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    UMA BREVE REVISO DO ATENDIMENTOMDICO PR-HOSPITALAR

    A BRIEF REVIEW OF MEDICAL PREHOSPITALAR CARE

    Srgio Luiz Brasileiro Lopes1& Rosana Joaquim Fernandes2

    1Coordenador do Programa de Atendimento Mdico Emergencial da Secretaria Municipal da Sade e mdico da equipe de suporteavanado do SAMU de Ribeiro Preto.2Coordenadora do Programa de Servios Externos da Secretaria Municipal da Sade e enfermeira da equipe de suporte avanado doSAMU de Ribeiro Preto.CORRESPONDNCIA: Dr. Srgio Luiz Brasileiro Lopes - Central de Regulao do SAMU - Unidade de Emergncia - Rua Bernardino deCampos, 1000 Higienpolis - CEP 14030-150 - Ribeiro Preto SP

    LOPES SLB & FERNANDES RJ. Uma breve reviso do atendimento mdico pr-hospitalar. Medicina, Ribei-ro Preto,32: 381-387, out./dez. 1999.

    RESUMO: O atendimento mdico pr-hospitalar uma rea de atuao mdica relativa-mente recente, tendo sido implantado no Brasil nos ltimos dez anos, conforme modelo francs

    da dcada de 50. Pela falta de legislao pertinente, vrios modelos regionais foram criados emvrios municpios do Brasil, sendo que, em Ribeiro Preto, este sistema medicalizado de aten-

    dimento pr-hospitalar realizado desde outubro de 1996, pela equipe local do SAMU.

    UNITERMOS: Servios Mdicos de Emergncia. Traumatologia.

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    cava os cuidados iniciais aos pacientes vitimados nasguerras do perodo napolenico, no prprio campo debatalha, com o objetivo de prevenir as complicaes.As guerras mais recentes tambm confirmaram osbenefcios do atendimento precoce, sendo palco fre-qente de atendimentos pr-hospitalares(1).

    Na prtica civil, os mdicos demoraram a semobilizar, mesmo diante do aumento progressivo das

    perdas de vidas humanas por traumas advindos decausas externas, principalmente acidentes de trnsi-to. Esta demora fez com que as autoridades sanit-rias, inicialmente, delegassem as responsabilidadesdeste servio aos responsveis pelos resgates, os mi-litares do Corpo de Bombeiros, retirando a caracte-rstica sanitria deste atendimento.

    Na Frana, foram criadas, em 1955, as primei-ras equipes mveis de reanimao, tendo como mis-so inicial a assistncia mdica aos pacientes vtimas

    1. INTRODUO

    Consideramos atendimento pr-hospitalar todae qualquer assistncia realizada, direta ou indiretamen-te, fora do mbito hospitalar, atravs dos diversos meiose mtodos disponveis, com uma resposta adequada solicitao, a qual poder variar de um simples conse-lho ou orientao mdica ao envio de uma viatura de

    suporte bsico ou avanado ao local da ocorrncia,visando a manuteno da vida e/ou a minimizao dasseqelas.

    2. ASPECTOS HISTRICOS

    Analisando os dados, verificamos que a primei-ra tentativa de organizao moderna de auxlio mdi-co de urgncia foi colocada em prtica, em 1792, porDominique Larrey, cirurgio e chefe militar, que prati-

    Medicina, Ribeiro Preto, Simpsio: TRAUMA II32: 381-387, out./dez. 1999 Captulo I

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    SLB Lopes& RJ Fernandes

    de acidentes de trnsito e a manuteno da vida dospacientes submetidos a transferncias inter-hospitala-res. A histria do SAMU da Frana inicia-se nos anos60, quando os mdicos comearam a detectar a des-proporo existente entre os meios disponveis para

    tratar doentes e feridos nos hospitais e os meios arcai-cos do atendimento pr-hospitalar at ento existen-tes. Assim, foi constatada a necessidade de um trei-namento adequado das equipes de socorro e a impor-tncia da participao mdica no local, com o objetivode aumentar as chances de sobrevivncia dos pacien-tes, iniciando pelos cuidados bsicos e avanados es-senciais, cuidados estes centrados na reestruturaoda ventilao, respirao e circulao adequadas(1).

