revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

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Instrumentação A, 2016, UFRGS, DELET Instrumentação A Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao estudo da instrumentação Cristian Schneider, Diego Stankiewicz e Marcelo Schreiber Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Engenharia Elétrica, Curso de Engenharia Elétrica, Instrumentação A, Profs. Dr. Alexandre Balbinot e Dra. Léia Bagesteiro E-Mails: [email protected] (C.S); [email protected] (D.S); [email protected] (M.S). Data Início: 19/08/2016 ; Data Final: 02/09/2016 Resumo: Este trabalho revisa conceitos de probabilidade e estatística, bem como introduz conceitos básicos de instrumentação como incertezas de medição, propagação de incertezas e Projeto de Experimentos. As funções de transferência experimentais de dois termoresistores são determinadas computacionalmente com erro de linearidade e conformidade de e respectivamente. Estas mesmas funções são obtidas algebricamente pelo método dos mínimos quadrados com erro de linearidade e conformidade de e respectivamente. A incerteza de multímetros digitais foram analisadas utilizando duas topologias de circuito, também analisou-se a incerteza combinada por meio da potência elétrica. Tornou-se evidente a influência da escala dos multímetros nos valores de incerteza. Com as medidas do período de um pêndulo e o estudo da média aritmética e desvio padrão destas amostras, foi comprovado que o número de repetições é um fator relevante no experimento. Quanto maior o número de repetições, menor a incerteza associada com flutuações acerca da média aritmética. Com estes dados e a elaboração de um Projeto Fatorial Completo é possível determinar que o operador é fonte significativa de erro experimental. Através da medida de deformação de molas com diversos pesos foi possível determinar a incerteza combinada da constate elástica de uma mola, bem como seu valor. Através de um projeto de experimentos fatorial completo, comprovou-se estatisticamente que a constate elástica de duas molas são iguais. No último experimento de deformação de molas, do tipo aninhado, pôde-se afirmar que as constantes elásticas de três molas eram diferentes . Abstract: This paper reviews the concepts of probability and statistics, and introduces basic concepts of instrumentation and measurement uncertainties, along with the study of propagation of uncertainties and Design of Experiments. The experimental transfer

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Page 1: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

Instrumentação A, 2016, UFRGS, DELET

Instrumentação A

Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao estudo da

instrumentação

Cristian Schneider, Diego Stankiewicz e Marcelo Schreiber

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Engenharia Elétrica, Curso de

Engenharia Elétrica, Instrumentação A, Profs. Dr. Alexandre Balbinot e Dra. Léia Bagesteiro

E-Mails: [email protected] (C.S); [email protected] (D.S);

[email protected] (M.S).

Data Início: 19/08/2016 ; Data Final: 02/09/2016

Resumo: Este trabalho revisa conceitos de probabilidade e estatística, bem como introduz

conceitos básicos de instrumentação como incertezas de medição, propagação de incertezas

e Projeto de Experimentos. As funções de transferência experimentais de dois

termoresistores são determinadas computacionalmente com erro de linearidade e

conformidade de e respectivamente. Estas mesmas funções são obtidas

algebricamente pelo método dos mínimos quadrados com erro de linearidade e

conformidade de e respectivamente. A incerteza de multímetros digitais

foram analisadas utilizando duas topologias de circuito, também analisou-se a incerteza

combinada por meio da potência elétrica. Tornou-se evidente a influência da escala dos

multímetros nos valores de incerteza. Com as medidas do período de um pêndulo e o estudo

da média aritmética e desvio padrão destas amostras, foi comprovado que o número de

repetições é um fator relevante no experimento. Quanto maior o número de repetições,

menor a incerteza associada com flutuações acerca da média aritmética. Com estes dados e a

elaboração de um Projeto Fatorial Completo é possível determinar que o operador é fonte

significativa de erro experimental. Através da medida de deformação de molas com diversos

pesos foi possível determinar a incerteza combinada da constate elástica de uma mola, bem

como seu valor. Através de um projeto de experimentos fatorial completo, comprovou-se

estatisticamente que a constate elástica de duas molas são iguais. No último experimento de

deformação de molas, do tipo aninhado, pôde-se afirmar que as constantes elásticas de três

molas eram diferentes .

Abstract: This paper reviews the concepts of probability and statistics, and introduces basic

concepts of instrumentation and measurement uncertainties, along with the study of

propagation of uncertainties and Design of Experiments. The experimental transfer

Page 2: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

2

functions of two resistance thermometers are determined computationally with linearity

error and compliance 0.0584% and 2.36%, respectively. These same functions are

algebraically obtained by the use of the least squares method with linearity error and

compliance 0.0733% and 3.94%, respectively. The uncertaintyof a digital multimeters was

analyzed using two circuit topologies and also analyzing the combined uncertainty by

measuring the electrical power. It became apparent that the influence of the range of

multimeters in the value of the uncertainty. Measuring the period of a pendulum turned

possible to study the arithmetic mean and standard deviation of these samples, confirming

that the number of repetitions is a relevant factor in the experiment. The greater the number

of the repetitions, the smaller the uncertainty associated with fluctuations on the arithmetic

mean. With these data and the preparation of a Full Factorial Design it was possible to

determine that the operator is a significant source of experimental error. By measuring the

deformation of springs with different weights it was possible to determine the combined

uncertainty of the elastic constant of the springs, as well as its value. Through a full factorial

experimental design, it became possible to prove, statistically, that the elastic constant of

two springs is equal. In the last experiment of deformation springs, using the nested type, it

became possible to affirm that the elastic constants of three springs are different.

Keywords: Method of Least Squares; linearity error; Full Factorial Experiment; combined

uncertainty.

Palavras-chave: Método dos Mínimos Quadrados; erro de linearidade; Projeto de

Experimentos Fatorial Completo; incerteza combinada.

1. Introdução

Este documento relata as atividades desenvolvidas e os resultados obtidos em 5 experimentos, todos

com embasamento teórico passível para discussão de diversos assuntos relacionados à incerteza, ajuste

de curvas e projeto de experimentos.

No procedimento experimental 2.1, a função de transferência experimental de dois termoresistores

são definidas através de dados experimentais. Segundo (Balbinot & Brusamarello, 2010, pg 81) “ Em

muitos experimentos envolvendo variáveis X e Y, uma das variáveis pode ser controlada pelo

investigador. Em tais circunstâncias, a utilização dos métodos de regressão é apropriada para avaliar a

relação entre a variável independente (fator causal) e a variável dependente (resposta possível). ”

Neste caso a variável controlada é a temperatura da água em um copo becker, e a variável de saída do

sistema são as resistências dos termoresistores. Utilizando a ferramenta computacional MATLAB e

também o cálculo algébrico através do Método dos Mínimos Quadrados, foram encontradas as funções

de transferência experimentais.

No procedimento experimental 2.2, foram analisados os efeitos da incerteza gerada pelas diferentes

escalas do multímetro nas medições de tensão elétrica, corrente elétrica e resistência elétrica. Em

(Balbinot & Brusamarello, 2010, pg 15) define-se a incerteza como “um parâmetro não negativo,

Page 3: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

3

associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser

fundamentadamente atribuídos a um mensurando.” Utilizando o método de expansão de Série de

Taylor, foi possível determinar a incerteza combinada de três diferentes métodos para o cálculo da

potência elétrica dissipada no circuito.

No procedimento experimental 2.3, foram analisados estatisticamente o efeito do número de

medidas para o período de um pêndulo. Através da análise de histogramas e do valor de desvio padrão

é possível verificar os efeitos que o aumento do número de repetições causa no comportamento das

medidas. Outro importante item a ser avaliado é se o operador é fonte significativa de erro através da

elaboração de um Projeto de Experimentos do tipo Fatorial Completo. De (DEMING, 1981), “para

executar um planejamento fatorial deve-se, em primeiro lugar, especificar os níveis em que cada fator

será estudado, isto é, os valores dos fatores que serão empregados nos experimentos. Cada um desses

experimentos, em que o sistema é submetido a um conjunto de níveis definido, é um ensaio

experimental. Em geral, se houver níveis do fator 1, do fator 2, ..., e do fator k, o

planejamento será um fatorial x x ... x . Isto não significa obrigatoriamente que serão

realizados apenas x x ... x experimentos. Este é o número mínimo, para se ter um

planejamento fatorial completo. O experimentador pode querer repetir ensaios, para ter uma estimativa

do erro experimental, e nesse caso o número de experimentos será maior. ”

No procedimento experimental 2.4 e 2.4.1, a análise estatística da constate elástica de uma mola é

realizada. Os resultados obtidos são comparados graficamente com a relação direta da Lei de Hooke.

Com a elaboração de um Projeto de Experimentos do tipo Fatorial Completo é possível definir

estatisticamente se as constantes elásticas de duas molas são iguais.

