resumo - occ.pt · 2 resumo a concentração do mercado de auditoria, pelo lado da oferta, tem sido...
TRANSCRIPT
ISBN: 978-972-9171-86-4
1
Análise empírica do mercado de auditoria português
Bruno José Machado de Almeida
Alexandre Gomes da Silva
Área Temática: A8 - Auditoria
Palavras-chave: Auditoria, mercado de auditoria, indicadores de concentração, competição no
mercado, especialização em auditoria.
Metodologia de Investigação: M3 – Empirical Archival
2
Resumo
A concentração do mercado de auditoria, pelo lado da oferta, tem sido objeto de alguns
estudos em Portugal. Carmo Gonçalves (2009) e Almeida (2012) concluíram pela existência
de forte concentração no setor das empresas cotadas e quando se analisa a atividade de todos
os profissionais no ativo, uma distribuição mais equitativa, com tendência para se afastar da
reta de igual distribuição. Após os referidos estudos surgiram três acontecimentos
importantes: a liberalização dos honorários, alterações no número de empresas sujeitas a
auditoria e os ROC, que auditam EIP, são obrigados a publicar um relatório anual de
transparência. O trabalho baseia-se nas informações divulgadas nesse relatório no triénio de
2010 a 2012. Os dados obtidos foram objeto de tratamento de acordo com as seguintes
metodologias: ratio de concentração, índices de Herfinthal e de Gini e curva de Lorenz.
Concluímos que, de acordo com tendência internacional, há uma concentração do mercado de
auditoria.
Palavras-chave: Auditoria, mercado de auditoria, indicadores de concentração, competição
no mercado, especialização em auditoria.
Abstract
The concentration of the audit market, in the supply side, has been the subject of some studies
in Portugal. Carmo Gonçalves (2009) and Almeida (2012) concluded that there was strong
concentration in the sector of public companies and when analyzing the activity of all active
professionals, a more equitable distribution was found, tending to move away from the line of
equal distribution. After these studies three important events emerge: the liberalization of
fees, changes in the number of companies subject to audit and the public companies auditors
are required to publish an annual transparency report. The work is based on the information
disclosed in this report in the triennium 2010-2012. The data were subject to treatment
according to the following methodology: concentration ratio, Herfinthal and Gini indices and
Lorenz curve. We conclude that, in accordance with the international trend, there is a
concentration of the audit market.
Key-words: audit, auditing market, concentration indicators, competition in the market,
specialization in auditing.
3
Introdução
Nos Estados Unidos, na Europa e mais recentemente em Portugal, o mercado de serviços de
auditoria tem sido estudado profundamente. Este parece estruturado como um mercado de
concorrência perfeita tendo por base o seguinte raciocínio lógico: o processo de auditoria,
fortemente formatado e regulamentado, sugere a existência de um produto homogéneo, o que
aponta indiferença relativamente ao recrutamento do auditor e, por outro lado, quer pelo lado
da oferta, quer pelo lado da procura, observa-se um número elevado de empresas a oferecer e
a comprar. Assim, o mercado aparenta cumprir as características de concorrência perfeita,
tanto mais que, de acordo com o modelo, nenhum concorrente tem condições para se impor
relativamente às forças livres que atuam no mercado. No entanto, como sugerem Benau,
Barbadillo e Martínez (1998), Bueno e Morcillo (1993), Porter (1985), os mercados
funcionam com um certo grau de imperfeição, e os parâmetros que induzem a existência do
tipo de modelo acima referido não são suficientes para o conhecer em detalhe, daí a
necessidade de recorrer a outras medidas – ratio de concentração (CR), índice de Hirschman
Herfindahl (H), índice de Gini (IG) e Curva de Lorenz (CL) – para perceber da existência de
situações intermédias entre a concorrência perfeita e o monopólio.
Os estudos realizados em diferentes países evidenciam que uma das variáveis de maior
conteúdo informativo é o conceito de poder de mercado, considerado como a capacidade de
algumas empresas em imporem determinadas condições, afastando-se, em consequência, dos
padrões de comportamento inerentes ao modelo de concorrência perfeita. Pressupõe-se, assim,
que as empresas de maior dimensão são capazes de exercer uma considerável influencia sobre
o mercado no seu conjunto, tendo capacidade para atuar sobre os principais parâmetros da
transação: o preço e a qualidade. Transportando esta axiomática para a auditoria, a
concentração existente sugere que, através de uma ação conjunta, o poder de mercado pode
afetar negativamente a eficiência da afetação de recursos. Todavia, é necessário evidenciar
este poder através de uma análise empírica do volume de atividade do mercado e da sua
distribuição entre as diferentes empresas que prestam serviços de auditoria. Assim, o
funcionamento do mercado de auditoria pode assumir disfuncionalidades se várias empresas
controlarem uma quota de mercado suficientemente importante para impor comportamentos
suscetíveis de afetar a concorrência. As medidas anteriormente mencionadas são, entre outras,
instrumentos utilizados para medir a estrutura de mercado dos serviços de auditoria pelo lado
da oferta e o tipo de concorrência existente.
Os Estados Unidos, em 1967, foi o país pioneiro na aplicação da metodologia baseada nos
índices de concentração (Zeff & Fossum, 1967) devido a três aspetos: à grande importância
4
atribuída à auditoria pela sociedade americana, na qual esta é entendida como um serviço
solicitado voluntariamente pelo cliente e não como uma imposição legal (Hottegindre &
Lesage, 2008), à tradição da sua utilização como importante instrumento do mercado
financeiro e à observação sistemática do princípio da transparência na utilização pública das
bases de dados. Nas décadas seguintes confirma-se que as grandes empresas internacionais de
auditoria controlavam largamente o mercado gerando, em contrapartida, uma diminuição das
quotas de mercado das médias e pequenas empresas. Nos países europeus, desde a década de
70 do século passado, os mercados de auditoria foram igualmente investigados em diferentes
países: Reino Unido, Dinamarca, Holanda, Alemanha, Espanha, Portugal. O trabalho
precursor, devido a Moizer e Turley (1989), enfatiza o facto de as maiores empresas
industriais do Reino Unido, no período de 1972-1982, serem auditadas por quatro grandes
firmas internacionais de auditoria, com uma quota de mercado próxima dos 55%.
O mercado europeu de auditoria tem sido objeto de aprofundamento em termos comunitários,
conforme o demonstram o relatório MARC (1996), cuja preocupação central é o papel, a
posição e as responsabilidades do auditor legal na União Europeia e o seu impacto no
funcionamento do mercado interno dos serviços de auditoria. Por sua vez, o Green Paper
(1996) regulamenta a auditoria legal e a necessidade de intervenção ao nível europeu, bem
como a liberdade de estabelecimento e a livre prestação de serviços no mercado europeu de
auditoria.
Em 2010 a União Europeia no Livro Verde (Green Paper) “Política de auditoria: as lições da
crise” realça a excessiva concentração do mercado de auditoria nas designadas big four, o que
representa um risco sistémico.
O nosso estudo contribui para aprofundar a investigação sobre o mercado da auditoria, pelo
lado da oferta, pelas seguintes razões: em primeiro lugar por ser o primeiro estudo elaborado
em Portugal depois da obrigatoriedade, imposta aos auditores que auditam entidades de
interesse público, de publicarem o relatório anual de transparência, em segundo lugar, pelo
facto de os últimos estudos publicados em Portugal se basearem em informação relativamente
afastada, carecendo, por isso, de atualização; por último por apresentar a situação do mercado
de auditoria de uma média económica europeia em crise, tutelada pelas organizações
financeiras internacionais.