    Em 1965, criaram oficialmente os ServiosMveis de Urgncia e Reanimao (SMUR), dispon-do agora das Unidades Mveis Hospitalares (UHM).

    Em 1968, nasceu o SAMU, com a finalidade de coor-denar as atividades dos SMUR, comportando, paratanto, um centro de regulao mdica dos pedidos,tendo as suas regras regulamentadas em decreto de16/12/1987. As equipes das UHM passaram tambma intervir nos domiclios dos pacientes, configurando,definitivamente, os princpios do atendimento pr-hos-pitalar, relacionados a seguir.1) O auxlio mdico urgente uma atividade sanitria.2) As intervenes sobre o terreno devem ser rpi-

    das, eficazes e com meios adequados.3) A abordagem de cada caso deve ser, simultanea-

    mente, mdica, operacional e humana.4) As responsabilidades de cada profissional e as inter-

    relaes com os demais devem ser estabelecidasclaramente.

    5) A qualidade dos resultados dependem, em grandeparte, do nvel de competncia dos profissionais.

    6) A ao preventiva deve ser um complemento daao de urgncia.

    Posteriormente, em Lisboa, no ano de 1989,foram proclamadas as bases ticas da regulao m-dica, processo este conhecido como Declarao deLisboa.

    3. O ATENDIMENTO MDICO PR-HOSPI-TALAR NO BRASIL

    No Brasil, o SAMU teve incio atravs de umacordo bilateral, assinado entre o Brasil e a Frana,atravs de uma solicitao do Ministrio da Sade, oqual optou pelo modelo francs de atendimento, emque as viaturas de suporte avanado possuem obriga-toriamente a presena do mdico, diferentemente dos

    moldes americanos em que as atividades de resgateso exercidas primariamente por profissionais para-mdicos (profissional este no existente no Brasil).

    Em So Paulo, a preocupao com a melhoriado atendimento pr-hospitalar teve incio na dcada

    de 80, sendo que, em 1988, foi criado, aps longo pe-rodo de estudos e pesquisas, o Projeto Resgate ouSAMU (Servio de Atendimento Mvel s Urgn-cias), chefiado por um capito mdico, baseado nomodelo francs, mas com influncias do sistema ame-ricano, particularmente no que diz respeito forma-o dos profissionais, e adaptado realidade local.Este sistema implantado estava, inicialmente, vincula-do ao Corpo de Bombeiros, ficando, no quartel, ummdico da Secretaria da Sade do Estado, que regu-lava as solicitaes de atendimento a vtimas de aci-dentes em vias pblicas, solicitaes estas feitas atra-

    vs da linha 193, a qual possua uma interligao como sistema 192 da Secretaria da Sade (Central de So-licitaes de Ambulncias). Este sistema ainda per-siste com pequenas modificaes(2).

    Nos ltimos dez anos, vem se sentindo a ne-cessidade de melhoria e expanso do sistema de aten-dimento pr-hospitalar, realidade esta percebida pelosgestores da poltica de Sade Pblica dos estados.Vrias cidades j contam com o SAMU ou esto emfase de implantao do mesmo, incluindo Porto Ale-gre, Recife, Curitiba, Araraquara, Marlia, Fortaleza,Belo Horizonte, Campinas, dentre outras. Cada loca-

    lidade possui um sistema prprio, o que deixa claroque no h sistemas perfeitos.