No procedimento experimental 2.5, a medição de deformação da mola é feita de modo aninhado e

em seguida é determinado quais fatores controláveis e iterações entre os mesmos afetam de forma

significativa a variável de interesse. Segundo (INMETRO, 2012, pg 141) “ Os arranjos aninhados e a

análise dos dados obtidos pela aplicação de métodos ANOVA podem ser utilizados com sucesso em

muitas situações de medição encontradas na prática. ”

2. Metodologia Experimental

Nesta seção serão apresentados os métodos utilizados na construção dos procedimentos

experimentais, assim como o embasamento teórico associado.

2.1 Ajuste de Curvas.

Este procedimento experimental revisa conceitos de ajustes de curvas. Analisou-se o

comportamento da variação de resistência elétrica de dois termoresistores, denominados termoresistor

1 e termoresistor 2, em função da temperatura do líquido ao qual os mesmos estavam submersos.

O procedimento realizado consistiu em encher um béquer com água homogeneamente aquecida a

85 °C e resfriá-la gradualmente de 2,5ºC em 2,5ºC registrando 20 temperaturas e o valor da resistência

elétrica mostrada no multímetro conectado aos termoresistores. A água do béquer foi resfriada

inicialmente através da troca de calor com o ambiente e quando quase alcançado o equilíbrio térmico,

Page 4: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

4

fez-se adição de água abaixo da temperatura ambiente. Durante todo o processo, misturou-se a

substância para acelerar o resfriamento e garantir a homogeneidade da temperatura da água.

Utilizou-se um multímetro digital da marca MINIPA modelo ET-1002 na escala de 200 para o

termoresistor 1, e na escala 2000 para o termoresistor 2. As incertezas e resoluções deste

equipamento são mostradas na Tabela 1. A temperatura foi medida com um termômetro que possui

incerteza de 1ºC e resolução de 0,1ºC na faixa de valores do procedimento experimental. Os

termoresistores não possuem nenhuma informação, sendo o objetivo do experimento obter a função de

transferência experimental dos mesmos.

Tabela 1. Incerteza e resolução do multímetro MINIPA ET-1002.

GRANDEZA ESCALA INCERTEZA RESOLUÇÃO

Resistência 200Ω ±(1,0%+5D) 100mΩ

Resistência 2000Ω ±(0,8%+5D) 1Ω

Fonte: Adaptado do manual do fabricante MINIPA, 2012.

O ajuste da reta que melhor representa os resultados obtidos é feito através do software MATLAB e

algebricamente utilizando o método dos mínimos quadrados. Este método consiste em determinar o

coeficiente angular e o coeficiente linear da reta que minimiza o erro quadrático médio

entre o valor das amostras obtidas e o valor da curva ajustada. Considerando um número de

medidas, os valores de e podem ser calculados conforme Equação (1) e (2) respectivamente.

(∑ )

(1)

(∑ )

(2)

É possível também aplicar métodos de linearização de funções do tipo potência e não lineares para

utilizar o método dos mínimos quadrados e determinar seus coeficientes. O exemplo apresentado nas

Equações (3), (4) e (5) apresenta a linearização de uma curva exponencial e utilização do método dos

mínimos quadrados para determinação de seus parâmetros.

→ ( ) ( ) (3)

( ) (4)

(5)

Com os valores de e pode-se encontrar os valores dos coeficientes e através da igualdade

demonstrada na Equação (6).

Page 5: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

5

(6)

O erro de linearidade do ajuste de curva, caso a resistência tenha dependência linear com a

temperatura, é dado pela Equação (7).

(7)

onde é o maior valor entre a curva ajustada e um valor experimental e é o fundo de

escala do valor de resistência. O erro de conformidade, caso a resistência não tenha dependência linear

com a temperatura, é calculado de maneira análoga ao erro de linearidade, dado pela Equação (7).

2.2 Determinar as Incertezas de um Multímetro Digital

O primeiro experimento realizado para determinar as incertezas de um multímetro digital consiste

na elaboração de um simples circuito resistivo série onde são medidas as variáveis de tensão elétrica e

corrente elétrica. A fonte de tensão elétrica utilizada é do modelo POL-16E da marca POLITERM, de

acordo com o manual da mesma tem-se que a exatidão é de ± (0,5% da leitura + 2 dígitos). Ajustou-se

o potenciômetro até que o visor digital exibisse 1.0 de modo que a tensão elétrica de saída é 1,0 ± 0,05

V. Os valores das resistências elétricas utilizadas são 100 ± 10Ω e 5,6k ± 560Ω. O circuito foi montado

sobre uma protoboard, a fim de facilitar a conexão dos cabos da fonte e multímetro, e também a troca

dos resistores.

As medidas de corrente elétrica e tensão elétrica foram obtidas respectivamente como mostra a

Figura 1 e anotadas em tabelas específicas para posterior análise de incerteza.

Figura 1. Circuito para medidas de corrente elétrica e tensão elétrica do circuito resistivo série.

Para cada valor de resistência elétrica foram realizadas de forma aleatória cinco medidas de corrente

elétrica, cinco medidas de tensão elétrica e cinco medidas de resistência elétrica, sendo que em todas as

medições o operador foi o mesmo. Utilizou-se dois modelos diferentes de multímetro, MINIPA ET-

1100 e MINIPA ET-1002, os valores de incertezas relacionadas as escalas dos mesmos podem ser

encontradas nas Tabela 2 e Tabela 3.

Page 6: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

6

O segundo experimento realizado para determinar as incertezas de um multímetro digital é um

circuito resistivo em paralelo, que utiliza os mesmos resistores do experimento anterior, onde

novamente serão medidas as variáveis de tensão elétrica e corrente elétrica.

A tensão elétrica da fonte foi mantida em 1,0 ± 0,05 V e as medidas de corrente elétrica e tensão

elétrica foram obtidas respectivamente como mostra a Figura 2.

Tabela 2. Escala, precisão e resolução para o multímetro MINIPA ET-1100.

GRANDEZA ESCALA PRECISÃO RESOLUÇÃO

Tensão DC 2V ±(0,5%+2D) 1mV

Corrente DC 200μA ±(1,0%+2D) 0,1μA

20mA ±(1,5%+2D) 10μA

Resistência Elétrica 200Ω ±(0,8%+4D) 0,1Ω

20kΩ ±(0,8%+2D) 10Ω

Fonte: Adaptado do manual do fabricante MINIPA, 2012.

Tabela 3. Escala, precisão e resolução para o multímetro MINIPA ET-1002.

GRANDEZA ESCALA PRECISÃO RESOLUÇÃO

Tensão DC 2000mV ±(0,8%+5D) 1mV

Corrente DC

2000μA ±(1,0%+5D)

1μA

20mA 10μA

200mA ±(1,2%+5D) 100μA

Resistência Elétrica 200Ω ±(1,0%+5D) 100m Ω

20kΩ ±(0,8%+5D) 10Ω

Fonte: Adaptado do manual do fabricante MINIPA, 2012.

Figura 2. Circuito para medidas de corrente elétrica e tensão elétrica do circuito resistivo em paralelo.

O método de medição foi o mesmo do experimento anterior, sendo a única diferença a obtenção do

valor de resistência elétrica equivalente do circuito ao invés do valor das resistências elétricas

individuais.

Page 7: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

7

Após obter as medições referentes as duas topologias de circuito, pode-se determinar a incerteza

relativa à escala do multímetro selecionada. Baseado na análise por Expansão da Série de Taylor, a

fórmula para obtenção desta incerteza é dada pela Equação (8),

√( ) ( ) (8)

onde %leitura é uma porcentagem do valor medido e corresponde a resolução do

instrumento multiplicada pelo número de dígitos do visor do multímetro. O valor da porcentagem,

dígitos e resolução se encontram no manual do fabricante, caracterizando uma Avaliação de Incerteza

do tipo B.

Para analisar a propagação de incertezas, primeiramente a potência elétrica do circuito é calculada

pelas Equações (9), (10) e (11),

(9)

(10)

(11)

onde P representa a potência elétrica [W], V a tensão elétrica [V], I a corrente elétrica [A] e R a

resistência elétrica [Ω].

A incerteza combinada é calculada para obtenção da incerteza quando medidas indiretas da variável

são feitas. Neste experimento, a potência elétrica é calculada em função da corrente elétrica, tensão

elétrica e resistência elétrica. Sendo assim, também baseado na Expansão da Série de Taylor, define-se

a incerteza combinada da Equação (9) na Equação (12), da Equação (10) na Equação (13) e da

Equação (11) na Equação (14),

√(

)

(

)

(12)

√(

)

(

)

(13)

√(

)

(

)

( ) (14)

Page 8: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

8

onde é a incerteza da tensão elétrica [V], é a incerteza da corrente elétrica [A], é a incerteza

da resistência elétrica [Ω], P representa a potência elétrica [W], V a tensão elétrica [V], I a corrente

elétrica [A] e R a resistência elétrica [Ω].

2.3 Um Simples Pêndulo

Buscou-se determinar o período de oscilação de um simples pêndulo, composto por um barbante e

uma massa fixada em uma das extremidades, assim como analisar a influência do operador nas

medidas. Para tanto, foi utilizado o cronômetro de um celular Positivo S455, com resolução de décimo

de segundo. Incialmente definiu-se o ângulo inicial da oscilação como 10°, sendo controlado através

de um transferidor, de marca Desetec e modelo 8115, com resolução de 1 milímetro, fixado no eixo do

pêndulo.