5
1. Revisão da bibliografia
Desde 1967 até ao ano 2013, diferentes investigadores nos Estados Unidos, na Europa, na
Austrália e na Nova Zelândia, têm manifestado um conjunto alargado de preocupações sobre
o mercado dos serviços de auditoria, suportadas em estudos empíricos sobre a diminuta
concorrência existente, em virtude de um número cada vez menor de participantes.
A literatura internacional sobre o tema comporta um conjunto diversificado de vertentes (Sori,
2009) das quais destacamos: a concentração do mercado de auditoria, a licitação ou concurso,
convite ou oferta de serviços sem ser solicitado, a publicidade, a habilidade do auditor para
resistir à pressão do cliente e, por fim, os preços e as práticas de low-balling. De todas estas
dimensões, enfatizaremos, neste trabalho, a problemática da concentração de mercado dos
serviços de auditoria. Esta convergência acarreta um conjunto de perigos potenciais que
podem resultar numa nova crise financeira, oriunda, uma vez mais, na perda de credibilidade,
por parte do público em geral, na informação financeira apresentada e divulgada pelas
empresas e auditada pelos auditores.
Com efeito, o CLERP 9, como salientam Green, Walker e Mckinnon (2010), analisa a
independência do auditor, num mercado cada vez mais concentrado e sugere a existência de
imparidades naquele atributo. Na mesma linha de pensamento, Lambe (2013) refere o UK
Office of fair trading (2011) onde são evidenciados, entre outros, os efeitos adversos sobre a
concorrência, a existência de conluios entre as grandes empresas de auditoria e o
aparecimento de significativos comportamentos anti-competitivos. Neste enquadramento,
Francis, Michas e Seavey (2013) referem, na sequência do Green Paper (2010) e da
recomendação efetuada pela Comissão Europeia ao Parlamento Europeu (2011), um número
alargado de medidas para reduzir o domínio das grandes empresas de auditoria: proibi-las de
facultarem serviços extra-auditoria, tornar obrigatório a rotação dos mandatos e de mandatos
conjuntos, implicando esta última situação a existência simultânea de uma sociedade de
auditoria considerada não grande. Por sua vez, o United States Governement Accountability
Office (GAO, 2008) reconhece, através da utilização do índice de Herfindahl calculado com
base nas quotas de mercado de auditoria que, desde 1980, um número muito pequeno de
empresas de auditoria audita maioritariamente um número crescente de empresas cotadas
sujeitas à jurisdição da SEC e, como resultante, refere que o mercado tem características de
oligopólio, pela concentração dos rendimentos da auditoria num número limitado de
empresas. O GAO (2008) alerta, contudo, que um mercado altamente concentrado não
implica necessariamente comportamentos anti-competitivos. De facto, a competição em
oligopólio pode ser intensa e possibilitar preços mais competitivos, além de facultar mais
6
inovação e produtos de elevada qualidade. É ainda referido que o mercado de serviços de
auditoria com um número reduzido de players tem razões históricas e pode gerar vantagens.
Com efeito, o GAO (2003) salientava que as fusões no mercado de auditoria são a resposta à
globalização das empresas que se transformaram em players mundiais. Na Europa, a
concentração do mercado de auditoria é especialmente importante no Reino Unido, onde em
consequência dos relatórios Oxera (2006), discute-se, em 2010, na Câmara dos Lordes as
consequências da concentração do mercado de auditoria em quatro grandes empresas,
focando-se o debate, com especial incidência, na falta de concorrência com eventuais
repercussões na qualidade da auditoria, tendo presente o desempenho das big four no
desenvolvimento da crise financeira. Discutem-se, igualmente, as vantagens e os
inconvenientes da concentração do mercado de serviços de auditorias no setor financeiro. O
relatório final (2011) é bastante crítico relativamente ao desempenho das grandes empresas de
auditoria.
No início do século, com o colapso da Arthur Anderson, surge a Sarbanes–Oxley Act (SOA,
2002) que mandatou a GAO(2003) para estudar a concentração no mercado de auditoria.
Conclui-se que nos Estados Unidos e no mundo existem poucas empresas de auditoria com
capacidade para auditar empresas multinacionais, o que levanta, além do elevado risco de
concentração, problemas de escolha, de preço e de qualidade.
Lambe (2013) identifica um conjunto de barreiras à entrada no mercado de auditoria e
apresentando como soluções: uma maior transparência no processo de recrutamento dos
auditores, a obrigatoriedade de rotação dos auditores e das sociedades de auditoria, uma maior
enforcement na monitorização da qualidade da auditoria, uma ligação direta dos auditores ao
comité de auditoria, uma coordenação mais ativa entre os gestores, os acionistas e os
auditores, o desenvolvimento do papel dos acionistas no processo de accountability,
alterações no modelo de relatório de auditoria de forma a torná-lo mais eficaz e transparente
e, por último, a elaboração de auditorias conjuntas.
Steponaviciute e Zvirblis (2011) sugerem que a ligação do mercado de auditoria à
estabilidade financeira é um ponto de convergência entre os políticos e os participantes no
mercado de capitais, apontando, no entanto, o facto de os investigadores terem encontrado
uma ambígua relação na supracitada conexão. Enfatizam ainda, de acordo com Cetorelli,
Hirtle, Morgan, Peristiani e Santos (2007), a elevada resistência dos mercados concentrados
relativamente à substituição dos auditores. Cabán-Garcia e Cammack (2011), por sua vez,
referem que a concentração está associada à dimensão da indústria, à concentração de clientes
e ao indicador que relaciona as empresas de auditoria com o número de sociedades existentes.
7
Francis, Michas e Seavey (2013) investigaram a estrutura do mercado de auditoria em 42
países e a sua relação com a qualidade de uma auditoria, concluindo pela ausência de relação.
Krambia-Kapardis e Zopiatis (2010), Grinevicius e Krivka (2009), Ferguson, Francis e Skotes
(2003) apresentam investigações relativamente aos problemas de concentração do mercado de
auditoria: estruturas do mercado, concentração e honorários recebidos, índices a aplicar em
mercados em oligopólio, etc.
Esta problemática porém não é recente. Com efeito, na década de 80, nos Estados Unidos,
Dopuch e Simunic (1980), entre outros, analisam o segmento das empresas cotadas e através
da técnica do CR, referem a existência de elevados níveis de concentração (95-98%), quando
eram agregados oito empresas (CR8), ou (60-70%), para um CR4. Na década de 90, com as
mega fusões entre as grandes empresas de auditoria, o indicador acima referido exponencia o
gap entre as grandes empresas e as pequenas e médias empresas de auditoria (Wootton,
Tonge, & Wolk, 1994). Ao nível europeu realçamos os estudos efetuados no Reino Unido
(Beattie & Fearnley, 1994; Christiansen & Loft, 1992), em Espanha, Benau et al. (1998), na
Bélgica, Numan e Willekens, (2012). Estes auditores evidenciam diferenças sensíveis entre os
diferentes países europeus e apontam para níveis de concentração inferiores aos verificados
nos Estados Unidos. Na década de 90 os níveis de concentração continuam a aumentar,
iniciando-se, assim, uma fase de análise crítica dos efeitos da concentração sobre a
competitividade e sobre o relatório de auditoria (Dopuch & Simunic, 1980; Campbell &
McNiel, 1985), bem como sobre os efeitos do poder de uma estrutura oligopolizada na
objetividade e na independência do auditor (Minyard & Tabor, 1991; Tonge & Wootton,
1991).
Johnson, Walker e Wester Gaard (1995) referem que as autoridades reguladoras da auditoria
requerem mais controlo, supervisão e vigilância, com o objetivo de aumentar a sua eficácia e
associam diretamente o estudo o grau de concentração dos mercados com o desenvolvimento
económico de um país.