    4. O SISTEMA DE ATENDIMENTO MDI-CO DE URGNCIA (SAMU) DE RIBEI-RO PRETO

    Em Ribeiro Preto, o SAMU foi criado a partirde iniciativa de profissionais da Secretaria da Sade,tendo como princpios o atendimento s urgncias nocampo pr-hospitalar, reguladas pela sua central deregulao.O SAMU de Ribeiro Preto entrou em ope-rao no dia 08 de outubro de 1996, aps um longoperodo de idealizao e adequao, sendo moldado apartir do sistema francs. O servio foi constitudocom uma equipe de suporte avanado, j se preven-do, para o futuro, mudanas importantes no projetoinicialmente viabilizado. Esta equipe, constituda peloselementos obrigatrios, - mdico, enfermeira e moto-rista - conquistou o seu lugar no atendimento emer-gencial pr-hospitalar, em nosso municpio, atividadeat ento exclusiva da equipe de resgate do Corpo de

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    Uma breve reviso do atendimento mdico pr-hospitalar

    Bombeiros. Neste perodo, foi dimensionada a realfuno do SAMU frente populao local e s auto-ridades competentes, vinculando, de forma definitiva,o atendimento mdico emergencial ao paciente crti-co, agora em ambiente pr-hospitalar.

    No momento inicial, o SAMU, ainda desprovi-do de protocolos rgidos de despacho de viaturas, atuoumais amplamente do que o realmente devido, pres-tando atendimento a um amplo nmero de pessoas,muitas vezes sem necessidade de um atendimentomdico ainda no campo pr-hospitalar, o que aconte-ceu at janeiro de 1997, quando, por ocasio de umacidente, envolvendo a viatura, denominada USA(Unidade de Suporte Avanado), o servio se viu tem-porariamente inoperante.

    O breve perodo de inoperao funcional se

    mostrou oportuno, permitindo a viabilizao de novosprojetos que garantissem a implantao do sistemaem sua totalidade. Para isto, foram adquiridas novasunidades de suporte avanado, foi idealizado o servi-o de regulao mdica (necessidade esta sentidadurante o perodo de funcionamento isolado da USA)e realizada a hierarquizao dos hospitais do Munic-pio, formulando-se, assim, um mapeamento das capa-cidades fsicas e funcionais de cada centro hospitalar.

    Em agosto de 1997, o servio retomou suas ativi-dades, agora dispondo de trs unidades de suporteavanado, tendo-se em mente a expanso rpida das

    atividades no campo do atendimento emergencial pr-hospitalar. Em maro de 1998, foi concretizada, aindaque experimentalmente, a Central de Regulao M-dica. Neste perodo, a atividade de mdico reguladorera exercida pelo prprio mdico da USA, o que, emmuito, facilitou o acesso dos pacientes aos hospitaisdo Municpio, respeitando-se a hierarquizao anteri-ormente realizada. Esta regulao mdica foi mantida,ainda que funcionando precariamente, at outubro de1998, quando, definitivamente, foi implantada a Cen-tral de Regulao Mdica do SAMU, um convniofirmado entre a Prefeitura Municipal e o Hospital das

    Clnicas da Faculdade de Medicina de Ribeiro Pre-to. A parceria permitiu a implantao da Central nasdependncias da Unidade de Emergncia do Hospitaldas Clnicas, sendo, ento, estruturada uma Centralde Regulao Mdica, como inicialmente idealizada:conjuntamente com o Sistema 192, o servio de am-bulncias do Municpio, responsvel por atender e re-gistrar todas as chamadas telefnicas dos solicitantes,sejam estas para simples informaes, sejam paraenvio de unidades mveis de atendimento. O mdico

    regulador, agora exclusivo nesta funo, passou a fa-zer parte, como membro essencial, do grupo da radio-telefonia, e as radioperadoras e telefonistas passarama assumir a funo de tcnicas auxiliares de regulaomdica (TARM). A partir deste momento, o mdico

    regulador assumiu as funes de ouvidor e gerenciadorda demanda, decidindo sobre o melhor meio de solu-o para as mesmas, cumprindo papel essencial nabusca de solues imediatas e na otimizao dos re-cursos disponveis.

