resumo - · pdf filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii)...

13
EDUCAÇÃO EM SAÚDE: DO TRADICIONAL AO INOVADOR Lucas Vinícius Ferraz Santos Castro (UNEB-Campus X– Bolsista PIBID/CAPES) Reynan Leal Ferreira (UNEB-Campus X – Bolsista FAPESB) Grégory Alves Dionor (UNEB-Campus X – Bolsista FAPESB) Liziane Martins (UNEB-Campus X – Bolsista CAPES) RESUMO: Um objeto de investigação que despertou o interesse de pesquisadores nas últimas décadas é a interface saúde-educação. Neste cenário, o Governo Federal implantou o Programa Saúde Escolar (PSE) para auxiliar a promover a saúde da população. Porém, após uma análise crítica dos documentos, constatamos que o PSE traz uma abordagem biomédica de saúde. Assim, construímos uma Sequência Didática (SD) que trata uma das linhas do PSE segundo a abordagem socioecológica. A SD também propõe uma visão Ciência-Tecnologia- Sociedade-Ambiente a partir de questões sociocientíficas. Espera-se que a SD seja um instrumento que auxilie os professores a fomentar a reflexão e a promoção do bem estar, além de contribuir com o problema da ausência de materiais sobre saúde. Palavras-chave: Abordagem de Saúde; Programa Saúde Escolar; Sequência didática. INTRODUÇÃO Ao longo dos anos o ensino tem sofrido diversas modificações, dentre elas, alterações nas disciplinas de Ciências e Biologia, nos Ensinos Fundamental II e Médio, respectivamente. Em geral, as mudanças apresentadas têm como objetivo desenvolver a criticidade e a cidadania dos discentes, considerando as circunstâncias histórico-culturais da sociedade. Um dos objetos de investigação que vem acompanhando essas modificações na educação e que desperta o interesse de pesquisadores nas últimas décadas é a interface saúde-educação. A situação das concepções de saúde - não muito diferente das de educação - vem, também, se alterando nas últimas décadas. No Brasil, entre as décadas de 20 e 40, predominou - com repercussão até hoje - o modelo higienista-eugenista, chamado também de sanitário, que foca a responsabilização individual no processo de saúde e ausência de doenças e, para isso, propõe a higienização e a moralização das pessoas e das cidades através de inspeções sanitárias nos indivíduos. (FREITAS; MARTINS, 2008). Posteriormente, nos anos 50, a saúde passou a ser relacionada ao modelo biomédico, no qual estabelece uma visão reducionista de saúde, de modo que, o adoecimento do indivíduo é visto apenas como uma questão relativa ao organismo e condicionada por ele e os aspectos psicológicos, socioculturais, políticos e ambientais das pessoas não são levados em conta (SOUZA, 2001; MARTINS; SANTOS; EL-HANI, 2012). 4919

Upload: truongnhi

Post on 31-Jan-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

EDUCAÇÃO EM SAÚDE: DO TRADICIONAL AO INOVADOR

Lucas Vinícius Ferraz Santos Castro (UNEB-Campus X– Bolsista PIBID/CAPES) Reynan Leal Ferreira (UNEB-Campus X – Bolsista FAPESB)

Grégory Alves Dionor (UNEB-Campus X – Bolsista FAPESB) Liziane Martins (UNEB-Campus X – Bolsista CAPES)

RESUMO: Um objeto de investigação que despertou o interesse de pesquisadores nas últimas décadas é a interface saúde-educação. Neste cenário, o Governo Federal implantou o Programa Saúde Escolar (PSE) para auxiliar a promover a saúde da população. Porém, após uma análise crítica dos documentos, constatamos que o PSE traz uma abordagem biomédica de saúde. Assim, construímos uma Sequência Didática (SD) que trata uma das linhas do PSE segundo a abordagem socioecológica. A SD também propõe uma visão Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente a partir de questões sociocientíficas. Espera-se que a SD seja um instrumento que auxilie os professores a fomentar a reflexão e a promoção do bem estar, além de contribuir com o problema da ausência de materiais sobre saúde.