Em Portugal, tanto quanto é do nosso conhecimento, existem dois estudos sobre esta
problemática: Carmo Gonçalves (2009) e Almeida (2012) através de bases informáticas
diferenciadas e com o recurso a distintas medidas, apontam a existência de forte concentração
nas empresas cotadas. No entanto, o estudo elaborado pelo segundo investigador abrange a
generalidade dos auditores que, à data de 2004, tinham atividade, e aponta conclusões
diferentes relativamente às empresas não cotadas. Com efeito, Almeida (2012) analisa a
procura e a oferta no mercado de serviços de auditoria, adotando como variáveis as empresas
sujeitas a revisão legal de contas, bem como o número de ROC em atividade.
8
Assim, com base nos quadros de evolução da atividade profissional, publicados pela OROC,
em 2004, e utilizando técnicas de extrapolação linear, medidas de tendência central, índices
de concentração e a curva de Lorenz, obteve resultados que lhe permitiram concluir que o
forte enquadramento legal, a estrutura da oferta, gerida administrativamente e impondo um
número limitado de empresas a cada ROC, bem como a existência de uma tabela de
remunerações, foram fatores que contribuíram para uma equitativa distribuição geográfica e
uma concentração mínima, ainda que com distribuição desigual. Alerta, por fim, para a
existência de uma tendência de concentração no mercado de auditoria legal, enfatizando que o
grau de concentração, nas empresas cotadas, é muito grande estando concentrado nas grandes
multinacionais de auditoria.
2. Metodologia
2.1. Recolha de informação e amostra
O art. 62º-A, nº1 do EOROC obriga a que as SROC/ROC, que auditem entidades de interesse
público, publicitem um relatório anual de transparência no site da respetiva SROC/ROC. Foi
consultado o site da OROC onde se encontram registados todos os ROC e as SROC em
atividade em Portugal, e onde consta, entre outras, informação relacionada com o site da
empresa.
Com base na listagem da OROC retiramos os endereços dos sites das SROC/ROC.
Seguidamente, observámos cada site para verificar a existência ou não do relatório anual de
transparência. Procedemos à sua análise no sentido de aferir qual o volume de negócios da
sociedade, o nº de sócios, se estão ou não ligados a uma rede internacional e as entidades de
interesse público que auditam: detetamos uma universalidade de sessenta e uma empresas
(ROC e SROC) que, em 2012, auditam entidades de interesse público e que tem divulgado o
relatório anual de transparência no respetivo site.
As dez maiores empresas de auditoria a operar em Portugal, ordenadas por volume de
negócios e o volume de negócios global1 das empresas que auditam entidades de interesse
público estão elencados na tabela seguinte:
Tabela 1 - Volume de negócios das empresas de auditoria que auditam entidades de interesse público
1 Neste caso apenas evidenciamos o volume de negócios total das empresas de auditoria que auditam entidades
de interesse público relativo ao ano de 2012, pois algumas empresas de auditoria apenas apresentam no seu site o
relatório anual de transparência do ano em causa, retirando os relatórios dos anos anteriores.
9
1 E&Y 30 267 9 355 23 055 62 677 32 286 0 3 360 35 646 26 886 6 470 17 229 50 585
2 Deloitte 31 366 17 531 4 087 52 984 36 397 19 625 4 326 60 348 37 993 20 161 3 404 61 558
3 KPMG 31 144 14 170 1 504 46 818 32 873 13 486 1 480 47 839 33 296 12 409 1 563 47 268
4 PwC 30 990 10 744 2 595 44 329 32 149 9 300 100 41 549 26 708 8 372 1 320 36 400
5 BDO 5 294 1 751 1 032 8 077 5 237 2 171 1 217 8 625 5 958 2 388 963 9 309
6 Mazars 5 133 957 0 6 090 5 077 785 0 5 862 5 920 910 0 6 830
7 PFK 1 427 386 2 886 4 699 1 269 480 3 390 5 139 1 731 406 3 046 5 183
8 Oliveira, Reis & Associados 2 925 57 356 3 338 3 248 79 172 3 499 3 516 54 397 3 967
9 Fernando Peixinho e José Lima 2 677 0 0 2 677 2 754 0 0 2 754 2 828 0 0 2 828
10 Armindo Costa, Serra Cruz, Martins & Associados 2 531 0 0 2 531 2 564 0 0 2 564 2 642 0 0 2 642
143 754 54 951 35 515 234 220 153 854 45 926 14 045 213 825 147 478 51 170 27 922 226 570
182 356 56 889 38 354
2010
Total
RLC/auditoria e
outros serviços
de garantia e
fiabilidade
Consultoria
Outros serviços
não relacionados
com
revisão/auditoria
Designação
Total das 10 maiores empresas de auditoria
Total de todas dos ROC/SROC que auditam entidades de interesse público
Total
2012 2011
Total
RLC/auditoria e
outros serviços
de garantia e
fiabilidade
Consultoria
Outros serviços
não
relacionados
com
revisão/auditoria
RLC/auditoria e
outros serviços
de garantia e
fiabilidade
Consultoria
Outros serviços
não relacionados
com
revisão/auditoria
A maior empresa de auditoria, em honorários relacionados com a revisão legal das contas e
com outros de serviços de garantia de fiabilidade é a Deloitte, enquanto que se análise apenas
tiver em consideração a totalidade do volume de negócios é a maior empresa de auditoria é a
E&Y.
Da análise da tabela supra podemos constatar que os honorários de revisão legal de contas e
outros serviços de garantia de fiabilidade das 10 maiores empresas de auditoria representam
cerca de 79%, total de honorários das empresas de auditoria em auditam entidades de
interesse público. O valor total de honorários cobrados pelas 10 maiores empresas de
auditoria, representam cerca de 84% do valor global de honorários.
No âmbito das empresas em análise verificamos que o volume de negócios das big four (€
206.809), em 2012, representa 88% do volume de negócios das 10 maiores empresas de
auditoria e 75% do volume de negócios de todas as empresas de auditoria que auditam
entidades de interesse público.
Em relação aos serviços de revisão legal das contas e outros serviços de garantia de
fiabilidade os honorários cobrados pelas big four, representam 86% e 68% do total de
honorários da mesma espécie cobrados pelas 10 maiores empresas de auditoria e pelas
restantes empresas que auditam entidades de interesse público, respetivamente.
No triénio em análise os honorários relacionados com revisão legal das contas e outros
serviços de garantia de fiabilidade registaram um decréscimo de 2,5%, enquanto que os
serviços de consultoria e outros serviços não relacionados com a revisão/auditoria
aumentaram 30,3%. Em termos globais o volume de negócios das empresas de auditoria em
análise aumentou 8%.
Verificámos, igualmente, que as entidades de interesse público, em 2012 totalizam 2.114.
Para efeitos de análise destas entidades dividimo-las em quatros grupos: 1º grupo (credit):
entidades emitentes de valores mobiliários e instituições de créditos; 2º grupo (funds): fundos
10
mobiliários, fundos imobiliários, fundos de capital de risco e fundos de pensões; 3º grupo
(public): empresas públicas; 4º grupo (others): restantes entidades de interesse público.
2.2. Medidas de concentração utilizadas
Para medir de uma forma segura e transparente a natureza competitiva do mercado, a
literatura internacional sugere a escolha de uma medida de concentração, baseada numa
variável observável e dotada de elevada capacidade explicativa. Para mensurar a atividade do
mercado de auditoria procedemos à análise da sua oferta total, baseada em indicadores diretos
determinadas pelo nível de faturação das diferentes empresas e dos profissionais individuais.
