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Jessica Stella Bastos Fotojornalismo: Ética e direito Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo pela Escola de Comunicação das Faculdades Integradas do Brasil. Orientadora: Viviane Rodrigues

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Jessica Stella Bastos

Fotojornalismo: Ética e direito

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial

para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social,

Habilitação em Jornalismo pela Escola de Comunicação das

Faculdades Integradas do Brasil.

Orientadora: Viviane Rodrigues

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Autora:

Jessica Stella Bastos

Título:

Fotojornalismo: Ética e direito

Natureza do trabalho:

Trabalho de Conclusão de Curso

Objetivo:

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a

obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social- habilitação em

Jornalismo, sob orientação da professora Viviane Rodrigues.

Instituição:

Faculdades Integradas do Brasil

Ano/Semestre:

2012/2

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PENSAMENTO

“No fundo a Fotografia é subversiva, não quando aterroriza, perturba ou mesmo estigmatiza, mas quando é pensativa”. (Roland Barthes)

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DEDICATÓRIA Para minha tia-avó Lúcia, que estaria orgulhosa, e minha mãe Cleópatra, que um dia quis ser jornalista.

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Agradecimentos

Primeiramente, agradeço a minha mãe Cleópatra, que está sempre por perto

torcendo, familiares e amigos que me apoiaram durante todo o percurso, até a

finalização deste trabalho e do curso. Agradeço também à minha prima Milena, pelo

incentivo em seguir a profissão de jornalista e aos professores que serviram de

inspiração, para nunca desistir, como Victor Folquening, um dos meus preferidos.

Para a construção do trabalho agradeço principalmente o professor Rodolfo

Stancki que acreditou no projeto, ao professor Sandro Teixeira pelas dicas e

disponibilidade e à professora Viviane Rodrigues que aceitou orientar a finalização

do trabalho. A paciência e dedicação dada por estes foram de grande importância.

Aqui agradeço também a todos os repórteres fotográficos que participaram da

elaboração do trabalho, principalmente Valterci Santos, Heuler Andrey, Marcelo

Andrade, André Rodrigues, Ivonaldo Alexandre e todos os outros que de alguma

forma contribuíram ou apoiaram a ideia.

Aos amigos e colegas, agradeço a parceira de trabalhos e boas conversas

Elisana Fuckner, apoio de sempre nos últimos anos. Andréa, Denis, Daiane, Leticia,

Ramon e demais agradeço pela amizade e coleguismo, conversas e ajudas de

última hora.

No final, sentimos falta das aulas, às vezes nem pelo conteúdo ou professor, mas

pelos bons amigos e colegas que fazemos e, até mesmo por aqueles que nunca

conversamos, por falta de oportunidade ou aproximação.

Obrigada a todos que me apoiam e apoiaram e, aos que deixei de mencionar, me

desculpem. Sem todas essas pessoas não seria possível realizar um bom trabalho.

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Resumo

Este trabalho tem como objetivo elaborar um blog como meio informativo e de

debate sobre ética e direito no fotojornalismo. Para isso será realizado um estudo a

partir de pesquisas bibliográficas sobre a fotografia, a natureza desta e o início do

fotojornalismo, como introdução. Partindo destes para a discussão entre ética no

fotojornalismo, ética na manipulação de imagens, liberdade de imprensa e ética,

liberdade de imprensa e direito e, diferenciações entre direito autoral e direitos da

personalidade. A delimitação será finalizada com a importância da internet e blog,

que será o produto final deste estudo. O trabalho também abrange teorias ligadas ao

jornalismo, além da defesa do produto blog, como o jornalismo visto como espaço

de debate e a convergência midiática e conceitos de multimídia. A análise e o

levantamento de discussões serão feitos a partir de autores como Sousa (2000),

Guerra (2004), Keene (2002), Duval (1988), Traquina (2005) entre outros.

Palavras-chave: Fotojornalismo- Ética- Direito- fotografia- Manipulação de imagens

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SUMÁRIO

1-Introdução................................................................................................................8 2-Delimitação e problema..........................................................................................9 2.1-A fotografia-breve histórico..............................................................................11

2.2- A Natureza da fotografia...................................................................................12 2.3-Início do fotojornalismo.....................................................................................15 2.4-Ética no fotojornalismo.....................................................................................18 2.5-Ética e manipulação de imagens......................................................................22 2.6-Liberdade de imprensa X código de ética.......................................................26 2.7-Liberdade de imprensa e direito no fotojornalismo.......................................29 2.8- Os direitos da personalidade X direito autoral...............................................31 2.9-Blogs e internet..................................................................................................35

Problema...................................................................................................................37 3-Objetivo..................................................................................................................37 3.1-Objetivos específicos........................................................................................37 4-Justificativa............................................................................................................38

4.1-Justificativa (Referencial teórico)... .................................................................40 4.2-Justificativa do produto.....................................................................................42 5-Referencial teórico................................................................................................46 5.1-O jornalismo como espaço de debate e seu papel social..............................47 5.2- A internet e a interação através de blogs.......................................................51

5.3- Convergência midiática e conceitos de multimídia.......................................53 6- Metodologia..........................................................................................................55 6.1- A pesquisa de campo.......................................................................................56 6.1.1- Coleta de dados.............................................................................................58

6.1.2-Análise de dados.............................................................................................58 6.1.3-Gráficos da pesquisa......................................................................................60 7-Delineamento do produto.....................................................................................61 7.1-Considerações gerais........................................................................................61

7.1.2-Colaboradores.................................................................................................61 7.1.3-conteúdo de concorrência.............................................................................61

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7.1.4-Layout...............................................................................................................62

7.1.5-periodicidade...................................................................................................63 7.1.6-Redes sociais..................................................................................................64 7.1.7-custos..............................................................................................................64 7.1.8-A criação do produto......................................................................................64

Cronograma..............................................................................................................70 8-Considerações Finais...........................................................................................71 9- Referências bibliográficas...................................................................................73 10-Apêndices............................................................................................................77

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1-Introdução

O seguinte trabalho pretende elaborar um blog como espaço de debate e

informação sobre a ética e o direito no exercício do fotojornalismo. Para isso, foram

levantados dados na delimitação do tema que vão desde uma breve introdução à

história e natureza da fotografia, e após, o surgimento do fotojornalismo. Da

existência da profissão, o início de discussões sobre ética, manipulação de imagens,

liberdade de imprensa e o código de ética, liberdade de imprensa e direito, direito

autoral x direitos da personalidade, abrangendo os direitos à imagem, à privacidade

e intimidade, tópicos que abordam a questão de comprometimento da carreira do

repórter fotográfico. Para finalizar a delimitação, foi colocado um tópico sobre blogs

e internet e assim, mostrar a importância do produto, blog, que é resultado da

elaboração de material de relevância sobre ética e direito, com ideias obtidas a partir

das pesquisas bibliográficas ou exploratórias aqui presentes. O referencial teórico

abrange tópicos como o papel social do jornalismo, seja a influência na sociedade

ou o espaço que abre para a discussão de assuntos. O tópico seguinte volta a falar

de internet e blog, ressaltando a importância e a utilização como meio jornalístico de

fácil acesso e interação. O último tópico do referencial teórico discute os conceitos

de convergência midiática e multimídia, presentes na construção de produtos

jornalísticos e, neste caso, no blog, que possibilita postagens de conteúdos variados

entre vídeo, fotos e texto. A metodologia do trabalho mostra como foram feitas as pesquisas, bibliográfica e

exploratória, e a intenção da abordagem de cada uma delas. O delineamento do

produto faz um levantamento sobre o que contém no produto, a abordagem, o

formato e como foi feito. No apêndice encontram-se os questionários da pesquisa,

em parte qualitativa e em parte quantitativa com vinte fotojornalistas de Curitiba,

além das autorizações de uso de imagem, de trilha sonora, entrevistas por e-mail,

roteiro dos vídeos e prints do layout do blog.

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2-Delimitação e problema

A imprensa é de grande importância para a sociedade, entretanto necessita de

liberdade, direitos e deveres para atender às expectativas e demandas do público.

Não é diferente com o fotojornalismo. A imprensa livre é fundamental para garantir outras liberdades e para

consolidação da democracia. O problema consiste quando a

imprensa utiliza seu grande ‘poder’ de forma incorreta, podendo

assim, provocar danos imensuráveis para uma pessoa e até para

toda uma família. (GUERRA, 2004, p.9).

A partir do pressuposto de Guerra (2004), entramos na questão da necessidade

do conhecimento dos direitos e legislações por parte do profissional

fotojornalista,para não atingir direitos alheios. Em decorrência da ampla publicidade que, de maneira indevida, devassava cada vez mais a vida privada, a intimidade e a honra das pessoas, denegrindo sua imagem, o legislador inseriu no texto constitucional esta proteção prevista no artigo 5°, inciso X, verbis:“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. (GUERRA, 2004, p. 43).

Como escreve Bucci (2000), os meios de comunicação não deveriam existir com a

simples finalidade de gerar empregos e erguer impérios midiáticos; e sim, porque os

cidadãos têm o direito à informação. A atividade jornalística se converteu em um

mercado, mas, esse mercado seria a consequência, e não fundamento da razão de

ser da imprensa. O direito à informação acaba por resultar na ética, que deveria

reger também os vínculos que ambos estabelecem com as suas fontes (as pessoas

que fornecem as informações aos jornalistas), com o público e, sobretudo, com o

poder (econômico, político ou estatal).

O mercado escasso, a concorrência com tantos outros profissionais e amadores,

a falta de registro e a não exigência de diploma de repórter fotográfico podem ser as

contribuições para a diminuição de qualidade de trabalho e o desrespeito às

legislações que orientam a profissão. Como diz Guerra (2004), em explicação às

falhas de ética dos profissionais, que atingem direitos da personalidade, “estamos

numa época em que a palavra chave é globalização, a competitividade acirrada se

faz presente em todos os setores da sociedade e, como não poderia deixar de ser,

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entre os profissionais de imprensa”. Guerra (2004) complementa o argumento

dizendo que uma das consequências da globalização é sem dúvida o desemprego.

“A palavra desemprego aterroriza a todos, e dentro desta política do ‘salve-se quem

puder’, o importante é o resultado que vai ser alcançado”. (GUERRA, 2004, p. 7).

Fazer jornalismo sem refletir sobre jornalismo já não basta nos dias atuais,

acredita Bucci (2000). Se há razões que explicam a má vontade dos jornalistas

quando o assunto é ética da imprensa, poderiam ser atribuídas à tradição da cultura

política (corrupta) no Brasil e à vigência de regimes autoritários (ditadura no

passado).Para Bucci (2000) a persistência da má vontade em um ambiente

relativamente mais democrático já não aparece como sinal de força, mas de

enfraquecimento da imprensa.

Há necessidade de conhecimento e maior esclarecimento da ética e direito, mas nota-se que há pouco material multimídia, blogs ou sites, focando apenas nessas

questões e nas consequências da falta de cuidados que podem ser dados, o que

pode comprometer a carreira, credibilidade e até gerar processos para o profissional

do fotojornalismo. Em levantamento realizado através do site de buscas Google com

as palavras chave: fotojornalismo, ética e direito juntas, nas primeiras sete páginas

os principais blogs são:

fotojornalismocuritiba.blogspot.com;fotojornalismos.blogspot.com;

www.manreza.com.br/blog/category/fotojornalismo;

fotojornalismojf.wordpress.com;

mauriciostycer.blogosfera.uol.com.br/tag/fotojornalismo;

fotojornalismos.blogspot.com;www.comunicamos.org;www.plugmasters.com.br/plugf

eed/tag/fotojornalismo;

blogs.band.com.br/portrasdaobjetiva/tag/fotojornalismo/;

www.nucleodefotojornalismo.com.br;

www.slideshare.net/OswaldoHernandez/tica-no-fotojornalismo;

www.adjemir.blogspot.com;www.ncfotojornalismo.com.br;

www.fotografia-dg.com/cursos;

Entre estes e outros exemplos, nenhum é especializado em ética ou direito e,

apenas mostram algum post relacionado aos temas.

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2.1 A fotografia: breve histórico

Segundo pesquisas de Sousa (2000), a fotografia nasceu no ambiente

positivista do século XIX, beneficiando-se de descobertas e inventos anteriores,

como a câmara escura1, e da vontade de se encontrar um meio que permitisse a

reprodução mecânica da realidade visual. O aparecimento da fotografia provoca,

assim, uma crise de readaptação no universo da arte representacional, ‘privada’ do

realismo por outro realismo.

O primeiro registro no mundo de uma verdadeira fotografia, como imagem

inalterável, por ação direta da luz, foi de Joseph Nicéphore Niepce, em 1826. Como

conta Bussele (1979), Niepce conseguiu reproduzir, após dez anos de experiências,

a vista descortinada da janela do sótão de sua casa, após oito horas de exposição.

Como o sistema que usava era inadequado para a fotografia comum, a descoberta

decisiva foi feita por Louis Daguerre, em 1835. Daguerre guardou em um armário

uma chapa revestida de prata e sensibilizada com iodeto de prata e, no dia seguinte

encontrou uma imagem revelada.

Nos primeiros tempos, a utilização da fotografia prendeu-se, principalmente,

com demonstrações técnicas. Sousa (2000) conta que as fotografias de retrato, pelo

seu lado, também copiavam as poses forçadas e os cenários que a pintura usava.

Mesmo ao nível técnico, o retoque e a pintura das fotos fazem escola. Tal constitui

um indício da ideia então vigente de que a fotografia era como uma extensão da

pintura e que, eventualmente, substituiria esta última. Porém, não só a pintura não

desapareceu como também a fotografia pode ter ajudado a libertar-la das amarras

do realismo.

A invenção de Daguerre, o daguerreótipo, segundo Bussele (1979), foi vendida

ao governo francês, em 1839, em troca de pensão vitalícia. Mas foi Josef Petzval,

matemático húngaro radicado no Vietnã, o autor da inovação de maior alcance. Em

1830, Petzval fabricou uma nova lente dupla, que era trinta vezes mais rápida que a

1 Câmera escura é um tipo de aparelho óptico baseado no princípio de mesmo nome, o qual esteve na base da invenção da fotografia no início do século XIX. Segundo Bussele (1979) ela consiste numa caixa (ou também sala) com um buraco no canto.A luz de um lugar externo passa pelo buraco e atinge uma superfície interna, onde é reproduzida a imagem invertida.

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antiga. “Foi este invento o responsável pela imediata popularização do daguerreótipo

e, na verdade, da fotografia”. (BUSSELE, 1979, p.31)

Para Costa e Silva (2004), desde o surgimento da perspectiva o homem passou

a testar o seu grau de veracidade. Para isso começaram a ser criados

procedimentos para objetivar cada vez mais a tarefa de representação. A utilização

da máquina como mediadora dessa tarefa foi o que marcou o aparecimento da

fotografia.

2.2 A natureza da fotografia

A palavra fotografia vem do grego Phos/foto (luz) e graphein/grafia (escrita) que

significa escrever com luz. Para Lima (1989) essa palavra não designaria por si só

nem arte, nem forma de expressão, mas simplesmente uma técnica que poderia ser

utilizada com objetivos diferentes. A compreensão em torno da fotografia pode ser

bastante ampla e, torna-se então importante o entendimento do que há por trás da

realização de uma imagem fotográfica.

A visão de mundo tornou-se de certa forma “familiar” após o advento da fotografia.

Para Kossoy (2001) o homem passou a ter um conhecimento mais preciso e amplo

de outras realidades que lhe eram, até aquele momento, transmitidas unicamente

pela tradição escrita, verbal e pictórica. Iniciou-se um novo processo de

conhecimento da natureza, porém de detalhe. Era o início de um novo método de

aprendizado do real, em função da acessibilidade do homem dos diferentes estratos

sociais à informação visual dos hábitos e fatos dos povos distantes.

Flusser (2002) acredita em determinadas características quanto à natureza ou

função de uma fotografia a partir do aspecto intelectual. Para o autor, as intenções

do fotógrafo seriam: 1) Codificar; 2) Servir-se do aparelho (câmera) para tanto;

3)Fazer com que tais imagens servissem de modelos para as pessoas; 4) Fixar tais

imagens para sempre. A intenção principal seria a de eternizar conceitos próprios

em forma de imagens acessíveis, a fim de ser ‘eternizado’ nos outros.

Com o engrandecimento do olhar, no qual o mundo se ‘estreitou’ através da

fotografia, foram permitidas novas visões a experiências diversas. Para Lima (1989)

a fotografia então inaugurou o ‘mass media’ visual, quando o retrato individual é

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substituído pelo olhar coletivo, ao mesmo tempo em que é um ‘potente’ meio de

propaganda e manipulação. Uma providência a ser tomada para compreender a

fotografia seria então separá-la em duas partes: a fotografia pictural da fotografia

funcional, ou seja, a arte da informação.