Palavras-chave: Abordagem de Saúde; Programa Saúde Escolar; Sequência didática.

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos o ensino tem sofrido diversas modificações, dentre elas, alterações

nas disciplinas de Ciências e Biologia, nos Ensinos Fundamental II e Médio, respectivamente.

Em geral, as mudanças apresentadas têm como objetivo desenvolver a criticidade e a

cidadania dos discentes, considerando as circunstâncias histórico-culturais da sociedade. Um

dos objetos de investigação que vem acompanhando essas modificações na educação e que

desperta o interesse de pesquisadores nas últimas décadas é a interface saúde-educação.

A situação das concepções de saúde - não muito diferente das de educação - vem,

também, se alterando nas últimas décadas. No Brasil, entre as décadas de 20 e 40,

predominou - com repercussão até hoje - o modelo higienista-eugenista, chamado também de

sanitário, que foca a responsabilização individual no processo de saúde e ausência de doenças

e, para isso, propõe a higienização e a moralização das pessoas e das cidades através de

inspeções sanitárias nos indivíduos. (FREITAS; MARTINS, 2008).

Posteriormente, nos anos 50, a saúde passou a ser relacionada ao modelo biomédico,

no qual estabelece uma visão reducionista de saúde, de modo que, o adoecimento do

indivíduo é visto apenas como uma questão relativa ao organismo e condicionada por ele e os

aspectos psicológicos, socioculturais, políticos e ambientais das pessoas não são levados em

conta (SOUZA, 2001; MARTINS; SANTOS; EL-HANI, 2012).

4919

Page 2: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

Segundo Freitas e Martins (2008) somente décadas depois o aspecto exclusivamente

individual e biológico da saúde passou a ser questionado, pois se percebeu que muitas das

melhorias na saúde estão ligadas a outros fatores. Surgindo, então, a abordagem

socioecológica da saúde, caracterizado pela sua relação com determinantes gerais de natureza

política, social, econômica, ambiental e cultural, bem como sustentando o entendimento de

que saúde se constitui num processo construído com a participação dos próprios indivíduos,

condicionado, também, pelo coletivo e pelas políticas públicas (WESTPHAL, 2006;

MARTINS; SANTOS; EL-HANI, 2012).

Neste cenário, em 2007, diante da importância da inclusão da saúde na escola, o

Governo Federal implantou o Programa Saúde Escolar (PSE), com o objetivo de prevenir

doenças e promover a saúde da população a partir de ações conjuntas dos setores: Saúde e

Educação. Segundo os documentos do PSE, as ações objetivadas nesse programa devem fazer

parte do projeto pedagógico da escola, levando em conta as diferenças culturais das regiões do

país e a autonomia dos educadores.

Para isso, se propõe três componentes para o alcance do objetivo do programa: (i)

avaliação clínica e psicossocial, para obter informações sobre o crescimento, saúde mental e

desenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para

promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde; (iii) formação, visando instruir os

gestores e as equipes de saúde e educação que atuam no PSE (BRASIL, 2011).

Apesar de o PSE propor uma contribuição à promoção da saúde e prevenção à doença,

levando em conta, também, as diferenças culturais das regiões do país, o mesmo não ocorre,

pois, de acordo com Freitas e Martins (2008), o conceito de Promoção da Saúde é mais

abrangente do que isso, por considerar que o fator adoecimento não está ligado apenas às

práticas e comportamentos individuais e, também, não é condicionado apenas pelo

determinante biológico. Assim, constata-se que o programa PSE compartilha com a

abordagem biomédica, o reducionismo e o biologicismo em saúde, atribuindo, também, o

papel de agente de saúde ao professor.

Diante disto, este estudo visou à construção de uma Sequência Didática (SD)

motivadora, que alicerce a linha de ação “Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE): prevenção

ao uso de álcool e tabaco e outras drogas” do PSE , aos pressupostos da abordagem

socioecológica, incorporando, também, os constructos do movimento Ciência, Tecnologia,

Sociedade e Ambiente (CTSA) (ver SOLBES; VILCHES, 2004).

