retrospectiva política
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SINDASP Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco
Rua Amoroso Costa, 63 – Várzea – Recife / PE
50.480-000
O ano de 2011 inicia-se trazendo consigo mais um ciclo
político-administrativo para o nosso combalido Sistema Penitenciário
pernambucano.
A “dança das cadeiras” promovida pelo resultado das alianças
eleitorais que conduziram o governador Eduardo
Campos ao seu segundo mandato, reorganiza a esfera
administrativa do governo de Pernambuco enquanto nos
permite: a) elaborarmos uma ampla reflexão acerca da
construção histórica, que vimos desenvolvendo
coletivamente, da nossa categoria profissional; b)
reorganizarmos nossas forças em torno do aprimorado
de um planejamento de lutas e conquistas. Nesta ordem,
um movimento depende fundamentalmente do outro – isto é, não é
possível o aprimoramento de um plano de lutas e conquistas sem que
uma avaliação radical da nossa construção histórica seja elaborada,
pois, é esta que nos apresentará as correções de percurso necessárias a
serem adotadas.
O QUADRO ATUAL
Após quatro anos de governo Eduardo Campos nossa categoria
retroagiu política e economicamente. A gestão do senhor Humberto
Vianna nos remeteu ao pior nível salarial da história dos Agentes
Penitenciários pernambucanos. Percebemos, hoje, menos do que
percebe um soldado da Polícia Militar em início de carreira, mesmo
que nossa função seja de “nível escolar superior” e aquela seja de
“nível escolar médio”; perdemos postos de trabalho com a
“militarização” do Presídio Aníbal Bruno; não houve investimento
significativo em treinamento nem aperfeiçoamento profissional;
perdemos postos de trabalho em setores estratégicos da administração
prisional (como, por exemplo, no Departamento Financeiro da
SERES); nos tornamos “reféns” da “Jornada Extra de trabalho”;
tivemos direitos constitucionais e trabalhistas violentados...
COMO PERMITIMOS QUE A SITUAÇÃO
CHEGASSE A ESTE PONTO?
...Mas, nossa categoria vinha numa trajetória de
lutas... difícil, porém exitosa: havíamos conseguido
judicialmente uma escala de trabalho diferenciada entre os
trabalhadores de segurança pública de Pernambuco e do Brasil;
consolidamos o Porte de Armas apesar de um cenário nacional, à
época, de total incertezas quanto ao tema, para nossa categoria;
reaparelhamos nossas unidades de trabalho com equipamentos inéditos
para a categoria em esfera nacional; nos inserimos determinantemente
no debate e mobilização da PEC da Polícia Penal – sendo, inclusive, o
Estado relator do projeto inicial; enfrentamos com greves, mobilizações
e protestos, o tirânico governo Jarbas Vasconcelos/Mendonça filho,
conquistando o respeito dos políticos locais e o reconhecimento e a
admiração das entidades sindicais do Estado... Então, como, nos quatro
últimos anos, nossa trajetória se desviou completamente, provocando
uma situação atual tão desfavorável?
SINDICATO DOS AGENTES E SERVIDORES
NO SISTEMA PENITENCIÁRIO DO ESTADO
DE PERNAMBUCO – SINDASP-PE CNPJ 04.375.882/0001-20
NEM O PASSADO COMO ERA, NEM O PRESENTE COMO ESTÁ: por um Sistema Penitenciário Forte, Estruturado e
que cumpra o seu Papel Social!
A gestão do senhor
Humberto Vianna nos
remeteu ao pior nível
salarial da história dos
Agentes Penitenciários
pernambucanos.
SINDASP Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco
Rua Amoroso Costa, 63 – Várzea – Recife / PE
50.480-000
UM POUCO DA HISTÓRIA RECENTE...
