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Revisão Mundo Árabe

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Page 1: Revisão Mundo Árabe. 1. Existe uma nação árabe? Jamais existiu uma nação árabe, no sentido de um Estado unificado. Cada país, quer no Oriente Médio ou

 

Revisão Mundo Árabe

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 1. Existe uma nação árabe?Jamais existiu uma nação árabe, no sentido de um Estado unificado. Cada país, quer no Oriente Médio ou ao Norte da África é entendido hoje como sendo árabe por ter o mesmo idioma e o predomínio do Islamismo. Nos demais assuntos cada país goza de plena e total autonomia.

2. Quais são as razões das rebeliões/revoltas?a)  Ânsia  pela  democracia:  De forma mais geral, os

jovens nas praças e ruas dos principais países árabes gritaram slogans, carregaram faixas, cartazes nos quais o destaque era justamente a transformação de seus governos ditatoriais em democracias.

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b) Questões econômicas – desemprego: A segunda ponte das revoltas atuais no mundo árabe são questões econômicas que aparecem com as altas taxas de desemprego. Os jovens estão muito preocupados pois que para eles, mesmo que formados em boas escolas, não há empregos para todos.

3. Os protestosOs protestos foram muitas vezes articulados na

internet, mas foi nas ruas das grandes cidades que atraíram a atenção da comunidade internacional - e da tropa de choque dos governos locais.

4.  Os protestos no mundo árabe são também conhecidos como Primavera  Árabe, em alusão à Primavera dos Povos (1848), protestos que tomaram conta da Europa com o intuito de dar fim aos regimes monárquicos.

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5. Quais países iniciaram as revoltas populares?

O movimento de revolta popular no mundo árabe foi iniciado na Tunísia e no Egito. Em menos de um mês, as manifestações pró-democracia derrubaram os presidentes tunisiano Ben Ali, em 14 de janeiro, e o egípcio Hosni Mubarack, em 11 de fevereiro de 2011.Obs. 1. Muammar Kadhafi(Líbia) foi capturado e morto em setembro de 2011.Obs.2. Na Síria, há um grande conflito interno pela deposição do presidente Bashar-al-Assad.

6. O que houve de novo nessas revoltas?

Não tiveram cunho religioso. Elas foram, acima de tudo, democráticas e lutaram pela liberdade. Outro aspecto novo nessas revoltas foi o caráter tecnológico . As redes sociais serviram como forma de articulação e permitiram que o mundo visse o que estava acontecendo no mundo árabe.

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CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES

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JORNAL MUNDO 

Uns pelos outros

A eclosão da Primavera Árabe,no final de 2010, recolocou de forma dramática um debate que percorreu o mundo e dividiu

opiniões nas esferas da política internacional, das ciências humanas e mesmo da filosofia: a humanidade estaria ameaçada por um ”choque de civilizações”, que teria , como os principais polos antagônicos o “Ocidente”, de um lado, e o Islã, do outro.

Para os advogados da teoria do “choque”, a Primavera Árabe está destinada ao fracasso, pois o Islã seria incompatível com a

democracia. Para os seus adversários, não há nenhum “choque”, pois sequer existem “civilizações” como agrupamentos

homogêneos e puros, e por isso a Primavera Árabe pode encontrar qualquer destino. Baseando-se os trechos expostos em seguida e nos seus conhecimentos, faça uma dissertação

sobre o tema.

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“Nós devemos viver em harmonia não apenas com o conselho militar, mas com todas as facções egípcias. Haverá reconciliação entre os três poderes: o Parlamento, o governo e conselho militar governante. A Irmandade Muçulmana não quer o monopólio do poder.”(Mohammed  Badie, principal líder da Irmandade Muçulmana do Egito, organização vitoriosa nas primeiras eleições após a queda do ditador Hosni Mubarak)

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"Não tínhamos partido e democracia na Líbia. A primeira coisa que queremos fazer é praticar. A visão da Irmandade é de que a política é parte do islã e o islã é parte da política. Para nós, nossa religião é um modo de vida, não apenas algo que expressamos nas mesquitas.”(Amin  Belhach, representante da Irmandade Muçulmana na Líbia e integrante do Conselho Nacional de Transição, logo após a queda do ditador Muammar Kadafi)

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“Sim, com muito esforço e tempo, os muçulmanos poderão ser tão democráticos quanto os ocidentais. Mas nesse momento, são os menos democráticos dos povos e o movimento islâmico apresenta um enorme obstáculo à participação política. No Egito, como em qualquer outro lugar, meu otimismo teórico, em outras palavras, está temperado com um pessimismo baseado nas realidades presentes e futuras.”

