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ISBN: 978-972-9171-86-4

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Page 1: Resumo - occ.pt · 2 Resumo A concentração do mercado de auditoria, pelo lado da oferta, tem sido objeto de alguns estudos em Portugal. Carmo Gonçalves (2009) e Almeida (2012)

ISBN: 978-972-9171-86-4

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Análise empírica do mercado de auditoria português

Bruno José Machado de Almeida

[email protected]

Alexandre Gomes da Silva

[email protected]

Área Temática: A8 - Auditoria

Palavras-chave: Auditoria, mercado de auditoria, indicadores de concentração, competição no

mercado, especialização em auditoria.

Metodologia de Investigação: M3 – Empirical Archival

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Resumo

A concentração do mercado de auditoria, pelo lado da oferta, tem sido objeto de alguns

estudos em Portugal. Carmo Gonçalves (2009) e Almeida (2012) concluíram pela existência

de forte concentração no setor das empresas cotadas e quando se analisa a atividade de todos

os profissionais no ativo, uma distribuição mais equitativa, com tendência para se afastar da

reta de igual distribuição. Após os referidos estudos surgiram três acontecimentos

importantes: a liberalização dos honorários, alterações no número de empresas sujeitas a

auditoria e os ROC, que auditam EIP, são obrigados a publicar um relatório anual de

transparência. O trabalho baseia-se nas informações divulgadas nesse relatório no triénio de

2010 a 2012. Os dados obtidos foram objeto de tratamento de acordo com as seguintes

metodologias: ratio de concentração, índices de Herfinthal e de Gini e curva de Lorenz.

Concluímos que, de acordo com tendência internacional, há uma concentração do mercado de

auditoria.

Palavras-chave: Auditoria, mercado de auditoria, indicadores de concentração, competição

no mercado, especialização em auditoria.

Abstract

The concentration of the audit market, in the supply side, has been the subject of some studies

in Portugal. Carmo Gonçalves (2009) and Almeida (2012) concluded that there was strong

concentration in the sector of public companies and when analyzing the activity of all active

professionals, a more equitable distribution was found, tending to move away from the line of

equal distribution. After these studies three important events emerge: the liberalization of

fees, changes in the number of companies subject to audit and the public companies auditors

are required to publish an annual transparency report. The work is based on the information

disclosed in this report in the triennium 2010-2012. The data were subject to treatment

according to the following methodology: concentration ratio, Herfinthal and Gini indices and

Lorenz curve. We conclude that, in accordance with the international trend, there is a

concentration of the audit market.

Key-words: audit, auditing market, concentration indicators, competition in the market,

specialization in auditing.

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Introdução

Nos Estados Unidos, na Europa e mais recentemente em Portugal, o mercado de serviços de

auditoria tem sido estudado profundamente. Este parece estruturado como um mercado de

concorrência perfeita tendo por base o seguinte raciocínio lógico: o processo de auditoria,

fortemente formatado e regulamentado, sugere a existência de um produto homogéneo, o que

aponta indiferença relativamente ao recrutamento do auditor e, por outro lado, quer pelo lado

da oferta, quer pelo lado da procura, observa-se um número elevado de empresas a oferecer e

a comprar. Assim, o mercado aparenta cumprir as características de concorrência perfeita,

tanto mais que, de acordo com o modelo, nenhum concorrente tem condições para se impor

relativamente às forças livres que atuam no mercado. No entanto, como sugerem Benau,

Barbadillo e Martínez (1998), Bueno e Morcillo (1993), Porter (1985), os mercados

funcionam com um certo grau de imperfeição, e os parâmetros que induzem a existência do

tipo de modelo acima referido não são suficientes para o conhecer em detalhe, daí a

necessidade de recorrer a outras medidas – ratio de concentração (CR), índice de Hirschman

Herfindahl (H), índice de Gini (IG) e Curva de Lorenz (CL) – para perceber da existência de

situações intermédias entre a concorrência perfeita e o monopólio.

Os estudos realizados em diferentes países evidenciam que uma das variáveis de maior

conteúdo informativo é o conceito de poder de mercado, considerado como a capacidade de

algumas empresas em imporem determinadas condições, afastando-se, em consequência, dos

padrões de comportamento inerentes ao modelo de concorrência perfeita. Pressupõe-se, assim,

que as empresas de maior dimensão são capazes de exercer uma considerável influencia sobre

o mercado no seu conjunto, tendo capacidade para atuar sobre os principais parâmetros da

transação: o preço e a qualidade. Transportando esta axiomática para a auditoria, a

concentração existente sugere que, através de uma ação conjunta, o poder de mercado pode

afetar negativamente a eficiência da afetação de recursos. Todavia, é necessário evidenciar

este poder através de uma análise empírica do volume de atividade do mercado e da sua

distribuição entre as diferentes empresas que prestam serviços de auditoria. Assim, o

funcionamento do mercado de auditoria pode assumir disfuncionalidades se várias empresas

controlarem uma quota de mercado suficientemente importante para impor comportamentos

suscetíveis de afetar a concorrência. As medidas anteriormente mencionadas são, entre outras,

instrumentos utilizados para medir a estrutura de mercado dos serviços de auditoria pelo lado

da oferta e o tipo de concorrência existente.

Os Estados Unidos, em 1967, foi o país pioneiro na aplicação da metodologia baseada nos

índices de concentração (Zeff & Fossum, 1967) devido a três aspetos: à grande importância

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atribuída à auditoria pela sociedade americana, na qual esta é entendida como um serviço

solicitado voluntariamente pelo cliente e não como uma imposição legal (Hottegindre &

Lesage, 2008), à tradição da sua utilização como importante instrumento do mercado

financeiro e à observação sistemática do princípio da transparência na utilização pública das

bases de dados. Nas décadas seguintes confirma-se que as grandes empresas internacionais de

auditoria controlavam largamente o mercado gerando, em contrapartida, uma diminuição das

quotas de mercado das médias e pequenas empresas. Nos países europeus, desde a década de

70 do século passado, os mercados de auditoria foram igualmente investigados em diferentes

países: Reino Unido, Dinamarca, Holanda, Alemanha, Espanha, Portugal. O trabalho

precursor, devido a Moizer e Turley (1989), enfatiza o facto de as maiores empresas

industriais do Reino Unido, no período de 1972-1982, serem auditadas por quatro grandes

firmas internacionais de auditoria, com uma quota de mercado próxima dos 55%.

