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RESUMO As redes sociais possibilitaram uma participação mais ativa dos eleitores, tornando-se um novo espaço público comunicacional durante as eleições para governador do Paraná em 2010. O presente artigo traz uma revisão da literatura sobre comunicação política, interatividade nas novas mídias e como a rede de micro-blogs Twitter apresentou-se como uma ferramenta que reconfigura o fluxo da comunicação. Com base nas mensagens trocadas entre o candidato ao governo, Beto Richa, e seus seguidores, a pesquisa busca investigar se houve interatividade neste processo comunicacional e que utilização foi feita dessa interatividade. O método escolhido foi a análise de conteúdo nas suas formas quantitativa e qualitativa, que, aliada ao referencial teórico consultado, deu o suporte necessário às conclusões da pesquisa. O estudo revelou certa superficialidade no debate argumentativo (característico do regime democrático) nos diálogos realizados a partir da rede de micro-blogs, assim como algumas funcionalidades peculiares atribuídas ao Twitter pelo candidato Beto Richa. Palavras-chave: Redes sociais, eleições, Twitter, interatividade.

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RESUMO

As redes sociais possibilitaram uma participação mais ativa dos eleitores, tornando-se um novo espaço público comunicacional durante as eleições para governador do Paraná em 2010. O presente artigo traz uma revisão da literatura sobre comunicação política, interatividade nas novas mídias e como a rede de micro-blogs Twitter apresentou-se como uma ferramenta que reconfigura o fluxo da comunicação. Com base nas mensagens trocadas entre o candidato ao governo, Beto Richa, e seus seguidores, a pesquisa busca investigar se houve interatividade neste processo comunicacional e que utilização foi feita dessa interatividade. O método escolhido foi a análise de conteúdo nas suas formas quantitativa e qualitativa, que, aliada ao referencial teórico consultado, deu o suporte necessário às conclusões da pesquisa. O estudo revelou certa superficialidade no debate argumentativo (característico do regime democrático) nos diálogos realizados a partir da rede de micro-blogs, assim como algumas funcionalidades peculiares atribuídas ao Twitter pelo candidato Beto Richa.

Palavras-chave: Redes sociais, eleições, Twitter, interatividade.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3 2. DELIMITAÇÃO DO TEMA .............................................................................. 6

2.1 - DESEQUILÍBRIOS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL ................................. 6 2.2 - A INTERNET CORRIGIU OS DESEQUILIBRIOS NA COMUNICAÇÃO? ........................................................................................................................ 9 2.3 - WEB 2.0: O QUE MUDA COM AS NOVAS MÍDIAS ............................. 11

3. A POLÍTICA E A COMUNICAÇÃO SOCIAL ................................................. 14 3.1 - O ADVENTO DA COMUNICAÇÃO POLÍTICA ..................................... 15

3.2 - A COMUNICAÇÃO POLÍTICA NAS NOVAS MÍDIAS. .......................... 18 3.3 - O TWITTER NA POLÍTICA. .................................................................. 20

4. PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................................... 22 4.1 - NÍVEIS DE INTERATIVIDADE. ............................................................ 22

4.2 - INTERATIVIDADE ENTRE CANDIDATOS E ELEITORES NO TWITTER. ..................................................................................................... 27

5. OBJETIVO GERAL. ....................................................................................... 29 6. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 30 7. JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 31

8. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................... 33

8.1 - MÉTODO DE ABORDAGEM ................................................................ 34 8.2 - TIPO DE PESQUISA ............................................................................ 34 8.3 - TIPO DE DELINEAMENTO .................................................................. 35

8.4 - COLETA DE DADOS ............................................................................ 35 9. ANÁLISE DAS MENSAGENS NO TWITTER DE BETO RICHA ................... 37

10. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 44 10.1 - OS USOS DA INTERATIVIDADE PROPORCIONADA PELO TWITTER. ..................................................................................................... 44

11. CONCLUSÃO .............................................................................................. 51 12. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 56

12.1 - REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS ........................................................ 59

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1. INTRODUÇÃO

A comunicação e a política são áreas do saber humano que há muito tempo

veem seus caminhos se entrelaçarem de modo a tornar árdua a tarefa de mensurar

onde começa ou termina a influência de uma sobre a outra. A relação entre o

controle dos meios de comunicação e o poder político estabelecido tem motivado

análises em ambas as áreas. Esses estudos que deram origem, por exemplo, às

primeiras teorias da comunicação e a célebres tratados políticos.

Desde os debates filosóficos travados oralmente na Grécia clássica, passando

pelo surgimento da imprensa escrita (rústica e elitista em seus primórdios) até o

bombardeio informacional proporcionado pela comunicação massificada

característico dos tempos atuais, a classe política vem demonstrando justificada

preocupação com a construção e disseminação de uma imagem midiática favorável

a si.

O capítulo 2 deste trabalho, dedicado à delimitação do tema, traz uma breve

explanação acerca do desequilíbrio no fluxo comunicacional, gerado pela

passividade da audiência nos modelos massificados de comunicação. Aborda o

início da trajetória das meios de comunicação de massa e discute a apresentação

dos internet (e posteriormente das novas mídias, como solução para esse

desequilíbrio.

No capítulo seguinte, deu-se a revisão dos conceitos mais básicos da política,

a fim de possibilitar as primeiras considerações acerca de algumas particulares das

relações entre esta área e a comunicação social. Verificou-se, em outras coisas, que

durante um longo período na história da comunicação bastou à elite política fazer

uso de mecanismos de controle/censura dos meios de comunicação e da opinião

pública para continuar exercendo o domínio do poder político. No entanto, com a

inequívoca revolução comunicacional propiciada num primeiro instante pela internet

e mais adiante pelas novas mídias, parte da atenção dessa classe política teve de

voltar para esta via alternativa aos meios de comunicação tradicionais.

Não poderia deixar de ser citado o caso mais explícito da relevância que o

conjunto das novas tecnologias midiáticas assumiram no universo político: a vitória

do candidato Barack Obama nas eleições presidenciais realizadas em 2008 nos

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Estados Unidos. Isso porque, entre as ferramentas utilizadas por Obama, figurava o

recém-criado o Twitter1.

A problematização da pesquisa encontra-se no capítulo 4 do trabalho e expõe,

a tempo, as dúvidas que deram a razão de ser a pesquisa. Os capítulos seguintes

trazem o objetivo principal, os objetivos específicos, a justificativa e a metodologia

concernentes a pesquisa.

O que mudou com a utilização das redes sociais (entre elas o Twitter) na

comunicação política? A resposta parece residir naquela que é a principal

característica da web 2.02 (o conceito a partir do qual as novas mídias foram

desenvolvidas): a interatividade.

Buscando adaptar-se a esse novo e promissor canal de comunicação

oportunizado pelos sites, blogs e redes sociais, apresenta-se um número cada vez

maior de políticos, ávidos em repetir o sucesso alcançado por Barack Obama e

cientes do perigo de ignorar o potencial que as novas mídias demonstraram possuir

no pleito estadunidense.

Durante as eleições para governador do estado do Paraná, realizadas em

2010, um desses políticos era candidato Beto Richa, do Partido da Social

Democracia Brasileira (PSDB). Paralelamente a campanha direcionada aos meios

de comunicação tradicionais, o candidato investiu em algumas das novas

ferramentas midiáticas, entre elas o Twitter. Um dos mais populares políticos

brasileiros já antes do começo da campanha, Richa tencionava com essa atitude

interagir com os usuários do ciberespaço para conquistar esse nicho de eleitores.

O intuito desta pesquisa é fazer uma análise da utilização do Twitter pelo

candidato a governador do Estado do Paraná, Beto Richa, durante a campanha

eleitoral de 2010. O foco principal é investigar se o candidato conseguiu estabelecer

por meio dessa rede social um canal de interatividade entre ele e seus seguidores

(followers).

1 O Twitter é uma rede de micro-blogs interligados que permite a seus usuários enviar e receber

mensagens de outros contatos em textos de até 140 caracteres. Seja por sua interface de funcionalidade extremamente simples, ou pela mobilidade comunicacional que ele permite (as mensagens podem ser enviadas inclusive de telefones celulares), o Twitter é atualmente uma das redes sociais mais usadas em todo o mundo. 2 Baseada na participação constante dos atores sociais, a web 2.0 oferece ao receptor a opção de

influenciar na elaboração da mensagem, deixando de apenas aceitar ou não a mensagem veiculada pelo receptor, como ocorria anteriormente. Permite ainda a seus usuários a possibilidade de produzir conteúdo simbólico por meio do envio de textos, fotos e vídeos para sites como a Wikipédia e o Youtube e redes sociais como o Facebook e o Twitter.

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A análise do conteúdo das mensagens do Twitter de Beto Richa tem início no

nono capítulo desta pesquisa. Nele, os dados obtidos por meio da pesquisa

quantitativa já fazem surgir as primeiras considerações, que serão reforçadas a

partir da análise qualitativa e da revisão teórica que chega no capítulo posterior.

A revisão bibliográfica parte de um panorama no qual o termo “interatividade”

vem sendo empregado genericamente como uma forma de se referir a todas as

interações entre emissores e receptores nos meios de comunicação. No entanto,

para a execução desta pesquisa buscou-se identificar o conceito de interatividade

fazendo uso do aporte teórico e científico proporcionado por autores como

THOMPSON (2011), LÉVY (2007), RECUERO (2000), GOMES (2004), MARINHO

(2001), CERVI (2010) e BRAGA (2006), entre outros estudiosos do tema. A esta

pesquisa bibliográfica somou-se as pesquisas quantitativa e qualitativa do conteúdo

das mensagens do Twitter para, no capítulo conclusivo, tecer as considerações

finais acerca do tema.

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2. DELIMITAÇÃO DO TEMA

2.1 - DESEQUILÍBRIOS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL

No decorrer de sua história, a comunicação social apresentou saltos evolutivos

que exerceram tamanho impacto sobre o modo com que os seres humanos se

relacionam que se constituíram em autênticas revoluções. Desde o desenvolvimento

da linguagem, passando pela invenção da prensa móvel por Gutenberg e pelas

culturas eletrônicas, até as inovações possibilitadas pelas novas mídias, essa área

do saber vem promovendo seguidas reformulações no espaço público

comunicacional e com isso alterando sensivelmente o cotidiano das pessoas.

A imprensa como um corte transversal diário do globo constitui um espelho

dos instrumentos tecnológicos de comunicação. [...] Como tal, modificou

técnicas poéticas e por seu turno foi modificada pelos novos meios do

cinema, rádio e televisão. Estes últimos representam revoluções na

comunicação tão radicais como a própria imprensa. (MCLUHAN, 2002, pg.

157-158)

Com o surgimento de novas tecnologias analógicas (tipos móveis, telégrafo,

telefone, entre outros) e de novos meios técnicos eletrônicos (jornal, rádio,

televisão), a comunicação passou a exercer sobre a sociedade um papel mais

importante que o de transmitir informações; ela se tornou a nova esfera pública3

onde a sociedade se viu representada. Para THOMPSON (2011, pg. 49), os meios

de comunicação nos proporcionaram novas formas de agir e interagir em sociedade,

tornando desnecessário, por exemplo, o compartilhamento de um mesmo espaço

físico para a comunicação entre os indivíduos.

Ao alterar as condições espaço-temporais de comunicação, o uso dos

meios técnicos também altera as condições de espaço e de tempo sob as

quais os indivíduos exercem o poder: tornam-se capazes de agir e interagir

à distância; podem intervir e influenciar no curso dos acontecimentos mais

distantes no espaço e no tempo. (THOMPSON, 2011, pg. 49)

3 O termo “esfera pública” surgiu na Grécia e se refere a um espaço que, diferente do privado, é de

reconhecimento público e de representação da sociedade. (Habermas, 1997)

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Para MCLUHAN (2002), os meios de comunicação tornaram-se extensões das

capacidades naturais dos seres humanos. Uma vez que a televisão estende o

alcance de nosso olhar, o rádio de nossos ouvidos e o telefone de nossa voz, o

próprio meio de comunicação passou a ser tão importante quanto a mensagem por

ele transmitida. Ainda segundo o autor, com o advento da automação, os padrões de

associação humana se modificaram, criando novos papéis a serem desempenhados

pelos atores em sociedade.