(Daniel  Pipes, jornalista norte-americano especialista em Oriente Médio, ao comentar as transformações provocadas pela Primavera Árabe)

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“Durante um debate interno com seus assessores o presidente Eisenhower observou que – e eu cito literalmente – ‘há uma campanhas de ódio contra nós no Oriente Médio, não organizado pelos governos, mas pelo povo. O Conselho de Segurança Nacional discutiu essa questão e concluiu que sim, e a razão para tanto é a percepção de que os Estados Unidos apoiam governos que impedem a democracia e o desenvolvimento por estarem interessados no petróleo. É difícil alguém se opor a essa percepção porque ela é verdadeira. Nós temos que apoiar governos corruptos e brutais porque queremos controlar o petróleo do Oriente Médio, e é verdade que isso provoca uma campanha de ódio contra nós.”

(Noam Chomsky, professor e ativista político norte-americano, ao comentar papéis secretos do governo Eisenhower, liberados para consulta em 2002)

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“No mundo islâmico, desde o início, o Islã fornecia a base primária da identidade e do pertencimento a uma comunidade. Nós pensamos numa nação subdividida em religiões. Eles pensam numa religião subdividida em nações. É a definição por excelência, a mais básica. (...) Um professor egípcio escreveu um livro com o curioso título Ateísmo no Islã. Parece absurdo, uma contradição em termos. Mas não é. Ele estava se referindo ao Islã como cultura, como civilização, onde havia – como, de resto, há em todos lugares – ateus e movimentos ateístas. Era um título válido para um estudo legítimo. É muito difícil para nós, no Ocidente, entender isso e analisar todas as suas implicações.”

(Bernard  Lewis, orientalista britânico, criador do conceito de “choque de civilizações” e um dos principais apoiadores da invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003)

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“A personificação de entidades imensas qualificadas como ‘Ocidente’ e ‘Islã’ é reafirmada de maneira irresponsável. Problemas de tremenda complexidade como identidade e cultura são tratados como cartoons, em que Popeye e Brutus, cada um representando um lado, se espancam mutuamente, sem piedade. Certamente, nem Samuel Huntington nem Bernard Lewis dedicaram muito tempo às dinâmicas internas e à pluralidade existentes em qualquer civilização, ou ao fato de que os grandes debates contemporâneos sobre cultura, ou ainda à indesejável possibilidade de que é necessária uma grande dose de demagogia e pura ignorância para alguém arvorar-se intérprete de um sistema religioso ou de toda uma civilização.”

(Edward  Said, intelectual palestino naturalizado norte-americano, criador do conceito crítico de “Orientalismo”, falecido em 2003)

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Choque  de  Civilizações

“Choque de civilizações” foi uma expressão criada pelo professor universitário britânico Bernard Lewis, na década de 1960. A ideia de “choque de civilizações” foi frequentemente retomada para explicar os conflitos entre ocidente e oriente. Na visão de Bernard Lewis, um “choque de civilizações” se contrapõem duas entidades claramente definidas, o “islã” e o “ocidente” (ou a civilização judaico-cristã).Em 1993, o estrategista norte-americano Samuel P. Huntington retomou a fórmula do “choque de civilizações”, e devido ao interesse e a polêmica criada pelo tema, levou-o a publicar em 1996 o livro “O choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial”. O cenário e a divisão do mundo de acordo com Huntington, são as civilizações, Ocidental, Africana, Sínica, Hindu, Ortodoxa,Japonesa, Budista e Latino-Americana. Civilização Ocidental ou euro-americana ou do Atlântico Norte: esta civilização teria surgido após o final do império romano, é associada a civilização europeia, é a única indicada por uma direção geográfica, o Ocidente. Atualmente a civilização ocidental consiste na Europa, Canadá e Estados Unidos, cujos descendentes são, Austrália e Nova Zelândia.Civilização Islâmica: abrange várias culturas distintas, como a árabe, turca, persa e malaia, o autor identifica a origem dessa civilização na Península Arábica no século VII d.C. e se espalhou pelo Norte da África, pela Ásia Central e pelo Sudeste Asiático, pela Malásia ou Indonésia.(Fonte: Secretaria da Educação – SP – Caderno do professor – geografia, ensino médio – 3º série)