Após as definições, iniciou-se a fase de medidas. O primeiro passo foi fazer 100 (cem) medições de

período para essa configuração, onde apenas um operador as realizava, de modo que o erro sistemático

em questão fosse o mesmo para todas as medidas. A intenção era de analisar a sua distribuição, assim

como a sua tendência central e os seus desvios. Esse estudo foi realizado para o conjunto total e

também para conjuntos aleatórios com dez medidas cada, com o intuito de analisar a influência do

número de repetições nos valores de média e desvio padrão, através de cálculos matemáticos e

histogramas.

Levando em conta que uma das fontes de incerteza nas medições é associada à resolução do

instrumento escolhido, num segundo momento foi adotada uma técnica a fim de minimizar este

problema. Sabendo que para pequenas oscilações o pêndulo possui período praticamente constante,

mediu-se o tempo total de dez períodos. Dessa forma, a medida possuiu quatro dígitos significativos,

um a mais do que no experimento anterior. Foram feitas dez repetições e com isso foi possível analisar

a distribuição das medidas, assim como a tendência central e o desvio padrão, comparando com os

dados obtidos anteriormente.

Outra causa de incerteza na medida é o tempo de reação do operador. A fim de analisar essa

influência, foram realizadas dez medidas de período por três operadores diferentes. Com os dados,

construiu-se um projeto de experimentos do tipo fatorial completo, onde a variável de resposta foi o a

duração do período, em segundos, e o único fator controlado foi o operador. Primeiramente, calcula-se

o termo de correção das amostras, visando ajustar a variação no grupo de medidas de mesmas

condições, com a Equação (15),

( )²medidas

TCN medidas

(15)

onde a variável medidas representa os valores medidos e a variável Nº medidas representa o total de

medidas realizadas.

Feito isso, calcula-se a soma dos quadrados das medidas do fator controlado com a utilização da

Equação (16),

Page 9: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

9

2 2 2 1 2 3

Trat

medidasop medidasop medidasopS op TC

N repetições N repetições N repetições

(16)

onde a variável medidasop1 representa os valores medidos pelo operador 1, sendo esta definição

análoga para as variáveis medidasop2 e medidasop3. Já a variável Nº repetições representa o total de

medidas realizadas por cada operador e a variável TC representa o termo de correção das amostras..

O número de graus de liberdade da variável em questão é igual ao número de operadores menos um.

Assim, se calcula a média da soma dos quadrados da variável e do erro através da Equação (17) com o

intuito de encontrar o fator calculado de probabilidade,

TratTart

S opMQop

GDL (17)

onde a variável SopTrat representa a soma dos quadrados da variável medida e a variável GDL

representa os graus de liberdade.

O fator calculado, citado anteriormente, é calculado através da Equação (18),

Trat

op

erro

MQopFC

MQ (18)

onde a variável MQopTrat representa a média da soma dos quadrados da variável e a variável MQerro

representa a média da soma dos quadrados do erro.

A média quadrática do erro é calculada através da divisão da soma dos quadrados do erro pelo

número de graus de liberdade do erro, apresentada na Equação (19),

3 1

erroerro

SMQ

N repetições

(19)

onde a variável Serro representa a soma quadrática do erro e a variável Nº repetições representa o total

de repetições do experimento.

Portanto, se o experimento fosse realizado sem repetições, o número de graus de liberdade do erro,

um dos termos do denominador da Equação (19), tenderia a zero. Dessa forma, a média da soma dos

quadrados do erro tenderia ao infinito, fazendo com que o fator calculado das combinações das

variáveis de resposta, que nesse caso é apenas uma, tendesse a zero. Isso significaria que todos os

fatores controlados não influenciariam significativamente na variável de resposta, o que não

necessariamente é verdade. Nesses casos, os fatores tabelados são pesquisados nas tabelas de

distribuições probabilísticas levando em conta que o GDL do erro é o número de graus de liberdade da

maior combinação de fatores controlado. Assim, não é possível responder à pergunta que leva em

conta todos os fatores controlados e essa é a grande desvantagem de um experimento sem repetição.

Por fim, o fator calculado é comparado com o fator tabelado proveniente de uma tabela com valores

probabilísticos, relacionando os GDL’s da combinação dos fatores em questão com o do erro. A tabela

utilizada, com um nível de noventa por cento de certeza, está demonstrada na Tabela 4.

Page 10: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

10

Tabela 4. Limites unilaterais da distribuição F de Fisher-Snedecor ao nível de 10% de probabilidade.

Fonte: http://www.cin.ufpe.br/~rmcrs/Tabelas/tabelas%20F.pdf, 2016.

O resultado de medições repetidas do período pode ser representado através da Equação (20),

0

T T T (20)

onde T0 é a média aritmética da distribuição dos períodos analisados e δT a incerteza, a qual depende

das flutuações em torno da média. Por convenção, assume-se a Equação (21).

1

( )N

i

i

T T

(21)

Portanto, a incerteza pode ser calculada através da Equação (22),

01

( )²

( 1)

N

iiT T

tN N

(22)

Page 11: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

11

2.4 Uma Simples Mola Helicoidal: medição estática da constante elástica.

2.4.1 Determinação da constante elástica de uma mola

Neste procedimento experimental engastou-se uma mola e suspendeu-se corpos em sua borda livre.

Após o término da oscilação, mediu-se a deformação em relação ao estado original da mesma. O

instrumento utilizado para realizar a medida de deformação é uma régua do fabricante Indústria

Bandeirante com resolução de 0,1 cm.

Mediu-se as massas [g] de 3 corpos, para serem suspensos pelas molas, através de

uma balança mecânica com resolução de 0,1g. A incerteza destes valores, expressada na forma de

desvio padrão é dada pela Equação (23),

√ (23)

onde é a resolução da balança. As massas foram adicionadas uma a uma à borda

livre da mola, compondo assim três conjuntos de massas: , e

. As incertezas combinadas destes conjuntos podem ser calculadas como mostram as Equações (24),

(25) e (26),

(24)

√(

)

(

)

(25)

√(

)

(

)

(

)

(26)

onde [g] são as incertezas combinadas dos conjuntos de massa [g]

respectivamente,

[g] são as incertezas das massas [g], [g]

respectivamente. e os termos

representam a derivada de com relação à .

Os pesos são calculados como demonstra a Equação (27),

(27)

onde são os conjuntos de massa e é a aceleração da gravidade, definida como . A

incerteza dos pesos é dada pela Equação (28),

(28)

Page 12: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

12

onde é a aceleração da gravidade, definida como e é a incerteza associada com os

conjuntos de massas . A incerteza do valor de comprimento da mola pode ser calculada

pela Equação (29),

√ (29)

onde é a resolução da régua [cm]. Os valores de deformação são calculados através das

Equações (30), (31) e (32),

(30)

(31)

(32)

onde [cm] são os valores do comprimento da mola após as massas [g] serem

adicionadas e [cm] é o comprimento inicial da mola.

A incerteza combinada para cada valor de deformação é calculado através das Equações (33),(34) e

(35),

√(

)

(

)

(33)

√(

)

(

)

(34)

√(

)

(

)

(35)

onde

[cm] são os valores de incerteza combinada para os valores de deformação

[cm] respectivamente,

[cm] são os valores da incerteza para as medidas

de deformação [cm] e (

) são as derivadas das deformações com relação às

deformações .

Com os resultados obtidos, é possível plotar um gráfico de , onde são os pesos

suspensos na mola e a deformação sofrida pela mola, juntamente com os valores de suas incertezas.

Pode-se analisar a consistência dos resultados experimentais com a relação apresentada pela Equação

(36),

Page 13: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

13

(

) (36)

onde [N] representa os pesos calculados através da Equação (27) e [N/cm] é a constate elástica da

mola. Determinando o valor da constante , é possível avaliar sua incerteza combinada como

demonstra a Equação (37),

√(

)

(

)

(37)

onde [cm] é a incerteza combinada para constate elástica da mola,

é a derivada parcial da função

com relação à , é a incerteza dos pesos, ,

é a derivada parcial da função com relação à e

[cm] é a incerteza da medida de deformação.

2.4.2 Projeto de Experimento Fatorial Completo com 3 Fatores

Utilizando duas molas, elaborou-se um Projeto de Experimentos do Tipo Fatorial Completo com

três fatores controláveis: massa à 3 níveis, mola à dois níveis e operador à dois níveis. O experimento

foi completamente aleatorizado, alternando-se entre operadores, massas e mola para realizar as

medidas. O procedimento experimental segue o mesmo apresentado no item 2.4.1, onde os conjuntos

de massas , e são suspensas à mola e o comprimento

final é medido. Isto é feito com uma régua da fabricante Indústria Bandeirante com resolução de 0,1

cm, sendo realizadas três repetições para cada combinação de fatores. A massa suspensa à mola é

definida como fator A, a mola como fator B e o operador como fator C.