    Em fevereiro de 1999, o SAMU foi mais umavez expandido com a incluso das unidades de supor-te bsico (USB) no Servio. Para tanto, os motoristase auxiliares de enfermagem das viaturas de suportebsico foram capacitados para o atendimento pr-hos-pitalar, por treinamento terico e prtico, visando a

    padronizao de condutas e a integrao no SAMU.O SAMU, hoje, encontra-se constitudo, con-forme inicialmente idealizado, englobando a Centralde Regulao Mdica com suas respectivas equipese o Servio de Atendimento Pr-Hospitalar com suasequipes de suporte bsico e avanado, alm das equi-pes essenciais de apoio (ver Figura 1).

    Contamos, atualmente, com trs (03) viaturasde suporte avanado, estando uma em atuao inin-terrupta e as outras em esquema de sobreaviso, po-dendo ser despachadas em situaes especiais (ca-tstrofes, calamidades, transferncias extramunicipais,

    etc). Contamos, tambm, com sete (07) unidades desuporte bsico, distribudas cada uma em uma unida-de bsica distrital de sade, ficando uma na garagempara eventuais trocas, frente a defeitos mecnicosquaisquer. Quanto Central de Regulao Mdica,contamos com profissionais tanto em perodo integral(mdicos reguladores, tcnicos auxiliares e radiope-radores) quanto em perodo reduzido de atividade (pes-soal de apoio). Desta forma, globalmente, o SAMUconglomera, hoje, cento e trinta e seis (136) indiv-duos das diferentes categorias profissionais.

    Assim estruturado, o Sistema de Atendimento

    Mdico de Urgncia atende aos preceitos bsicos dossistemas mveis de urgncia, como os relacionados aseguir: Prestar atendimento emergencial no campo pr-hos-

    pitalar, atendimento este que responda s necessi-dades prementes do paciente crtico.

    Determinar a forma de melhor resposta demandasolicitada, atravs de uma regulao de todos oschamados, obrigatoriamente realizada por um pro-fissional mdico.

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    SLB Lopes& RJ Fernandes

    com sua respectiva viatura, fica de prontido na baseoperacional do SAMU, aguardando determinao domdico regulador para prestar atendimento mdicoemergencial.

    As unidades de suporte avanado somente soenviadas para atendimento mediante autorizao domdico regulador ou do coordenador direto do SAMU,no respondendo a outras solicitaes que no tenhamsidas reguladas pelos profissionais pertinentes. Com-petir, portanto, ao mdico regulador a determina-o da existncia de risco imediato vida, pois,somente nesta condio, salvo determinaes excep-cionais provenientes de rgos superiores, sero des-pachadas as USA. Esta determinao dever ser ba-seada, exclusivamente, no grau de comprometimentode funes vitais, capazes de comprometer seriamentea qualidade de vida ou a expectativa de vida, como asabaixo relacionadas. Comprometimento da via area (A), Comprometimento da dinmica respiratria (B), Comprometimento da dinmica circulatria (C), Comprometimento da funo neurolgica (D), Comprometimento funcional de extremidades (E).

    Para tanto, o SAMU mantm seus dois servi-os (a Central de Regulao Mdica e o Servio deAtendimento Pr-hospitalar) coesos e interligados,organizados e supervisionados pelo coordenador doPrograma de Assistncia Mdica Emergencial, ao qualse insere o SAMU. Subordinados ao coordenador es-to o diretor mdico e o diretor de enfermagem, sen-do este exercido pelo coordenador do Programa deServios Externos (rede 192). Estes programas fa-zem parte do corpo programtico da Secretaria Mu-nicipal de Sade, gerenciados diretamente pelo dire-tor do Departamento de Ateno Sade das Pes-soas, subordinado diretamente ao Secretrio Munici-pal de Sade.

    Funcionalmente, o SAMU encontra-se organi-zado da forma mencionada a seguir.