Apesar do progresso que os novos meios proporcionaram a sociedade, muitas

pesquisas sobre os meios de comunicação (sobretudo nos primeiras décadas de

estudos científicos), foram marcadas por um tom pessimista. Isso porque o

desenvolvimento dos meios, intrinsecamente ligado à revolução industrial e ao

sistema capitalista, fez com que se produzisse (e reproduzisse) conteúdos

simbólicos em larga escala e destinados a um número maior de receptores, dando

origem ao que se convencionou chamar de comunicação de massa4. Temia-se uma

relação “nociva” entre os meios de comunicação e uma população supostamente

formada por receptores que recebiam e respondiam de forma homogênea as

mensagens recebidas.

Já LAZARSFELD (in LIMA, 2002) vislumbrou na comunicação de massa uma

ferramenta de dominação, pelo qual os detentores do poder econômico trocaram a

“exploração direta dos operários nas fábricas” pela “exploração psicológica

alcançada em grande parte pela propaganda disseminada pelos mass media”.

Acreditava que “estes meios tomaram para si a tarefa de conformar o público de

massa ao status quo social e econômico” (id, pg. 110). Também preocupava-se com

a qualidade da produção cultural em tempos de comunicação massiva.

À medida que a assistência aumenta, o nível do gosto estético também tem

decaído. Teme-se que, propositadamente, os mass media acatam tais

gostos vulgarizados, assim contribuindo para uma decadência cada vez

maior. (LAZARSFELD in LIMA, 2002, pg. 50)

4 Estudiosos das teorias da comunicação cunharam o termo “massa” se referindo a um grupo de

indivíduos que têm sua realidade moldada por meio das mensagens dos meios de comunicação. Passivo, esse receptor não oferece resistência às mensagens, apenas as assimila e é manipulado por elas.

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Teóricos frankfurtianos como ADORNO e HORKHEIMER (2002) viam a

comunicação de massa como o processo pelo qual a indústria cultural5 transformaria

produtos simbólicos em mercadoria. A mercantilização retiraria a “aura” das obras,

que então serviriam apenas para entreter o receptor, privando-o do pensamento

crítico e levando-o a um estado de passividade diante da informação recebida, ou

seja, alienação.

Senso crítico e competência são banidos como presunções de quem se crê

superior aos outros, enquanto a cultura, democrática, reparte seus

privilégios entre todos. De frente a trégua ideológica, o conformismo dos

consumidores, assim como a imprudência da produção que estes mantêm

em vida, adquire uma boa consciência. Ele se satisfaz com a produção do

sempre igual. (ADORNO e HORKHEIMER, 2002, pg.182)

THOMPSON (2011), no entanto, refuta o negativismo frankfurtiano acerca da

comunicação de massa. Para ele devemos descartar o conceito da passividade dos

espectadores, uma vez que cada um destes recebe, interpreta e reage de um modo

diverso a mensagem recebida de acordo com seu repertório cultural.

Quando indivíduos codificam ou decodificam mensagens, eles empregam

não somente as habilidades requeridas pelo meio técnico, mas também

várias formas de conhecimento e suposições de fundo que fazem parte dos

recursos culturais que eles trazem para apoiar o processo de intercâmbio

simbólico. Estes conhecimentos e pressuposições dão forma às

mensagens, à maneira como eles as entendem, relacionam-se com elas e

as integram em suas vidas. (THOMPSON, 2011, pg. 50)

Para BRAGA (2006) foi superada “a percepção de que os usuários dos meios

ditos de massa seriam homogêneos, passivos e, portanto, facilmente manipuláveis”.

O autor reconhece “uma possibilidade de resistência (baseada em mediações

culturais extramidiáticas) do receptor” (pg. 61). A sociedade receberia os valores

simbólicos dos meios de comunicação e responderia a esse estímulo.

O avanço da pesquisa científica trouxe então a discussão sobre a comunicação

de massa para outro patamar, adotando um novo prisma, menos ideológico, mais

5 A expressão “indústria cultural” foi proposta por ADORNO em 1969 e desenvolvida por teóricos da

Escola de Frankfurt para classificar uma categoria de produtos simbólicos criados a partir do conceito da reprodutibilidade técnica e com a finalidade de abastecer uma indústria que apenas visava o consumismo.

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prático. Segundo THOMPSON (2011, pg. 122-123), em meios mais tradicionais6,

como a televisão, o fluxo comunicacional se dá predominantemente em sentido

único, ou seja, os receptores pouco interferem na produção do conteúdo simbólico.

Essa interação possui uma reciprocidade mínima, gerando desigualdade entre os

atores sociais, no que se refere ao fluxo de informações.

As interações extra-midiáticas entre os setores da sociedade e sua mídia,

relatadas por BRAGA (2006) mostraram-se incapazes de promover em curto prazo

as contiguidades e tensões sobre os emissores e já não satisfaziam o desejo do

receptor de interagir “dentro” do próprio meio de comunicação, de modo

individualizado e imediato, como o próprio autor admite.

Não soubemos ainda desenvolver (com suficiente abrangência e

penetração) dispositivos sociais centrados em processos crítico-

interpretativos capazes de tensionar produtivamente os trabalhos de criação

e produção, nem de eficazmente estimular, cobrar, avaliar e selecionar bons

produtos, nem ainda oferecer bases eficazes para interpretação direta no

ambiente do usuário. (id, pg. 60)

Dessa forma, a interatividade quase nula constituiu-se no melhor argumento

dos pessimistas em relação meios de comunicação - que ECO (2001) batizaria como

apocalípticos7 - e norteou análises e críticas durante anos, até que uma nova

revolução na comunicação tivesse início, já no final do século 20.

2.2 - A INTERNET CORRIGIU OS DESEQUILIBRIOS NA COMUNICAÇÃO?

Com o desenvolvimento da rede mundial de computadores um novo ambiente

comunicacional, também conhecido como ciberespaço8, surgiu para estender ainda

6 No decorrer deste trabalho a expressão “meios de comunicação tradicionais” fará referência ao

rádio, à televisão e aos jornais impressos. 7 Umberto Eco (2001) cunhou os termos “apocalípticos” e “integrados” que serviriam para categorizar

as reações dos receptores à indústria cultural: os “apocalípticos”, que alardeiam a perda da essência da criação artística causada pela produção em massa e os “integrados”, que enxergam os efeitos da indústria cultural como um avanço da sociedade rumo à democratização da cultura. 8 LÉVY (2007) define “ciberespaço’ como o “meio de comunicação que surge da interconexão

mundial de computadores”, não formado apenas pela “infra-estrutura material da comunicação digital”, mas também pelo “universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo” (pg. 17).

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mais as possibilidades da comunicação entre os homens. A internet foi criada em

1969 pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, do Departamento de Defesa

norte-americano, inicialmente para uso militar (CASTELLS, 1999, pg. 82), mas

somente se configurou como a conhecemos em 1994, “a partir da existência de um

browser, da Word Wide Web9” capaz de fazer ligar entre si redes de computadores

que não compartilhavam a mesma localização geográfica. (CASTELLS in MORAES,

2005, pg. 255)

A palavra ciberespaço foi inventada em 1984 por William Gibson em seu

romance de ficção científica Neuromancer. No livro, este termo designa o

universo das redes digitais, descrito como “campo de batalha entre as

multinacionais, palco dos conflitos mundiais, nova fronteira econômica e

cultural”. Defino ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela

interconexão mundial dos computadores e das memórias dos

computadores. (LEVY, 2007, pg. 92)

Para a comunicação social, a internet representou a consolidação do

rompimento das barreiras espaço-temporais em um meio no qual a mensagem

pudesse durar o bastante para a formação do processo de feedback10, no qual que

os usuários podem retroalimentá-la com informações próprias. Para (LÉVY, 2007) o

ciberespaço é o ambiente que detém os recursos técnicos que “permitem a

discussão coletiva, a divisão de conhecimentos, as trocas de saberes entre os

indivíduos” (pg. 101).

O ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento quase independente

dos lugares geográficos (telecomunicação, telepresença) e da coincidência

dos tempos (comunicação assíncrona) [...] Contudo, apenas as

particularidades técnicas do ciberespaço permitem que os membros de um

grupo humano (que podem ser tantos quanto se quiser) se coordenem,

cooperem, alimentem e consultem uma memória comum, e isto quase em

tempo real, apesar da distribuição geográfica e da diferença de horários.

LEVY, 2007, pg. 49)

9 “A World Wide Web” é uma função da internet que junta, em um único e imenso hipertexto ou

hiperdocumento (compreendendo imagens e sons), todos os documentos e hipertextoque a alimentam. (LÉVY, 2007, pg.17) 10

O termo feedback refere-se ao retorno da mensagem recebida efetuado pelo receptor, possibilitando ao emissor a avaliação de seu desempenho e a futura otimização das ações (mensagens) futuras.

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Para RECUERO (2000), esses recursos proporcionaram, enfim, “que os atores

pudessem construir-se, interagir e comunicar com outros atores” (pg. 22). A rede

mundial de computadores vem se tornando cada vez mais importante no universo

pós-moderno, e devido rápida e maciça disseminação de conteúdo e informações,

traz consigo alternativas para superar as barreiras e problemas típicos dos meios de

comunicação que as antecederam.

No entanto, a utilização da internet não trouxe apenas vantagens em relação

aos meios de comunicação tradicionais. Uma de suas maiores desvantagens é a

exclusão digital11. LÉVY (2007) lembra que “o acesso ao ciberespaço exige infra-

estruturas de comunicação e de cálculo (computadores) de custo alto para as

regiões em desenvolvimento” (pg. 236). A internet teve sua utilização doméstica

popularizada apenas no século 21, e ainda é grande o número de pessoas que não

tem acesso à rede mundial de computadores. Além da infra-estrutura, também é

necessária a qualificação do elemento humano, o que, em algumas regiões é uma

árdua tarefa devido às condições sócio-econômicas da população. No Brasil

observa-se uma tendência de diminuição da exclusão digital (em três anos, o

percentual da população com dez anos ou mais de idade que acessaram ao menos

uma vez a Internet pelo computador aumentou 75,3%, passando de 20,9% para

34,8% das pessoas nessa faixa etária, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatísticas - IBGE12), contudo, o fato de pouco mais de um terço da população ter

acessado a internet é certamente alarmante, ainda mais levando-se em conta os

parâmetros da pesquisa da estatal brasileira.

2.3 - WEB 2.0: O QUE MUDA COM AS NOVAS MÍDIAS

Com a popularização, a partir de 2004, da web 2.0, o nível de interatividade

dos usuários no ciberespaço foi incrementado. Amparada em uma série de novas

tecnologias e métodos comunicacionais disseminados na internet, as chamadas

novas mídias, seu sucesso não se dá por conta do ineditismo dos formatos

11

A expressão faz referência às extensas camadas da sociedade impossibilitadas de utilizar as vantagens tecnológicas da rede mundial de computadores devido a fatores econômicos e sócio-culturais. 12

Dados da pesquisa nacional por amostra de domicílios 2008 - Acesso à Internet e Posse de Telefone Móvel Celular para Uso Pessoal, do IBGE.

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utilizados (as fotos, os vídeos, as músicas não são propriamente novidade), mas sim

por inovar na relação entre emissores e receptores.

Segundo ANTOUN (2008) web 2.0 é um termo que se refere à mudança na

comunicação e nos negócios a partir do surgimento e crescimento de um

público participativo e auto-organizado. Blogs, redes sociais, wikis, etc., são

expoentes desse tipo de comunicação. (MARINHO, 2011, pg. 10)

Se antes a maioria absoluta dos internautas se limitava à navegação, com este

novo modelo, baseado na colaboração e participação entre os usuários, tornou-se

ainda mais evidente a principal vantagem da internet sobre seus predecessores: a

interatividade, ainda mais presente em redes sociais como o Facebook, o Orkut e o

Twitter. A web 2.0 oferece ao receptor uma nova opção de influenciar na elaboração

da mensagem, deixando de apenas aceitar ou não a mensagem veiculada pelo

receptor, como ocorria anteriormente. Oferece também ao receptor a possibilidade

dele mesmo produzir conteúdos simbólicos para veiculação.