4920

Page 3: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

Espera-se que esta SD seja uma ferramenta inovadora que além de alicerçar o PSE,

auxilie os professores em sala de aula e, também, promova o desenvolvimento cognitivo dos

educandos, de modo que, a percepção, interpretação, raciocínio e imaginação dos mesmos

sobre determinados conteúdos resultem em aprendizado e soluções de problemas.

CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE (CTSA): UMA

ALTERNATIVA PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE

A sociedade vive em um mundo que é diariamente bombardeado por informações de

cunho científico e tecnológico que, na maioria das vezes, tratam a ciência e a tecnologia como

bem feitoras para o avanço da humanidade, condicionando, assim, o pensamento linear de

progresso sobre elas. Nesse sentido, a análise do papel da ciência e tecnologia (C&T) e de

suas repercussões na sociedade e no ambiente do âmbito escolar é de suma importância, tendo

em vista a urgência de discussões que visem a desmitificação do processo científico-

tecnológico (BAZZO, 2011).

O movimento CTSA propõe, então, que os conhecimentos básicos sobre C&T sejam

incorporados à cultura da população, como forma de superar um ensino fragmentado e não

crítico, a partir da relação entre os conhecimentos científicos, sociais, políticos, econômicos e

culturais (CONRADO, 2013). Há, também, alguns pesquisadores que caracterizam este

movimento como alfabetização científico-tecnológica (BAZZO, 2011), letramento científico

(SANTOS, 2005), formação para a cidadania e ação social responsável (SANTOS;

MORTIMER, 2001).

Deste modo, o CTSA é um movimento que, a nosso ver, compartilha os pressupostos

da abordagem socioecológica de saúde e, também, norteia as ações do PSE de forma

adequada, pois tende a fazer conexões mais claras entre ciência e seus contextos, social,

cultural, político e ambiental, de modo a desenvolver o posicionamento crítico dos estudantes

sobre questões variadas (ética, saúde, meio ambiente) com implicações sociais e individuais.

Uma das ferramentas proposta neste trabalho e que vem sendo discutida em diversas

pesquisas (BERNARDO; VIANNA; SILVA, 2011; SANTOS et al., 2011; CONRADO,

2013) para alcance dos pressupostos do movimento CTSA, é a utilização de questões

sociocientíficas (QSC), que aqui estarão atreladas à saúde. As QSC são questões

contextualizadas, com objetivo de proporcionar a criticidade dos educandos, para que os

mesmos possam fazer tomada de decisão sobre determinados conteúdos, como estímulo para

o ensino e a aprendizagem (BELL, 2003; CONRADO, 2013).

4921

Page 4: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

As Sequências Didáticas (SD) são conjuntos de atividades que objetivam de maneira

sistematizada auxiliar o processo de ensino e aprendizagem (DOLZ; NOVERRAZ;

SCHNEUWLY, 2004), através de ferramentas variadas, como dinâmicas, jogos, textos e

vídeos, diálogos, discussões e resoluções de problemas. Desta forma, as SD com o auxílio de

ferramentas variadas, podem favorecer a construção, pelos alunos, de novos e mais elaborados

conhecimentos num trabalho em grupo ou individual.

Para a construção da SD proposta neste trabalho, utilizou-se alguns procedimentos

compatíveis com as sequências de conteúdos e didáticas apresentadas por Zabala (1998).

Desse modo, a sequência proposta aqui, contempla: análise de conhecimento prévio; aulas

expositivas e dialogadas, de modo a contextualizar os conteúdos de Biologia aos pressupostos

da abordagem socioecológica da saúde. Para isso foram utilizadas diversas ferramentas,

visando contemplar essa contextualização. A sequência é sugerida para o 2º ano do Ensino

Médio, articulando-a aos conteúdos de anatomia e fisiologia humana: sistema nervoso e

sistema respiratório. Para melhor compreensão, a SD foi esquematizada em Encontros.

