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Segmento supermercadista, reestruturação comercial e intensificação do trabalho * 1 Herodes Beserra Cavalcanti** RESUMO: A abertura econômica e a popularização das ideias neoliberais nos anos 1990 repercutiram significativamente no segmento supermercadista brasileiro. Observa-se nesse momento um processo de reestruturação comercial. Esse foi marcado pelo aumento do número de falências e fusões de empresas e pelo uso intenso de novas tecnologias. Tal processo acompanhou as mudanças no horário de funcionamento dos supermercados e na organização da força de trabalho. Nota-se com isso um aumento da intensificação e degradação do trabalho. PALAVRAS CHAVES: trabalho; intensificação; automação; supermercado. Introdução Embora a história dos supermercados no Brasil seja marcada por uma sucessão de aberturas, falências, arrendamentos, fusões e aquisições, nos anos de crise, esse processo tende a se acentuar como ocorreu com os supermercados brasileiros nos anos 1980 e início dos anos 1990, período marcado por altos índices de inflação e penetração das ideias neoliberais. Nos anos 1980 importantes redes supermercadistas que faziam parte do cenário brasileiro deixaram de existir, por exemplo: Paes Mendonça, Bom Preço, Peralta, Barateiro, Sé, Casa da Banha, entre outras. As empresas que não chegaram a falir realizaram uma profunda reestruturação comercial, como a que ocorreu no Grupo Pão de Açúcar - GPA. A partir da segunda metade dos anos 1990 esse processo se intensifica em um cenário econômico marcado pela estabilização da inflação. Esta ocorreu durante a 1 * Texto elaborado a partir de pesquisa realizada no curso de mestrado: “Automação comercial e intensificação do trabalho nos supermercados CompreBem e Pão de Açúcar na cidade de São Paulo” ** Mestre em Geografia pela Universidade de São Paulo USP. E-mail: [email protected]

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Page 1: RESUMO - SciELO Proceedings · Segmento supermercadista, reestruturação comercial e intensificação do trabalho* 1 Herodes Beserra Cavalcanti** RESUMO: A abertura econômica e

Segmento supermercadista, reestruturação comercial e intensificação do trabalho *

1

Herodes Beserra Cavalcanti**

RESUMO:

A abertura econômica e a popularização das ideias neoliberais nos anos 1990

repercutiram significativamente no segmento supermercadista brasileiro. Observa-se

nesse momento um processo de reestruturação comercial. Esse foi marcado pelo

aumento do número de falências e fusões de empresas e pelo uso intenso de novas

tecnologias. Tal processo acompanhou as mudanças no horário de funcionamento dos

supermercados e na organização da força de trabalho. Nota-se com isso um aumento da

intensificação e degradação do trabalho.

PALAVRAS CHAVES: trabalho; intensificação; automação; supermercado.

Introdução

Embora a história dos supermercados no Brasil seja marcada por uma sucessão

de aberturas, falências, arrendamentos, fusões e aquisições, nos anos de crise, esse

processo tende a se acentuar como ocorreu com os supermercados brasileiros nos anos

1980 e início dos anos 1990, período marcado por altos índices de inflação e penetração

das ideias neoliberais.

Nos anos 1980 importantes redes supermercadistas que faziam parte do cenário

brasileiro deixaram de existir, por exemplo: Paes Mendonça, Bom Preço, Peralta,

Barateiro, Sé, Casa da Banha, entre outras. As empresas que não chegaram a falir

realizaram uma profunda reestruturação comercial, como a que ocorreu no Grupo Pão

de Açúcar - GPA.

A partir da segunda metade dos anos 1990 esse processo se intensifica em um

cenário econômico marcado pela estabilização da inflação. Esta ocorreu durante a

1 * Texto elaborado a partir de pesquisa realizada no curso de mestrado: “Automação comercial e intensificação do trabalho nos supermercados CompreBem e Pão de Açúcar na cidade de São Paulo” ** Mestre em Geografia pela Universidade de São Paulo – USP. E-mail: [email protected]

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implantação do Plano Real. Com a redução da inflação observa-se uma crescente

abertura da economia brasileira que passou a ser marcada pela ampliação dos negócios

de grandes grupos estrangeiros: Wal-Mart (estadunidense), Casino e Carrefour

(francês), dentre outros.