A faturação da empresa de auditoria é considerada uma medida direta da sua dimensão da
empresa. Assim, nesta perspetiva, pressupõe-se que a faturação e o tamanho se relacionam de
uma forma positiva: uma maior dimensão implica necessariamente um maior volume de
trabalho. Assim, podem ser construídos índices de concentração do mercado de auditoria,
utilizando o volume de faturação para avaliar a sua quota de mercado. Escolhida a variável
importa agora aplicar o índice de concentração mais adequado para proporcionar uma medida
aproximada da estrutura de um mercado e, esse índice, corporizado num número real (Segura,
1993), reflete o número de empresa que compõem o mercado e a respetiva quota de mercado.
Estas metodologias já foram suficientemente contrastadas a nível internacional. As medidas
de concentração mais frequentemente utilizadas neste tipo de estudos, já validadas em
economia industrial, são as chamadas medidas de concentração (Reis, 2002), quando faz
sentido acumular a característica em estudo num maior ou menor número de elementos da
população. Ou seja, quando a característica se pode distribuir de modo mais ou menos
uniforme e, simultaneamente, seja possível conceber as seguintes situações extremas: um só
elemento da população detém todo o atributo (a concentração máxima); cada elemento da
população detém igual parcela do atributo (a concentração é mínima). No estudo, são
utilizadas as seguintes técnicas:
1) Ratio de Concentração (CR) de ordem n: este indicador agrega as quotas do mercado
das n maiores empresas do mercado. Analiticamente, o ratio toma a seguinte forma:
𝐶𝑅 =∑ 𝐹𝑛𝑛1
𝐹
Em que: CR = quota do mercado da empresa; n = o número de empresas analisadas;
Fn = faturação /nº empresas; F = faturação /nº de empresas existentes no mercado.
11
Trata-se de um índice transparente, suscetível de uma rápida interpretação e de
aceitação generalizada. Contudo, como afirma Benau et al. (1998), tem o
inconveniente de não ter em consideração a distribuição completa das quotas de
mercado ou a sua dimensão, a que acresce o facto de não refletir as entradas e as
saídas da indústria, nem a mudança de posições relativas das n empresas. Assim, como
reporta somente o market share das n maiores empresas, pode ser classificado como
um índice parcial de concentração.
2) Têm sido utilizados índices mais globais (Wootton et al., 1994:58-74; Wolk et al.,
2001), para medir a concentração dos mercados, sendo utilizado, pela sua força
explicativa, o índice denominado - Hirschman Herfindahl (H) – que toma em
consideração todas as empresas ativas no mercado, independentemente da sua
dimensão e reflete, igualmente, a dispersão de atividade entre os agentes pelo lado da
oferta.
A sua formulação analítica é a seguinte:
𝐻 =∑ 𝑍𝑖21
𝑖=1
Em que H= índice de Herfindahl, Z= quota de mercado referente às empresas da
amostra; n=numero de empresas ativas no mercado.
O índice varia entre 0 e 1. O zero significa uma concentração mínima, o mercado é
partilhado equitativamente. O número 1 em que o controlo é máximo e exercido por
uma única empresa. Este índice reflete o número de empresas com atividade no
mercado, bem como o seu grau de atividade, o que nos permite inferir que as pequenas
empresas exercem uma menor influência no índice do que as empresas de maior
dimensão, pelo que pode ser concebido como uma medida de dispersão relativa. O
quadrado da quota de mercado atribui maior peso às empresas de maior dimensão e
portanto, H diminui à medida que o número de empresas no mercado aumenta ou
quando este se torna mais uniforme.
3) O índice de Gini revela que quanto maior for a concentração mais a curva traçada se
afastará da reta de igual distribuição (Reis, 2002). O índice varia entre 0 e 1: é nulo
quando em todas as classes houver uma igual distribuição da variável pelos agentes
12
em estudo e toma o valor máximo quando todo o atributo está concentrado nos
indivíduos da última classe. A sua formulação analítica é a seguinte:
𝐼𝐺 = 1 −∑ 𝑞𝑖𝑛−1𝑖=1
∑ 𝑝𝑖𝑛−1𝑖=1
Em que: IG = índice de concentração de Gini; qi = cum yi/yi; pi = cum Fi/Fi; com
Fi = acumulado número de empresas; yi = acumulado volume de vendas.
4) A curva de Lorenz obtém-se unindo, num referencial cartesiano, as frequências
acumuladas para cada classe relativamente ao total [cum fi=cum Fi/Fi], assim com as
frequências acumuladas do atributo em questão [cum yi=cumyi/yi].
Se a concentração for mínima o resultado será uma reta de igual distribuição. À
medida que nos afastamos daquela reta, a área de concentração, vai aumentando,
indicando, por isso, uma maior concentração.
Vejamos a síntese das medidas de concentração na tabela 01 (Slottje, 2002; Bigus e
Zimmermann, 2008)
Tabela 2 - Medidas de concentração
Measures Formula Low market
concentration
Medium market
concentration
High market
concentration
CR(k)
𝐶𝑅 =∑ 𝐹𝑛𝑛1
𝐹
Cr(3)<10%
Cr(4)<50%
Cr(8)<70%
Cr(3)<25%
Cr(4)<65%
Cr(8)<85%
Cr(3)≥25%
Cr(4)≥65%
Cr(8)≥85%
H 𝐻 =∑ 𝑍𝑖2
1
𝑖=1
H<0,1
H≤0,18
H>0,18
IG 𝐼𝐺 = 1 −
∑ 𝑞𝑖𝑛−1𝑖=1
∑ 𝑝𝑖𝑛−1𝑖=1
G<0,4
G≤0,6
G>0,6
Volatility índex
V 𝑉 =∑|𝑥𝑖2 − 𝑥𝑖1|
𝑛
𝑖=1
xi = market share of firm i (xi1 = market share of firm i in period 1), n = number of firms in the market, k =
the number of selected companies in the market
2.3. Hipóteses a considerar
Dopuch e Simunic (1980), Wootton, Tonge e Wolk (1994), Numan e Willekens (2012),
Carmo Gonçalves (2009), Machado de Almeida (2012), Francis, Michas e Seavey (2013),
13
investigaram a concentração do mercado de auditoria e concluíram pela existência de níveis
de concentração em crescendo, pelo que formalizámos a seguinte hipótese:
Hipótese 1: O mercado português de auditoria, pelo lado da oferta, evidencia uma acentuada
concentração, em conformidade com a tendência internacional.
A Sarbanes Oxley Act (2002), o GAO (2003, 2008), Oxera (2006), Livro Verde da União
Europeia (2010), Green, Walker e Mckinnon (2010), a recomendação efetuada pela Comissão
Europeia (2011) revelam as preocupações das instituições e dos investigadores relativamente
à contínua redução do número de sociedades de auditoria, em consequência, surge, a nossa 2º
hipótese:
Hipótese 2:O peso dominante no mercado de auditoria português das big four mantem-se
estabilizado no triénio considerado.
Benau et al. (1998), Numan e Willekens (2012), Cetorelli et al. (2007), apontam a elevada
resistência dos mercados concentrados relativamente à substituição dos auditores, daí a
necessidade de aferir da existência de concorrência dentro das big four, e das PME de
auditoria, medida através das trocas de posição ao nível da faturação. Surge, assim a 3ª e 4ª
hipótese:
Hipótese 3: A posição relativa de cada firma de auditoria, incluía na designação big four,
mantem-se estável ao longo do período considerado.
Hipótese 4: A posição de cada firma de auditoria, incluía na designação de pequena e média
empresa, mantem-se estável no período em análise.
Cabán-García e Cammack (2011), Krambia-Kapardis e (2010), GAO (2003), referem a
necessidade da existência de auditores especializados ou com uma perícia individual própria,
esta situação tende a refletir-se nos horários percebidos, daí a formulação das seguintes
hipóteses:
Hipótese 5: O volume de faturação de cada sociedade de auditoria está relacionado com o tipo
de cliente.
