur showed the worst results (13.440 ± 7.766 MPa). The area of the ceramic re-maining adhered to metal showed a direct relationship with the bond strength values of the different types of surface treatment performed in the shear test. Thus, Ceramic Vita treated with a diamond bur showed the smallest quantity of ceramic adhered to the metal after the shear test, while the group of Ceramic No-ritake treated with aluminum oxide airborne particle abrasion showed the largest area of remaining ceramic.

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infeCÇÕeS fÚngiCaS Que aCoMeteM a CaviDaDe oral fungal infeCtionS in the oral Cavity

Walleska Feijó liberatoAluna de Iniciação Científica da faculdade de odontologia da uff

Bruno leal Ferreiralaboratório de Microbiologia oral - faculdade de odontologia, universidade federal fluminense, niterói, rJ, brazilprofessor do laboratório de Antibióticos, Bioquímica e Modelagem Molecular (LABiEMol) - Instituto de biologia, universidade federal fluminense

Gustavo Vicentis de Oliveira FernandesDoutorando em odontologia (ppgo) – uffMestre em Ciências Médicas – uffEspecialista em Implantodontia – UFFProf. Curso de Especialização e Atualização em Implantodontia (universo)prof. Curso de atualização em Periodontia (Universo)Prof. Titular de Periodontia I e II (universo)

Marcos da Veiga KalilProfessor Doutor da Disciplina de Endodontia da Faculdade de odontologia da uffCoordenador do laboratório de Microbiologia oral da faculdade de odontologia da uffprofessor do laboratório de Antibióticos, Bioquímica, Ensino e Modelagem Molecular labieMol

Helena C. Castroprofessora associada e Coordenadora do Laboratório de Antibióticos, Bioquímica, Ensino e Modelagem Molecular labieMol

Enviado em: 1�/0�/201�

Aceito em: 2�/0�/201�

reSuMoExistem diferentes tipos de fungos na natureza, pode-se dizer que eles são uma forma de vida bastante simples e agem como parasitas. Alguns tipos infectam seres humanos provocando várias doenças, principalmente nos países tropicais, como o Brasil. Porém, o tratamento para as micoses, geralmente, são difíceis por tratar-se de uma doença oportunista. As infecções fúngicas representam um grupo importante de doenças da boca pela prevalência e pelas manifestações que podem ser primitivas na mucosa bucal. As infecções na cavidade oral são: Candidíase, Histoplasmose, Blastomicose, Paracoccidioidomicose, Cocci-dioidomicose, Criptococose, Zigomicose e Aspergilose. Vários fungos são habitantes normais da cavidade bucal, mas são mantidos em equilíbrio pela competição com bactérias e pelos mecanismos de defesa normais do hospedeiro. As alterações de qualquer um destes fatores podem resultar no desenvolvimento de uma infecção com todas as suas consequências à saúde. Sendo assim, é de fundamental importância que o cirurgião-dentista esteja atento para os sinais e sintomas, para proceder de modo correto, atentando para a saúde do indivíduo na sua integralidade. O objetivo desse trabalho é realizar uma revisão de literatura referente a este assunto, ressaltando os sinais clínicos na cavidade bucal.

artigo 2

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introDuCtionIn nature there are different types of fungi. We could say they are a quite simple way of life. These have no flowers and multiply by very small cells, called spores that develop and fall in wet soil, ideal environment for the growth of a new fungus. As has no chlorophyll, which is essential to plants, fungus acts as parasitic, feeding the food with other forms of life. Some types acts in humans causing a lots of diseases.

Mycoses, in its various types, are caused by micro fungi, reaching humans more fre-quently in tropical countries such as Brazil. Generally, the fungal infections treatment is difficult because it is an opportunistic disease. But there are advanced studies and important works on this subject, in addition, drugs are being developed.

Fungal infections are an important group of the mouth disease prevalence and the early

abStraCtThere are different types of fungi in nature, we can say that they are a quite simple way of life and act as parasites. Some types infect humans causing various diseases, especially in tropical countries such as Brazil. However, treatment for fungal infections, are often difficult because it is an opportunistic disease. Fungal infections are an important group of the mouth disease prevalence and protests by primitives that can be the oral mucosa. Infections in the mouth are: candidiasis, histoplasmosis, blastomycosis, paracoccidioidomycosis, coccidioidomyco-sis, cryptococcosis, zygomycosis and aspergillosis. Several fungi are normal inhabitants of the oral cavity but is kept in equilibrium by competition with bacteria and normal defense mechanisms of the host. Changes in any of these factors can result in the development of an infection with all its health consequences. Therefore, it is of fundamental importance that the dentist watch for signs and symptoms, to proceed in the right way, paying attention to the health of the individual in their entirety. The aim of this paper is to review the literature on this subject, emphasizing the clinical signs in the oral cavity

manifestations which can be the oral mucosa (MENDES, 2011). They can be: Candidiasis, Histoplasmosis, Blastomycosis, Paracocci-dioidomycosis (South American Blastomy-cosis), Coccidioidomycosis, Cryptococcosis, Zygomycosis (Mucormycosis, Phycomycosis) and Aspergillosis (NEVILLE, 2009).

In the mouth, fungi usually colonize the tongue, palate and mucosa, but also can be found in periodontal pockets and maxillary sinuses (Matjaz, 2004). Several fungi are normal inhabitants of the oral cavity but are kept in equilibrium by competition with bacteria and normal defense mechanisms of the host. Changes in any of these factors can result in the development of a fungal infection.

Systemic factors that impair the host response may include AIDS, diabetes melli-tus, leukemia, aplastic anemia, antibiotics, cytotoxic treatments, emotional factors and stress (CANABARROA, 2009).

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literature review CandidiaSiSOral candidiasis can be caused by different Candida species among them, C. albicans, C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis, C. guilliermondii, as well as species from other genera. The amount of yeast injury is usually high and often more than one species is isolated, so the role of particular species in the etiology of the disease is difficult to assess (CANDIDO, 2000). Candida albicans is a commensal organism present in the oral cavity of most healthy people, it is a microorganism present in the normal flora found in the mouth, digestive tracts, respiratory and vaginal. His transformation from dinner to pathogen is related to local and systemic factors (NETO, 2005).

This fungal infection has been largely as-sociated with HIV infection and is present in all reviewed articles on the prevalence of oral manifestations in HIV positive patients, being the most common injury in studies conducted in various parts of the world (REZNIK, 2005).

According to Galle, Colella et al (2013) the prevalence of diseases caused by Candida spp. has increased in recent years, mainly due to the increased number of immuno-compromised patients. Candida has the potential to infect virtually every tissue in the body. However, it is predominantly found in vaginal and buccal mucosa.

Candidiasis is the most common oral fungal infection in humans and it can display a variety of clinical patterns. As pseudomem-branous candidiasis, also called thrush, and is characterized by the presence of adherent white plaques on the oral mucosa and are creamy and detachable. These plates are formed by hyphal cells, epithelial cells and necrotic tissue. The underlying mucosa may be normal or erythematous. The patient has burning sensation and presents fetid breath. Lesions are usually julgal mucosa, tongue and palate . It can be triggered by the exposure of the patient to the antibiotic to eliminate competing bacteria or immunosuppression (TINOCO, 2013).

Another clinical pattern is erythema-tous candidiasis, which can manifest with

red spots and burning sensation usually in the posterior hard palate, buccal mucosa and tongue dorsum. Occurs by the use of broad-spectrum antibiotic, xerotomi and immunosuppression, but there are idiopathic cases (NEVILLE, 2009).

The chronic hyperplastic candidiasis is the rarest type. It presents as white plates non-detachable and is asymptomatic, being located in the buccal mucosa before and is related to immunosuppression and also idiopathic.

Severe oral candidiasis is related to a group of rare autoimmune disorders such as mucocutaneous candidiasis. This is characte-rized by white patches, which may or may not be detachable and red areas, tongue, buccal mucosa and palate. Most cases are sporadic and is also related to heredity.

Invasive candidiasis is a condition of impact in the area of neonatology. This may be endogenously from the colonization of the gastrointestinal mucosa. The most important risk factors are prematurity and immaturity of the immune system, physical barriers weake-ned, colonization, environmental exposures, central venous catheter or endotracheal tube for a long time, H2 blockers, antibiotics and corticosteroids for prolonged parenteral nu-trition, time prolonged hospitalization, recent surgery, dialysis, maternal hypertension, intrauterine growth restriction, asphyxia, infection and hospital advanced gestational age. The mouth is a gateway to opportunis-tic fungal infections and oral candidiasis a possible primary source for colonization of the gastrointestinal mucosa and systemic spread of the fungal infection through the mesenteric capillaries.

The diagnosis of oral candidiasis is ba-sed on clinical signs and symptoms, so the participation of a dentist is important to evaluate patients with suspected opportu-nistic infection oral yeast. As a complement to clinical diagnosis, can be used exfoliative cytology with direct search for fungi and mi-crobiological culture, because both have fewer false-positive results (TINOCO, 2013).

For treatment of oral candidiasis have been developed several drugs, such as nystatin, amphotericin B, agents imidazoles, triazoles agents and iodoquinol (NEVILLE, 2009).

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BlaStomiCoSiSIt is a disease caused by Blastomyces der-matidis, which is a dimorphic fungus. Its natural habitat, is moist and rich soil where it grows like mold.

Cutaneous manifestations of blastomy-cosis come in two forms, ulcerative and verrucous. Five categories of blastomycosis were defined: primary pulmonary disease, disease of a single organ system, wides-pread disease of multiple organs, chronic skin disease and inoculation blastomycosis (LOAYZA, 2013).

Most cases of blastomycosis is asymp-tomatic or presents some produces mild symptoms, the most common is in the lung. The acute blastomycosis resembles pneu-monia, however chronic blastomycosis is more common and mimics tuberculosis. Lesions may result from extrapulmonary dissemination and oral inoculation of the micro-organism. Surface lesions are erythe-matous or whitish and intact, or may appear as irregular ulcerations with raised borders and in pain. These lesions resemble squamous cell carcinoma, so it is necessary to biopsy and histopathology.

Most patients with this infection, do not needs treatment is indicated only if, the patient is seriously ill, does not show clinical or patient estasr for more than three weeks. In these cases, it is indicated the use of itraconazole or amphotericin B (NEVIL-

LE, 2009).

paraCoCCidioidomYCoSiS or SoUth ameriCan BlaStomYCoSiSSouth American blastomycosis, paracoccidio-idomycosis (Pb mycosis) or Lutz’s disease is a fungal infection endemic in Latin America. It is caused by the dimorphic fungus Para-coccidioides brasiliensis is a disseminated disease, systemic, involving the lungs and other organs, but shows characteristic le-sions. And can cause oral mucosal lesions. According to studies, the most common sites of oral lesions Pb mycosis are: oral mucosa (30%), gum (16.6%) and lips 16.6% (AZENHA, 2012).

The primary route of infection is pul-monary paracoccidioidomycosis, but the disease is often diagnosed from oral mani-festations, lymph nodes and skin (TOLEN-

TINO, 2010).The most common clinical manifestation

of PCM is the occurrence of chronic disease in male patients, aged between thirty and fifty years, smokers and/or chronic alcoholics in places where hygiene, nutritional and socioeconomic conditions are poor.

One of the clinical forms of chronic multi-focal type, relatively frequent PCM, cutaneous mucocutaneous is characterized by lesions on the oral mucosa, gums, tongue, soft pa-late and labial mucosa, nasal, pharyngeal and laryngeal.

Periodontal and labial regions are the most affected in chronic oral forms of PCM, the use of cytology may help in the diagnosis of these lesions.

The treatment of this infection depends on the severity of the disease. Sulphonamides have been used in mild to moderate cases. In severe cases, makes use of amphotericin B intravenoza, as in cases of risk of dea-th, oral itraconazole is the drug of choice (NEVILLE, 2009).

CoCCidioidomYCoSiSIt is a fungal infection caused by the dimorphic fungus Coccidioides immitis, which grows saprófica way in alkaline soil, semi-arid and desert. It presents as a mold in soil and as yeast in the tissues of the infected host.

Most infections caused by C. immitis are asymptomatic, but about 40% of infected patients who exhibit symptoms resembling a cold fatigue, headache, coughing, chest pain and myalgia for several weeks. Occasionally, the immune response can trigger a hyper-sensitivity reaction leading to a rash. These can mainly on the face and nasolabial folds. Already oral lesions are unusual and have been described as granulomatous nodules ulcerated. It is diagnosed by culture or by identification of microorganisms in biopsy material. However, when they do not exhibit the characteristic feature microscopy can be performed in situ hybridization studies with

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specific DNA probes complementary to C immitis. Other methods are also used, are cytopathology of bronchial swabs or sputum samples.

Treatment is not recommended for im-munocompromised patients with mild symp-tomatology. For many instances the drug of choice is fluconazole and itraconazole admi-nistered at high doses for an extended period of time. Besides this will also anfoterocina B and ketoconazole (NEVILLE, 2009).

CrYptoCoCoSiSCryptococcosis is relatively a uncommon fungal infection caused by Cryptococcus neoformans. This micoorganismo causes no problems in immunocompetent but affects 2-10% of immunocompromised. In this po-pulation, the initial respiratory infection often goes unnoticed, increasing the risk of systemic dissemination and engagement multiorgânico (PINTO-ALMEIDA, 2013).

Cryptococcosis has a worldwide distri-bution due to its association with the pigeon and the disease is acquired by inhalation of spores and is often asymptomatic, however may develop symptoms that resemble the flu (NEVILLE, 2009).

Oral lesions are rare but have been re-ported as crateriform ulcers that do not heal and are soft to palpation or as erythematous friable papillary.

It is diagnosed by biopsy and culture method. Being difficult to treat because pa-tients often have other diseases. The most commonly used drug is amphotericin B. As for cryptococcal meningitis, it is a combina-tion of amphotericin B and other systemic antifungal drug (flucytosine).

ZigomYCoSiSIt is an opportunistic fungal infection cau-sed by microorganisms saprobes class of Zygomycetes, including the genera Absidia, Mucor, Rhizomucor, and Rhizopus. The di-sease can develop in any part of the body and the rhinocerebral form is the most relevant to the dentist. This is most often present in insulin-dependent diabetics are decompen-sated and ketoacidosis.

Patients present with bloody nasal obstruction, facial pain or headache, facial swelling or cellulitis, and visual disturbances associated with proptosis. With the pro-gression of the disease can occur blindness, lethargy, convulsions and even death. When the affected maxillary sinus, there is an incre-ased volume of the alveolar intraoral upper palate or both.

Treatment consists of radical surgi-cal debridement of the infected tissue and necrotic administration of high doses of the lipid formulations of anfoterexina B (NEVILLE, 2009).

aSpergilloSiSIt is a fungal infection caused by various species of the genus Aspergillus which is a micoorganismo saprobe in soil, water and decaying organic debris.

The clinical features vary according to the immune status of the host. It may pre-sent as allergy, affecting the sinuses, called allergic fungal sinusitis, or may affect the bronchopulmonary tract. Sometimes, when the infection is established in the maxillary sinus can cause aspergilloma.

As well as the usual cavity infection with fungi jaw along the airway. Although the etiology of dental infections are only rarely proven can often be suggested based on anamnestic data. Mycoses maxillary sinus can result from a decomposition gangrenous pulp untreated whole tooth, root canal, or after intervention on the teeth of the ma-xilla, which are in contact with the cavity or following insertion of dental implants in this area (MATJAZ, 2004).

Treatment depends on the clinical pre-sentation of aspergillosis. For patients with low immunity aspergilloma affected by non-invasive, it is surgical debridement. For individuals with allergic fungal sinusitis, it is also made use of corticosteroids.

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ConCluSionThe number of fungal infections has increased, and the dentist should give special attention to those linked to the oral cavity and the stoma-tognathic system.

Infections in the jaw, jaw, sinuses, tongue and palate are common sites for infection of these fungi, and is difficult to diagnose in this way is important for professionals to be aware of the signs and symptoms to proceed correctly, paying attention to health of the individual in their entirety.

For a better understanding of changes in the oral cavity yeast, we made a table with key information about each form of presentation of these pathologies.

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oDontogeriatria na graDe CurriCular DaS faCulDaDeS braSileiraS

Mirian KallilAluna de Especialização em odontogeriatria - fo-uffErika Thuanne Gonçalves de SouzaDoutoranda em Clínica odontológica - fo-uff

Fernando de NoronhaProfessor convidado da Disciplina de odontogeriatria da fo-uff e Doutorando em Clínica odontológica - fo-uff

Miriam Zaccaro ScelzaProfessor Associado das Disciplinas de Endodontia e Odontogeriatria da fo-uff e Coordenadora da Especialização de Odontogeriatria da fo-uff

Endereço de correspondência: Miriam f. Zaccaro Scelza ([email protected])endereço: rua Mario Santos braga, n 30, 3º. andar, Centro niterói, Cep 24020140, rJ brasilfone 55-21-26299835

Enviado em: 0�/0�/201�

Aceito em: 2�/0�/201�

reSuMoO presente estudo teve como objetivo conhecer a Odontoge-riatria nas Faculdades do Brasil, como disciplina curricular na formação do cirurgião dentista. Duzentos e três Faculdades de Odontologia do Brasil (148 são privadas, 28 federais, 08 municipais e 19 estaduais) foram abordadas por emails, sites e por telefone. Realizou-se uma análise quantitativa das infor-mações obtidas a partir dos seguintes eixos: Instituição (pública ou privada), instituição que continham ou não a disciplina de odontogeriatria na sua grade curricular e instituições que não se pronunciaram. Os dados mostraram que apenas 24% dos cursos possuem o ensino de Odontogeriatria na graduação. Conclui-se que há uma necessidade de acrescentar a disciplina de Odontogeriatria na grade curricular já que de acordo com o levantamento, 65% das faculdades não contemplam no curso de Odontologia.

artigo 3

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introDuÇÃoO processo de envelhecimento segue um ritmo ace-lerado em decorrência do controle da natalidade, avanços no campo social e da saúde, favorecendo assim uma melhora na expectativa de vida.

