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34 Águia Acadêmica - Revista Científica dos Discentes da FENORD - dezembro/2016
A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DO ABATE
DE AERONAVES SUSPEITAS
Vinícius Alves Batista1
Gylliard Matos Fantecelle2
RESUMO: Apresenta os aspectos constitucionais e funcionais da Lei
nº 9.614/98, também conhecida com Lei do Abate, lei que autoriza a
derrubada de aeronaves civis que adentrem o espaço aéreo brasileiro
sem autorização, ou que se recusem a obedecer às ordens emanadas
pela autoridade competente.
PALAVRAS CHAVES: Aspectos constitucionais, Lei do Abate,
Soberania Nacional e Interesse Público.
ABSTRACT: It has the constitutional and functional aspects of Law
No. 9,614 / 98, also known as the Slaughter Act, a law that authorizes
the felling of civil aircraft they should delve into Brazilian airspace
without authorization, or who refuse to obey the orders issued by the
competent authority.
KEYWORKS: Constitutional aspects, the Law Abate, National
Sovereignty and Public Interest.
1 Vinícius Alves Batista, bacharel em direito pela FENORD – Fundação Educacional
do Nordeste Mineiro. 2 Gylliard Matos Fantecelle, Advogado, Assessor Jurídico da APNM e ASPRA
(Associação dos Militares de MG), Mestrado pela Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES/UNIDA), Pós-Graduado em Ciências Criminais pela UNAMA/UVB,
Pós-Graduado em Direito e Processo Civil pela FADIVALE, Professor da Polícia
Militar de Minas Gerais (PMMG), Professor do Curso de Direito das Faculdades
DOCTUM e FENORD, Professor nos Cursos de Pós-graduação da FADIVALE, Ex-
Oficial Judiciário e Assessor de Juiz do TJMG, www.fantecelle.com.br.
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo abordar os aspectos
constitucionais da “Lei do Abate” e sua aplicabilidade em nosso
ordenamento jurídico. A lei em questão foi aprovada em 5 de março de
1998, com o nome de “Lei do Tiro de Destruição”, mais conhecida
como “Lei do Abate” devido a sua divulgação com esse nome pela
imprensa, entrando em vigor em 17 de outubro de 2004.
A discussão que se faz é que o “disparo de destruição” não
se trata de uma violação de direitos e garantias fundamentais do
cidadão comum, mas sim de um ato de soberania por parte do Estado
para combater o crime organizado que utiliza a aviação como meio de
transporte, uma vez que a soberania é poder absoluto e perpétuo do
Estado.
O objeto deste trabalho é apresentar a importância da “Lei
do Abate” para a segurança do país, sobretudo quando se cuida de
impedir a entrada de materiais ilícitos em território nacional. Neste
aspecto, a Lei é constitucional e como tal deve ser abordada.
2 ASPECTOS DA LEI DO ABATE
2.1 CONCEITO DE ABATE AÉREO
O abate aéreo consiste na derrubada de aeronave que venha
sobrevoar espaço aéreo restrito. O controle do espaço aéreo brasileiro
é exercido pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo.
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O DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) é
uma organização do Estado brasileiro, subordinado ao Ministério da
Defesa e ao Comando da Aeronáutica, responsável pelo controle
estratégico e sistêmico do espaço aéreo do país. Todos os serviços que
demandam um alto grau de tecnologia, mão de obra, pesquisa e
planejamento especializados, relacionados à gestão e ao gerenciamento
do espaço aéreo brasileiro ficam ligados a esse departamento
(BRASIL. Departamento de Controle do Espaço Aéreo).
A lei nº 7.565/98 que dispõe sobre o Código Brasileiro de
Aeronáutica, em seu artigo 11, estabelece que o Brasil deve exercer
completa e exclusiva soberania sobre seu espaço aéreo, espaço este que
é, segundo o artigo primeiro da Lei nº 8.617 de janeiro de 1993:
Art. 1º O mar territorial brasileiro compreende uma
faixa de doze milhas marítima de largura, medidas a
partir da linha de baixa-mar do litoral continental e
insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande
escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
Parágrafo único. Nos locais em que a costa apresente
recorte profundos e reentrâncias ou em que exista uma
franja de ilhas ao longo da costa na sua proximidade
imediata, será adotado o método das linhas de base retas,
ligando pontos apropriados, para o traçado da linha de
base, a partir da qual será medida a extensão do mar
territorial (BRASIL,1993).