O ator social alcança um patamar diferente no processo. Não é mais

passivo. “A noção tradicional de objetividade é deixada de lado, bem como

o padrão unidirecional de comunicação de massa, adotando-se um modelo

de ‘muitos para muitos’, mais interativo e dinâmico” (CHRISTOFOLETTI e

LAUX, 2008, pg. 41 apud MARINHO, 2011, pg. 09)

Segundo RECUERO (2009), “uma rede social é definida pela presença de dois

elementos, atores (pessoas, instituições ou grupos, nós da rede) e suas conexões

(interações ou laços sociais)” (pg. 24). Esses atores, por meio de apropriações

individuais do ciberespaço13 (páginas pessoais) podem trocar informações, quando

conectados, e expor suas ideias por meio de uma “identidade” virtual e buscar

conhecimentos específicos ao se associar a comunidades estabelecidas a partir de

interesses mútuos.

Para COSTA (2005), ampliou-se o conceito de comunidade; a comunidade

como conhecíamos não se extinguiu, apenas tornou-se mais complexa, mais

dependente do capital social dos indivíduos. O capital social “refere-se à conexão

entre indivíduos - redes sociais - e normas de reciprocidade e confiança que

13

Segundo DÖRING (2002 apud RECUERO, 2009, pg. 26) as apropriações individuais do ciberespaço se dão quando os atores constroem e mantém por meio de páginas pessoais na internet uma projeção imaginária de sua identidade.

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emergem delas”. (PUTNAM apud RECUERO, 2000, pg. 19). Para conquistar essa

confiança faz-se necessário identificar as características dos demais membros para

interagir nas redes sociais, conquistando o respeito de outros membros por meio de

ações coletivas e expandindo o contato virtual.

A possibilidade de integração de simpatias dentro da cibercultura é da

ordem do jamais visto em nossa história. Os homens conseguem encontrar

zonas de proximidade lá onde isso pareceria impossível: pessoas

compartilham idéias, conhecimentos e informações sobre seus problemas,

dificuldades e carências. O que na maior parte dos casos não seria possível

fazer entre “próximos”, simplesmente porque as redes locais são por

definição limitadas no tempo e espaço. (COSTA, 2005, pg. 247)

Antes quase que exclusivamente dependente das relações com as pessoas

que estão à nossa volta, obediência às regras sociais pré-estabelecidas e a

influência das instituições tradicionais, atualmente o capital social depende mais da

capacidade do indivíduo de interagir em redes sociais, conquistando a confiança, a

estima, o respeito dos outros membros, promovendo ações coletivas, ou seja,

expandindo seus contatos virtuais, forjando laços sociais.

O acesso à informação importa sem dúvida alguma menos do que a

comunicação com os especialistas, os atores, os testemunhos diretos das

pessoas que nos interessam. [...] o ciberespaço permite, cada dia mais

facilmente, encontrar pessoas a partir dos seus endereços no espaço das

competências e dos temas de interesse. (LÉVY, 2007, pg. 240)

Diante desse panorama, é natural que uma das ciências humanas na qual seus

representantes mais dependem da comunicação para alcançar sucesso, ou seja, a

política, se dispusesse a utilizar as redes sociais como uma nova possibilidade de se

comunicar com seu público-alvo.

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3. A POLÍTICA E A COMUNICAÇÃO SOCIAL

O termo “política” tem sua origem na Grécia e é derivado de um adjetivo

(politikós) da palavra utilizada para denominar as cidades-estado gregas (polis).

Político, para os gregos, era tudo que pertencia ou estava ligado aos cidadãos, os

habitantes da polis. A disseminação do termo política aconteceu grande parte em

função de um texto clássico do filósofo Aristóteles, intitulado Política e considerado

“o primeiro tratado sobre a natureza, as funções e a organização do Estado e suas

várias formas de governo” (BOBBIO, 2000, pg. 159).

A corrente aristotélica tratava a política como a ciência que tinha por finalidade

a busca do bem comum. Essa forma de saber grega dividia-se em ética (preocupada

com o individual) e a política propriamente dita (preocupada com a coletividade da

polis). Com o passar do tempo, a palavra política foi cada vez mais sendo associada

às atividades referentes ao Estado e ao exercício do poder político14.

Como visto, uma das preocupações da ciência política é o estudo das formas

de governo adotadas pelos Estados. A forma de governo (também denominada

sistema político) de um Estado compreende as relações de exercício do poder

político deste sobre a sociedade. Elas são classificadas quanto à concentração do

poder em monarquia (o governo é exercido por um) e república (o poder é

distribuído entre os cidadãos, cada um com direito a um voto). Já o regime de

governo de um Estado relaciona-se com a origem do poder do chefe do Estado,

podendo ser autocrático (o poder reside no governante, podendo ser de origem

teológico, ideológico ou militar) ou democrático (o poder vem do povo, o chefe do

Estado é eleito por ele ou por seus representantes).

O alvo de interesse desta pesquisa, em virtude de tratar-se do modelo

atualmente em vigor no Brasil, é a forma de governo republicana de regime político

democrático15. A democracia teve origem em Atenas (Grécia) foi por meio dela que

14

O poder político é uma das três formas modernas (poderes ideológico, econômico e político) de exercício do poder do homem sobre o homem. Seu poder vem do monopólio dos instrumentos coercitivos (emprego da força física) por meios dos quais se impõe aos diversos grupos sociais. 15

Democracia é o regime político no qual o chefe do Estado é eleito pela sociedade (ou por seus representantes) para um mandato a ser exercido por um tempo limitado. A democracia pode ser direta (modelo adotado na Grécia antiga, no qual a responsabilidade do voto era individual e intransferível) e indireta (modelo atual, no qual o povo elege seus representantes para decidir/votar pelos cidadãos que os elegeram).

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15

se desenvolveram os discursos e as práticas políticas em vigor até hoje no universo

político. Ela se fundamentou, em sua gênese, na idéia de que todos os cidadãos têm

o direito de participar igualmente dos debates e decisões políticas. Dessa forma o

conceito de democracia, tanto na sua forma direta (da Grécia antiga) quanto na

indireta (adotado atualmente), sempre dependeu do acesso igualitário aos espaços

públicos onde a discussão política se estabelecia.

Com o crescimento da população mundial o modelo grego de democracia

direta tornou-se cada vez mais difícil de implantado, e hoje a democracia indireta ou

representativa é a forma mais observada entre os países que adotaram esse regime.

Na democracia representativa, o voto do cidadão não decide, apenas elege quem

terá o poder de decisão política. E trata-se de um enorme poder, pelo qual os que

aspiram representar o povo (políticos) se enfrentam com avidez nas campanhas

eleitorais.

3.1 - O ADVENTO DA COMUNICAÇÃO POLÍTICA

O estudo científico das relações entre comunicação e política tem seu auge a

partir da segunda década do século XX. GOMES (id) identificou três estágios da

pesquisa sobre comunicação e política:

Estudo de fenômenos do universo político em que há relevante

presença da comunicação de massa (exemplo: estudo das decisões de voto, de

opinião pública, propaganda política, etc.);

Estudo de dimensões e aspectos da comunicação com incidência na

política (exemplo: estudos sobre jornalismo e relações públicas, marketing e

construção da imagem de personagens do universo político);

Estudo da Comunicação Política como uma especialidade

interdisciplinar, em que a comunicação deixa de ser um meio para se tornar um

ambiente fundamental, no qual a política se desenvolve.

O primeiro modelo analisava a comunicação social apenas como um

instrumento para mediar relações entre a política e a sociedade, ou seja, um meio a

ser utilizado pelo Estado, pela sociedade ou por particulares para “produzir certos

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16

efeitos ou realizar determinadas funções” (GOMES, 2004, pg. 17). Essas pesquisas

eram realizadas levando em conta a visão de sociólogos, filósofos e cientistas

políticos. GOMES (2004, pg. 44) aponta como exemplos desse modelo as pesquisas

de LIPPMAN, LAZARSFELD e LASSWELL.

Já o segundo modelo de pesquisa caminhou no sentido inverso: orientado pela

visão de profissionais e pesquisadores da área da comunicação, seu interesse

residia no “conjunto das habilidades e competências empregadas, nas estratégias e

dispositivos necessários para a relação com o universo político” (id, pg. 44), tendo o

viés comunicativo como dominante. Para os autores dessa vertente, a comunicação,

antes tratada como um instrumento, tornou-se capaz de impor à política suas

estratégias e linguagens e a estudava como um universo com o qual os setores da

comunicação deveriam se relacionar como fontes, pauta e clientela.

Essa separação das duas comunidades científicas legou aos estudos da

comunicação política visões isoladas e deficientes das complexas relações entre

política e comunicação. Deficientes porque, segundo GOMES (ibid) “os dois grupos

mostravam menos competência naqueles aspectos da interface fora dos domínios

específicos de sua disciplina” (pg. 44).

É do terceiro e mais atual modelo de pesquisa proposto por GOMES (2004)

que esta monografia se utiliza. Entende-se que a perspectiva da Comunicação

Política tratada como a especialidade interdisciplinar permite uma visão mais ampla

da atuação dos meios de comunicação na área política, livre dos equívocos

causados pelas visões classistas que predominam nos modelos anteriores. GOMES

(2004, pg. 24) defende este modelo de estudo baseado na combinação entre as

áreas da comunicação e da política e aponta as principais causas do estreitamento

desta interface:

A relação de dependência que o exercício da política contemporânea

mantém com os meios, linguagens, processos e instituições da comunicação;

A necessidade da produção de imagens públicas que as estratégias

eleitorais e políticas requerem para circulação e consumo nos meios de

comunicação de massa;

A demanda por competências e habilidades técnicas que as estratégias

eleitorais exigem para lograr êxito (assessorias de comunicação, pesquisas de

opinião, consultorias de marketing, etc.);

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17

A necessidade da adequação dos discursos políticos para circularem

nos distintos meios de comunicação;

A suposição dominante que, em épocas de eleição, uma grande

audiência pode se converter em mais eleitores e/ou uma opinião pública favorável

aos políticos.

Observa-se que o estreitamento de relações entre as áreas da comunicação e

da política não se deu por acaso. O papel da comunicação social no universo

político sempre foi muito importante, sendo que o próprio conceito de democracia

demanda a existência de uma comunicação igualitária entre as instituições e

indivíduos que formam a sociedade.

Também é conhecida a relevância da opinião pública para a governabilidade

política. Desde O Príncipe16, de Maquiavel (1513) até a extrema profissionalização

da comunicação política que vivenciamos na atualidade, a preocupação com a

construção e disseminação de uma boa imagem se faz presente nas estratégias

políticas.

Sabe-se, nos dias atuais, que o acesso aos meios de comunicação (e em

alguns casos, o controle deles) está intrinsecamente ligado à ascensão e

manutenção do poder político. Observa-se que durante quase toda a história da

democracia indireta, os candidatos que gozavam de maior (e melhor) exposição

midiática fatalmente conseguiram melhores resultados nos pleitos que seus

concorrentes que não gozavam de tal vantagem. Segundo GOMES (2004), “a esfera

civil formava sua opinião sobre os pretendentes à esfera política principalmente nos

períodos imediatamente anteriores às eleições e fundamentalmente por meio das

campanhas políticas” (pg. 112). E a estreita ligação entre as áreas da comunicação

e da política não dá pistas de cessar seu crescimento com o fluxo cada vez maior de

informações característico da comunicação de massa e principalmente das novas

mídias.