A população com idade superior a de 60 anos, segundo os dados do IBGE (2000), atingiu o número de 14.536.029 pessoas. Vale ressaltar que dos municí-pios brasileiros, o Rio de Janeiro é o que tem maior proporção de idosos (12,8%), seguido de Porto Alegre (11,8%), nos quais foi encontrado um índice superior a 60% de endentados. Ressalta-se que num período de 20 anos, em cada três pacientes que se dirigirão ao consultório odontológico dois serão idosos, fato que exigirá um diferencial na formação do perfil do egresso em Odontologia.1

A pessoa idosa geralmente apresenta uma ou mais doenças crônicas e, consequentemente, poderá fazer uso de mais de um medicamento. Com efeito, as limitações físicas e psicológicas assim como a presença de demências, proporcionam fragilidades exigindo um olhar diferenciado por parte de profis-sionais (médicos, fisioterapeutas, cirurgião-dentista, psicólogos, enfermeira, assistente social, etc.). Acres-centa-se ainda que a intervenção odontológica exija uma visão holística por parte do cirurgião- dentista, a fim de proporcionar cuidados compatíveis com as necessidades dos pacientes em questão.2

Outro sim, com o crescimento rápido da população idosa e longeva implica em cuidados por parte da me-dicina oral, reforçando a relevância dos conhecimentos básicos que envolva a Odontogeriatria.3

Com efeito, de acordo com que ate aqui foi exposto, a Odontogeriatria passou a ter grande importância na formação do profissional. Aliás, no meio acadê-mico a disciplina de prótese dentaria deu subsídios para origem da Odontogeriatria, tendo em vista que a maior parte dos pacientes é idosa e que devido ao edentulismo procuram a reabilitação das funções estéticas, fonéticas e mastigatórias.4

Ainda no contexto da especialidade de odonto-geriatria, segundo dados na literatura, as faculdades dos Estados Unidos tem apresentado como disciplina curricular desde anos 80.5

Destaca-se que no Brasil a Odontogeriatria en-quanto especialidade foi regulamentada pelo Conselho Federal de Odontologia no ano de 2001 por meio da resolução 12/2001(Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2001), seção IX artigo 29. Foi determinado que: “Odontogeriatria é a especialidade que se concentra no estudo dos fenômenos decorrentes do envelheci-

mento que também tem repercussão na boca e suas estruturas associadas, bem como a promoção de saúde, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento das enfermidades bucais e do sistema estomatognático do idoso”. 6. Logo, trata-se de uma especialidade que cuida de pacientes acima de 60 anos de idade, tendo como objetivo a interação social, psicológica, funcional e preventiva de doenças bucais que podem propiciar o aumento dos riscos de doenças sistêmicas em idosos. 5

A inclusão dos conhecimentos da Gerontologia e da Geriatria no currículo do curso de Odontologia, assim como as diretrizes de políticas do Sistema Único de Saúde direcionada para a pessoa idosa, tem como propósito nortear as ações do egresso e ou profissional de modo a praticar uma conduta íntegra e favorável a esses pacientes.

Desta forma, conhecer as faculdades brasileiras que oferecem a odontogeriatria na grade curricular foi o propósito do presente estudo,

Material e MÉtoDoO presente trabalho se fundamentou na abordagem a 203 faculdades de Odontologia brasileiras, sendo que deste universo, 148 eram particular, 28 federais, 08 municipais e 19 estaduais (Fig. 1). A pergunta foi feita para identificar quais os cursos apresentavam na grade curricular, a disciplina de Odontogeriatria. Os métodos empregados foram: verificação nos sites das faculdades as grades curriculares, por emails solicitando informações e por meio de telefonemas. Para descrição do trabalho, alem das faculdades que responderam ter ou não ter a odontogeriatria como disciplina na grade, considerou-se aquelas que se abstiveram de respon-der. Com os dados obtidos realizaram-se gráficos de porcentagem para melhor identificação.

reSultaDoSDas Faculdades abordadas, com o cálculo de percen-tagens das respostas, 24% apresentaram no curso de Odontologia a disciplina de odontogeriatria. Entretanto, 65% das instituições não possuíam a Odontogeriatria na grade curricular e 11% se abstiveram de fornecer respostas seja por meio do site, e-mail e telefonemas. (Fig.2). Constatou-se que 22% das faculdades públicas não apresentam a disciplina de Odontogeriatria en-quanto 78% das particulares não apresentam o curso de odontogeriatria em todo o Brasil (Fig.3).

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DiSCuSSÃoComo consequência do envelhecimento populacio-nal, a demanda de pessoas idosas no consultório odontológico tende a crescer. Vale ressaltar, que tanto a rede pública como a privada deverão estar aptas a oferecerem atendimento e tratamento dife-renciados para esse grupo. Entretanto, para que isso ocorra, torna-se relevante formar profissionais con-hecedores da ciência do envelhecimento visando as-segurar um tratamento odontológico de qualidade em pessoas idosas. Aliás, o exposto corrobora com

os relatos de Kerschabaum WE. (1985), onde o au-tor descreve que para uma melhor compreensão do paciente geriátrico, faz-se necessário ter um olhar holístico para uma boa prática dos procedimentos.

Considerando que a Odontogeriatria tornou-se especialidade, no Brasil, em 2001, a inclusão dessa disciplina, como obrigatória, na grade curricular da graduação do curso de Odontologia torna-se rel-evante. Com efeito, conforme o Artigo 3º da Res-olução nº 3, de 19 de fevereiro de 2002, anexada as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia descreve como perfil do egresso/cirurgião-dentista, a formação generalista, humanista, crítica e reflexiva para atuar em todos os níveis de atenção à saúde com base no rigor téc-nico e científico. 6 Nesse contexto, as Instituições de Ensino de Odontologia devem estar atentas em de-senvolver dentre outras, a competência de comuni-cação e de tomada de decisão. Em relação ao ensino da Odontogeriatria, ter uma disciplina que abranja a gerontologia e geriatria com característica de multi e interdisciplinaridade se faz relevante para toma-da de decisão via práticas baseadas em evidências (PBE). Acrescenta-se ainda que Segundo Straus et al. (2000) a PBE é o emprego criterioso e explícito de evidências de pesquisa mais atuais na tomada de decisões clínicas sobre o cuidar de pacientes.

Law & Baum (1980) afirmaram que a experiên-cia e o raciocínio do profissional são prioritários para decidir qual a intervenção é efetiva ou não para um paciente específico. Isso deu azo a pensar que o cuidado com o paciente geriátrico com maior ou menor complexidade, dependendo do seu grau de dependência e capacidade funcional, exige confiança nas tomadas de decisões. Valer mencionar que status precário de saúde dos idosos longevos (maiores de 75 anos) deve-se, em parte, à maior desvantagem da situação socioeconômica nessa fase da vida.7

Os cursos de Odontologia devem proporcionar, nas aulas teóricas, além de conhecimentos específicos das alterações fisiológicas e patológicas do complexo maxi-lo-mandibular, também devem oferecer uma formação complementar com profissionais da área de saúde, a saber: médicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudi-ólogos, nutricionista, enfermeiros e assistentes sociais, contribuindo para um desenvolvimento multidisciplinar. Sendo assim, em situações onde enfermidades bucais nas pessoas idosas, dentre outros danos, podem limitar a escolha de alimentos e a fala, prejudicando a imagem

Particular73%

Municipal4%Estadual

9%

Federal14%

24%11%

65%

0% 0%

Instituições Públicas

22%

Possuem o curso de OdontogeriatriaNão possuem o curso de OdontogeriatriaNão responderam

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de forma a interferir na sociabilidade do indivíduo, a atuação do egresso ou cirurgião dentista, como uma comunicação adequada, certamente alcançará a solução mais viável8. Acrescenta-se ainda que na situação descrita, as enfermidades bucais presentes, ditas evi-dências, associadas a características apresentadas pelo paciente que foi a não sociabilidade, deverão despertar no profissional o conhecimento para a correta tomada de decisão. Para tal, a disciplina de Odontogeriatria deverá fornecer subsídios para a compreensão dos diferentes eventos biológicos, relacionados com o processo saúde-doença, considerando sempre, que a saúde bucal é parte indissociável da saúde geral do indivíduo e que é responsabilidade profissional e social do cirurgião-dentista zelar e mantê-la de forma íntegra, incluindo pacientes geriátricos.

A literatura tem reportado que na America La-tina existem poucos estudos que trace um perfil da situação da inclusão da Odontogeriatria na grade curricular do curso de Odontologia. 9. Na verdade os trabalhos existentes referem-se à necessidade de estruturação dos currículos com a inserção da Odontogeriatria e condição alcançada nos currículos em a disciplina existe.10,11, 12, 13,14

Pelo o que até aqui foi apresentado, torna-se essencial que a implantação da disciplina de odontogeriatria esteja inserida no processo de ensino-aprendizagem, onde o aluno é estimulado a agir com consistência, coerência e autonomia, adquiridos no transcorrer do curso, mediante aos limites envolvidos com a população alvo, resultando em prática ética.

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ConCluSÃo Diante dos dados obtidos é licito concluir que: 1. Devido ao envelhecimento populacional e as alterações que podem

advir com esse processo, torna-se relevante a inclusão da disciplina de odontogeriatria na grade curricular do curso de Odontologia

2. Das faculdades abordadas, apenas 24% dos cursos possuem o ensino de Odontogeriatria na graduação.

3. Sessenta e cinco por cento das faculdades brasileiras, ainda não apresentam a odontogeriatria na grade curricular, seja como disci-plina obrigatória ou optativa.

4. Dentre as faculdades que não apresentam a disciplina de Odon-togeriatria na grade curricular, 22% são publicas e 68% são privadas (Fig.3).

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prÓteSe Dental reMovÍvel e a DoenÇa De alZheiMer: uMa reviSÃoreMovable Denta eSiS anD alZheiMer’S DiSeaSe: a review

Roberto Passos VillarCirurgião-Dentista, aluno do Curso de Especialização em Odontogeriatria – faculdade de odontologia da universidade federal fluminense (fo-uff), niterói, rJ, brasil. levi ribeiro de almeida JuniorMestre em odontologia (uff); professor da fo-uff, niterói, rJ, brasil.Categoria do trabalho: revisão da literatura

Endereço para correspondência: rua do Catete, 42, casa 5a - Cep 22.220-000 - rio de Janeiro – rJ. telefone: (21) 3648-7808. E-mail: [email protected]

Recebido em: 0�/06/201�

Aceito em: 0�/0�/201�

reSuMoO tratamento odontológico de pacientes portadores da Doença de Alzheimer (D.A.) deve ser proposto em um contexto inter-disciplinar, considerando-se as limitações de cada estágio da doença. Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo apresentar uma revisão da literatura concernente às condutas odontológicas recomendadas para pacientes portadores de D.A. usuários de prótese dental removível. Os autores concluíram que a assistência odontológica a estes pacientes deve adequar-se ao estágio evolutivo da doença, considerando a relação risco-benefício de todas as etapas operatórias, sendo a confecção de próteses dentais removíveis uma das opções na recuperação da função mastigatória e fonética destes indivíduos.

Palavras-chave: Doença de Alzheimer; Odontologia; prótese dental.

abStraCtThe dental treatment of patients with Alzheimer’s Disease (A. D.) must be planned in a interdisciplinary context concerning the limitations of each stage of the disease. The aim of this article is to present a literature review concerning dental care of patients with A.D. that are users of removable dental pros-thesis. The authors concluded that planning dental treatment in A. D. must conform to the evolutionary stage of the disease and the risk-benefit ratio of all operative steps; the confection of removable dental prostheses constitute a valuable option in the recovery of masticatory function and phonetics of these individuals.

Keywords: Alzheimer’s disease; dentistry; dental prosthesis

artigo 4

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reviSÃo Da literaturaPesquisas têm verificado grande prevalência de problemas bucais em pacientes portadores de D.A. decorrentes de alterações comporta-mentais, redução do fluxo salivar, dificulda-des de realizar a higiene oral, dependência de cuidadores, levando a perdas de dentes (CARVALHO & ARAÚJO 2004; STEIN et al. 2007; SANTIAGO, SIMÕES & PEREIRA 2008; SIQUEIRA et al. 2010; FRIEDLANDER et al. 2006; VARJÃO 2006; VIANNA & TIBERIO 2006). A literatura enfatiza a importância da assistência odontológica e suas ações preventivas em quadros demenciais (HENRY 1999; MIRANDA & BRUNETTI-MONTENEGRO 2009; CARVALHO & ARAÚJO 2004; OLI-

VEIRA & ANDRADE, 2005; FRIEDLANDER, 2006; MELOTO et al. 2008; MIRANDA et al. 2010).

A preservação da função mastigatória, da deglutição, da estética e o ganho em qualidade de vida destes indivíduos têm atualmen-te motivado a busca pela manutenção ou confecção de prótese dental removível com respeito às limitações técnicas de cada caso (MIRANDA & BRUNETTI-MONTENEGRO 2009; MIRANDA et al. 2010). Para um correto manejo destes pacientes, o cirurgião-dentista deve considerar o estado geral de saúde, o grau de dependência, o comprometimento da cognição e o comportamento, aspectos estes que sofrem variações na progressão da D.A. (SHINKAI & CURY 2000; VARJÃO 2006; VIANNA & TIBERIO 2006; STEIN et al. 2007; SIQUEIRA et al. 2010).

A adesão ao tratamento odontológico depende de um adequado acolhimento do indivíduo e sua família e de um compor-tamento colaborador durante todo o trata-

introDuÇÃoO aumento da expectativa de vida da população mundial e a transi-ção demográfica brasileira têm motivado um crescente número de pesquisas sobre envelhecimento e qualidade de vida (MIRANDA & BRUNETTI-MONTENEGRO 2009; MIRANDA et al. 2010). A Doença de Alzheimer (D. A.), síndrome demencial de grande prevalência na população idosa, é definida como perda progressiva e persistente de múltiplas áreas das funções intelectuais, com gradual deterioração da memória, aprendizado, orientação, estabilidade emocional e ca-pacidade de comunicação (FRIEDLANDER et al., 2006).

O declínio cognitivo resultante do progresso da D. A. gera dificul-dades no planejamento de tratamentos odontológicos que envolvem a confecção de próteses. A viabilidade da reabilitação oral destes indivíduos com elaboração de próteses dentais removíveis tem sido discutida na literatura (OLIVEIRA & ANDRADE 2005; SÁ-LIMA et al. 2005; INDRIAGO 2007; BRUNETTI-MONTENEGRO, MARCHINI & BRUNETTI 2007; MELOTO et al. 2008; MIRANDA et al. 2010).

Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo apresen-tar uma revisão da literatura concernente aos tipos de condutas em pacientes portadores de D.A. usuários de prótese dental removível.

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mento, sendo recomendada a presença do cuidador na sala de atendimento, uso de linguagem não verbal, redução de ruídos (HENRY 1999; SHINKAI & CURY 2000; STEIN et al. 2007) e sessões clinicas com menor duração para evitar sobrecarga de atividades do dia (OLIVEIRA & ANDRADE 2005; FRIEDLANDER et al., 2006; GOIATO & SANTOS 2006; SANTIAGO, SIMÕES & PEREIRA 2008).

ConCluSÕeS 1. A assistência odontológica a idosos portadores de D. A. precisa ser exercida por profis-

sionais em equipe multiprofissional e interdisciplinar, devendo adequar-se ao estágio evolutivo da doença, considerando-se a relação risco-benefício de todas as etapas ope-ratórias da reabilitação oral.

2. A reabilitação oral com próteses dentais removíveis constitui-se como uma opção viável para indivíduos portadores de D. A. caso seu estágio no momento da avaliação odontoló-gica viabilize todas as etapas de confecção para a recuperação das funções mastigatória e fonética e da estética destes indivíduos.

DiSCuSSÃoO edentulismo total em pacientes com D. A. é muito prevalente (STEIN et al. 2007) e o uso de próteses dentais removíveis adequadas proporciona ganho funcional e estético (VIAN-

NA & TIBÉRIO 2006). Entretanto, relata-se que o uso de próteses deficientes por longo tempo diminui a capacidade de mastigação e ingestão de alimentos, aumentando o risco de desenvolvimento de lesões inflamatórias, infecções por Candida, alterações funcionais e estética insatisfatória (FRIEDLANDER et al. 2006; VIANNA & TIBÉRIO 2006; BRAGA, SCELZA & ALMEIDA 2008).

Há controvérsias quanto à indicação e à manutenção de próteses dentais removíveis em pacientes portadores de D. A.. Na fase intermediária de progressão da doença tem sido enfatizada a importância da remoção de focos infecciosos e de procedimentos odontológicos preventivos, evitando-se tra-tamentos de maior complexidade (MIRANDA et al. 2010). Outros autores contra-indicam a confecção de prótese dental removível nas fases avançadas da D. A. para evitar riscos

A manutenção e a utilização de próte-se dental removível dependem em grande parte de um aprendizado neuromuscular, o qual pode estar comprometido na D. A.. Desta forma, caso seja viável, o reparo ou reembasamento das próteses desadaptadas é preferível à elaboração de novos trabalhos (BRUNETTI-MONTENEGRO, MARCHINI & BRUNETTI 2007; MELOTO et al. 2008; OLIVEIRA & ANDRADE 2005).

como asfixia e deglutição de próteses, bem como quadros de náuseas em procedimen-tos de moldagem (SÁ-LIMA et al. 2005; INDRIAGO 2007).