Através da análise de variância é possível comprovar se a constante elástica das molas é igual do

ponto de vista estatístico. O método utilizado para análise é a tabela ANOVA. Este método é descrito

detalhadamente em Balbinot & Brusamarello, 2010, pg 86-92. A tabela dos percentuais da distribuição

F utilizada é a Tabela 4.

Com os resultados da análise de variância obtidos é possível responder se as molas influenciam

significativamente no comprimento final, se massas influenciam significativamente no comprimento

final, se o operador influencia significativamente no comprimento final, se a mola e massa influenciam

significativamente no comprimento final, se a massa e o operador influenciam significativamente no

comprimento final, se operador e a mola influenciam significativamente no comprimento final, se

operador e massa e mola influenciam significativamente no comprimento final.

2.5 Projeto de Experimento do Tipo Aninhado

Utilizando três molas e dois operadores, elaborou-se um Projeto de Experimentos do Tipo

Aninhado. Esse tipo de experimento tem como característica principal a interdependência entre fatores

controlados, que acontece pela impossibilidade de medidas nos mesmos níveis dos fatores.

Page 14: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

14

O experimento foi completamente aleatorizado, alternando-se entre operadores e mola. A massa

suspensa pela mola é a mesma para todas as repetições. O procedimento experimental segue o mesmo

apresentado no item 2.4.1, onde o comprimento final é medido. Isto é feito com uma régua da

fabricante Indústria Bandeirante com resolução de 0,1 cm.

Algumas medidas foram propositadamente não realizadas, para criar a relação de dependência entre

os fatores. Na Tabela 5 pode-se ver o padrão de medidas adotados.

Tabela 5. Padrão de medidas adotado no Projeto de Experimentos do Tipo Aninhado

Operador Molas

Mola 1 Mola 2 Mola 3

Operador

1

X X Não medida

X X Não medida

Operador

2

Não medida X X

Não medida X X

Através da análise de variância é possível verificar a dependência dos fatores. O método utilizado

para análise é a tabela ANOVA. Este método é descrito detalhadamente em Balbinot & Brusamarello,

2010, pg 86-92. A tabela dos percentuais da distribuição F utilizada é a Tabela 4.

A mola 2 possui quatro medidas, duas para cada operador o que implica uma variação de níveis no

cálculo da soma dos quadrados. As medidas de deformação para cada tipo de mola estão aninhadas no

fator operador, sendo assim a verificação de significância do fator mola é relacionada com o fator

operador. A soma dos quadrados do fator mola é mostrada na Equação (38),

( ) (38)

onde ( ) é a soma dos quadrados do fator mola, aninhado com o fator operador,

é a soma dos quadrados do fator mola e é soma dos quadrados da

iteração entre o fator mola e o fator operador.

3. Resultados e Discussões

3.1 Ajuste de Curvas.

Os resultados obtidos no procedimento experimental para o termoresistor 1 são mostrados na Tabela

6.

Tabela 6. Medidas obtidas para o termoresistor 1.

T(°C) 85,0 82,5 80,0 77,5 75 72,5 70,0 67,5 65 62,5

R(Ω) 132,3 131,3 130,4 129,5 128,5 127,6 126,6 125,7 124,8 123,8

T(°C) 60,0 57,5 55 52,5 50 47,5 45,0 42,5 40 37,5

R(Ω) 122,9 121,9 120,9 120,1 119,1 118,2 117,2 116,3 115,3 114,3

Page 15: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

15

A função de transferência experimental obtida através do software MATLAB é representada pela

Equação (39),

( ) (39)

onde ( ) função de transferência experimental do termoresistor 1 1 [ ] e T é a temperatura [ºC]. O

gráfico resultante e os resíduos desta aproximação são apresentados na Figura 3.

Figura 3. Função de transferência experimental para termoresistor 1 obtida através do software

MATLAB.

O valor do coeficiente de determinação é de 0,999. O erro de linearidade é dado pela Equação

(7) e pode ser calculado conforme mostra a Equação (40),

(40)

onde é o maior valor encontrado no resíduo da aproximação de curva realizado pelo MATLAB

e é o valor do fundo de escala para o valor de resistência elétrica.

A função de transferência experimental é obtida algebricamente através das Equações (1) e (2),

onde a variável representa a temperatura T [ºC] e a variável representa a resistência elétrica do

termoresistor [ ]. Os valores necessários para a obtenção dos coeficientes são mostrados na Tabela 7 e

os cálculos são demonstrados pelas Equações (41) e (42).

Page 16: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

16

( ) ( )

(41)

( ) ( )

(42)

Tabela 7. Valores para cálculo da função de transferência experimental do termoresistor 1 pelo

método dos mínimos quadrados.

85 132,3 7225 17503,29 11245,5

82,5 131,3 6806,25 17239,69 10832,25

80 130,4 6400 17004,16 10432

77,5 129,5 6006,25 16770,25 10036,25

75 128,5 5625 16512,25 9637,5

72,5 127,6 5256,25 16281,76 9251

70 126,6 4900 16027,56 8862

67,5 125,7 4556,25 15800,49 8484,75

65 124,8 4225 15575,04 8112

62,5 123,8 3906,25 15326,44 7737,5

60 122,9 3600 15104,41 7374

57,5 121,9 3306,25 14859,61 7009,25

55 120,9 3025 14616,81 6649,5

52,5 120,1 2756,25 14424,01 6305,25

50 119,1 2500 14184,81 5955

47,5 118,2 2256,25 13971,24 5614,5

45 117,2 2025 13735,84 5274

42,5 116,3 1806,25 13525,69 4942,75

40 115,3 1600 13294,09 4612

37,5 114,3 1406,25 13064,49 4286,25

∑ 1225 2466,7 79187,5 304821,9 152653,3

Com os valores dos coeficientes e , pode-se descrever a função de transferência experimental

obtida algebricamente pela Equação (43),

( ) (43)

onde ( ) representa a função de transferência experimental calculada algebricamente para o

termoresistor 1 e a temperatura [ºC].

O gráfico resultante desta aproximação é apresentado na Figura 4.

Page 17: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

17

Figura 4. Função de transferência experimental para o termoresistor 1 obtida através do método dos

mínimos quadrados.

O erro de linearidade é dado pela Equação (7) e pode ser calculado conforme mostra a Equação (44)

(44)

onde é o maior valor encontrado no resíduo da aproximação da curva realizada algebricamente

[ e é o valor do fundo de escala para o valor de resistência elétrica .

Com os valores de resistência elétrica medidos e função de transferência experimental calculada,

pode-se afirmar que o termoresistor 1 trata-se de um sensor PT100. A escala de 200 do multímetro

MINIPA ET-1002 foi suficiente para realizar as medidas, visto que a resolução desta escala é de 0,1

e a menor variação apresentada pelo termoresistor 1 foi de 0,8 . Ainda, o valor máximo de resistência

elétrica medido foi de 132,3 , não excedendo o valor de fundo de escala do equipamento.

Os resultados obtidos no procedimento experimental para o termoresistor 2, são mostrados na

Tabela 8.

Tabela 8. Medidas obtidas para o termoresistor 2.

T(°C) 85,0 82,5 80,0 77,5 75 72,5 70,0 67,5 65 62,5

R(Ω) 243 271 304 326 339 364 400 441 486 530

T(°C) 60,0 57,5 55 52,5 50 47,5 45,0 42,5 40 37,5

R(Ω) 570 646 681 771 855 924 1053 1142 1205 1382

A função de transferência experimental obtida através do software MATLAB é representada pela

Equação (45),

Page 18: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

18

( ) (45)

onde ( ) é a função de transferência experimental do termoresistor 2 [ ] e T é a temperatura [ºC]. O

gráfico resultante e os resíduos desta aproximação são apresentado na Figura 5.

Figura 5. Função de transferência experimental para termoresistor 2 obtida através do software

MATLAB.

O erro de conformidade é dado pela Equação (7) e pode ser calculado conforme mostra a Equação

(46),

(46)

onde é o maior valor encontrado no resíduo da aproximação de curva realizado pelo MATLAB

e é o valor do fundo de escala para o valor de resistência elétrica.

A função de transferência experimental é obtida algebricamente através das Equações (1), (2), (3),

(4), (5) e (6), onde a variável representa a temperatura T [ºC] e a variável representa a resistência

elétrica do termoresistor [ ]. Os valores necessários para a obtenção dos coeficientes são mostrados na

Tabela 9 e os cálculos são demonstrados pelas Equações (47), (48) e (49).

Page 19: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

19

( ) ( )

(47)

( ) ( )

(48)

(49)

Tabela 9. Valores para cálculo da função de transferência experimental do termoresistor 2 pelo

método dos mínimos quadrados.