Com o aumento da força dos grupos estrangeiros cresce a desnacionalização do

segmento supermercadista brasileiro. Em 2009 as três maiores redes supermercadistas,

GPA, Carrefour e Wal-Mart concentravam cerca de 40, 4% das vendas do varejo

alimentar brasileiro (GPA, 2011).

Sobre o processo de reestruturação comercial que ganha força na segunda

metade dos anos 1990 com a popularização do uso do código de barras e com o

aperfeiçoamento da troca eletrônica de informações, ele por um lado garantiu o aumento

de produtividade e competitividade para os supermercados e por outro favoreceu a

intensificação e a precarização do trabalho.

Tendo em vista as transformações por que passa o segmento supermercadista

brasileiro a partir dos anos 1990 esse artigo trata inicialmente do desenvolvimento e

crise do segmento supermercadista brasileiro a partir do Grupo Pão de Açúcar – GPA.

Em seguida analisamos o processo de reestruturação comercial e seu impacto na força

de trabalho. A implementação do código de barras, a redução do número de postos de

trabalho e a regulamentação do horário de funcionamento dos supermercados também

são abordados.

Nesse estudo além da bibliografia pertinente ao tema, fazemos uso de

depoimentos realizados com operadores de supermercado. Esses atuam ou atuaram

como operadores de caixa nas lojas do CompreBem e Pão de Açúcar (pertencentes ao

GPA), localizados na Zona Sul da cidade de São Paulo.

Desenvolvimento e crise no segmento supermercadista brasileiro: o caso do Grupo

Pão de Açúcar - GPA.

A Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), conhecida pelo nome fantasia

de Grupo Pão de Açúcar - GPA iniciou suas atividades no setor supermercadista

brasileiro em 1959, com a abertura da 1º loja na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, nº

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3138, na cidade de São Paulo. A iniciativa desse empreendimento deve-se ao imigrante

português Valentin dos Santos Diniz, pai de Abílio Diniz, atualmente um dos principais

acionistas do GPA (DINIZ, 1998).

Já nos anos 1960 o GPA inicia um planejamento de expansão. Este contou com a

participação de Abílio Diniz e do economista Luiz Carlos Bresser Pereira. O plano teve

como foco a abertura e a aquisição de lojas, a exemplo do supermercado Quiko, Tip

Top e Sirva-se adquiridos durante os anos 1960 na cidade de São Paulo (DINIZ, 1998).

Nos anos 1970 ocorreram novas aquisições com destaque para os supermercados

Peg-Pag, Superbom e Eletroradiobraz. Nesse momento o grupo passou a criar marcas

próprias de produtos e passou a diversificar seus formatos de lojas a partir da

inauguração do hipermercado Jumbo no início dos anos 1970. Destacam-se também

nesse período a abertura de lojas no exterior e a diversificação dos capitais do grupo

(DINIZ, 1998).

O crescimento do GPA a partir de aquisições, abertura de novas lojas, no Brasil

e exterior, e a diversificação dos negócios foram ascendentes até 1985. Neste ano o

grupo contava com 50.400 funcionários e um total de 626 lojas distribuídas por 18

estados brasileiros e três continentes: América, Europa e África (DINIZ, 1998).

Na fase entre 1986 a 1995 o grupo passou por um período de crise que quase o

levou à falência. Os fatores da crise estão relacionados ao período de instabilidade

política do governo Collor que afetou em grande parte a economia brasileira. Além

destes problemas podemos destacar a crise de sucessão familiar do grupo que chegou a

ser discutida nos tribunais de justiça (DINIZ, 1998).