Para a reabilitação bucal de portadores de D. A., a presença ou ausência de dentes não é fator determinante para a confecção de uma prótese dentária, e sim a vontade manifestada pelo paciente e a sua relação custo-benefício frente a procedimentos mais complexos, que demandam maior tempo de execução. (MARCHINI, BRU-

NETTI-MONTENEGRO & BRUNETTI 1999; OLIVEIRA & ANDRADE 2005; VIANNA & TIBÉRIO 2006; FRIEDLANDER et al. 2006; INDRIAGO 2007). Deste modo, o estágio de evolução da D. A. deverá ser considerado para a elaboração do plano de tratamento, pois o prognóstico de cada caso será influenciado pelo nível de com-prometimento funcional decorrente desta síndrome demencial (HILGERT et al. 2003; CARVALHO & ARAÚJO 2004; OLIVEIRA & ANDRADE 2005; VARJÃO 2006; VIANNA & TIBÉRIO 2006; GOIATO & SANTOS 2006; BRUNETTI-MONTENEGRO, MARCHINI & BRUNETTI 2007).

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trauMa MaXilo faCial: eviDenCiaS relevanteS no atenDiMento De paCienteS geriÁtriCoSMaXillo faCial trauMa: relevant eviDenCe in Care of geriatriC patientS

Fernando de NoronhaEspecialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial pelo Hospital Militar de São Paulo/HMaSPEspecialista em Odontogeriatria e Implantodontia pela FOUFFMestrando em Clínica odontológica - fouff

Jose Benedito Dias lemosCoordenador do Curso de especialização em Cirurgia Traumatologia Buco Maxilo Facial do Hospital Militar de São Paulo - HMaSPMestre e Doutor pela Faculdade de odontologia da universidade de São paulo-fouSp Professor Doutor da Disciplina de Traumatologia Maxilo Facial - Depto. de Cirurgia, prótese e traumatologia Maxilo-Faciais da Faculdade de odontologia da universidade de São paulo – fouSp

Miriam F. Zaccaro ScelzaProfessor Associado de Endodontia e odontogeriatria da fouffCoordenadora do Curso de Especialização em Odontogeriatria da fouffPós- Doutora em Odontologia pela Universty Bristh Columbia

Recebido em: 0�/06/201�

Aceito em: 28/06/201�

reSuMoConsiderando o envelhecimento humano é fundamental que os profissionais da saúde reavaliem os conceitos, já que o modelo de atendimento tradicional foi esboçado para uma população com sobrevida menor. As alterações habituais e inerentes ao avanço da idade, como por exemplo: atividade metabólica, funções cognitivas e cardiorrespiratórias, entre outras, são exemplos de alguns fatores que devem ser considerados para o desenvolvimento de programas na área de saúde, bem como protocolos de diagnóstico que orientem os cirurgiões antes das intervenções operatórias. O presente estudo propõe uma revisão de literatura de evidências que devam ser consideradas pelo cirurgião buco maxilo facial no atendimento eletivo ou não ao idoso.

Palavras-chave: Idosos, trauma maxilo facial, quedas, alterações fisiológicas.

abStraCtConsidering human aging is essential, that health professional has to re-evaluate the concepts, because the traditional model of care has been drafted for a population with a lower survival rate. The usual and changes inherent to aging, such as: meta-bolic activity, cardio respiratory and cognitive functions, among others, are examples of some factors that should be considered for the improvement of Healthcare Management program, as well as diagnostic protocols in guide the surgeons before to surgical interventions. The present study proposes a review of literature of evidence that should be considered or not by the oral maxillo facial surgeon in elective care to the elderly.

Keywords: Elderly, Trauma Maxillofacial, falls, physiological changes

artigo 5

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introDuÇÃoO crescimento da população geriátrica é um fenômeno mundial e estudos têm demons-trado que o número de idosos quadruplicará até o ano de 2050. Atualmente a população brasileira da terceira idade cresce rapida-mente, sendo comparativamente maior que a população de muitos países europeus. Até 2025 mais de 30 milhões de brasileiros tornarão idosos, tendo idade média acima dos 80 anos e que em 20 anos será o sexto país com maior número de idosos no mundo (KALACHE; VERAS; RAMOS, 1987).

No Brasil para que um indivíduo possa ser enquadrado como um idoso deve ter idade igual ou superior a sessenta anos.

A tendência de uma população de idosos aumentada, ao lado do desenvolvimento técni-co-científico da área de saúde, tem permitido o encaminhamento de pacientes de alto risco para procedimentos mais complexos. Vale ressaltar que os segmentos público e privado precisam agir eficientemente frente a esse novo contexto de “envelhecimento populacional” principalmente em relação às consequências advindas na organização dos serviços (VERAS; LOURENÇO; MARTINS et al, 2002).

Considerando o envelhecimento humano é fundamental que os profissionais da saúde reavaliem a forma de atuação, já que o modelo de atendimento tradicional foi esboçado para uma população com sobrevida menor. Neste contexto, a adequada avaliação pré-operató-ria, o reconhecimento do “status” fisiológico que antecede o ato cirúrgico e o desempenho do cirurgião são pontos imprescindíveis para o sucesso terapêutico em pacientes idosos. (ZORCOLO; COVOTTA; CARLOMAGNO et al 2003)

A abordagem do paciente idoso difere daquela feita para a população em geral devido às mudanças fisiológicas que ocorrem no processo de envelhecimento. A presença

de doenças sistêmicas e crônicas e à alta inci-dência de deficiências físicas e mentais neste segmento populacional torna o individuo mais vulnerável. Por esta razão, conhecimentos específicos, atitude profissional e habilidades especialmente desenvolvidas para o cuidado deste grupo etário são relevantes para os profissionais de saúde.

O estudo do envelhecimento seja em seus aspectos físicos e funcionais – GERIATRIA, seja nos seus aspectos multidisciplinares – GERONTOLOGIA, é unânime em afirmar que não se tem uma certeza precisa do que venha a ser velhice, uma vez que o enve-lhecimento não é puramente um processo biológico, ocorrendo de forma diferenciada, para cada indivíduo, tendo múltiplas di-mensões tais como, física, mental, social, entre outras.

A literatura tem demonstrado que ido-sos do sexo masculino são menos propensos a quedas do que o sexo feminino (1:1.4). Entretanto essa proporção torna-se con-trária na população entre 16 e 59 anos de idade (5.3: 1). (AL- QAMACHI; LAVERICK; JONES, 2012)

O trauma facial em pacientes da terceira idade é uma realidade, sendo que a gestão nesta população poderá ser complexa pela condição sistêmica alterada. Neste quadro é fundamental a integração e o cuidado multi e interdisciplinar.

Os pacientes geriátricos portadores de traumatismo facial, assim como os adultos jovens, podem ser tratados por métodos cirúrgicos ou não, devendo o profissional ter conhecimento das alterações fisiológicas inerentes dos indivíduos idosos para tomada de decisão em uma odontologia baseada em evidências.

O presente trabalho propõe uma revisão de literatura de evidências que devam ser consideradas pelo cirurgião buco maxilo facial no atendimento eletivo ou não ao idoso.

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reviSÃo De literaturaAs alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento tornam o indiví-duo mais suscetível às agressões ambientais, patológicas e farmacológicas. Todavia essas alterações estarão dependentes de fatores como genética, dieta e hábitos salubres.

Acrescenta-se ainda que a capacidade de auto-regeneração e cicatrização no osso, assim como em outros tecidos, diminui com o passar dos anos em decorrência das altera-ções fisiológicas e patológicas (FRIEDMAN; CONSTANTINO, 1990).

As mudanças mais significativas acon-tecem nos maxilares quando ocorrem as perdas dentárias, deixando o remanescente ósseo mais vulnerável às ações traumáticas, influenciando assim o tratamento das fraturas faciais nos pacientes idosos. Em alguns casos o feixe vásculo-nervoso alveolar inferior, torna-se mais superficial em decorrência da reabsorção óssea (BRADLEY. 1975).

É sabido que a diminuição da espessu-ra da derme e epiderme, combinada com o decréscimo de gordura subcutânea em indivíduos da 3ª idade, deixam a pele mais vulnerável.

Diante dessas perspectivas, torna-se relevante conhecer a necessidade de diferen-tes atitudes no tratamento da pessoa idosa, incluindo aqui os procedimentos cirúrgicos. Sendo assim, ações adaptadas ‘aquelas mo-dificações fisiológicas devem ser aplicadas priorizando minimizar a morbidade e mor-talidade. Ademais, idosos que apresentam múltiplas comorbidades, quando comparados a indivíduos de outras faixas etárias, têm uma capacidade diminuída de tolerar feri-mentos graves por longos períodos de tempo (ROTH;VELMAHOS; ODER , 2001).

A progressão da idade é acompanhada de mudanças previsíveis em praticamente todos os órgãos e sistemas do organismo com tendência a diminuição da reserva fisiológica. Não obstante, o paciente geriátrico frequente-mente possui algumas doenças, como: diabetes, hipertensão arterial, deficiência imunológica e capacidade cicatricial alterada.

Um aspecto a ser levado em considera-ção no atendimento dos idosos, é o uso de medicamentos variados, muitas vezes sem

controle médico. Essa polifarmácia poderá possibilitar a ocorrência de interação me-dicamentosa com as drogas prescritas pelo cirurgião dentista (ANDRADE, 2006).

O envelhecimento populacional é um fator positivo para a sociedade por significar uso oportuno e adequado do conhecimento e da experiência. Todavia, com o passar dos anos, há uma progressão na exposição aos diferentes tipos de traumatismos (SILVA; GOMES; GOMES DO et al, 2001).

Ressalta-se que o aumento do trauma físico em idosos está relacionado tanto ao crescimento deste segmento da população quanto à adoção de um estilo mais ativo proporcionado pela expectativa de vida am-pliada. Mediante a esse quadro a literatura tem apontado um crescimento na demanda de tratamento cirúrgico (AALAMI; FANG; SONG, 2003).

Dentre os fatores etiológicos dos trau-matismos físicos, a literatura diverge no que concerne ao fator principal relacionado ao trauma em idoso. Trabalhos comprovam que a causa mais comum tem sido a queda (83%) (AL- QAMACHI; LAVERICK; JONES, 2012).

Entretanto, autores relataram que além da queda, o acidente automobilístico é muito frequente. Segundo a literatura os jovens do sexo masculino têm mais probabilidade de serem feridos em acidentes de trânsito, ao passo que em indivíduos mais velhos por queda (FASOLA; OBIECHINA; AROTIBA, 2003).

Baker e Harvey (1985) relataram que as lesões por trauma foram à sexta causa de mor-te numa população com mais 75 anos, onde a queda foi a principal causa de óbito.

No tocante a queda (MOURA; SANTOS; DRIEMEIER et al, 1999) avaliaram como um acometimento patológico, por ser um evento não intencional, em circunstância em que os mecanismos de homeostase deveriam preservar a estabilidade postural.

Ademais, as quedas decorrentes de ati-vidades usuais (laborativa, social, física) ou influenciadas pela utilização de alguns medicamentos (sedativos, hipnóticos, an-tidepressivos, anti-inflamatórios não hor-monais, vasodilatadores e diuréticos), ou por patologias sistêmicas (osteoporose), ou por obstáculos arquitetônicos, sendo que no

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domicilio atinge um percentual 75,2% (WHI-

TEMAN; DAVIDOV; TADROS et al 2012) e por um número crescente da violência urbana poderão ser os agentes causais.

Outro ponto a ser destacado é a atividade física, que cada vez mais se torna comum entre os idosos, podendo ser fator de risco crescente para acidentes (SCHWAB; KAUDER, 1992).

Destarte, a sobrevida da população idosa acometida por trauma físico é prejudicada em média de 3 a 5 anos quando comparada a dos idosos não vitimados (GUBLER; DAVIS; KOEPSELL et al, 1997).

Considerando os tipos de fraturas, o trau-ma facial no idoso, frequentemente ocorre no terço médio da face, sendo o osso zigomático a região mais prevalente, seguida da man-díbula. Vale ressaltar que idosos portadores de atrofia mandibular apresentam menor capacidade osteogênica, exigindo cuidados diferenciados em relação ao tratamento quando comparado às faixas etárias mais jovens (REHMAN; EDMONDSON, 2002). A maioria das quedas ocorre em casa, sendo que as lesões mais comuns são: feridas lacerantes e cortantes dos tecidos moles (52%), fratura do zigomático (24%), hematomas (9%) e fratura de mandíbula (8%) AL- QAMACHI; LAVERICK; JONES, 2012).

A compreensão dos tipos de lesões pre-valentes provocadas por traumas em idosos podem facilitar o diagnóstico e tratamento. Destaca-se a possibilidade de hemorragias intracranianas (8.2%) que podem levar ao maior risco de óbitos. Vale ressaltar que o diagnóstico de hematoma subdural é muitas vezes problemático em idosos, quando com-parados a pacientes mais jovens. Isso pode ser explicado pela atrofia cerebral, acompanhada da dilatação de sulcos e ventrículos, perda de neurônios, presença de placas neuríticas e emaranhado neuro fibrilares (WHITEMAN; DAVIDOV; TADROS et al 2012).

Observou-se que, para faixas etárias diferentes, a morbi-mortalidade é sempre mais elevada nos procedimentos de urgência

do que nos eletivos, superando o fator de risco pela idade. Nas intervenções eletivas torna-se relevante identificar a existência de outras doenças associadas, tais como: alco-olismo, desnutrição, anemia, cardiopatias, nefropatias, hipertensão arterial, diabetes, entre outras (SANTOS, 2003).

Frentzel (1997) atestou que o procedimen-to cirúrgico deve se circundar de cuidados essenciais, conforme a extensão da ferida e condições gerais do paciente. As doenças crônicas controláveis não configuram con-traindicação.

O processo de cicatrização nos idosos requer profilaxia antibiótica, em decorrên-cia da maior suscetibilidade às infecções. Outro aspecto importante a ser relatado é a manutenção da sutura e imobilização por maior período (ANDRADE, 2006 e FRENT-

ZEL, 1997).Salienta-se que há uma maior incidência

de infecções bucais em pacientes dentados quando comparados com pacientes edentulos (DE AMMARATUNGA, 1998).

Entre os diversos sinais e sintomas que afligem os idosos, destaca-se a dor pós-ope-ratória, que deve ser prevenida para evitar complicações como infarto do miocárdio e o delirium (AIZAWA; KANAI; SAIKAWA, 2002). No que se refere ao delirium à lite-ratura tem demonstrado que esta associa-da ao aumento do risco de complicações como infarto, arritmias, tromboembolismo pulmonar, infecções e insuficiência renal. Dentre os idosos submetidos a cirurgias, a morbi-mortalidade atinge níveis alarmante devido o delirium. A inflamação sistêmica como resposta ao trauma cirúrgico causa alterações micro circulatória que podem justificar a elevada incidência de delirium. Tais mudanças produziriam à menor perfusão do sistema nervoso central com reduzida disponibilidade de oxigênio. A dor, também esta associado à maior incidência de delirium (VAURIO; SANDS; WANG et al, 2006).

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2� vol. 1 - ano XiX - nº 40

DiSCuSSÃoEm muitos países, a vida média já ultrapassa a faixa dos 80 anos, motivado principalmen-te pela melhoria da qualidade de vida, via progresso das ciências da saúde. Não obs-tante, o crescimento mundial da população idosa tem provocado interesse em muitos profissionais do segmento de saúde, sejam eles atuantes nas áreas de gestão, sanitária, clínica e cirúrgica. Portanto, os dados demo-gráficos atuais e prospectivos relatados são de relevante impacto sobre quaisquer ações estratégica, tática e operacional promovidas na área de saúde pública e privada. Com efeito, entre as décadas de 60 e 90, a popu-lação de idosos americanos acima de 85 anos aumentou em torno de 274%, influenciando significativamente na demanda elevada de pessoas acima de 65 anos que necessitaram de tratamento cirúrgico. (AALAMI; FANG; SONG, 2003) Trabalho sobre quedas rea-lizado em idosos registrou que 72,2% dos acidentes ocorriam em residência e 11, 3% em instituições de longa permanência, o que tem chamado atenção dos profissionais que lidam com essa população no que concerne na criação de programas para prevenção de quedas (WHITEMAN; DAVIDOV; TADROS et al 2012).

Vale ressaltar, que a abordagem do paciente idoso difere daquela feita para a população em geral devido às mudanças fisiológicas no processo de envelhecimento, à presença de doenças sistêmicas e crônicas e à alta incidência de deficiências físicas e mentais neste segmento populacional. Por esta razão, conhecimentos específicos, atitu-de profissional e habilidades especialmente desenvolvidas para o cuidado deste grupo etário são requeridas. Aliás, Andrade (2006) preocupado com aquelas alterações, destacou a necessidade do cirurgião buco-maxilo-

facial atentar para as possíveis interações medicamentosas que possam ocorrer.

Além das alterações fisiológicas, e a poli-farmácia, o envelhecimento traz a tona todos os cuidados na atenção ao paciente idoso. Desta feita, a condição sistêmica e local de doença pré-existente pode influenciar no curso do tratamento, determinando uma terapia conservadora e ou cirúrgica (SILVA; GOMES; GOMES DO et al, 2001). Deve-se levar em consideração cada caso em particular e não apenas o fator idade, no que se refere a eleição de terapêutica conservadora ou não (REHMAN; EDMONDSON, 2002).

Modificações ocorrem no osso alveolar, tal como ocorrem no resto do esqueleto, incluindo diminuição da vascularização e redução na capacidade metabólica de cica-trização. O grau de reabsorção é aumentado e o de deposição é diminuído, resultando em porosidade óssea. Tal fato deu azo à observação de Bradley (1975) que afirmou que perda óssea alveolar observada na man-díbula dificulta o planejamento reabilitador em decorrência da sensibilidade dolorosa. Sensibilidade essa que acontece em virtude da região apresentar quantidade óssea em altura prejudicada pela reabsorção, tornando o nervo alveolar inferior mais superficial.