A orientação, coordenação, controle e fiscalização de
aeronaves está submetida ao Ministério da Aeronáutica no que se refere
à navegação aérea; tráfego aéreo; infraestrutura aeronáutica; a
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aeronave; a tripulação e os serviços, direta ou indiretamente
relacionadas ao voo.
O artigo 13 da referida lei diz que a autoridade aeronáutica
poderá deter a aeronave em voo no espaço aéreo ou em pouso no
território brasileiro, quando a mesmo estiver em caso de flagrante
desrespeito às normas de direito aeronáutico; às de trafego aéreo ou às
condições estabelecidas nas respectivas autorizações. A autoridade
aeronáutica poderá ainda deter a aeronave quando colocar em risco a
segurança da navegação aérea, a ordem pública e a paz interna ou
externa.
2.2 POSSIBILIDADE DO ABATE AÉREO NA LEI 9.614/98
A lei 9.614 de 1998 alterou o Código Brasileiro de
Aeronáutica (7.565/86), passando a prever a possibilidade de abater
aeronaves suspeitas de tráfico de drogas que venham a ser consideradas
hostis e que estejam sobrevoando espaço aéreo brasileiro, após os
meios de interceptação realizados pela Força Aérea Brasileira.
Segundo o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica,
uma aeronave passa a ser considerada suspeita de estar realizando
tráfico de drogas, quando entra em território nacional, sem plano de
voo aprovado, e é oriunda de regiões reconhecidamente fontes de
produção ou distribuição de drogas ilícitas. Além disso quando passa a
omitir dos órgãos de controle de tráfego aéreo informações necessárias
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à sua identificação, ou por não cumprir determinações dessas mesmas
autoridades, caso esteja trafegando em rota presumivelmente utilizada
na distribuição de drogas ilícitas. (BRASIL. FORÇA AÉREA
BRASILEIRA, [s.d.],)
A Aeronáutica esclarece ainda que, ao ser considerada
suspeita, a aeronave estará sujeita a três medidas coercitivas realizadas
de forma progressiva, quando a anterior não obtiver êxito. A primeira
medida é de averiguação, quando se executará reconhecimento à
distância, confirmação de matrícula, contato rádio frequência de área,
contato rádio frequência de emergência e sinais visuais; a segunda, de
intervenção, caracterizada pela determinação de mudança de rota e
pouso obrigatório; e a terceira, de persuasão, que consiste em
realização de tiros de advertência, com munição traçante, lateralmente
à aeronave suspeita.
Caso a aeronave não atenda nenhuma das medidas
coercitivas supra descritas, a mesma passará a ser considerada hostil e
por consequência, estará sujeita a medida do tiro de destruição, que
será executada obedecendo às exigências previstas no regulamento
5.144/04.
2.3 ARTIGO 303 DO CÓDIGO BRASILEIRO DE AERONÁUTICA
A lei do abate modificou o artigo 303 do Código Brasileiro
de Aeronáutica acrescentando o § 2º e renumerando o atual § 2º como
§ 3º da seguinte forma:
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Art. 303. A aeronave poderá ser detida por autoridades
aeronáuticas, fazendárias ou da Polícia Federal, nos
seguintes casos:
I - se voar no espaço aéreo brasileiro com infração das
convenções ou atos internacionais, ou das autorizações
para tal fim;
II - se, entrando no espaço aéreo brasileiro, desrespeitar
a obrigatoriedade de pouso em aeroporto internacional;
III - para exame dos certificados e outros documentos
indispensáveis;
IV - para verificação de sua carga no caso de restrição
legal (artigo 21) ou de porte proibido de equipamento
(parágrafo único do artigo 21);
V - para averiguação de ilícito.
§ 1° A autoridade aeronáutica poderá empregar os meios
que julgar necessários para compelir a aeronave a efetuar
o pouso no aeródromo que lhe for indicado.
§ 2° Esgotados os meios coercitivos legalmente
previstos, a aeronave será classificada como hostil,
ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos
incisos do caput deste artigo e após autorização do
Presidente da República ou autoridade por ele delegada.
§ 3° A autoridade mencionada no § 1° responderá por
seus atos quando agir com excesso de poder ou com
espírito emulatório (BRASIL, 1986).