O objetivo segundo o qual se realiza uma fotografia é o que permitiria distinguir

uma e outra: No momento da criação da imagem, o fotógrafo pictural exprime o que lhe interessa, o que ele acha que é belo. Ele não está interessado em informar e sim em formar. O fotógrafo pictural sabe que as pessoas que verão a sua imagem não lhe interessam diretamente, pois ele está preocupado com a criação. Exatamente o oposto, os fotógrafos funcionais, que fazem a fotografia de informação publicada nos jornais e revistas pensam, antes de tudo, em seus leitores, seus destinatários, pois para os fotógrafos de imprensa isso é uma obrigação profissional. (LIMA, 1989, p.15)

O fotógrafo pictural então seria o que pensa em arte, ‘ultrapassar o real’, entrar no

imaginário, descobrir o que ainda não foi feito e quer que o seu trabalho gere

influências. Ao contrário, o fotógrafo de imprensa, ou funcional, que trabalha com a

notícia, para Lima (1989), seria o que cria as fotografias informativas, redige uma

mensagem que os destinatários vão ‘ler’.

Para decifrar a fotografia, Flusser (2002) acredita que não é preciso mergulhar até

o fundo da intenção codificadora, no fundo da cultura, da qual as fotografias, como

todo símbolo, são ‘pontas de icebergs’. Bastaria decifrar o processo codificador que

se passa durante o gesto fotográfico, no momento complexo ‘fotógrafo-aparelho’.

Assim seria decifrada, satisfatoriamente, a fotografia resultante, por serem tais

intenções inseparáveis, e por se articularem de forma específica em toda e qualquer

fotografia a ser criticada. Fotografias são onipresentes: coladas em álbuns, reproduzidas em jornais, expostas em vitrines, paredes de escritórios, afixadas contra muros sob forma de cartazes, impressas em livros, latas de conversas, camisetas. O que significam tais fotografias? Segundo as considerações precedentes, significam conceitos programados, visando a programar magicamente o comportamento de seus receptores. Mas não é o que se vê quando para elas se olha. Vistas ingenuamente significam cenas que se imprimiram automaticamente sobre superfícies. Mesmo um observador ingênuo admitiria que as cenas se imprimiram a partir de um determinado ponto de vista.Mas o argumento não lhe convém.O fato relevante para ele é que as fotografias abrem ao observador visões do mundo.Toda filosofia da fotografia não passa, para ele, de ginástica mental para alienados. (FLUSSER, 2002, p.37)

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É verdade que toda fotografia tem significados e uma história por trás. Kossoy

(2001) acredita que olhar para uma fotografia do passado e refletir sobre a trajetória

percorrida é situá-la em pelo menos três estágios bem definidos que marcaram a

existência da mesma: Em primeiro lugar houve uma intenção para que ela existisse; esta pode ter partido do próprio fotógrafo que se viu motivado a registrar determinado tema do real ou de um terceiro que o incumbiu para a tarefa. Em decorrência desta intenção teve lugar o segundo estágio: o ato do registro, o terceiro estágio: os caminhos percorridos por esta fotografia, as vicissitudes por que passou, as mãos que a dedicaram, os olhos que a viram, as emoções que despertou, os porta-retratos que emolduraram, os álbuns que a guardaram, os porões e sótãos que a enterraram, as mãos que a salvaram. Neste caso seu conteúdo se manteve, nele o tempo parou. As expressões ainda são as mesmas. Apenas o artefato, no seu todo, envelheceu. (KOSSOY, p. 45,2001)

Através da fotografia se propiciaria então a inusitada possibilidade de

autoconhecimento e recordação, de criação artística (e, portanto de ampliação dos

horizontes da arte), de documentação e denúncia graças a sua natureza

testemunhal, ou seja, sua condição técnica de registro preciso do aparente e das

aparências.

O conteúdo fotográfico, para Kossoy (2001), ainda pode despertar sentimentos

profundos de afeto, ódio ou nostalgia para uns, ou exclusivamente meios de

conhecimento e informação para outros que os observam livres de paixões, estejam

eles próximos ou afastados do lugar e da época em que aquelas imagens tiveram

origem. Para o autor, ao desaparecerem os cenários, personagens e monumentos,

sobrevivem, por vezes, os documentos.

Outros três elementos também seriam essenciais para a realização de uma

fotografia, segundo Kossoy (2001): o assunto, o fotógrafo e a tecnologia. Estes

elementos constitutivos lhe deram origem através de um processo, de um ciclo que

se contemplou no momento em que teve sua imagem ‘cristalizada’ em um preciso e

definido espaço e tempo. A preocupação na organização visual dos detalhes que

compõem o assunto, bem como a exploração dos recursos oferecidos pela

tecnologia: todos são fatores que influem decisivamente no resultado final e também

configuram a atuação do fotógrafo enquanto filtro cultural. O registro visual documenta, por outro lado, a própria atitude do fotógrafo diante da realidade; seu estado de espírito e sua ideologia acabam transparecendo em suas imagens, particularmente naquelas

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que realiza para si mesmo enquanto forma de expressão pessoal. (KOSSOY, p. 42/43, 2001).

O fotógrafo, enquanto filtro cultural, tem seu talento e intelecto como influência na

construção do produto, desde o momento da seleção do fragmento até sua

materialização na fotografia. Qualquer que seja o assunto registrado na fotografia,

para Kossoy (2001), documentará a visão do mundo do fotógrafo. A fotografia se

torna então um duplo testemunho: por aquilo que ela nos mostra da cena passada,

irreversível, ali congelada fragmentariamente e, por aquilo que nos informa acerca

de seu autor.

Já a fotografia que domina os meios de comunicação deste século, para Lima

(1989), nos é acessível no ensino comum apenas pelo método empírico, do

conhecimento pela experiência ou vivência. Essa facilidade de entendimento e a

força da imagem é que colocaram a fotografia na vanguarda da transmissão da

informação nos meios impressos. O caráter documental da fotografia teria

‘extasiado’ a humanidade. Para o autor nascia, enfim, um poder de fixar a vida e o

mundo sob a forma de imagens, transformando-se assim numa testemunha durável

da realidade do mundo.

O fotojornalismo, decorrente da invenção da fotografia, preencheu uma função

bem determinada e tem características próprias. O impacto é um elemento

fundamental. Alguns autores, como Keene (2002), acreditam na utilização da

fotografia pelos meios de comunicação como uma forma de confirmação de

interesses do veículo, mas a função da fotografia aqui deve ser avaliada a partir das

diversas hipóteses então levantadas.

2.3 Início do fotojornalismo

A fotografia começou a ser usada para fins jornalísticos para registro do

cotidiano. Era uma forma de utilização da imagem como comprovação de fatos e

sua importância. Conforme diz Sousa (2000), a fotografia tornou-se um documento

histórico, apesar do fotojornalismo existir apenas tempos depois, pois necessitava

de certos processos de reprodução, adquiridos com avanços tecnológicos

posteriores.

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A primeira vez que uma fotografia apareceu publicada na imprensa foi em 1880,

no jornal Daily Herald de Nova York. Conforme afirma Costa e Silva (2004), a

possibilidade dessa utilização provocou uma revolução nos meios de comunicação

existentes. “Tratava-se de reprodução da imagem fotográfica em escala industrial

por meio do processo do meio-tom. Essa nova tecnologia transformou a imprensa, e

a fotografia começou a ganhar cada vez mais espaço nas páginas dos jornais”.

(COSTA e SILVA, 2004, p.17).

O fotojornalismo se popularizou principalmente com coberturas de guerras.

Sousa (2000) conta que, da Guerra da Criméia em diante, todos os grandes

acontecimentos foram reportados fotograficamente, como o conflito que opôs a

Áustria à Sardenha (Luigi Sacchi, Berardy e Ferriers, em 1859), a colonização da

Argélia (Jacques Moulin, 1856/57), as rebeliões na Índia (Robertson e Beato, 1857-

1858), a intervenção britânica na China, durante as guerras do Ópio (Beato, 1860), o

ataque da Prússia e da Áustria à Dinamarca (Friedrich Brandt, Adolph Halwas e

Heinricj Grat,1864), a Guerra da Secessão nos EUA(1861/65) e a guerra Franco-

Prussiana, onde Disdéri chegou a fotografar as ruínas de St. Claud (1870). Isso fez

com que houvesse uma abertura maior ao fotojornalismo nos veículos de

comunicação. “Acontecimentos mais pacíficos, ou até mesmo agradáveis, também

mereceram reportagens: concursos agrícolas, festas, exposições universais,

grandes construções”. (SOUSA, 2000, p.35)

Os fotógrafos que cobriram esses primeiros grandes acontecimentos não viam a

si mesmos como repórteres fotográficos, até porque não existia um corpo

profissional autônomo. Sousa (2000) conta que foi apenas por volta da última

década do século passado, graças à emergência da imprensa popular, de que

resultou a contratação de repórteres fotográficos por tempo integral pelos grupos

Pulitzer e Hearst, que o profissionalismo fotojornalístico começou a vir em definitivo

e, então grande parte da produção fotográfica deslocou-se para a imprensa,

abandonando o estúdio.

Baynes (1971) sugere que o aparecimento do primeiro tabloide fotográfico, em

1904, marca uma mudança conceitual: as fotografias teriam deixado de ser

secundarizadas como ilustrações do texto para serem definidas como outra

categoria de conteúdo tão importante como a componente escrita. Hicks (1952) vai

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mais longe e considera que essas mudanças, ao promoverem a competição na

imprensa e o aumento das tiragens e da circulação, com os consequentes

acréscimos de publicidade e lucro, trouxeram consigo a competição fotojornalística e

a necessidade de rapidez, que, por sua vez, originaram a cobertura baseada numa

única foto, a chamada doutrina do scoop, e o fomento da investigação técnica em

fotografia. “A investigação teria levado ao aparecimento de máquinas menores e

mais facilmente manuseáveis, lentes mais luminosas e filmes mais sensíveis e com

maior grau de definição da imagem”. (HICKS, 1952, p.49)

Keene (2002) acreditava na utilização da fotografia pelos meios de comunicação

como forma de confirmação de interesses internos. “Os jornais utilizam as fotografias

para ilustrar histórias, como objetos com interesse próprio, e para auxiliar a

paginação. Retratos de uma só coluna podem ser utilizados para quebrar o que, de

outra forma, seria uma grande extensão de texto”. (KEENE, 2002, p.203).

É necessário definir a profissão, para esclarecer a atividade exercida.

Fotojornalismo (lato sensu): no sentido lato, Sousa (2000), entende por

fotojornalismo a atividade de realização de fotografias informativas, interpretativas,

documentais ou ‘ilustrativas’ para a imprensa ou outros projetos editoriais ligados à

produção de informação de atualidade. Nesse sentido, a atividade caracteriza-se

mais pela finalidade ou pela intenção e, não tanto pelo produto; este pode estender-

se das spot news (fotografias únicas que condensam uma representação de um

acontecimento e seu significado) às reportagens mais elaboradas e planejadas, do

fotodocumentarismo.

Já fotojornalismo (stricto sensu)-No sentido restrito, Sousa (2000) entende por

fotojornalismo a atividade que pode visar informar, contextualizar, oferecer

conhecimento, formar, esclarecer ou marcar pontos de vista( “opinar”) através da

fotografia de acontecimentos e da cobertura de assuntos de interesse

jornalístico.este interesse pode variar de um para outro órgão de comunicação social

e não tem necessariamente a ver com os critérios de noticiabilidade dominantes.

Sousa (2000), conta que as primeiras manifestações do que viria a ser

fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a

câmara para um acontecimento, tendo em vista fazer chegar essa imagem a um

público, com intenção testemunhal. Também seria uma questão de tornar a espécie

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humana mais visível a ela própria e essa preocupação. A fotografia é então usada

como news medium, entrando na história da informação, desde, provavelmente,

1842, embora, com propriedade, não se possa falar da existência de fotojornalismo

nessa altura. O fotojornalismo necessita de processos de reprodução que só se

desenvolvem a partir do final do séc. XIX. Até meados do século passado,

desenhistas, gravuristas e gravuras de madeira eram intermediários entre fotógrafos,

fotografias e os leitores.

Com a exigência do público, como conta Sousa (2000), avanços tecnológicos

permitiram ganhos para a fotografia. Para o fotojornalismo, a conquista do

movimento revelou-se de importância vital, uma vez que permitiu ‘congelar’ a ação,

impressioná-la numa imagem quase em tempo real, capturar o imprevisto, chegar ao

instantâneo e, com ele, acenar a ideia de verdade: o que é assim capturado seria

verdadeiro; a imagem não mentiria.

Em um determinado contexto histórico-cultural, as narrativas convencionais no

fotojornalismo contribuem para que seja dado significado social a determinados

acontecimentos em detrimento de outros, promovendo, por consequência, alguns

destes, e não outros, à categoria de notícias, concorrendo para dar uma aparência

de ordem ao caos de acontecimentos e dando inteligibilidade ao real. Se

antigamente as coletividades humanas recorriam ao mito para explicar as

experiências do mundo e dar sentido à vida, hoje teriam transferido para os media a

tarefa de organizar e integrar as experiências aleatórias de vida num todo

racionalizado. “O fotojornalista não apenas reporta notícias, como também as ‘cria’:

as (foto) notícias são um artefato construído por força de mecanismos pessoais,

sociais (incluindo econômicos), ideológicos, históricos, culturais e tecnológicos”.

(BARNHURST,Kevin G., 1994, p.55. apud SOUSA, 2000, p.22/23)

2.4 Ética no fotojornalismo

A ética está presente diariamente nas escolhas e atitudes dos profissionais do

fotojornalismo. Na hora da definição de pauta, o repórter fotográfico não sabe o que

encontrará exatamente no local. A reflexão é necessária, e torna-se inevitável a

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partir do momento que uma fotografia publicada possa causar algum tipo de dano,

tanto ao profissional, como ao veículo ou indivíduo retratado.

É comum a generalização em torno da ética. Karam (1997) acredita que não é

possível a existência de alguma coisa que, tendo significado, não possua alguma

conexão, mesmo mínima, com uma moralidade constituída precisamente na

trajetória da humanidade. Afirmações como “isto é um problema ético”, “aquele

indivíduo feriu a ética”, “aquela é uma atitude antiética” são frequentes.

Embora conectadas, é necessário distinguir ética e moral, para maior

compreensão da função de cada uma. “Em sua origem, ética e moral tinham

significado quase idêntico, o de caráter, costume, maneira de ser”. (KARAM, 1997,

p.33). Ao longo da história foi-se contornando o significado da ética, diferenciando-o

da moral. Enquanto a moral envolve-se com o conjunto de normas que reflete

determinado comportamento, cultura e período, a ética significa a reflexão sobre o

‘mundo moral’ dos homens, ou sobre o comportamento que cabe a cada situação. A

ética é então separada da consciência moral.

Como acreditava Vásquez (1969), os indivíduos se defrontam com a necessidade

de pautar o seu comportamento por normas que julgam mais apropriadas ou mais

dignas de serem cumpridas, estas são aceitas e reconhecidas como obrigatórias.

Um indivíduo que enfrenta uma determinada situação deverá resolver por si mesmo,

com a ajuda de uma norma que reconhece e aceita intimamente, age de maneira a

que a ação possa ser boa, isto é, moralmente valiosa. Na definição do autor: A ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens, o da moral, considerado, porém na sua totalidade, diversividade e variedade. O que nela se afirme sobre a natureza ou fundamento das normas morais deve valer para a moral da sociedade grega, ou para a moral que vigora de fato numa comunidade humana moderna. É isso que assegura o seu caráter teórico e evita sua redução a uma disciplina normativa ou pragmática. O valor da ética como teoria está naquilo que explica e, não no fato de prescrever ou recomendar com vistas à ação em situações concretas. (VÁZQUEZ, 1969, p.11)

Em síntese, a ética seria como uma disciplina normativa, mas de caráter teórico,

com a função de explicar, esclarecer e investigar determinada realidade, uma

reflexão do mundo ‘moral’. O fotojornalista/repórter fotográfico com comportamento

ético, então seria regido por uma ‘legislação’ do comportamento moral dos

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indivíduos, ou seja, agiria de modo a respeitar limites, de forma a não ofender,

difamar ou atingir direitos de outrem, na hora de divulgar uma foto.