Observa-se também neste período uma contração dos negócios e dos

patrimônios da empresa. No ano de 1992 o grupo tinha seu patrimônio reduzido a 262

lojas e 17.641 funcionários (DINIZ, 1998).

Cabe destacar que a retomada do crescimento do GPA foi acompanhada do fim

da crise familiar e da chegada de Abílio Diniz à presidência do grupo como acionista

majoritário. Estes fatores colaboraram para a retomada de crescimento do grupo que

ocorreu a partir de um processo de reestruturação comercial. Essa reestruturação teve

início no final dos anos 1980 e foi intensificado nos anos 1990, com o objetivo de sanar

a crise do grupo (DINIZ, 1998).

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Conforme Diniz (1998) a reestruturação comercial foi marcada pelo

investimento em novas tecnologias da informação e por uma política de

profissionalização de seu quadro de funcionários. Soma-se a esses fatores o corte de

funcionários observado no ano de 1995, Gráfico 1.

Gráfico 1- GPA, evolução do número de funcionários de 1965 a 2010.

Fonte: Diniz, 1998; GPA. Relatórios anuais; Revista SuperHiper, abr. 2011. Organização: Herodes Cavalcanti

Além da redução do número de postos de funcionários, com o objetivo de captar

novos recursos para enfrentar a crise e voltar a crescer, o GPA, em 1995, realizou a

abertura de seu capital, ao negociar ações nas bolsas de valores de São Paulo e Nova

York. Esse processo se ampliou em 1999 por meio da compra de 24% das ações do

GPA pelo francês Casino, que também atua no segmento supermercadista (DINIZ,

1998).

Segundo Diniz (1998), esse esforço do GPA promoveu sua retomada do

crescimento a partir da segunda metade dos anos 1990, ampliando com isso o número

de lojas, funcionários e parcerias. Nota-se com isso que o grupo reduz a estratégia de

diversificação de seus negócios e passa a se concentrar no comércio varejista através de

aquisições e da abertura de novas lojas (Tabela 1).

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Tabela 1 - GPA, aquisições de 1999 a 2009.

Fonte: ABRAS, 2002; GPA, 2011. Organização: Herodes Cavalcanti

Durante sua retomada de crescimento, o GPA amplia sua parceria com o Grupo

Casino. Este, em 2005, aumenta a compra de ações do GPA e passa a deter 50%. Com

isso o Grupo Casino passou a dividir com o GPA sua administração por meio da

holding Wilkes, criada em 2005 (GPA. RELATÓRIO ANUAL, 2009) .

Reestruturação comercial

Hoje o processo de reestruturação comercial brasileiro encontra-se bastante

avançado no segmento supermercadista. A utilização de novas ferramentas e

equipamentos demonstra este fato. O código de barras, o scanner, a etiqueta eletrônica,

o correio eletrônico, as impressoras de cheques, a esteira rolante de produtos, a balança

eletrônica adaptada ao caixa, são algumas das muitas inovações que se encontram

presentes em grande parte dos supermercados brasileiros (CARVALHO, 2006).

Redes Nº. Lojas Ano

Peralta 38 1999

Paes Mendonça 25 1999 Mappin 2 1999

Shibata 4 1999

Supermercados Mogiano 2 1999 Cibus 1 2000

Ita 1 2000

São Luiz 9 2000

Boa Esperança 6 2000

Gepires 2 2000

Nagumo 12 2000

Parati 11 2000

Reimberg 9 2000

Rosado 13 2000

ABC Supermercados 26 2001 CompreBem (Reincorporarão) 12 2002

Sé Supermercados 60 2002 Sendas (Joint Venture) 68 2004

Coopercitrus 7 2005

Assaí 14 2008 Ponto Frio 455 2009

Casas Bahia (Joint Venture) 508 2009

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Dentro desse conjunto de transformações técnicas destaca-se a implementação

de um padrão de organização das informações chamado de Transferência Eletrônica de

Informação - EDI (Electronic Data Interchange - EDI), que ganhou forma no final dos

anos 1990. O EDI consiste em ser uma plataforma utilizada para troca eletrônica de

informações por meio de uma linguagem padronizada (ALMEIDA; EID, 2009).