O mercado europeu de auditoria tem sido objeto de aprofundamento em termos comunitários,

conforme o demonstram o relatório MARC (1996), cuja preocupação central é o papel, a

posição e as responsabilidades do auditor legal na União Europeia e o seu impacto no

funcionamento do mercado interno dos serviços de auditoria. Por sua vez, o Green Paper

(1996) regulamenta a auditoria legal e a necessidade de intervenção ao nível europeu, bem

como a liberdade de estabelecimento e a livre prestação de serviços no mercado europeu de

auditoria.

Em 2010 a União Europeia no Livro Verde (Green Paper) “Política de auditoria: as lições da

crise” realça a excessiva concentração do mercado de auditoria nas designadas big four, o que

representa um risco sistémico.

O nosso estudo contribui para aprofundar a investigação sobre o mercado da auditoria, pelo

lado da oferta, pelas seguintes razões: em primeiro lugar por ser o primeiro estudo elaborado

em Portugal depois da obrigatoriedade, imposta aos auditores que auditam entidades de

interesse público, de publicarem o relatório anual de transparência, em segundo lugar, pelo

facto de os últimos estudos publicados em Portugal se basearem em informação relativamente

afastada, carecendo, por isso, de atualização; por último por apresentar a situação do mercado

de auditoria de uma média económica europeia em crise, tutelada pelas organizações

financeiras internacionais.

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1. Revisão da bibliografia

Desde 1967 até ao ano 2013, diferentes investigadores nos Estados Unidos, na Europa, na

Austrália e na Nova Zelândia, têm manifestado um conjunto alargado de preocupações sobre

o mercado dos serviços de auditoria, suportadas em estudos empíricos sobre a diminuta

concorrência existente, em virtude de um número cada vez menor de participantes.

A literatura internacional sobre o tema comporta um conjunto diversificado de vertentes (Sori,

2009) das quais destacamos: a concentração do mercado de auditoria, a licitação ou concurso,

convite ou oferta de serviços sem ser solicitado, a publicidade, a habilidade do auditor para

resistir à pressão do cliente e, por fim, os preços e as práticas de low-balling. De todas estas

dimensões, enfatizaremos, neste trabalho, a problemática da concentração de mercado dos

serviços de auditoria. Esta convergência acarreta um conjunto de perigos potenciais que

podem resultar numa nova crise financeira, oriunda, uma vez mais, na perda de credibilidade,

por parte do público em geral, na informação financeira apresentada e divulgada pelas

empresas e auditada pelos auditores.

Com efeito, o CLERP 9, como salientam Green, Walker e Mckinnon (2010), analisa a

independência do auditor, num mercado cada vez mais concentrado e sugere a existência de

imparidades naquele atributo. Na mesma linha de pensamento, Lambe (2013) refere o UK

Office of fair trading (2011) onde são evidenciados, entre outros, os efeitos adversos sobre a

concorrência, a existência de conluios entre as grandes empresas de auditoria e o

aparecimento de significativos comportamentos anti-competitivos. Neste enquadramento,

Francis, Michas e Seavey (2013) referem, na sequência do Green Paper (2010) e da

recomendação efetuada pela Comissão Europeia ao Parlamento Europeu (2011), um número

alargado de medidas para reduzir o domínio das grandes empresas de auditoria: proibi-las de

facultarem serviços extra-auditoria, tornar obrigatório a rotação dos mandatos e de mandatos

conjuntos, implicando esta última situação a existência simultânea de uma sociedade de

auditoria considerada não grande. Por sua vez, o United States Governement Accountability

Office (GAO, 2008) reconhece, através da utilização do índice de Herfindahl calculado com

base nas quotas de mercado de auditoria que, desde 1980, um número muito pequeno de

empresas de auditoria audita maioritariamente um número crescente de empresas cotadas

sujeitas à jurisdição da SEC e, como resultante, refere que o mercado tem características de

oligopólio, pela concentração dos rendimentos da auditoria num número limitado de

empresas. O GAO (2008) alerta, contudo, que um mercado altamente concentrado não

implica necessariamente comportamentos anti-competitivos. De facto, a competição em

oligopólio pode ser intensa e possibilitar preços mais competitivos, além de facultar mais

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inovação e produtos de elevada qualidade. É ainda referido que o mercado de serviços de

auditoria com um número reduzido de players tem razões históricas e pode gerar vantagens.

Com efeito, o GAO (2003) salientava que as fusões no mercado de auditoria são a resposta à

globalização das empresas que se transformaram em players mundiais. Na Europa, a

concentração do mercado de auditoria é especialmente importante no Reino Unido, onde em

consequência dos relatórios Oxera (2006), discute-se, em 2010, na Câmara dos Lordes as

consequências da concentração do mercado de auditoria em quatro grandes empresas,

focando-se o debate, com especial incidência, na falta de concorrência com eventuais

repercussões na qualidade da auditoria, tendo presente o desempenho das big four no

desenvolvimento da crise financeira. Discutem-se, igualmente, as vantagens e os

inconvenientes da concentração do mercado de serviços de auditorias no setor financeiro. O

relatório final (2011) é bastante crítico relativamente ao desempenho das grandes empresas de

auditoria.

No início do século, com o colapso da Arthur Anderson, surge a Sarbanes–Oxley Act (SOA,

2002) que mandatou a GAO(2003) para estudar a concentração no mercado de auditoria.

Conclui-se que nos Estados Unidos e no mundo existem poucas empresas de auditoria com

capacidade para auditar empresas multinacionais, o que levanta, além do elevado risco de

concentração, problemas de escolha, de preço e de qualidade.

Lambe (2013) identifica um conjunto de barreiras à entrada no mercado de auditoria e

apresentando como soluções: uma maior transparência no processo de recrutamento dos

auditores, a obrigatoriedade de rotação dos auditores e das sociedades de auditoria, uma maior

enforcement na monitorização da qualidade da auditoria, uma ligação direta dos auditores ao

comité de auditoria, uma coordenação mais ativa entre os gestores, os acionistas e os

auditores, o desenvolvimento do papel dos acionistas no processo de accountability,

alterações no modelo de relatório de auditoria de forma a torná-lo mais eficaz e transparente

e, por último, a elaboração de auditorias conjuntas.