Considerando os traumas com sequelas maxilo-faciais, nas diferentes faixas etárias, os jovens são mais vitimados em acidentes de trânsito, principalmente os de sexo mas-culino, enquanto os idosos têm como fator etiológico prevalente, as quedas (FASOLA; OBIECHINA; AROTIBA, 2003).

Cumpre mencionar que o discutido até aqui, aponta a necessidade de considerar o envelhecimento seja fisiológico ou patoló-gico um fator diferencial na abordagem e tratamento das fraturas maxilo-faciais nos indivíduos idosos.

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ConCluSÕeS

Baseando-se no que foi discutido neste trabalho, parece lícito concluir que: • A abordagem do paciente idoso difere daquela feita na

população em geral; • Atenção deve ser redobrada em relação à condição sistêmica

e alterações fisiológicas inerentes a evolução da idade; • Como agentes etiológicos mais frequentes de trauma maxilo-

facial em idosos, têm-se as quedas; • A alta incidência de quedas na população idosa impõe pla-

nejamentos estratégicos preventivos, visando à redução de lesões traumáticas e

• O cirurgião buco maxilo facial além do conhecimento, ha-bilidade e atitude, deve estar integrado no contexto inter e multidisciplinar da gerontologia

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�1 vol. 1 - ano XiX - nº 40

perCepÇÃo Do aCaDÊMiCo De oDontologia para uM atenDiMento huManiZaDo aoS paCienteS naS ClÍniCaS Da faCulDaDe De oDontologia Da uff

Rita de Cássia Martins Moraes professora da faculdade de odontologia da uffCresus Vinícius Depes de Gouvêa Diretor da faculdade de odontologia da uff

Teresa Olinda Caminha Bezerra professora da faculdade de administração da uff

Camila Moraes Albuquerque Mestre em Clínica odontológica pela UFF

Recebido em: 1�/0�/201�

Aceito em: 0�/0�/201�

reSuMoEste trabalho tem como objetivo descrever e analisar o desen-volvimento da visão humanística no curso de graduação em Odontologia da Universidade Federal Fluminense, a partir da ótica dos acadêmicos do referido curso. A coleta de dados deu-se por meio da técnica do grupo focal. As estratégias de análises utilizadas foram análise temática e análise crítica com literatura revisada. Conclui-se que a humanização do processo ensino-aprendizagem, no contexto acadêmico pesquisado, apresenta deficiências, constituindo-se, portanto, um caminho a perseguir, dependendo do comprometimento de todos os envolvidos neste processo de transformação.

Palavras-chave: Humanização, Ensino de graduação em Odontologia, Processo ensino-aprendizagem.

artigo 6

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introDuÇÃoO processo de formação do profissional em Odontologia, nos últimos anos, tem recebido críticas, reflexões e mudanças, a partir da contestação de que as Instituições de Ensino Superior continuam preparando profissionais de saúde com ênfase na prática centrada no paradigma médico assistencial privado. Torna-se imprescindível que a formação em Odontologia esteja articulada com as necessidades sociais, de modo a capacitar recursos humanos capazes de fazer com que os profissionais atuem com um olhar humanizado em todos os níveis de atenção à saúde do paciente.

Segundo Morita e Kriger (2004), a for-mação profissional dos cirurgiões- dentistas não tem capacitado estes profissionais para o exercício de suas atividades no SUS e no âmbito do PSF, cuja demanda profissional está relacionada ao perfil de um profissio-nal generalista, de sensibilidade social e competência técnica. Também Silveira Fi-lho (2002) relata que o perfil desejado do cirurgião-dentista que atua no PSF é o de um generalista, com aptidões básicas para realizar a clínica geral para adultos, crianças, gestantes e idosos.

Desta forma, o trabalho em Saúde requer uma reorientação do ensino, de acordo com Delors (1996), fundamentado em quatro pi-lares: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Para tanto, o perfil do profissional vigente deverá valorizar características como participação, iniciativa, raciocínio, senso crítico e trabalho em equipe, visualizando de forma integral. “Qualquer tentativa de se humanizar, inte-

MetoDologiaTrata-se de uma pesquisa de caráter explo-ratório, apoiada em abordagem qualitati-va, realizada por meio da técnica do grupo focal acerca da humanização, no curso de Graduação de Odontologia pela apreciação e interpretação dos discursos feitos pelos participantes do grupo focal e através da

gralizar e universalizar o atendimento odon-tológico, passa pela formação profissional” (MACIEL; KORNIZ, 2006, p.7).

Rios (2009a, p 8) concebe que, “embora o termo laico humanização possa guardar em si um traço maniqueísta, seu uso histórico o consagra como aquele que rememora movi-mentos de recuperação de valores humanos esquecidos, ou solapados em tempos de frouxidão ética”.

Um dos maiores problemas encontrados na preparação do profissional de saúde, entre eles, o cirurgião-dentista, é a pouca importância dada à humanização na for-mação odontológica, possivelmente pela visão mecanicista e reducionista do homem, uma vez que ele não é visto como um todo, mas como um conjunto de partes tratadas separadamente, o que, muitas vezes, faz com que se perca a noção da unidade. Aqui, adotamos o todo biológico e nem distante são considerados os aspectos emocionais, sociais, entre outros.

Está bem clara a existência de uma pro-blemática e um desafio, no que se refere à humanização no ensino de Odontologia, requisito básico das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do Curso de Graduação em Odontologia, para a formação do cirurgião-dentista, desde 2002.

Este trabalho tem como objetivo analisar o desenvolvimento da visão humanística na percepção dos alunos do curso de graduação em Odontologia da UFF.

O meio viabilizador desta análise foi o posicionamento dado ao paciente pelos alunos do curso de graduação em Odonto-logia na UFF.

pesquisa bibliográfica, realizada sob revisão de literatura de diversos temas que compõem o trabalho, em especial, a humanização.

A temática humanização é analisada a partir da literatura e do processo ensino- aprendizagem na ótica dos discentes do curso de Graduação em Odontologia da Universidade Federal Fluminense. A análise qualitativa consistiu, também, na apreciação

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dos discursos feitos pelos participantes do grupo focal acerca da humanização, no curso de Graduação em Odontologia, de acordo com os pontos a eles apresentados, com o objetivo de elaborar um perfil da humanização no mencionado curso.

Este trabalho é parte da tese de Dou-torado em Educação da professora Rita de Cássia Martins Moraes, realizada na UDE, em Montevidéu-Uruguai.

A coleta de dados por meio de entrevista, como acontece no grupo focal, é “uma técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe apresenta um tema a ser abordado e permite que todos os participantes do processo deem sua opinião, estimulando a fala de todos, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação” (GIL, 1999, p. 117).

De acordo com Minayo (1993), os gru-pos focais podem ser definidos como uma modalidade de entrevista em grupo na qual é possível confrontar as falas dos participan-tes. Esta técnica permite coletar, a partir do diálogo e do debate com e entre os alunos, informações acerca do tema pesquisado.

Kitzinger (2009) complementa que os grupos focais são projetados para valorizar a interação grupal, com o intuito de coletar informações diversas. As pessoas são estimu-ladas a falar umas com as outras, a contar histórias, comentar seus pontos de vista sobre determinado assunto e relatar experiências vividas. É uma reflexão que permite que eles apresentem, simultaneamente, seus conceitos, impressões e concepções sobre o assunto, gerando informações de cunho essencialmente qualitativo (NETO; MOREIRA; SUCENA, 2002).

Portanto, as opiniões advindas do diálogo com e entre os alunos poderão contribuir muito para ampliar a compreensão da ocor-rência, ou não, da visão humanística do curso de Graduação em Odontologia na UFF.

Realizou-se a coleta de dados, após a concordância dos sujeitos da pesquisa em participarem dela, sendo-lhes assegurado o direito de desistirem da participação a qualquer momento. Ou seja, a pesquisadora adotou procedimentos éticos consagrados na literatura e recomendados pelo Código de Ética da profissão.

Neste sentido, os procedimentos adota-dos visaram propiciar a criação de condições para a participação efetiva dos envolvidos, buscando o estabelecimento de um clima de confiança e respeito, na interação entre pesquisador e participantes, enfatizando, também, a cooperação mútua, o engajamento, o compromisso e a participação como deter-minantes para o resultado da pesquisa.

A discussão do conteúdo dos itens catalo-gados foi realizada em sala reservada, na qual os alunos estiveram na presença de colegas e apenas da pesquisadora como professor, sem se prenderem a questões que tornassem o assunto engessado e rígido. Da pauta, constaram três (03) eixos norteadores: • Como acontece a recepção dos pacientes

pelos alunos na clínica? • Como é realizado a escuta da queixa do

paciente? • Em relação ao atendimento feito ao

paciente, foi atendida a expectativa do paciente e a do profissional.Para registrar o encontro do grupo focal,

torna-se útil fazer uma gravação em paralelo às notações escritas, que devem ser bem completas, e refletir o conteúdo da discussão, bem como os comportamentos não-verbais tais como expressões faciais e gestos. Após o término de cada encontro, a equipe deve resumir a informação, suas impressões e as implicações das informações para o estudo (GOMES; BARBOSA, 1999).

Dentre as possíveis categorias sintetizadas no grupo focal, utilizaram-se duas delas para a análise, por entender sua conexão com o objeto desta pesquisa:

• Visão humanística dos alunos, observada por meio da participação dos pacientes na discussão terapêutica; no poder de decisão sobre o tratamento proposto; no consenti-mento para realização de exames e no es-clarecimento sobre as particularidades do seu caso clínico, que lhe dá empoderamento para fazer as próprias escolhas.

• Respeito ao paciente: avaliação por meio da preservação das informações dos pacientes pelos profissionais em formação e professores; do arquivamento dos dados; do acesso aos prontuários; da utilização de imagens e dados dos pacientes mediante autorização prévia.

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DiSCuSSÃo e reSultaDoSSerão analisados e interpretados os dados da pesquisa, bem como a discussão com a literatura consultada a respeito dos diversos aspectos encontrados na pesquisa empírica. A fala dos entrevistados que participaram do grupo focal será exibida, em alguns mo-mentos, entre aspas, de forma que a leitura discorra mais naturalmente.

“Gosto muito da profissão que escolhi, portanto procuro sempre melhorar, mas temos muitas falhas no atendimento do paciente, acho que é porque as clínicas cada uma tem a sua especialidade e daí temos sempre que fazer o que a disciplina manda.”(1 aluno).“... é muito difícil a gente conseguir ver o final de um planejamento, começamos e o paciente segue para outras clínicas isto segmenta.” (1 aluno).“... tem poucas clínicas que conse-guimos terminar o trabalho ver se o paciente realmente. mudou os hábitos de higiene”(1 aluno). “ Às vezes, a gente pede para atender mais pacientes e o professor diz que não, porque aquela clínica não faz aquele trabalho” (2 alunos).“Outros [pacientes] reclamam, por-que ele está há bastante tempo aqui, ele veio pra fazer uma cárie e saiu daqui com uma prótese total, só vai perdendo dentes, entendeu?” (1 aluno).

Pode-se entender, por outro lado, que estas escolhas se devam ao fato de o professor ser seu grande espelho, o modelo necessário para que possa perseguir o êxito profissional.

Amorim e Souza (2010) ressaltam que o profissional se restringe a “tratar dentes” deixando o paciente de ser observado in-tegralmente num processo que deveria ter uma abordagem ampliada do cuidar. Não devendo, segundo Moimaz et al (2006), o aluno olhar o paciente somente como uma oportunidade em que o conhecimento técnico necessário será reproduzido.

Quanto à ocorrência de aspectos da hu-manização no processo ensino-aprendizagem da UFF, os alunos mencionam que, apesar de determinados professores da faculdade de Odontologia terem um potencial técnico muito alto, alguns falham no aspecto da hu-manização. Como relata o aluno a seguir:.

“ Tem professor que demonstra uma experiência técnica muito gran-de, mas a parte da atenção com o paciente fica prejudicada, pois a clínica leva a parte da humanização a ficar um pouco de lado, sabe? Ele (o professor) quer dar a matéria, mostrar como faz, aí a vontade do paciente fica um pouco esquecida, fica muito sem uma palavra de apoio no atendimento....

Dentre os quesitos éticos e humanos en-contrados na formação do processo ensino-aprendizagem identificam-se, entre outros o autoritarismo dos professores em relação aos alunos e pacientes e a submissão dos pacientes, conforme será observado, a seguir, na fala do participante do grupo focal:

“Chamei o professor: Olha aqui, professor, pela ficha desconfio que ele tem alguma doença no pulmão. Acho que devemos falar claramente com ele para que vá procurar um médico, né? Esclarecer né...? Porque, às vezes, ele nem sabe....que ele tem. O professor respondeu: - Tudo bem, mas hoje termina o procedimento. Como se fosse um paciente qual-quer...., daí fiz assim conforme o professor falou..(1 aluno).”

Para o aluno, este procedimento, por parte do docente, não é correto, e aparenta falta de interesse do professor em relação ao paciente e a ele próprio. Mesmo não concordando com a posição do professor, o aluno o toma como referência a ser seguida, limitando seu olhar aos dentes, deixando de contemplar também a abrangência de sua responsabilidade como profissional de Saúde.

Os professores, de maneira geral, fun-cionam como espelho para os alunos, sendo considerados modelos a seguir durante sua formação, seja pela projeção no meio aca-

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dêmico, capacidade técnica, postura como profissional pela demonstração de atitudes éticas, devendo, portanto, estes profissio-nais refletir sobre a responsabilidade a eles incumbida no percurso da vida acadêmica dos alunos (Gonçalves e Verdi, 2007).

Segundo Backes, Lunardi Filho, Lunar-di (2006), humanizar em Saúde demanda qualidade na relação profissional da saú-de–paciente, pressupondo tolerância no que diz respeito às angústias do ser humano relacionadas à fragilidade do corpo e da mente. Uma relação profissional solidária entre as partes tem, neste contexto, um as-pecto especial, preservando um ambiente de trabalho agradável, de respeito mútuo, antes de tudo. Entendem, também, os mesmos autores que a Humanização, muito mais do que um recurso, é uma técnica ou uma inter-venção que se constitui numa aproximação das relações interprofissionais.

Seguindo esta linha, as relações inter-pessoais tomam uma dimensão ampla e de

grande importância no ambiente de traba-lho do profissional. Daí a falta de destaque à pessoa do paciente, enquanto objeto da prestação de atenção e serviço do cirurgião-dentista por parte dos alunos participantes da pesquisa, chamando atenção para o desvio do foco principal que caracterizaria o êxito no ambiente de trabalho.

Segundo Canalli et al. (2010), o resultado de diversas pesquisas realizadas apontam que o modelo educacional vigente apresenta múltiplas barreiras a serem removidas para favorecer a uma formação humanística, crí-tica e reflexiva dos cirurgiões-dentistas. Os autores defendem que o papel do professor é extremamente valioso para alcançar este fim. Entretanto, o critério para seleção e contratação do docente em nossas Univer-sidades enfatiza o especialista em seu campo de atuação, que não leva em sua bagagem, muitas vezes, conhecimento na área educa-cional ou pedagógica.

ConCluSÕeS • O paradigma humanista para ser efe-

tivado junto às universidades requer contribuições políticas, sociais, filosófi-cas, acadêmicas, bem como técnicas que comportem a nova realidade.

• A mudança do modelo ainda existente, pa-ternalista de assistência-paciente, “pobre e incapaz de fazer sua próprias escolhas” ainda se apresenta predominantemente como uma formação tecnicista.

• É visível que os princípios do SUS vêm ao encontro dos preceitos da humanização,

cuja questão central é o sujeito, a pessoa que busca pelo serviço de Saúde.

• È crucial proporcionar condições aos professores para uma formação mais hu-manística no conceito de ensinar saúde.

• O bom relacionamento interpessoal, estabelecendo uma comunicação ade-quada e clara com o paciente, fornecendo informações relevantes para a manu-tenção da saúde bucal e dispensando atenção a ele, é a visão futura desejada do cirurgião-dentista no cumprimento da cidadania.

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perfil DaS DoenÇaS SiStÊMiCaS DoS paCienteS Da ClÍniCa De oDontogeriatria Da fouffPROFILE OF SYSTEMIC DISEASES AT GERIATRIC DENTISTRY CLINIC - FOUFF

Marcia Rubim Ribeiro de Almeida Cardozofaculdade de odontologia, pós-graduação em odontogeriatria da fouff

licínio Esmeraldo da SilvaDepartamento de Estatística do Instituto de Matemática e Estatística da UFFFernando de Noronhafaculdade de odontologia, pós-graduação em odontogeriatria da fouff

Miriam F. Zaccaro Scelzafaculdade de odontologia, Departamento de Clínica odontológica, pós-graduação em odontogeriatria da fouff

Endereço de correspondência:Miriam f. Zaccaro Scelza ([email protected])endereço: rua Mario Santos braga, no. 30 3º. andar, Centro niterói, Cep 24020140, rJ brasilfone 55-21-26299835

reSuMoA senescência é uma fase da vida marcada por profundas al-terações sociais, emocionais e fisiológicas. Tais modificações têm sido estudadas em todas as áreas de saúde nos últimos anos devido ao crescente aumento na expectativa de vida. As interrelações e interdependências dessas alterações sugerem que um olhar sistêmico torne mais eficaz o tratamento dos idosos. Realizou-se um levantamento do perfil das doenças sistêmicas mais frequentes dos pacientes idosos tratados na clínica de Odontogeriatria da Universidade Federal Flumi-nense. Foi feita uma avaliação da anamnese dos prontuários de pacientes idosos atendidos no período de 2003 a 2010. A amostra alcançou 170 prontuários. Nela observou-se média de idade de 71,5 anos e prevalência significativamente maior de mulheres (70,6%) (p<0, 0001). Das doenças crônicas mais incidentes, a hipertensão teve predominância (64,1%), seguida das artropatias (57,6%), osteoporose (30,0%), distúrbios gas-trointestinais (26,5%), doença pulmonar (24,1%), reumatismo (20,6%), diabetes (10,6%), depressão (7,1%), câncer (7,1%), doença de Alzheimer (6,5%) e insuficiência renal (1,8%). Os resultados encontrados permitiram apontar a necessidade de implantação de uma atenção diferenciada com visão multi e interdisplinar no atendimento odontológico, sustentada pelo seu perfil sistêmico.