Nas grandes redes supermercadistas, a implementação do EDI obedece a um

padrão de eficiência norteado por um conjunto de estratégias conhecidas pelo nome de

Resposta Eficiente ao Consumidor - ECR (Efficient Consumer Response - ECR)

(SESSO FILHO, 2003).

No Brasil a ECR foi propagada por meio da ECR Brasil, associação de empresas

do setor industrial e comercial criada em 1997 na cidade de São Paulo. Essa entidade

surgiu com foco em divulgar práticas, conceitos e estratégias do ECR, visando reduzir

custos de comercialização e ampliar a velocidade de circulação das mercadorias a partir

da demanda criada, na procura e compra de produtos nos supermercados (ALMEIDA;

EID, 2009).

Cabe destacar que a reestruturação comercial no Brasil foi impulsionada a partir

da automação comercial. Esta ocorre inicialmente com a popularização e uso do código

barras em meados dos anos 1990.

Calcula-se que no início dos anos 1990 somente 12 lojas do país possuíam

leitores ópticos ou scanner e apenas cerca de 5.000 produtos já eram codificados. Em

1998 o número de lojas com leitores ópticos era de 8.000 e o de produtos codificados de

410.000 (SUPERHIPER, ago. 1998, p. 74).

Os impactos da implementação do código de barras podem ser observados nas

duas citações a seguir. A primeira refere-se à entrevista conferida à Revista SuperHiper

em 1996, por Edson Tavares, gerente-geral do Supermercados Caetano, localizado em

Valinhos – SP. A segunda pertence ao livro: O trabalho no supermercado, de 2003.

Hoje, a passagem da compra no caixa com um carrinho

normal levando uma cesta básica leva de dois a três minutos, enquanto antes demorava entre cinco e seis minutos (REVISTA SUPERHIPER, set, 1996, p. 142). As grandes redes, os hipermercados e boa parte das empresas médias estão ainda mais avançados, lançando mão de leitores ópticos, os scanners, que registram todas

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as informações sobre o produto contidas no código de

barras. Com isso, o tempo gasto pelo operador de caixa em cada compra caiu praticamente pela metade (RATTO; LANDI, 2003, p. 82, grifo nosso).

A utilização do código de barras implicou ainda em mudanças na condução do

trabalho. Tarefas de recebimento e conferência de produtos foram agilizadas, o que

diminui o número de pessoas empregadas para cumpri-las. Um dos impactos mais

visíveis dessas mudanças foi a eliminação da tarefa de remarcação, pois o produto já

chega codificado na loja, dispensando a necessidade de colocar a etiqueta de preço, logo

o posto de remarcador foi eliminado.

Essas transformações vieram acompanhadas da crescente utilização de

trabalhadores sob contrato de trabalho flexível, por exemplo, nos supermercados do

GPA, destacando-se os operadores de supermercados. Nesse cargo não há a delimitação

no contrato de trabalho das tarefas/atividades que serão executadas, desse modo, os

operadores podem ser remanejados para executar tarefas desde a frente de caixa ao

depósito de um supermercado.

A principal tarefa é registrar mercadoria no caixa. Mas quando

há pouco movimento na loja nós também organizamos o estoque, arrumamos as prateleiras e limpamos o caixa e pegamos carrinhos fora da loja, no caso dos homens (Operador de supermercado do CompreBem. Entrevista - 4).

O processo de reestruturação comercial analisado favoreceu tanto a automação

comercial quanto a redução do número de empregos e a precarização do trabalho. Tal

processo pode ser observado nas redes supermercadistas que possuem papel

significativo no mercado atual como exemplo o GPA.