    Equipe de suporte avanado

    Cada USA constituda por uma tripulaoexclusiva, formada por um (a) mdico (a), um (a) en-fermeiro (a) e um (a) motorista (a), que se revezamconforme escala de trabalho pr-determinada, garan-tindo 24 horas dirias de funcionamento. Esta equipe,

    EQUIPE DEMDICOS

    REGULADORES

    EQUIPE DETCNICOS AUXILIARES

    DE REGULAO MDICA

    UNIDADEDE

    REGULAO

    EQUIPE DEAGENTES

    ADMINISTRATIVOS

    EQUIPEDE

    PSICLOGOS

    UNIDADEDE APOIO REGULAO

    EQUIPEDE

    MOTORISTAS

    EQUIPE DEAUXILIARES DEENFERMAGEM

    UNIDADE DESUPORTEBSICO

    EQUIPEDE

    MOTORISTAS

    EQUIPEDE

    ENFERMEIROS

    EQUIPEDE

    MDICOS

    UNIDADE DESUPORTE

    AVANADO

    SERVIO DEATENDIMENTO

    PR-HOSPITALAR

    CENTRAL DEREGULAO

    MDICA

    SAMU

    Figura 1: Organizao estrutural e funcional do SAMU de Ribeiro Preto.

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    Uma breve reviso do atendimento mdico pr-hospitalar

    Compete, portanto, equipe de suporte avan-ado:

    atendimentos a pacientes traumatizados, quaisquerque sejam as causas, uma vez que seja estabeleci-do pelo mdico regulador que h risco imediato vida;

    atendimentos a pacientes portadores de patolo-gias clnicas, quaisquer que sejam as etiologias,uma vez que seja estabelecido pelo mdico regula-dor que h risco imediato vida.

    Equipe de suporte bsico

    Cada USB constituda por uma tripulaoexclusiva, formada por um (a) auxiliar de enferma-gem e um (a) motorista, que se revezam conformeescala de trabalho pr-determinada, garantindo 24

    horas dirias de funcionamento.Toda atividade desempenhada pela equipe

    realizada em conjunto, sem que haja diferenas hie-rrquicas entre os dois elementos da equipe. Entre-tanto, na eventual necessidade de se fazer declararuma autoridade local, esta dever ser delegada aoauxiliar de enfermagem que, por questes de treina-mento especfico na funo desempenhada, reco-nhecido como hierarquicamente superior ao motoris-ta da viatura.

    Esta equipe, com sua respectiva viatura, fica

    de prontido nas Unidades Bsicas Distritais de Sa-de, aguardando determinao do mdico reguladorpara prestar o atendimento determinado. Este atendi-mento se restringir prestao de assistncia (su-porte) bsica de vida, no importando a patologia ou olocal do atendimento. Desta forma, as unidades desuporte bsico s so liberadas para atendimentomediante autorizao do mdico regulador ou do co-ordenador direto do SAMU, no devendo respondera outras solicitaes que no tenham sidas reguladaspelos profissionais pertinentes. Competir, portanto,ao mdico regulador a determinao da inexistn-

    cia de risco imediato vida, pois, uma vez determi-nada a existncia de risco imediato vida, o atendi-mento competir s USA. Na ausncia de risco ime-diato vida, o atendimento competir s USB. Exce-es so feitas nos casos em que as USA no este-jam disponveis para o atendimento emergencial, de-vendo este ser realizado pela equipe das USB. Nestecaso especial, a equipe da USB orientada a prestaratendimento no local e aguardar a equipe da USApara completar o atendimento j iniciado.

    Compete equipe de suporte bsico:

    atendimentos a pacientes traumatizados, quaisquerque sejam as causas, uma vez que seja estabeleci-do pelo mdico regulador que no h risco imedi-ato vida;

    atendimentos a pacientes portadores de patolo-gias clnicas, quaisquer que sejam as etiologias,uma vez que seja estabelecido pelo mdico regula-dor que no h risco imediato vida.

    Equipe de regulao mdica

    A Central de Regulao Mdica assume a fun-o de coordenadora e disponibilizadora do atendimen-to pr-hospitalar populao local.