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O choque mais iminente, escreveu Huntington, seria aquele que contraporia o Ocidente ao mundo muçulmano. Desde os ataques terroristas aos centros do capitalismo global, perpetrados por fanáticos islâmicos ensandecidos com a simples existência da civilização ocidental, Huntington viu-se alçado à condição de quase profeta. "Os fatos estão provando que minha tese tem certo grau de veracidade", diz o professor. "Gostaria que não fosse assim.

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Pergunta — O senhor não gosta da expressão "choque de civilizações". Por quê?Edward Said — Essa expressão foi posta para circular pelo cientista político americano Samuel Huntington, apoiando-se num artigo de Bernard Lewis, especialista no Oriente Médio famoso por seu menosprezo pelas pessoas que lá vivem. São inúmeros os seus problemas. Para começar, ela trata as civilizações como se fossem entidades fechadas, lacradas, alheias a qualquer tipo de troca. E isso é tudo o que as civilizações não são, pois elas se forjam na interelação e na fertilização mútua. Em segundo lugar, a imagem que Huntington faz das civilizações encobre o fato de que elas não são internamente monolíticas, e que também estão crivadas de contradições, de correntes e contracorrentes que as animam. Por fim, a ideia de choque de civilizações tem um aspecto caricatural muito nocivo, como se enormes entidades chamadas "Ocidente" e "Islã" estivessem num ringue, lutando para ver qual é a melhor. Essa imagem das civilizações exibindo seus músculos uma para a outra como Brutus e Popeye no desenho animado é de uma infantilidade atroz.

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Bernard Lewis

“Esse ódio vai além da hostilidade em relação a alguns interesses ou ações específicas, ou mesmo em relação

a determinados países, tornando-se a rejeição da civilização ocidental enquanto tal, não pelo que ela possa fazer, mas pelo que ela é e pelos princípios e

valores que pratica e professa.”

“No Islã não há em muitos casos separação entre política e religião. Entre vários grupos, a propagação da

fé confunde-se com pregação da violência.”

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Pergunta  —  Até que ponto as instituições da sociedade civil estão organizadas no mundo árabe?

Edward Said — Há muita ignorância e distorção sobre o mundo árabe. Dizem, por exemplo, que os árabes não têm a mais vaga ideia do que seja democracia, que eles abraçam uma cultura da violência, que desistiram de manifestar-se sob regimes que os controlam ferreamente. Tudo isso é um acúmulo de tolices. Comecemos por uma das instituições-chave da sociedade civil, a imprensa. Pois eu diria que em alguns sentidos as ideias circulam de maneira mais ampla no Oriente Médio, inclusive em países com censura forte como o Egito e a Jordânia, do que nos Estados Unidos. Você pode, se quiser, comprar um jornal do Partido Comunista numa esquina de Amã ou no Cairo — e isso é absolutamente impossível nos Estados Unidos. Todo tipo de opinião é transmitido por satélite. Veja o caso da rede de televisão Al Jazira. Ali falam liberais e maoistas, islâmicos e antiislâmicos, gente de todas as frentes. Isso não acontece na CNN ou na Fox News. Em segundo lugar, os regimes linha-dura se mantêm num estado de tensão constante com movimentos de direitos civis, movimentos femininos, ONGs e instituições representativas dos mais diversos tipos. A propaganda faz os árabes parecerem todos selvagens e atrasados, mas isso é mentira. Compor uma representação mais refinada do que seja o mundo árabe é uma tarefa urgente para os ocidentais.