16

“O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel, é um dos mais famosos livros sobre a temática política já elaborados pela humanidade. Tido como o primeiro estudo a utilizar o método empírico para escrever sobre a política, o autor exprime neste livro suas opiniões e conselhos sobre como um soberano deve se portar para conquistar e manter seu principado. Em um dos trechos da obra, o autor ensina que, mesmo que o regente não possua muitas virtudes é preciso que ao menos pareça possuí-las, para encontrar na opinião pública o apoio necessário.

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18

3.2 - A COMUNICAÇÃO POLÍTICA NAS NOVAS MÍDIAS.

O interesse dos políticos nas novas mídias teve muitas motivações, entre elas

o alcance da web 2.0 junto aos eleitores mais jovens, a economia, a possibilidade de

interagir com o público e a mobilização da militância partidária que a campanha nas

redes sociais proporciona. Segundo SANTOS (2011) “a internet traz uma miríade de

novas questões que passam pela possibilidade de aumento da participação e do

engajamento cívico” (pg. 38).

No entanto, o interesse político pelas possibilidades de comunicação que as

novas mídias traziam se consolidaria apenas a partir de um evento específico,

causador de enorme impacto no universo político. O caso de maior repercussão do

uso das novas mídias na política se deu durante a campanha do presidenciável

norte-americano Barack Obama em 2008, que esteve presente em diversas redes

sociais, entre elas o recém-criado Twitter, o Youtube e o Facebook. Durante o

processo eleitoral, as redes sociais de Obama tiveram o papel de engajar o

eleitorado, além de ser importante fonte de arrecadação de verbas para a campanha

durante todo o pleito.

Todos os eventos e encontros anunciados podiam ser assistidos, via

internet, em seu sítio. Pelo Twitter era possível saber, de antemão, quando

Obama iria aparecer na Tv ou outra novidade de sua campanha. Na

véspera e no dia da eleição, Obama enviou apenas duas mensagens

pedindo votos; em ambas, havia indicações de como descobrir, via telefone,

SMS ou internet, um local para votar. (GOMES; FERNANDES; REIS;

SILVA, 2009, pg. 36)

A utilização das redes sociais foi indicada ao político norte-americano por

estrategistas capazes de entender o comportamento dos eleitores na internet. A

corrente formada na rede a favor de Obama naquela eleição foi atribuída ao uso de

ferramentas tecnológicas que convergiam, formando uma só estrutura de campanha.

O êxito de suas estratégias de campanha baseadas no uso das novas mídias

criou uma grande expectativa mundial de que o fenômeno voltasse a se repetir;

contudo, as condições para que isso ocorra dependem de diversos fatores, como

por exemplo, o nível de participação política do eleitorado, o número de pessoas

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19

com acesso às ferramentas utilizadas, a competência dos estrategistas de

campanha, entre outros.

Sem internet não haveria Obama. A diferença de compreensão, entre as

campanhas de Obama e Clinton, sobre o que se pode realizar por meio da

política on-line tem sido um fator decisivo nessa que é a maior reviravolta na

história das primárias presidenciais. Há, naturalmente, outras diferenças

importantes: [...] mas nenhuma delas teria sido decisiva sem o dinheiro que

Obama arrecadou on-line, os vídeos que Obama postou on-line e, acima de

tudo, os milhões de pessoas que aderiram on-line à campanha de Obama,

em seus tempos e termos próprios. (CORNFIELD, 2008 apud GOMES;

FERNANDES; REIS; SILVA, 2009, pg. 29)

No momento da eleição de Obama as redes sociais virtuais exerciam funções

importantes em sua campanha: mobilizavam o eleitorado, angariavam contribuições

financeiras, divulgavam suas propostas e se tornaram um canal de interatividade

entre o candidato e o crescente público que tinha acesso regular à internet no país.

É certo que Barack Obama estabeleceu um novo padrão de campanha online. Um

padrão alto e difícil de ser igualado por depender de um conjunto de condições

improváveis de se repetir.

Na campanha de Obama, os e-mails (forma mais comum de

micromarketing) simularam um face a face com conteúdos específicos,

houve uma ruptura na comunicação unidirecional, o eleitor buscou, em

diversos meios, o candidato que melhor distribuiu seu conteúdo. Foi a

campanha que possibilitou maior acessibilidade ao eleitor abrindo um leque

de possibilidades de participação e interatividade. (FRANCO, 2009, pg. 05)

Ao analisar o caso de Barack Obama, se contextualiza a importância de

novos canais de comunicação política, que se estabeleçam como instrumentos de

democratização nas relações de disseminação de informação nas redes.

Instrumentos que priorizem a interatividade, preferencialmente num meio onde “os

freios políticos, econômicos ou tecnológicos à expressão da diversidade cultural”

(LÉVY, 2007, pg. 241) não estejam tão presentes quanto nos meios tradicionais de

informação.

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20

3.3 - O TWITTER NA POLÍTICA.

Dentre as diversas redes sociais criadas nos últimos anos, uma nova

ferramenta midiática vem chamando a atenção tanto dos internautas quanto dos

setores que querem garantir o acesso a eles: o Twitter. O Twitter (rede de micro-

blogs interligados que permite a seus usuários enviar e receber atualizações

pessoais de outros contatos em textos de até 140 caracteres) hoje é uma das redes

sociais mais usadas em todo o mundo. No próprio perfil do usuário é possível

visualizar as atualizações das mensagens em tempo real, que são transmitidas por

meio do site, de navegadores com programas de gerenciamento da ferramenta ou

por mensagens (SMS) de celulares, sendo que nesta última opção o serviço deixa

de ser gratuito, podendo ser tarifado pela operadora telefônica.

O Twitter foi fundado por Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Williams ainda em

2006, como um projeto da empresa Odeo. Uma das características mais

importantes do sistema é que permite que sua API seja utilizada para a

construção de ferramentas que utilizem o Twitter. Isso fez da ferramenta

extremamente popular, sendo utilizada em inúmeras iniciativas, como o

Summize, ferramenta de busca no sistema que posteriormente foi adquirida

pelo Twitter e tornou-se a sua busca “oficial”. (RECUERO, 2009, pg. 174)

No Twitter também é possível responder a mensagens recebidas de outros

usuários através da função retweet, que consiste no envio uma mensagem de um

usuário para a lista de seguidores, dando crédito a seu autor original. A ferramenta

também permite o intercâmbio de informações com outras redes sociais, entre as

quais o Facebook e o Live Messenger, ou seja, tudo que for postado no Twitter

aparece nessas redes.

Os usuários da ferramenta, denominados twitters, têm a liberdade de seguir

quem desejar. Não é necessário que exista uma relação de amizade, como em

outras redes sociais, tampouco requer afinidade intelectual entre os membros da

rede, sendo possível seguir qualquer usuário e visualizar o que ele está “tuitando”.

Outra vantagem que atrai a classe política é que o fato do Twitter ter se tornado

o campo ideal para a disseminação de ideias e formação de opinião na internet, por

reunir no mesmo ambiente virtual, entre seguidores e seguidos, pessoas de variados

níveis intelectuais.

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21

A recentíssima migração para o Twitter de figuras deste Brasil que podem

ser categorizadas (termos cunhados pela própria mídia) como celebridades,

gurus, comunicadores influentes, comunicadores emergentes, pioneiros,

entre outros, tem chamado a atenção: alardeiam no ciber e no papel

números recordes de seguidores, “conversam” com essa massa numérica e

distribuem “olás” e “obrigados” rede afora. (SAAD, 2009 apud PRADO;

FERREIRA, 2009, pg. 154)

A rede de micro-blogs criada em 2006 é a que apresenta o maior crescimento

entre os internautas em vários países, entre eles o Brasil. Segundo o site Alexa.com,

que monitora a popularidade dos endereços eletrônicos na internet, o Twitter

ocupava em 2010 a 13º colocação entre os endereços eletrônicos mais acessados

no Brasil. No entanto, outra pesquisa, realizada pela empresa de monitoração e

análise de mídia E.life no período de novembro de 2010 a janeiro de 2011, na qual

foram entrevistados 945 internautas brasileiros, já aponta o Twitter como a rede

social mais usada no país, já que 74% dos consultados afirmaram utilizá-lo, contra

63% do Facebook, 48,4% do MSN, 34,1% do Orkut e 12% do Youtube.

Atentos a este crescimento, políticos e jornalistas brasileiros acessam cada

vez mais esta ferramenta. Apesar das diferenças entre os cenários político-

econômico dos Estados Unidos e do Brasil, o uso das ferramentas digitais para

alavancar as campanhas eleitorais tende a ser cada vez mais disseminado também

em nosso país. Uma mostra disso é a recente reforma eleitoral brasileira, ocorrida

em 2010, que permite o uso das redes sociais em campanhas, inclusive para

receber doações financeiras (ainda que, diferente do americano, o eleitor brasileiro

ainda não possua esse hábito).

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4. PROBLEMATIZAÇÃO

4.1 - NÍVEIS DE INTERATIVIDADE.

O termo “interatividade” surgiu na década de 70 e passou a frequentar as

reflexões dos cientistas que buscavam explicar a revolução comunicacional que

estava por vir. Segundo RIBEIRO (2005, pg. 107) a “interatividade possibilita algo

inovador no sistema comunicacional mediado tecnologicamente: a junção entre

receptor/emissor; a possibilidade do primeiro se converter no segundo, e vice-e-

versa”.

Com uma observação um pouco mais atenta é possível notar que nos últimos

anos a palavra interatividade vem sendo usada nos veículos midiáticos de maneira

muito genérica. Parte-se de um panorama no qual o senso comum é o emprego da

palavra interatividade para designar quase todas as formas de comunicação entre

receptores e emissores nos meios de comunicação, mesmo em meios surgidos em

épocas anteriores ao conceito de cibercultura, como a televisão.

Um produto televisivo que pode ser apontado como exemplo é o Intercine, da

Rede Globo de Televisão. O Intercine (criado em 2006, está fora do ar desde janeiro

de 2011) era uma sessão de filmes cinematográficos exibidos na televisão que tinha

como proposta de interatividade permitir que o telespectador escolhesse o filme a

ser exibido no próximo programa. Durante os intervalos do filme em exibição, eram

oferecidas ao público três opções, cada qual com um número de telefone, e o mais

votado pelo público seria transmitido no dia seguinte. Poderia a televisão, por meio

de programas como o Intercine, promover a interatividade entre emissora e

receptores?

LÉVY (2007, pg.79) aponta como característica de um canal de comunicação

interativo a possibilidade de troca de papéis entre emissor e receptor. E sentencia

que “a televisão, mesmo digital, navegável e gravável, possui apenas um espetáculo

para oferecer”, ao compará-la ao telefone, que “permite o diálogo, a reciprocidade, a

comunicação efetiva” e ao vídeogame, capaz de agregar vários jogadores ao

mesmo tempo. Na verdade, o que LÉVY (2007) vislumbrava eram parâmetros para

um nível de interatividade que somente integraria um meio de comunicação a partir

do surgimento das novas mídias e das redes sociais. No decorrer deste capítulo, no

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23

entanto, veremos que a televisão não deve ser totalmente descartada como meio de

comunicação interativo, uma vez que o próprio conceito de interatividade não é um

consenso.

Compreende-se por meio do conceito do sistema de resposta social17 proposto

por BRAGA (2006), que mesmo antes da criação das novas mídias a sociedade já

era capaz de reagir aos meios de comunicação ao produzir tensões e efeitos sobre

os produtos simbólicos que emanavam deles. Pontua-se, no entanto, ser esse um

nível de interatividade característico das mídias tradicionais e insuficiente em tempos

de novas mídias, uma vez que seus dispositivos de resposta não são imediatos e

tem reduzido alcance. Contudo, longe de desconsiderá-lo, interpreta-se esse

processo interativo como um modelo a ser ampliado a fim de atender os anseios de

imediatismo e amplitude oriundos dos usuários da web 2.0. Isto porque as novas

mídias, assim como suas predecessoras, não irão simplesmente substituir as mídias

tradicionais, mas sim coexistir, integrar-se e interagir com elas, lição que a própria

história dos meios de comunicação já ensina, ao tomarmos como exemplo as

relações entre a televisão, o rádio e os jornais.