Mudanças no funcionamento dos supermercados e a degradação do trabalho

Nos anos 1990, a reestruturação comercial nos supermercados foi acompanhada

de mudanças no seu funcionamento e nas relações de trabalho. O funcionamento do

comércio aos domingos e feriados e a regulamentação do banco de horas são alguns

resultados dessas transformações.

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Em 1997, por meio de Medida Provisória - MP de n° 15.39, o comércio

supermercadista foi autorizado a funcionar nos domingos e feriados. Em 2000, essa MP

foi reeditada na forma da Lei Federal nº 10.101, que em seu artigo 6° passou a autorizar

o funcionamento do comércio em geral em feriados e regulamentou o funcionamento do

comércio aos domingos. Cabe destacar que a Lei mencionada atribui aos municípios o

dever de regular esse funcionamento (DIEESE, 2007).

Na cidade de São Paulo a regulamentação do trabalho nos domingos e feriados

ocorreu conforme autorização da prefeitura, que atribuiu ao sindicato representativo dos

empregados, o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, juntamente com o sindicato

patronal, o Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios, do Estado de São

Paulo – SINCOVAGA, o dever de decidir por meio de convenção coletiva de trabalho2

sobre o funcionamento do trabalho em domingos e feriados.

Conforme a convenção coletiva de trabalho (2010-2011), em sua cláusula 40, o

trabalho aos domingos pode ocorrer de duas maneiras, a primeira delas em sistema

alternado (1X1), a cada domingo trabalhado segue um outro de descanso. Na segunda

maneira a cada dois domingos trabalhados segue outro de descanso, nesse sistema

(2X1) além da folga compensatória para cada domingo trabalhado o empregado fará jus

anualmente a dois dias de folga a mais (SINDICATO DOS COMERCIÁRIOS DE SÃO

PAULO, 2011).

A respeito do trabalho em feriados, a convenção coletiva de trabalho de (2010-

2011), cláusula 41, autoriza o trabalho nos feriados com exceção para os dias 25 de

Dezembro (Natal) e 1º de Janeiro (Confraternização Universal). O trabalho nos demais

feriados fica autorizado desde que seja cumprida a convenção coletiva de trabalho.

Segundo o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, as principais regras que

disciplinam o funcionamento do comércio nos feriados estabelecidos na convenção

coletiva de trabalho são:

a) A empresa deve comunicar ao sindicato patronal, com antecedência de 7 (sete)

dias o feriado em que deseja trabalhar.

2 Cabe destacar que as convenções coletivas de trabalho são resultados de acordos de caráter normativo entre sindicatos dos empregadores e dos trabalhadores. No caso em estudo ela é realizada anualmente, entre os meses de novembro e dezembro (SINDICATO DOS COMERCIÁRIOS DE SÃO PAULO, 2012).

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b) O funcionário não é obrigado a trabalhar no feriado, porém, se for, deve

manifestar sua vontade por escrito.

c) As horas trabalhadas nos feriados devem ser pagas em dobro.

d) As horas trabalhadas nos feriados não podem ser incluídas no sistema de banco

de horas.

e) O empregador deve garantir o ressarcimento das despesas com transporte, de ida

e volta e fornecer refeição para o dia de trabalho.

Com o trabalho nos feriados e domingos, esses dias deixam de ser de lazer e

descanso, ou seja, de reposição da força física e emocional do trabalhador para ser um

dia de trabalho comum. O convívio com a família, filhos e amigos é em grande parte

perdido, gerando casos frequentes de stress e depressão.

Referente ao trabalho nos feriados, dificilmente o trabalhador diz não para sua

realização. Tal fato fica evidenciado pelo discurso de um representante do sindicato dos

comerciários de São Paulo, que atua no departamento jurídico, e de uma operadora de

supermercado do CompreBem.