    A competncia da Central de Regulao Mdi-ca assumida, em seu todo, pelo mdico regulador e,

    na ausncia deste, pelo seu diretor mdico e/ou coor-denador. Reforam-se, neste sistema, as premissasbsicas da regulao mdica e desempenhadas inte-gralmente pelo mdico regulador.

    1) Julgar e decidir sobre a gravidade de um caso, co-municado via rdio ou telefone, disponibilizando osrecursos a serem enviados e orientando o atendi-mento a ser realizado.

    2) Administrar os meios disponveis para a prestaodo atendimento solicitado, evitando desgaste do sis-tema pelo envio de recursos insuficientes ou, mes-

    mo, superiores necessidade em questo.Para tanto, a Central de Regulao Mdica do

    SAMU dispe de duas (02) linhas privativas (para usoexclusivo pelos profissionais das Unidades Bsicas deSade) e de quatro (04) linhas externas, pertencentesao sistema 192 (para uso exclusivo pelos solicitantesexternos), alm de linhas externas de apoio e de li-nhas internas do prprio hospital.

    Toda a solicitao atendida pelas tcnicasauxiliares e, uma vez anotada e triada, repassada aomdico regulador para deciso de conduta. Caso asolicitao implique em despacho de viaturas, o regu-

    lador repassa a ficha ao radioperador que, em segui-da, procede o despacho da mesma. Solicitaes inter-nas, provenientes da prprias unidades de sade, soatendidas pelas tcnicas auxiliares que, nestes casos,solicitam a presena do mdico que atendeu o paci-ente, repassando a ligao ao mdico regulador, queregula o fluxo conforme seu julgamento. Sempre queh necessidade de transporte do paciente/vtima at ohospital, o mdico regulador entra em contato com aequipe mdica do hospital que, naquele momento, tem

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    SLB Lopes& RJ Fernandes

    condies de atendimento e garante o acesso do pa-ciente quele centro hospitalar. Desta forma, tantopara as USA quanto para as USB, o mdico regula-dor gerencia o fluxo de circulao entre o campo pr-hospitalar e o hospitalar.

    Desconsiderando-se os meses de inoperaofuncional, em 24 meses de efetiva atuao (de ou-tubro/96 a abril/99), foram atendidos 3985 pacien-tes/vtimas, distribudos conforme os dados abaixo.

    Natureza dos atendimentos61% Atendimentos a portadores de patolo-

    gias traumticas.38% Atendimentos a portadores de patologias

    clnicas.01% Transportes inter-hospitalares.

    Principais patologias traumticas observadas38% Acidentes, envolvendo veculos automo-tores.

    22% Ferimentos por arma de fogo.11% Atropelamentos.11% Ferimentos por arma branca.03% Agresses interpessoais.03% Acidentes, envolvendo bicicletas.

    Principais patologias clnicas observadas16% Paradas cardiopulmonares e cerebrais.14% Crises convulsivas.

    10% Insuficincias respiratrias.08% Infartos agudos do miocrdio.06% Emergncias hipertensivas.06% Intoxicaes exgenas.

    Origem da solicitao44% Vias pblicas.35% Domiclios.17% Unidades bsicas de sade.04% Outros locais.

    bitos verificados16% dos portadores de ferimentos por arma de

    fogo, sendo, na imensa maioria, constatado o bitoantes de se prestar qualquer atendimento.

    5% dos acidentados no trnsito, sendo, namaioria, decorrentes de acidentes automobilsticos.

    65% dos pacientes atendidos em parada car-diopulmonar e cerebral, sendo o bito, geralmente,verificado antes do atendimento. A taxa de reverso baixa, da ordem de 15%, daqueles submetidos amanobras de ressuscitao.

    bitos por outras causas so infreqentes.