Começando com a mídia impressa, desde os jornais livros, passando pelas

diferentes formas de mídias auditivas tais como o rádio, o gramofone, o

telégrafo, o telefone, as fitas cassete, chegando por fim às mídias

televisivas, tais como a televisão, o cinema, as fitas de vídeo VHS,

trouxeram sim diferentes e complementares formas de sociabilidade que

sucediam­se e acumulavam­se umas às outras, não necessariamente

abandonando ou substituindo as mídias anteriores, mas sim acoplando­se,

interagindo e acrescentado algo a elas. (LUZ, 2010, pg. 04)

Entende-se que a diversidade de interpretações acerca da interatividade reside

na confusão entre os termos “interação” e “interatividade”. Faz-se necessário, neste

ponto da pesquisa, realizar o exame conceitual dos termos citados a fim de

diferenciá-los.

17

BRAGA (2006) referia-se ao sistema social de resposta (ou sistema de interações sociais sobre a mídia) como um sistema no qual os símbolos midiáticos produzidos chegam à sociedade e passava à circular nesta, entre as pessoas, grupos e instituições, impregnando e parcialmente moldando sua cultura. Esses grupos fazem a sua “leitura” dos produtos midiáticos e respondem por meio de dispositivos como crítica, retorno, militância social, etc.

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24

Interação, um conceito em utilização a mais tempo que interatividade, diz

respeito à ação de um objeto físico sobre outro, podendo se referir à relações

homem-homem ou homem-máquina. Já a interatividade trata-se de um modelo

específico de interação, para a qual são imprescindíveis certas condições

específicas.

SILVA (1995) diz que “a interatividade está na disposição ou pré-disposição

para mais interação, para uma hiper-interação, para bidirecionalidade18 (fusão

emissão-recepção), para participação e intervenção” (apud FEITOSA, ALVES e

NETO, 2008, pg. 04). Um dos requisitos para que essa disposição seja contínua é

estimular o usuário a sentir-se parte do processo comunicacional, pois a

interatividade depende da cooperação entre os agentes, ou seja, depende do

feedback, uma espécie de “troca” entre os atores sócias que tomam parte da

conversação.

A noção tradicional de objetividade é deixada de lado, bem como o padrão

unidirecional de comunicação de massa, adotando-se um modelo de ‘muitos

para muitos’, mais interativo e dinâmico. (CHRISTOFOLETTI e LAUX apud

MARINHO, 2011, pg. 09)

LÉVY (2007, pg. 79) entende que “a possibilidade de reapropriação e de

recombinação material da mensagem por seu receptor é um dos parâmetros

fundamentais para avaliar o grau de interatividade do produto”. Propõe ainda um

modelo para a tipificação da interatividade que combina a relação do receptor com a

mensagem (da mensagem linear, que admite uma interferência mínima do receptor

à que depende de uma participação mais ativa) com o número de emissores ativos

no fluxo comunicacional (que vai desde a difusão unilateral à efetuada por vários

participantes).

O quadro abaixo, idealizado por LÉVY (2007, pg. 79) embora seja anterior à

criação das redes sociais, já oferece subsídios para entendê-las como meios que

atingem um alto nível de interatividade.

18

O Dicionário Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) define bidirecionalidade como “a forma como a comunicação é concebida dentro no meio de comunicação tendo em vista o emissor e o receptor. Só há comunicação bidirecional quando não existe mais nem emissor nem receptor, mas sim quando todo o emissor é potencialmente um receptor, e vice-versa. Assim, a bidirecionalidade é a troca entre codificador e decodificador, quando cada um codifica e decodifica ao mesmo tempo”.

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25

TABELA 1:

Fonte: LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 2007.

A análise da tabela proposta por LÉVY (2007, pg. 79), aponta como

característica da interatividade a possibilidade dos atores de assumirem tanto a

função de receptores quanto a de emissores da mensagem, deixando de apenas

aceitar ou não a mensagem veiculada pelo receptor, como ocorria anteriormente.

Voltando ao exemplo citado no início deste capítulo constata-se que o nível de

participação e colaboração alcançado pelo telespectador do programa Intercine em

relação à emissora de televisão garantiriam um nível muito baixo de interatividade: a

ele cabe apenas a possibilidade de escolher um entre três filmes pré-determinados

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pela emissora. Desse modo, há um canal de comunicação entre a emissora e seus

receptores, mas o emissor ainda dita as regras dessa comunicação, impossibilitando

que o receptor interfira mais incisivamente no processo, ou seja, torne-se um agente

ativo no fluxo comunicacional, uma das premissas da interatividade presente nas

novas mídias.

O conceito de interatividade é dividido por THOMPSON (2011) em três formas

ou tipos:

Interação face a face: é necessário que os participantes partilhem as

mesmas referências de espaço e de tempo. Nesta forma de interatividade, o fato dos

participantes compartilharem o mesmo espaço físico (co-presença) ainda admite a

multiplicidade de deixas simbólicas, ou seja, permite que sinais ambíguos como

“piscadelas e gestos, franzimentos de sobrancelhas e sorrisos, mudanças na

entonação e assim por diante” sejam utilizados durante a comunicação; (id, pg. 120)

Interação mediada: requer necessariamente o uso de um “meio técnico

que possibilita a transmissão da informação e conteúdo simbólico para indivíduos

situados remotamente no espaço, no tempo ou em ambos”. (ibid, pg. 121). A

principal diferenciação deste formato com a interação face a face é o fato da

interação mediada não exigir o compartilhamento do espaço físico e do tempo dos

participantes da conversação. Ela permite apenas as deixas simbólicas

características da escrita;

Interação quase mediada: é o tipo interação propiciado pelos meios de

comunicação de massa (e o que mais interessa a esta pesquisa) por ser

potencialmente o único capaz de atingir um grande número de receptores,

disponibilizando uma extensa gama de informação e conteúdo que não requer o

compartilhamento de um mesmo contexto espaço-temporal para ser acessado. Esta

relação permite a comunicação, o intercâmbio simbólico e até uma resposta social

posterior, como BRAGA (2006) propõe. Mas é a interação típica dos meios de

comunicação tradicionais (e não dos novos meios) exatamente por conta do seu

caráter monológico, ou seja, a mensagem não é produzida com o intuito de permitir

a resposta imediata do receptor.

A tabela abaixo (figura 2) dá conta do panorama da interatividade vigente nos

meios de comunicação até o advento das novas mídias.

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27

TABELA 2:

Tipos de Interação

Características

Interativas

Interação face a

face

Interação

Mediada

Interação Quase-

mediada

Espaço-tempo Contexto de co-

presença, sistema

referencial espaço-

temporal comum

Separação dos

contextos;

disponibilidade

estendida no

tempo no espaço

Separação dos

contextos;

disponibilidade

estendida no tempo e

no espaço

Possibilidade de

deixas simbólicas

Multiplicidade das

deixas simbólicas

Limitação das

possibilidades de

deixas simbólicas

Limitação das

possibilidades de

deixas simbólicas

Orientação da

atividade

Orientada para

outros específicos

Orientada para

outros específicos

Orientada para um

número indefinido de

receptores potenciais

Dialógica/

Monológica

Dialógica Dialógica Monológica

Fonte: THOMPSON, John B., A Mídia e a Modernidade: Uma teoria social da mídia. Petrópolis,

Vozes.

A classificação proposta por THOMPSON (2011) mostra que apesar de reunir

características presentes nos três tipos de interação propostos, a interatividade

característica das novas mídias consiste num modelo diverso dos três. Ela é

formada por “uma mistura de diferentes formas de interação” (id, pg. 123) tendo,

portanto, um caráter híbrido.

4.2 - INTERATIVIDADE ENTRE CANDIDATOS E ELEITORES NO TWITTER.

Um exemplo de político que usa regularmente o Twitter é o governador do

Paraná, Carlos Roberto Richa (mais conhecido como Beto Richa), do Partido da

Social Democracia Brasileira (PSDB), que durante a campanha para o cargo ao qual

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foi eleito possuía um dos desempenhos mais expressivos entre os políticos

brasileiros (o melhor entre os paranaenses) arregimentando 12.409 seguidores e

seguindo 1.888 pessoas19. Por meio da ferramenta, informava seus seguidores de

suas propostas, suas viagens, suas aparições públicas, ou seja, usava o Twitter

para divulgar as mais variadas ações de sua campanha. A interatividade com seus

potenciais eleitores e o engajamento da militância eram os principais objetivos do

candidato no Twitter.

Aplicando a tipificação da interatividade proposta por LÉVY (2007) combinada

ao suporte teórico baseado nos demais autores consultados durante a revisão

bibliográfica, deu-se andamento à pesquisa ao buscar nos tweets características

condizentes com o que se assumiu como conceito de interatividade.

19

Números relativos ao mês de setembro de 2010 obtidos com o auxílio da ferramenta Twitaholic (twitaholic.com).

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29

5. OBJETIVO GERAL.

Analisar o conteúdo das mensagens (tweets) do candidato a governador do

Paraná, Beto Richa, veiculadas no Twitter durante a campanha eleitoral de 2010, de

modo a verificar se esta ferramenta se constituiu em um canal de comunicação

capaz de promover a interatividade entre o político e seus seguidores (followers).

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6. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Investigar como se deu a participação do candidato Beto Richa no Twitter por

meio da classificação das mensagens em seu perfil, dos assuntos abordados, das

temáticas que foram priorizadas, a intensidade com que usava a ferramenta

(quantas vezes por dia ele postava), etc;

Analisar algumas das estratégias interativas utilizadas pela assessoria de

comunicação do candidato, de modo a identificar certas funcionalidades atribuídas

ao Twitter por Beto Richa durante a campanha.

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7. JUSTIFICATIVA

São várias as motivações que levaram a este estudo. A primeira delas é a

atualidade do tema, uma vez que o Twitter foi criado em 2006. Uma ferramenta que

vem sendo utilizada por vários setores da sociedade, com destaque para o

jornalismo. O impacto causado no ciberespaço pelo Twitter é tamanho que ele se

tornou, em menos de cinco anos após sua criação, a rede social mais utilizada pelos

internautas brasileiros.

Atualmente muito são muitas as vozes que exaltam a necessidade de

democratizar o acesso à comunicação e o apelo do Twitter reside justamente neste

cunho social: o acesso à informação que ele proporciona às pessoas na internet, um

meio em franca expansão no território brasileiro devido à estabilidade econômica

alcançada nos últimos anos no país e a políticas governamentais voltadas à inclusão

digital.

Também é reconhecida a relevância que o Twitter vem assumindo para o

jornalismo. Atualmente muitos estudos vêm sendo efetuados com o propósito de

comprovar sua importância como ferramenta jornalística, capaz de pautar os

veículos de imprensa e de modificar tradicionais funções dos profissionais desta

área. Um exemplo disso é a pesquisa desenvolvida por VEIRA e CERVI (2010)

acerca da influência do Twitter no jornalismo político paranaense.

Outro aspecto digno de nota é que o estudo das novas ferramentas midiáticas

se torna ainda mais importante quando atentamos para a competitividade do

mercado de trabalho jornalístico. É evidente que quanto mais conhecimento na área

das novas mídias o profissional angariar, mais numerosas serão as oportunidades

de emprego para as quais ele estará qualificado e mais facilmente ele encontrará

portas abertas neste mercado de trabalho reconhecidamente disputado. O

jornalismo digital demanda conhecimento de suas ferramentas e consiste num

mercado em desenvolvimento e com sólidas perspectivas de crescimento, uma

alternativa ao jornalismo convencional, saturado e incapaz de absorver a maior parte

dos formandos dos cursos de jornalismo.

Finalmente, este trabalho tenciona somar-se ao acervo bibliotecário das

Faculdades Integradas do Brasil - UniBrasil, já que são poucos os trabalhos de

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conclusão de curso que abordam a temática das novas mídias tendo o Twitter como

foco exclusivo.