Steponaviciute e Zvirblis (2011) sugerem que a ligação do mercado de auditoria à

estabilidade financeira é um ponto de convergência entre os políticos e os participantes no

mercado de capitais, apontando, no entanto, o facto de os investigadores terem encontrado

uma ambígua relação na supracitada conexão. Enfatizam ainda, de acordo com Cetorelli,

Hirtle, Morgan, Peristiani e Santos (2007), a elevada resistência dos mercados concentrados

relativamente à substituição dos auditores. Cabán-Garcia e Cammack (2011), por sua vez,

referem que a concentração está associada à dimensão da indústria, à concentração de clientes

e ao indicador que relaciona as empresas de auditoria com o número de sociedades existentes.

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Francis, Michas e Seavey (2013) investigaram a estrutura do mercado de auditoria em 42

países e a sua relação com a qualidade de uma auditoria, concluindo pela ausência de relação.

Krambia-Kapardis e Zopiatis (2010), Grinevicius e Krivka (2009), Ferguson, Francis e Skotes

(2003) apresentam investigações relativamente aos problemas de concentração do mercado de

auditoria: estruturas do mercado, concentração e honorários recebidos, índices a aplicar em

mercados em oligopólio, etc.

Esta problemática porém não é recente. Com efeito, na década de 80, nos Estados Unidos,

Dopuch e Simunic (1980), entre outros, analisam o segmento das empresas cotadas e através

da técnica do CR, referem a existência de elevados níveis de concentração (95-98%), quando

eram agregados oito empresas (CR8), ou (60-70%), para um CR4. Na década de 90, com as

mega fusões entre as grandes empresas de auditoria, o indicador acima referido exponencia o

gap entre as grandes empresas e as pequenas e médias empresas de auditoria (Wootton,

Tonge, & Wolk, 1994). Ao nível europeu realçamos os estudos efetuados no Reino Unido

(Beattie & Fearnley, 1994; Christiansen & Loft, 1992), em Espanha, Benau et al. (1998), na

Bélgica, Numan e Willekens, (2012). Estes auditores evidenciam diferenças sensíveis entre os

diferentes países europeus e apontam para níveis de concentração inferiores aos verificados

nos Estados Unidos. Na década de 90 os níveis de concentração continuam a aumentar,

iniciando-se, assim, uma fase de análise crítica dos efeitos da concentração sobre a

competitividade e sobre o relatório de auditoria (Dopuch & Simunic, 1980; Campbell &

McNiel, 1985), bem como sobre os efeitos do poder de uma estrutura oligopolizada na

objetividade e na independência do auditor (Minyard & Tabor, 1991; Tonge & Wootton,

1991).

Johnson, Walker e Wester Gaard (1995) referem que as autoridades reguladoras da auditoria

requerem mais controlo, supervisão e vigilância, com o objetivo de aumentar a sua eficácia e

associam diretamente o estudo o grau de concentração dos mercados com o desenvolvimento

económico de um país.

Em Portugal, tanto quanto é do nosso conhecimento, existem dois estudos sobre esta

problemática: Carmo Gonçalves (2009) e Almeida (2012) através de bases informáticas

diferenciadas e com o recurso a distintas medidas, apontam a existência de forte concentração

nas empresas cotadas. No entanto, o estudo elaborado pelo segundo investigador abrange a

generalidade dos auditores que, à data de 2004, tinham atividade, e aponta conclusões

diferentes relativamente às empresas não cotadas. Com efeito, Almeida (2012) analisa a

procura e a oferta no mercado de serviços de auditoria, adotando como variáveis as empresas

sujeitas a revisão legal de contas, bem como o número de ROC em atividade.

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Assim, com base nos quadros de evolução da atividade profissional, publicados pela OROC,

em 2004, e utilizando técnicas de extrapolação linear, medidas de tendência central, índices

de concentração e a curva de Lorenz, obteve resultados que lhe permitiram concluir que o

forte enquadramento legal, a estrutura da oferta, gerida administrativamente e impondo um

número limitado de empresas a cada ROC, bem como a existência de uma tabela de

remunerações, foram fatores que contribuíram para uma equitativa distribuição geográfica e

uma concentração mínima, ainda que com distribuição desigual. Alerta, por fim, para a

existência de uma tendência de concentração no mercado de auditoria legal, enfatizando que o

grau de concentração, nas empresas cotadas, é muito grande estando concentrado nas grandes

multinacionais de auditoria.

2. Metodologia

2.1. Recolha de informação e amostra

O art. 62º-A, nº1 do EOROC obriga a que as SROC/ROC, que auditem entidades de interesse

público, publicitem um relatório anual de transparência no site da respetiva SROC/ROC. Foi

consultado o site da OROC onde se encontram registados todos os ROC e as SROC em

atividade em Portugal, e onde consta, entre outras, informação relacionada com o site da

empresa.

Com base na listagem da OROC retiramos os endereços dos sites das SROC/ROC.

Seguidamente, observámos cada site para verificar a existência ou não do relatório anual de

transparência. Procedemos à sua análise no sentido de aferir qual o volume de negócios da

sociedade, o nº de sócios, se estão ou não ligados a uma rede internacional e as entidades de

interesse público que auditam: detetamos uma universalidade de sessenta e uma empresas

(ROC e SROC) que, em 2012, auditam entidades de interesse público e que tem divulgado o

relatório anual de transparência no respetivo site.

As dez maiores empresas de auditoria a operar em Portugal, ordenadas por volume de

negócios e o volume de negócios global1 das empresas que auditam entidades de interesse

público estão elencados na tabela seguinte:

Tabela 1 - Volume de negócios das empresas de auditoria que auditam entidades de interesse público

1 Neste caso apenas evidenciamos o volume de negócios total das empresas de auditoria que auditam entidades

de interesse público relativo ao ano de 2012, pois algumas empresas de auditoria apenas apresentam no seu site o

relatório anual de transparência do ano em causa, retirando os relatórios dos anos anteriores.