A defesa da soberania do Brasil compete a forças armadas,
que é constituída pelas três armas: Exército, Marinha e Aeronáutica. A
proteção do espaço aéreo compete a Força Aérea Brasileira, que tem
como missão “manter a soberania no espaço aéreo nacional com vistas
à defesa da pátria”, impedindo desta maneira que o espaço aéreo
nacional seja usado para prática de atos hostis ou de contrariedade aos
interesses nacionais.
Com relação à defesa do Estado, a Constituição Federal de
1988,em seu artigo 142 caput estabelece que:
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Art. 142 As Forças Armadas, constituídas pela Marinha,
pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
nacionais permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do Presidente da República, e destinam-se
à defesa da pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes,
da lei e da ordem (BRASIL, CF, 1988).
Dessa forma legitima ainda mais a medida adotada pelo
Estado.
2.4 REQUISITOS DO TIRO DE DESTRUIÇÃO
A Lei do Tiro de Destruição abrange somente aeronaves
suspeitas de tráfico internacional de drogas. A aeronave considerada
suspeita, como já mencionado anteriormente, estará sujeita a três
medidas coercitivas, aplicadas de forma progressiva sempre que a
medida anterior não obtiver resultado e desta forma poderá ser
considerada hostil.
As aeronaves de interceptação da Força Aérea Brasileira,
A-29 Super-Tucano, serão acionadas pelo Comando de Defesa
Aeroespacial Brasileiro (CONDABRA) para a execução de tais
medidas.
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Na medida de averiguação, que é o primeiro nível das
medidas coercitivas adotadas pela aeronáutica, busca-se determinar ou
confirmar a identidade de uma aeronave que consiste nos seguintes
procedimentos:
I- Reconhecimento à Distância, ocasião em que os
pilotos da aeronave de interceptação, de uma posição
discreta, sem serem percebidos, fotografam a aeronave
interceptada e colhem informações de matrícula, tipo de
aeronave, nível de voo, proa e características marcantes;
II- Confirmação da Matrícula, que se dá quando as
informações são transmitidas para a Autoridade de
Defesa Aeroespacial, que entrará no sistema
informatizado do Departamento de Aviação Civil
(DAC) para verificar se a matrícula corresponde ao tipo
de aeronave, o nome de seu proprietário, endereço,
dados de identificação, validade do certificado de
aeronavegabilidade, nome do piloto que normalmente a
opera, licença, validade de exame médico, dados de
qualificação e de localização, etc.
Caso a aeronave esteja em situação regular, será
realizado apenas o acompanhamento;
III- Interrogação na frequência prevista para a área,
que é do conhecimento obrigatório de todo
aeronavegante, consistindo na primeira tentativa de
comunicação bilateral entre a aeronave interceptadora e
a aeronave interceptada;
IV- Interrogação na frequência internacional de
emergência, de 121.5 ou 243 MHz, iniciando pela de
VHF 121.5 MHz, que é mostrada, através de uma placa,
à aeronave interceptada pelo piloto do avião de Defesa
Aérea, após ter estabelecido com ela contato visual
próximo;
V- Realização de sinais visuais, de acordo com as
regras estabelecidas internacionalmente e de
conhecimento obrigatório de todos os pilotos.
O piloto da aeronave interceptada não
respondendo e não atendendo nenhuma das medidas
acima citadas, passa-se então para o segundo nível das
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medidas coercitivas, denominadas medidas de
intervenção caracterizada por dois procedimentos:
I- mudança de rota, determinada pela aeronave de
interceptação, tanto pelo rádio, em todas as frequências
disponíveis, quanto por intermédio dos sinais visuais
previstos nas normas internacionais e de conhecimento
obrigatório;
II- pouso obrigatório, também determinado pela
aeronave interceptadora de forma semelhante à tarefa
anterior (BRASIL. FORÇA AÉREA BRASILEIRA,
[s.d.]).
O terceiro nível somente entrará em execução se o piloto
da aeronave suspeita não atender as exigências feitas anteriormente que
será a medida de coerção em que o piloto da aeronave de interceptação
realizará disparos com munição traçante, lateralmente a aeronave
suspeita de forma visível e sem atingi-la.
No total são nove as medidas a serem adotadas pela
autoridade de defesa aérea e somente quando transgredido os oito
procedimentos iniciais, é que a aeronave será efetivamente considerada
hostil ao Estado brasileiro, sujeitando-se à medida do tiro de destruição
que consiste no disparo de tiros com a finalidade de provocar danos e
impedir o prosseguimento do voo da aeronave transgressora.