Palavras-chave: Doenças crônicas, idosos, perfil sistêmico.

artigo 7

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abStraCtSenescence is a life phase marked by profound social, emotional and physiological changes. Such modifications have been studied in all areas of health in recent years due to the increase in life expectancy. The interrelationships and interdependencies of these changes suggest a more effective look into systemic treatment of the elderly. A profile survey carried out on systemic diseases, more common in elderly patients treated in the clinic of Geriatric Dentis-try, Fluminense Federal University. Evaluation of medical records history of elderly patients treated from 2003 to 2010. The sample reached 170 records. It was observed an average age of 71.5 years with a significantly higher prevalence in women (70.6%) (p<0.0001). The most incidents of chronic diseases, hypertension predominated (64.1%), followed by arthropathy (57.6%), osteoporosis (30.0%), gastrointestinal (26.5%), lung (24.1 %), rheumatism (20.6%), diabetes (10.6%), depression (7.1%), cancer (7.1%), Alzheimer’s disease (6.5%) and renal insufficiency (1, 8%). The results found allowed us to conclude the need for implementing a special care for the elderly with vision multi and interdisciplinary in dentistry treatment based on their systemic profile.

Keywords: Chronic diseases, elderly, systemic profile

introDuÇÃoEntende-se por terceira idade a etapa que se segue à vida adulta caracterizando-se por gran-des transformações fisiológicas, psicológicas e sociais. Segundo Flores LM. e Colet CF. (2010), essa fase da vida requer atenção especial por parte dos profissionais que atuam, propiciando cuidado e acompanhamento à pessoa idosa, saudável ou não.

No cenário de mudanças fisiológicas, um indivíduo que atinge 60 anos de idade, tem a probabilidade aumentada em torno de 50% de contrair pelo menos uma doença crônico-degenerativa ou sistêmica. Ressalta-se que tais doenças, mesmo não sendo consideradas exclusivas dessa faixa etária, podem assumir maior gravidade, especialmente pelos raros sinais apresentados nas fases iniciais Neto et al;(2009).

Dentre as principais alterações sistêmicas que afetam a pessoa idosa, destacam-se as do-enças cardiovasculares, as doenças de origem endócrina, como a Diabetes Mellitus (DM), as artropatias, as doenças gastrointestinais e as doenças pulmonares (BAYLLIS et al; 2004; LEBRÃO et al; 2005; VENCOLA et al; 2009; GARBIN et al; 2003; SHINKAI et al; 2000).

Observando as modificações próprias do envelhecimento, o odontólogo deve considerar que o paciente idoso possa apresentar algum déficit cognitivo, associado ou não à depressão,

demência e/ou transtornos psíquicos. Essas condições relativas ao estado mental exigem do profissional habilitação e atuação específica, diferenciando o paciente idoso das demais faixas etárias (SAINTRAIN e VIEIRA; 2008).

Em relação à cavidade bucal, estudos re-alizados em diferentes locais e níveis sociais relataram que os idosos apresentaram uma perda natural de tecidos no organismo, que associada ao uso de próteses dentárias e a polifarmácia podem levar a alterações como xerostomia, estomatite, eritema e hiperpla-sia gengival (CARVALHO 2004; CAMARANO 2006).

Vale ressaltar que a iatrogenia medicamen-tosa associada à depressão, às deficiências visuais e motoras, à diabetes e à hipertensão pode ocasionar doenças bucais (BRASIL 2006).

O déficit da função mastigatória provocada por próteses mal-adaptadas, a deficiência na higienização, o desgaste dentário e as doenças periodontais podem representar um agravo adicional no quadro clinico dos pacientes ido-sos. Tais condições favorecem à deficiências nutricionais, mau funcionamento do trato gastrointestinal e presença de focos infecciosos (CAMARANO 2006).

A presente pesquisa teve por objetivo iden-tificar nos prontuários, o perfil sistêmico dos pacientes atendidos na Clinica de Odontoge-riatria da Universidade Federal Fluminense no período compreendido de 2003 a 2010.

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MÉtoDoSO estudo foi realizado analisando 170 pron-tuários de pacientes de ambos os sexos da Clínica de Odontogeriatria da Faculdade de Odontologia (FOUFF) da Universidade Federal Fluminense atendidos no período entre 2003 e 2010.

Dados referentes à idade, sexo, estado civil e cor da pele, foram considerados para a caracterização sócio-demográfica dos idosos pesquisados nos prontuários.

Com o intuito de conhecer o perfil de mor-bidade dos pacientes, buscou-se identificar pelos dados registrados nos prontuários, a ocorrência de hipertensão arterial, artropatias, osteoporose, distúrbios gastrointestinais, doença pulmonar, reumatismo, diabetes, depressão, câncer, doença de Alzheimer e insuficiência renal.

Para análise dos resultados das informa-ções encontradas, empregaram-se técnicas de estatística descritiva com a finalidade de conhecer a prevalência das patologias que mais atingiram os usuários da clinica. O teste binomial avaliou diferença entre pro-porções de categorias dicotômicas de uma mesma variável nominal. A associação entre variáveis categóricas foi avaliada pelo teste qui-quadrado ou pelo teste exato de Fisher e pela razão de chances, acompanhadas de seus respectivos intervalos de confiança a 95%. A intensidade das correlações entre as patologias foram apresentadas pelo co-eficiente Phi ( ).

A discriminação entre os sujeitos da pesquisa foi verificada por meio da análise da homogeneidade e da quantificação das categorias, utilizando métodos de análise multivariada de dados qualitativos baseados em estimativas de mínimos quadrados alter-nados com escalonagem ótima, pela técnica HOMALS, (OMS 2005) com o objetivo de aglutinar variáveis para encontrar dimensões latentes que refinassem a avaliação do perfil dos idosos. A técnica HOMALS, (OMS 2005) permitiu ainda identificar as categorias das variáveis que constituem os principais traços discriminatórios dessas dimensões.

O programa estatístico SPSS, versão 9.0, sustentou a análise de homogeneidade (HO-

MALS) e as demais avaliações estatísticas.

Foram considerados resultados estatis-ticamente significativos aqueles cuja decisão estatística se deu ao nível de significância

= 0,05.

reSultaDoSNo grupo de idosos estudado, 70,6% eram mulheres e 29,4% eram homens. O sexo feminino apresentou prevalência significa-tivamente maior do que a dos homens (teste binomial, p < 0, 0001).

A média de idade foi 71,5 anos (desvio padrão de 6,63 anos), sendo que as mulheres apresentaram média de 71,4 anos (desvio padrão de 7,00 anos) e os homens 71,6 anos (desvio padrão de 6,49 anos).

Cinqüenta por cento da amostra apre-sentou idade na faixa de 60 a 70 anos, 35,9% na faixa de 71 a 80 anos e 14,1% acima de 80 anos.

Em relação à cor da pele, 64,1% dos pa-cientes eram leucodermas, 14,1% feodermas e 12,4% melanodermas. Os prontuários de 9,4% dos idosos não registraram esse dado.

A maior parte da amostra constituiu-se de 41,2% de casados, seguidos 27,1% de viú-vos, 14,7% de solteiros e 9,4% de divorciados ou separados. Não foram encontrados nos prontuários registros sobre o estado civil para 7,6% dos idosos da amostra.

A Tabela 1 apresenta a proporção das patologias mais prevalentes no universo estudado. A hipertensão e as artropatias (artrite, artrose e reumatismo) foram as doenças mais prevalentes.

TABElA 1prevalência na amostra das patologiasapresentadas pelos idosos – 2003-2010

Fonte: Clínica de Odontogeriatria/FOUFF(*) Artrite (58 idosos – 34,1%); Artrose (68 idosos – 40,0%); Reumatismo (35 idosos – 20,6%)

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A Figura 1 ilustra a quantidade de idosos se-gundo o número de comorbidades. Observou-se que duas comorbidades foram a alternativa de maior ocorrência na amostra, referindo-se a 38 idosos do total de 170 (22,4%). A quan-tidade média de comorbidades por idoso alcançou o valor de 2,8 patologias (desvio padrão de 1,86 patologias).

Todas as associações encontradas se apresentaram, em média, acompanhadas de mais de duas patologias. A insuficiência renal foi a patologia que mais se associou a outras patologias (2,8 patologias).

TABElA 2Distribuição do percentual de idosos por quantidade de comorbidades nas categorias das variáveis sócio-demográficas estudadas – 2003-2010

FiGuRA 1Distribuição dos idosos, segundo o número de comorbidades apresentadas – 2003-2010 (fonte: Clínica de odontogeriatria/fouff; nota: SrSp – Sem registros sobre patologias)

A Tabela 2 sintetiza a distribuição percen-tual de idosos dentro de cada categoria das variáveis sócio-demográficas consideradas no estudo, segundo o número de comorbi-dades. Observou-se que 18% dos homens apresentavam três ou mais comorbidades, quando comparado com as mulheres (60,8%). Entretanto 12,5% dos idosos com mais de 80 anos não apresentavam nenhuma doença registrada no prontuário. A cor da pele não discriminou os idosos com duas comorbidades (as proporções de 24,8%, 25,0% e 23,8% não apresentaram diferenças estatisticamente significativas). No tocante ao estado civil, 20,0% dos idosos solteiros apresentavam associação de cinco patologias.

A avaliação das comorbidades revelou que, proporcionalmente, as mulheres tendem a apresentar mais patologias do que os ho-mens (em média, 3,8 contra 1,5 patologias). Os idosos mais velhos apresentaram, na amostra, maior quantidade de comorbidades (a média

00

10

20 17

28

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72 1 1

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40

Número de comorbidades

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Núm

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Sexo Faixa etária Cor da pele Estado civil

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TABElA �Correlações estatisticamente significativas (p<0,05) entre patologias e entre variáveis sócio-demográficas e presença de patologias – 2003-2010.

foi de 3 doenças concorrentes por idoso para aqueles acima de 80 anos; 2,8 para os até 70 anos e 2,7 para os que tinham entre 70 e 80 anos). A maior quantidade de patologias por idoso no que se refere à cor da pele recai sobre os feodermas (3,1 patologias contra 2,8 dos leucodermas e 2,7 dos melanodermas). Em relação ao estado civil, os divorciados e separados são mais acometidos por maior quantidade de patologias (associações de 3,6 patologias em média), seguidos dos viúvos

(3 patologias), dos solteiros (2,8 patologias) e dos casados (2,4 patologias).

O perfil de associação das variáveis só-cio-demográficas e das patologias, avaliada pelo coeficiente (phi), V de Cramér ou razão de chances (OR), conforme o caso,está apresentado na Tabela 3, onde indica-se apenas as associações e as comorbidades estatisticamente significativas.

A abordagem multivariada de dados qualitativos, por meio da técnica da análise

valor-p Intensidade da associação OR I.C.(OR;95%)

Associações significativas entrepatologias e entre variáveissócio-demográficas

Phi (ϕ) ouV de Cramér

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de homogeneidade de variáveis categóricas, determinando estimativas do tipo mínimos quadrados alternados com escalonamento ótimo (abreviadamente HOMALS), possibilitou a identificação de relações estruturais entre os pontos considerados no estudo dos pron-tuários compondo dois conjuntos de variáveis correspondentes às duas principais dimensões de dados que mais homogeneamente deline-aram os idosos pesquisados.

A dimensão discriminatória (latente) de maior representatividade inclui as seguintes variáveis, cuja importância discriminatória na dimensão esta representada pelo número entre parênteses que varia em uma escala de 0 a 1: sexo (0,582), presença de artrose (0,468), presença de artrite (0,386), presença de osteoporose (0,384), estado civil (0,274) e presença de reumatismo (0,220). As variáveis do segundo grupo foram: a cor (0,538), a faixa etária (0,390), a presença de hipertensão (0,225) e a doença de Alzheimer (0,174).

A principal dimensão latente aglutinou variáveis mais prevalentes no grupo das mu-lheres (traço mais discriminante da variável sexo indicado pela técnica HOMALS). Por esse motivo, denominou-se essa dimensão de “Patologias de predominância feminina”, estando representada no eixo horizontal da Figura 2 com as variáveis circundadas por uma figura tracejada de configuração retangular horizontal.

A segunda dimensão aglutinou variáveis pela consideração da cor da pele e da faixa etária em associação com casos de hiper-tensão e de doença de Alzheimer, patologias com predomínio de prevalência em pessoas idosas, motivo pelo qual foi denominada dimensão de “Patologias relacionadas ao envelhecimento”.

A Figura 2 apresenta essas variáveis no interior da área de configuração retangular tracejada vertical.

Faixa etária

Hipertensão

Alzheimer

Estado civilCâncer

Reumatismo

Doençasgastro-

intestinais

Insuficiênciarenal

Doençaspulmonares

Artrite

Osteopórose Artrose Sexo

Diabetes

Patologias de predominância feminina

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DiSCuSSÃo

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a queda da mortalidade e o declínio da fe-cundidade tornaram-se realidade em mui-tos países. Atualmente, mais da metade da população mundial vive em locais onde a fecundidade já atingiu o nível de reposição ou permaneceu abaixo da expectativa de vida, alcançando valores superiores a 70 anos (CAMARANO 2006).

O envelhecimento passou a fazer parte da realidade da maior parte das sociedades. Atualmente, pelo censo de 2010, publicado no sítio da internet do IBGE, a população brasileira com 60 anos ou mais representa 10,2% da totalidade ¬(cerca de 20,6 milhões de pessoas). As estimativas prevêem que até 2025 esse dado colocará o Brasil em 6o lugar no cenário mundial. Vale ressaltar que em 2050 haverá cerca de dois bilhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento (BRASIL. Ministério da Saúde 2006).

Em decorrência desse envelhecimento, a quantidade de pacientes portadores das mais variadas doenças sistêmicas e degenerativas tende a procurar tratamento odontológico especializado, verificando um aumento ver-tiginoso VENCOLA (2009).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou que 60% das mortes de idosos tive-ram como etiologia as doenças crônicas e, a partir disso, priorizou ações preventivas.

É relevante destacar a dificuldade que os profissionais da área de saúde, em parti-cular os odontólogos, têm no trato com as diversas enfermidades envolvidas, uma vez que, a pessoa idosa pode apresentar cerca de 150 variações de doenças sistêmicas, geralmente de interações frequentes, o que torna praticamente impossível o detalha-mento individual e as interações entre elas (BRUNETTI et al; 2009).

Corroborando com a literatura, (VAN

DEN BUSSCHE et al; 2001; CAUGHEY et al; PASSOS et al; 2006) os pacientes atendidos na Clínica de Odontogeriatria da Faculdade de Odontologia da UFF, apresentou maior prevalência de hipertensão arterial. Segundo Libby (2005), com o envelhecimento ocorrem mudanças na arquitetura e na constituição

da parede celular dos vasos sanguíneos. Tais alterações podem ser explicadas pela interrup-ção do colágeno e elastina com a diminuição da liberação de óxido nítrico, importante para o relaxamento muscular. Acrescenta-se ainda que depósitos de cálcio e de gordura são formados em decorrência da perda de elasticidade, trazendo como consequência o aumento da pressão sanguínea nas pare-des dos vasos. Entretanto, existem diversos fatores que, independentes ou associados, podem aumentar o risco da hipertensão arterial, tais como o etilismo, tabagismo, obesidade, sedentarismo, genética familiar, dislipidemias e até mesmo o baixo nível de escolaridade (PASSOS et al; 2006).

Além de tratar-se de uma das maiores causas de óbito no Brasil e de ser responsável pela elevada taxa de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares (ZAITUNE et al; 2006), o controle da hipertensão pode prevenir ou retardar a perda cognitiva (OBISESAN 2009). Reitz et al (2007) descreveu a existência de uma relação causal entre a hipertensão e o declínio cognitivo futuro, visto que o aumento da pressão arterial sistólica está associado com a atrofia do lobo temporal medial, característica da Doença de Alzhei-mer (DA). Além disso, descreve a existência de evidências de que a hipertensão arterial pode atuar sinergicamente com a doença vascular para promover o desenvolvimento da Doença de Alzheimer. Embora na amos-tra estudada, essas duas patologias não se apresentaram em associação estatisticamente significativa, a sinergia indicada na literatura pode sustentar o poder discriminatório de ambas, particularmente quando as duas constituem uma das dimensões principais da homogeneidade classificatória indicada na Figura 2.

Há relatos de maior prevalência na taxa de hipertensão arterial entre os afro-des-cendentes e mulheres de maior faixa etária (ZAITUNE et al; 2006; LIBERKMAN 2007). Todavia, segundo os relatos de Lebrão e Laurenti (2005), a hipertensão, os problemas cardiovasculares e os problemas respiratórios foram mais prevalentes nos homens. Os re-sultados alcançados no presente estudo não confirmaram nenhuma das duas tendências dos trabalhos citados. As associações encon-

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tradas e inseridas na Tabela 3 mostraram que os resultados desses autores não se aplicam aos resultados do presente trabalho.