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1 E&Y 30 267 9 355 23 055 62 677 32 286 0 3 360 35 646 26 886 6 470 17 229 50 585

2 Deloitte 31 366 17 531 4 087 52 984 36 397 19 625 4 326 60 348 37 993 20 161 3 404 61 558

3 KPMG 31 144 14 170 1 504 46 818 32 873 13 486 1 480 47 839 33 296 12 409 1 563 47 268

4 PwC 30 990 10 744 2 595 44 329 32 149 9 300 100 41 549 26 708 8 372 1 320 36 400

5 BDO 5 294 1 751 1 032 8 077 5 237 2 171 1 217 8 625 5 958 2 388 963 9 309

6 Mazars 5 133 957 0 6 090 5 077 785 0 5 862 5 920 910 0 6 830

7 PFK 1 427 386 2 886 4 699 1 269 480 3 390 5 139 1 731 406 3 046 5 183

8 Oliveira, Reis & Associados 2 925 57 356 3 338 3 248 79 172 3 499 3 516 54 397 3 967

9 Fernando Peixinho e José Lima 2 677 0 0 2 677 2 754 0 0 2 754 2 828 0 0 2 828

10 Armindo Costa, Serra Cruz, Martins & Associados 2 531 0 0 2 531 2 564 0 0 2 564 2 642 0 0 2 642

143 754 54 951 35 515 234 220 153 854 45 926 14 045 213 825 147 478 51 170 27 922 226 570

182 356 56 889 38 354

2010

Total

RLC/auditoria e

outros serviços

de garantia e

fiabilidade

Consultoria

Outros serviços

não relacionados

com

revisão/auditoria

Designação

Total das 10 maiores empresas de auditoria

Total de todas dos ROC/SROC que auditam entidades de interesse público

Total

2012 2011

Total

RLC/auditoria e

outros serviços

de garantia e

fiabilidade

Consultoria

Outros serviços

não

relacionados

com

revisão/auditoria

RLC/auditoria e

outros serviços

de garantia e

fiabilidade

Consultoria

Outros serviços

não relacionados

com

revisão/auditoria

A maior empresa de auditoria, em honorários relacionados com a revisão legal das contas e

com outros de serviços de garantia de fiabilidade é a Deloitte, enquanto que se análise apenas

tiver em consideração a totalidade do volume de negócios é a maior empresa de auditoria é a

E&Y.

Da análise da tabela supra podemos constatar que os honorários de revisão legal de contas e

outros serviços de garantia de fiabilidade das 10 maiores empresas de auditoria representam

cerca de 79%, total de honorários das empresas de auditoria em auditam entidades de

interesse público. O valor total de honorários cobrados pelas 10 maiores empresas de

auditoria, representam cerca de 84% do valor global de honorários.

No âmbito das empresas em análise verificamos que o volume de negócios das big four (€

206.809), em 2012, representa 88% do volume de negócios das 10 maiores empresas de

auditoria e 75% do volume de negócios de todas as empresas de auditoria que auditam

entidades de interesse público.

Em relação aos serviços de revisão legal das contas e outros serviços de garantia de

fiabilidade os honorários cobrados pelas big four, representam 86% e 68% do total de

honorários da mesma espécie cobrados pelas 10 maiores empresas de auditoria e pelas

restantes empresas que auditam entidades de interesse público, respetivamente.

No triénio em análise os honorários relacionados com revisão legal das contas e outros

serviços de garantia de fiabilidade registaram um decréscimo de 2,5%, enquanto que os

serviços de consultoria e outros serviços não relacionados com a revisão/auditoria

aumentaram 30,3%. Em termos globais o volume de negócios das empresas de auditoria em

análise aumentou 8%.

Verificámos, igualmente, que as entidades de interesse público, em 2012 totalizam 2.114.

Para efeitos de análise destas entidades dividimo-las em quatros grupos: 1º grupo (credit):

entidades emitentes de valores mobiliários e instituições de créditos; 2º grupo (funds): fundos

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mobiliários, fundos imobiliários, fundos de capital de risco e fundos de pensões; 3º grupo

(public): empresas públicas; 4º grupo (others): restantes entidades de interesse público.

2.2. Medidas de concentração utilizadas

Para medir de uma forma segura e transparente a natureza competitiva do mercado, a

literatura internacional sugere a escolha de uma medida de concentração, baseada numa

variável observável e dotada de elevada capacidade explicativa. Para mensurar a atividade do

mercado de auditoria procedemos à análise da sua oferta total, baseada em indicadores diretos

determinadas pelo nível de faturação das diferentes empresas e dos profissionais individuais.

A faturação da empresa de auditoria é considerada uma medida direta da sua dimensão da

empresa. Assim, nesta perspetiva, pressupõe-se que a faturação e o tamanho se relacionam de

uma forma positiva: uma maior dimensão implica necessariamente um maior volume de

trabalho. Assim, podem ser construídos índices de concentração do mercado de auditoria,

utilizando o volume de faturação para avaliar a sua quota de mercado. Escolhida a variável

importa agora aplicar o índice de concentração mais adequado para proporcionar uma medida

aproximada da estrutura de um mercado e, esse índice, corporizado num número real (Segura,

1993), reflete o número de empresa que compõem o mercado e a respetiva quota de mercado.

Estas metodologias já foram suficientemente contrastadas a nível internacional. As medidas

de concentração mais frequentemente utilizadas neste tipo de estudos, já validadas em

economia industrial, são as chamadas medidas de concentração (Reis, 2002), quando faz

sentido acumular a característica em estudo num maior ou menor número de elementos da

população. Ou seja, quando a característica se pode distribuir de modo mais ou menos

uniforme e, simultaneamente, seja possível conceber as seguintes situações extremas: um só

elemento da população detém todo o atributo (a concentração máxima); cada elemento da

população detém igual parcela do atributo (a concentração é mínima). No estudo, são

utilizadas as seguintes técnicas:

1) Ratio de Concentração (CR) de ordem n: este indicador agrega as quotas do mercado

das n maiores empresas do mercado. Analiticamente, o ratio toma a seguinte forma:

𝐶𝑅 =∑ 𝐹𝑛𝑛1

𝐹

Em que: CR = quota do mercado da empresa; n = o número de empresas analisadas;

Fn = faturação /nº empresas; F = faturação /nº de empresas existentes no mercado.

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Trata-se de um índice transparente, suscetível de uma rápida interpretação e de

aceitação generalizada. Contudo, como afirma Benau et al. (1998), tem o

inconveniente de não ter em consideração a distribuição completa das quotas de

mercado ou a sua dimensão, a que acresce o facto de não refletir as entradas e as

saídas da indústria, nem a mudança de posições relativas das n empresas. Assim, como

reporta somente o market share das n maiores empresas, pode ser classificado como

um índice parcial de concentração.

2) Têm sido utilizados índices mais globais (Wootton et al., 1994:58-74; Wolk et al.,

2001), para medir a concentração dos mercados, sendo utilizado, pela sua força

explicativa, o índice denominado - Hirschman Herfindahl (H) – que toma em

consideração todas as empresas ativas no mercado, independentemente da sua

dimensão e reflete, igualmente, a dispersão de atividade entre os agentes pelo lado da

oferta.