Hipótese 6: A inscrição da firma de auditoria na CMVM e a ligação dos auditores a uma rede
internacional influencia a quota de mercado da sociedade de auditores.
14
2012 2011 2010
O SOA (2002), GAO (2003), Cabán-García e Cammack (2011), Lambe (2013), estudaram a
concentração associada à dimensão da indústria, concentração de clientes e outos indicadores,
concluindo pela existência de uma associação, o que fundamenta a hipótese 7:
Hipótese 7: Os volumes de faturação das sociedades e auditoria estão relacionados com o
número de partners e a localização da sede.
Foram consideradas as seguintes variáveis independentes: volume de negócios, nº de clientes,
natureza dessas entidades (entidades emitentes de valores mobiliários e instituições de crédito
(credit); fundos (funds); empresa públicas (public); e outras entidades (others)), nº de sócios,
localização geográfica (Lisboa, Porto e restante país), uma variável dummy relacionada com a
ligação a uma rede e outra referente ao registo na CMVM.
3. Resultados Obtidos: análise empírica
O volume de negócios para os três anos é o seguinte:
Tabela 3 - Volume de negócios de auditoria
Mean Maximum Median Minimum Percentile
25
Percentile
75
Standard
Deviation Sum Total N
2010 5289,13 37993,00 1053,00 24,00 506,00 2841,00 10395,63 163963 62
2011 4082,45 36397,00 765,50 24,00 466,50 1957,50 9471,50 179628 62
2012 3171,26 31366,00 701,00 26,00 427,00 1796,00 7769,65 180762 62
Podemos verificar que, em relação ao ano de 2012, as 4 grandes empresas de auditoria são
responsáveis por 70% dos rendimentos.
Figura 1 - Volume de negócios por empresa 2012, 2011 e 2010
Da análise do quadro e da figura precedentes constatamos que o volume de negócios
percebidos pelas empresas de auditoria obrigadas a divulgarem um relatório de transparência,
quando analisados através de medidas de estatísticas descritivas, – medidas de localização – ,
15
permitem-nos sumariar os dados através de um só valor. As mais importantes são as medidas
de tendência central que representam os fenómenos – faturação/honorários – pelos seus
valores médios, em torno dos quais tendem a concentrar-se os valores observados. Assim, as
médias relativamente ao triénio em análise, ainda que em declínio, revelam valores aceitáveis,
no entanto, se analisarmos os valores máximos obtidos, tendo em atenção a cada um dos anos
referidos, confirmamos a existência de um desvio padrão acentuado. Todavia, esta análise,
além de reducionista, não é adequada para trabalhar estes dados estatísticos específicos.
Assim, recorremos a medidas que ocupam a posição central na sucessão de observações ou na
distribuição de frequências e verificamos que a mediana é extremamente baixam
relativamente à média.
Analisando agora a variável independente faturação/honorários, através de medidas de
tendência não central – (quartis) –, que dividem a população em quatro partes iguais
constatamos que confirmam as medidas anteriormente utilizadas.
A seguinte tabela mostra as medidas de concentração no período em análise. Como podemos
verificar existe uma grande concentração nas 3/4 grande empresas de auditoria.
Tabela 4 - Medidas de concentração
2012 2011 2010
Cr(3) 0,517 0,565 0,599
Cr(4) 0,685 0,744 0,762
Cr(8) 0,773 0,835 0,873
Herfindahl 0,121 0,142 0,153
Gini 0,767 0,784 0,771
Existe uma grande dispersão por pequenas empresas, a tabela 5 mostra que 75% das empresas
têm um reduzido número de clientes.
Tabela 5 - Número de clientes por natureza do negócio
Credit Funds Public Other
To
tal
Minimum 0 0 0 0
Percentiles 25 0 0 0 0
50 1 0 1 0
75 3 4 2 2
Maximum 40 249 17 64
Big
4
Minimum 16 23 3 16
Percentiles 25 20 49 5,5 19
50 25 129 8 22,5
75 33 216 12,5 43,5
16
Maximum 40 249 17 64
Les
s B
ig 1
0
Minimum 0 0 0 0
Percentiles 25 0 0 0 0
50 1 0 1 0
75 2 2 2 1
Maximum 20 91 6 7
Figura 2 - Curva de Lorenz para os anos de 2010 a 2012
Os indicadores de concentração referidos nas tabelas 4 e 5 CR, H, G- relativamente ao triénio
em análise, apontam, à semelhança da literatura internacional, níveis de concentração
extremamente elevados, conforme é evidenciado pelos ratio de concentração Cr3, Cr4 e Cr8,
apesar do nível de concentração desde 2010, ter diminuído em lenta progressão. Assim, a
participação conjunta das oito maiores empresas de auditoria atinge, em 2012, a percentagem
de 77,30%, ligeiramente inferior aos anos precedentes. No entanto, convêm igualmente referir
que a participação conjunta de quatro empresas (RC4) atinge uma percentagem, em 2012 de
68,50%, que à semelhança do índice anterior evidência um ligeiríssimo decréscimo em
relação ao ano anterior.
O índice de Herfindahl (H) acompanha a tendência do indicador anterior, indicando alguma
tendência de desaceleração da concentração, no entanto, reflete ainda níveis muito elevados.
Com efeito, tomando padrão que 0,5 do índice corresponde à existência de duas empresas a
operar no mercado de idêntica dimensão, observamos que em 2010, o índice corresponde
aproximadamente a sete empresas de idêntica dimensão. Em 2011, corresponde a oito
empresas e em 2012 acerca de nove empresas que reportam equitativamente o mercado, o que
reflete a existência de barreiras diversas à desconcentração no mercado de serviços de
auditoria em nítido alinhamento com a situação internacional.
2012 2011 2010
17
As convicções anteriores são reforçadas com a quantificação baseada no índice de Gini e na
curva de Lorenz. De facto, quanto maior é a concentração mais a curva traçada se afasta da
reta de igual distribuição. Como se verifica o índice tem um valor em elevado no triénio em
análise, e reflete uma situação perfeitamente estável – 0,771 (2010), 0,784 (2011), 0,767
(2012) – nesta sequência, a curva de Lorenz, que em situação de monopólio tem a forma de
triângulo, mostra um ligeiro achatamento, o que está de acordo com os números evidenciados
pelos índices anteriormente referidos. Confirmamos, assim, a hipótese 1.
Ao efetuar a desagregação do CR, obtemos a tabela 6.
Tabela 6 - Desagregação nominativa dos rácios de concentração
E&Y 1 62 677 E&Y 1 62 677 E&Y 1 62 677
Deloitte 2 52 985 Deloitte 2 52 985 Deloitte 2 52 985
KPMG 3 46 818 KPMG 3 46 818 KPMG 3 46 818
PwC 4 44 329 PwC 4 44 329
BDO 5 8 077
Mazars 6 6 090
PFK 7 4 699
Oliveira, Reis & Associados 8 3 337
Deloitte 1 60 348 Deloitte 1 60 348 Deloitte 1 60 348
KPMG 2 47 839 KPMG 2 47 839 KPMG 2 47 839
PwC 3 41 549 PwC 3 41 549 PwC 3 41 549
E&Y 4 35 646 E&Y 4 35 646
BDO 5 8 625
Mazars 6 5 862
PFK 7 5 139
Oliveira, Reis & Associados 8 3 499
Deloitte 1 61 558 Deloitte 1 61 558 E&Y 1 50 585
E&Y 2 50 585 E&Y 2 50 585 Deloitte 2 61 558
KPMG 3 47 268 KPMG 3 47 268 KPMG 3 47 268
PwC 4 36 400 PwC 4 36 400
BDO 5 9 309
Mazars 6 6 830
PFK 7 5 183
Oliveira, Reis & Associados 8 3 967
2012
Vol.