Em relação às artropatias (artrite, artrose e reumatismo), segunda maior incidências deste estudo, diversos autores, em consonân-cia com a presente pesquisa, concordaram em afirmar o fato de haver predominância no sexo feminino (KURI-MORALES et al; 2007; MINAS et al;2010)22,23

Considerando a cavidade bucal, as doen-ças incapacitantes podem afetar os pacientes devido à falta de controle motor. Dessa forma, caberá a equipe de Odontologia a orientação da higiene bucal para os familiares e cuida-dores (SHINKAI 2000).

O censo de 2010, realizado pelo IBGE, indicou que atualmente no Brasil a proporção de mulheres supera a dos homens. Na faixa etária dos 60 aos 70 anos elas são 53,7%, na de 71 a 80 anos são 56,7%, na de 81 a 90 anos são 61,1% e acima dos 90 anos alcançam 66,3% da população geral Na amostra do estudo, a proporcionalidade maior das mulheres nas três faixas etárias encontradas corresponde ao comportamento da população brasileira, embora com valores mais expressivos: 72,9% até os 70 anos, 63,9% de 71 a 80 anos e 79,2% acima de 80 e até os 90 anos.

A feminilização da velhice, constatada na amostra estudada, já tem sido ressaltada há algum tempo em razão de uma maior longevidade das mulheres em relação aos homens. Em 1996, 54% das pessoas de mais de 60 anos eram mulheres e a superioridade proporcional aumentava com a idade (BER-

QUÓ et al;2008).24 Esse fato pode explicar a causa da alta incidência de algumas comor-bidades mais relacionadas ao sexo feminino, como por exemplo, a artrite e a osteoporose (NETO et al; 2009).

No que diz respeito à osteoporose, clas-sificada como a doença mais comum do metabolismo ósseo (TERRA 2002), a razão da maior suscetibilidade das mulheres em

detrimento dos homens tem íntima afinidade com a menor densidade mineral óssea femi-nina. A deficiência estrogênica é considerada como um dos principais fatores de risco, já que este hormônio tem ação anti-reab-sortiva e auxilia a prevenção da perda de massa óssea, atenuando o risco de fraturas (RADOMINSKI et al; 2002). Nesse caso, é importante ressaltar que, no atendimento odontológico, a diminuição da densidade óssea da mandíbula requer atenção espe-cial, principalmente durante a realização de procedimentos onde se aplica força sobre as estruturas ósseas (SILVA et al; 2006).

No estudo de Minas et al (2010); 23, reali-zado em amostra da população grega, a relação das doenças do sistema músculo-esquelético apresentou prevalência significativamente maior nas mulheres, enquanto a doença car-díaca foi a mais frequente nos homens, o que não foi confirmado no presente estudo, onde as mulheres alcançaram 75,7% dos casos de doença cardíaca.

A literatura relata que o diabetes mellitus vem aumentando mundialmente, particular-mente nos países industrializados e populações urbanas, devido à mudança no estilo de vida, obesidade e o sedentarismo terem se tornado mais frequente (TORQUATO et al; 2003). O diabetes mellitus tem caráter progressivo e pode comprometer diversos órgãos, assim como ocasionar deficiência na cicatrização tecidual, podendo propiciar a intensificação das infecções. Além disso, os idosos diabéticos têm duas vezes mais probabilidade de apresentar declínio da capacidade funcional do que os indivíduos hipertensos (BAYLISS 2004).

De acordo com Erickson (1997) e Silva e Saintrain (2007) , a alta prevalência de problemas odontológicos como a candidíase, xerostomia inexplicável, lesões múltiplas de cárie e doenças periodontais que não cedem à terapia convencional, podem indicar a ins-talação de uma importante doença sistêmica como, por exemplo, o diabetes mellitus.

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Dentre as alterações que surgem com o envelhecimento, inclui-se a úlcera péptica gastroduodenal, a qual resulta do dese-quilíbrio da barreira mucosa, podendo ser intensificada pelas múltiplas doenças asso-ciadas e pelo uso abusivo de drogas (TERRA 2002) . Há estudos que comprovam que a quantidade média de medicamentos usados pelos idosos varia de 2 a 7 e quando hospi-talizados, esse número sobe para de 8 a 15 (FLORES et al;2010). Dentre os grupos de drogas utilizados, os mais frequentes são os analgésicos, diuréticos, anti-hipertensivos, medicamentos cardiovasculares e sedativos (FLORES et al;2010). Além das implicações na mucosa gástrica, o uso frequente desses medicamentos diversos tem potenciais efeitos colaterais na boca. As reações mais comuns são a xerostomia, alterações de paladar e estomatites (PEREIRA et al; 2002).

Deve-se compreender que os fenômenos que ocorrem com o envelhecimento ultra-passam os limites da odontologia. A visão interdisciplinar auxilia na interpretação dos problemas detectados e convergem a um ponto comum, que é o bem-estar geral do idoso (SHINKSI 2000).

A literatura tem reportado a necessi-dade de investigação das interações entre as doenças crônicas, que ainda são pouco conhecidas (VAN DE BUSSCHE et al; 2011; CAUGHEY et al; 2011; MINAS et al;2010) de modo a se realizar novos estudos com o objetivo de prover subsídios que auxiliem a integração entre os profissionais da área de saúde, especialmente dos cirurgiões-dentistas, gerando mudanças de diretrizes e benefícios aos idosos, como sugerem as conclusões dos referidos trabalhos.

O presente estudo permitiu apontar a necessidade de implementar, no atendi-mento, uma atenção diferenciada com visão multi e interdisciplinar a pessoas idosas com intuito de colaborar para uma melhor qualidade de vida.

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eroSÃo no eSMalte Dental CauSaDa por refrigeranteS: uM eStuDo IN VITROeroSion in Dental enaMel CauSeD by Soft DrinKS: an IN VITRO StuDy

Márcia Pereira Alves dos SantosDoutora em odontologia (Odontopediatria) – FOUFRJProfessora colaboradora Disciplina Metodologia Científica FO/UFF – niteróiCapitão Dentista do Corpo de bombeiros Militar do estado do rio de Janeiro.

André Gomes de CarvalhoAluno 2° período de graduação de odontologia

Larissa Oliveira CortelettiAluno 2° período de graduação de odontologia

Rômulo Chequer CaliariAluno 2° período de graduação de odontologia

Thiago Pereira Tavares RaposoAluno 2° período de graduação de odontologiaDisciplina de Metodologia Científica da fouff - niterói

luana GonçalvesMestre em Clínica odontológica – fouff - niteróiProfessora Colaboradora Disciplina de Metodologia Científica FO/UFF - niterói

Andrea Neiva da SilvaDoutora em Saúde ColetivaProfessora Adjunta do Departamento de Saúde e Sociedade uff - niterói

Marcos Antônio Albuquerque de SennaDoutor em Saúde ColetivaProfessor Adjunto do Departamento de Saúde e Sociedade uff - niteróiArtigo original realizado e desenvolvido na disciplina de Metodologia Científica da faculdade de odontologia da uff.

Autor correspondente:Márcia pereira alves dos SantosRua São Paulo, 28, Campus do Valonguinho, Centro, Niterói, RJ. Cep: 24020-150.e-mail: [email protected]

reSuMo:Este estudo in vitro objetivou avaliar o efeito erosivo de alguns refrigerantes sobre o esmalte dental humano. Para tanto, cinco refrigerantes diferentes, da marca Coca-Cola (Coca-Cola, Coca- Cola Zero, Sprite, Guaraná Kuat e Fanta Laranja) bem como 05 dentes anteriores, obtidos por meio de doação (banco de dentes) foram utilizados. Inicialmente, os dentes tiveram a porção coro-nária separada da porção radicular com um auxílio de uma peça de mão reta em baixa velocidade e um disco diamantado duplo facetado. Em seguida, as porções coronárias foram seccionadas ao meio, obtendo-se 10 fragmentos, que foram divididos em: grupo controle (não exposto aos refrigerantes, n=05) e grupo experimental (n=05). Os valores de pH dos refrigerantes fo-ram determinados com o peagâmetro modelo pH300 marca ANALYSER, limpo e cheio com 3,0 mol. L-1 de KCl. Após isto, cada fragmento do grupo experimental foi imerso em 05 ml da solução de cada refrigerante por 10 min., sendo posteriormente lavados com 05 ml de água destilada. Os dados foram tratados por análise descritiva e avaliação em MEV. Os valores de pH para a Coca-Cola, da Coca- Cola Zero, do Sprite, do Guaraná Kuat e da Fanta Laranja, respectivamente foram: 2,76; 3,25; 3,25; 3,33 e 3,92. As imagens do MEV evidenciaram que a Coca-cola Zero, o Sprite e a Fanta laranja alteraram a estrutura superficial do esmalte dental. Conclui-se que, embora todos os refrigerantes tenham apresentado pH inferior a 5,5, portanto potencialmente capazes de induzir a erosão, a Coca-Cola zero causou maiores alterações superficiais no esmalte dental.

Palavras-chave: Erosão Dentária, Concentração de Íons de Hidrogênio; Microscopia Eletrônica de Varredura.

artigo 8

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introDuÇÃoA etiopatogenia da cárie dental advém da ação de microorganismos acidogênicos e/ou acidúricos do biofilme dentário a partir de uma dieta rica em carboidratos, associada à higiene bucal deficiente e ao uso não racional de fluoretos (NARVAI, 2000). Todavia, o equilíbrio do binômio saúde/doença cárie dental está diretamente relacionado aos seus determinantes sociais e ao impacto dos mesmos sobre qualidade de vida do in-divíduo (FRIAS et al., 2007). Neste sentido, a intersecção das condições mencionadas anteriormente durante muito tempo, pode acarretar inicialmente, em perdas minerais tanto a níveis microscópicos, e, portanto reversíveis, quanto culminar em perdas ma-croscópicas irreversíveis, como as cavitações (NARVAI, 2000). No entanto, no Brasil, após uma série de levantamentos epidemiológi-

abStraCt:This in vitro study aimed to evaluate the erosive effect of some soft drinks on human enamel. To this, Coca-ColaTM, Coca-Cola ZeroTM, Sprite, Fanta flavor orangeTM and Guarana KuatTM soft drinks were used. Five anterior teeth were obtained through tooth bank. Initially, the teeth were separated from the coronal portion of the root portion with a help of a straight handpiece at low speed and a double-faceted diamond disc. Then, the coronal portions were sectioned in the middle, resulting in 10 fragments, which were divided into control group (not exposed to soft drinks) and experimental group (exposed to soft drinks). The pH of beverages were determined with the peagâmetro pH300 model, ANALYSER brand, clean and filled with 3.0 mol. L-1 KCl. After that, each fragment of the experimental group was immersed in 05 ml of soft drink for 10 min. After that, they were washed with 05 ml of distilled water. The data were evaluated by descriptive analysis and evaluation by SEM. The pH values for Coca-ColaTM, Coca-Cola ZeroTM, Sprite, Fanta flavor orangeTM and Guarana KuatTM soft drinks, respectively were: 2.76, 3.25, 3.25, 3.33 and 3.92. The SEM images showed that Coca-Cola ZeroTM Sprite and Fanta flavor orange have changed the surface structure of dental enamel. Although all drinks have submitted a pH below 5.5, thus potentially capable of inducing erosion Zero CokeTM caused more changes in the enamel surface.

Keywords: Tooth Erosion; Hydrogen-Ion, Concentration; Microscopy, Elec-tron, Scanning

cos tem se percebido redução deste agravo, principalmente em escolares (SB, 2010), a partir do final do século XX, em função da fluoretação das águas de abastecimento pú-blico, da adição de compostos fluoretados aos dentifrícios e da descentralização do sistema de atenção à saúde (NARVAI, 2000).

Por outro lado, por modificações no estilo e qualidade de vida da população em geral, tem-se observado ao longo dos anos, um aumento da incidência de lesões não cario-sas, particularmente por desgaste corrosivo, em crianças e adolescentes (LUSSI, JAEGGI, 2008). Este tipo de desgaste é conhecido em Odontologia como erosivo, sendo definido como uma perda progressiva e irreversível de estrutura dental provocada por processos químicos que não envol¬vam ação bacteriana (LUSSI, JAEGGI, 2008). Inicia-se com a des-mineralização das camadas superficiais do esmalte, podendo evoluir e atingir à dentina

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causando dor. Tal condição ocorre quando o ambiente bucal atinge um pH inferior a 4,5, pois esse valor além de ser crítico para fluorapatita, está abaixo do pH crítico para hidroxiapatita (pH crítico de 5,5), os dois principais constituintes do substrato dental. Este ambiente ácido aumenta a níveis loga-rítmicos, a taxa de dissolução da hidroxia-patita e fluorapatita ( DANTAS et al., 2008; BARBOUR et al., 2003).

A etiologia da erosão dentária se dá ba-sicamente por fatores extrínsecos ou in-trínsecos (MANGUEIRA et al., 2009). As fontes de natureza extrínseca podem estar relacionadas com: (a) dieta, geralmente pelo consumo de frutas e suco de frutas ácidas, bebidas gasosas e vinagre; (b) meio ambiente – indústrias químicas, piscinas cloradas e (c) medicamentos - vitamina C, ácido acetilsalicílico e bebidas isotônicas. As fontes de origem intrínseca estão asso-ciadas à xerostomia, como na Síndrome de Sjogren, pelo maior tempo de exposição da substância erosiva sobre o elemento dental e a doenças que provocam regurgitação, como hipertireoidismo, bulimia nervosa e anorexia, pelo contato constante do ácido gástrico com o meio bucal.

De acordo com os levantamentos de dados populacio¬nais por meio das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) (IBGE, 2005), o consumo de refrigerantes tem aumentado significativamente nas últimas décadas. Portanto, a relevância de se investigar sobre o papel dos refrigerantes frente ao processo de erosão dental, se dá à medida que existe o risco aumentado em três a quatro vezes, para o desenvolvimento de lesões dentárias por erosão, nas pessoas que ingerem refri-gerantes, especialmente aqueles a base de cola (JENSDOTTIR et al., 2004). Ademais, sugere-se que isto possa ocorrer após apenas um minuto de contato entre o refrigerante e o substrato dental (BORJIAN et al., 2010). Justifica-se tal ocorrência, pelo fato dos re-frigerantes, além de possuírem pH inferior a 4,5, ainda apresentarem na sua formulação ácidos cítrico, fosfórico e maléico, citrato de sódio dentre outras substâncias (ZANNET et at., 2010), que potencializam a sua ação erosiva (BARBOUR et al., 2003; MELCKER, 2004). Portanto, o consumo exagerado de

refrigerantes pode ser considerado como fator de risco para o adoecimento da população também em relação a sua saúde bucal, já que sabidamente tem papel significativo no acometimento das doenças crônicas, como obesidade e diabetes.

As primeiras manifestações clínicas e sinais da erosão dental são: diminuição do brilho do esmalte, ausência visível de biofilme dental, polimento das superfícies dentais atingidas pelos ácidos e perda da microanatomia (BRANCO et al., 2008). A fina camada de es¬malte, resultante do pro-cesso de erosão, apresenta cor amarelada, o que compromete a estética. As superfícies vestibulares e incisais dos dentes anteriores maxilares são as mais vulneráveis devido a sua localização em relação ao primeiro contato com estes tipos de alimentos (BAR-

BOUR; REES, 2004). O tratamento indicado para erosão dental é a eliminação da causa (etiologia), a aplicação de compostos fluo-retados, dessensibilizantes ou até mesmo o tratamento reabilitador (BRANCO et al., 2008). O cirurgião-dentista é geralmente o primeiro profissional a diagnosticar e a reconhecer os sinais clínicos dessa patologia, e deve atuar de forma a restabelecer a saúde do paciente, sem, contudo desconsiderar sua condição e seu estilo de vida.

Pela possibilidade de simular o processo biológico erosivo in vivo (BARBOUR, 2003) algumas metodologias in vitro estão sendo utilizadas (BARBOUR, REES, 2004). No entanto, a quantificação da perda de esmal-te/dentina se configura como dificuldade para avaliar a erosão dentária (CLAUDINO et al., 2007). Neste sentido, a microscopia eletrônica de varredura pode contribuir à medida que quaisquer alterações na estrutura básica do esmalte que venham intensificar a sua porosidade podem ser visualizadas e quantificadas sem contudo comprometer fisicamente sua estrutura (CHENG et al., 2009).

Sendo assim, este trabalho tem como objetivos avaliar não só o pH dos refrige-rantes mais consumidos pela população em geral mas também identificar por meio da microscopia eletrônica de varredura, a ação erosiva dos mesmos sobre o esmalte dental humano in vitro.

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Material e MÉtoDoS Este estudo in vitro, de natureza descritiva quantitativa foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Odontologia da Universidade Federal Fluminense como preceitua a reso-lução 196/96 e realizado experimentalmente na mesma instituição.

Cinco refrigerantes da marca Coca-Co-laTM (Quadro 1) foram selecionados por ser a marca mais vendável comercialmente. Os valores de pH dos refrigerantes Coca-Cola, Coca- Cola Zero, Sprite, Guaraná Kuat e Fanta Laranja foram determinados, imediatamente após a sua abertura, com o emprego do pea-gâmetro modelo pH300 marca ANALYSER, limpo e cheio com 3,0 mol. L-1 de KCl, a temperatura ambiente.