A sua formulação analítica é a seguinte:

𝐻 =∑ 𝑍𝑖21

𝑖=1

Em que H= índice de Herfindahl, Z= quota de mercado referente às empresas da

amostra; n=numero de empresas ativas no mercado.

O índice varia entre 0 e 1. O zero significa uma concentração mínima, o mercado é

partilhado equitativamente. O número 1 em que o controlo é máximo e exercido por

uma única empresa. Este índice reflete o número de empresas com atividade no

mercado, bem como o seu grau de atividade, o que nos permite inferir que as pequenas

empresas exercem uma menor influência no índice do que as empresas de maior

dimensão, pelo que pode ser concebido como uma medida de dispersão relativa. O

quadrado da quota de mercado atribui maior peso às empresas de maior dimensão e

portanto, H diminui à medida que o número de empresas no mercado aumenta ou

quando este se torna mais uniforme.

3) O índice de Gini revela que quanto maior for a concentração mais a curva traçada se

afastará da reta de igual distribuição (Reis, 2002). O índice varia entre 0 e 1: é nulo

quando em todas as classes houver uma igual distribuição da variável pelos agentes

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em estudo e toma o valor máximo quando todo o atributo está concentrado nos

indivíduos da última classe. A sua formulação analítica é a seguinte:

𝐼𝐺 = 1 −∑ 𝑞𝑖𝑛−1𝑖=1

∑ 𝑝𝑖𝑛−1𝑖=1

Em que: IG = índice de concentração de Gini; qi = cum yi/yi; pi = cum Fi/Fi; com

Fi = acumulado número de empresas; yi = acumulado volume de vendas.

4) A curva de Lorenz obtém-se unindo, num referencial cartesiano, as frequências

acumuladas para cada classe relativamente ao total [cum fi=cum Fi/Fi], assim com as

frequências acumuladas do atributo em questão [cum yi=cumyi/yi].

Se a concentração for mínima o resultado será uma reta de igual distribuição. À

medida que nos afastamos daquela reta, a área de concentração, vai aumentando,

indicando, por isso, uma maior concentração.

Vejamos a síntese das medidas de concentração na tabela 01 (Slottje, 2002; Bigus e

Zimmermann, 2008)

Tabela 2 - Medidas de concentração

Measures Formula Low market

concentration

Medium market

concentration

High market

concentration

CR(k)

𝐶𝑅 =∑ 𝐹𝑛𝑛1

𝐹

Cr(3)<10%

Cr(4)<50%

Cr(8)<70%

Cr(3)<25%

Cr(4)<65%

Cr(8)<85%

Cr(3)≥25%

Cr(4)≥65%

Cr(8)≥85%

H 𝐻 =∑ 𝑍𝑖2

1

𝑖=1

H<0,1

H≤0,18

H>0,18

IG 𝐼𝐺 = 1 −

∑ 𝑞𝑖𝑛−1𝑖=1

∑ 𝑝𝑖𝑛−1𝑖=1

G<0,4

G≤0,6

G>0,6

Volatility índex

V 𝑉 =∑|𝑥𝑖2 − 𝑥𝑖1|

𝑛

𝑖=1

xi = market share of firm i (xi1 = market share of firm i in period 1), n = number of firms in the market, k =

the number of selected companies in the market

2.3. Hipóteses a considerar

Dopuch e Simunic (1980), Wootton, Tonge e Wolk (1994), Numan e Willekens (2012),

Carmo Gonçalves (2009), Machado de Almeida (2012), Francis, Michas e Seavey (2013),

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investigaram a concentração do mercado de auditoria e concluíram pela existência de níveis

de concentração em crescendo, pelo que formalizámos a seguinte hipótese:

Hipótese 1: O mercado português de auditoria, pelo lado da oferta, evidencia uma acentuada

concentração, em conformidade com a tendência internacional.

A Sarbanes Oxley Act (2002), o GAO (2003, 2008), Oxera (2006), Livro Verde da União

Europeia (2010), Green, Walker e Mckinnon (2010), a recomendação efetuada pela Comissão

Europeia (2011) revelam as preocupações das instituições e dos investigadores relativamente

à contínua redução do número de sociedades de auditoria, em consequência, surge, a nossa 2º

hipótese:

Hipótese 2:O peso dominante no mercado de auditoria português das big four mantem-se

estabilizado no triénio considerado.

Benau et al. (1998), Numan e Willekens (2012), Cetorelli et al. (2007), apontam a elevada

resistência dos mercados concentrados relativamente à substituição dos auditores, daí a

necessidade de aferir da existência de concorrência dentro das big four, e das PME de

auditoria, medida através das trocas de posição ao nível da faturação. Surge, assim a 3ª e 4ª

hipótese:

Hipótese 3: A posição relativa de cada firma de auditoria, incluía na designação big four,

mantem-se estável ao longo do período considerado.

Hipótese 4: A posição de cada firma de auditoria, incluía na designação de pequena e média

empresa, mantem-se estável no período em análise.

Cabán-García e Cammack (2011), Krambia-Kapardis e (2010), GAO (2003), referem a

necessidade da existência de auditores especializados ou com uma perícia individual própria,

esta situação tende a refletir-se nos horários percebidos, daí a formulação das seguintes

hipóteses:

Hipótese 5: O volume de faturação de cada sociedade de auditoria está relacionado com o tipo

de cliente.

Hipótese 6: A inscrição da firma de auditoria na CMVM e a ligação dos auditores a uma rede

internacional influencia a quota de mercado da sociedade de auditores.

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2012 2011 2010

O SOA (2002), GAO (2003), Cabán-García e Cammack (2011), Lambe (2013), estudaram a

concentração associada à dimensão da indústria, concentração de clientes e outos indicadores,

concluindo pela existência de uma associação, o que fundamenta a hipótese 7:

Hipótese 7: Os volumes de faturação das sociedades e auditoria estão relacionados com o

número de partners e a localização da sede.

Foram consideradas as seguintes variáveis independentes: volume de negócios, nº de clientes,

natureza dessas entidades (entidades emitentes de valores mobiliários e instituições de crédito

(credit); fundos (funds); empresa públicas (public); e outras entidades (others)), nº de sócios,

localização geográfica (Lisboa, Porto e restante país), uma variável dummy relacionada com a

ligação a uma rede e outra referente ao registo na CMVM.