85 243 5,493061 466,9102 7225

82,5 271 5,602119 462,1748 6806,25

80 304 5,717028 457,3622 6400

77,5 326 5,786897 448,4845 6006,25

75 339 5,826 436,95 5625

72,5 364 5,897154 427,5437 5256,25

70 400 5,991465 419,4025 4900

67,5 441 6,089045 411,0105 4556,25

65 486 6,186209 402,1036 4225

62,5 530 6,272877 392,0548 3906,25

60 570 6,345636 380,7382 3600

57,5 646 6,4708 372,071 3306,25

55 681 6,523562 358,7959 3025

52,5 771 6,647688 349,0036 2756,25

50 855 6,751101 337,5551 2500

47,5 924 6,828712 324,3638 2256,25

45 1053 6,959399 313,1729 2025

42,5 1142 7,040536 299,2228 1806,25

40 1205 7,094235 283,7694 1600

37,5 1382 7,231287 271,1733 1406,25

soma 1225 12933 126,7548 7613,863 79187,5

Com os valores dos coeficientes e , pode-se descrever a função de transferência experimental

obtida algebricamente pela Equação (50),

( ) (50)

onde ( ) é a resistência elétrica do termoresistor 2 [ ] e T é a temperatura [ºC]. O gráfico resultante

desta aproximação é apresentado na Figura 6.

Page 20: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

20

Figura 6. Função de transferência experimental para o termoresistor 2 obtida através do método dos

mínimos quadrados.

O erro de conformidade é dado pela Equação (7) e pode ser calculado conforme mostra a Equação

(51),

(51)

onde é o maior valor encontrado no resíduo da aproximação de curva realizada algebricamente

e é o valor do fundo de escala para o valor de resistência elétrica.

Com os valores de resistência elétrica medidos e função de transferência experimental calculada,

pode-se afirmar que o termoresistor 2 trata-se de um sensor NTC. O erro de conformidade obtido

através do método computacional é menor, visto que o método algébrico usa um procedimento de

linearização para a posterior aplicação do método dos mínimos quadrados. A escala de 2000 do

multímetro MINIPA ET-1002 foi suficiente para realizar as medidas, visto que a sensibilidade desta

escala é de 1 e a menor variação apresentada pelo termoresistor 2 foi de 13 . Ainda, o valor

máximo de resistência elétrica medido foi de 1382 , não excedendo o valor de fundo de escala do

equipamento.

3.2 Determinar as Incertezas de um Multímetro Digital.

Com as incertezas associadas a cada escala, conforme a Tabela 2 e a Tabela 3, e os valores de

corrente elétrica e tensão elétrica obtidos nos experimentos, é possível determinar a incerteza

utilizando a Equação (8) para cada medida realizada.

A Tabela 10 mostra os resultados obtidos para os valores de tensão elétrica do circuito série.

Page 21: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

21

Tabela 10. Resultados de incerteza para tensão elétrica do circuito série.

Multímetro MINIPA ET-1100 Multímetro MINIPA ET-1002

Resistor

Tensão elétrica

(V) Escala

Incerteza (mV)

Tensão

elétrica (mV) Escala

Incerteza

(mV)

100Ω

0,969

2 V

5,24 966

2000 mV

9,20

0,969 5,24 968 9,22

0,968 5,24 966 9,20

0,969 5,24 964 9,19

0,969 5,24 966 9,20

5,6kΩ

0,969

2 V

5,24 968

2000 mV

9,22

0,969 5,24 966 9,20

0,968 5,24 966 9,20

0,969 5,24 965 9,20

0,969 5,24 966 9,20

A Tabela 11 mostra os resultados obtidos para os valores de corrente elétrica do circuito série.

Tabela 11. Resultados de incerteza para corrente elétrica do circuito série.

Multímetro MINIPA ET-1100 Multímetro MINIPA ET-1002

Resistor

Corrente elétrica

(mA) Escala

Incerteza

(µA)

Corrente elétrica

(mA) Escala

Incerteza

(µA)

100Ω

8,93

20 mA

135 8,98

200 mA

511

8,93 135 8,95 511

8,93 135 9,00 512

8,93 135 8,98 511

8,93 135 8,98 511

5,6kΩ

0,149

200 μA

1,50 0,150

2000 μA

5,22

0,149 1,50 0,150 5,22

0,149 1,50 0,150 5,22

0,149 1,50 0,149 5,22

0,149 1,50 0,150 5,22

A Tabela 12 mostra os resultados obtidos para os valores de resistência elétrica do circuito série. A

Tabela 13 mostra os resultados obtidos para os valores de tensão elétrica do circuito paralelo. A Tabela

14 mostra os resultados obtidos para os valores de corrente elétrica do circuito paralelo. A Tabela 15

mostra os resultados obtidos para os valores de resistência elétrica do circuito paralelo.

Com os valores das grandezas definidos e suas respectivas incertezas, é possível calcular a potência

elétrica utilizando as Equações (9), (10) e (11) assim definidas nas tabelas como P1, P2 e P3

respectivamente. Com as Equações (12), (13) e (14) a incerteza combinada é definida para cada

método de cálculo da potência elétrica do circuito.

A Tabela 16 mostra os resultados obtidos para o circuito série utilizando o multímetro MINIPA ET-

1100.

Page 22: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

22

Tabela 12. Resultados de incerteza para os valores de resistência elétrica do circuito série.

Multímetro MINIPA ET-1100 Multímetro MINIPA ET-1002

Resistor

Resistência elétrica

(Ω) Escala

Incerteza

(Ω)

Resistência elétrica

(Ω) Escala

Incerteza

(Ω)

100Ω

98,5

200 Ω

0,884 98,8

200 Ω

1,11

98,5 0,884 98,0 1,11

98,6 0,884 98,6 1,11

98,5 0,884 98,8 1,11

98,5 0,884 98,6 1,11

5,6kΩ

5,51k

20 kΩ

484 5,53k

20k Ω

668

5,51k 484 5,50k 666

5,51k 484 5,52k 667

5,51k 484 5,52k 667

5,51k 484 5,51k 667

Tabela 13. Resultados de incerteza para os valores de tensão elétrica do circuito paralelo.

Multímetro MINIPA ET-1100 Multímetro MINIPA ET-1002

Tensão elétrica (V) Escala Incerteza (mV) Tensão elétrica

(mV) Escala Incerteza (mV)

0,970

2V

5,25 964

2000mV

9,19

0,970 5,25 968 9,22

0,969 5,24 967 9,21

0,969 5,24 966 9,20

0,970 5,25 969 9,22

Tabela 14. Resultados de incerteza para os valores de corrente elétrica do circuito paralelo.

Multímetro MINIPA ET-1100 Multímetro MINIPA ET-1002

Corrente elétrica

(mA) Escala Incerteza (μA)

Corrente elétrica

(mA) Escala

Incerteza

(μA)

9,07

20mA

138 9,09

20mA

104

9,08 138 9,10 104

9,08 138 9,10 104

9,09 138 9,09 104

9,08 138 9,09 104

Tabela 15. Resultados de incerteza para os valores de resistência elétrica do circuito paralelo.

Multímetro MINIPA ET-1100 Multímetro MINIPA ET-1002

Resistência elétrica (Ω) Escala

Incerteza

(mΩ)

Resistência elétrica

(Ω) Escala Incerteza (Ω)

96,9

200Ω

872 97,0

200Ω

1,09

96,7 871 96,8 1,09

96,8 872 97,0 1,09

96,7 871 97,0 1,09

96,8 872 96,8 1,09

Page 23: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

23

Tabela 16. Resultados de incerteza combinada do circuito série utilizando o multímetro MINIPA ET-

1100.

Multímetro MINIPA ET-1100

P1 (mW) Incerteza

(µW) P2 (mW) Incerteza

(µW) P3 (mW) Incerteza (µW)

100 Ω

8,64 139 9,51 209 7,85 248

8,65 139 9,53 212 7,85 248

8,64 139 9,50 209 7,86 249

8,65 139 9,53 208 7,85 248

8,65 139 9,53 209 7,85 248

5.6 kΩ

0,144 1,65 0,170 3,82 0,122 2,70

0,144 1,65 0,170 3,83 0,122 2,70

0,144 1,65 0,170 3,81 0,122 2,70

0,144 1,65 0,170 3,81 0,122 2,70

0,144 1,65 0,170 3,82 0,122 2,70

A Tabela 17 mostra os resultados obtidos para o circuito série utilizando o multímetro MINIPA ET-

1002.

Tabela 17. Resultados de incerteza combinada do circuito série utilizando o multímetro MINIPA ET-

1002.

Multímetro MINIPA ET-1002

P1 (mW) Incerteza

(µW) P2 (mW) Incerteza

(µW) P3 (mW) Incerteza (µW)

100 Ω

8,67 501 9,44 209 7,97 912

8,66 502 9,56 212 7,85 901

8,69 501 9,46 209 7,99 912

8,66 500 9,41 208 7,97 912

8,67 501 9,46 209 7,95 910

5.6 kΩ

0,145 5,24 0,169 3,82 0,124 8,79

0,145 5,23 0,170 3,83 0,124 8,74

0,145 5,23 0,169 3,81 0,124 8,77

0,144 5,22 0,169 3,81 0,123 8,71

0,145 5,23 0,169 3,82 0,124 8,76

A Tabela 18 mostra os resultados obtidos para o circuito série utilizando o multímetro MINIPA ET-

1100. A Tabela 19 mostra os resultados obtidos para o circuito paralelo utilizando o multímetro

MINIPA ET-1002.