O tiro de destruição deve atender obrigatoriamente as
exigências previstas no Decreto nº 5.144/04. São elas: a sua realização
só poderá ocorrer estando todos os meios envolvidos sob controle
operacional do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro
(COMDABRA), o que significa dizer que tanto os radares quanto as
aeronaves de interceptação envolvidas no policiamento do espaço
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aéreo deverão estar sob controle operacional das autoridades de defesa
aérea brasileira; os procedimentos descritos serão registrados em
gravação sonora e/ou visual das comunicações; será executado apenas
por pilotos e controladores de defesa aérea, qualificados, segundo os
padrões estabelecidos pelo Comando de Defesa Aeroespacial
Brasileiro (COMDABRA); o procedimento irá ocorrer sobre áreas não
densamente povoadas e relacionadas com rotas presumivelmente
utilizadas para o tráfico de drogas.
A competência para aplicar a medida de destruição foi
delegada pelo Presidente da República ao Comandante da Aeronáutica,
possibilitando maior agilidade no processo de tomada de decisão, com
elevado grau de confiabilidade e segurança.
Entre 2006 a 2013, foram realizadas 120 missões de
perseguição aérea na fronteira, de 15 a 20 por ano. São operações
conjuntas da FAB com Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,
Receita Federal e outros órgãos federais, estas ações não visam
somente à apreensão de drogas como as ações de contrabando. Foram
500 horas de voo de aeronaves de alarme aéreo antecipado E-99, com
radares na parte superior, e cerca de mil horas de voo de aviões
Tucanos interceptadores. Os dados são do Comando de Defesa
Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) (ÉBOLI, 2014).
Os resultados são bastante expressivos, sendo apreendidos
principalmente equipamentos eletrônicos, na casa dos milhões de reais,
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e várias toneladas de drogas (ÉBOLI, 2014), afirmou o brigadeiro
Carlos de Almeida Baptista Júnior, comandante do Comdabra.
O primeiro tiro de aviso foi dado somente cinco anos
depois da regulamentação da lei. Em junho de 2009, um A-29 Super-
Tucano abordou uma aeronave procedente da Bolívia com 170 quilos
de pasta básica de cocaína. Depois de 40 minutos de contato e
determinação para que o avião pousasse, o piloto do Tucano avisou que
seria efetuado os tiros de destruição (ÉBOLI, 2014).
3 TIRO DE DESTRUIÇÃO E AS EXCLUDENTES DE
ILICITUDE
3.1 TIRO DE DESTRUIÇÃO E A CONDUTA TÍPICA DE
HOMICÍDIO
O conceito de homicídio para Nélson Hungria consiste em:
O homicídio é o tipo central dos crimes contra a vida e é
o ponto culminante na ortografia dos crimes. É o crime
por excelência. É o padrão da delinquência violente ou
sanguinária, que representa como que uma reversão
atávica ás eras primevas, em que a luta pela vida,
presumivelmente, se operava com o uso normal dos
meios brutais e animalescos. É a mais chocante violação
do senso moral médio da humanidade civilizada (
HUNGRIA, 1958, p. 25 apud CUNHA, 2014, p. 68-69).
Consiste na morte injusta de uma pessoa praticada por
outra, onde a conduta típica consiste em tirar a vida de alguém.
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O tiro de destruição visa à efetiva derrubada de aeronave
considerada hostil e por consequência de tal medida seria inevitável
que os ocupantes da aeronave abatida venham a ter suas vidas ceifadas.
3.2 EXCLUDENTES DE ILICITUDE NA CONDUTA DO PILOTO
MILITAR
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do
Senado aprovou projeto de Lei que estabelece o julgamento do militar
que matar alguém usando a Lei do abate. Este deverá ser julgado pela
Justiça Militar. Até agora, não havia legislação específica, se houvesse
o abate com morte, o militar ia para julgamento na Justiça comum, o
que preocupava a cúpula militar e os militares envolvidos no abate. O
projeto foi aprovado em caráter terminativo, não passou pelo plenário
do Senado Federal e entrou em vigor após sua sanção pelo Presidente
da República (Abatimento, 2009).