Os caminhos do fotojornalismo passam pela ética, além da estética e da técnica

utilizadas na hora de fotografar, mas não só o repórter fotográfico seria responsável

pela reflexão em torno do tema. “A ética que se espera dos jornalistas não é só um

atributo do profissional ou da redação onde atua. Mais que isso, é um pacto de

confiança entre a instituição do jornalismo e o público, num ambiente em que as

instituições democráticas sejam sólidas”. (CRISTOFOLETTI, 2003, p.33)

Discutir ética, para Bucci (2000) e para Cristofoletti (2003), também tem a ver com

o público. Faz sentido se significar colocar em questão os padrões de convivência

entre pessoas, individualmente e, de toda a sociedade no que se refere ao trato com

a informação de interesse público e com a notícia. A isso precisariam se subordinar

não apenas os jornalistas e fotojornalistas, mas também as empresas e as

corporações em que funcionam os veículos de comunicação. A discussão teria

apenas um interessado: o cidadão, que é o público e a razão pela qual a imprensa

deveria existir.

A necessidade da reflexão sobre ética no fotojornalismo poderia também ser

entendida como um movimento de desalienação e de redefinição, para Karam

(1997). Isso se daria tanto do comportamento moral quanto dos princípios

deontológicos (valores pré-estabelecidos). Apesar de particularidades sociais e

singulares individuais, o ser humano possui um traço de universalidade em ações,

do conhecimento que tem de mundo e de cultura.

Para Bucci (2000), a ética no jornalismo, e, consequentemente, no fotojornalismo,

além da reflexão, também gera diversos questionamentos: “A verdade dos fatos

existe? Existe um relato perfeitamente neutro e isento? A objetividade perfeita é

possível?”. O autor acredita que a verdade dos fatos, seria uma versão dos fatos. O

relato seria um discurso e, como tal, inevitavelmente ideológico. Mesmo quando

sincero e declaradamente não opinativo, o relato jornalístico é encadeado segundo

valores que, obrigatoriamente, definem aquilo que se descreve.

Podem ser citados alguns exemplos de situação de crítica a atitudes envolvendo a

veracidade e a ética no fotojornalismo: um caso de interesse público, citado por

Cristofoletti (2003), é o da Escola Base em 1994. Quando começaram a ser

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divulgadas notícias sobre os supostos abusos a crianças, fotografias do local e dos

acusados também foram veiculadas, os comprometendo ainda mais. Mesmo sem

culpa e inocentados, os donos da escola foram atingidos negativamente pela

repercussão pública do caso, perderam bens e adquiriram doenças devido ao stress

causado pela situação. Aqui cabe a reflexão sobre a utilização da ética e da forma

que foi feita a investigação sobre a veracidade das informações, o que ocasionou

danos à imagem, honra e privacidade dos acusados, que na verdade eram vítimas.

Em 2006, o ator brasileiro Marcos Pasquim teve fotos divulgadas pela revista

‘Quem’, nas quais beijava outra mulher, sendo que era casado. O fato rendeu o

divórcio de Pasquim e repercussão pública negativa ao ator. Outro caso, envolvendo

a vida pessoal de uma figura pública, foi o da atriz americana Kristen Stewart,

namorada do ator Robert Pattinson, ambos da famosa série de filmes ‘Crepúsculo’.

A atriz teve fotos publicadas em diversos veículos mundiais este ano, de um caso

amoroso com o diretor de cinema Rupert Sanders. As imagens além de renderem a

separação do casal, prejudicaram a carreira de ambos. A atriz correu o risco de ser

cortada da sequência de um filme e, os dois, não apareceram em cerimônias de

divulgação de trabalhos posteriores ao fato.

O repórter fotográfico pode alegar cumprir a função ao qual é destinado, como

paparazzi2, e de divulgar a verdade, porém fica a reflexão de até que ponto a

divulgação das fotos era de real interesse público. Há também o questionamento

quanto à aplicação da ética, dever do profissional, ou então teriam sido atingidos os

direitos de privacidade, intimidade e honra do retratado.

Há variados exemplos, e é evidente que em nenhum dos casos, a imprensa é a

única culpada por danos à imagem e à vida privada das ‘vítimas’ transformadas em

‘vilãs’. Mas, como acredita Cristofoletti (2003), se a imprensa não é a única

responsável pelo ‘linchamento social’, também não é nem um pouco inocente nos

casos, já que estampou centenas de fotos dos acusados, espalhou os nomes em

muitas colunas impressas, além das horas utilizadas no rádio e na televisão.

2 Paparazzi- Designação atribuída aos fotógrafos que perseguem figuras públicas célebres para lhes tirarem fotografias não autorizadas e preferencialmente comprometedoras. Do italiano paparazzi, plural de paparazzo. (Infopédia. Enciclopédia e dicionários Porto Editora/ http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/paparazzi).

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Então é aberto outro horizonte aos interessados na discussão ética: a relação

entre repórteres fotográficos e as empresas de comunicação com o poder. Para

Bucci (2000), assim como a imprensa não existe à margem das empresas, também

as empresas não ‘pairam soltas no espaço’, mas têm lugar dentro da sociedade e

essa sociedade é marcada e definida pelas relações de poder e de dominação. Os

desvios éticos da imprensa, portanto, não seriam apenas resumidos às falhas dos

profissionais do fotojornalismo, quando adotam a posição errada no trabalho que

executam, mas se estenderiam às empresas e à sociedade, que impulsionam certas

atitudes, ao consumirem do jornalismo de celebridades e do jornalismo

sensacionalista, por exemplo. “O problema ético é um problema estrutural e

sistêmico”. (BUCCI, 2000, p.35)

Outra questão ética foi levantada por Kossoy (2000), sobre a manipulação de

imagens. São questionados o alcance e os limites das fotografias enquanto meios

de conhecimento do passado e, em que medida os conteúdos fotográficos são

verdadeiros.

2.5 Ética e manipulação de imagens

A ética já poderia ser questionada quanto a imagens manipuladas, de uma

‘realidade criada’ que é vista em diversos veículos de comunicação com opinião

clara sobre determinados assuntos, como política. Uma foto até chegar ao público

passa por diversos filtros, desde o repórter fotográfico, o editor de fotografia e a

posição do veículo quanto ao assunto abordado.

Antes mesmo do surgimento de equipamentos digitais, já se alterava a realidade

dos fatos históricos com o uso de imagens manipuladas. Almeida e Boni (2006)

citam uma pesquisa realizada por Alain Jaubert e publicada no livro ‘Les

commissariat aux archives – Les photos qui falsifient l´histoire’, que revela a

utilização de manipulação fotográfica por muitos políticos para omitir a realidade e se

colocar em posição de triunfo diante do povo que governava.

Um exemplo é a imagem em que Lênin discursava, na Praça Vermelha, em

Moscou (Rússia), durante as comemorações do Dia do Trabalho, em primeiro de

maio de 1919. O fotógrafo fez o que era possível, diante das condições técnicas

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disponíveis à época para retratar o líder soviético isolado das demais autoridades

presentes à comemoração. Lênin foi mantido no ambiente, mas colocado diante de

uma luminária, até então inexistente, e foram deixados detalhes da arquitetura local

presentes no cenário, para assim obter a imagem de um tom de ‘liderança e triunfo

nos holofotes’ sobre os demais presentes.

Outro exemplo da pesquisa de Jaubert (1984), citada por Almeida e Boni (2006),

foi o registro de uma imagem em 1937 pelo fotógrafo Heinrich Hoffmann, no parque

da Chancelaria do Reich, em Berlim. Na fotografia Hitler conversa com Leni

Riefenstahl, que mais tarde tornou-se a cineasta do regime nazista, e com Joseph

Goebbels, ministro da propaganda. Nos arquivos de Hoffmann, anos após a guerra,

foi encontrada uma segunda versão desta fotografia: Goebbles foi retirado da

imagem. Hitler era então muito ligado a Leni Riefenstahl, que havia conhecido em

1932 e a imprensa internacional tinha feito da cineasta uma espécie de noiva em

potencial. Porém, durante um período, o rumor público fez também de Goebbles o

amante de Riefenstahl. As fotografias não foram publicadas pela imprensa e, até

hoje, não é conhecido o real motivo da manipulação.

Oliveira (2010) relembra a famosa frase: “Embora as fotografias não possam

mentir, os mentirosos podem fotografar”, de Lewis Hine, fotógrafo americano que

denunciou a exploração do trabalho infantil nos Estados Unidos. O conteúdo da

afirmação estaria presente diariamente no fotojornalismo mundial, juntamente com

os problemas éticos de adulteração de imagens.

O advento da tecnologia digital na década de 1980 e a consequente facilidade de

tratamento e manipulação da imagem, para Almeida e Boni (2006), ajudaram a criar

polêmica em torno da ética de profissionais e de veículos de informação. É

necessária a diferenciação entre tratamento e manipulação de imagens, para maior

compreensão de que podem ser feitas modificações nas fotografias, mas existe a

questão ética antes da utilização de ferramentas que alteram uma fotografia: O tratamento de uma fotografia constitui na melhora da qualidade de sua imagem. É o uso da tecnologia disponível para clarear pontos escuros, ressaltar a luz e até alterar a saturação das cores, tornando-as mais fortes ou esmaecidas, dependendo do que se quer transmitir. Quando se trata uma imagem, a intenção não é alterar o seu conteúdo, portanto, as informações que fazem parte do quadro não são modificadas. (ALMEIDA e BONI, 2006, p.16).

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Como a manipulação fotográfica não é novidade na tecnologia digital, com a

disponibilidade de diversos softwares para este fim, então a ética pode estar no

profissional e não na ferramenta. Acontecimentos mais recentes envolvendo

manipulação de imagens, para Oliveira (2010), revelam o sério problema que a falta

de ética e de ‘escrúpulos’ pode acarretar na veracidade das informações

jornalísticas, descaracterizando o contexto real da imagem, tornando-a mais

atraente ao público.

Oliveira (2010) cita o caso das imagens realizadas pelo fotógrafo Brian Walski, do

jornal americano Los Angeles Times, que mostram um fuzil apontado para um pai

com uma criança no Iraque, resultado de fusão e manipulação em programa de

tratamento de imagem, ou ainda, das fotografias do bombardeio de Beirute, no

Líbano, produzidas por Adnan Haij, fotógrafo da principal agência de notícias

britânica, nas quais a fumaça da fotografia original é ampliada, para criar maior

impacto na informação.

Exemplos como esses chamaram a atenção da sociedade para a ética no

tratamento de imagens digitais. Almeida e Boni (2006) citam Sousa (2000): Os problemas que para o fotojornalismo se levantam com as novas tecnologias estão relacionados, portanto, com a forma como a alteração eletrônica das imagens se tornou fácil e de difícil (virtualmente impossível) detecção. (SOUSA, 2000, p. 214 apud ALMEIDA e BONI, 2006, p.16).

As imagens fotográficas, como comprovação de fatos, fazem com que o público

dê credibilidade ao veículo. Keene (2002) acreditava que a sua autenticidade,

jornalisticamente, não deveria ser afetada: As montagens, ou as imagens encenadas, devem ser evitadas nos assuntos noticiosos, mas podem ser aceitáveis se forem ilustrações para um assunto de magazine. O retrato em que o fotógrafo tenha algum controle sobre o fotografado pode funcionar como ilustração de uma entrevista. (KEENE, 2002, p.190)

Para alguns profissionais, fotografar eterniza o momento. Outros atribuem ao

fotojornalismo a documentação e reprodução da realidade, consequentemente, as

imagens deveriam permanecer intactas, mas como já acreditava Barthes (1984), a

fotografia também tem outros significados. Para um ‘olhar desatento’ a fotografia

teria única e absolutamente o papel de documentação, para um ‘olhar observador’

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deveria se questionar a própria existência da fotografia e discutir sua importância

como aparelho reprodutor de ideologia.

Já para Oliveira (2010), talvez a verdadeira busca do real, atribuída,

erroneamente, à fotografia, passe pelos educadores e editores fotográficos, que têm

a responsabilidade de estimular a reflexão e a ‘lapidação da consciência’ daqueles

que irão registrar nosso cotidiano por meio de imagens fotográficas, seja ele um

profissional ou um amador, alertando para a importância da ética e do correto

armazenamento das imagens e suas responsabilidades com a memória do século

XXI.

A fotografia digital, com tantos casos de manipulação, passa então a apresentar

novos desafios a serem solucionados para a preservação da memória do século

XXI. Como Oliveira (2010) escreve, as imagens fotografadas em coberturas

jornalísticas passam pela edição do fotógrafo e também pelo editor de fotografia,

que irá selecionar as imagens que julgar mais adequadas à linha editorial do veículo.

Muitos desses editores selecionam poucas fotografias para compor o banco de

imagens de seus arquivos, apagando as fotografias excedentes, por falta de espaço

para armazenamento. Esse excesso de edição em campo e na redação preocupa a

todos que usam a fotografia como ferramenta de pesquisa e documentação. Edições, cortes e manipulações – inclusive montagens (estas mais raras) - sempre ocorreram nos meios jornalísticos, mas nunca com tanta frequência como agora. Esses fatos devem servir de alerta para que o respeito aos leitores e aos fotografados seja preservado, pois, com o avanço tecnológico, essa prática torna-se mais fácil e comum, podendo interferir na credibilidade das imagens, destruindo a memória fotográfica do século XXI. (OLIVEIRA, 2010, p.3)

Na edição 2135, de 21 de outubro de 2009, a revista ‘Veja’ publicou uma matéria

intitulada “A ditadura do photoshop”. Nesta, a revista critica o uso indiscriminado do

software para manipulação de imagens, principalmente em fotografias de

celebridades. Na mesma matéria, a revista conta sobre a decisão da França em

multar veículos que não advirtam os leitores sobre o uso de retoques nas fotografias.

Os infratores passaram a pagar uma multa de 37.500 euros, ou 95.500 reais, na

época. Com isso, a intenção dos franceses era devolver a fidelidade às fotografias.

Parlamentares ingleses também propuseram restrições ao uso do Photoshop em

campanhas publicitárias voltadas para menores de 16 anos. A fundamentação era

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de que fotografias manipuladas podem fazer mal à saúde, na busca de um corpo

ideal, por exemplo.

A tecnologia digital substituiu a fotografia tradicional, fato que Sousa (1998) já

acreditava que afetaria a percepção do mundo, os processos de geração de

sentidos e, portanto, o processo de construção social da realidade.

2.6 Liberdade de imprensa X código de ética

Entrando na questão da liberdade de imprensa, ela é um dos direitos

conquistados pelos jornalistas e repórteres fotográficos, mas os mesmos devem se

ater a certos cuidados para não ultrapassar os limites dessa liberdade e atingir

direitos de outrem. Guerra (2004) acredita que a imprensa livre é fundamental para

garantir outras liberdades e para consolidação da democracia. “O problema consiste

quando a imprensa utiliza seu grande ‘poder’ de forma incorreta, podendo assim

provocar danos imensuráveis para uma pessoa e até para toda uma família”.

(GUERRA, 2004, p.7).

Liberdade de imprensa, para Donnini e Donnini (2002), significa que os meios de

comunicação são livres para manifestar sua opinião, criticando, informando,

investigando, denunciando, mas dentro dos limites impostos pela constituição

Federal e leis ordinárias. Esses limites referem-se às responsabilidades para com a

sociedade e compromisso com a veracidade, precisão, objetividade e equilíbrio na

divulgação de informações. A verdade, para Vieira (2003), é um pressuposto

necessário no exercício da liberdade de informação e deveria ser a meta de todo

informador, mas a ideia de verdade é difícil de ser conceituada.

Os indivíduos, como seres sociáveis, para Vieira (2003), compartilham ideias,

opiniões, conhecimentos; assumem responsabilidades diante da comunidade em

que vivem e, portanto, precisam de informações, as mais amplas possíveis. Existe a

busca pela informação e, o direito de informar se traduziria então na possibilidade de

noticiar fatos, narrando-os da forma mais imparcial e neutra possível. Uma vez

optando o órgão da imprensa pela publicação da matéria jornalística, surgiria para o

leitor ou o receptor da notícia o direito à informação verdadeira completa.

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Kossoy (2000) vê no fotógrafo um filtro cultural. O que é fotografado e publicado

se torna material histórico e, o repórter fotográfico, junto à categoria de jornalista,

portanto deveria ter comprometimento com a veracidade e à legislação. O código de

ética dos jornalistas brasileiros da FENAJ (2008), entre outras coisas diz quanto à

conduta do profissional:

“Art. 6°- É dever do jornalista:

VII- respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão;

IX- respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas;

XI- defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias

individuais e coletivas, em especial as das crianças, adolescentes, mulheres, idosos,

negros e minorias;

Art. 7°- o jornalista não pode:

IV- expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada a

sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais

de trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais;

VIII- assumir a responsabilidade por publicações, imagens e textos de cuja

produção não tenha participado ”.