NegóciosCR8 Posição
Vol.
Negócios
2010
2011
Anos CR3 PosiçãoVol.
NegóciosCR4 Posição
A análise do quadro anterior apresenta a desagregação do CR3. Para o triénio objeto de
análise verifica-se uma acentuada estabilidade de manutenção das posições relativas nos anos
de 2010, 2011, e uma alteração relativamente à primeira posição, em 2012, com Ernst &
Young a assumir a lideração da faturação. O nível de concentração medido através do ratio de
concentração CR4, e incluindo, agora, a PWC, que mantém o terceiro lugar em 2010 e 2011,
descendo para quarto lugar em 2012. A Deloitte empresa leader da faturação, nos anos de
2010 e 2011, cede a posição para a Ernst & Young.
O índice de concentração considerando as oito maiores empresas a nível de faturação, CR8,
inclui, agora, no seu perímetro, pequenas de médias firmas de auditoria (PMEA), cuja
18
atividade, medida através da variável em estudo, reflete, em 2012, níveis correspondentes a
30% da faturação da firma leader. Verifica-se ainda que aquelas entidades, no triénio,
perderam volume de negócios. A PWC é a que apresenta o mais elevado nível de crescimento
de 2010 para 2011 das big four, enquanto que as restantes apresentam níveis de faturação
mais estabilizados.
O CR8 reflete, para o período analisado, uma faturação acumulada das PMEA que não excede
em 2010, o valor faturado pela PWC, o mesmo sucedendo em 2011 e em 2012. Neste último
ano, o volume de negócios não atinge sequer 50% da faturação do PWC. Comprovamos,
assim, as hipóteses 2, 3 e 4. O indicador geográfico não mostra qualquer diferença estatística,
no entanto a ligação a uma rede internacional e o registo na CMVM mostra diferenças ao
nível dos rendimentos.
Tabela 7 - % de empresas de auditoria por variável
Class %
Sócios N≤5 77,2
N>5 22,8*
Localização geográfica Lisbon 59,6*
Porto 21,1
other 19,3
CMVM No 50,9
Yes 49,1*
Rede No 50,9
Yes 49,1*
O quadro 7 apresenta outros aspetos indiretos mas relacionados com a concentração. Assim,
verificarmos que as empresas de auditoria são maioritariamente constituídas por pequenas
empresas com menos de 5 sócios, enquanto somente 22,80% das empresas tem mais de 5
sócios. As sedes sociais estão localizadas: em Lisboa (59,60%), no Porto (21,10%) e nas
restantes cidades do país (19,30%). Já as variáveis inscrição na CMVM e ligação a uma rede
internacional apresentam uma maior homogeneidade, no entanto a maioria das SROC e dos
ROC não está registada na CMVM nem pertence a uma rede internacional.
Tabela 8 - Correlações
Spearman's rho Funds Public Other Total Partners Revenues
Credit Correlation Coefficient ,339**
-,141 ,422**
,627**
,311* ,502
**
p-value ,010 ,294 ,001 <0,01 ,018 <0,01
Funds Correlation Coefficient ,283* ,582
** ,759
** ,432
** ,504
**
p-value ,033 <0,01 <0,01 ,001 <0,01
19
Public Correlation Coefficient ,110 ,283* ,433
** ,305
*
p-value ,415 ,033 ,001 ,021
Other Correlation Coefficient ,611**
,351**
,464**
p-value <0,01 ,007 <0,01
Total Correlation Coefficient ,519**
,600**
p-value <0,01 <0,01
Partners Correlation Coefficient ,722**
p-value <0,01
** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
* Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
As correlações (tabela 8), estabelecem uma positive e significativa relação entre o volume de
negócios e o número de clientes: credit (0,502 p-value<0,01), funds (0,504 p-value<0,01),
public (0,305 p-value=0,021). O número de sócios está fortemente correlacionado com o
volume de negócios (0,722 p-value<0,01).
Existe uma significativa correlação entre o número de clientes e a quota de mercado. O
número de sócios está positivamente relacionado com a quota de mercado.
As empresas de auditoria registadas junto da CMVM e as que estão inseridas numa rede
internacional têm uma quota de mercado mais elevada. O tipo de clientes está positivamente
relacionado com o volume de negócios. Provamos assim as hipóteses 5, 6 e 7.
Tabela 9 - Distribuição dos clientes
Credit Funds Public Other Total
Big 4 # 106 530 36 125
797 % 0,133 0,665 0,045 0,157
Big 10 # 128 722 41 143
1034 % 0,124 0,698 0,040 0,138
List less B10 # 99 109 50 25
283 % 0,350 0,385 0,177 0,088
A tabela 9 mostra que a composição da carteira de clientes das big four e das maiores
empresas de auditoria é semelhante, com os funds a representarem mais de 65%, o segundo
grupo são os ohers. Já nas restantes empresas de auditoria a carteira de clientes é composta,
essencialmente por credit e por funds (p-value <0,01).
4. Discussão
O estudo empírico realizado evidencia, pelo lado da oferta, o nível de concentração do
mercado português de serviços de auditoria, tomando por base as variáveis mais
20
frequentemente utilizadas na realização de estudos semelhantes na literatura internacional
(Zeff & Fossum, 1967; Dopuch, & Simunic, 1980; Tonge & Wootton, 1991; Beattie ,
Goodcare, & Fearnley, 2003; Johnson et al., 1995; Ferguson, Francis, & Skotes, 2003;
Grinevicus & Krivka, 2009; Carmo Gonçalves, 2009; Almeida, 2012; Lambe, 2013.)
A vertente considerada – concentração do mercado – é uma das facetas apontadas pelos
investigadores, (Benau, Barbadillo, & Martínez, 1998; Sori, 2009; Francis Michas & Seavey,
2013), como das mais importantes, pelos reflexos que pode ter na independência do auditor,
atributo central da auditoria, como referem Mautz e Sharaf (1962), Sherer e Kent (1983), Flint
(1988), Lee (1993) e, sem o qual, a auditoria não faz sentido (Molina & Pérez, 1996).