A PROPOSTA DE SD

I ENCONTRO

Duração: 03 horas/aulas

Objetivos: (i) Promover o interesse a cerca de conteúdos relacionados à anatomia e fisiologia

do corpo humano: sistema nervoso e respiratório; (ii) Reconhecer os conhecimentos prévios,

por meio de um jogo educativo; (iii) Entender o conteúdo que será trabalhado, através de

explanações e diálogos.

Recursos didáticos: Lousa ou quadro-negro; Pincel atômico ou giz; jogo educativo.

Desenvolvimento:

1. Reconhecimento dos conhecimentos prévios e apresentação da situação-problema “Uso de

drogas na contemporaneidade”, através de jogo educativo (ver APÊNDICE A) sobre o

sistema nervoso e o sistema respiratório, no qual os alunos deverão montar os sistemas,

posicionando os órgãos que o compõe.

2. Discussão sobre as ações/fatores que podem causar complicações nos sistemas indicados

pelos grupos.

4922

Page 5: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

» Durante a discussão o professor pode perguntar aos alunos, quais dos fatores indicados

pelos grupos são os que eles consideram mais importantes. Listar no mínimo três para cada

sistema.

3. Explicação sobre o funcionamento do sistema nervoso e diferenciação do sistema nervoso

central do periférico, elucidando os componentes de cada um. Exemplificando como

ocorrem algumas ações/fatores ditas pelos alunos. No máximo duas ações.

4. Atividade avaliativa: discussão em grupos sobre o que foi trabalhado em sala de aula,

seguido de construção de um mapa conceitual sobre o que foi discutido.

II ENCONTRO

Duração: 03 horas/aulas

Objetivos: (i) Discutir o conteúdo “Sistema Nervoso” relacionando-o com a atuação de

algumas drogas como os antidepressivos e o álcool; (ii) Levantar discussões sobre o que leva

o indivíduo a usar tais drogas; (iii) Contextualizar o que está sendo abordado com a realidade

socioeconômica atual.

Recursos didáticos: Lousa ou quadro-negro; Pincel atômico ou giz; data-show ou TV

pendrive; notebook; caixas de som; reportagem “Excesso de Antidepressivos” (TV

MACKENZIE, 2013); textos: “Drogas lícias e ilícitas” (DANTAS, 2014); “Novas drogas

lícitas são problema alarmante, segundo ONU” (OLIVON, 2013); “Prevalência do uso de

drogas e desempenho escolar entre adolescentes” (TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2001).

Desenvolvimento:

1. Explicação do sistema nervoso, especialmente do SNC. Rever os componentes que o

compõe e sua funcionalidade. Durante essa explicação é necessário a explanação dos

efeitos – como e onde agem - dos antidepressivos e do álcool neste sistema.

2. Explanar sobre o efeito psicoativo dos antidepressivos e do álcool no SNC, evidenciando a

semelhança de atuação dos dois produtos.

3. Leitura em grupo dos textos: “Drogas lícias e ilícitas” (ver DANTAS, 2014); “Novas

drogas lícitas são problema alarmante, segundo ONU” (ver OLIVON, 2013); “Prevalência

do uso de drogas e desempenho escolar entre adolescentes” (ver TAVARES; BÉRIA;

LIMA, 2001). DICA: Sugere-se a montagem de um texto único e curto a partir dessas

fontes.

4. Para complementação, sugere-se a exibição da reportagem “Excesso de

Antidepressivos” (TV MACKENZIE, 2013).

4923

Page 6: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

5. Contextualização e discussão do vídeo e do texto. Abra uma roda de conversa e levante

algumas questões, como:

- A depressão é uma doença que além de causar problemas psicológicos, leva também

às pessoas a terem problemas de socialização. Ao contrário do que se pensa a depressão

não é uma doença moderna, assim, quais são os fatores que podem levar a depressão?

- O alcoolismo pode conduzir à depressão e a depressão pode complicar-se devido ao

alcoolismo, podendo, inclusive, em casos extremos, levar ao suicídio. Devido aos seus

efeitos, o álcool pode provocar um alívio passageiro à ansiedade e ao stress,

camuflando, assim, durante algum tempo, a sensação de mal-estar. Por outro lado, beber

para “afogar as mágoas”, como se costuma dizer, pode aumentar o risco de dependência

do álcool. Sabendo disso, quais seriam os outros fatores, além da depressão, que podem

levar ao uso de álcool?