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8. METODOLOGIA DE PESQUISA

Desde o início desta pesquisa, tinha-se em mente que para atender aos

objetivos traçados (investigar/analisar se houve interatividade e como ela se deu

entre Beto Richa e seus seguidores em seu perfil no Twitter), além da escolha

cuidados do aporte teórico que elucidasse as dúvidas conceituais acerca do tema

escolhido, seria necessário estudar tanto o conteúdo estatístico dos números obtidos

por meio das mensagens quanto o seu conteúdo latente, ou seja, o contexto no qual

essa interatividade teria se desenvolvido. Para tanto, o método de pesquisa

escolhido precisava estender sobre o conteúdo pesquisado tanto um olhar

quantitativo (ideal para lidar com o volume de informações manifesta em palavras,

frases, textos e números obtidos) quanto o qualitativo (imprescindível para uma

interpretação mais eficiente dos gráficos e posterior adequação dos números ao

contexto vigente).

Após consultas a manuais de pesquisa científica, orientações de

pesquisadores mais experientes e também pela demanda do próprio objeto tornou-

se evidente que a análise de conteúdo seria a melhor linha de pesquisa a ser

adotada, pelas características (listadas acima) dessa metodologia científica.

Definição de análise de conteúdo jornalística: método de pesquisa que

recolhe e analisa textos, sons, símbolos e imagens impressas, gravadas ou

veiculadas em forma eletrônica ou digital encontrados na mídia a partir de

uma amostra aleatória ou não dos objetos estudados com o objetivo de

fazer inferências sobre seus conteúdos e formatos enquadrando-os em

categorias previamente testadas, mutuamente exclusivas e passíveis de

replicação. (LAGO e BENETTI, 2008, pg. 126-127)

Segundo LAGO e BENETTI (2008), a análise de conteúdo, cuja base teórica

foi definida por LAZARSFELD E LASSWELL no início de século XX, enfatizou em

seu primeiro momento o quantitativismo (pg. 124). Contudo, uma série de críticas a

sua ênfase no valor quantitativo e no exame exclusivo da informação manifesta

levou alguns pesquisadores a mesclarem elementos qualitativos a esse método.

Para as autoras, “a característica híbrida da análise de conteúdo – pode ser vista

como um método que reúne elementos quantitativos e qualitativos – coloca-a num

gueto metodológico de onde ela sai reforçada” (pg. 125). Lembram ainda que a

tendência na atualidade é a integração dessas duas visões, de forma que “os

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conteúdos manifesto e latente sejam incluídos num mesmo estudo” (pg. 126). A

combinação do quantitativo e do qualitativo em análises de conteúdo vem do

“reconhecimento de que textos são polissêmicos e não podem ser compreendidos

fora de seu contexto” (id) e reunir essas duas visões pode conferir mais

confiabilidade aos resultados obtidos na pesquisa.

8.1 - MÉTODO DE ABORDAGEM

Quanto a sua abordagem, a pesquisa apresenta características quantitativas

e qualitativas. Como característica quantitativa apresentam-se os números

coletados, extraídos das mensagens tanto por meio tecnológicos (aplicativos e

programas de computador) quanto do modo tradicional (codificadores munidos de

lápis e papel para anotações e contagem de dados).

Durante o processo qualitativo, objetivou-se categorizar o material

pesquisado, classificando as mensagens obtidas no perfil de Beto Richa conforme a

função que desempenhavam no referente processo comunicacional. A análise

desses dados, feita com base no referencial teórico pesquisado, levou esta pesquisa

a algumas das considerações apontadas na conclusão do estudo.

Procurou-se também apontar algumas das características de sua estratégia

de comunicação via Twitter, além de citar alguns erros e acertos cometidos na

condução da campanha do candidato na ferramenta estudada.

8.2 - TIPO DE PESQUISA

Esta pesquisa se caracteriza como exploratória, uma vez que se utiliza de

levantamento bibliográfico relacionado à interatividade na comunicação, nas novas

mídias e na ferramenta Twitter. Busca-se ainda esclarecer o conceito de

interatividade e estudar como esta se deu entre o candidato Beto Richa e seus

seguidores na ferramenta em estudo. Para tanto, a pesquisa se amparou em dados

obtidos na própria base de dados da ferramenta, ou seja, na internet; dados que se

encontram à disposição de qualquer um que esteja disposto a seguir o candidato no

Twitter.

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8.3 - TIPO DE DELINEAMENTO

O delineamento desta pesquisa se baseia tanto em elementos bibliográficos

quanto em pesquisa de levantamento de dados. Os elementos bibliográficos

referem-se à revisão dos autores que tratam dos meios de comunicação, novas

mídias e interatividade. Apresenta elementos de pesquisa de levantamento porque

trata com dados concretos obtidos por meio de mensagens, que são o objeto de

estudo da pesquisa. Por fim, contém elementos históricos por trazer dados e datas

de eventos que influenciaram e influenciam a história da comunicação.

8.4 - COLETA DE DADOS

Como primeiro passo para dar andamento a este projeto, fez-se necessário

que o autor da pesquisa se tornasse um dos seguidores (followers) de Beto Richa no

Twitter, a fim de garantir o acesso às mensagens postadas no perfil do candidato. O

perfil utilizado para seguir o candidato e acompanhar as mensagens em seu

timeline20 foi o twitter.com/jefersonsecco, criado em 14 de outubro de 2009. No

entanto, desde o início do processo houve a preocupação do autor da pesquisa em

não interagir com o candidato por meio de mensagens de qualquer tipo, entendendo

ser essa medida necessária para garantir que a participação direta no processo

interativo não interferisse ou viesse a prejudicar os resultados da pesquisa.

O acompanhamento das mensagens começou em agosto de 2010, logo que o

tema da pesquisa foi definido. Contudo, com a necessidade de delimitar um período

mais condizente com as possibilidades logísticas desta pesquisa, optou-se pelo

armazenamento (cópia realizada por meio do comando printscreen e salva com o

programa Paint, do sistema operacional Windows 7, no formato de arquivo de

imagem .jpg) e estudo das mensagens do mês imediatamente anterior às eleições,

mais precisamente o período compreendido entre 01 de setembro a 03 de outubro

de 2010. Ao mesmo tempo deu-se início às pesquisas histórica e teórica em livros,

20

A expressão “timeline” (linha do tempo em português), se refere à organização de postagens, utilizada em redes sociais, que leva em conta o tempo de chegada da mensagem, mostrando quais foram as últimas postagens e ajudando os usuários da ferramenta a se orientarem. A timeline exibe informações cronológicas do momento em que foi postado um conteúdo. É a ferramenta que permite a noção da atualização das publicações.

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artigos e textos (obtidos em bibliotecas e na internet) em busca de material científico

que possibilitasse elucidar o significado e as dimensões do termo “interatividade” e

que ligasse o Twitter à comunicação política.

A coleta dos dados contou com o auxílio de algumas ferramentas (aplicativos)

desenvolvidos especialmente para o Twitter, como o TwitterAnalyser (oferece dados

sobre qualquer conta do Twitter), o TwitterCounter (serviço traz estatísticas

relevantes dos perfis do Twitter, apresentadas em gráficos), o Twitter.Grader

(ferramenta que usa critérios como número de seguidores, de seguidos, tweets

postados e uma série de outros fatores levados em conta para elaborar a sua nota e

posicionamento no ranking geral do Twitter), TweetStats (outra ferramenta de dados

estatísticos) e alguns outros programas muito úteis. Contudo, apesar da utilização

da tecnologia propiciada pela informática, uma grande parte do trabalho de

contagem e classificação dos dados foi feita da maneira tradicional, ou seja, à base

de lápis e papel. Isso porque, para melhor compreensão do uso da ferramenta

optou-se por uma série de classificações que tornassem possível vislumbrar a

atuação dos envolvidos na conversação (candidato e seguidores).

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9. ANÁLISE DAS MENSAGENS NO TWITTER DE BETO RICHA

A etapa seguinte desta pesquisa compreendeu a tabulação e a transformação

dos dados obtidos em gráficos para posterior interpretação. Os gráficos em questão

serão apresentados no corpo deste trabalho durante a exposição das considerações

formuladas por meio da pesquisa e encontraram relevância na composição da

discussão sobre o tema proposto em diversos momentos deste texto.

De posse dos dados estatísticos, num primeiro instante foi necessário verificar

quais das mensagens existentes no perfil do candidato foram publicadas por ele

(tweets) e quais foram eram de autoria dos seguidores e foram republicadas por

Richa (retweets). A intenção era verificar se o candidato estava respondendo às

iniciativas de seus seguidores. As categorias utilizadas nesta classificação foram

fornecidas pelo programa TwitterCounter (uma das ferramentas de análise de

estatísticas do Twitter que foram empregadas no decorrer da pesquisa):

tweets (são as publicações produzidas pelo titular do perfil em seu

timeline);

replies (as respostas diretas enviadas pelo titular do perfil à seus

seguidores);

retweets (republicações de mensagens dos seguidores feitas pelo

seguido, o candidato, neste caso).

Verificou-se que o total de mensagens publicadas no perfil de Beto Richa

alcançou a marca de 434 postagens, com média diária de 12,4 tweets. Das 434

mensagens, 412 (95%) eram tweets (foram publicadas originalmente pelo candidato)

e 22 (5%) eram retweets (publicações de seus seguidores republicadas por ele).

Observou-se durante esta etapa da pesquisa que o recurso do Twitter denominado

replies (utilizado para a resposta ou réplica) não foi utilizado pelo candidato no

período estudado. No gráfico abaixo (gráfico 1), verifica-se o resultado desta

primeira apuração, finalizada em na segunda semana de outubro de 2010, logo após

o término do primeiro turno eleitoral (que na ocasião culminou com a vitória de Beto

Richa).

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GRÁFICO 1:

Total de mensagens no Twitter de Beto Richa

Fonte: Elaboração do autor.

O índice nulo na categoria utilizada para respostas (replies), apontado por

esta classificação, ao invés de nos fornecer dados que fizessem vislumbrar indícios

de interatividade, apenas deu-nos conta de uma estratégia adotada pela assessoria

de comunicação de Beto Richa no Twitter: o candidato não respondia a pergunta

diretamente a seu interlocutor, mas usava o artifício da menção (por meio do

comando @ "nome do seguidor") fazendo com que a resposta aparecesse para

todos (em seu timeline), aumentando assim seu número de postagens e tornando

pública a resposta em questão. Com essa prática, além de aumentar seu número de

tweets, sem que precisasse “produzir” mais conteúdo próprio, Beto Richa respondia

publicamente a dúvida de um seguidor que poderia ser a de muitos outros,

minimizando assim seus esforços.

Um fato que depõe a favor de Beto Richa quando se realiza um estudo da

interatividade de seu perfil no Twitter é atenção dada pelo candidato às mensagens

de seus seguidores. No gráfico seguinte (gráfico 2, pg. 30), verifica-se que cerca de

dois terços das mensagens encontradas no perfil do candidato durante o período

estudado eram destinadas a responder perguntas, saudações e mensagens de

apoio recebidas, sempre por intermédio de menções aos seguidores que as

enviavam. A classificação utilizada leva em conta a iniciativa das mensagens

postadas. Trata-se de dois tipos de tweets; as publicações de “iniciativa própria” do

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candidato (quando este se colocava no papel de emissor da mensagem) e os que

visavam a responder a seus seguidores (nos quais Beto Richa se via na condição de

um receptor com a oportunidade de responder a mensagem recebida, o que, como

visto, é uma das premissas da interatividade nas novas mídias).

Os números apurados na pesquisa dão conta que 276 tweets de Beto Richa

(67% do total) continham menções às mensagens recebidas de seus seguidores,

contra 136 (33% das mensagens) de conteúdo postado por iniciativa própria, que

visavam promover sua campanha dos mais variados modos, contudo, sem a

intenção específica de interagir diretamente com algum dos seguidores de seu perfil,

ainda que algumas destas viessem a repercutir posteriormente na ferramenta,

gerando novas conversações.

GRÁFICO 2:

Classificação do conteúdo dos tweets de Beto Richa por iniciativa

Fonte: Elaboração do autor.