Os resultados obtidos evidenciam níveis de concentração elevados para o mercado português,
sendo semelhantes aos obtidos nas investigações de Lambe (2013), Oxera (2006), Francis
Michas e Seavey (2013). Os resultados, tomando por base a variável independente – volume
de negócios-, apontam para uma grande resistência das sociedades de interesse público
portugueses em mudar de auditor, o que está de acordo com os estudos já efetuados por
Cetorelli et al. (2007), tal facto também se deve ao período máximo que um auditor de
entidades de interesse público pode permanecer nessa entidade ser de 7 anos. Por outro lado,
as empresas de auditoria enquadradas no CR3, CR4, CR8, e a sua ligação às empresas que
auditam sugerem igualmente algum conservadorismo na manutenção do auditor, ou,
eventualmente, como sugerem Aniza, Mansor e Maruhun (2013), uma particular preferência
para contratar ou manter auditores especializados em determinados setores, tendo em conta a
sua reputação internacional ou especialização em determinados setores e regiões. O mercado
português de auditoria não funciona com base no modelo de concorrência perfeita, uma vez
que, evidencia um elevado grau de imperfeição, materializando no notável poder de mercado
das big four. Com efeito, a dimensão das firmas de auditoria é uma vantagem competitiva de
relevância (Benau, Barbadillo, & Martínez, 1998) traduzindo-se num incremento contínuo da
sua quota de mercado, e na concomitante redução do espaço das pequenas e médias empresas,
conforme já foi demonstrado. Com efeito, o nível de concentração atingido no mercado
Português, medido pelo índice de Herfindahl, evidencia uma estrutura de concorrência
desigual. Assim, a dimensão da empresa de auditoria permite ter acesso à auditoria das contas
dos setores económicos sujeitos a maior controlo: a banca portuguesa e outras entidades de
interesse público, têm tendência a contratar empresas internacionais de auditoria. A formação
deste mercado, em Portugal, à semelhança da Espanha (Benau, Barbadillo, & Martínez, 1998)
e como reconhece o GAO (2008), fundamenta-se em razões naturais ou histórias. As
pequenas empresas de auditoria auditam um número reduzido de empresas de interesse
21
público quando comparadas com o mercado dominado pelas big four. De facto, estas têm uma
capacidade limitada para satisfazer a procura de uma grande empresa multinacional: existe,
assim, uma relação entre quota de mercado e a dimensão (Benau, Barbadillo, & Martínez,
1998). Por outo lado inferimos que esta abordagem é adequada ao lado da procura, na medida
em que, em Portugal, na generalidade, a contratação dos serviços do auditor é percecionada
como uma obrigação legal, e não como um serviço e, neste contexto, como a capacidade de
diferenciação é mínima, o preço é considerado uma variável explicativa poderosa (Kinney,
1986; Mutchler & Williams, 1990). Relativamente às big four, tendo em conta a teoria
baseada na diferenciação pelo serviço, em que a variável explicativa é a qualidade, sempre
que está em causa a procura de auditoria pelas grandes empresas, para as quais a auditoria é
um serviço e não uma obrigação, assume-se que a procura diferencia os serviços que prestam
aos auditores, o que equivale a afastar a teoria da homogeneidade. A concertação de mercado
de auditoria, pelo lado da oferta, implica necessariamente a concentração, nos quadros das
multinacionais, de um maior número de auditores/revisores responsáveis (77,20%)
concentrados nas cidades Lisboa e Porto (80,70%), o que é conforme a literatura internacional
sobre o tema (Lowensohn, Johnson, Eeder, & Davier, 2007; Willekens & Achmadi, 2003;
Cabán-Garcia & Cammach, 2011). Concluímos da discussão que as preocupações
relativamente à concentração do mercado da auditoria, pelo lado da oferta, são transversais a
todos os países (Dunn, Kohlbeck, & Mayhew, 2011).
Conclusões
A experiência e a reputação são barreiras importantes à expansão e à seleção das empresas de
auditoria de pequena e média dimensão para auditarem entidades de interesse público. Por
outro lado, as empresas e os auditores constroem relações de confiança que são difíceis de
abandonar. A complexidade da auditoria, em grandes empresas multinacionais, requer
conhecimentos horizontais e específicos e instrumentos tecnológicos que não estão ao dispor
das pequenas e médias empresas de auditoria. A diferenciação, pela qualidade do trabalho,
especialização e competências, em domínios cada vez mais específicos, têm sido as
estratégias utilizadas pelas grandes empresas de auditoria para penetrarem no mercado,
baseadas no pressuposto de que o produto de autoria não é homogéneo. Neste contexto, o
mercado, a nível mundial, a que o pequeno mercado português não é alheio, tem vindo a
concentra-se num número cada vez menor de empresas, assumindo, relativamente a uma
crescente procura, uma estrutura do tipo oligopólio. Os problemas de concentração do
mercado de auditoria têm merecido a atenção de muitos académicos e das instituições
22
internacionais pelos perigos potenciais que esta situação incorpora para a estabilidade do
mercado financeiro e para a própria sociedade. A concentração e a competitividade estão
estritamente relacionadas e a sociedade começa a questionar os efeitos da concentração na
objetividade e na independência do auditor. Esta concentração do mercado, relativamente às
vantagens e inconvenientes subjacentes, não está fundamentada numa abordagem de
consenso. Com efeito, determinadas correntes teóricas advogam que a concentração do
mercado é uma vantagem competitiva estratégica, e que tal fenómeno permite oferecer ao
cliente serviços de elevado valor acrescentado. Por outro lado, admite-se que um mercado
altamente concentrado não implica necessariamente um comportamento anti-competitivo,
pelo facto de a competição, em oligopólio, poder ser intensa e possibilitar preços mais
competitivos, inovação e produto de alta qualidade. Em vários países têm sido investigadas as
características do mercado de auditoria que têm impedido a livre concorrência no sector,
tendo sido identificado um conjunto de barreiras à entrada e propostos determinados
remédios: maior transparência do processo de recrutamento dos auditores, rotação dos
auditores, ligação direta do auditor ao comité de auditora, auditorias legais conjuntas,
responsabilidade pela nomeação dos auditores, ligação mais ativa entre todos os
intervenientes no processo de accountability, etc. Em suma, o processo de concentração do
mercado de auditoria, pelo lado da oferta, numa média economia europeia – Portugal – alinha,
em termos de preocupações, com a literatura internacional sobre a matéria.
Bibliografia
Abbott, A. (1988). The System of Professions an Essay on the Division of Expert Labour.
University of Chicago Press.
Almeida, B. J. M. (2012). Auditoria legal em Portugal: Evolução e mercado. Téknne – Review
of Applied Management Studies, 10(1).
Aniza, M.I., Mansor, N., & Maruhun, E. N. S. (2013). Audit Market Concentration and
Auditors Industry Specialization. Procedia social and behavioral sciences 91, 48-56.
Beattie, V., & Fearnley, S. (1992). The Changing Structure of the Audit Market in U.K,
Accountancy, 13(October), 301-322.
Beattie, V., Goodacre, A., & Fearnley, S. (2003). And then there were four: a study of UK
market concentration, causes, consequences and the scope for market adjustment. Journal of
financial regulations and compliance, 11(3), 250-265.
23
Benau, M.A.G., Barbadillo, E.R., & Martínez, A.V. (1998). Analisis de la Estructura Analisis
del Mercado de Servicios de Auditoria en España. Madrid: Instituto de Contabilidad y
Auditoría de Cuentas.
Bigus, J., & Zimmermann R.C. (2008), Non-audit Fees, Market Leaders and Concentration in
the German Audit Market: A Descriptive Analysis. International Journal of Auditing 12, 159-
179.
Bueno, E., & Morcillo, P. (1993). Fundamentos de Economia y Organizacion Industrial.
McGrawhill.
Cabán Garcia, & Cammack, S. E. (2011). Industry and City Level Audit Market
Concentration. International Journal of Audit Market Concentration, 15(1), 21-42.
Campbell, T., & McNiel, D. (1985). Stochastic and Nonstochastic Determinants of Changes
in Client-Industry Concentrations for Large Public-Accounting Firms. Journal of Accounting
and Public Policy, 4(4), 317-328.
Carmo Gonçalves, A. (2009). A concentração do mercado de revisão/ auditoria no âmbito do
mercado de capitais português (I). TOC 106, Janeiro.
Carmo Gonçalves, A. (2009). A concentração do mercado de revisão/ auditoria no âmbito do
mercado de capitais português (II). TOC 107, Fevereiro.
Cetorelli, N., Hirtle, B., Morgan, D., Peristiani, S., & Santos, J. (2007). Friends in Financial
Market Concentration and Their Implications for Market Stability. Economic Policy Review,
13(1), 35-51.
Christiansen, M., & Loft, A. (1992). Big players and Small Players: a Study of Increasing
Concentration in the Manish Market of Auditing Services. European Accounting Review,
1(2), 277-301.
Citron, D. B., & Manalis, G. (2009). The National Firms as New Entrant to the Statutory
Audit Market: an Empirical Analysis Auditor Selection in Greece, 1993 to 1997. European
Accounting Review, 10(3), 439-459.