- Segundo o texto, o consumo de drogas é milenar e, somente a partir dos anos 60, se

tornou preocupação mundial. Atualmente tem se discutido muito sobre o efeito dessas

substâncias psicoativas para a saúde das pessoas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Contudo,

uma das maiores preocupações atuais é quanto ao uso das drogas legalmente liberadas

(álcool, cigarro, antidepressivos etc.). Sob esse contexto, o que pode estar influenciando

o crescimento do mercado de drogas lícitas? Será a sociedade quem influencia a

produção dessas substâncias devido à alta procura? Ou serão as indústrias que

influenciam a sociedade a consumir essas drogas?

- Muitos questionam a aceitação das drogas lícitas, uma vez que as mesmas são

prejudiciais para a saúde e, também, causam dependência nos usuários. Assim, o

critério de legalidade (ou não) de uma droga é historicamente variável e não está

relacionado, necessariamente, com a gravidade de seus efeitos. Sendo assim, para

vocês, quais seriam os critérios para legalização (ou não) de uma substância psicoativa?

DICA: anotar as respostas no quadro a fim de melhorar a visualização.

4. Atividade Avaliativa: discussão em grupos sobre o que foi trabalhado em sala de aula,

seguido de anotações dos tópicos no caderno.

III ENCONTRO

Duração: 03 horas/aulas

Objetivos: (i) Elucidar os fundamentos sobre o sistema respiratório, principais componentes e

funções; (ii) Explanar o efeito do uso de algumas drogas no sistema respiratório; (iii) Levantar

4924

Page 7: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

discussões sobre o álcool e a maconha, de forma a confrontar pensamentos e opiniões sobre o

assunto.

Recursos didáticos: Lousa ou quadro-negro; Pincel atômico ou giz; texto: “Maconha ou

álcool: o que é pior para a saúde?” (ROMANZOTI, 2014).

Desenvolvimento:

1. Explicação do sistema respiratório, especialmente do processo de inspiração e expiração,

elucidando os componentes desse sistema e suas respectivas funções.

2. Durante esse processo o professor deve perguntar aos alunos se eles saberiam dizer como

funciona o pulmão – por exemplo - de um fumante. A partir disso deve ser explicado como

age a fumaça do cigarro e dos outros produtos (maconha, crack) durante o processo de

respiração, mostrando os efeitos dos mesmos no organismo.

3. Leitura em grupos do texto “Maconha ou álcool: o que é pior para saúde?” (ver

ROMANZOTI, 2014)

4. Após a leitura do texto, abra uma roda de conversa sobre o que foi lido e levante algumas

questões:

- Segundo o texto, a comparação entre o álcool e a maconha é difícil de ser realizada.

Embora saibamos que ambas as substâncias sejam tóxicas, quando usadas para fins

recreativos, sua legalidade, padrões de consumo e efeitos a longo prazo sobre o corpo

são bastante distintas. Assim, para vocês, entre os dois produtos, qual é o mais

prejudicial ao curto prazo? E, em longo prazo? Essas drogas podem trazer algum

benefício?

- Os pesquisadores citados no texto apontam alguns problemas de saúde ligados ao

consumo de álcool e maconha, porém, os mesmos admitem que os efeitos ou

consequências causados por essas substâncias no organismo não são os mesmos em

todos os indivíduos. Sendo assim, para vocês, quais seriam os fatores que poderiam

influenciar as consequências/efeitos do uso dessas drogas no organismo? Por quê?

Para finalizar a discussão, lance uma última pergunta:

- Qual dessas drogas, dentre o álcool e a maconha, seria a mais prejudicial para saúde?

Por quê?

DICA: Nesse momento, deixe que os alunos dialoguem e troquem opiniões sobre a

questão. Somente no final da discussão esclareça que no momento, apesar de haver

algumas pesquisas ligadas a essas drogas, ainda não podemos afirmar qual traz mais

malefícios para a saúde, apenas podemos dizer alguns prós e contras sobre ambas.