    5. ASPECTOS LEGAIS

    No Brasil, no existem, ainda, normas claras eprecisas sobre o atendimento pr-hospitalar, seja elemdico ou no. O CFM e o Ministrio da Sade, atra-

    vs de seu ncleo de vigilncia sanitria, vm desen-volvendo aes de forma independente, ou conjunta,no sentido de normatizar o assunto, existindo muitaslacunas que permitem o funcionamento de sistemasinadequados e mal-estruturados. As normas de quedispomos atualmente, longe de esgotarem a matria,so: o parecer do CRM, de 1993, tratando da Mortefora do ambiente hospitalar, o parecer do CFM, de1995, que dispe sobre o atendimento pr-hospitalar,em especial s emergncias traumticas, o parecerdo CFM, de 1998, que discorre novamente sobre oatendimento pr-hospitalar, fazendo consideraessobre as diversas reas envolvidas (organizao es-trutural, definies e objetivos da atuao mdica emnvel pr-hospitalar, regulao mdica, definies dosprofissionais e seus atributos, perfil e competncias,treinamentos), a portaria da SVS, discorrendo sobreos veculos de atendimento pr-hospitalar e transpor-te inter-hospitalar e, por ltimo, a portaria do MS, dejulho de 1999, aprovando a atividade mdica em nvelpr-hospitalar, particularmente a regulao mdica(3,4).

    Atualmente, contamos com a Rede Brasileirade Cooperao em Emergncias, entidade no oficial,

    que se destina ao estudo das urgncias/emergnciasno Pas, e a Rede de Cooperao em Urgncias doMercosul, com a participao da Argentina, Paraguai,Uruguai, Brasil e, por ltimo, o Chile, visando o desen-volvimento da assistncia s urgncias, determinandoum processo de ajuda mtua, que permita uma socia-lizao de conhecimentos capazes de gerar um altonvel operatividade nos servios envolvidos e impulsio-nar a criao de servios de atendimento pr-hospita-lar de urgncias. Estas entidades atuam como umacongregao de interesses, discutindo amplamente oassunto e auxiliando na elaborao de normas e re-

    gras gerais, no sentindo de uniformizar os servios deatendimento mdico pr-hospitalar j existentes e au-xiliar na implantao de novos centros.

    6. CONCLUSO

    O atendimento mdico pr-hospitalar, criado emvirtude da necessidade de se reduzirem as seqelas ebitos no campo pr-hospitalar, veio evoluindo lenta-mente, desde o perodo napolenico, tendo se firmado

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    Uma breve reviso do atendimento mdico pr-hospitalar

    como cincia aps a experincia bem sucedida daFrana. Rapidamente vem evoluindo, tendo sido im-plantado, no Brasil, no final do anos 80 e, particular-mente, em Ribeiro Preto, em 1996. A falta de legis-lao pertinente faz com que vrias estruturas sejam

    encontradas pelo pas afora, resguardando, entretan-to, os princpios fundamentais de atendimento rpido,preciso e eficaz, o que vem colaborando para a redu-o dos danos secundrios s maiores causas de trau-ma, em nosso meio.

    LOPES SLB & FERNANDES RJ. A brief review of medical prehospitalar care. Medicina, Ribeiro Preto,32: 381-387, oct./dec. 1999.

    ABSTRACT: The prehospitalar medical care is a relatively recent area, having been implantedin Brazil in the last 10 years, according to French model that dates since the decade of 50. For the

    lack of pertinent legislation, several regional models were created in several cities of Brazil, and,specially, in Ribeiro Preto this system of medical prehospitalar care is accomplished since

    october 1996 by the local team of SAMU.

    UNITERMS: Emergency Medical Services. Traumatology.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1 - FONTANELLA JM & CARLI P. Les matriels et les techniquesde ranimation pr-hospitalire Les Units MobilesHospitalire des Samu. In: SFEM eds. Collection MdicenedUrgence SAMU, 1992.

    2 - PARECER 47/95 do Conselho Federal de Medicina, aprovadodia 25/10/95.

    3 - PARECER 15/98 do Conselho Federal de Medicina, aprovadodia 08/07/98.

    4 - PORTARIA do GM/MS 824, de 24 de junho de 1999. DirioOficial da Unio 2m 25/06/99.

    Recebido para publicao em 08/12/1999

    Aprovado para publicao em 19/01/2000