É, mas não é isso que ocorre ... A convenção diz que é

negociada, mas a prática é outra. Se a empresa diz que ele tem que trabalhar ele não diz não. Essas irregularidades acontecem. (Representante do departamento jurídico do Sindicato dos Comerciários de São Paulo). Na maioria das vezes você é obrigado nesse dia [feriado]. Você ganha seu dia e mais uma folga. E por isso até as pessoas preferem trabalhar. As folga que você pega você só tira com as férias. Se você tiver 3 folga e tira 30 dias de férias você fica com 33 dias [de férias] por causa dos feriados que trabalhou (Operadora de supermercado do CompreBem. Entrevista - 3).

Estes depoimentos mostram que o trabalhador se sente obrigado a trabalhar no

feriado. Essa obrigação, provavelmente, decorre do medo de perda do emprego ou de

uma represália por parte do patrão. A necessidade de aumentar seus rendimentos é outro

fator que leva os trabalhadores a optar por trabalhar no feriado.

Ainda sobre o trabalho em feriado, estudo do DIEESE de 2004, focado no

município de São Paulo que analisou 431 mil comerciários indica que:

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Mais da metade do conjunto dos comerciários (56,1%) é contra

o trabalho nos feriados, embora as retribuições legais sejam superiores às do trabalho aos domingos. Uma parcela de (28,1%) é a favor do trabalho nos feriados, 8,5% consideram ser indiferente trabalhar nesses dias e (7,3%) condicionaram sua concordância ao feriado (DIEESE, 2007, p. 56).

A Lei Nº 9.601 de 1998 trouxe mais uma transformação nas relações de trabalho

digna de nota. Ela autoriza a implantação do banco de horas a partir de convenção ou

acordo coletivo de trabalho.

Com o banco de horas a jornada de trabalho de 8 horas diárias pode ser

estendida para até 10 horas, gerando acúmulo de até 2 horas que serão compensadas em

outro dia. Segundo Sindicato dos Comerciários de São Paulo, a partir da convenção

coletiva de trabalho (2010-2011), cláusula 24, o banco de horas deve obedecer às

seguintes regras:

a) Manifestação da vontade por escrito por parte do empregado.

b) As horas devem ser compensadas em até 180 dias e é proibido o acúmulo

individual superior a 120 horas. As horas extras não compensadas no prazo

previsto estão sujeitas a adicional de 60%.

c) O empregador deve informar, até o 5º dia do mês subsequente trabalhado, os

comprovantes individualizados em que conste o montante das horas extras

trabalhadas.

A regulamentação do funcionamento do banco de horas pelo sindicato ajuda a

combater irregularidades, porém, na prática não ocorre o respeito à vontade do

trabalhador. O empregado, mesmo não querendo realizar horas extras sente-se coagido a

cumprir com o objetivo de alcançar metas e não desagradar seus superiores.

Além disso, acerca do banco de horas, as compensações das horas excedentes

ocorrem em dias de pouca atividade do comércio escolhidas pelo empregador e não pelo

funcionário. Como indicam dois operadores de supermercado do CompreBem:

Não! Quando eles querem. Quando nós quer é um sufoco! Eu

tenho que falar que vou no médico (Operadora de supermercado do CompreBem. Entrevista 3).

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Eu fazia hora extra como a maioria do pessoal da loja sem ter que reclamar, a empresa coloca tudo no banco de horas, como a empresa não pode dar folga [no dia que o funcionário solicita] se não a loja fica desfalcada [...] (Operador de supermercado do CompreBem. Entrevista - 4)

Dessa maneira o banco de horas acaba por favorecer à utilização flexível da

mão-de-obra pelo empregador, principalmente nos períodos de alta de serviços. Com

isso amplia-se a jornada do comerciário, sem a necessidade de pagamento de horas

extras.

Nota-se que os trabalhadores sofrem de maneira negativa o impacto das

mudanças na regulamentação do funcionamento do comércio e do banco de horas. Isso

ocorre por conta das convenções coletivas de trabalho não refletirem necessariamente o

interesse dos trabalhadores. O próprio descontentamento dos trabalhadores indica que,

na disputa de interesses entre empregados e patrões, prevalece o interesse desse último

grupo.