A incerteza combinada é obtida dos valores de incertezas associados com cada valor medido do

processo. Na Tabela 16, o cálculo de potência elétrica para o resistor de 100 oferece maior incerteza

no cálculo pela Equação (11), o que se repete de maneira geral na Tabela 17, Tabela 18 e Tabela 19.

Page 24: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

24

Tabela 18. Resultados de incerteza combinada do circuito paralelo utilizando o multímetro MINIPA

ET-1100.

Multímetro MINIPA ET-1100

P1 (mW) Incerteza (µW) P2 (mW) Incerteza (µW) P3 (mW) Incerteza (µW)

8,80 142 9,71 137 7,97 252

8,81 142 9,73 137 7,97 252

8,80 142 9,70 137 7,98 252

8,81 142 9,71 137 7,99 253

8,81 142 9,72 137 7,98 252

Tabela 19. Resultados de incerteza combinada do circuito paralelo utilizando o multímetro MINIPA

ET-1002.

MINIPA ET-1002

P1 (mW) Incerteza (µW) P2 (mW) Incerteza (µW) P3 (mW) Incerteza (µW)

8,76 130 9,58 212 8,01 204

8,81 131 9,68 214 8,02 204

8,80 131 9,64 213 8,03 204

8,78 131 9,62 213 8,01 204

8,81 131 9,70 215 8,00 204

Isto se deve ao fato de que a Equação (14) possui a incerteza da medida de resistência elétrica, que é

um valor superior ao das outras incertezas, também possui o termo de corrente elétrica elevado ao

quadrado e ainda uma multiplicação de corrente elétrica e resistência elétrica elevada ao quadrado.

Todos estes fatores combinados levam a uma maior incerteza. Também percebe-se que há uma

discrepância entre os valores, principalmente entre P2 e P3. Analisando os valores das medidas, com

base em sua incerteza, é possível perceber que eles não coincidem. Como exemplo pode-se comparar

os valores de P2 e P3 na primeira linha da Tabela 19. P2 pode assumir qualquer valor entre 9,368mW -

9,792mW enquanto P3 pode assumir valores entre 7,806mW - 8,214mW, porém isso representa uma

contradição visto que a potência elétrica sobre o resistor é a mesma independente da forma como a

medida está sendo realizada.

3.3 Um Simples Pêndulo

Como citado no Capítulo 2, primeiramente foram realizadas cem medidas de período que

posteriormente foram separadas em dez grupos de dez medidas. A Tabela 20 apresenta os valores

obtidos.

Com o intuito de analisar o comportamento dessas medidas, foram calculadas a média aritmética e

o desvio padrão para o grupo total, de cem amostras, e para um grupo de dez amostras M1. A

Tabela 21 apresenta os valores calculados.

Para facilitar a análise visual, histogramas dos dois conjuntos também foram construídos. O

histograma do conjunto total pode ser observado na Figura 7. O histograma normalizado do conjunto

de cem medidas pode ser visualizado na Figura 8.

Page 25: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

25

Tabela 20. Medidas de período em segundos.

Medidas de período [s]

M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10

0,98 1,05 0,98 1,11 1,14 1,14 1,02 1,10 1,14 1,12

1,02 1,13 1,10 1,09 1,13 1,20 1,14 1,09 1,05 1,07

1,21 1,05 1,11 1,13 1,06 1,18 1,20 1,16 1,10 1,13

1,08 1,02 1,17 1,07 1,14 1,16 1,22 1,14 1,17 0,97

1,26 1,07 1,20 1,08 1,06 1,12 1,11 1,03 1,12 1,17

1,14 1,06 1,21 1,10 1,08 1,08 1,10 1,13 1,13 1,10

1,08 1,13 1,30 1,12 1,15 1,22 1,15 1,13 1,09 1,13

1,09 1,20 1,13 1,07 1,17 1,10 1,13 1,04 1,11 1,11

1,07 1,05 1,13 1,08 1,15 1,12 1,06 1,20 1,15 1,10

1,00 1,06 1,10 1,04 1,12 1,05 1,12 1,03 1,13 1,16

Tabela 21. Valores de média aritmética e desvio padrão calculados para os dois conjuntos.

Conjunto

Média

[s] Desvio Padrão

M1 1,09 0,08

TOTAL 1,11 0,05

O histograma do conjunto menor M1 é apresentado na Figura 9. O histograma normalizado do

conjunto menor M1 pode ser visto na Figura 10.

Observando os histogramas normalizados, nota-se que o conjunto total, apresentado na Figura 8,

apresenta uma tendência central com frequência normalizada menor quando comparada com a

frequência normalizada da tendência central do histograma da Figura 10. Porém, como o total de

repetições da tendência central do conjunto de dez medidas é dois e sabendo que o total de repetições

da tendência central do conjunto de cem medidas é treze, é válido considerar a tendência central do

conjunto de cem medidas como um valor mais próximo da realidade quando comparado à tendência

central da distribuição de dez medidas. Percebe-se também que a distribuição proveniente do conjunto

de cem medidas apresenta uma distribuição muito semelhante à distribuição normal. Com relação aos

desvios padrões, o conjunto com dez medidas desviou mais da tendência central quando comparado ao

com cem medidas. Além disso, a média aritmética do conjunto de dez medidas indica um valor mais

afastado da tendência central do que a média aritmética do conjunto total de cem medidas, o que

novamente indica que a aproximação do período pela média aritmética do conjunto M1 resulta em uma

aproximação ineficiente quando comparada com a aproximação pela média aritmética do conjunto

total. O conjunto com cem medidas possui um número mais elevado de incidência de medidas iguais e

uma tendência central mais coerente com a média aritmética quando comparado com a distribuição

normalizada do conjunto de dez medidas. Outro modo de analisar as cem medidas do conjunto total é

separando-as em grupos de dez. Dessa forma, é possível verificar o comportamento de cada

subconjunto, que se distinguem através de incertezas nas medidas. A Tabela 22 apresenta as médias e

desvios padrões de cada um dos grupos de dez medidas.

Page 26: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

26

Figura 7. Distribuição do conjunto de cem medidas.

Figura 8. Distribuição normalizada do conjunto de cem medidas.

Page 27: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

27

Figura 9. Distribuição do conjunto de dez medidas.

Figura 10. Distribuição normalizada do conjunto de dez medidas.

Page 28: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

28

Tabela 22. Valores de média e desvio padrão dos dez conjunto.

Conjunto

Média

[s] Desvio Padrão

M1 1,09 0,08

M2 1,08 0,05

M3 1,14 0,08

M4 1,08 0,02

M5 1,12 0,03

M6 1,13 0,05

M7 1,12 0,05

M8 1,10 0,05

M9 1,11 0,03

M10 1,10 0,05

Um histograma apresentando a distribuição das médias de cada um dos subconjuntos foi construído.

Este pode ser observado na Figura 11.

Figura 11. Distribuição das médias dos conjuntos M.

Analisando o histograma é possível perceber que não existe tendência central nas médias

aritméticas dos conjuntos, o que impossibilita uma comparação com a distribuição do conjunto das

cem medidas, demonstrada na Figura 7, possibilitando concluir que a análise através dos dois métodos

gera resultados diferentes.

Page 29: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

29

Para aumentar o número de algarismos significativos nas medidas realizadas, foram medidos

valores de dez períodos, incrementando em um dígito a quantidade de algarismos significativos. A

Tabela 23 apresenta as medidas realizadas.

Tabela 23. Medidas de dez períodos em segundos.

Medidas de Dez Períodos

[s]

13,12

13,04

13,07

13,07

12,91

13,08

13,05

13,05

13,19

13,08

A média aritmética e o desvio padrão desse experimento também foram calculados com o intuito de

comparar com o padrão anterior. Os valores podem ser observados na Tabela 24.

Tabela 24. Valores de média aritmética e desvio padrão das medidas de dez períodos.

Média

[s] Desvio Padrão

13,06 0,07

O histograma, que apresenta a distribuição das medidas é dado pela Figura 12. O histograma que

apresenta a distribuição normalizada de medidas dos dez períodos pode ser observado na Figura 13.

Dividindo-se a média calculada por dez, valor este que corresponde ao número de períodos da medida,

obtêm-se um valor com resolução maior do que o obtido através dos procedimentos anteriores. A

distribuição das frequências normalizadas deste experimento também se assemelha a uma distribuição

normal. Porém, o desvio da tendência central desta distribuição foi maior do que o desvio padrão da

distribuição proveniente do histograma composto por cem medidas. Por fim, é possível verificar que a

frequência normalizada da tendência central do histograma da Figura 13 se iguala a frequência

normalizada da tendência central do histograma da Figura 10 além de ser maior do que a frequência

normalizada do histograma da Figura 8. Entretanto, deve-se observar o mesmo fato detalhado na

comparação entre o conjunto de cem medidas e o conjunto de dez medidas, relativo ao fato de que a

frequência normalizada mais elevada é advinda da utilização de apenas dez medidas, sendo que no

caso do conjunto de cem medidas a frequência normalizada se mantém em um valor abaixo de 0,2 pela

maior quantidade de medidas realizadas. Dividindo-se a média calculada por dez, valor este que

corresponde ao número de períodos da medida, obtêm-se um valor com resolução maior do que o

obtido através dos procedimentos anteriores.