4925

Page 8: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

DICA: anotar as respostas no quadro a fim de melhorar a visualização.

5. Atividade Avaliativa: construção – pelos alunos - de argumentos defendendo o seu

posicionamento sobre “O consumo de drogas na contemporaneidade”.

IV ENCONTRO

Duração: 03 horas/aulas

Objetivos: (i) Construir um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “O consumo de

drogas na contemporaneidade”; (ii) Socializar os pontos de vista defendidos nos textos; (iii)

Promover o respeito ao colega de sala, visto a diversidade de opiniões acerca do tema.

Recursos didáticos: Lousa ou quadro-negro; Pincel atômico ou giz; textos produzidos pelos

alunos.

Desenvolvimento:

1. Construção de um texto dissertativo-argumentativo sobre “O consumo de drogas na

contemporaneidade”. Sugerem-se as seguintes instruções aos alunos:

- A partir das discussões e leituras realizadas na sala de aula, anotações no caderno, seus

conhecimentos e os argumentos construídos na avaliação do Encontro III, redija um texto

dissertativo-argumentativo sobre o tema: “O consumo de drogas na contemporaneidade”.

Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a

defesa de seu ponto de vista.

2. Socialização dos textos produzidos. Neste momento, o professor anotará no quadro os

principais argumentos usados pelos alunos para a defesa do seu ponto de vista (a favor ou

contra) sobre o tema trabalhado.

3. Atividade Avaliativa: discussão dos argumentos utilizados na defesa dos diversos pontos

de vista. O professor deve agir como mediador, intervindo apenas no intuito de

direcionar o debate e inserir naquele contexto discussões sobre igualdade, respeito e

combate ao preconceito.

O QUE ESPERAR DESTA SD?

A escola possui um papel fundamental no processo de promoção da saúde. Através

dela é possível que os educandos se desenvolvam criticamente, para que estes, possam se

tornar capazes de exercer a cidadania e realizar escolhas conscientes, contribuindo desta

forma, para a melhoria da qualidade de vida. Estudos apontam um problema que limita a

introdução das questões de saúde na sala de aula: a ausência de ferramentas e materiais

4926

Page 9: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

didáticos – ainda que existam – que discutam saúde sob os constructos da abordagem

socioecológica. (MARTINS; SANTOS; EL-HANI, 2012).

Deste modo, esta SD possibilita: entender o conteúdo de biologia (sistema nervoso e

respiratório) e correlaciona-los com a saúde; discutir questões de cunho político-social;

refletir sobre questões familiares e cotidianas; respeitar opiniões divergentes; argumentar

sobre diversos problemas. Contudo, pode haver, também, algumas limitações: conflitos

durante as discussões, pois cada aluno possui bagagens socioculturais (opiniões) que pode

divergir dos demais, cabendo ao professor saber conduzir esses momentos; tempo sugerido

pode ser insuficiente para o desenvolvimento de alguns encontros; alguns alunos podem achar

a leitura e discussões dos textos cansativos, por isso é preciso que eles sejam estimulados

durante todo o processo mostrando que a leitura vai ser de fundamental importância para dar

continuidade; na construção dos textos únicos sugerido no encontro II, o professor talvez não

consiga o foco que se quer.

Vale destacar que além das propostas pedagógicas apresentadas nessa Sequência

Didática, existem outros métodos que também podem ser utilizados para discutir saúde numa

perspectiva socioecológica , como: Aprendizagem Baseadas em Problemas (ABP) (ver

ANDRADE; CAMPOS; 2005; CONRADO, 2013); Atividades experimentais (ver

REGINALDO; SHEID; GÜLLICH, 2012; OLIVERIA; CASSAB; SELLES, 2012). Contudo,

apesar de haver estas metodologias, reafirmamos, mais uma vez, a importância de estudos que

visam à construção de ferramentas que possibilitem introduzir questões de saúde em sala de

aula, tendo em vista sua carência no Ensino de Ciências e/ou Biologia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da importância de estudos relacionados à Educação em Saúde para a promoção

do bem estar e melhor qualidade de vida dos estudantes/indivíduos, acreditamos que esta SD

proposta venha contribuir ao professor, no que se refere ao desenvolvimento de atividades

variadas e inovadoras que auxiliem não somente ao modo de abordar saúde, mas, também, ao

processo de ensino e aprendizagem como um todo.