Cinco dentes anteriores permanentes hígidos doados pelo banco de dentes da instituição e devidamente manipulados de acordo com as normas de Biossegurança foram selecionados. Após uma avaliação com lupa estereoscópica, foram incluídos na amostra dentes hígidos sem fraturas, trincas, manchas ou opacidades. Por outro lado, dentes com qualquer tipo de alteração de desenvolvimento como: macrodontia, fusão/geminação foram excluídos. Inicialmente, os dentes tiveram a porção coronária separada da porção radicular com um auxílio de uma peça de mão reta em baixa velocidade e um

disco diamantado duplo facetado sob irrigação ar/água. Em seguida, estas porções coronárias foram seccionadas sagitalmente, no sentido cervico-incisal obtendo-se 10 fragmentos, equivalentes a hemiface das cinco porções co-ronárias. Sendo assim, cada porção coronária originava o seu fragmento tanto para grupo controle (não exposto aos refrigerantes - A) (Figura 1) quanto o seu correspondente para o grupo experimental (exposto aos refrige-rantes - B) (Figura 2), permitindo uma com-paração direta em relação à perda estrutural após o desafio erosivo. Após o preparo das amostras e aferição do pH, cada fragmento do grupo experimental foi colocado em um pote dappen, previamente limpo, contendo 05 ml de cada refrigerante (Figura 2) e o conjunto protegido com uma lâmina de vidro. Depois de 10 minutos (CHENG et al., 2009), foram lavados com 05 ml de água destilada. Posteriormente, os fragmentos foram secos com jatos de ar e armazenados em ambiente úmido a temperatura ambiente. No dia se-guinte, as amostras foram preparadas para metalografia e, em seguida, foram avaliadas qualitativamente por meio do microscópio eletrônico de varredura, marca Jeol (Japão), com aumento de 35x e voltagem de 20.0 Kv. Todas as imagens foram obtidas da mesma região de cada fragmento a partir da sua porção vestibular. Os dados foram tabulados e analisados descritivamente.

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QuadRO 1Composição dos refrigerantes.

Água gaseificada, açúcar, extrato de noz de cola, cafeína, corante caramelo IV, acidulante INS 338 e aroma natural

Água gaseificada, extrato de noz de cola, cafeína, aroma natural, corante caramelo IV, acidulante ácido fosfórico, edulcor-antes ciclamato de sódio (27 mg), acesulfame de potásio (15 mg) e aspartame (12mg) por 100 ml, conservador benzoato de sódio, regulador de acidez citrato de sódio.

Água gaseificada, açúcar, suco de limão, aroma natural, acidulante ácido cítrico, conservadores benzoato de sódio e sorbato de potássio.

Água gaseificada, açúcar, semente de guaraná, aroma sintético idêntico ao natural, acidulante ácido cítrico, corante caramelo IV, regulador de acidez citrato de sódio, conservadores sorbato de potássio e benzoato de sódio.

IngredientesSódio

10mg (0%)

28mg (1%)

15mg (1%)

16mg (1%)

Carboidratos

21g (7%)

0g

21g (7%)

21g (7%)

Coca-Cola

Coca-ColaZero

Sprite

GuaranáKuat

Refrigerantes

85kcal (4%)

0g

87kcal (4%)

84kcal (4%)

Água gaseificada, açúcar, suco de laranja, aroma sintético artificial, acidulante INS 330, conservador INS 211, estabilizantes INS 444 e INS 480, corante artificial INS 110

17mg(1%)22g (7%)Fantalaranja 90kcal (5%)

Valorenergético

Porção de 200ml (1 copo - % VD*)

Informação nutricional

* % Valores Diários com base em uma dieta de 2000 kcal.

Fonte: http://www.cocacolabrasil.com.br/conteudos.asp?item=3&secao=36&conteudo=120. Acessado em Junho/2011.

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FiGuRA 1Fragmentos coronários não expostos aos refrigerantes.

FiGuRA 2Fragmentos coronários expostos (B) aos refrigerantes.

FiGuRAS �A E �Bfotomicrografias do fragmento controle (a) e submetido ao refrigerante Coca-Cola(b). ausência visível de alteração superficial.

reSultaDoSOs valores de pH para a Coca-ColaMR, a Coca- Cola ZeroMR, o SpriteMR, o Guaraná KuatMR e a Fanta LaranjaMR podem ser vistos na Tabela 1.

As imagens do MEV, figuras 3 a 7 do grupo controle (A) e do grupo experimental (B) evidenciaram que a Coca-cola ZeroMR (Figura 4B), o SpriteMR (Figura 5B) e a Fanta laranjaMR (Figura 7B) foram capa-zes de causar erosão superficial do esmalte dental, produzindo alteração superficial no esmalte, sendo a Coca- Cola ZeroMR, o refrigerante capaz de causar as maiores alterações, evidenciando não só asperização como também escavamento da superfície do esmalte. Não foi possível observar alterações no nível de dentina.

TABElA1Valores de pH dos refrigerantes.

Marca do Refrigerante

Coca-Cola

Coca-Cola Zero

Sprite

Guaraná Kuat

Fanta Laranja

pH

2,76

3,25

3,25

3,33

3,92

MR

MR

MR

MR

MR

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FiGuRAS �A E �BFotomicrografias do fragmento controle (A) e submetido ao refrigerante Sprite (B). Leve alteração superficial.

FiGuRAS 6A E 6Bfotomicrografias do fragmento controle (a) e submetido ao refrigerante guaraná Kuat (b). ausência de alteração superficial.

FiGuRAS �A E �Bfotomicrografias do fragmento controle (a) e submetido ao refrigerante Coca-Cola Zero (b). alteração superficial com perda de substância mineral. Observar característica irregular da superfície dental (setas).

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FiGuRAS �A E �Bfotomicrografias do fragmento controle (a) e submetido ao refrigerante fanta laranja (b). alteração superficial evidenciando porosidades.

DiSCuSSÃoSegundo El Dibb, 2007 (EL DIBB, 2007), o nível de evidência científica para estudos in vitro equivale a opiniões de especialistas e às pesquisas com animais, sendo todos con-siderados como nível VIII de evidência. Isto significa dizer que suas conclusões não devem nortear condutas clínicas, particularmente porque fatores biológicos importantes para a ocorrência ou não do fenômeno estudado são desconsiderados em estudos desta natu-reza, e sim, dar subsídios fundamentais para formular hipóteses que deverão ser testadas à luz da boa pesquisa clínica. Neste sentido, vale dizer que segundo a metodologia em-pregada, todos os refrigerantes apresentaram pH abaixo do crítico para desmineralização da estrutura dental, o que corrobora outros estudos (BORJIAN et al., 2010; ZANNET, 2010; RODRIGUES, 2007), no entanto nem todos os refrigerantes foram capazes de causar erosão. Ademais, os valores de pH encontrados no presente estudo foram mais elevados do que os valores descritos na literatura (BORJIAN, 2010; ZANNET et al., 2010; RODRIGUES, 2007). Isto pode ser justificado pelo fato de que no presente estudo, uma única mensu-ração de pH dos refrigerantes foi realizada, diferentemente destes estudos mencionados anteriormente, em que a média dos valores de pH foi obtida.

Vale a pena ressaltar, que a Coca- Cola Zero, o Sprite e a Fanta Laranja foram ca-pazes de causar erosão dentária. No entan-to, isto se deu em graus diferenciados e foi independente do valor do pH. A Coca-Cola

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e o Guaraná Kuat, com pH de 2,76 e 3,33, respectivamente, ambos inferiores a 4,5, não foram capazes de causar erosão. Fica claro, portanto, que a composição das bebidas (Qua-dro 1) em relação ao: tipo de ácido (citrato de sódio e ácido fosfórico para a Coca-Cola Zero; ácido cítrico e suco de limão para o Sprite; acidulante e suco de laranja para a Fanta), à presença de outras substâncias (como cafeína para a Coca-Cola Zero ) e ao grau de dissociação iônica do ácido (presente em todas as bebidas por sua natureza ácida) influenciou a capacidade erosiva dos refri-gerantes como demonstrado por Jensdottir et al., 2007 (JENSDOTTIR et al., 2007), sen-do o ácido cítrico, presente na maioria das bebidas, e nestes refrigerantes em especial (Coca-Cola Zero, Sprite e Fanta Laranja) um dos principais responsáveis pelo aumento do potencial erosivo. Este ácido tem uma ação quelante sobre o cálcio do esmalte que continua mesmo depois da elevação do pH (SOBRAL et al., 2000). Acrescenta-se que bebidas cafeínadas a base de cola intensifi-cam ainda mais o processo erosivo (DANTAS et al., 2008) o que ratifica os resultados encontrados na presente pesquisa.

Em contra partida, em relação à Coca-Cola propriamente dita, o seu baixo pH pode não ter muito significado para a erosão, principalmente ao se considerar que estas bebidas contêm complexos que dissociados favorecem a remineralização. Entretanto, há de destacar o seu efeito potencializador quando em meio bucal uma vez que pode interferir na dissociação iônica dos complexos fosfatados tanto salivares quanto da própria

bebida, dificultando a ação remineralizadora. Isto já foi comprovado (FUSHIDA; CURY, 1999) pois foi demonstrado in situ que a ingestão diária de Coca-Cola provocou perdas significantes da estrutura superficial tanto de esmalte quanto de dentina, as quais não se reverteram pela ação da saliva e foram proporcionais à freqüência de ingestão. O valor do pH da Coca-Cola (pH=2,3) deter-minado pelos autores foi um pouco inferior ao encontrado no presente estudo (pH=2,8). Provavelmente, isto não pôde ser constatado no presente estudo, pelo fato de ter havido, uma única imersão na solução de Coca-Cola, por um intervalo de tempo de 10 minutos, que pode ter sido insuficiente para debelar o processo erosivo.

Ao se considerar que o progresso da perda de estrutura dental por erosão pode ser diferentemente da doença cárie, uma vez que a erosão dental ocorre sem a ação de bactérias cariogênicas, mas pela presen-ça regular de substâncias ácidas, em pH normalmente inferior ao pH em que íons fluoreto flúor conseguem ativar o processo de remineralização, o que certamente reduz as possibilidades de reversão do processo, exclusivamente pelo uso regular de compostos fluoretados ou mesmo controle adequado do biofilme dental. Portanto, há um risco aumentado de perda estrutural no processo erosivo. Logo, identificar fatores de risco para tal agravo, como mostrado no presente estudo, contribui para a busca de estratégias de prevenção e de controle que vão de so-bremaneira repercutir na saúde bucal e na qualidade de vida das pessoas.

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agraDeCiMentoSAo laboratório de Farmácia da UFF pela utilização do peagâmetro.Ao laboratório de metalografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE).A Dra Ana Maria Bezerra e Profa Marysilvia.

ConCluSÕeS • Todos os refrigerantes apresentaram pH inferior a 5,5,

portanto potencialmente capazes de causar a erosão; • No entanto, somente a Coca-Cola ZeroMR , o SpriteMR e a

Fanta LaranjaMR causaram alterações superficiais visíveis no esmalte dental; A Coca-Cola ZeroMR produziu alterações mais significativas na superfície dental.

• Sugere-se que outros fatores, diferentes do pH estejam associados a erosão dental.

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CorrelaÇÃo entre ClaSSifiCaÇÃo De bauMe e angle para MolareS DeCÍDuoSCorrelation between ClaSSifiCation of angle anD bauMe for Molar in the priMary Dentition

Monica Almeida TostesDoutora em Odontopediatria pela USP, Especialista em Ortodontia pela UFF, Professor Associado da Disciplina de Odontopediatra-UFF

Renata lomardoEspecialista em Odontopediatria pela uff

Suzana Carvalho Teixeira Pinto de SouzaCirurgiã- DentistaDepartamento de Odontopediatria da faculdade de odontologia da universidade federal fluminense.

Corresponding author: Dra. Monica tostes, rua presidente backer, 337/903, icaraí, niterói, rJ – Cep 24240-045 brasil, e-mail address: [email protected]

reSuMoO objetivo do presente trabalho foi correlacionar a relação de plano terminal de Baume e Angle e a chave de caninos com a relação de molares na dentição decídua. Foram selecionadas 30 crianças, com idades entre 3 a 5 anos, sem cárie, com oclusão cêntrica igual a relação cêntrica e com autorização para parti-ciparem da pesquisa. Foram obtidos modelos de gesso de suas arcadas e as análises foram realizadas nos modelos articulados com auxilio de um paquímetro digital. Os registros das relações de molares e caninos foram obtidos segundo Angle (1899) e Baume (1950), Forter, Hamilton (1969). Teste quiquadrado e correção de Yates ao nível de 5% foram utilizados para analisar os dados. Verificou-se que a relação de plano terminal reto foi a mais frequente com 45,1%, seguida de 41,6% de degrau mesial e distância de 1,48mm (0,73) e 13,3% de degrau distal com 1,69mm (1,16). Em relação a chave de canino, 31,66 eram classe I, 65% classe II e 3,33% classe III e com distância de 1,75mm (0,98) e 1,94mm (0,47) classe II e III. A relação de Angle foi de 58,33, 8,34% e 33,33 para classe I, II e III, respectivamente. A distância foi de 2,36mm (1,26) e 1,32mm (1,07) para classe II e III, respectivamente. Houve correlação positiva entre classe I e plano terminal reto e classe III e degrau mesial (p<0.05), mas não ocorreu correlação entre degrau distal e classe II (p>0.05). Não houve correlação entre as relações de caninos e molares decíduos.

Palavras Chave: Dentição decídua, Odontopediatria, Oclusão.

artigo 9

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abStraCtThe objective of this study was to correlate the relationship of terminal plan Baume and Angle and key canines with molar relationship in the primary dentition . Were selected 30 children , aged 3-5 years, without decay , with equal centric occlusion centric relation and authorized to participate in the study . Were obtained plaster models of its arcades and analyzes were performed on articulated models with the aid of a digital caliper . Records of molar and canine relationships were obtained according to Angle (1899 ) and Baume (1950) , Mr Forster , Hamilton (1969 ) . Chi-square test and Yates’ correction at the level of 5 % was used to analyze the data . It was found that the ratio of straight terminal plane was the most frequent with 45.1 % , followed by 41.6 % of mesial step and distance of 1.48 mm ( 0.73 ) and 13.3 % of distal step with 1 , 69mm ( 1.16 ) . Regarding key canine, 31,66 were class I , 65 % class II and class III and 3.33 % with a distance of 1.75 mm ( 0.98 ) and 1.94 mm ( 0.47) class II and III . The relationship of Angle was 58.33, 8.34 and 33.33 % for class I , II and III , respectively. The distance was 2.36 mm (1.26 ) and 1,32 mm ( 1.07 ) to Class II and III , respectively. There was a positive correlation between class I and plane straight terminal and class III and mesial step ( p < 0.05), but there was no correlation between distal step and class II ( p > 0,05) . There was no correlation between the relations of deciduous canines and molars.

Keywords: Primary occlusion; Occlusion; Pediatric Dentistry.

introDuÇÃoA dentição decídua desempenha funções importantes no desenvolvimento da oclu-são e pode apresentar características que favorecem o estabelecimento de futuras maloclusões (FERNANDES;AMARAL, 2008). A prevalência de maloclusao na primeira infância tem sido reportada em crianças brasileiras. 32.5% das crianças apresentam, maloclusao e esta pode estar associada a fa-tores socioeconômicos (SANTOS et al, 2013; CORREA -FARIA et al, 2013). A manutenção da saúde geral é o fator mais importante para prevenir maloclusão. Os fatores locais como prevenção de cárie, perda precoce do dente decíduo, interrupção de hábitos considerados prejudiciais ao desenvolvimento, intervenção precoce em casos de perda do perímetro do arco e anomalias podem contribuir para uma transição normal entre dentição decídua e permanente (CLINCH, 1951; RAVN, 1975, KAUFMAN; KOYOUMDJISKY, 1967; OTUYEMI et al, 1997; FARSI, SALAMA 1997). Por volta de três anos de idade, a dentição decídua esta completa e neste momento deve-se realizar a primeira avaliação ortodôntica. As

características consideradas ideais para esta dentição, quando observadas, predizem uma oclusão mais favorável. Dentre estas carac-terísticas, a chave de oclusão de segundos molares e caninos decíduos é bem estudada (BAUME 1950; FOSTER, HAMILTON 1968, 1969; BISHARA et al. 1988; BISHARA ET , 1995; ONYEASO; ISIEKWE 2008, HEGDE et al. 2012, SRIRAM et al.2012). O plano terminal de molares decíduos determina a futura relação dos molares permanentes na dentição mista e estudos longitudinais, que avaliaram a evolução da oclusão, concluíram que a relação de molares decíduos, plano terminal reto e mesial, são os mais favoráveis para uma futura classe I de molares perma-nentes (BISHARA et al. 1988). O desenvolvi-mento da oclusão depende de vários fatores etiológicos, mas quando a dentição decídua apresenta aspectos favoráveis pode-se dizer que há chances de desenvolvimento de uma oclusão normal na dentição permanente. Outras características como relação de canino de classe I, sobremordida e sobressaliência em torno de 1 a 2 mm, presença de espaços fisiológicos, ausência de mordida cruzada anterior e posterior são também considerados

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Material e MÉtoDoSO presente estudo foi realizado em crianças de 3 a 5 anos de idade, de ambos os gêneros, residentes em Niterói, que participavam de um programa preventivo em uma escola da rede pública e que aceitaram participar da pesquisa (aprovado pelo Comitê de Ética- parecer número 092/05). Foram avaliadas 160 fichas odontológicas dos escolares citados e dessas foram selecionadas 70 fichas que cumpriam os critérios inicias da pesquisa: pacientes com ausência de cárie, ausência de mordida cruzada anterior e posterior, mordida aberta e anomalias de número e forma e que não estavam usando aparelhos ortodônticos. Além disso, deveriam apresentar ao exa-me clínico relação cêntrica igual à oclusão cêntrica e consentimento dos responsáveis assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Obedecendo aos critérios acima, 30 crianças foram selecionadas.

Após o exame clinico, as arcadas foram moldadas com alginato, obtido o registro em cera e o molde de gesso. O registro de mordida foi realizado em oclusão cêntrica. Os modelos foram colocados em articulador tipo charneira e as avaliações realizadas nos modelos como descrito abaixo.