Page 30: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

30

Figura 12. Distribuição das medidas de dez períodos.

Figura 13. Distribuição normalizada das medidas de dez períodos.

A distribuição das frequências normalizadas deste experimento também se assemelha a uma

distribuição normal. Porém, o desvio da tendência central desta distribuição foi maior do que o desvio

Page 31: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

31

padrão da distribuição proveniente do histograma composto por cem medidas. Por fim, é possível

verificar que a frequência normalizada da tendência central do histograma da Figura 13 se iguala a

frequência normalizada da tendência central do histograma da Figura 10, além de ser maior do que a

frequência normalizada do histograma da Figura 8. Entretanto, deve-se observar o mesmo fato

detalhado na comparação entre o conjunto de cem medidas e o conjunto de dez medidas, relativo ao

fato de que a frequência normalizada mais elevada é advinda da utilização de apenas dez medidas,

sendo que no caso do conjunto de cem medidas a frequência normalizada se mantém em um valor

abaixo de 0,2 pela maior quantidade de medidas realizadas.

Outro fato que possivelmente influencia nas amostras é o tempo de resposta do operador. Com o

intuito de analisar essa premissa, elaborou-se um projeto de experimentos do tipo fatorial completo.

Para tanto, três operadores diferentes realizaram dez medidas de dez períodos. A Tabela 25 apresenta

os valores obtidos.

Tabela 25. Medidas do período pelos três operadores.

Período

medido

pelo

Operador 1

[s]

Período

medido

pelo

Operador 2

[s]

Período

medido

pelo

Operador 3

[s]

1,16 1,17 1,14

1,19 1,29 1,16

1,20 1,36 1,06

1,22 1,40 1,12

1,20 1,24 1,14

1,20 1,32 1,13

1,26 1,35 1,02

1,23 1,19 1,26

1,36 1,12 1,18

1,27 1,28 1,22

Utilizando a metodologia apresentada no Capítulo 2 obteve-se o fator probabilístico calculado.

Sabendo o número de graus de liberdade do erro, que nesse caso é igual a vinte e sete, e sabendo

também os graus de liberdade do parâmetro controlado operador, que é igual a dois, obteve-se o fator

probabilístico tabelado com dez por cento de certeza. Por fim, construiu-se tabela ANOVA, que pode

ser vista na Tabela 26.

Tabela 26. Tabela ANOVA do experimento.

Fator

Controlado

Soma dos

quadrados GDL

Média dos

quadrados

F

calculado

F

tabelado

Operador 0,08 2 0,04 5,0 2,51

Erro 0,23 27 0,0080 - -

Total 44,49 29 - - -

Page 32: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

32

Analisando os fatores da Tabela 26, é possível concluir ao nível de noventa por cento de confiança,

que o operador interfere significativamente na medida de período. Isso indica que a incerteza associada

ao tempo de resposta do operador tem influência na diferença do valor medido.

Por fim, as incertezas devido às flutuações aleatórias podem ser analisadas com a utilização da

Equação (22). A Tabela 27 apresenta as incertezas para os conjuntos de medidas analisados.

Tabela 27. Valores da incerteza devido às flutuações aleatórias dos conjuntos analisados.

Conjunto Incerteza

M1 0,02

TOTAL

(cem

medidas) 0,0050

Dez

períodos 0,02

Assim, é possível perceber que a incerteza é menor no conjunto com cem medidas quando

comparada com a incerteza de ambos conjuntos de dez medidas. Logo, é possível afirmar que, neste

caso, a incerteza devido às flutuações aleatórias em torno da média será reduzida conforme as

medições realizadas aumentam.

3.4 Uma Simples Mola Helicoidal: medição estática da constante elástica.

3.4.1 Determinação da constante elástica de uma mola

Os valores medidos das massas e as respectivas incertezas são mostrados na Tabela

28. O valor da incerteza é calculado através da Equação (23) e mostrado na Equação (52),

√ (52)

onde é a resolução da balança mecânica utilizada.

Tabela 28. Valores medidos das massas , e e valor calculado de incerteza.

Massa [g] Incerteza [g]

400,3

0,03 400,8

400,5

Com estes valores é possível calcular a massa dos conjuntos e também suas incertezas

combinadas. O calculo das incertezas combinadas se dá conforme Equações (24), (25) e (26) e é

mostrado nas Equações (53), (54) e (55).

(53)

Page 33: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

33

√( ) ( ) ( ) ( ) (54)

√( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) (55)

Os valores das massas dos conjuntos, juntamente com suas incertezas combinadas são apresentadas

na Tabela 29.

Tabela 29. Valores das massas dos conjuntos e suas respectivas incertezas.

Massa [g] Incerteza [g]

400,3 0,03

801,1 0,04

1201,6 0,05

Obtêm-se a força a qual as molas são submetidas utilizando a Equação (27) e suas respectivas

incertezas utilizando a Equação (28). Estes cálculos são mostrados nas Equações (56), (57) e (58) e os

resultados apresentados na Tabela 30.

(56)

(57)

(58)

Tabela 30. Força ao qual a mola é submetida.

Força [N] Incerteza [N]

400,3

801,1

1201,6

O valor da incerteza de medida inicial do comprimento da mola é dado pela Equação (23) e o seu

cálculo demonstrado pela Equação (59).

√ (59)

O comprimento inicial da mola é igual à . Os valores de comprimento medido

são mostrados na Tabela 31.

Page 34: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

34

Tabela 31. Valores de comprimento medido da mola.

cm

cm

cm

Sendo assim, os valores de deformação e suas respectivas incertezas combinadas são

calculadas como mostram as Equações (60), (61) e (62).

√ ( ) ( ) (60)

√ ( ) ( ) (61)

√ ( ) ( ) (62)

Os valores da deformação da mola em função da força aplicada e constante elástica calculada

através da Equação (36), são apresentados na Tabela 32.

Tabela 32. Deformação da mola em função da força aplicada.

Peso [N] Deformação [cm]

A função de transferência que representa a deformação da mola em função do peso aplicado e

também as incertezas dos pesos, são mostrados na Figura 14.

Figura 14. Função de transferência da deformação da mola.

Page 35: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

35

A função calculada através do software MATLAB é demonstrada pela Equação (63):

( ) (63)

onde ( ) representa a função de transferência da deformação da mola em relação à força aplicada e

o valor da força aplicada. Sendo assim, o valor da constante elástica da mola encontrado através desta

função de transferência é .

O valor da constante elástica da mola é calculado através da Equação (36) e é mostrado na Tabela

33 para cada um das deformação . A incerteza da constante elástica é dada pela Equação

(37) e os cálculos são demonstrados pelas Equações (64), (65) e (66).

√(

)

( ) (

)

( ) (64)

√(

)

( ) (

)

( ) (65)

√(

)

( ) (

)

( ) (66)

Tabela 33. Valor da constante elástica para as deformações

*

+

*

+

*

+

Pode-se negligenciar o primeiro termo de dentro da raiz das Equações (64), (65) e (66), pois

(

)

(

)

e ( ) ( ) . O valor da incerteza combinada obtido diminui quando os pesos

aumentam, conforme calculado nas Equações (64), (65) e (66).

Um número maior de pesos e repetições se faz necessário para as amostras obtidas tenderem a uma

curva com distribuição normal e aumentar a confiabilidade dos resultados. Diminuindo a variação de

peso, de 400g para 100g, é uma maneira de obter um maior número de amostras.

3.4.1 Projeto de Experimento Fatorial Completo com 3 Fatores

Os resultados obtidos para o procedimento experimental são mostrados na Tabela 34.

Page 36: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

36

Tabela 34. Resultados experimentais para projeto fatorial completo.

L(cm) Mola1 Mola 2

Operador 1 Operador 2 Operador 1 Operador 2 Σ ΣA

2.80 2,81 2,83 2,83 8,47

31 2,79 2,8 2,81 2,81 11,21

2,8 2,85 2,85 2,82 11,32

2,94 3,05 2,95 2,95 11,89

35,67 2,98 3 2,96 2,97 11,91

2,97 2,95 2,97 2,98 11,87

3,05 3,1 3,05 3,05 12,25

36,61 3,07 3,05 3,03 3,1 12,25

3,04 3 3,02 3,05 12,11

ΣC 23,64 26,61 26,47 26,56 103,28

ΣB 50,25 53,03

Os resultados obtidos pelo método de análise de variância são apresentados na Tabela 35.

Tabela 35. Tabela ANOVA para experimento fatorial completo com 3 fatores.