Por fim, apesar de esta SD ter sido construída alicerçada no PSE, a mesma não se

limita apenas a esta aplicação, uma vez que, o tema “Uso de drogas” é cotidiano e a todo o

momento é tratado na mídia. Ademais, informações científicas e tecnológicas e as

implicações sociais do uso de drogas psicoativas são frequentemente trazidas em reportagens,

por exemplo. Deste modo, é de suma importância que este tema – independente do PSE – seja

4927

Page 10: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

discutido em sala de aula, atrelando-o aos pressupostos socioecológico da saúde e aos

conteúdos de Ciências e Biologia.

REFERÊNCIAS ANDRADE, M. A. B. S. de.; CAMPOS, L. M. L. Análise da aplicação da aprendizagem baseada em problemas no ensino de biologia. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 5., 2005, Bauru, SP. Atas eletrônicas... Bauru: ABRAPEC, 2006. BAZZO, W. A. Ciência, tecnologia e sociedade: e o contexto da educação tecnológica. 3. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011.

BELL, R. L. Exploring the Role of NOS Understandings in Decision-Making. In: ZEIDLER, D. (ed.) The role of moral reasoning on socioscientific issues and discourse in science education. Dordrecht, The Netherlands: Kluwer Academic Publishers, 2003. p. 63-79. (Science & Technology Education Library, 19). BERNADO, J. R. da R.; VIANNA, D. M.; SILVA, V. H. D. da. Introduzindo questões sociocientíficas na sala de aula: um estudo de caso envolvendo produção de energia elétrica, desenvolvimento e meio ambiente. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 8., 2011, São Paulo. Atas eletrônicas... São Paulo: ABRAPEC, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Instrutivo Programa Saúde na Escola. Brasília: Editora MS, 2011. CONRADO, D. M. Uso de conhecimentos evolutivo e ético na tomada de decisão por estudantes de biologia. Salvador, 2013. 219p. Tese (Doutorado em Ecologia) Programa de Pós-graduação em ecologia e biomonitoramento, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.

DANTAS, T. Drogas lícitas e ilícitas. Mundo Educação, 2014. (On-line). Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/drogas/drogas-licitas-ilicitas>. Acesso em: 01 abr. 2014. DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 95-128. DOMINGOS, T. Sistema nervoso. Tuca Domingos, 2012. (On-line). Disponível em: <http://tucadomingos.blogspot.com.br/2012/06/cromoterapia-humaniversidade-holistica.html>. Acesso em: 15 mai. 2014. EXCESSO DE antidepressivos. Produção: TV Mackenzie. Canal Futura. 2013. (On-line). 4min. color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Hab13_-V-eA>. Acesso em: 01 abr. 2014.