O texto diz que é competência da Justiça Militar o
julgamento de crimes dolosos contra a vida cometidos por tiros de
destruição contra aeronaves civis. A legislação anterior dava margem
à abertura de processos criminais na eventualidade de morte dos
ocupantes dos aparelhos envolvidos em atividades ilegais, podendo
levar o militar ao tribunal de júri.
O relator da matéria, senador Geraldo Mesquita Jr.
(PMDB-AC), justifica a necessidade da medida dizendo que “o bem
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jurídico protegido numa ação de abate de aeronave em atividade ilícita
não é somente a vida, mas também a segurança pública”. Dessa forma,
não estaria enquadrado nas hipóteses previstas tradicionalmente como
de competência do Tribunal do Júri. Assim, o tiro de destruição estará
enquadrado, agora, no artigo 9º do Código Penal Militar, desde que
atende aos requisitos estabelecidos pelo Decreto 5.144, de 16 de julho
de 2004.
O Direito Penal prevê a possibilidade de se excluir a
ilicitude do fato típico. A ilicitude deve ser entendida como conduta
típica não justificada com uma relação de contrariedade entre o fato
típico e o ordenamento jurídico.
As causas de excludentes da ilicitude estão previstas no
artigo 23 do Código Penal que anuncia:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
Estado de necessidade (BRASIL, 1940).
O agente público, no despenho de suas atividades rotineiras
eventualmente se vê obrigado a violar um bem juridicamente tutelado.
Essa violação estará justificada pelo estrito cumprimento do dever
legal se dentro dos limites aceitáveis, desta forma não
consubstanciando o crime.
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A Lei 12.432/11 alterou o § único do Art 9º do Código
Penal Militar ao delimitar a competência da Justiça Militar da União
para julgar os crimes dolosos contra a vida praticados contra civis no
contexto do Art 303 do Código Brasileiro de Aeronáutica, alterado pela
Lei 9.614/98 (Lei do Abate) (SILVA, 2013).
Portanto, a Força Aérea Brasileira tem a prerrogativa de
tomar a decisão que culmine na derrubada de aeronave considerada
hostil, que pode resultar na efetiva morte de seus ocupantes. Desse
modo à conduta do piloto militar que cumpre ordens de derrubada de
aeronave civil que passou a ser considerada hostil não pode ter seu
comportamento equiparado a uma pessoa que comete homicídio
comum.
O Superior Tribunal Militar divulgou uma nota a respeito
do assunto através de sua assessoria de imprensa dizendo que: “A nova
lei ampliou a competência da Justiça Militar, que passará a julgar as
ações militares relacionadas à Lei do Abate, sempre que o
procedimento incorrer em crime” (NEGRÃO, IDE, SILVA JÚNIOR,
2011. p. 01).
4 CONSTITUCIONALIDADE DO TIRO DE DESTRUIÇÃO
4.1 DIREITO A VIDA: NENHUM DIREITO É ABSOLUTO
Vários doutrinadores diferenciam os direitos e garantias
fundamentais. No direito brasileiro tal diferenciação remonta a Rui
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Barbosa, ao separar tais disposições meramente declaratórias, estas que
imprimem existências legais ao direito reconhecido, e as disposições
assecuratórias, as que, em defesa dos direitos, limitam o poder
(ANTUNES, [s.d.]).
A Constituição Federal garante a igualdade entre todos
perante a lei, sem fazer qualquer distinção de nenhuma natureza,
garantindo-se não somente aos brasileiros, mas também aos
estrangeiros residentes ou não no Brasil a inviolabilidade do direito a
vida, tal direito vem a ser o mais fundamental dos direitos, pois este
constitui um pré-requisito à existência e efetivo exercícios de todos os
demais direitos garantidos pela lei.
A Constituição Federal proclama o direito à vida desta
maneira cabendo ao Estado assegurá-lo em duas concepções, a
primeira relacionada ao direito de continuar vivo e a segunda de se ter
uma vida digna no que diz respeito a subsistência.
Nenhum direito fundamental é absoluto, pois mesmo estes
sendo absolutos podem ser relativizados, pois estes podem entrar em
conflito entre si não podendo desta maneira dizer em um primeiro
momento qual destes irá sair “vitorioso” sem antes analisar
cuidadosamente o caso concreto e também nenhum direito
fundamental pode ser utilizado para a prática de atos ilícitos.