Segundo estudo do DIEESE produzido em 2004, nota-se uma preferência pelas

horas extras pagas:

Ao serem perguntados sobre a retribuição das horas extra-

ordinárias: 68,9% querem que sejam remuneradas; 19,0% gostariam que fossem em parte remuneradas; e em parte compensadas com descanso; 9,5% ficariam satisfeitos se fossem compensadas com descanso e banco de horas (DIEESE, 2007, p. 50).

Ainda sobre o banco de horas, os depoimentos de operadores de supermercado

do GPA demonstram a insatisfação em relação ao banco de horas.

É, dinheiro seria melhor, aí quanto mais a gente passou

[trabalhou] a gente vai receber (Operador de supermercado do Pão de Açúcar. Entrevista - 1). Melhor receber horas extras, mas não tem lá [supermercado]. O único dia que recebo hora extra é no domingo e feriado. Fora disso é tudo banco de horas (Operadora de supermercado do CompreBem. Entrevista - 3).

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Cidade de São Paulo de 2008 a 2009.

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. DIEESE, 2010, p.10

Cabe destacar que o trabalho aos domingos e feriados e o banco de horas

favorecem o aumento da jornada de trabalho, conforme aponta estudos do DIEESE,

realizados em 2004:

Os resultados confirmam as grandes jornadas para a categoria

dos comerciários, uma vez que a jornada média de trabalho foi de 48 horas semanais. Além disso, quando se observa a metade dos trabalhadores que tem jornadas mais extensas, verifica-se que a jornada média é de 56 horas semanais, o que equivale, em 6 dias, à jornada diária de nove horas e vinte minutos (DIEESE, 2007, p. 49).

Desse modo a elaboração de leis que regulamentam o trabalho aos domingos e

feriados e o banco de horas acabou por favorecer uma maior intensificação do trabalho,

que ocorre sem reflexos significativos no aumento de salário. Por exemplo, o salário-

base do comerciário fixado pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo com base na

convenção coletiva de 2011/2012 era de R$ 853,00, pouco mais que um salário mínimo.

Os baixos salários dos comerciários em geral, na cidade de São Paulo, ajudam a

compreender os elevados índices de rotatividade (turn-over) no segmento

supermercadista. Há casos em que mais da metade dos funcionários são substituídos em

um ano. Em 2008 e 2009, a variação do número de admitidos e desligados reflete essa

situação como é possível observar na Tabela 2.

Tabela 2 - Saldo de emprego do setor supermercadista.

A alta rotatividade de trabalhadores se relaciona aos baixos salários e também às

“[...] más condições de trabalho, eventuais maus tratos da chefia ou de suas lideranças,

bem como ausência de benefícios, treinamentos e políticas internas que favoreçam o

desenvolvimento dos funcionários” (REVISTA SUPERHIPER, nov. 2009, p. 73).

Período Admitidos Desligados Saldo

2008 49.705 42.852 6.853

2009 49.192 44.151 5.041

Total 98.897 87.003 11.894

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A alta rotatividade pode tornar-se um problema afetando a competitividade dos

supermercados. Quando os trabalhadores passam a encarar a empresa como um lugar de

passagem, sua dedicação é menor por não acreditarem que podem ter um futuro

promissor na mesma. Esse dado faz com que as empresas se preocupem com a alta

rotatividade e passem a investir mais em treinamento, benefícios e promoções.

Porém, existem benefícios para os supermercados com alta rotatividade. Esta

última “injeta sangue novo” ao absorver novos funcionários que, inicialmente, estão

dispostos a obter novas experiências. Além disso, ela também se configura em uma

estratégia dos próprios supermercados para reduzir custos, já que os trabalhadores mais

antigos recebem maiores salários em relação aos novos. Para o ano de 2009, a pesquisa

do Dieese (2010), realizada na cidade de São Paulo, apontou que os trabalhadores do

comércio supermercadista admitidos ganhavam em torno de R$ 712,15 e os demitidos

no mesmo ano em torno de R$ 837,25.