4928

Page 11: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

FREITAS, E. O. de; MARTINS, I. Transversalidade, formação para a cidadania e promoção da saúde no Livro Didático de Ciências. Ensino, Saúde e Ambiente, v.1, n.1, p. 12-28, jul. 2008. FARIAS, G. Sistema respiratório. Pedagógiccos, 2013. (On-line). Disponível em: <http://pedagogiccos.blogspot.com.br/2011/10/sistema-respiratorio.html>. Acesso em: 15 mai. 2014. MARTINS, L.; SANTOS, G. S. dos; EL-HANI, C. N. Abordagens de Saúde em um livro didático de biologia largamente utilizado no Ensino Médio brasileiro. Investigações em Ensino de Ciências, v. 17 n.1, p. 249-283, 2012. NOVAS DROGAS, lícitas, são problema alarmante, segundo ONU. Exame. Editora Abril, 2013. (On-line). Disponível em: <http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/novas-drogas-licitas-sao-problema-alarmante-segundo-onu>. Acesso em: 01 abr. 2014. OLIVEIRA, A. A. Q. de.; CASSAB, M.; SELLES, S. E. Pesquisas brasileiras sobre a experimentação no ensino de Ciências e Biologia: diálogos com referenciais do conhecimento escolar. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, São Paulo, v. 12, n.2, p. 183-209, 2012. OLIVON, B. Novas drogas, lícitas, são problema alarmante, segundo ONU. Exame, 2013. (On-line). Disponível em: <http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/novas-drogas-licitas-sao-problema-alarmante-segundo-onu>. Acesso em: 20 jul. 2014. REGINALDO, C. C.; SHEID, N. J.; GÜLLICH, R. I. da C. O ensino de ciências e a experimentação. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL, 9., 2012, Caxias do Sul, RS. Anais eletrônicos... Caxias do Sul: ANPED SUL, 2012. ROMANZOTI, N. Maconha ou álcool: o que é pior para saúde?. Hype Science (On-line), 2014. Disponível em: <http://hypescience.com/maconha-ou-alcool-o-que-e-pior-para-a-saude/>. Acesso em: 01 abr. 2014. SANTOS, M. E. V. M. Cidadania, conhecimento, ciência e educação CTS. Rumo a “novas” dimensões epistemológicas. Revista CTS, Portugal, v. 6, n. 2, p. 137-157, 2005. SANTOS, P. G. F. dos.; LOPES, N. C.; CARNIO, M. P. et al. A abordagem de questões sociocientíficas no ensino de ciências: uma compreensão das sequências didáticas propostas por pesquisas na área. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 8., 2011, São Paulo. Atas eletrônicas... São Paulo: ABRAPEC, 2011. SANTOS, W. L. P.; MORTIMER, E. F. Tomada de decisão para a ação social responsável no ensino de ciências. Ciência & Educação, v. 7, n. 1, p. 95-111, 2001. SOLBES, J.; VILCHES, A. Papel de las relaciones Ciencia, Tecnología, Sociedad y Ambiente en la formación ciudadana. Enseñanza de las Ciencias, v. 22, n. 3, p. 000-000, 2004.

4929

Page 12: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

SOUZA, M. L. M. Das técnicas aos fins: a Educação em saúde em duas escolas do ensino Fundamental. Rio de Janeiro, 2001. Dissertação (Mestrado) Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001. TAVARES, B. F.; BÉRIA, J. U.; LIMA, M. S de. Prevalência do uso de drogas e desempenho escolar entre adolescentes. Revista de Saúde Pública, v. 35, n. 2, p. 150-158, 2001. WESTPHAL, M. F. Promoção da saúde e prevenção de doenças. In: CAMPOS, G. W. S. et al. Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec/Rio de Janeiro: FIOCRUZ, p. 635-667, 2006. APÊNDICES

APÊNDICE A: Jogo educativo

» A turma deve ser dividida em cinco grupos; » Os alunos devem escrever nas caixas em

branco os nomes dos órgãos indicados nas imagens; » Após a montagem dos sistemas, o

professor deve entregar os cartões que acompanham o jogo (seis cartões no total) para cada

grupo; » Cada cartão terá uma ação ou palavra que indique ser o causador/fator de alguma

falha em um ou ambos os sistemas. Assim, o professor deve pedir aos alunos que, a partir

dos seus conhecimentos, indiquem quais das ações escritas nos cartões podem causar

problemas nos sistemas; » A partir das indicações – pelos alunos - dos cartões para cada

sistema, sugere-se que então seja feita a apresentação da situação-problema norteadora da SD

– O uso de drogas na contemporaneidade. Segue o jogo abaixo:

Figura 1 – Sistemas respiratório (adaptado FARIAS, 2013) e sistema nervoso (adaptado

DOMINGOS, 2012)

4930

Page 13: RESUMO -   · PDF filedesenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens; (ii) promoção e prevenção à saúde, para promover saúde e prevenir doenças e agravos à saúde;

Figura 2 – Cartões com fatores que podem causar prejuízos aos sistemas

4931