3. Resultados Obtidos: análise empírica

O volume de negócios para os três anos é o seguinte:

Tabela 3 - Volume de negócios de auditoria

Mean Maximum Median Minimum Percentile

25

Percentile

75

Standard

Deviation Sum Total N

2010 5289,13 37993,00 1053,00 24,00 506,00 2841,00 10395,63 163963 62

2011 4082,45 36397,00 765,50 24,00 466,50 1957,50 9471,50 179628 62

2012 3171,26 31366,00 701,00 26,00 427,00 1796,00 7769,65 180762 62

Podemos verificar que, em relação ao ano de 2012, as 4 grandes empresas de auditoria são

responsáveis por 70% dos rendimentos.

Figura 1 - Volume de negócios por empresa 2012, 2011 e 2010

Da análise do quadro e da figura precedentes constatamos que o volume de negócios

percebidos pelas empresas de auditoria obrigadas a divulgarem um relatório de transparência,

quando analisados através de medidas de estatísticas descritivas, – medidas de localização – ,

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permitem-nos sumariar os dados através de um só valor. As mais importantes são as medidas

de tendência central que representam os fenómenos – faturação/honorários – pelos seus

valores médios, em torno dos quais tendem a concentrar-se os valores observados. Assim, as

médias relativamente ao triénio em análise, ainda que em declínio, revelam valores aceitáveis,

no entanto, se analisarmos os valores máximos obtidos, tendo em atenção a cada um dos anos

referidos, confirmamos a existência de um desvio padrão acentuado. Todavia, esta análise,

além de reducionista, não é adequada para trabalhar estes dados estatísticos específicos.

Assim, recorremos a medidas que ocupam a posição central na sucessão de observações ou na

distribuição de frequências e verificamos que a mediana é extremamente baixam

relativamente à média.

Analisando agora a variável independente faturação/honorários, através de medidas de

tendência não central – (quartis) –, que dividem a população em quatro partes iguais

constatamos que confirmam as medidas anteriormente utilizadas.

A seguinte tabela mostra as medidas de concentração no período em análise. Como podemos

verificar existe uma grande concentração nas 3/4 grande empresas de auditoria.

Tabela 4 - Medidas de concentração

2012 2011 2010

Cr(3) 0,517 0,565 0,599

Cr(4) 0,685 0,744 0,762

Cr(8) 0,773 0,835 0,873

Herfindahl 0,121 0,142 0,153

Gini 0,767 0,784 0,771

Existe uma grande dispersão por pequenas empresas, a tabela 5 mostra que 75% das empresas

têm um reduzido número de clientes.

Tabela 5 - Número de clientes por natureza do negócio

Credit Funds Public Other

To

tal

Minimum 0 0 0 0

Percentiles 25 0 0 0 0

50 1 0 1 0

75 3 4 2 2

Maximum 40 249 17 64

Big

4

Minimum 16 23 3 16

Percentiles 25 20 49 5,5 19

50 25 129 8 22,5

75 33 216 12,5 43,5

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Maximum 40 249 17 64

Les

s B

ig 1

0

Minimum 0 0 0 0

Percentiles 25 0 0 0 0

50 1 0 1 0

75 2 2 2 1

Maximum 20 91 6 7

Figura 2 - Curva de Lorenz para os anos de 2010 a 2012

Os indicadores de concentração referidos nas tabelas 4 e 5 CR, H, G- relativamente ao triénio

em análise, apontam, à semelhança da literatura internacional, níveis de concentração

extremamente elevados, conforme é evidenciado pelos ratio de concentração Cr3, Cr4 e Cr8,

apesar do nível de concentração desde 2010, ter diminuído em lenta progressão. Assim, a

participação conjunta das oito maiores empresas de auditoria atinge, em 2012, a percentagem

de 77,30%, ligeiramente inferior aos anos precedentes. No entanto, convêm igualmente referir

que a participação conjunta de quatro empresas (RC4) atinge uma percentagem, em 2012 de

68,50%, que à semelhança do índice anterior evidência um ligeiríssimo decréscimo em

relação ao ano anterior.

O índice de Herfindahl (H) acompanha a tendência do indicador anterior, indicando alguma

tendência de desaceleração da concentração, no entanto, reflete ainda níveis muito elevados.

Com efeito, tomando padrão que 0,5 do índice corresponde à existência de duas empresas a

operar no mercado de idêntica dimensão, observamos que em 2010, o índice corresponde

aproximadamente a sete empresas de idêntica dimensão. Em 2011, corresponde a oito

empresas e em 2012 acerca de nove empresas que reportam equitativamente o mercado, o que

reflete a existência de barreiras diversas à desconcentração no mercado de serviços de

auditoria em nítido alinhamento com a situação internacional.

2012 2011 2010

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As convicções anteriores são reforçadas com a quantificação baseada no índice de Gini e na

curva de Lorenz. De facto, quanto maior é a concentração mais a curva traçada se afasta da

reta de igual distribuição. Como se verifica o índice tem um valor em elevado no triénio em

análise, e reflete uma situação perfeitamente estável – 0,771 (2010), 0,784 (2011), 0,767

(2012) – nesta sequência, a curva de Lorenz, que em situação de monopólio tem a forma de

triângulo, mostra um ligeiro achatamento, o que está de acordo com os números evidenciados

pelos índices anteriormente referidos. Confirmamos, assim, a hipótese 1.

Ao efetuar a desagregação do CR, obtemos a tabela 6.

Tabela 6 - Desagregação nominativa dos rácios de concentração

E&Y 1 62 677 E&Y 1 62 677 E&Y 1 62 677

Deloitte 2 52 985 Deloitte 2 52 985 Deloitte 2 52 985

KPMG 3 46 818 KPMG 3 46 818 KPMG 3 46 818

PwC 4 44 329 PwC 4 44 329

BDO 5 8 077

Mazars 6 6 090

PFK 7 4 699

Oliveira, Reis & Associados 8 3 337

Deloitte 1 60 348 Deloitte 1 60 348 Deloitte 1 60 348

KPMG 2 47 839 KPMG 2 47 839 KPMG 2 47 839

PwC 3 41 549 PwC 3 41 549 PwC 3 41 549

E&Y 4 35 646 E&Y 4 35 646

BDO 5 8 625

Mazars 6 5 862

PFK 7 5 139

Oliveira, Reis & Associados 8 3 499

Deloitte 1 61 558 Deloitte 1 61 558 E&Y 1 50 585

E&Y 2 50 585 E&Y 2 50 585 Deloitte 2 61 558

KPMG 3 47 268 KPMG 3 47 268 KPMG 3 47 268

PwC 4 36 400 PwC 4 36 400

BDO 5 9 309

Mazars 6 6 830

PFK 7 5 183

Oliveira, Reis & Associados 8 3 967

2012

Vol.