A situação de precarização do trabalho observada nos baixos salários e nas altas

taxas de rotatividade possui densidade e profundidade que se manifestam de diferentes

maneiras no espaço social. Quando analisamos a dimensão de gênero e etnia em

conjunto observam-se grandes desigualdades.

Em 2008, no comércio da Região Metropolitana de São Paulo, o rendimento

médio real por hora das mulheres negras era de R$ 3,28 e o das não negras de R$ 4,69.

Já o rendimento médio real por hora dos homens negros era de R$ 3,92 e o dos não

negros de R$ 6,45 (DIEESE, 2009, p. 12).

No que tange somente ao gênero, o arranjo dos trabalhadores nos supermercados

implica uma divisão sexual do trabalho tradicional. Os homens exercem tarefas

consideradas mais pesadas como repositor, conferencista etc., e as mulheres tarefas mais

leves como a operação de caixa, trabalhos na seção de perfumaria, bazar, etc. Os cargos

de maior remuneração salarial e nível hierárquico, como o de gerência e encarregados

de seção, são predominantemente masculinos (CAVALCANTI, 2011).

As mulheres empregadas no comércio supermercadista recebem menos que os

homens. A remuneração média das mulheres admitidas na cidade de São Paulo em 2009

foi de R$ 668,89 e dos homens de R$ 750,15. Muito embora as mulheres, quando

comparadas aos homens, recebam baixos salários, elas possuem um nível de

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escolaridade maior que o dos homens. Para o ano de 2009, na cidade de São Paulo,

“cerca de 70% das mulheres tinham ensino médio completo frente a 55% dos homens”

(DIEESE, 2010, p.15).

Considerações finais

O processo de crise econômica do final dos anos 1980 foi caracterizado pela

penetração das ideias neoliberais e pela crescente entrada do capital estrangeiro no

segmento supermercadista. O aumento do número de falências e a concentração do

capital supermercadista nas mãos de grupos estrangeiros representa esse momento que

também foi marcado pela reestruturação comercial.

A crescente reestruturação comercial dos anos 1990 ganhou força com a

popularização do código de barras e o uso de recursos da internet para controle de

estoques, troca de informações, entre outros. Essas transformações acompanharam as

mudanças relativas ao funcionamento e organização do trabalho nos supermercados.

A abertura de supermercados aos domingos e feriados e o seu funcionamento 24

horas seguidas são indicativos desse processo de reestruturação comercial que teve

como foco a redução de custos e o aumento de competitividade e produtividade.

Para os trabalhadores o impacto desse processo contribuiu para a redução do

número de funcionários e a intensificação e precarização do trabalho. Observamos isso

quando notamos uma redução do número de trabalhadores com a implementação e o

uso do código de barras e quando constatamos, a partir dos depoimentos dos

trabalhadores do GPA, que, com o trabalho no domingo e feriado, os trabahadores

ficaram sujeitos a situações de maior degradação do trabalho. A falta de tempo para

com a família, estudo e lazer é indicativo desse processo.

No que tange especificamente aos trabalhadores do comércio supermercadista de

São Paulo esses problemas persistem. Nota-se que, embora cresça a contratação de

trabalhadores com mais anos de escolaridade, detentores do ensino médio completo, o

problema dos baixos salários e das diferenças salariais entre homens e mulheres, como

observamos, é uma realidade.

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Soma-se a esses fatores o aumento da exigência e disponibilidade do trabalhador

a serviço da empresa. Isso ocorre de maneira sutil a partir de um discurso administrativo

que intitula os funcionários de colaboradores e afirma que esses fazem parte da empresa

e, portanto, devem estar à disposição da empresa. Com isso amplia-se a intensidade do

trabalho, levando a uma redução do tempo necessário para a execução de tarefas sem

que ocorra significativa contrapartida salarial para o empregado.

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