O Estatuto da Criança e Adolescente também possui normas que preservam a

imagem do menor de idade e as consequências do não atendimento às regras,

como consta nos artigos 143 e 247:

“Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que

digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.

Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a

criança e o adolescente, vedando-se fotografia, referência ao nome, apelido, filiação,

parentesco e residência”.

“Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer

meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial,

administrativo ou judicial relativo à criança ou adolescente a que se atribua ato

infracional;

Pena- multa de 3(três) a 20(vinte) salários de referência, aplicando-se o dobro em

caso de reincidência.

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§ 1° Incorre na mesma pena quem exibe total ou parcialmente, fotografia de

criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe

diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua

identificação, direta ou indiretamente.

§ 2° se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou

televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá

determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da emissora

até por 2(dois) dias, bem como da publicação do periódico até por (dois) números”.

A profissionalização do fotojornalismo tornou a produção da categoria ‘popular’.

Sousa (2000) acredita que foi estabelecida uma tendência, que adquiriu maior

projeção nos dias atuais: O triunfo da foto-ilustração, do glamour e do show biz,

junto aos fotógrafos paparazzi, que se movem ao ‘faro do sensacional’, do exótico,

do escandaloso, e não do documento de valor sócio-histórico, e cuja ‘(má) fama’ foi

revelada com a morte da princesa Diana3.

Para além das considerações legais com que os fotógrafos se confrontam, devem

também ter em conta os problemas éticos. Keene (2002) via a ética como menos

rígida do que a lei, pois ela guia-se pela reação do público à consulta dos meios de

comunicação social e aos seus métodos de funcionamento. A fotografia que será

aceitável para um jornal sensacionalista pode não ser relevante em um veículo de

comunicação de referência. A maioria dos fotógrafos sabe, instintivamente, até onde pode ir em relação às formas de obter uma fotografia.Será legítimo usar uma bata branca para penetrar e conseguir fotografias num hospital?Dever-se-á fotografar e entrevistar crianças sem a presença de um adulto?Será aceitável que se tirem fotografias de tipo paparazzi, com teleobjetivas, para conseguir captar momentos da vida privada de personalidades públicas? Têm os ricos e os poderosos os mesmos direitos à vida privada do que as outras pessoas?Qual a diferença entre uma história ser de interesse público e apenas de interesse do público? (KEENE, 2002, p.189)

Como Keene (2002) acredita, há uma ironia no fato do público desaprovar como

algum material é obtido, como no caso da morte da princesa Diana, ao ser

perseguida por paparazzis, pois em casos de celebridades, o público é que mantém

o trabalho destes profissionais.Os repórteres fotográficos além de terem um código 3 Princesa Diana, ou Lady Di, como era conhecida, foi casada com o príncipe Charles da Inglaterra.Tornou-se conhecida por seu trabalho de caridade e, principalmente, pelas campanhas contra minas terrestres e no combate à AIDS.Morreu em acidente de carro em 1997, em tentativa de fuga de paparazzis .(UOL Biografias, The Times/Folha de São Paulo, 1997)

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de ética, legislações e direitos a serem respeitados, possuem também direitos

próprios.

2.7 Liberdade de imprensa e direito no fotojornalismo

Com o questionamento de valores éticos quanto ao que é publicado no

fotojornalismo, na existência da liberdade de imprensa, surge a necessidade do

conhecimento dos limites desta e dos direitos ou deveres do profissional. Keene

(2002) já reconhecia que as consequências do desrespeito a determinados limites

podem ser agravantes: O conhecimento da lei é importante para o fotógrafo que trabalha na comunicação social. A ignorância a esse respeito pode causar problemas que podem gerar processos em tribunal e obrigar ao pagamento de indenizações. O conhecimento da lei permitirá evitar os tribunais e saber quando as ameaças feitas contra profissionais, ou os seus jornais, têm uma base sólida. (KEENE, 2002, p.185).

Para o autor, as leis teriam que resolver um equilíbrio difícil entre a liberdade de

expressão, o direito de informar e ser informado, e a proteção de outros direitos,

como o direito à privacidade, à imagem ou ao bom nome das pessoas, para não

falar na segurança nacional.

Godoy (2000) complementa, escreve que a divulgação, a discussão e a crítica

de atos ou decisões do Poder Público, ou de seus agentes, não vêm sendo

consideradas um abuso da liberdade de imprensa: “Desde que não se trate de

matéria de natureza reservada ou sigilosa, e a crítica inspirada no interesse público,

não estando presente o ânimo de injuriar, de caluniar ou difamar”. (GODOY,2000,

p.25).

A liberdade de expressão e de informação consta na constituição como

fundamental e, o direito de informar pode ser entendido como liberdade de

imprensa. Donnini e Donnini (2002) contam que qualquer pessoa é livre à

manifestação do pensamento, opiniões e ideias, seja pela escrita, imagem, no caso

dos repórteres fotográficos, palavra ou qualquer outro meio, assim como possui o

direito de informar ou receber informações. Para os autores, nas sociedades

democráticas essa garantia tem sido constante, visto que inexiste democracia sem a

liberdade de expressão e informação.

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Mas, para Vieira (2003), toda liberdade pressupõe responsabilidades e limites:

“Ser livre significa ser responsável e, no momento em que tal liberdade é exigida e

na medida em se a exige, o indivíduo assume o peso da responsabilidade que a

essa liberdade corresponde”. (Vieira, 2003, p.43). No caso do fotojornalismo, o

repórter fotográfico ou o veículo de comunicação teriam de assumir responsabilidade

diante do material publicado, caso este fosse contrário e desrespeitoso aos diretos

de outrem.

A liberdade de informação pode ser um direito pessoal, individual, que

compreende a procura, o acesso, o recebimento ou a difusão de informações ou

ideias, e, sem dependência de censura, para Silva (2000), cada qual responderia

pelos ‘abusos’ que cometesse.

No Brasil, conforme Donnini e Donnini (2002), apesar dos regimes de exceção,

em que as liberdades e garantias individuais foram violadas, todas as constituições

Federais, salvo a Carta de 1937, previram a liberdade de imprensa, embora na

prática poucos tenham sido os períodos de absoluta liberdade de comunicação do

pensamento pela imprensa.

Já Guerra (2004), faz uma observação: “Não obstante estas liberdades estarem

tuteladas e declaradas na lei maior, infelizmente observamos que constantemente a

liberdade de imprensa invade o espaço do direito à imagem, violado com bastante

frequência”. (GUERRA,2004, pag.73)

Essa liberdade de expressão e informação, embora seja um direito fundamental,

compreendidos na própria essência de uma sociedade democrática, não é ilimitada.

Para Donnini e Donnini (2002), na realidade seus limites são o direito à honra, à vida

privada, à intimidade e à imagem (Constituição Federal, no § 1° do art.220),

considerados como direitos da personalidade e também colocados à categoria de

direitos fundamentais na Constituição Federal. Com efeito, nem todos os acontecimentos, críticas, opiniões podem ser difundidos, sem critério, pelos meios de comunicação. Se a imprensa divulga informação denegrindo a honra de uma pessoa, violando o direito à intimidade e à vida privada de alguém, ou ainda infringindo o direito à imagem, estará abusando do direito de informar, extrapolando o seu direito fundamental consistente da liberdade de expressão e informação e, como consequência, poderá sofrer sanções civis e penais, estas fundadas em penas privativas da liberdade para o responsável e aquelas consistentes na fixação de indenização, a título de reparação, dos danos sofridos. (DONNINI e DONNINI, 2002, p.54).

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Torna-se necessário, assim, o conhecimento dos direitos da personalidade

elevados à categoria de direitos fundamentais, que podem contrapor-se à liberdade

de expressão e informação dos repórteres fotográficos.

2.8 Os direitos da personalidade X direito autoral

O direito à imagem é um dos direitos da personalidade ( imagem, honra e

privacidade) dos quais todo indivíduo goza, seja a representação fiel de seus

aspectos físicos (fotografia, retratos pintados), como a representação de sua

aparência moral e distinguível, concreta ou abstrata. Fontes(1999), acredita que a imagem consiste na representação gráfica da

figura humana, podendo ser estática ou móvel, bidimensional ou tridimensional, de

pessoa viva ou pessoa morta, não se restringindo à fisionomia da pessoa,

compreendendo qualquer parte do seu corpo. O direito à imagem tem sido

considerado como o direito exclusivo e excludente da pessoa posicionar-se sobre a

captação, difusão e uso da própria imagem. Partimos do conceito de Duval (1988) sobre o direito à imagem como sendo a

projeção da personalidade física (traços fisionômicos, corpo, atitudes, gestos,

sorrisos, indumentárias, etc.) ou moral (aura, fama, reputação, etc.) do indivíduo

(homens, mulheres, crianças ou bebê) no mundo. Dessa maneira, podemos afirmar que existem duas imagens no texto constitucional: a primeira, a imagem-retrato, decorrente da expressão física do indivíduo; a segunda, a imagem-atributo, como o conjunto de características apresentados socialmente por determinado indivíduo. (ARAUJO, p.31) apud (GUERRA, 2004, p. 56).

Duval (1988) complementa sobre a importância a respeito da imagem.

Acredita que o direito à imagem, sem dúvida alguma, é de vital importância para as

pessoas. “Consiste no direito que a própria pessoa tem sobre a projeção de sua

personalidade física ou moral em face da sociedade, incidindo assim em um

conjunto de caracteres que vai identificá-la no meio social”. (DUVAL, 1988, p.38). O direito à imagem se destaca dos demais pelo fato de a imagem humana estar sendo utilizada largamente em publicidade de produtos, serviços, entidades, e, principalmente, por parte da imprensa, objeto de nossa pesquisa, sem o devido consentimento, ensejando desta forma ações judiciais para a reparação do dano. (DUVAL, 1988, p.38)

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Em relação à honra, outro direito da personalidade, ela é um bem inerente ao

próprio homem, do qual não poderá divorciar-se. Silva (2004) diz que a honra está

diretamente relacionada ao aspecto da moral, dos valores mais importantes da

pessoa, de poder andar de cabeça erguida, de ter um nome, das pessoas terem

uma boa referência desta pessoa, enfim, de poder se olhar no espelho e verificar

que, de fato, trata-se de um homem honrado. No direito à honra, a pessoa é tomada, frente à sociedade, em função do valor que possui dentro daquele contexto social. Ocorrendo então a lesão da honra, de imediato a pessoa cujo direito foi violado se sente diminuída, desprestigiada, humilhada, constrangida, tendo perdas enormes tanto no aspecto financeiro, como no aspecto moral, pois a lesão se reflete de imediato na opinião pública, que logo adota uma postura negativa contra a pessoa, implicando nestas perdas mencionadas. (GUERRA, 2004, p. 50)

Foram inseridos no rol das liberdades públicas, os direitos à intimidade, à vida

privada, à honra e à imagem das pessoas, que antes não gozavam da tutela

constitucional. Conta Guerra (2004) que nesse contexto, surge a problemática

envolvendo o direito à imagem e os direitos da imprensa, já que não se criou uma

norma, após a Constituição de 1988, no sentido de determinar até que ponto pode ir

a imprensa, no que tange à divulgação de fotos, informações de uma determinada

pessoa, bem como até onde vai esta proteção constitucional das pessoas nestas

questões.

Entrando no direito de intimidade e à vida privada, em decorrência da ampla

publicidade que, de maneira indevida, devassava cada vez mais a vida privada, a

intimidade e a honra das pessoas, denegrindo sua imagem, Guerra (2004) conta que

o legislador fez uma inserção no texto constitucional desta proteção prevista no

artigo 5°, inciso X, verbis: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a

imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou

moral decorrente de sua violação”. (GUERRA, 2004, p. 43).

Por outro lado existe a questão do direito autoral, que é de benefício do repórter

fotográfico. Cabral (2003) acredita que uma obra é única e ela distingue o seu feitor

como ente original e criador. “Dessa peculiaridade pessoal do ato criativo nasce um

tipo também peculiar de propriedade: a propriedade sobre o produto da criação

artística que a lei e as convenções reconhecem como um bem móvel”. (CABRAL,

2003, p.2)

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Os direitos da personalidade não se confundem ao direito autoral, de posse do

criador da representação da imagem do indivíduo (foto, desenho ou pintura).

Conforme Keene (2002), o direito autoral remete à criação, e do indíviduo, quanto à

representação de seus atributos. “Tal como outros trabalhos do domínio artístico e

literário, as fotografias são obras protegidas pelos direitos de autor, que impedem

qualquer utilização não autorizada da obra nos 70 anos subsequentes à morte do

criador da mesma”. (KEENE, 2002, p.188)

A Lei 9.610, em seu artigo 3° diz: “Os direitos autorais reputam-se, para efeitos

legais, bens móveis”. Ou seja, é algo material, tangível e intangível, feito pela mão

do homem, um ato individual e único que justifica plenamente a posse do objeto

criado. Seria, no caso, a propriedade por excelência, indiscutível e única, nascida no

espírito criador.

Em 1858 houve em Bruxelas um congresso internacional sobre propriedade

intelectual. Já em 1886 foi realizada em Berna a terceira conferência diplomática

sobre direitos autorais, com última revisão em 1971 e emendas em 1979. Como

conta Cabral (2003), entre outras coisas, foi estabelecida proteção concreta do

espírito criador, ou seja, aquilo que se materializa; o autor é identificado perante os

tribunais pelo seu nome aposto à obra, mesmo que seja pseudônimo; fica o prazo de

vigência dos direitos do autor após sua morte: 50 anos, podendo os países

signatários da convenção o direito de aumentar esse prazo (70 anos, no Brasil);

divide os direitos do autor em morais e patrimoniais, estes irrenunciáveis e

inalienáveis, mesmo quando o autor cede definitivamente sua obra para exploração

de terceiros; dá direito à paternidade da obra e privilégio de impedir modificações;

assegura o chamado ‘direito de suíte’, ou seja, a participação do autor nos lucros da

eventual revenda de sua obra.

No Brasil, em 19 de fevereiro de 1998 foi sancionada uma nova lei de direitos

autorais, de número 9.610, segundo Cabral (2003), fruto de um demorado processo

de discussões. Desde 1827, pouco depois da independência, começaram a ter

cursos jurídicos no Brasil. “O Código Civil, promulgado em janeiro de 1916, dedicou

um capítulo inteiro à propriedade literária, científica e artística, assegurando, de

forma clara, os direitos do autor”. (CABRAL, 2003, p.9)

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Em 1973 surgiu a lei 5988 para regulamentar os direitos autorais. Ao lado do

Código Cível, como conta Cabral (2003), o Código Penal vigente, em seu artigo 184,

trata dos crimes contra a propriedade intelectual.

“Art. 184- Violar direito autoral:

Pena: detenção de 3(três) meses a 1(um) ano, ou multa.

§ 1°-Se a violação consistir em reprodução por qualquer meio, com intuito de

lucro, de obra intelectual, no todo ou em parte, sem autorização expressa do autor

ou de quem o represente, ou constituir na reprodução de fonograma ou

videofonograma, sem autorização do produtor ou de quem o represente:

Pena: reclusão de 1(um) a 4(quatro) anos, e multa de R$ 10.000,00 a R$

50.000,00.

§ 2°-Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda,

aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com

intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, fonograma ou videograma,

produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.

§ 3° Em caso de condenação, ao prolatar a sentença, o juiz determinará a

destruição da produção ou reprodução criminosa”.

Há certa controvérsia quanto ao direito autoral, como conta Cabral (2003). A obra

gera um interesse universal e o cidadão também tem direito de, em qualquer tempo

e em qualquer lugar, poder apreciar uma obra. Portanto, o repórter fotográfico, como

autor de uma fotografia, possui o direito sobre a reprodução desta, tanto de ter seu

nome vinculado à mesma, quanto de valores monetários obtidos através da

reprodução ou venda da obra. O que não significa ultrapassar o direito de imagem

de outrem, que deve ser obtido por meio de autorização, como conta Keene (2002). Há relatos de quem tenha fotografado sem problemas e com autorizações conseguidas no momento, prisões de alta segurança ou instalações sensíveis da polícia. Em contrapartida, há casos de conflitos sérios com encarregados da segurança de museus que tentaram obrigar fotógrafos a mostrar-lhes a identificação por estarem a fotografar no exterior do museu, ou de um agente de segurança de uma pequena estação de caminho-de-ferro a tentar impedir que alguém fotografasse uma locomotiva antiga. (KEENE, 2002, p.188)

Existem locais que parecem públicos, mas nos quais a fotografia é proibida ou,

pelo menos, limitada. Keene (2002) exemplifica os locais como instalações

comerciais, que são frequentadas pelo público, mas que são geridas por alguém que

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pode impor as suas condições para a entrada. Por vezes, os agentes de segurança

desses locais tendem a comportar-se como se fossem a polícia. “É importante saber

que não têm o direito de pedir a identificação às pessoas, de revistá-las, e muito

menos de impedi-las de seguirem o seu caminho. Os locais de diversão noturna são

os únicos em que se pode esperar ter problemas complicados a este nível” (KEENE,

2002, p.189).