FV SQ GDL MQ Fc Ft

A 1,50 2 0,75 3,46 > 2,54

B 0,21 1 0,21 0,99 < 2,93

C 0,26 1 0,26 1,19 < 2,93

AB 0,49 2 0,24 1,12 < 2,54

AC 0,41 2 0,21 0,95 < 2,54

BC 0,23 1 0,23 1,06 < 2,93

ABC 0,47 2 0,24 1,08 < 2,54

ERRO 5,22 24 0,22 X X X

TOTAL 35 X X X X

Somente o fator controlável A (massa) tem influência significativa sobre comprimento final da

mola, desta maneira prova-se que os coeficientes elásticos das duas molas são estatisticamente iguais.

Os operadores e as molas não exercem influência sobre o procedimento, bem como as iterações entre

estes fatores.

Os operadores podem ser fontes significativas de erro em experimentos, principalmente quando mal

treinados e mal aparelhados. Existem formas de diminuir o erro inserido pelo fator humano realizando

projetos aleatórios, com bastante repetições e com aplicação de critérios de rejeição de amostras

Page 37: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

37

Considerando um projeto de experimentos fatorial completo com seis fatores controláveis, o

registro dos resultados é mostrado na Tabela 36.

Tabela 36. Modelo e tabela para projeto com 6 fatores controláveis.

A1 A2

C1 C2 C1 C2

D1 D2 D1 D2 D1 D2 D1 D2

B1

E1

F1

F2

E2

F1

F2

B2

E1

F1

F2

E2

F1

F2

As equações necessárias para construção da ANOVA destes resultados são mostradas da Equação

(67) até a Equação (72).

(∑

)

(67)

∑ (∑

)

(68)

∑ (∑

)

(69)

Page 38: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

38

∑ (∑

)

(71)

∑ (∑

)

(72)

A soma dos quadrados das variáveis de tratamento, foram separadas por número de fatores

controláveis, dado que as outras combinações são feitas de maneira semelhante. As demais equações

para tabela ANOVA são mostradas da Equação (73) até Equação (76).

∑ (∑

)

(73)

∑ (∑

)

(70)

Page 39: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

39

(74)

(75)

(76)

Neste procedimento podem ser respondidas 63 perguntas diferentes sobre a influência dos fatores

controlados sobre a variável de resposta. As combinações de possíveis questões a serem respondidas

no experimento são apresentadas na Tabela 37.

A determinação do número de amostras para o projeto de experimentos, segundo (Balbinot &

Brusamarello, 2010) “depende do tipo de experimento, do planejamento estatístico do experimento,

dos parâmetros ou efeitos que serão estimados e do desvio padrão experimental da média desses

efeitos, que depende da variabilidade intrínseca do experimento, da exatidão do experimento e do

tamanho da amostra.

O intervalo de confiança para a média é dado por , sendo ⁄

√ o erro máximo.

Logo, o tamanho da amostra, ou seja, a quantidade de ensaios ou amostras , é dada por:

(

)

sendo z a variável aleatória normal, o nível de significância, o desvio padrão e o erro máximo

usando para estimar a média . Cabe observar que o valor de é arredondado para o próximo

número inteiro. Essa expressão considera que a amostragem é aleatória e que n é grande ( ), tal

que a distribuição normal pode ser usada para definir o intervalo de confiança.”

3.5 Projeto de Experimento do Tipo Aninhado.

As medidas de deformação da mola são mostradas na Tabela 38. A tabela ANOVA para análise de

variância é apresenta na Tabela 39.

A deformação da mola não é afetada significativamente pelos operadores. A relação entre os fatores

mola e operador é um fator significativo, podendo-se afirmar que as molas têm valores de constante

elástica diferentes, já que o valor de massa aplicada é o mesmo. Mediram-se valores diferentes de

deformação para as três molas, o que mostra também a dependência dos fatores operador e mola.

Page 40: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

40

Tabela 37. Possíveis combinações entre os fatores controláveis.

N PERGUNTAS POSSIVEIS

1 A

33 B C E

2 B

34 B C F

3 C

35 B D E

4 D

36 B D F

5 E

37 B E F

6 F

38 C D E

7 A B

39 C D F

8 A C

40 C E F

9 A D

41 D E F

10 A E

42 A B C D

11 A F

43 A B C E

12 B C

44 A B C F

13 B D

45 A B D E

14 B E

46 A B D F

15 B F

47 A B E F

16 C D

48 A C D E

17 C E

49 A C D F

18 C F

50 A C E F

19 D E

51 A D E F

20 D F

52 B C D E

21 E F

53 B C D F

22 A B C

54 B C E F

23 A B D

55 B D E F

24 A B E

56 C D E F

25 A B F

57 A B C D E

26 A C D

58 A B C D F

27 A C E

59 A B C E F

28 A C F

60 A B D E F

29 A D E

61 A C D E F

30 A D F

62 B C D E F

31 A E F

63 A B C D E F

32 B C D

Tabela 38. Valores obtidos para deformação de mola no Projeto de Experimento Aninhado.

Operador Molas

Mola 1 Mola 2 Mola 3

Operador

1

28,8 16,2 -

28,9 16,2 -

Operador

2

- 16,4 27,5

- 16,5 27,4

Page 41: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

41

Tabela 39. Tabela ANOVA para o Projeto de Experimento do Tipo Aninhado.

Fator Controlado

Soma dos

quadrados GDL

Média dos

quadrados F calculado F tabelado

Operador 0,66 1 0,66 8,52

Molas (Operador) 281,02 2 140,51 17563,8 4,33

Erro 0,02 4 0,008 - -

Total 281,70 7 - - -

4. Conclusões

No procedimento experimental 2.1 a função de transferência experimental de dois termoresistores

foi determinada. A aproximação da função de transferência do termoresistor 1 apresentou erro de

linearidade de pelo método computacional e pelo método algébrico. Tais valores

são aceitáveis visto que o procedimento não tem controle de fatores ambientais externos e

principalmente porque o sensor tem um comportamento linear. Através dos dados obtidos pôde-se

concluir que o termoresistor 1 trata-se de um sensor do tipo PT100. A aproximação da função de

transferência do termoresistor 2 apresentou erro de conformidade de pelo método

computacional e pelo método algébrico. Através dos dados obtidos pôde-se concluir que o

termoresistor 2 trata-se de um sensor do tipo NTC.

Quando aplicados de forma rigorosa, os conceitos de instrumentação mostram que mesmo

experimentos simples podem ter sua validade questionada. Foi abordado no procedimento relativo ao

estudo de incerteza da medição com os multímetros MINIPA ET-1100 e MINIPA ET-1002, que o

impacto destas incertezas quando estão relacionadas através de fórmulas matemáticas é significativo.

O cálculo da potência elétrica foi feito com base em duas quantidades de entrada, a incerteza

combinada será maior quando a incerteza de uma de suas quantidades de entrada é mais elevada,

principalmente se a mesma for elevada a uma potência n. Conclui-se que a análise da potência elétrica

com base na tensão elétrica, corrente elétrica e resistência elétrica sobre o resistor resulta em resultados

diferentes. Não se chegou a um consenso entre os métodos utilizados pois as medidas da mesma

potência elétrica, calculada por métodos diferentes, não coincidem.

Utilizando histogramas, junto com os cálculos de média aritmética, variância e desvio padrão, pode-

se analisar o comportamento estatístico das medidas do experimento do pêndulo, onde preocupou-se

em melhorar a resolução de uma medida através da obtenção da média de múltiplas repetições do

fenômeno. Analisou-se a incerteza de acordo com o número de amostras e através da realização de um

experimento fatorial completo e análise de variâncias (ANOVA), identificou-se que o operador é fonte

significativa de erro.

Na determinação da constante elástica de uma mola, um número maior de pesos e repetições se faz

necessário para as amostras obtidas tenderem a uma curva com distribuição normal e aumentar a

confiabilidade dos resultados. O valor da incerteza para o cálculo da constante elástica também

diminui com o aumento do peso aplicado.

No procedimento experimental 2.4.2, através de um projeto de experimentos fatorial completo,

pôde-se comprovar estatisticamente que as constantes das molas eram iguais. Através da análise de

Page 42: Revisão de conceitos probabilísticos e introdução ao

42

variâncias comprovou-se que somente a massa tem influência no comprimento final da mola. No

procedimento 2.5, já que a massa aplicada é a mesma e a relação entre os fatores mola e operador é um

fator significativo, pôde-se provar que as constantes elásticas das molas são diferentes.

Referências Bibliográficas

1. Balbinot, A.; Notas de aula disciplina Instrumentação A , 2016.

2. Balbinot, A.; Brusamarello, V.J.. Instrumentação e Fundamentos de Medidas, 2a ed.; Rio de Janeiro

– LTC, 2012. Volume 1.

3. INMETRO; GUM, 1ª Edição Brasileira da 1ª Edição do BIPM de 2008.

4. INMETRO; VIM, 1ª Edição Luso-Brasileira de 2012.

5. Souza, R. Tabelas F. Disponível em <http://www.cin.ufpe.br/~rmcrs/Tabelas/tabelas%20F.pdf>.

Acesso em: 1 de set de 2016.

6. Deming, William Eduards, On the management of statistical techniques for quality and

productivity, 1981.

©2016 dos autores; disciplina de Instrumentação A, UFRGS, DELET, RS, Brasil.