Mal começava o governo Eduardo Campos e um “documento”
circulava nas Unidades Prisionais do Estado: um “abaixo-assinado” que
“prometia” o “salário inicial de R$ 2.700,00” (dois mil e setecentos
reais). A argumentação “principal” que sustentava esse “venturoso
documento” era que “o governo desejava pagar esse
salário aos Agentes Penitenciários, mas, não
negociaria com o SINDASP. Seria preciso, então,
legitimar um novo grupo negociador, que, sem lutas,
apenas com a negociação, materializaria o desejo
afirmado naquele abaixo-assinado, conseguindo a
implantação daquele valor salarial. Esse abaixo-
assinado seria a forma de legitimar os novos
negociadores”.
No afã de ver seus problemas salariais
minimizados, muitos e muitas assinaram tal
documento: o primeiro de muitos “cheques em branco” passados para
os “salvadores da pátria!”.
Como a promessa do salário inicial de R$ 2.700,00 (dois mil e
setecentos reais) não se materializava (que, aliás, nunca se
materializou), outras promessas e outros argumentos e outras
“estratégias” precisaram ser impostas: o abaixo-assinado não seria
suficiente, era preciso criar uma “associação” (que, até hoje, quatro
anos após sua fundação, não tem nenhum sócio contribuinte); se
buscaria, com a intervenção no Ministério Público, a “equiparação
salarial com a Polícia Civil” (resultado anunciado sempre para a
próxima quarta-feira...), que também se demonstrou fracassada;
“vender-se-ia o quarto dia de folga” (como se o governo fosse comprar
mais caro o que já compra por uma ninharia com o “pluri-emprego”);
até que, finalmente, implantar-se-ia o redentor PCCV...
Não se conseguiu salário de R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos)
reais: o governo “não quis” patrociná-lo, como eles apregoavam; não se
conseguiu a equiparação com a Polícia Civil: o parecer do Procurado
Geral foi que essa manobra de atrelar o salário de uma categoria
profissional a outra é inconstitucional; Não se vendeu o “quarto-dia”,
pois, ninguém compra o que já tem... o governo comprou, não apenas o
quarto dia, mas, também o terceiro, quando, achatando os salários,
obrigou a categoria a aderir ao programa de jornada extra... Por fim, o
PCCV atendeu, apenas e simplesmente, aos objetivos do governo que,
ao implantá-lo em 2010 eximiu-se da responsabilidade legal de
promover TODOS com dez anos de serviço para o
NIVEL de ASP II, ganhando tempo, deste modo,
para promover os intermináveis “enquadramentos” e,
tornando o sistema de promoções num confuso
labirinto de requisitos “caleidoscópicos”.
ENQUANTO ISSO...
A cada investida frustrada os “novos
interlocutores” se desacreditavam publicamente.
Cada promessa não realizada, cada negociação mal-sucedida e seus
discursos se tornavam mais confusos e pouco convincentes: restou-lhe,
então, uma única alternativa; nos atacar!
Sem mais nem menos o SINDASP passa a ser culpado por toda
a desastrosa estratégia de negociação daqueles que, durante quatro anos
tomaram o maior chá de “enrolação” da história sindical do Estado. Se
algo dava errado (e, tudo deu errado!) a culpa era do SINDASP, que era
radical e isso afastava a “boa-vontade” do governo. No início, este
discurso era apenas covarde, mas, num certo momento se tornou
“estratégico”: ao governo, servia para afastar as Agentes penitenciárias
e os Agentes Penitenciários do SINDASP, enfraquecendo-nos; em
outro, para “justificar” a incompetência dos autoproclamados
“salvadores da pátria!”. “Par e passo”, essa conjuntura firmou uma
aliança entre governo e “salvadores da pátria!”: o governo os acolheu
com gratificações e regalias (toda a articulação interprisional realizada
pelos “salvadores da pátria!”, por exemplo, foi feita com carro e
gasolina do Estado...), enquanto eles comandavam uma campanha de
A cada investida frustrada os
“novos interlocutores” se
desacreditavam publicamente.
Cada promessa não realizada,
cada negociação mal-
sucedida e seus discursos se
tornavam mais confusos e
pouco convincentes: restou-
lhe, então, uma única
alternativa; nos atacar!