NegóciosCR8 Posição

Vol.

Negócios

2010

2011

Anos CR3 PosiçãoVol.

NegóciosCR4 Posição

A análise do quadro anterior apresenta a desagregação do CR3. Para o triénio objeto de

análise verifica-se uma acentuada estabilidade de manutenção das posições relativas nos anos

de 2010, 2011, e uma alteração relativamente à primeira posição, em 2012, com Ernst &

Young a assumir a lideração da faturação. O nível de concentração medido através do ratio de

concentração CR4, e incluindo, agora, a PWC, que mantém o terceiro lugar em 2010 e 2011,

descendo para quarto lugar em 2012. A Deloitte empresa leader da faturação, nos anos de

2010 e 2011, cede a posição para a Ernst & Young.

O índice de concentração considerando as oito maiores empresas a nível de faturação, CR8,

inclui, agora, no seu perímetro, pequenas de médias firmas de auditoria (PMEA), cuja

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atividade, medida através da variável em estudo, reflete, em 2012, níveis correspondentes a

30% da faturação da firma leader. Verifica-se ainda que aquelas entidades, no triénio,

perderam volume de negócios. A PWC é a que apresenta o mais elevado nível de crescimento

de 2010 para 2011 das big four, enquanto que as restantes apresentam níveis de faturação

mais estabilizados.

O CR8 reflete, para o período analisado, uma faturação acumulada das PMEA que não excede

em 2010, o valor faturado pela PWC, o mesmo sucedendo em 2011 e em 2012. Neste último

ano, o volume de negócios não atinge sequer 50% da faturação do PWC. Comprovamos,

assim, as hipóteses 2, 3 e 4. O indicador geográfico não mostra qualquer diferença estatística,

no entanto a ligação a uma rede internacional e o registo na CMVM mostra diferenças ao

nível dos rendimentos.

Tabela 7 - % de empresas de auditoria por variável

Class %

Sócios N≤5 77,2

N>5 22,8*

Localização geográfica Lisbon 59,6*

Porto 21,1

other 19,3

CMVM No 50,9

Yes 49,1*

Rede No 50,9

Yes 49,1*

O quadro 7 apresenta outros aspetos indiretos mas relacionados com a concentração. Assim,

verificarmos que as empresas de auditoria são maioritariamente constituídas por pequenas

empresas com menos de 5 sócios, enquanto somente 22,80% das empresas tem mais de 5

sócios. As sedes sociais estão localizadas: em Lisboa (59,60%), no Porto (21,10%) e nas

restantes cidades do país (19,30%). Já as variáveis inscrição na CMVM e ligação a uma rede

internacional apresentam uma maior homogeneidade, no entanto a maioria das SROC e dos

ROC não está registada na CMVM nem pertence a uma rede internacional.

Tabela 8 - Correlações

Spearman's rho Funds Public Other Total Partners Revenues

Credit Correlation Coefficient ,339**

-,141 ,422**

,627**

,311* ,502

**

p-value ,010 ,294 ,001 <0,01 ,018 <0,01

Funds Correlation Coefficient ,283* ,582

** ,759

** ,432

** ,504

**

p-value ,033 <0,01 <0,01 ,001 <0,01

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Public Correlation Coefficient ,110 ,283* ,433

** ,305

*

p-value ,415 ,033 ,001 ,021

Other Correlation Coefficient ,611**

,351**

,464**

p-value <0,01 ,007 <0,01

Total Correlation Coefficient ,519**

,600**

p-value <0,01 <0,01

Partners Correlation Coefficient ,722**

p-value <0,01

** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

* Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).

As correlações (tabela 8), estabelecem uma positive e significativa relação entre o volume de

negócios e o número de clientes: credit (0,502 p-value<0,01), funds (0,504 p-value<0,01),

public (0,305 p-value=0,021). O número de sócios está fortemente correlacionado com o

volume de negócios (0,722 p-value<0,01).

Existe uma significativa correlação entre o número de clientes e a quota de mercado. O

número de sócios está positivamente relacionado com a quota de mercado.

As empresas de auditoria registadas junto da CMVM e as que estão inseridas numa rede

internacional têm uma quota de mercado mais elevada. O tipo de clientes está positivamente

relacionado com o volume de negócios. Provamos assim as hipóteses 5, 6 e 7.

Tabela 9 - Distribuição dos clientes

Credit Funds Public Other Total

Big 4 # 106 530 36 125

797 % 0,133 0,665 0,045 0,157

Big 10 # 128 722 41 143

1034 % 0,124 0,698 0,040 0,138

List less B10 # 99 109 50 25

283 % 0,350 0,385 0,177 0,088

A tabela 9 mostra que a composição da carteira de clientes das big four e das maiores

empresas de auditoria é semelhante, com os funds a representarem mais de 65%, o segundo

grupo são os ohers. Já nas restantes empresas de auditoria a carteira de clientes é composta,

essencialmente por credit e por funds (p-value <0,01).

4. Discussão

O estudo empírico realizado evidencia, pelo lado da oferta, o nível de concentração do

mercado português de serviços de auditoria, tomando por base as variáveis mais

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frequentemente utilizadas na realização de estudos semelhantes na literatura internacional

(Zeff & Fossum, 1967; Dopuch, & Simunic, 1980; Tonge & Wootton, 1991; Beattie ,

Goodcare, & Fearnley, 2003; Johnson et al., 1995; Ferguson, Francis, & Skotes, 2003;

Grinevicus & Krivka, 2009; Carmo Gonçalves, 2009; Almeida, 2012; Lambe, 2013.)

A vertente considerada – concentração do mercado – é uma das facetas apontadas pelos

investigadores, (Benau, Barbadillo, & Martínez, 1998; Sori, 2009; Francis Michas & Seavey,

2013), como das mais importantes, pelos reflexos que pode ter na independência do auditor,

atributo central da auditoria, como referem Mautz e Sharaf (1962), Sherer e Kent (1983), Flint

(1988), Lee (1993) e, sem o qual, a auditoria não faz sentido (Molina & Pérez, 1996).