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4.2 RELATIVIZAÇÃO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA
DEFESA EM SITUAÇÕES IMINENTES OU DE GRAVE RISCO
De acordo com a Constituição Federal em seu artigo 5º,
inciso LV é assegurado ao acusado o contraditório e a ampla defesa.
Ampla defesa deve ser entendida como um asseguramento
dado ao réu para que este possa trazer ao processo todos os elementos
que possam esclarecer a verdade, enquanto o contraditório seria a
exteriorização da ampla defesa, ou seja, a condução dialética do
processo.
Com efeito, em situações eminentes ou de grave risco em
que não existe um lapso temporal hábil para o tiro de destruição, a
verdade é que a sua não utilização colocará em grave risco a sociedade
brasileira na medida em que o tráfico de drogas estará sendo praticado
através do uso da aeronave.
Por sua vez, o agente transportador da droga, antes de ter
sua aeronave abatida deve ser devidamente advertido por todos os
meios possíveis para não prosseguir com a prática delituosa,
garantindo-se ao mesmo o devido processo legal que é amparado pela
Constituição.
Ignorando o agente os avisos e pedidos da autoridade
competente, este lançou mão de tal direito fazendo assim plausível e
justificada a ação do Estado.
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Ora, qual medida o Estado deveria tomar se não o tiro de
destruição?
4.3 PONDERAÇÃO DE INTERESSES (ROBERT ALEXY) E A
DEFESA DA SEGURANÇA NACIONAL
A ponderação de interesses deve ser analisada como um
elemento da proporcionalidade. Com efeito, o princípio da
proporcionalidade é um dos mais importantes princípios, pois exerce
função imprescindível na proteção dos direitos fundamentais. Observa-
se que a harmonia entre os direitos fundamentais só é alcançada através
da aplicação da proporcionalidade que, sob a forma de princípios,
devem ser realizados nas máximas medidas possíveis.
A ideia de proporção está ligada ao direito. A proporção é
encontrada na relação entre meio e fim, pois sempre haverá uma
medida questionada, cuja finalidade também será avaliada para que se
possa aplicar corretamente a proporcionalidade. O questionamento que
se faz de uma medida tem como base outro princípio, que foi atingido.
A proteção aos direitos fundamentais está ao lado das
discussões sobre os limites existentes para restrição de um direito
fundamental. Um destes limites é a aplicação da proporcionalidade. Os
autores alemães denominaram “limites dos limites” o elenco de
proteções contra as restrições tão intensas que levariam ao
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esvaziamento ou supressão de um direito fundamental. Neste rol de
limites são incluídos os direitos fundamentais.
Em outras palavras, um ato que limita um direito
fundamental é somente necessário caso a realização do objetivo
perseguido não possa ser promovida, com a mesma intensidade, por
meio de outro ato que limite, em menor medida, o direito fundamental
atingido.
Neste caso, a análise a ser feita é qual interesse deve ser
protegido pelo Estado, o particular e o direito à vida ou o público e a
segurança nacional? O interesse público deve sempre prevalecer sobre
o privado, mesmo este sendo um direito fundamental uma vez que não
se pode gozar de um direito para cometer um ilícito.
Tal medida adotada pelo Estado tem caráter proporcional,
uma vez que não logrou êxito em tentar a parar a conduta do agente,
sendo necessário assim o tiro de destruição para poder garantir a
segurança nacional e impedir a entrada de drogas no país.
4.4 DIREITO COMPARADO: IMPLANTAÇÃO DA “LEI DO
ABATE” EM OUTROS PAÍSES
Devido a resistências políticas internas e externas, a Lei nº
9.614/1998 só foi regulamentada no Brasil seis anos após sua edição,
através do Decreto nº 5.144/2004. No ordenamento jurídico brasileiro,
a resistência à “Lei do Abate” pautou-se na discussão quanto à
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harmonia da lei com a Constituição Federal, principalmente no que
tange à pena de morte. Entendia-se que a aplicação da Lei representaria
“pena de morte” por meio de decisão sumária de autoridade
administrativa, sem que houvesse o estado declarado de guerra.
Essa discussão estendeu-se ao âmbito externo, quando
também se tornou a preocupação de organizações de direitos humanos.
Isso ocorreu após um equivocado abate de uma aeronave em voo no
Peru, em 2006, onde uma missionária norte-americana e sua filha de
seis anos e mais 48 pessoas morreram. Com isso, as organizações de
direitos humanos ampliaram seus argumentos contra a regulamentação
da “Lei do Abate” (ALENCAR, 2009).