SINDASP Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco
Rua Amoroso Costa, 63 – Várzea – Recife / PE
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enfraquecimento, desfiliação e combate ao SINDASP. Foi assim que,
sem qualquer combate, por exemplo, a privatização enraizou-se e
floresceu em Itaquitinga...
A TÁTICA DO SINDASP
Responsabilizados pela incompetência alheia, usados como
“bode-expiatório” para a política privatista do governo, cada
movimento público que executávamos era, imediatamente, distorcido e
transformado em argumento contra nós próprios. A
“expulsão funcional” – fenômeno por nós
anteriormente analisado, no qual, através da prática
de baixos salários e péssimas condições de trabalho os
governos “expulsam” de determinadas categorias
profissionais aqueles que conseguem, por méritos
próprios, inserir-se em outra categoria com vagas
disponíveis no mercado de trabalho, enfraquecendo,
assim, o “capital intelectual” da categoria vitimada –
a “expulsão funcional”, eu dizia, além do
enfraquecimento do “capital intelectual” de nossa categoria, produziu
outro fenômeno particular em nossa categoria: existem, hoje, mais
funcionários detentores de gratificações (considerando todos os tipos
dessas) do que funcionários sem-gratificações. O salário, então, passou
a ser o fator “coadjuvante” na renda da maioria das Agentes e dos
Agentes Penitenciários: a luta pela gratificação se tornou mais
importante do que a luta pelo salário.
Encontramos, atualmente, em todas as unidades prisionais, um
desequilíbrio entre o número de Agentes e funções administrativas e
Agentes em funções operacionais: próximos “aos chefes” e,
conseguintemente, próximos ao governo, muitos desses Agentes em
funções administrativas sentiram-se, também, distantes das lutas
históricas da categoria e, também, do seu SINDICATO. Outros tantos
Agentes – esses, em funções operacionais – encontraram, de maneira
inversa, no distanciamento do seu SINDICATO, uma caminho para
aproximarem-se dos chefes... do governo.
Enfraquecidos politicamente e, por conseguinte,
financeiramente, não tivemos força para promover a reaproximação
com a ampla maioria da categoria: enfrentamos todos os tipos de
perseguição política, econômica e funcional; passamos quatro anos
sendo atacados pelo governo sob a forma de cortes salariais, processos
em corregedoria, etc. O governo, entretanto, não desejava nos destruir,
mas, corromper... Tinha para isso, como aliados, os “salvadores da
pátria!”, já corrompidos, que se encarregavam de manter a categoria
ocupada com promessas e expectativas de negociações intermináveis...
sem materialização de qualquer objetivo, mas,
fornecendo “doses letárgicas” de esperança.
Neste contexto político, não nos restava outra
tática a não ser a de “sobrevivência”: entrincheirarmo-
nos no SINDASP e conduzi-lo, VIVO, até o próximo
governo. Preservar ativo o maior patrimônio de uma
categoria (O SEU SINDICATO) passou a ser nossa
tarefa histórica.
Entrincheirados, pudemos promover a defesa
jurídica daqueles que se viram atacados pelo governo:
defesa esta que culminou na sentença no caso “Newton Albuquerque /
Ricardo Valença” contra o Governo do Estado, que determina que o
Governo devolva o salário retido e revogue todas as faltas impostas aos
dois servidores que se viram obrigados a trabalhar com armamento
ilegal e que, por isto mesmo, se recusaram a trabalhar: sentença que
poderá ser útil quanto aos processos dos servidores que reclamam
cortes ilegais de ponto referente à greve de 2005.
Entrincheirados, promovemos a defesa de diversos associados
no âmbito da corregedoria... e mais, promovemos várias denúncias de
arbitrariedades administrativas praticadas pela gestão que se encerra,
tanto na corregedoria quanto no Tribunal de Justiça, Ministério público,
Tribunal de Contas do Estado, entre outros.
Entrincheirados, principalmente, defendemos o SINDASP
daqueles que tentaram destruí-lo! Conscientes de que um sindicato não
é patrimônio de poucos, mas, um organismo vivo; em função de toda
uma “sociedade” que se organiza para animá-lo política, social,
Um sindicato não é
patrimônio de poucos, mas,
um organismo vivo; em
função de toda uma
“sociedade” que se
organiza para animá-lo
política, social, econômica
e filosoficamente...