Os resultados obtidos evidenciam níveis de concentração elevados para o mercado português,

sendo semelhantes aos obtidos nas investigações de Lambe (2013), Oxera (2006), Francis

Michas e Seavey (2013). Os resultados, tomando por base a variável independente – volume

de negócios-, apontam para uma grande resistência das sociedades de interesse público

portugueses em mudar de auditor, o que está de acordo com os estudos já efetuados por

Cetorelli et al. (2007), tal facto também se deve ao período máximo que um auditor de

entidades de interesse público pode permanecer nessa entidade ser de 7 anos. Por outro lado,

as empresas de auditoria enquadradas no CR3, CR4, CR8, e a sua ligação às empresas que

auditam sugerem igualmente algum conservadorismo na manutenção do auditor, ou,

eventualmente, como sugerem Aniza, Mansor e Maruhun (2013), uma particular preferência

para contratar ou manter auditores especializados em determinados setores, tendo em conta a

sua reputação internacional ou especialização em determinados setores e regiões. O mercado

português de auditoria não funciona com base no modelo de concorrência perfeita, uma vez

que, evidencia um elevado grau de imperfeição, materializando no notável poder de mercado

das big four. Com efeito, a dimensão das firmas de auditoria é uma vantagem competitiva de

relevância (Benau, Barbadillo, & Martínez, 1998) traduzindo-se num incremento contínuo da

sua quota de mercado, e na concomitante redução do espaço das pequenas e médias empresas,

conforme já foi demonstrado. Com efeito, o nível de concentração atingido no mercado

Português, medido pelo índice de Herfindahl, evidencia uma estrutura de concorrência

desigual. Assim, a dimensão da empresa de auditoria permite ter acesso à auditoria das contas

dos setores económicos sujeitos a maior controlo: a banca portuguesa e outras entidades de

interesse público, têm tendência a contratar empresas internacionais de auditoria. A formação

deste mercado, em Portugal, à semelhança da Espanha (Benau, Barbadillo, & Martínez, 1998)

e como reconhece o GAO (2008), fundamenta-se em razões naturais ou histórias. As

pequenas empresas de auditoria auditam um número reduzido de empresas de interesse

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público quando comparadas com o mercado dominado pelas big four. De facto, estas têm uma

capacidade limitada para satisfazer a procura de uma grande empresa multinacional: existe,

assim, uma relação entre quota de mercado e a dimensão (Benau, Barbadillo, & Martínez,

1998). Por outo lado inferimos que esta abordagem é adequada ao lado da procura, na medida

em que, em Portugal, na generalidade, a contratação dos serviços do auditor é percecionada

como uma obrigação legal, e não como um serviço e, neste contexto, como a capacidade de

diferenciação é mínima, o preço é considerado uma variável explicativa poderosa (Kinney,

1986; Mutchler & Williams, 1990). Relativamente às big four, tendo em conta a teoria

baseada na diferenciação pelo serviço, em que a variável explicativa é a qualidade, sempre

que está em causa a procura de auditoria pelas grandes empresas, para as quais a auditoria é

um serviço e não uma obrigação, assume-se que a procura diferencia os serviços que prestam

aos auditores, o que equivale a afastar a teoria da homogeneidade. A concertação de mercado

de auditoria, pelo lado da oferta, implica necessariamente a concentração, nos quadros das

multinacionais, de um maior número de auditores/revisores responsáveis (77,20%)

concentrados nas cidades Lisboa e Porto (80,70%), o que é conforme a literatura internacional

sobre o tema (Lowensohn, Johnson, Eeder, & Davier, 2007; Willekens & Achmadi, 2003;

Cabán-Garcia & Cammach, 2011). Concluímos da discussão que as preocupações

relativamente à concentração do mercado da auditoria, pelo lado da oferta, são transversais a

todos os países (Dunn, Kohlbeck, & Mayhew, 2011).

Conclusões

A experiência e a reputação são barreiras importantes à expansão e à seleção das empresas de

auditoria de pequena e média dimensão para auditarem entidades de interesse público. Por

outro lado, as empresas e os auditores constroem relações de confiança que são difíceis de

abandonar. A complexidade da auditoria, em grandes empresas multinacionais, requer

conhecimentos horizontais e específicos e instrumentos tecnológicos que não estão ao dispor

das pequenas e médias empresas de auditoria. A diferenciação, pela qualidade do trabalho,

especialização e competências, em domínios cada vez mais específicos, têm sido as

estratégias utilizadas pelas grandes empresas de auditoria para penetrarem no mercado,

baseadas no pressuposto de que o produto de autoria não é homogéneo. Neste contexto, o

mercado, a nível mundial, a que o pequeno mercado português não é alheio, tem vindo a

concentra-se num número cada vez menor de empresas, assumindo, relativamente a uma

crescente procura, uma estrutura do tipo oligopólio. Os problemas de concentração do

mercado de auditoria têm merecido a atenção de muitos académicos e das instituições

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internacionais pelos perigos potenciais que esta situação incorpora para a estabilidade do

mercado financeiro e para a própria sociedade. A concentração e a competitividade estão

estritamente relacionadas e a sociedade começa a questionar os efeitos da concentração na

objetividade e na independência do auditor. Esta concentração do mercado, relativamente às

vantagens e inconvenientes subjacentes, não está fundamentada numa abordagem de

consenso. Com efeito, determinadas correntes teóricas advogam que a concentração do

mercado é uma vantagem competitiva estratégica, e que tal fenómeno permite oferecer ao

cliente serviços de elevado valor acrescentado. Por outro lado, admite-se que um mercado

altamente concentrado não implica necessariamente um comportamento anti-competitivo,

pelo facto de a competição, em oligopólio, poder ser intensa e possibilitar preços mais

competitivos, inovação e produto de alta qualidade. Em vários países têm sido investigadas as

características do mercado de auditoria que têm impedido a livre concorrência no sector,

tendo sido identificado um conjunto de barreiras à entrada e propostos determinados

remédios: maior transparência do processo de recrutamento dos auditores, rotação dos

auditores, ligação direta do auditor ao comité de auditora, auditorias legais conjuntas,

responsabilidade pela nomeação dos auditores, ligação mais ativa entre todos os

intervenientes no processo de accountability, etc. Em suma, o processo de concentração do

mercado de auditoria, pelo lado da oferta, numa média economia europeia – Portugal – alinha,

em termos de preocupações, com a literatura internacional sobre a matéria.

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