Apesar de se poder pensar que uma imagem é algo que não tem resposta

possível, Keene (2002) conta que as fotografias podem também ser objeto de direito

de resposta. Segundo este direito, qualquer pessoa ou organização que se sinta

prejudicada por uma notícia ou imagem publicada tem o direito de responder, sendo

o jornal obrigado a, em local semelhante, com os mesmos caracteres e espaço

equivalente, publicar a versão dos fatos dada pelo ofendido. “Esta resposta tem de

ter uma relação direta e útil com o escrito ou a imagem que a provocou. No caso de

o jornal recusar a publicação da resposta, por considerar que é ilegítima, tem de

avisar por carta registrada no prazo de três dias”. (KEENE, 2002, p.190)

2.9 Blogs e internet

A invenção da internet surgiu da pesquisa militar norte-americana e, em 1983 ela

foi efetivamente criada, segundo Kolb (2001). A rede, segundo Moura (2002), é fruto

de experiências desde a década de 1960 e só começou mesmo a ter o seu potencial

explorado nas universidades dos Estados Unidos em meados da década de 1980.

“A partir daí, não teve jeito: a Internet cresceu, fugiu do controle de seus criadores e

pioneiros para, hoje, ter um número de usuários que só aumenta”. (MOURA, 2002,

p.13).

A abertura da internet comercial ocorreu no Brasil em maio de 1995, como conta

Pinho (2003), deixando a rede de ser exclusiva do meio acadêmico para estender

seu acesso a todos os setores da sociedade. Entre outras razões, a expansão verdadeiramente vertiginosa da Internet no país (e naturalmente, em todo o mundo) foi estimulada pelo contínuo e maciço ingresso no ciberespaço de governos, organizações, instituições e empresas comerciais, industriais e de serviços. Aos poucos, até mesmo as empresas de comunicação

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tradicionais migraram para a rede mundial buscando oferecer aos internautas conteúdo e informação durante 24 horas do dia, todos os dias. (PINHO, 2003, p.9)

Para Moura (2002), hoje o jornalismo marca sua presença na Internet por meio

das versões on-line de sites jornalísticos e jornais impressos, de agências de

notícias, de serviços de distribuição de notícias e de sites noticiosos especializados,

isso faz haver necessidade de acompanhamento da tecnologia. O profissional de comunicação de hoje tem um novo desafio: trabalhar com a internet, entender sua evolução e estar pronta para as modificações que a grande rede mundial fará na economia, na cultura e na linguagem entre os seres humanos. Por congregar todas as mídias numa só, sem substituir qualquer outra, ao contrário do que muitas pessoas acreditavam, a internet veio para acelerar as relações do ser humano com o mundo e com outros seres humanos. Na rede, o acesso a notícias e a diferentes pontos de vista é mais viável do que em qualquer outra mídia e o indivíduo não precisa mais esperar para ir ao supermercado, ao banco ou a uma loja de discos, pois pode fazer todas as suas compras e negócios online. Internet é sinônimo de velocidade. (MOURA, 2002, p.9)

Blog é uma deformação do nome original de ‘weblog’, expressão que pode ser

traduzida como “arquivo na rede”, segundo Komesu (2004). Os blogs surgiram em

agosto de 1999 com a utilização do software Blogger, da empresa do norte-

americano Evan Williams. O software fora concebido como uma alternativa popular para publicação de textos on-line, uma vez que a ferramenta dispensava o conhecimento especializado em computação. A facilidade para a edição, atualização e manutenção dos textos em rede foram – e são – os principais atributos para o sucesso e a difusão dessa chamada ferramenta de auto-expressão. (KOMESU, 2004, p.2)

O blog como veículo de webjornalismo atingiu seu auge com o 11 de setembro

nos Estados Unidos, como conta Escobar (2009), e desde então vem crescendo em

grandes proporções. “Em termos gerais, consideramos que blog é um mecanismo

de produção e divulgação de conteúdos na web que gera um modelo específico de

site.” (ESCOBAR, 2009, p.3).

Do ponto de vista tecnológico, para Escobar (2009), entre os fatores para um site

ser caracterizado como blog, estariam a facilidade e agilidade em postagem de

conteúdo. Além de ser um espaço adequado ao debate, por exemplo, para o tema

da ética e direito no fotojornalismo.

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Problema:

Como ajudar os repórteres fotográficos a pensar e se conscientizar a respeito de

ética e direitos profissionais, através de um blog com conteúdo jornalístico?

3- Objetivo:

Formular um blog multimídia direcionado a repórteres fotográficos, com conteúdo

que estimule o conhecimento e debate sobre conceitos de ética, liberdade de

imprensa, direitos autorais, direitos de imagem e outros direitos da personalidade.

3.1 Objetivos específicos:

-Criar uma fonte de informação sobre fotojornalismo;

-Ter um canal no qual o repórter fotográfico relata experiências com relação à ética,

direitos de imagem, liberdade de imprensa e direito autoral;

-Criar um espaço que pode ser utilizado para discussão sobre as principais leis

brasileiras que garantem direitos e deveres do repórter fotográfico;

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4-Justificativa Como já referido na delimitação do tema deste trabalho, a fotografia começou a

ser usada para fins jornalísticos em momento de registro do cotidiano, de utilização

da imagem como comprovação de fatos e sua importância, conforme conta Sousa

(2000). Além do autor citado, foram utilizados outros para falar sobre fotografia,

início do fotojornalismo e a natureza da fotografia, e as possíveis intenções por traz

da imagem.

Keene (2002) acredita na utilização da fotografia pelos meios de comunicação

como forma de confirmação de interesses internos. Os jornais utilizam as fotografias para ilustrar histórias, como objetos com interesse próprio, e para auxiliar a paginação. Retratos de uma só coluna podem ser utilizados para quebrar o que, de outra forma, seria uma grande extensão de texto. (KEENE, 2002, p.203).

Já o aparecimento do primeiro tabloide fotográfico, em 1904, para Baynes (1971)

sugeriu a marca de uma mudança conceitual: as fotografias teriam deixado de ser

ilustrações do texto para serem definidas como outra categoria de conteúdo, tão

importante como a escrita.

Com a profissionalização do fotojornalismo, então são discutidos os limites da

liberdade de imprensa, os direitos autorais do fotojornalista e os direitos à imagem

do objeto retratado em seu trabalho.Aqui é utilizada a ideia de Keene (2002), que

parte para o reconhecimento de que as consequências do não respeito ou

desconhecimento das leis podem ser agravantes para o repórter fotográfico. O conhecimento da lei é importante para o fotógrafo que trabalha na comunicação social. A ignorância a esse respeito pode causar problemas que podem gerar processos em tribunal e obrigar ao pagamento de indenizações. O conhecimento da lei permitirá evitar os tribunais e saber quando as ameaças feitas contra profissionais, ou os seus jornais, têm uma base sólida. (KEENE, 2002, p.185)

A imprensa livre é fundamental para garantir outras liberdades e para

consolidação da democracia, acredita Guerra (2004). “O problema consiste quando

a imprensa utiliza seu grande ‘poder’ de forma incorreta, podendo assim, provocar

danos imensuráveis para uma pessoa e até para toda uma família”. (GUERRA,

2004, Resumo p.7)

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Portanto, a partir das convergências de ideias dos referidos autores, há

necessidade de conhecimento e discussão sobre a ética e o direito no

fotojornalismo. Os principais conflitos de liberdade de imprensa e outros direitos,

fazendo menção ao fotojornalismo, para Godoy (2001), são com pessoas públicas e

notórias, a exemplo disso, temos os políticos. O político gere a coisa pública ou representa a vontade popular. Age, destarte, em nome e no interesse da coletividade. Sua atividade se desenvolve de forma pública, sob a fiscalização da sociedade, para o que, é evidente, necessário que mais se amplie a possibilidade de limitações a seus direitos da personalidade, sem anulá-los de todo, é certo. (GODOY, 2001, p. 80).

As leis servem para estabelecer parâmetros quanto às liberdades e direitos dos

cidadãos, porém na internet há cerca de dez blogs4 ou sites que abordam de

maneira rápida questões legais a respeito do fotojornalismo, mas não são

específicos de ética ou direito no fotojornalismo.

Keene (2002) acredita que a lei tem de estabelecer um equilíbrio difícil entre a

liberdade de expressão, o direito de informar e ser informado, e a proteção de outros

direitos, como o direito à privacidade, à imagem ou ao bom nome das pessoas, para

não falar na segurança nacional. Portanto, logo a discussão presente no texto

possibilita também conhecimento na área jurídica e de ética, que vai estar presente

no produto, blog.

Em levantamento prévio (questionário em apêndices) realizado com repórteres

gotográficos e fotógrafos de Curitiba, é possível notar o interesse dos entrevistados

quanto à ética e, acreditam que entre as questões levantadas no presente trabalho,

o direito autoral é uma das que mais lhes atingem. A maior reclamação é a de que

além dos veículos pagarem valores baixos e tabelados por foto, alguns divulgam

imagens sem os devidos créditos e benefícios ao autor da imagem.

O direito de imagem não se confunde ao direito autoral, de posse do criador da

representação da imagem de uma pessoa (foto, desenho ou pintura). Conforme

Keene (2002), o direito autoral se remete à criação, e do indíviduo é quanto à

representação de seus atributos. Tal como outros trabalhos do domínio artístico e literário, as fotografias são obras protegidas pelos direitos de autor, que impedem

4 Segundo levantamento empírico realizado através de buscas no site Google, foram rastreados sites e blogs que tratam de questões de Direito e Ética, direcionados ao fotojornalismo.

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qualquer utilização não autorizada da obra nos 70 anos subsequentes à morte do criador da mesma. (KEENE, 2002, p.188)

O esclarecimento de detalhes quanto ao direito autoral e outros direitos e leis,

não só em respeito ao fotojornalista, como às pessoas fotografadas, fazem pensar

na necessidade de criação de um veículo multimídia (blog) direcionado apenas a

estas questões. O espaço seria então destinado a divulgação de conhecimento e

discussão sobre ética e direitos no fotojornalismo, para repórteres fotográficos e

estudantes.

No último tópico da delimitação foram utilizados autores como Pinho (2003),

Moura (2002) e Escobar (2009), que mostram a importância e facilidades do uso da

internet e plataformas como o blog, para serem utilizados como veículos de

comunicação multimídia. A intenção foi mostrar, através da delimitação, os principais

detalhes, definições e discussões dos temas, para enfatizar a importância da criação

do produto, blog, como veículo de informação sobre a ética e o direito no

fotojornalismo.

4.1 Justificativa (Referencial teórico)

No referencial teórico foi abordado um conceito de jornalismo, no caso o papel

social que possui e o jornalismo como um espaço para debate. No segundo tópico, é

colocado o meio em que será feito o produto e a importância deste, a internet, e o

produto como meio jornalístico, no caso o blog. O terceiro tópico foi uma teoria que

não envolve apenas o jornalismo, a convergência midiática e multimídia, conceitos

atuais e relevantes no contexto de hoje em dia, em que o produto e o meio que

serão utilizados, blog e internet, possuem uma relação direta com a convergência

midiática. São trocadas e complementadas informações através de diferentes canais

midiáticos, o conceito de multimídia tem relevância aqui por disponibilizar um mesmo

conteúdo de diversos formatos para informação do espectador, nesta situação o

internauta.

Para construir a discussão entre o papel social do jornalismo e o mesmo como

espaço de debate, foi levantada uma discussão entre autores como Traquina (2005),

que discute teorias do jornalismo e Sousa (2002), jornalista e teórico que possui

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livros e discussões sobre o papel do jornalismo e a história do fotojornalismo. O

terceiro autor utilizado foi Folquening (2002) que, aqui, defende a ideia do jornalismo

como um espaço também de debate, além de vê-lo como uma atividade humanista.

Para Traquina (2005) o jornalismo é demasiadas vezes reduzido ao domínio

técnico de uma linguagem e seus formatos, eventualmente os jornalistas são

escritores numa fábrica de notícias, em busca da verdade. A vertiginosa expansão dos jornais no século XIX permitiu a criação de novos empregos neles; um número crescente de pessoas dedica-se integralmente a uma atividade que, durante as décadas do século XIX, ganhou um novo paradigma será a luz que viu nascer valores que ainda hoje são identificados com o jornalismo: a notícia, a procura da verdade, a independência, a objetividade, e uma noção de serviço ao público;uma constelação de ideias que dá forma a uma nova visão do “polo intelectual” do campo jornalístico.” (TRAQUINA, 2005, p.34)

Na visão de Sousa (2002), os meios jornalísticos são o principal veículo de

comunicação pública através dos quais a estrutura social, econômica, histórica e

cultural da comunidade se inserem e, na qual se desenvolveram.

Folquening (2002) acredita que discutir publicamente ideias, problemas e fatos da

vida da sociedade, era um ato que não exigia mais a existência da estrutura física.

Os meios de comunicação seriam os substitutos das antigas ‘praças públicas’.

Já a questão da internet e do blog foi abordada aqui por Pinho (2003) que fala

sobre a internet e o jornalismo e Carvalho (2012), que disserta sobre a importância e

relevância dos blogs na internet.

Facilidades da internet, como comunicação rápida e ágil entre jornalista, fonte e

leitor, e a busca de ideias que possam se transformar em notícia, ajudam o repórter

a encontrar fontes autorizadas e levantar o contexto dos fatos e acontecimentos a

serem cobertos, como sugere Pinho (2003).

Sousa (2002) via uma situação problemática: os meios de comunicação mais

usuais não têm espaço para tudo. Os meios selecionam a informação, de acordo

com uma ‘grelha interpretativa’ que valoriza determinados acontecimentos em

detrimento de outros. Determinados acontecimentos passam pelos filtros enquanto

outros não. Já não ocorre o mesmo se tratando de internet. Com o espaço

cibernético que abriga os blogs, tem-se um ambiente virtual de comunicação muito

diferente da mídia clássica. Carvalho (2012) justifica que é nesse espaço que todas

as mensagens se tornam interativas e, tem uma possibilidade de metamorfose

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imediata, dinâmica em que outras interfaces se encontram, e na mesma teia, se

enredam convergindo narrativas em exposições. “O blog (numa perspectiva diarista),

ainda que em momentos espaçados, permitia (permite) o direito de réplica, de uma

atitude responsiva diante do discurso do outro”. (CARVALHO, 2012, p.7)

Para entender convergência e multimídia, Jenkins (2008) é a fonte adequada. Por

convergência seria entendido o fluxo de conteúdos através de múltiplos mercados

midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação,

segundo estudos de Jenkins (2008).

Com a chegada da comunicação eletrônica foram delimitados, novamente, o

tempo e o espaço da informação. Para Freire (2010), a importância do instrumental

da tecnologia da informação forneceu a infraestrutura para modificações, sem

retorno, nas relações da informação com seus usuários.

Dentro desse contexto de revolução da linguagem suscitada pela internet,

Carvalho (2012) defende o blog, que se insere como uma parte constitutiva dessa

revolução, pelo simples fato de poder conter em seu interior uma verdadeira

convergência midiática, revelando-se como uma interface de ambientes virtuais com

alta capacidade de seduzir seus leitores e ou colaboradores.

4.2 Justificativa do Produto

O produto escolhido para apresentação do conteúdo de ética e direito no

fotojornalismo foi o blog. A escolha veio a partir das diversas facilidades da internet,

que, como diz Pinho (2003), é um espaço de ensino didático e possui comunicação

rápida e ágil entre jornalista, fonte e leitor, além de ser uma ajuda para o repórter

encontrar fontes autorizadas e levantar contexto dos fatos, monitoramento de

discussão de diversos assuntos e acesso à arquivos de todo o mundo.

O profissional de comunicação de hoje tem um novo desafio, como diz Moura

(2002), temos que trabalhar com a internet, entender sua evolução e estar prontos

para as modificações que a grande rede mundial fará na economia, na cultura e na

linguagem entre os seres humanos.