SINDASP Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco
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econômica e filosoficamente, combatemos em sua defesa: na defesa de
sua autonomia, de sua independência de governos ou de interesses
privados. Conduzi-lo, mesmo que com avarias, até 2011, levando-se em
consideração a conjuntura que atravessamos desde o governo Jarbas
Vasconcelos/Mendonça Filho, até o primeiro governo Eduardo Campos
– com suspensão de arrecadação, processos em corregedoria e judiciais,
perseguições políticas, oposições financiadas, bloqueios de imprensa,
etc – nos remete á avaliação de que nosso trabalho obteve êxito!
“É PRECISO TER FORÇA, É PRECISO TER RAÇA, É
PRECISO TER GANA: SEMPRE!”
Enfim, inicia-se um “novo” governo: novo que é,
paradoxalmente, velho! Novo, porque traz outros atores
nos segundo e terceiro escalões: velho, porque esses
novos atores são sustentáculos para as mesmas políticas
que vêm sendo implementadas; as políticas que nos
remeteram ao menor salário das categorias de segurança
pública do Estado, mesmo sob a interlocução (ou,
justamente por causa da interlocução) dos “salvadores da
pátria!”.
Entretanto, esse “novo” governo nos traz uma excelente
expectativa: de que NÓS podemos nos fazer novos!
Precisamos encarar essas “mudanças” como uma oportunidade
para nossa própria MUDANÇA de postura.
Quatro anos consecutivos nos ensinaram que abandonar as lutas
só fortalece o opressor; que os discursos “fáceis” não são mais, nem
menos do que exatamente isto: DISCURSOS FÁCEIS... e que, sempre
e invariavelmente, escondem interesses escusos, privados e
personalistas; que TODOS são responsáveis pelos rumos da categoria,
pela sua construção, pelo seu fortalecimento, pela sua subsistência.
FORTALECER O SINDASP!
Fortalecer o SINDAP, eis a nossa principal tarefa: nossa meta
para o primeiro semestre de 2011. Nosso sucesso, ou fracasso enquanto
categoria, na perspectiva de sermos exitosos quanto aos grandes
desafios que teremos para o próximo quadriênio (tempo de extinção do
governo Eduardo Campos) dependerá – como, de fato, sempre
dependeu – da capacidade de articulação política do SINDASP; do
tempo, da forma e da intensidade que seremos capazes de demandar
nossa PAUTA e de, por conseguinte, estimularmos suficientemente o
governo a respondê-la.
Precisamos, para tanto, compreendermos, ou melhor,
assimilarmos definitivamente que, na qualidade de categoria
profissional, é imprescindível termos uma pauta própria
de mobilizações (ações em movimento dinâmico), ao
contrário de nos atrelarmos debilmente á pauta imposta
pelo governo: tendo nossa própria pauta podemos
adequá-la aos pontos convergentes com a pauta do
governo, e combater os pontos divergentes; sem ter uma
pauta estaremos à mercê da pauta do governo, o que tira
de nós a autonomia.
Em breve, estaremos divulgando novo calendário
de visitação às unidades prisionais afim da construção e
consolidação de nossa pauta para 2011, enquanto isso, estamos
agendando reuniões com a Secretária de Desenvolvimento Social e
Direitos Humanos e também com o Secretário de Ressocialização,
visando recolhermos informações sobre seus próprios planejamentos
em curto, médio e longo prazo para o Sistema Penitenciário.
“Apenas a luta transforma os sonhos em realidade”: os
últimos quatro anos são testemunhas históricas deste fato; não
percamos mais quatro em lamentações: “um sonho que se sonha só, é
só um sonho que se sonha só. Um sonho que se sonha junto,
transforma-se em realidade!”
“Apenas a luta
transforma os sonhos
em realidade”: os
últimos quatro anos são
testemunhas históricas
deste fato; não
percamos mais quatro
em lamentações...