CLERP 9. (2004). Corporate Law Economic Reform Program. Australia.
DeFond, E.M. (1992). The Association Between Change in Client Firm Agency Costs and
Auditor Switching. Auditing: A Journal of Practice and Theory, 33(2), 39-62.
Dopuch, N., & Simunic, D. (1980). The Nature of Competition in the Auditing Profession,
Regulation and the Accounting Profession. Lifetime Learning Publications.
Dunn, K., Kohlbeck, M., & Mayhew. B. W. (2011). The Impact of the Big 4 Consolidation on
Audit Market Share Equality. Auditing: A Journal of Practice e Theory, 30(1), 49-73.
24
Dye, R., Balachandran, B., & Magee, R. (1990). Contingent Fees Four Audit Firms. Journal
of Accounting Research, 28(2), 239-266.
Einchenseher, J., & Danos, P. (1981). The Analysis of Industry- Specific Concentration:
Toward an Explanatory Model. The Accounting Review, 56(3), 479-492.
Evans, L., & Honold, K. (2007). The Division of Expert Labour in the European Market: the
Case of Germany. Critical Perspectives on Accounting, 18(1), 61-88.
Ferguson, A., Francis, J.R., & Stokes, D. (2003). The Effects of Firm-Wide and Office Level
Industry Expertise on Audit Pricing. The Accountability Review, 78(2), 429-448.
Flint, D. (1988). Philosophy and Principles of Auditing: an Introduction. London: Macmillan
Press ltd.
Francis, J., & Wilson, E. (1988). Auditor Changes: a Joint Test of Theories Relating to
Agency Cost and Auditor Differentiation. The Accounting Review, 63(4), 663-682.
Francis, J.R., Michas, P.N., & Seavey, S.E. (2013). Does Audit Market Concentration Harm
the Quality of Audited Earnings? Evidence From Audit Markets in 42 Countries.
Contemporary Accounting Research, 30(1), 325-355.
GAO. (2003). General Accounting Office Public Accounting Firms: Mandated Study on
Consolidation and Competition. United States Government Accountability Office.
GAO. (2008). Audits Of Public Companies: Continued Concentration in Audit Market for
Large Public Companies Does Not Call for Immediate Action. United States Government
Accountability Office.
Green Paper (2010). Audit Policy: Lessons from the Crises. European Union, December.
Green Paper. (1996). The Role, Position and Liability of the Statutory Auditor in the EU. Doc
96/c 321/01 de 28/10/96.
Green, P., Walker, J., & Mckinnon, A. (2010). CLERP 9’s Impact of Audit Market.
Charter, 81(2), 67-68.
Grinevicius, R., & Krivka, A. (2009). The Research on Business Concentration in Lithuanian
Economy. Business Theory and Practice, 10(3), 191-203
Hottegindre, G., & Lesage, C. (2008). Un Mauvais Auditeur : Manque D’indépendance et/ou
de Compétence? Comptabilité, Contrôle, Audit, 15(2), 18-32.
House of Lords. (2010). Call for Evidence: Auditors Market Concentration and Their Role.
Select Committee on Economic Affairs.
Johnson, E., Walker, K., & Wester Gaard, E. (1995). Supplier Concentration and Pricing of
Audit Services in new Tealand. Auditing: A Journal of Practice Theory, 14(2), 74-89.
25
Kinney, W. (1986). Audit Technology and Preferences for Auditing Standards. Journal of
Accounting and Economics 8, 73-89.
Krambia-Kapardis, M., & Zopiatis, A. (2010). Personal values of accountants and accounting
trainees in Cyprus. Business Ethics: A European Review, 20(1), 59-70.
Krambia–Kapardis, M., Christodoulou, Ch., & Agatho Cleous, M. (2010). Neural Network:
The Panecea in Fraud Detection? Managerial Auditing Journal, 25(7), 659-678.
Lambe, A. (2013). Competition in the Statutory Audit Market. Accountancy Ireland, 45(2),
18-20.
Lee, T. (1993). Corporate Audit Theory. London: Chapman e Hall.
Lowensohn, S., Johnson, L.E., Eeder, R., & Davier, S.P. (2007). Auditor Specialization,
Perceived Audit Quality, and Audit Fees in the Local Government Audit Market. Journal of
Accounting and Public Policy, 26(6), 705-732.
MARC Report. (1996).
Mautz, R, & Sharaf, H. (1962). The Philosophy of Auditing. Sarasota: A.A.A., St Editions.
Minyard, D., & Tabor, R. (1991). The Effect of Big Eight on Auditor Concentration.
Accounting Horizons, 5(4), 79-90.
Moizer, P., & Turley, S. (1989). Changes in the UK Market for Audit Services: 1972-1982.
Journal of Business, Finance and Accounting, 16(1), 41-53.
Molina, G. J. S., & Pérez, M. O. (1996). Teoria da Auditoria Financeira. Madrid:
McGrawHill
Mutchler, J.F., & Williams, D.D. (1990). The relationship between audit technology, client
risk profiles, and the going-concern opinion decision. Auditing: A Journal of Practice &
Theory, 9(3), 39-54.
Numan, W., & Willekens, M. (2012). An Empirical Test of Spatial Competition in the Audit
Market. Journal of Accounting and Economics, 53(1), 450-465.
Oxera. (2006). Competition and Choice in the U.K. Audit Market. Prepared for the
Department of Trade and Industry and Financial Reporting Council (Oxford, U.K.).
Palmose, Z. (1988). An analysis of auditor litigation and audit service quality. The Accounting
Review, 63(1), 55-73.
Porter, M.E. (1985). Competitive Advantage. New York, USA.
Porter, M.E. (2008). On Competition. Boston: Harvard Business School Presses.
Reis, E. (2002). Estatística Descritiva. Lisbon: Edições Sílabo.
Sarbanes Oxley Act. (2002). Public Law 107-204, July 30.
26
Schmalensee, R. (1989). Industrial Economics: an Overview. Royal Economic Society,
98(392), 643-681.
Segura, J. (1993). Teoria de la Economia Industrial. Madrid: Ed. Civitas.
Sherer, M., & Kent, D. (1983). Auditing Accountability. London: Pitman.
Slottje, D. (2002). Economic Issues in Measuring Market Power: Contributions to Economic
Analysis. Amsterdam: Elsevier.
Sori, Z. R. (2009). Audit Market Competition: Causes and Consequences. The Icfai
University Press.
Steponaviciute, J., & Zvirblis, A. (2011). Main Principles of the Complex Assessment of
Audit Market Concentration and Audit Services Quality Levels. Issues of Business and Law
3, 20-33.
Tonge, S., & Wootton, C.H. (1991). Auditor Concentration and Competition Among the
Large Public Accounting Firms: Post-Merge Status and Future Implications. Journal of
Accounting and Public Policy, 1(10), 157 – 172.
U.K. Office of Fair Trading. (2011).
Willekens, M., & Achmadi, C. (2003). Pricing and Supplies Concentration in Pivali Client
Segment of the Audit Market: Market Power or Competition? The International Journal of
Accounting, 38, 431-455.
Wolk, C.M., Michelson, S.E., & Wootton, C.W. (2001), Auditor concentration and market
share in the US: 1988-1999 a descriptive note. British Accounting Review, 33(2), 157-174.
Wootton, C., Tonge, S., & Wolk, C. (1994). Pre and Post Big 8 Mergers: Comparison of
Auditor Concentration. Accounting Horizons, 8(3), 58-74.
Zeff, S., & Fossum, R. (1967). An Analysis of Large Audit Clients. The Accounting Review,
42(2) 298-320.