Por congregar todas as mídias numa só, sem substituir qualquer outra, ao contrário do que muitas pessoas acreditavam, a internet veio para acelerar as

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relações do ser humano com o mundo e com outros seres humanos. Na rede, o acesso a notícias e a diferentes pontos de vista é mais viável do que em qualquer outra mídia, e o indivíduo não precisa mais esperar para ir ao supermercado, ao banco ou a uma loja de discos, pois pode fazer todas as suas compras e negócios online. Internet é sinônimo de velocidade. (MOURA, 2002, p.9)

Já o blog, como veículo de webjornalismo, atingiu seu auge com o onze de

setembro, nos Estados unidos, como conta Escobar (2009).O fato da queda das

torres gêmeas em 2001 em Nova York, fez com que diversos ‘amadores’ ajudassem

a narrar a tragédia, através de blogs com distribuição de conteúdos produzidos no

momento. Desde então o número de blogs vêm crescendo em grandes proporções.

“Em termos gerais, consideramos que blog é um mecanismo de produção e

divulgação de conteúdos na web que gera um modelo específico de site”

(ESCOBAR, 2009, p.3).

Do ponto de vista tecnológico, para Escobar (2009), entre os fatores para um site

ser caracterizado como blog, estariam a facilidade e agilidade em postagem de

conteúdo, o que é o objetivo na criação do produto, destinado a profissionais do

fotojornalismo que dispõem de pouco tempo, com rotina usualmente acelerada.

Há dinâmica e rapidez para postagem de conteúdo no blog. Primo (2008),

também acredita que é um veículo ideal para interação, além de não necessitar de

recursos financeiros. “Entendemos que os blogs apresentam potencialmente uma

forma de efetivação no ambiente web do conceito de interação mútua”. (PRIMO,

1998 apud ESCOBAR, 2007, p.1).

Todos estes benefícios da agilidade, interação e baixo custo, fazem do blog o

veículo ideal para a postagem de conteúdo deste trabalho, que tem material em

texto, em imagem e em vídeo. Além dos itens citados, o blog permite também a

convergência midiática, que como explica Jenkins (2008), representa uma

transformação cultural, à medida que os consumidores são incentivados a procurar

novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos.

Estruturalmente, o blog foi construído a partir do site blogger, gratuito. Foi utilizada

a ferramenta grátis pela facilidade de utilização de um template e layout semi-pronto

e adaptável. O domínio escolhido foi:

‘www.fotojornalismoeticaedireito.blogspot.com.br’, pois apesar de ser um nome

grande, foi a solução encontrada para remeter a página ao conteúdo exato dela. O

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nome do blog é o mesmo: “Fotojornalismo: Ética e direito”. Não foi utilizado um

domínio ‘. com.br’ por desvincular do objetivo da produção deste material, que é ser

uma ferramenta sem fins lucrativos, portanto que utiliza de ferramentas simples e

grátis, com o objetivo apenas de informar, colaborar e estimular a discussão sobre

os temas do trabalho.

Este produto foi construído a partir da coleta e desenvolvimento de materiais

relacionados à teoria levantada para a construção do trabalho escrito. Também

foram relevantes os resultados da pesquisa de campo feita com o público, repórteres

fotográficos, que mostra entre os tópicos levantados, os que possuem maior

relevância para os profissionais, como o direito autoral e a ética. O conteúdo

pretende estimular o conhecimento e discussão, através de materiais relacionados,

em formato de texto, imagens e vídeos.

A intenção do layout foi ser objetivo, sem muita poluição visual, para dar destaque

ao que interessa: o conteúdo. O modelo utilizado foi o ‘janela de imagem’. O plano

de fundo conta com uma montagem simples de fotografias de um dos repórteres

fotográficos entrevistados, com a intenção de destacar o trabalho dos profissionais.

O título do blog foi feito com fundo em vermelho no cabeçalho, uma cor quente,

normalmente utilizada para destaque e a fonte utilizada foi a Allerta Stencil, por ser

uma fonte diferenciada, entre as fontes disponibilizadas.

O plano de fundo das postagens é branco, para melhor visualização e evitar o

cansaço visual. A fonte das matérias e tópicos foi a Arial, para melhor compreensão

da escrita e credibilidade, já que é uma das fontes utilizadas para trabalhos

acadêmicos. Os títulos são destacados em vermelho, os posts estão escritos em

preto, cor básica e efetiva. Todas as matérias e posts apresentam espaço para

comentários, sugestões ou críticas e são possíveis de serem compartilhadas em

redes sociais, como o Facebook, possibilitando assim a interação do usuário.

Quanto ao conteúdo, se localiza em uma única página, pois foi o formato mais

objetivo encontrado. Dentro da página, os materiais postados se localizam à

esquerda e totalizam até quatro posts, evitando excessos e novamente fugindo da

poluição visual. O restante dos materiais pode ser localizado à direita no ícone

‘Arquivos’, divididos por mês de postagem. Dividir mensalmente foi a melhor opção

encontrada para organização, já que são apenas quatro ou cinco postagens

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mensais. Abaixo dos arquivos, encontram-se os vídeos relacionados, linkados

diretamente ao youtube com a palavra chave “fotojornalismo”, estes vídeos não são

de produção própria, mas são de complemento ao conteúdo. Foi criado um canal no

youtube “fotojornalismo eticaedireito”, no qual foram baixados os vídeos do blog e

linkados outros vídeos, porém não foi utilizado, neste espaço, devido a uma

incompatibilidade com o blogger. O terceiro ícone, logo abaixo dos vídeos, é o de

blogs e sites relacionados, aqui foram linkadas páginas de relevância ao tema do

blog, fotojornalismo, ética e direito ou à órgãos de jornalismo nos quais o

fotojornalismo tem relação, para assim facilitar o conhecimento e interação dos

repórteres fotográficos. O link inclui a Arfoc (Associação de repórteres fotográficos e

cinematográficos), Sindijor (Sindicato dos jornalistas), Fotojornalismo Curitiba(blog

com material dos principais fotojornalistas de Curitiba e a FENAJ(Federação

Nacional de jornalismo), órgãos principais, em Curitiba, destinados à colaboração ao

fotojornalismo. O quarto ícone, abaixo dos blogs e sites relacionados é o ‘Quem sou

eu’, que foi colocado para disponibilizar informações básicas da criação do blog,

como um veículo acadêmico, com o objetivo de dar credibilidade ao produto.

A periodicidade das postagens é semanal, às quintas-feiras, devido ao tema ser

estável e não ser algo efêmero, como notícias diárias. A periodicidade ser semanal

também tem relação com ritmo de vida acelerado do público alvo, repórteres

fotográficos e, com a produção e levantamento de conteúdo, que exige um tempo

maior para edição, como vídeos, entrevistas e contato com os profissionais. As

postagens começaram a ser feitas em 20 de setembro, numa quinta-feira, devido ao

período de concretização da elaboração de layout, testes com outro site, o

wordpress, e término de alguns conteúdos. Por este motivo as postagens semanais

são feitas também às quintas.

A linguagem utilizada para as matérias é mais formal, tende ao estilo jornalístico

de entrevista, para contar com a credibilidade do leitor, pois o blog é um veículo que

pode ser feito por qualquer indivíduo, sendo uma ferramenta grátis e estando na

internet, então é necessária certa cautela,na linguagem, ao criar algumas postagens.

Já a linguagem do vídeo, apesar de falar de assuntos sérios, ética e direito, dá

liberdade ao entrevistado para contar informalmente a própria história como em um

estilo mais solto, como uma conversa, em um tom menos formal. A escolha foi feita

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para mudar o estilo padrão de entrevista, que pode ser cansativo, e mistura formatos

de documentário com matéria especial, estruturada apenas em offs. As imagens

representam a rotina de um dia de trabalho do profissional, enquanto o áudio tenta

narrar toda a história profissional do repórter fotográfico, problemas enfrentados e

visão sobre os temas ética e direito. O formato dos vídeos tenta ser mais ágil,

apresenta diversos planos, com período curto de duração, de cerca de três

segundos cada. A ideia foi imitar o estilo de planos de imagens feitas para cinema,

por uma escolha pessoal e fotográfica. Algumas imagens foram desfocadas e

focadas rapidamente de propósito, como uma representação da busca de foco e

imagem perfeita, uma “homenagem” aos profissionais do fotojornalismo.

As músicas de trilha nos vídeos são de autoria própria e conjunta, para deixar a

identidade pessoal no trabalho e, também por possuir autorização. Foram escolhidas

na tentativa de acompanhar o estilo e ritmo do vídeo. Os entrevistados, tanto nos

vídeos, matérias e pesquisa, foram os que se disponibilizaram a participar do

projeto, concederam o direito de utilização de imagem e conseguiram conciliar o

tempo para conseguir fazer a gravação. A escolha dos entrevistados também foi

feita pelo critério de diversificar os veículos em que trabalham, tem entrevistados

free lancers, de jornais, de agências e de áreas específicas.

5-Referencial Teórico No referencial teórico foram levantadas discussões sobre o papel do jornalismo e

a influência que exerce na sociedade, como primeiro tópico. A internet e a interação

através dos blogs é um tópico que pretende mostrar a importância da web como um

meio jornalístico e o blog como o produto que será desenvolvido. No último tópico do

referencial teórico foi discutida a convergência midiática e conceitos de multimídia,

que são canais presentes no jornalismo atualmente e se aplicam diretamente ao

produto, blog, que será um veículo multimidiático jornalístico, abrangendo os temas

ética e direito no fotojornalismo.

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5.1 O jornalismo como espaço de debate e seu papel social

Poeticamente pode-se dizer que o jornalismo é a vida, tal como é contada nas

notícias de nascimentos e de mortes, é a vida em todas as suas dimensões, como

uma enciclopédia. Para Traquina (2005) uma breve passagem pelos jornais diários

vê a vida dividida em seções que vão da sociedade à economia, à ciência e, o

ambiente, à educação, à cultura, à arte, aos livros, aos media, à televisão.

Os meios jornalísticos, ao tornarem a sociedade tendencialmente mais conhecida

e reconhecível por ela própria, contribuíram, desde que apareceram, para a

ocorrência de modificações sociais profundas, acredita Sousa (2002). A política, por

exemplo, deixou de ser a mesma: há potencialmente mais conhecimento sobre

processos e os protagonistas do mundo político. As decisões que afetam a vida

cotidiana estão mais sujeitas ao escrutínio público e dão-se a conhecer as causas e

consequências de algumas decisões. As pessoas, de algum modo tornaram-se

testemunhas dos acontecimentos que afetam a vida pública, “assistindo” mesmo ao

seu desenvolvimento em determinadas circunstâncias.

Falar em jornalismo e jornalistas, para Folquening (2002), exige uma mínima

justificativa sobre os papéis que estes atores desempenham na construção social da

realidade. Por isso é impossível escapar de uma reflexão sobre a formação do

espaço público contemporâneo. Na verdade, a aceitação dos pressupostos teóricos

que alicerçam essa agora, a partir do desenvolvimento da sociedade informativa no

século 20, coloca o jornalista em situação definitivamente privilegiada.

Com base em Speech Genres, ou gêneros de discurso, Ponte (2005) em

concordância à Bakhtine (1952-53), considera o jornalismo como um gênero dentro

dos discursos secundários (ideológicos) que circulam em comunidades culturais

organizadas, como as artísticas, científicas e sócio-políticas, de natureza mais

complexa que os discursos primários, ligados a experiências concretas, cujas

características absorvem e assimilam.

Não apenas o mundo da política e a relação da política e dos políticos com a

sociedade que mudou ou muda por ação dos meios. Sousa (2002) acredita que há

potencialmente mais conhecimento sobre certos pequenos acontecimentos que

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ocorrem no cotidiano. É possível também usar as informações para, posteriormente,

ser exercida uma determinada ação sobre a sociedade. (SOUSA, 2002, p.122)

Poderia ser dito que os jornalistas são modernos contadores de ‘histórias’ da

sociedade contemporânea. No entanto, para Traquina (2005) o jornalismo é,

demasiadas vezes, reduzido ao domínio técnico de uma linguagem e seus formatos,

e os jornalistas reduzidos a meros empregados, trabalhadores numa fábrica de

notícias. O jornalismo que conhecemos hoje nas sociedades democráticas tem suas raízes no século XIX. Foi durante o século XIX que se verificou o desenvolvimento do primeiro mass media, a imprensa. A vertiginosa expansão dos jornais no século XIX permitiu a criação de novos empregos neles; um número crescente de pessoas dedica-se integralmente a uma atividade que, durante as décadas do século XIX, ganhou um novo paradigma será a luz que viu nascer valores que ainda hoje são identificados com o jornalismo: a notícia, a procura da verdade, a independência, a objetividade, e uma noção de serviço ao público;uma constelação de ideias que dá forma a uma nova visão do “polo intelectual” do campo jornalístico.” (TRAQUINA, 2005, p.34)

Não será errado afirmar, na visão de Sousa (2002), que os meios jornalísticos são

o principal veículo de comunicação pública através dos quais as estruturas social,

econômica, histórica e cultural da comunidade se inserem e na qual se

desenvolveram. Mas trata-se de comunicação mediada, ou seja, as realidades que

os news media nos dão a conhecer são realidades mediatizadas por esses mesmos

meios. “Visto de outro prisma, os meios jornalísticos mediatizam o conhecimento das

realidades que não conhecemos e propõem-nos, logo à partida, determinadas

interpretações para essas mesmas realidades”. (SOUSA, 2002, p.122).

Os meios de comunicação em si, substituem (ou acrescentam a) o espaço público

tradicional. Ou seja, para Folquening (2002), discutir publicamente as ideias,

problemas, fatos que são responsáveis pela vida da sociedade, é um ato que não

exige mais a existência da praça, do bar, da estrutura física instrumental. “O veículo

de comunicação, no nosso caso, cumpre o papel que, sob outro prisma, a praça

pública cumpre na Grécia aristotélica e os cafés na França do período da

Revolução”. (FOLQUENING, 2002, p.51)

Segundo Traquina (2005), os jornalistas podem ver na informação uma forma de

construção social, como resultado de inúmeras interações entre diversos agentes

sociais, que pretendem mobilizar as notícias como um recurso social, em prol de

estratégias de comunicação. “O estudo do jornalismo demonstra claramente que o

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jornalismo está orientado para os acontecimentos e não para as problemáticas,

tornando necessário estabelecer uma tipologia dos acontecimentos”. (TRAQUINA,

2005, p.29) Em um segundo nível, a interação tem lugar entre jornalistas como membros de uma comunidade que partilha uma identidade profissional, valores e cultura comuns, com o objetivo comum de pôr as notícias na rua antes da hora do fechamento, ou o mais rapidamente possível, porque algumas organizações jornalísticas têm uma hora de fechamento constante, as interações têm lugar dentro e fora da sala de redação, e crescentemente num ambiente global de notícias, sem parar, vinte e quatro horas por dia. (TRAQUINA, 2005, p.29)

Quando o assunto é jornalismo, entende-se, frequentemente, de uma variedade

enorme de temáticas, estilos, pontos de vista, normas, elementos funcionais, formas

discursivas para vários meios de comunicação (imprensa, rádio, TV, internet,

cinema), etc. Por isso, Sousa (2002) acredita que mais do que falar de jornalismo,

deveria ser falado de ‘jornalismos’. Aliás, as diferentes pessoas querem e precisam

de diferentes informações, tratadas e apresentadas de forma diferente.

No mundo existem vários conceitos de jornalismo, que possuem natureza

simultaneamente social, ideológica e cultural. Para Sousa (2002) esses conceitos,

que se configuram como uma espécie de “teorias da imprensa” procuram descrever

aquilo que, dentro de determinadas perspectivas, o jornalismo deve ser.

Uma das teorias ligadas ao jornalismo e seu papel na sociedade seria a teoria da

socialização pelos meios de comunicação. Entre os efeitos a longo prazo da

comunicação social, como cita Sousa (2002), na perspectiva de Montero (1993) e

McQuail(1987), encontra-se o seu papel socializador junto à família, à escola, às

relações informais, aos partidos políticos e ao governo.Isto significaria que os meios

de comunicação promovem a aprendizagem de normas, valores e expectativas de

comportamento em função do contexto das situações e do papel desempenhado

pelas pessoas em sociedade.

Tendem a se destacar três grandes linhas de investigação sobre o papel dos

meios de comunicação nos processos de socialização:

1) Meios de comunicação como instituições-agentes de socialização: Os meios

de comunicação, institucionalizados, interatuariam com outras instituições

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sociais e modificariam os canais e as formas de comunicação

interinstitucional, entre as instituições e o meio social e entre pessoas e

grupos em sociedade. A família e a escola seriam dois exemplos de

instituições que tiveram de reformular as suas práticas comunicacionais

devido à ação mediática.

2) Meios de comunicação como agentes de socialização política. Ao

participarem na configuração do conhecimento sobre política e ao modelarem

uma determinada escala de valores que, por exemplo, podem levar à

participação ou ao desinteresse dos cidadãos, os meios de comunicação

atuariam como agentes de socialização política.