Numa terceira etapa, visando qualificar ainda mais a tipificação das

mensagens em estudo, foram estabelecidas algumas categorias a fim de descobrir

quais as utilizações que Beto Richa fazia da rede de micro-blogs Twitter. Essas

categorias dizem respeito às diversas maneiras que a ferramenta vêem sendo

utilizada por seus membros no ciberespaço.

A categoria “saudação” foi criada para classificar tweets que visavam apenas

responder mensagens de “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” enviadas pelos

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seguidores, as quais o candidato respondia de maneira sucinta, com textos tão

exíguos quanto os de seus interlocutores. A categoria “agenda” visou àquelas

mensagens que anunciavam quais os próximos passos do candidato em sua

campanha, fossem eles realizados em sua vida online ou offline (qual a próxima

cidade em que estaria, qual o programa de televisão ou a carreata dos quais

participaria, etc.). A categoria “propostas” foi utilizada para classificar as mensagens

que continham trechos de sua plataforma de campanha, e englobou desde as

propostas mais claras até as promessas mais vagas. Já a categoria que visava às

mensagens que continham em seus micro-textos endereços eletrônicos para

incentivar a visitação dos seguidores a sites de interesse de Beto Richa foi

denominada “links”. A categoria “publicidade” foi usada para mensagens onde o

candidato promovia as realizações de passado político, como por exemplo, as obras

realizadas enquanto ele governava a cidade de Curitiba. E, por fim, a categoria

“ético/moral” foi empregada para as mensagens que traziam citações do candidato

censurando práticas de outros políticos ou exaltando seus próprios valores morais.

No gráfico abaixo (gráfico 3), observa-se a distribuição das categorias uma

vez finalizada a classificação das mensagens.

GRÁFICO 3:

Classificação do conteúdo dos tweets de Beto Richa por utilização

Fonte: Elaboração do autor.

Verifica-se que o candidato Beto Richa fez várias utilizações da ferramenta

Twitter. As categorias “agenda” (84 mensagens, 20% do total), “publicidade” (57

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mensagens, 14% do total), “saudação” (50 mensagens, 12% do total), “ético/moral”

(46 mensagens, 11% do total) e “links” (32 mensagens, 8% do total) são

responsáveis, juntas por 269 mensagens (65% do total).

Por tais dados entende-se que o quase dois terços das mensagens postadas

pelo candidato no Twitter atendiam a funções estrategicamente controladas pelo

candidato e davam pouca margem ao debate democrático. A categoria “propostas”,

a mais interessante do ponto de vista da fomentação da democracia, uma vez que

faz referência ao conteúdo que teoricamente, poderia gerar um debate mais

produtivo, contém 143 mensagens (35% do total de tweets).

Uma quarta e última divisão foi criada, no intuito de descobrir quais os

problemas sociais que mais foram citados em mensagens no Twitter de Beto Richa.

Essa classificação continha os seguintes temas: “educação”, “segurança”, “saúde”,

“emprego” e “meio-ambiente”. A primeira contagem foi feita de forma eletrônica, com

uso de aplicativos (programas) desenvolvidos para análise de estatísticas no Twitter,

alguns deles utilizados de forma online.

Contudo, esse levantamento se mostrou insuficiente, uma vez que algumas

mensagens tratavam do tema “educação” sem, no entanto, fazer menção a esta

palavra (exemplo: tweets que tratavam do déficit de professores na rede pública,

tratavam de um problema relacionado à educação, mas não continham esta tag21).

Procedeu-se então a leitura e contagem minuciosa das mensagens no timeline do

perfil de Beto Richa, a fim de minimizar equívocos que poderiam ser proporcionados

por esta inconveniência.

O gráfico abaixo (gráfico 4), apresenta o resultado destes esforços de

pesquisa. Nele, verifica-se que a questões mais citadas nos tweets do candidato são

a educação, que aparece em 44 das 412 mensagens em seu perfil (10%). Em

seguida temos a segurança pública, citada em 27 (6%) das mensagens, a saúde em

24 (5%), o emprego em 8 (2%) e o meio-ambiente, que aparece em apenas 5

mensagens (1%).

21

Uma tag, ou etiqueta (em português), é uma palavra-chave ou termo associado à uma informação que o descreve e permite uma classificação da informação baseada em palavras-chave, muito usada nos sistemas de busca eletrônica da web 2.0.

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GRÁFICO 4:

Problemas Sociais mais citados nos tweets de Beto Richa

Fonte: Elaboração do autor.

Mais alguns dados sobre o perfil do candidato no período estudado

(setembro/2010), desta vez fornecidos pelas ferramentas (programas) de análises

estatísticas Tweet.grader (tweet.grader.com) e Twitaholic (twitaholic.com):

Criação do perfil no Twitter: 23 de Abril de 2009;

Número de seguidores (followers): cerca de 16 mil;

Número de seguidos (following): cerca de 2,2 mil.

Dos dados citados, destaca-se o número de seguidores do candidato, na

época o político mais seguido do Estado do Paraná, o que atesta sua popularidade

no Twiiter e sua eficiente utilização enquanto rede social. Também é relevante o

número de pessoas que Beto Richa seguia (mais de duas mil) o que passou a

impressão que candidato realmente queria ouvir o eleitorado.

A tabulação e transformação dos dados obtidos em gráficos acima (e sua

posterior interpretação) trouxeram os subsídios necessários para reforçar as

considerações formuladas por meio da pesquisa bibliográfica e se constituíram de

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suma relevância na composição da discussão sobre o tema proposto em todo o

decorrer do trabalho.

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10. REVISÃO DA LITERATURA

10.1 - OS USOS DA INTERATIVIDADE PROPORCIONADA PELO TWITTER.

Uma das premissas apontadas por LÉVY (2007) para que haja um alto nível de

interatividade é a pluridirecionalidade, ou seja, a participação de vários atores no

processo comunicacional. Na figura 1 é possível observar que o assunto proposto

por um dos seus seguidores, a “valorização dos empregados da empresa COPEL22”,

propiciou a intervenção de terceiros e deixou aberta igual possibilidade a todos os

interessados em interagir nesse diálogo. Também se verifica a alternância nos

papéis de receptor e emissor defendida por RIBEIRO (2005).

FIGURA 1 :

Comunicação entre Beto Richa e seguidores

Fonte: Perfil de Beto Richa no Twitter.

22

Companhia Paranaense de Energia.

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LÉVY (2007, pg. 79) entende ainda que “possibilitar ao emissor a reapropriação

e a recombinação material da mensagem é também um dos parâmetros para

aumentar o nível de interatividade da comunicação”. É possível vislumbrar indícios

deste processo nas situações onde um usuário do Twitter “retuita” uma mensagem

de outros usuários, como ocorre na figura abaixo.

FIGURA 2:

Comunicação entre seguidores de Beto Richa

Fonte: Perfil de Beto Richa no Twitter.

No entanto, o diálogo propriamente dito fica empobrecido pela ausência de

debate. Ciente do que sua audiência deseja, o candidato recorre ao discurso

protocolar a fim de minimizar qualquer tipo de atrito. No Twiiter, um recurso muito útil

às assessorias de comunicação do candidato para monitorar os pensamentos e as

preferências do público é o comando hashtag, pelo qual é possível rastrear qualquer

citação feita acerca de um determinado assunto ao inserir símbolo “#” antes da

palavra ou nome em questão. Com isso, assim que algo é postado sobre o

candidato (ou qualquer tema que diz respeito a ele), sua assessoria toma ciência e

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prepara a resposta mais conveniente (a fim de causar o menor dano possível à

imagem do político).

Observa-se que a existência de um canal de interatividade não

necessariamente atesta que a ferramenta esteja sendo usada para esse fim, muito

menos que esteja sendo feita a utilização mais produtiva no que se refere à

consolidação do Twitter como instrumento relevante no processo de fortalecimento

da democracia social.

Também foi observado no decorrer da pesquisa que muitas das mensagens no

Twitter direcionadas pelos seguidores ao candidato Beto Richa (e vice-versa) tinham

propósitos como elogio, apoio ou simples saudação (algumas delas se restringiam a

um “bom dia” ou “boa noite”). Se for levada em conta apenas a questão da

interatividade essas mensagens são plenamente válidas, uma vez que também por

meio delas se consolidam as relações entre os atores nas redes. Os “laços afetivos”

não são obrigatórios entre os membros do Twitter, mas sendo esta ferramenta uma

rede social, mensagens que visem incrementá-los tornam-se relevantes para a

construção do capital social.

Nesse contexto, MARINHO (2011) afirma que “o conteúdo não é o mais

importante. O que vale é a circulação como forma de fazer contato, de mostrar

presença na rede” (pg. 06). Afirma ainda que, em redes sociais, as postagens em

que o usuário expõe o seu cotidiano “banal” obedecem a uma lógica de socialização

tanto quanto as postagens com conteúdos reflexivos ou geradores de debates.

A interação social é caracterizada não apenas pelas mensagens trocadas (o

conteúdo) e pelos interagentes que se encontram em um dado contexto

(geográfico, social, político temporal), mastambém pelo relacionamento que

existe entre eles. (PRIMO, 2008, pg. 111 apud MARINHO, 2011, pg. 08)

Para MARINHO (2011), as relações instituídas por meio das redes sociais

estão inseridas no que LEMOS (2010) chama de cultura digital pós-massiva. “Uma

cultura voltada à comunicação de diálogo, colaboração e participação. Muito mais

propensa ao conversacional do que o informacional”. (MARINHO, 2011, pg.03).

Seguindo esta linha teórica e mediante a popularidade alcançada pelo

candidato na ferramenta, pode-se afirmar que Beto Richa fez uma utilização

eficiente da ferramenta Twitter enquanto rede social e que pode ser classificado

como interativo o diálogo efetuado por ele na nesta rede social.

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Por meio do aporte teórico adotado nesta pesquisa constatou-se que o Twitter

se constitui em uma ferramenta de comunicação capaz de promover a interatividade

entre os candidatos e seus seguidores no ciberespaço, uma vez que possui todas as

características apontadas pelos autores consultados como típicas de uma

ferramenta interativa de comunicação.

Mas e quanto à alentada vocação das redes sociais no papel de instrumento de

fomentação da democracia nos meios virtuais? Poderia o Twitter, mesmo não tendo

sido criado para este fim e não sendo esta a forma mais eficaz de utilizá-lo, tornar-se

um caminho alternativo às campanhas eleitorais veiculadas pelos meios massivos

na promoção do autêntico debate democrático? Para LÉVY (2007), a democracia

eletrônica para a qual o ciberespaço estaria destinado a servir não implica em

difundir “propagandas governamentais sobre a rede”, nem “anúncios dos endereços

eletrônicos dos líderes políticos” (pg. 186).

A verdadeira democracia eletrônica consiste em encorajar, tanto quanto

possível – graças às possibilidades de comunicação interativa e coletiva

oferecidas pelo ciberespaço –, a expressão e a elaboração dos problemas

da cidade pelos próprios cidadãos, a auto-organização das comunidades

locais, a participação nas deliberações por parte dos grupos diretamente

afetados pelas decisões, a transparência das políticas e sua avaliação pelos

cidadãos. (LÉVY, 2007, pg.186).

Uma série de questões se torna importantes ao analisar o porquê da ausência

de um debate mais politicamente relevante nas mensagens trocadas entre candidato

e eleitores no Twitter. Desde a própria estrutura da ferramenta que, como verificado,

incentiva a participação dos atores mediante atualizações constantes (e para a qual

o sucesso como interagente premia a circulação e não difere postagens de cunho

reflexivo das mensagens de saudações e relatos do cotidiano), passando pela apatia

ainda fragrante do cidadão brasileiro com relação à política.

Segundo MARINHO (2011, pg. 09), os meios de comunicação (e as novas

mídias) fazem parte do cotidiano da sociedade e sendo assim, refletem em si essa

mesma sociedade, suas instituições e atores. É por meio dessa presença na mídia

que esses atores podem consolidar sua imagem pública e se fazer representados.