Além disso, sob pressão dessas organizações de direitos
humanos, o governo dos Estados Unidos, preocupado com possíveis
processos judiciais contra seus fabricantes de aeronaves e
equipamentos utilizados para efetuar o abate, decidiu cortar as relações
comerciais com países que adotassem a medida de destruição de
aeronaves.
Em 2003, o então Ministro da Defesa, José Viegas, tentou
um acordo para unificação do procedimento da medida de destruição
entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, países onde já existia autorização
para o abate de aeronaves (MONTEIRO, 2008).
A unificação visava facilitar a negociação com os Estados
Unidos para que este não aplicasse aos três países as sanções
comerciais previstas aos países adotantes da medida de destruição.
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Em 19 de agosto de 2003, Donald Henry Rumsfeld, então
Secretário da Defesa dos Estados Unidos, restabeleceu o acordo de
interdição aérea com a Colômbia, permitindo o retorno dos abates de
aeronaves como uma medida extrema contra o tráfico e o terrorismo.
Algumas condições foram impostas para o
restabelecimento deste acordo, dentre as quais, que fosse adotada uma
legislação uniforme entre Colômbia, Brasil e Peru, e que não fossem
utilizadas aeronaves norte-americanas, ou aeronaves com componentes
norte-americanos para o procedimento de abate. O objetivo desta
última condição era evitar a responsabilização criminal dos Estados
Unidos, bem como de seus cidadãos, caso estes viessem a participar de
um procedimento de abate, em caso de erro decorrente de tal
procedimento. O acordo entre Colômbia e Estados Unidos impulsionou
o mercado aeronáutico no Brasil, o qual vendeu 25 aeronaves da
Embraer, modelo A-29 (Super-Tucano) para a Colômbia (ALENCAR,
2009).
Com o acordo entre os Estados Unidos e a Colômbia, o
Brasil passou a aguardar o posicionamento do Peru para concretizar
uma legislação comum aos três países. O plano de unificação da
legislação do abate estendia-se, inclusive, a outros países sul-
americanos, como a Bolívia e a Venezuela, para que se criasse um
“sistema interativo de controle”, o que permitiria uma “transferência
de alvo”, ou seja, uma aeronave que estivesse sendo perseguida por um
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dos países adotantes da legislação unificada, já entraria no território de
outro dos países como suspeita.
Com efeito, a preocupação de se proteger contra aeronaves
hostis não é exclusividade dos países da América do Sul. Outros países
permitem o abate de aeronaves hostis, como é o caso do Reino Unido
e dos Estados Unidos da América, muito embora o cenário atual que
motiva esses dois países a permitirem o abate de aeronaves seja distinto
daquele do momento em que dispuseram legalmente sobre o assunto.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta maneira, surgiu a polêmica da inconstitucionalidade
da Lei nº 9.614/98, sob a alegação de que esta seria uma pena de morte
em tempos de paz. Por tal argumento, pode-se dizer que o poder
discricionário da Administração Pública quanto a esse tema seria
desnecessário, o que não procede conforme o exposto neste trabalho.
Todavia, a Lei nº 9.614/98 prima pelo desenvolvimento do
Sistema de Defesa Aérea e pela eficácia da defesa e do controle do
tráfego aéreo brasileiro, pois, como demonstrado pela historicidade,
quando da ausência de sua regulamentação, o patrulhamento do espaço
aéreo brasileiro encontrava-se deficiente, e o território encontrava-se
vulnerável.
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Por fim, verifica-se que a norma em análise não colide com
a garantia do direito à vida. Ao contrário, ela é um instrumento de
proteção da vida da população brasileira.
Assim sendo, tal dispositivo legal não fere princípios
constitucionais, sendo, desta maneira perfeitamente aplicável no caso
concreto, pois a intenção do legislador não foi matar o piloto e a
tripulação da aeronave alvejada, mas tão somente inibir a entrada de
ilícitos no país. Com efeito, fica claro que a “Lei do Abate” surgiu
como um instrumento de defesa da Soberania do Estado brasileiro e
como tal deve aplicado.
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57
Águia Acadêmica - Revista Científica dos Discentes da FENORD - dezembro/2016 57
que dispõe sobre o Código Brasileiro de Aeronáutica, no que concerne
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