3) Acontecimentos críticos e processos de socialização política. Os meios de

comunicação atuariam como referentes definidores de novas formas de

pensar e atuar em situações de crise e ruptura. (SOUSA, 2002, p.194/195).

Voltando à ideia do jornalismo como um novo espaço público de debate,

Folquening (2002) acredita que é espaço porque se constitui em elemento físico,

embora tenha existência ligada ao mundo abstrato das ideias. Pode ser

caracterizado como público porque, de qualquer forma, é um ‘lugar’ onde as

pessoas podem ‘circular’. Público como espaço tradicional da praça, ou da

biblioteca, ou da escola, que oferece a oportunidade para ‘todos’. E é novo porque

ocupa o último degrau que podemos enxergar na escada evolutiva das esferas

sociais. O espaço comum do homem normal, tanto nas sociedades Greco-romanas

quanto na Europa absolutista, era diferenciado pelo pertencimento, o que não seria

diferente no jornalismo.

Embora diferentes na contextualização histórica, os espaços público grego e

burguês repousavam sob a mesma base: a instrumentalização ou a comunicação

(repasse de informações, quais sejam) formal, direta e objetiva. No caso da

comunicação, mesmo com o modo burguês se valendo dela para ser caracterizado,

sempre foi vista como “canal”, ou até ‘instrumento’ de dimensionamento das ideias.

Os conteúdos e a forma de veiculação por cada meio e cada órgão de

comunicação social, para Sousa (2002), produzem determinado tipo de efeitos

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pessoais, sociais, ideológicos e culturais, que por sua vez, vão repercutir sobre o

próprio sistema de meios, retro-alimentando o processo.

Já a relação entre a democracia e o jornalismo é fundamentalmente uma relação

simbólica, acredita Traquina (2005), em que a liberdade se encontra como ‘estrela

brilhante’ de toda uma constelação teórica que fornece ao novo jornalismo

emergente uma legitimidade para a atividade/negócio em expansão e uma

identidade para os seus profissionais. Assim, o campo jornalístico moderno, com os

dois polos, o econômico e o ‘intelectual’ (em que as notícias são vistas como

informação e não propaganda partidária) constitui-se nas sociedades democráticas

numa fundação onde o jornalismo partilha como herança toda uma história contra a

censura e em prol da liberdade. Determinados acontecimentos, ideias e temáticas são, de algum modo, os referentes dos discursos jornalísticos. Porém, o ‘acontecimento’ ganha na competição, até porque o ritmo do trabalho jornalístico dificultaria que se desse uma ênfase semelhante às problemáticas e aos processos sociais invisíveis e de longa duração. Todavia, aquilo que de forma geral, entendemos por acontecimento, e do qual podemos falar como acontecimento, parece-me que tem naturezas profundas distintas: não podemos, julgo meter no mesmo bolso os Jogos Olímpicos, a Guerra do Golfo, uma conferência de imprensa, um grave acidente automobilístico ou o homem que morde o cão, embora todos os exemplos sejam acontecimentos. (SOUSA, 2002, p.21)

Aparentemente, como diz Sousa (2002) os acontecimentos são também

ocorrências singulares, concretas, observáveis e delimitadas, quer no tempo, quer

no espaço, quer em relação a outros acontecimentos que irrompem da superfície

aplanada dos fatos. Toda notícia é notícia de determinada maneira ,devido à ação

informadora de uma série de forças, que podem ser categorizadas numa ação

pessoal, social.

5.2 A internet e a interação através de blogs

Facilidades da internet, como comunicação rápida e ágil entre jornalista, fonte e

leitor, e a busca de ideias de pauta que possam se transformar em notícia, ajudam

o repórter a encontrar fontes autorizadas e levantar o contexto dos fatos e

acontecimentos a serem cobertos, como sugere Pinho (2003), através de

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monitoramento de discussões de diversos assuntos em áreas específicas, acesso a

arquivos em todo o mundo.

Com a revolução industrial da imprensa, os papéis do autor, editor, tipógrafo,

distribuidor, livreiro, estavam separados. Com as redes eletrônicas, essas operações

podem ser acumuladas, acredita Carvalho (2012), como no caso dos blogs, nos

quais essas várias dimensões do processo de produção, criação e circulação de

sentidos produzidos pelas novas linguagens do séc. XXI estão concentrados em

uma única pessoa: o seu criador. A velocidade de disseminação da Internet em todo o mundo deve transformá-la efetivamente na decantada superestrada da informação. Oferecendo notícias, entretenimento, serviços e negócios, a rede mundial ainda é um novo meio de comunicação que rivaliza com a televisão, o jornal e outros veículos de troca e difusão de informação. (PINHO, 2003, p.49)

De alguma forma, os meios de comunicação moldam o nosso horizonte de

conhecimento sobre um determinado número de realidades, especialmente de

realidades atuais (ou que são abordadas na atualidade, que pela primeira vez,

porque há uma recuperação do tema). Na mutação em relação ao blog, passando de uma visão de diário online para uma versão de plataforma de comunicação, há de notar-se que a verdadeira mutação se dá em outros aspectos. No caso do blog, em primeiro lugar, não é mais o leitor que vai se deslocar diante do texto, mas é o texto que, como um caleidoscópio, vai se dobrar e desdobrar-se diferentemente diante de cada leitor. O segundo ponto é que tanto a escrita quanto à leitura modificarão o seu papel, porque o próprio leitor participará da mensagem na medida em que ele não estará apenas ligado a um aspecto, desterritorialização dos textos, das mensagens. (CARVALHO, 2012, p.7)

Não será menos verdade dizer que a comunicação on line veio transformar a

comunicação pública, acredita SOUSA (2002), como à semelhança daquilo que

ocorreu no século XIX, com o desenvolvimento e a profissionalização do jornalismo.

Ao contrário dos meios jornalísticos tradicionais, a comunicação on line permite a

comunicação direta e a interatividade do receptor.

O blog é uma interface cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de

acréscimos dos chamados artigos, ou ‘posts’. Nas palavras de Carvalho (2012)

esses são, em geral, organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco a

temática proposta do blog, podendo ser escritos por uma única pessoa, como um

diário online, onde seu responsável publica suas ideias, histórias, notícias, imagens

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ou pode liberar para a participação de colaboradores que provocarão a

bidirecionalidade e a co-criação. Isto é, atuaram conjuntamente estendendo as

discussões, construindo conhecimentos de forma dialógica e colaborativa.

Alguns sistemas de criação e edição de blogs são muito atrativos pelas

facilidades que oferecem como acredita Carvalho (2012), há disponibilidade de

ferramentas próprias que dispensam o conhecimento de HTML. E essa condição é o

que tem atraído milhares de pessoas para produzirem seus espaços de publicação

de histórias, vivências e de trocas dialógicas; enfim, de estabelecimento de uma

rede de relacionamentos.

Barreto (1997) compara o contexto da comunicação oral com a comunicação

eletrônica e percebe características próximas, além da coincidência do tempo de

transferência, que é praticamente imediato nas duas situações. É a proximidade com

as características da oralidade, no que se refere ao contexto em que está inserida,

desvinculada das normas linguísticas, que faz a linguagem eletrônica do blog, por

vezes, abranger um público específico.

O blog inserido nesse campo se constitui num espaço de interação humana de

importância, para Carvalho (2012) se encaixa nas mais diferentes esferas da vida

dos sujeitos sociais, seja a econômica, a social, a política, a científica, a cultural, a

educacional e também, o campo pessoal e interpessoal.

Já acreditava Sousa (2002), que quando um país não permite a Internet, atrasa-

se inevitavelmente, se libera, faz com que também sejam livremente recebidas e

emitidas mensagens jornalísticas, pois qualquer pessoa com acesso à internet pode

acessar o site de um órgão jornalístico de qualquer lugar, contatar por e-mail

jornalistas e outras fontes de informação.

5.3 Convergência midiática e conceitos de multimídia Por convergência se entende, de forma breve, o fluxo de conteúdos através de

múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos

meios de comunicação, segundo estudos de Jenkins (2008). Para explicar essa

convergência, o autor utiliza de três conceitos, convergência dos meios de

comunicação, cultura participativa e inteligência coletiva. A convergência representa

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uma transformação cultural, à medida que consumidores são incentivados a

procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos

dispersos em diversos formatos e plataformas.. A convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com outros. Cada um de nós constrói a própria mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através do quais compreendemos nossa vida cotidiana. Por haver mais informações sobre determinado assunto do que alguém possa guardar na cabeça, há um incentivo extra para que conversemos entre nós sobre a mídia que consumimos. (JENKINS, 2008, p.28)

Com a chegada da comunicação eletrônica foram delimitados, novamente, o

tempo e o espaço da informação. Para Freire (2010) a importância do instrumental

da tecnologia da informação forneceu a infraestrutura para modificações, sem

retorno, nas relações da informação com seus usuários.

Os mercados midiáticos passam por mais uma mudança de paradigma, que,

segundo Jenkins (2008), acontece de tempos em tempos. Nos anos 90, a retórica da

revolução digital continha uma suposição implícita, e às vezes explícita, de que os

novos meios de comunicação eliminariam os antigos, que a internet substituiria a

radiodifusão e que tudo isso permitiria aos consumidores acessar mais facilmente o

conteúdo que mais lhes interessasse. A convergência ressurge como um importante ponto de referência, à medida que velhas e novas empresas tentam imaginar o futuro da indústria do entretenimento. Se o paradigma da revolução digital presumia que as novas empresas tentam imaginar o futuro da indústria do entretenimento. Se o paradigma da revolução digital presumia que as novas mídias substituíram as antigas, o emergente paradigma da convergência presume que novas e antigas mídias irão interagir de forma cada vez mais complexa. (JENKINS, 2008, p.31)

As mudanças são contínuas, principalmente, em termos de comunicação,

processo que é de transformação permanente. Carvalho (2012) acredita que é

importante entender que não se tem somente a informação intermediada pelo

computador, por exemplo, agindo sobre o sujeito de interação passivamente, mas

esse sujeito agindo também nessa informação, estabelecendo, portanto, uma rede

dinâmica, uma grande revolução em relação a outras revoluções tecnológicas do

passado.

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Dentro desse contexto de revolução da linguagem suscitada pela internet, o blog

se insere como uma parte constitutiva dessa revolução, pelos simples fato de poder

conter em seu interior uma verdadeira convergência midiática. Revela-se como uma

interface de ambientes virtuais com alta capacidade de seduzir seus leitores e ou

colaboradores, permitindo postagem de áudio, vídeo, texto e fotos.

6-Metodologia Para atingir os objetivos propostos, o trabalho foi iniciado através de pesquisa

bibliográfica sobre os temas ética e direito no fotojornalismo. O primeiro tópico de

abordagem foi a história da fotografia, com embasamento principal em Sousa (2000)

e Bussele (1979), no qual foi buscado dar uma introdução ao início da fotografia a

partir de sua invenção, depois da natureza desta com teorias de Kossoy ( 2001),

Flusser (2002) e outros , para então introduzir o fotojornalismo, voltando a Sousa

(2000) e acrescentando ideias de Keene (2002). No tópico sobre fotojornalismo, foi

explicado através da discussão entre autores o início do fotojornalismo, a finalidade

da utilização, como se popularizou, o que seria por definição e o significado social.

Foi levantada também uma discussão entre a ética no fotojornalismo embasada em

Karam ( 1997) e Cristofoletti (2003), e depois a ética na manipulação de imagens

através de teses de Almeida e Boni (2006) e Oliveira (2010), para estabelecer uma

diferenciação entre o que o que ocorre e o que é considerado ou não ético, além dos

tópicos sobre a liberdade de imprensa e o código de ética com teorias de Guerra

(2004) e Kossoy (2000), a liberdade de imprensa e o direito no fotojornalismo

através de Godoy (2000) e Keene ( 2002) e direitos da personalidade x direito

autoral pelas teorias de Duval (1988) e Cabral (2003), nos quais são abertos e

mostrados trechos da legislação, do código de ética e diferenciados os direitos,

deveres e consequências destes. Para finalizar a delimitação, foi aberto um tópico

que fala um pouco sobre a importância da internet e dos blogs nos conceitos de

Moura (2002) e Pinho (2003), que são a base para a construção do produto.

Pensar metodologia, para Mertens, Fumanga, Toffano e Siqueira (2007), primeiro

é desconsiderar um dos principais pressupostos do saber científico, o fato do

conhecimento não possuir apenas conteúdo, mas também forma. O objetivo da

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pesquisa bibliográfica foi mostrar através da teoria as mudanças que o

fotojornalismo ocasionou quanto à notícia e a partir não só do fotojornalismo, mas do

jornalismo também, que então começam a ser discutidos os limites de liberdade de

imprensa, a ética, o direito autoral e os direitos da personalidade.

Os tópicos foram abordados para esclarecer o tema levantado e, então, servem

como dados e fonte para a construção de um blog jornalístico com o objetivo de

ajudar os repórteres fotográficos a pensar em direito e ética, através de postagem de

conteúdos para estimulo de conhecimento e debate sobre esses conceitos.

No referencial teórico foi feita novamente uma pesquisa bibliográfica, que abordou

três tópicos:

1- O jornalismo como espaço de debate e seu papel social com teorias de Traquina

(2005) e Folquening (2002);

2-Internet e interação através de blogs, embasada em Pinho (2003) e Carvalho

(2012);

3- Convergência midiática e multimídia através das teorias de Jenkins (2008) e

Carvalho (2012). Aqui, a intenção foi estabelecer uma discussão de conceitos sobre

o papel que um meio jornalístico tem na formação de opinião, nas mudanças sociais

ou no momento que informa a população. O blog e a internet foram abordados para

reforçar o porquê da escolha do produto blog e a importância desse veículo como

meio jornalístico, multimídia e que possui agilidade e facilidade tanto para acesso,

informação e interação. Convergência e multimídia são colocadas em questão pelo

fato de serem formas atuais, relevantes na construção de meios jornalísticos,

principalmente pela questão de abrirem maior espaço para discussão de questões

que aparecem em um meio, como internet, por exemplo, e circulam na TV, nas

rádios, através de vídeos, textos ou áudio e incorporam uma nova forma de

linguagem e expansão de conteúdo.

6.1 A pesquisa de campo Baseando-se em Mertens, Fumanga, Toffano e Siqueira (2007), metodologia

científica é o estudo dos métodos de conhecer, de buscar o conhecimento. É uma

forma de pensar para se chegar à natureza de um determinado problema, seja para

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explicá-lo ou estudá-lo. Então, o método científico é entendido como o conjunto de

processos orientados por uma habilidade crítica e criadora voltada para a

descoberta da verdade e para a construção da ciência hoje. No caso dos

conhecimentos que adquirimos espontaneamente no cotidiano, geralmente

produzidos pela interação com o mundo, constituem um conjunto de princípios

empíricos ‘intercambiáveis’ no convívio com os outros.

Para compreender melhor o que o principal público do blog, repórteres

fotográficos, percebe das questões de direito e ética, foi feita uma pesquisa

metodológica parte qualitativa e parte quantitativa em forma de questionário, com 20

fotojornalistas/repórteres fotográficos e fotógrafos de Curitiba. Entre estes,

colaboradores de veículos como Gazeta do Povo, Tribuna, Jornal do Estado a free

lancers do meio esportivo ou de agências. Neste questionário havia cinco questões,

entre elas, duas de alternativas, duas abertas e uma para ordenação de alternativas.

As perguntas foram:

1-Liste questões que te incomodam na profissão de fotojornalista;

2-Você se preocupa com a ética no seu trabalho?Sim ou não;

3-Qual o veículo que você mais acessa para obter informações?Numere por ordem

de acesso (TV, rádio, jornal impresso, internet, revistas);

4-Onde você discute questões sobre fotojornalismo?;

5-Você leria um blog relacionado à ética, direito de imagem, direito autoral?Sim ou

não;

A intenção do questionário foi estabelecer e levantar as principais questões, entre

as que este trabalho aborda que mais influenciam na profissão de cada repórter

fotográfico, para ser inserido material com maior foco no produto, um blog

jornalístico sobre ética e direito no fotojornalismo. Através do questionário podem ser

vistos os meios de comunicação que o público mais utiliza para obtenção de

informações. A pesquisa foi em parte qualitativa pela questão do público ser

específico, repórteres fotográficos e fotógrafos, e em parte quantitativa para

confirmação da relevância do tema e do produto para o público.

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6.1.1. Coleta de dados:

Os questionários foram respondidos por e-mail ou pessoalmente, de acordo com

a disponibilidade dos fotojornalistas/repórteres fotográficos e fotógrafos.