Chave de oclusão de molares- mediu-se a distância entre duas linhas verticais, realizada com régua e lápis, uma passando pela face distal do segundo molar decíduo superior e outra pela face distal do segundo molar de-cíduo inferior com os modelos ocluidos. Nos casos de degrau mesial ou distal a distância

aspectos ideais para obtenção de oclusão mais favorável futuramente (TSCHILL et al. 1997, FERNANDES et al. 2007).

Desta forma, ao exame clínico, o profis-sional deverá obter a relação de molares e caninos decíduos como rotina para a elabo-ração de um plano de tratamento completo e predição da oclusão na dentição mista e permanente. No entanto, avaliar o plano terminal na dentição decidua de acordo com Baume (1950), clinicamente, pode se tornar difícil, pela sua posição posterior, presença de tecidos moles e falta de controle do com-portamento do paciente infantil. A chave de oclusão proposta por Angle, em 1899, realiza

este diagnóstico analisando a localização da cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior permanente, que para a dentição decídua é realizada no segundo molar decíduo, em virtude da semelhança entre as anatomias dentárias do primeiro molar permanente e segundo molar decíduo, sendo possível obter mais clareza e rapidez no diagnóstico.

O presente trabalho teve como objetivo verificar se há correlação entre o plano ter-minal de molares decíduos de acordo com a classificação proposta por Baume e a clássica classificação de Angle, quando utilizada na dentição decídua.

entre as duas linhas verticais, paralelas as faces distais dos segundos molares decíduos, foi medida em milímetros, através de um Paquímetro Digital (marca: Mitutoyo, nº: 500-143B). A relação dos molares, de ambos lados, foi classificada, após esta primeira avaliação, da seguinte forma: Plano Termi-nal Reto (PTR)- Faces distais dos segundos molares decíduos, superior e inferior, no mesmo plano vertical (distância=0); Degrau Mesial - Face distal do segundo molar decíduo inferior em uma posição anterior à face distal do segundo molar decíduo (distância > 0); Degrau Distal- Face distal do segundo molar decíduo inferior em uma posição posterior à face distal do segundo molar decíduo pos-terior (distância>0).

A seguir a classificação de Angle (1899) para molares decíduos, de ambos os lados, foi obtida. Da mesma forma foi realizada uma linha vertical na bissetriz do ângulo formado nas vertentes mesiovestibular da cúspide do segundo molar e uma linha no sulco mesiovestibular do segundo molar in-ferior. Da mesma forma, medida a distância entre duas linhas verticais foi medida em milímetros com os modelos articulados. Nos casos de classe II (distância < 0), III (distância >0) e I (distância =0).

Chave de oclusão de canino- A classifica-ção de caninos seguiu a orientação de

Os registros foram analisados através de análise descritiva e teste Qui-Quadrado e Correção de Yates, ao nível de significância de 5% (p<0.05).

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TABElA 1Freqüências do plano terminal de baume na amostra estudada de acordo com o gênero.

TABElA 2Freqüências de classificação de angle na amostra estudada de acordo com o gênero.

TABElA �Correlação entre Classificação de baume e angle na amostra estudada.

TABElA �Freqüências de classificação de caninos na amostra estudada de acordo com o gênero.

reSultaDoSDas 30 crianças selecionadas, 16 eram do gênero feminino e 14 do gênero masculino, com média de idade de 4,6 (dp-1,2). Nas tabelas abaixo estão apresentados os resultados.

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Com relação à frequência de plano ter-minal reto e relação de molar de Angle, veri-ficou-se que dos 27 casos de plano terminal reto, 25 eram classe I (92,6%), 1 era classe II (3,7%) e 1 era classe III (3,7%), mostrando uma correlação entre o plano terminal reto e classe I de Angle (x²= 25,447, correção de Yates= 25,14 p< 0,05) (Tabela 3).

Notou-se uma correlação significativa (x²=17,340 p< 0,05) entre a relação de de-grau mesial e classe III, em que dos 25 casos analisados com degrau mesial, 20 (80%) eram classe III, 5 (20%) eram classe I e ne-nhum era classe II (Tabela 3). Entretanto, não houve correlação entre o degrau distal (Baume) e a relação de molares de acordo com Angle. Dos 8 casos estudados de degrau distal, 4 (50%) eram classe I e 4 eram classe II e nenhum caso de classe III foi encontrado (Tabela 3).

Em relação à chave de canino, foi en-contrado: 31,7% (n=19) classe I, 65% (n=39) classe II e 3,3% (n=2) classe III. A distância entre a ponta de cúspide do canino superior e a face distal do canino inferior foi medida,

TABElA �Correlação entre a classificação de angle e Baume e chave de oclusão de canino.

tendo como resultado em milímetros de 1,75mm na classe II (+- 0,98) e 1,94mm na classe III (+-0,47) (Tabela 5). Não houve correlação entre a relação de molar preconi-zada por Baume (1950) e a chave de canino em classe I, II e III. Dos 27 casos de plano terminal reto, 7 (25,9%) apresentavam classe I de canino, 20 (74,1%) classe II e nenhuma correlação de classe III. Dos 25 casos de de-grau mesial, 11 (44%) eram classe I, 12 (48%) classe II e 2 (8%) classe II. Dos 8 casos de degrau distal, 1 (12,55) apresentava classe I de canino, 7 (87,5%) classe II e nenhum caso de classe III (Tabela 5). Não houve correlação entre as classificações de Angle e a chave de canino. Dos 35 casos (58,3%) de classe I de molar, 8 (22,8%) eram classe I de canino, 27 (77,2%) classe II e nenhum era classe III. Dos 5 casos (8,4%) de classe II de molar, nenhum era classe I de canino, 5 (100%) classe II e nenhum era classe III. Dos 20 casos (33,3%) de classe III de molar, 11 (55%) eram classe I de canino, 7 (35%) classe II e 2 (10%) classe III (Tabela 5).

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DiSCuSSÃoNo presente trabalho, através de registros realizados em modelos de gesso obtidos de crianças entre 3 a 5 anos de idade, encontrou-se prevalência, nos casos simétricos, de plano terminal reto de 32,26%, de degrau mesial de 35,48% e degrau distal de 4,23% e assi-metria em 29,03% (Tabela 1). A classificação de Angle apresentou resultados bastante semelhantes (Tabela 2). Estes resultados diferem de alguns estudos que encontram prevalência maior de plano terminal reto. Onyeaso ; Isiekwe (2008) numa amostra de crianças Nigerianas observaram, clinica-mente, freqüências de 59,3%, 33,3% e 1,8% para plano terminal reto, mesial e distal, respectivamente, e assimetria de 5.6%. Em outro estudo longitudinal, utilizando avaliação em modelos, Bishara et al (1988) encontrou 41,7% de plano termina reto, 19,4% de degrau mesial e 9,5% de degrau distal em crianças americanas e esses resultados assemelham aos de Nicoló et al (1995) em avaliação em modelos. Fernandes et al 2007 avaliando a assimetria de molares obteve-se freqüência de 5,29%, diferente de que Keshi-Nisula et al (2003) que encontrou 30,5% e da presente pesquisa.. Sriram et al (2012) em crianças chinesas encontraram72,5% de plano ter-minal reto, 14,1% de degrau mesial, 4,5% de distal e 8,9 de casos assimétricos. Hedge et al (2012) em crianças indianas observaram 49, 50 e 1% de plano terminal, mesial e distal, respectivamente. A despeito das diferenças entre as amostras estudadas e o número de crianças avaliadas, o registro da relação de plano terminal em modelos é mais simples e fácil, embora possa haver erro na intercuspi-dação dos modelos mediante registro errado de cera. Nas tabelas 1 e 2, verifica-se que a distancia do degrau às vezes é muito pequena e, este fato, pode dificultar a avaliação clinica, aumentando a chance de erro do avaliador. De outro modo alguns autores não relatam os casos assimétricos, ou classificam o pa-ciente com assimetrias considerando apenas um lado o que pode superestimar a relação escolhida. Este fato ocorreu no trabalho de Hedge et al (2012), que classificaram o pa-ciente como molar plano terminal reto nos casos assimétricos.

No presente estudo a média em milíme-tros da distância obtida nos degraus mesial e distal foi de 1,48mm (±0,73) e 1,60mm (±1,16), respectivamente. Bishara et al (1998) relataram que 41,7% da amostra estudada apresentavam degrau mesial de 1,0mm e des-tes 76,2% desenvolveram relação de Classe I de Angle nos primeiros molares, 22,8% Classe II e apenas 1 caso de Classe III. Verificaram que 19,4% dos casos de degrau de 2mm ou mais, 61,6% desenvolveram Classe I e 12,8% Classe II e 19,1% Classe III. Vale ressaltar que a distancia em milímetros e não apenas a relação do plano é importante, uma vez que quanto maior ou menor o degrau menor a chance de Classe I de Angle dos molares per-manentes, sendo uma importante avaliação para predizer o futuro da oclusão.

Considerando a relação de Angle para molares decíduos e a correlação com o plano terminal de Baume, encontrou-se correlação no presente estudo, sendo o resultado sig-nificativo (tabela 4). Dos 27 casos de plano terminal reto, 25 (92,6%) tinham a classifi-cação de Angle de Classe I. Houve correlação positiva entre plano terminal em degrau mesial e Classe III de Angle (tabela 4). Dos 25 casos com degrau mesial , 20 apresentavam Classe III. Porém, não houve correlação entre Classe II de Angle e degrau distal. A falta de correlação pode ser devido ao número de casos de classe II, que na amostra estudada foi pequena. Apesar disso, as correlações encontradas são um importante aliado no diagnóstico, considerando a dificuldade de observar com clareza e nitidez a relação terminal de molares decíduos, pela presença de tecidos moles. Pode- se dizer que a clas-sificação de Angle é mais rápida e fácil e de acordo com os dados da presente pesquisa há grande correlação entre classe I e III e plano terminal reto e mesial, respectivamente.

Em relação a chave de oclusão de canino, neste trabalho encontrou 31,7% (n=19) de Classe I, 65% (n=23) de Classe II e 3,3% (n=2 ) de Classe III. Assimetria de canino ocorreu em 76,6% (n=23) dos casos. Dados similares foram encontrados por Keski-Nisula et al (2003), com prevalência de Classe II (52,4%), seguida de Classe I (46%) e III (1,5%), porém com 30,1% de assimetria de caninos e diferem de Fernandes et al (2007) com 7,9% e por

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Abu Alhaija, Qudeimat (2003) e Fernandes et al (2007) . No presente trabalho a chave de oclusão de canino foi muito variável e não mostrou correlação com a chave de molares. Vários fatores podem influenciar esta relação além do crescimento e estudos longitudinais poderiam elucidar a influencia da relação de canino em predizer o futuro da oclusão uma vez que os estudos abordam mais a relação de molar.

ConCluSÕeSDe acordo com os dados da pesquisa a relação de classe I e III de Angle correlaciona com a relação de plano terminal reto e degrau mesial de Baume. Considerando a dificuldade de diagnóstico em crianças a chave de oclusão proposta por Angle poderia ser usada em crianças pequenas.

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A Revista da Faculdade Fluminense de Odontologia tem por objetivo publicar artigos que contribuam para o conhe-cimento medido e que não tenham sido nem venham a ser publicados em outros periódicos.

A Revista aceita para publicação: Editoriais, Artigos Originais, Artigos de Revisão, Rela-tos de Casos, Correlação Anatomoclínica, Cartas ao Editor, Resenhas de Livros e Notí-cias. Trabalhos de outra natureza poderão ser aceitos para publicação dependendo da avaliação do Conselho Editorial. Todas com o máximo de seis autores.

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Ao relatar experimentos com seres huma-nos, indique se os procedimentos estavam de acordo com os padrões éticos do comitê responsável pela experimentação humana (institucional ou regional) e com a Declara-ção de Helsinki de 1975. O original deverá ser enviado, exclusivamente por e-mail, para [email protected], em programa compatível com Windows, além de corre-spondência aos Editores contendo Docu-mento de Transferência de Direitos Auto-rais Patrimoniais e Declaração de Conflito de Interesses, assinados pelos autores.

ESTILO DE PREPARAÇÃO DOS TRABALHOSO trabalho deverá ser digitado, no máximo, em 20 laudas de 30 linhas, com margem de 3 cm de cada lado (superior, inferior, es-querda e direita), em fonte Times New Ro-man 12 pontos. Todas as páginas, excluída a do título, devem ser numeradas.

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RESUMOO resumo, em português e inglês (abstract) com, no máximo 250 palavras, deverá con-ter objetivos, métodos, resultados e con-clusões sem, contudo, citar os respectivos subtítulos. Após o resumo, deverão ser indicadas, no máximo, seis palavras-chave. Recomenda-se a utilização do DESC – De-scritores em Ciência da Saúde da BIREME, disponível em http://decs.bvs.br/, para as Palavras-chave em português e Key words em inglês. O resumo visa facilitar a compreensão do artigo e deverá ser apre-sentado em folha separada, bem como o abstract.

ARTIGOS ORIGINAISOs artigos originais deverão conter, obrigatori-amente: Introdução, Material e Métodos, Re-sultados, Discussão, Conclusões e Referências Bibliográficas, além de Resumo, Abstract (re-sumo em inglês), Palavras-chave e Key Words, tudo em negrito, e o máximo de seis autores . Referências de “resultados não publicados” e “comunicação pessoal” devem aparecer entre parêntesis, seguindo o(s) nome(s) individual (ais) no texto.

Exemplo: Andrade AC, Silveira PA e Garrido LC (resultados não publicados).

O(s) autor(es) devem obter permissão para usar “comunicação pessoal”.

ARTIGOS DE REVISÃONos artigos de revisão é importante que a sistemática de apresentação seja didática. Os artigos de revisão dispensam Resumo e Abstract, mas devem conter, obrigatoria-mente, palavras-chave em português e inglês e conterem, no máximo, dez laudas e cinco autores.

RELATO DE CASOSOs relatos de casos, salvo os de caráter excep-cional, não deverão ultrapassar três laudas, conter no máximo três ilustrações e quatro autores. O número de referências bibliográfi-cas não deve exceder a oito citações. Os rela-tos de casos e as correlações anatomoclínicas deverão conter: Introdução, Apresentação do Caso, Discussão, Conclusões e Referências Bibliográficas.

NOTAS DE RODAPÉSomente as estritamente necessárias devem ser assinaladas no texto e apresentadas em folha separada após a do Resumo, com o sub-título “Nota de rodapé”.

AGRADECIMENTOSApenas a quem colabore de modo significativo na realização do trabalho. Devem vir após o término do artigo.

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICASAs referências bibliográficas, até o máximo de 20, devem ser dispostas por ordem de entrada no texto e numeradas consecutivamente, sen-do obrigatória a sua citação. Devem ser cita-dos os dois primeiros autores, e a seguir, et al.

O título do periódico deverá ter seu nome abreviado, segundo o Cummulated Index Me-dicus ou de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Alguns exemplos:

1. Posma DM, Bill D,Parker RJ, Masuyer E, Om-men HF, Artega et al. Cardiac pace makers: current and future status. Curr Probl Car-diol 1999;24-34 1-420.

2. Maron KJ, Proud I, Krev B. Hypertrophic cardiomyopathy. Ann Intern Med 1966; 124-980-3.

3. The Cardiac Siciety of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and performance guidelines. Med J Aust 1996, 164:282-4

4. Cancer in South Africa [editorial] S Afr Med J 1994;84: IS.

5. Phillips SJ, Whisnant JR. Hypertension and stroke. In: Laragh JH, Brener BM, editors. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd Ed. New York: Raven Press; 1995. P.465-78.

6. Morse SS. Factors in the emergency of infectious diseases. Emerg Infect Dis [se-rial on line] 1995 Jan-Mar [cited 1996 jUn 5]; (1)L24 screens). Available from: URL: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm.

Em caso de dúvida, consultar diretamente as normas no endereço já citado. Os artigos aceitos para publicação podem ser citados nas

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Atestamos que, se solicitado, forneceremos ou cooperaremos na obtenção ou fornecimento de dados sobre os quais o texto está baseado para exame dos editores.

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Declaramos que, em caso de aceitação do manuscrito para publicação, o periódio “Re-vista Fluminense de Odontologia (Internacio-nal Journal of Sciency Dentistry)” passa a ter

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c) Recusado: recusa da publicação.

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PARTICIPE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

“STRICTU-SENSU”

MESTRADOClínica OdontológicaCoordenação: Prof. doutor Cresus Vinicius Depes de Gouvêa

DentísticaCoordenação: Prof. doutor Eduardo Moreira da Silva

OrtodontiaCoordenação: Prof. doutor Oswaldo Vasconcellos Villela

DOUTORADOCoordenação: Prof. doutor Cresus Vinicius Depes de Gouvêa

“LATO-SENSU”

ESPECIALIZAÇÃODentísticaCoordenação: José Guilherme Antunes Guimarães

EndodontiaCoordenação: Lilian Ferreira Freitas

ImplantodontiaCoordenação: Aristides da Rosa Pinheiro

OdontogeriatriaCoordenação: Miriam Fátima Zaccaro Scelza

OdontopediatriaCoordenação: Maria Elisa O. dos Santos

OrtodontiaCoordenação: Andréa Fonseca J. da Motta

Prótese DentáriaCoordenação: Levi Ribeiro de Almeida Jr.

Coordenação: Mônica Diuana Calazans Maia

Faculdade de Odontologiawww. faculdadedeodontologia.uff.br

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Site: http://www.spectru.com.brE-mail: [email protected]

Assistência Técnica e Comércio deEquipamentos de Laboratório

Medicina, Odontologia, Oftalmologia

Tel/Fax: (21) 2293-3607Celular: (21) 9983-4887

Av. Paulo de Frontin, 631Rio Comprido - Rio de Janeiro

CEP 20261-241

Instrumental Científico LtdaCNPJ 28625382/0001-68 - INS. EST. 82905596

INS. MUN. 00689750CREA-RJ 932012362