No entanto, essa identidade “virtual” construída no ciberespaço através das redes

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sociais não está dissociada daquela que é construída no dia-a-dia das pessoas, por

meio do contato presencial com outras.

Com o aumento da participação das pessoas em redes sociais e “a maior

visibilidade das mídias sociais percebe-se que cada vez mais a interação

das pessoas na web passa a integrar a sua vida off-line. Em muitos casos é

até difícil diferenciar vida online da vida off-line, considerando que as

pessoas estão na rede na maior parte do seu dia” (MAZZOCAT, 2010, pg.

143 apud MARINHO, 2011, pg. 26)

Percebe-se, analisando as interligações entre a vida online e o cotidiano off-line

das pessoas que a comunicação desenvolvida no ciberespaço não exclui a efetuada

nos meios de comunicação tradicionais, mas se entrelaça a ela. Levando esse

raciocínio para o campo político, observa-se que as novas tecnologias oferecem

novas possibilidades no que tange à participação democrática do cidadão nos

meios, mas também podem reproduzir as relações de poder centralizado já

experimentadas nos veículos de comunicação tradicionais.

Aprofundando um pouco mais essa temática, abre-se espaço a uma nova

comparação entre a web 2.0 e a televisão: no que exatamente um debate

ambientado em uma rede social como o Twitter se diferencia dos programas de

entrevista com candidatos ou dos debates entre eles abertos a participação dos

eleitores, transmitidos pela televisão? Neste aspecto, JOST (2011) nos lembra uma

diferença fundamental entre os usuários das mídias eletrônicas e da televisão:

enquanto a audiência dos computadores requer fundamentalmente a atividade (um

receptor ativo), “a televisão é na maior parte do tempo concebida como um momento

de repouso, de inatividade, quando se deseja ser espectador, mais do que ator” (pg.

100).

Os programas televisivos, embora admitam a interação dos eleitores, são

produtos destinados a uma audiência prioritariamente passiva, que assiste ao

debate sem ser estimulada à participação, ao passo que, no Twitter, o convite à

interatividade (e a possibilidade de interagir) está aberto a toda a audiência, ainda

que nem todos estejam dispostos a participar do debate.

Para LÉVY (2007) o “uso do ciberespaço não deriva automaticamente da

presença de equipamentos materiais, mas exige igualmente uma profunda reforma

de mentalidades, dos modos de organização e dos hábitos políticos” (pg. 186). Para

BRAGA (2006) há uma “necessidade de ensinar o usuário a fazer um bom uso dos

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meios” porque embora o receptor resista ao conteúdo simbólico emanado dos meios

de comunicação, “isso não significa necessariamente que faça as melhores

interpretações, os melhores usos” (pg. 61).

O uso socialmente mais rico da informática comunicacional consiste, sem

dúvida, em fornecer aos grupos humanos os meios de reunir suas forças

mentais para constituir coletivos inteligentes e dar vida a uma democracia

em tempo real. (LEVY, 2007, pg. 62 apud PERNA, 2010, pg. 51)

Faz-se necessário, no entanto, melhorar o nível da participação dos usuários

dos novos meios de comunicação para que as novas mídias possam melhor servir

aos preceitos democráticos como LÉVY (2007) idealiza. Tratar da disseminação de

uma capacitação designada por BRAGA (2006) como “de aprendizagem em público”

(pg. 38), um processo difuso, “não controlado pelos sistemas educacionais” (pg. 39),

mas permeado com “riqueza de variações e processos, aprendizagem de usos e

seleções” (pg. 39). Um processo que, potencialmente dificultado pelas condições

sócio econômicas de um país em desenvolvimento como o Brasil, pode levar

gerações para chegar a resultados relevantes, sem que se tenha sequer a garantia

de alcançá-los.

É improvável que iremos alcançar uma cultura política perfeitamente

discursiva, na qual todos os cidadãos tenham um interesse ativo em

discussões políticas ou questões públicas gerais. Não é irreal, contudo,

supor que as pessoas estarão (e já estão) envolvidas em questões que

afetam mais diretamente as suas vidas, e que se engajam em debates

específicos, considerados relevantes ou significativos para uma ação

comum efetiva” (MAIA, 2006, pg. 07 apud SCHEID, 2006, pg. 10).

BRAGA (2006) nos lembra ainda que mesmo a existência de “uma articulação

sistêmica entre ações interacionais de sociedade e a produção midiática” (pg. 42),

não garante um equilíbrio de forças capaz de corrigir “as eventuais distorções do

setor de produção”, pois estas distorções também estariam relacionadas à diversos

fatores, como “as suas lógicas econômicas, organizacionais e políticas” e “ seus

conceitos de cultura e entretenimento” (pg. 42) ”. Diante desse panorama, observa-

se que o poder das novas mídias como pilares na construção de uma comunicação

mais democrática não deve ser ignorado, mas elas dependem da motivação política

dos cidadãos para tornar-se um poderoso dispositivo de interação social, que,

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segundo BRAGA (2006), precisa ser “de enfrentamento interpretativo e de forte

presença social” (pg. 42).

Fomentar o debate político parece ser o grande desafio que os entusiastas das

novas mídias como um canal democrático alternativo aos meios de comunicação

tradicionais precisam superar. Como obstáculos em seu caminho surgem alguns

aspectos característicos da comunicação massiva herdados pelos novos meios.

Alguns desses aspectos são apontados por GOMES (2004):

A própria linguagem, que prioriza o texto curto e direto (em detrimento

do discurso argumentativo clássico), a imagem ao invés da palavra e o marketing no

lugar do embate de posições ideológicas (pg. 26);

A audiência que, afeita à comunicação de massa, está mais

interessada em “entretenimento, curiosidades, espetáculos e competições” (id) do

que na análise dos conceitos, idéias e programas inerentes ao discurso político;

A perda de autenticidade no universo político, uma vez que as

campanhas políticas em tempos de comunicação massiva dependem cada vez mais

de planejamento, previsão e controle, deixando pouco espaço para a improvisação e

a espontaneidade do discurso. A opinião pública pode ser construída por meio de

técnicas como a sondagem, pesquisa e análise das preferências e gostos do público

(pg. 127).

E nunca é demais lembrar outra dificuldade quando o assunto é fomentar a

participação do cidadão comum na vida política de uma nação. O interesse pelo

debate político em alguns países (o Brasil é um exemplo) esbarra por vezes em uma

espécie de desencanto com a classe política, resultado de seguidos escândalos nos

quais há envolvimento de indivíduos desse segmento.

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11. CONCLUSÃO

A análise dos dados obtidos a partir das pesquisas qualitativa e bibliográfica

aponta para algumas conclusões, entre elas a de que um perfil no Twitter para ser

considerado interativo deve se capaz de atrair, manter e incentivar a participação

dos seguidores por meio dos tweets (sejam eles simples cumprimentos ou

questionamentos relevantes) e retweets (quando o diálogo é configurado por meio

das réplicas e tréplicas entre os atores sociais presentes nas redes).

Beto Richa esteve atento a essa premissa (a exemplo do presidente americano

Barack Obama) e não abandonou o Twitter após o período de campanha eleitoral,

mas o manteve como um canal de comunicação permanente com seus seguidores,

como se observa nos gráficos abaixo. Na figura 5 verifica-se que o político manteve

presença constante na ferramenta através de seus tweets nos últimos seis meses

(exceção para o período compreendido entre 23 de agosto e 14 de setembro) não

permitindo que a comunicação estabelecida no Twitter com seus seguidores

“esfriasse”.

FIGURA 5:

Tweets de Beto Richa em período pós-campanha

Fonte: Twittercounter.com - Estatísticas do perfil de Beto Richa no Twitter.

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Graças a essa atitude, o número de seguidores de Beto Richa continua

aumentando mesmo passado um ano das eleições, como se verifica no gráfico da

figura 6, que monitora o aumento do número de seguidores do atual governador

ocorrido de abril a outubro de 2011. Com isso, o candidato também passa a

impressão que não fez uma utilização oportunista do Twitter e demonstra

consideração para com a ferramenta e seus usuários.

FIGURA 6:

Seguidores de Beto Richa no Twitter em período pós-campanha

Fonte: Twittercounter.com - Estatísticas do perfil de Beto Richa no Twitter.

A conclusão da pesquisa é de que o Twitter apresentou-se como um canal de

interatividade entre o candidato e seus seguidores. No entanto, como a maioria

destes era favorável a Beto Richa, o que se observou foi um diálogo empobrecido

em termos de debate e de argumentação majoritariamente unilateral.

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O estudo mostra ainda que a interatividade estabelecida no Twitter serviu

mais ao candidato, que aos receber as perguntas, críticas e sugestões dos seus

eleitores se cientifica das dúvidas e anseios dos eleitores, do que a estes, uma vez

que o diálogo resultante das mensagens tendia mais à propaganda política do que

ao debate de propostas. Muitos dos seguidores de Beto Richa eram seus

correligionários23, o que apenas fazia aumentar o número de mensagens de cunho

publicitário. Nesse sentido, o Twitter apresentou-se mais como uma ferramenta de

articulação da militância partidária do que como um canal de debate político.

Várias funcionalidades, todas elas atendendo a estratégias de campanha,

foram desempenhadas pelo Twitter. Uma delas foi como articulador de uma rede

formada pelas várias opções midiáticas que compõem o atual cenário do

ciberespaço, uma vez que é nesta ferramenta que Beto Richa concentrou o anúncio

das ações de sua campanha, sejam elas efetuadas nas demais redes sociais ou

ainda meios de comunicação tradicionais. O Twitter foi utilizado como uma espécie

de “agenda virtual”, que veiculava a maioria das ações do candidato, fossem elas

executadas em sua vida online ou off-line. Observa-se no gráfico 3 (pg. 38) que em

84 das 412 mensagens pesquisadas (19% do total), o Twitter foi utilizado com essa

finalidade.

FIGURA 3:

Comunicação entre Beto Richa e seguidores

Fonte: Perfil de Beto Richa no Twitter.

23

Que pertencem ou são aliados do partido do candidato.

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Outra utilização feita da rede de micro-blogs pelo candidato pode ser

observada no mesmo gráfico. Era também por meio de seu perfil no Twitter que Beto

Richa redirecionava seus seguidores para o Flickr (compartilhamento de fotos),

Youtube (compartilhamento de vídeos), Facebook (rede social) e links de outros

sites cujo conteúdo lhe interessasse divulgar (inclusive o próprio betoricha.com.br)

por meio do TinyURL (aplicativo usados para reduzir o tamanho dos endereços dos

sites). Em 32 dos 412 tweets de Beto Richa (8% do total), é possível encontrar urls

de sites citados e alguns outros.

FIGURA 4:

Comunicação entre Beto Richa e seguidores

Fonte: Perfil de Beto Richa no Twitter.

A presença das campanhas políticas em redes sociais como o Twitter já

demonstrou sua relevância como forma alternativa e/ou complementar às mídias

tradicionais e dá mostras de ser um caminho sem volta, tornando-o um ambiente

comunicacional impossível de ser ignorado, como a mensagem do atual governador

(outrora candidato) Beto Richa insinua na figura abaixo.

FIGURA 5:

Comunicação entre Beto Richa e o “tuiteiro” @laerciobrígido

Fonte: Perfil de Beto Richa no Twitter.

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Se a interatividade gerada pela comunicação entre candidatos e eleitores nas

redes sociais atenderá aos utópicos anseios dos que as apontam como solução

definitiva para alcançar uma democracia participativa, somente o tempo e as

pesquisas mais aprofundadas que ele trará poderão afirmar.

Mas ainda que a utilização do Twitter não tenha atendido às mais altas

expectativas democráticas, pelos motivos citados ao longo do texto, face ao fracasso

dos meios de comunicação tradicionais em promovê-la, ferramentas como ele (e

seus sucessores) são as primeiras opções de interatividade efetiva à disposição dos

membros da sociedade que anseiam e buscam por uma ampla participação política,

implícita no próprio conceito de democracia.

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12. REFERÊNCIAS

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12.1 - REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

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