6.1.2. Análise de dados:

A partir do questionário respondido por 20 fotojornalistas nota-se que entre as

questões que mais incomodam os profissionais estão: falta de ética no trabalho de

alguns profissionais e amadores/ ridicularização ou humilhação do objeto da

imagem;

Acesso a locais, às vezes complicado;

Falta de reconhecimento/banalização da profissão por “aventureiros”;

Falta de créditos nas imagens (direito autoral) /canais de proteção de direitos

fracos;

Falta de política pública para financiamento de equipamento/custo alto de

equipamentos;

Bloqueio de assessores para divulgar imagens dos assessorados; Falta de liberdade

de expressão;

Falta de bons editores em algumas redações;

Sabotagem de valores estabelecidos para fotos/baixa remuneração na profissão;

Uso de imagens sem qualidade ou de espectadores/telespectadores em “flagras”;

Concorrência;

Falta de estrutura em locais de eventos, como iluminação, por exemplo;

Falta de segurança em eventos privados; Falta de motoristas, em algumas

redações;

Falta de espaço para fotos em alguns veículos de comunicação;

Falta de maiores critérios do Sindijor/ Arfoc para aprovar pessoas como repórteres

fotográficos;

Falta de técnica, habilidade ou preparo de alguns profissionais; Curto prazo para

realização do trabalho;

Entre os problemas levantados o direito autoral foi citado espontaneamente por

oito, dos vinte entrevistados, a ética por quatro entrevistados, e questões de falta de

reconhecimento e remuneração por doze.

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Todos os entrevistados, 20, se preocupam com a questão da ética, dezesseis têm

a internet como principal veículo de informação, dezenove entrevistados leriam um

blog relacionado à ética e direito de imagem ou autoral.

Os principais locais de discussão sobre a profissão utilizados pelos entrevistados

são: Redes sociais; Trabalho; Internet; Fóruns online; Associações; Faculdade;

Reuniões; Blogs; Bares; Encontros de profissionais.

Entre os locais e meios citados para discussão sobre o fotojornalismo, a internet,

blogs, fóruns ou redes sociais aparecem em sete questionários. O ambiente de

trabalho aparece em onze questionários, reuniões de associações ou grupos de

profissionais aparecem em oito questionários. Isso mostra que é mais comum a

discussão sobre a profissão em momentos de encontros com outros profissionais,

seja no trabalho ou em associações e a internet, com blogs, fóruns e redes sociais

seria, até então, um meio secundário à troca de informações, o que mostra que o

produto pode ajudar a incentivar o público a utilizar mais a internet para discussões,

pois já é utilizada para conhecimento.

O trabalho foi até aqui dividido entre as temáticas de fotografia, natureza da

fotografia, fotojornalismo, ética no fotojornalismo, ética e manipulação de imagens,

liberdade de imprensa X código de ética, liberdade de imprensa e direito, direito

autoral X direito de imagem e blogs e internet. No referencial teórico foi abordada a

função do jornalismo como espaço de debate e seu papel social, blogs e internet,

sua importância e o porquê deste produto, finalizando com a teoria de convergência

e multimídia. Os próximos passos são a busca, levantamento e coleta de material

para desenvolvimento das postagens no produto, que é um blog.

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60

6.1.3. Gráficos da pesquisa

0102030405060

QUESTÕES QUEINCOMODAM

FOTOJORNALISTAS %

DIREITO AUTORAL

ÉTICA

RECONHECIMENTO E OUTROS

0102030405060708090

PRIN

CIPA

ISVE

ÍCU

LOS

DEIN

FORM

AÇÃO

INTERNET

RÁDIO

JORNALIMPRESSO

REVISTAS

TV

0102030405060

% MEIOSUTILIZADOS

PARADISCUSSÃO

DAPROFISSÃO

INTERNET

TRABALHO

ASSOCIAÇÕES

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7-Delineamento do produto:

7.1. Considerações gerais:

O produto é um blog jornalístico, direcionado a repórteres fotográficos e

interessados em fotografia, construído a partir das ferramentas disponíveis no site

blogger (http://blogger.globo.com/index.jsp). O nome escolhido para a página foi

“Fotojornalismo: Ética e Direito” e a url escolhida foi:

‘www.fotojornalismoeticaedireito.blogspot.com.br’.

7.1.2. Colaboradores:

Para a realização do produto foram feitas, em maior parte, produções próprias,

através de vídeos, matérias e formulação de conteúdo. Os colaboradores para a

realização do conteúdo foram repórteres fotográficos de Curitiba, que se

disponibilizaram a conceder entrevistas ou imagens. O conteúdo terceirizado, como

artigos, por exemplo, foi cedido pelos devidos autores ou responsáveis, que

permitiram a vinculação ao blog.

7.1.3. Conteúdo e concorrência:

O conteúdo foi elaborado através de materiais relacionados à ética e direito no

fotojornalismo. Estes vão desde matérias ou artigos com informações relativas ao

tema, legislações ou sínteses destas, fotografias cedidas de repórteres em campo,

de matérias realizadas por estes profissionais, vídeos com a opinião e os

profissionais contando as próprias histórias e experiências, relacionadas ao direito

de imagem, direito autoral e ética. O blog também conta com outros materiais de

interesse dos profissionais, como um canal próprio do youtube

(http://www.youtube.com/channel/UCCJKGcweZBwFtOckR2nbdGw?feature=mhee)

intitulado “fotojornalismo eticaedireito” com vídeos realizados para a página e outro,

linkado ao blog, com materiais relacionados ao tema ou tutoriais de outros autores.

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Há acesso ao site flickr (www.flickr.com/photos/fotojornalismoeticaedireito/) próprio

do blog e que contém imagens feitas pelos profissionais entrevistados e, um link à

blogs ou sites relacionados, como o da Arfoc, o Sindijor, Fotojornalismo Curitiba e

FENAJ.

Os concorrentes, com foco diferenciado, porém mais próximos seriam:

(http://fotojornalismojf.wordpress.com);

(http://www.slideshare.net/OswaldoHernandez/tica-no-fotojornalismo);

(http://havemosdelachegar.wordpress.com); e o blog:

(http://caminhosdojornalismo.wordpress.com), que citam a ética, além de outros

materiais, como tutoriais ligados a fotografia.

Já blogs como:

(http://legislacaoemcomunicacao.blogspot.com.br);

(http://focusfoto.blog.terra.com.br) e (http://fotojornalismos.blogspot.com.br/), falam

sobre direito no fotojornalismo, autoral ou de imagem, além de outros materiais. O

blog mais completo seria o (http://www.fotografia-dg.com/), que possui uma

construção melhor de layout, possui diversos colaboradores, sendo um

especializado na área de direito, além de possuir uma maior quantidade de materiais

de interesse para fotógrafos e repórteres fotográficos. Porém, nenhum dos blogs

citados possui a mesma proposta de foco para ética e direito.

7.1.4. Layout:

O layout do blog tem intenção de ser objetivo, o modelo utilizado foi o ‘janela de

imagem’, um dos disponíveis no site blogger. O plano de fundo conta com uma

montagem simples, feita no photoshop, de fotografias de um dos repórteres

fotográficos entrevistados, trocada semanalmente. O título do blog foi feito com

fundo em vermelho no cabeçalho e a fonte utilizada foi a Allerta Stencil.

O plano de fundo das postagens é branco e a fonte das matérias e tópicos foi a

Arial. Os títulos são destacados em vermelho, os posts estão escritos em preto.

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Todas as matérias e posts apresentam espaço para comentários e são possíveis de

serem compartilhadas em redes sociais, como o Facebook.

O conteúdo se localiza em uma única página. Dentro da página, os materiais

postados se localizam à esquerda e totalizam até quatro posts. O restante dos

materiais pode ser localizado à direita no ícone ‘Arquivos’, divididos por mês de

postagem ou na parte inferior da página em ‘Postagens mais antigas’. Abaixo dos

arquivos, se encontram os vídeos relacionados, linkados diretamente ao youtube

com a palavra chave “fotojornalismo”, estes vídeos não são de produção própria. O

terceiro ícone, logo abaixo dos vídeos, é o de blogs e sites relacionados, no caso ao

tema do blog, fotojornalismo, ética e direito ou à órgãos de jornalismo nos quais há

ligação com a profissão de fotojornalista. O link inclui a Arfoc, Sindijor, fotojornalismo

Curitiba e a FENAJ. O quarto ícone, abaixo dos blogs e sites relacionados é o

‘Quem sou eu’, no qual são disponibilizadas informações básicas próprias, como

criadora do blog e, este, é colocado como veículo acadêmico. O último ícone é o

portfólio do Flickr, no qual é possível visualizar fotos em slideshow ou entrar

diretamente na página.

7.1.5. Periodicidade:

A periodicidade das postagens é semanal, às quintas-feiras e, começaram a ser

feitas em 20 de setembro. As primeiras postagens, de 20 de setembro e de 27 de

setembro, foram uma apresentação do blog. Na primeira foi disponibilizado o código

de ética e na segunda, foram disponibilizadas as páginas adicionais do blog. As

postagens ‘oficiais’ começaram no início de outubro, seguindo uma mesma ordem.

Mensalmente são cerca de quatro postagens, no início do mês é postado um vídeo

de um repórter fotográfico de Curitiba, chamado “Fotojornalismo: Ética e Direito- Um

dia com:” A segunda e a última postagem do mês, são de matéria escrita de um

repórter fotográfico, intitulada “Fotojornalismo e você- Entrevista com:”, além de mais

um post de uma pequena matéria especial de utilidade aos profissionais. O terceiro

post é duplo, de uma dica de artigo ou texto e, outro de dica de vídeo ou filme.

Nestes são disponibilizados os respectivos links.

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7.1.6. Redes sociais:

O blog conta com uma página (fanpage) no Facebook:

(https://www.facebook.com/#!/FotojornalismoEticaEDireito?fref=ts), em que o usuário

que assina, é informado das últimas atualizações do blog. Além disso, é possível

compartilhar os posts do blog no Facebook, Orkut etc.

7.1.7. Custos:

Para a construção do layout do blog não houveram gastos, devido à utilização de

ferramentas grátis do site blogger, mas para transformar o blog em um site, seriam

necessários serviços de web designer. Para realização das gravações de imagens,

foram utilizados uma câmera Canon 7D, um tripé, um Gravador de áudio zoom H1, o

programa Adobe Photoshop CS4 para edição de fotos e o programa Adobe

Premiere CS3 para edição dos vídeos, todos próprios.

7.1.8. A criação do produto:

Para a construção final, depois de vários testes, incluindo com o site wordpress,foi

utilizado um template grátis do blogger, chamado ‘Janela de imagem’. O Blogger foi

escolhido pela praticidade e ferramentas em português, diferente do wordpress, em

inglês e com menos opções. Neste template a fonte para o título foi a Allerta Stencil

em branco, destacada em fundo vermelho. No plano de fundo da página, foi usada

uma montagem, feita no photoshop, de fotografias de um dos profissionais que

colaborou com matéria. As fotos foram deixadas em preto e branco, para não poluir

demais o visual e também foi colocado o crédito à imagem. O plano de fundo dos

textos foi o branco, também uma das poucas opções deste template e visualmente

mais limpo. Nos textos foi utilizada a fonte Arial, mesma do trabalho escrito, uma das

opções do template.

Para organizar o layout do corpo e posicionar as ferramentas (‘gadgets’) haviam

oito opções, foi escolhida a terceira, na qual os posts são direcionados para a

esquerda e as ferramentas ficam à direita.

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O blogger disponibiliza diversas ferramentas, das quais foram aproveitadas cinco.

A primeira é ‘Arquivo’ ao lado direito, nesta o usuário pode encontrar todos os posts,

os quais foram organizados mensalmente. O nome ‘Arquivo’ foi mantido para fácil

compreensão. A segunda ferramenta é de vídeos relacionados, nesta o blogger

permite que apareçam na página vídeos de acordo com uma palavra chave. Aqui foi

utilizada a palavra ‘fotojornalismo’, que permitiu o aparecimento de vídeos do

youtube, sendo que aparecem quatro na página do blog. Outras opções seriam para

vídeos mais vistos do youtube ou um canal próprio, porém essa última opção não

funcionou. Mesmo assim foi criado um canal do blog no youtube ‘fotojornalismo

eticaedireito’ disponibilizado no segundo post do blog e sempre após as postagens

mensais de vídeos.

A terceira ferramenta ‘blogs relacionados’, permite a mudança de nome também

e, é possível adicionar url de páginas para linkar à ao blog, possibilitando entrar nos

sites através de um ‘click’. A última ferramenta, centralizada na posição inferior da

página, é o portfólio do blog no site Flickr. Nesta ferramenta é possível linkar páginas

de fotos como Picasa, Flickr e Photobucket através do nome do usuário do site e,

também há como escolher a velocidade do slideshow na página do blog.

Para utilizar a ferramenta de fotos, foi feita uma página do Flickr

‘www.flickr.com/photos/fotojornalismoeticaedireito’, através do site ‘www.flickr.com’ e

com a criação do e-mail ‘[email protected]’. O site permite a

postagem de diversas fotos em galerias ou álbuns. Foram postadas cerca de dez

fotos de cada repórter fotográfico que colaborou no blog.

Para realização dos vídeos com Heuler Andrey e Valterci Santos, primeiramente

foi solicitada a participação e aguardada uma data em que cada profissional

pudesse gravar. Para as gravações foram utilizados: uma câmera Canon 7d com

lente 28x135mm, um gravador de voz digital Zoom H1 e um tripé. A edição dos

vídeos foi feita durante os meses de setembro e outubro pelo programa Adobe

Premiere Pro CS3, após uma versão inicial no Windows Movie Maker 2.6.

Vídeo- Um dia com: Valterci Santos:

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A gravação ocorreu em 22 de agosto de 2012 no Restaurante Picanha Brava, na

Avenida Iguaçu, 3108, Água Verde em Curitiba e, começou por volta das 13h30 até

às 16h30. Valterci estava fazendo fotos para a revista curitibana ‘Vói’ e convidou

para a gravação. Todos os presentes nas imagens, incluindo o gerente do

restaurante, o chefe de cozinha e o jornalista, assinaram a autorização de uso de

imagem para a utilização no vídeo acadêmico. As gravações de áudio foram feitas

primeiro, enquanto o repórter fotográfico aguardava o horário de trabalho. Já as

imagens foram feitas desde as conversas com os presentes no local até a

finalização da cobertura fotográfica.

Vídeo- Um dia com: Heuler Andrey:

As gravações ocorreram em 01 de setembro de 2012 no Estadio Durival Britto e

Silva (Vila Capanema) do Paraná clube, na Rua Engenheiro Rebouças s/ n°, na

partida entre Paraná clube e Goiás. Heuler fez fotos free lancer para agências de

notícias e obteve a autorização para a gravação do vídeo, até 15 minutos após o

início da partida. As gravações começaram por volta das 14h30 e duraram até as

16h15. Heuler autorizou o uso da própria imagem para a produção do vídeo. As

gravações foram realizadas desde a chegada de Heuler ao estádio, nos momentos

em que testa equipamento, tira fotos iniciais até os primeiros 15 minutos da partida.

O áudio foi feito por volta de 15 minutos antes de iniciar o jogo.

Trilha sonora dos vídeos:

As músicas utilizadas nos vídeos são de autoria própria e conjunta, gravadas em

2010 e foram devidamente autorizadas pelos demais autores, em anexo.

Artigos, legislações:

O código de ética, a cartilha de direitos autorais e o artigo "O resgate da ética no

fotojornalismo: a banalização das imagens nos meios de comunicação", foram

autorizados para postagem no blog, pelos autores e responsáveis, via e-mail.

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Matérias:

As matérias/entrevistas foram realizadas via e-mail com cerca de dez a quinze

perguntas relacionadas à carreira dos profissionais, direito e ética.

Perguntas Marcelo Andrade:

1-Nome completo/idade;

2-formação;

3-Quantos anos de carreira no fotojornalismo? conte um pouco sobre a carreira;

4-quais as principais dificuldades, em questão de direito, que você encontrou na

carreira?;

5-O fotojornalismo é uma profissão que não exige graduação, você acredita que

isso possa influenciar na falta de ética de alguns profissionais?;

6-Quanto ao direito, você acredita que todos os profissionais têm consciência sobre

os direitos e deveres deles?;

7-O que você entende por direito autoral?;

8-O que você entende por direitos da personalidade (imagem,

privacidade,intimidade)?;

9-O que você entende por ética?;

10-O que a Arfoc fez por você para colaborar com os profissionais do

fotojornalismo?;

11-Quais as principais dificuldades que você encontrou na carreira?

Perguntas André Luís Rodrigues:

1-Nome completo/idade;

2-formação;

3-Quantos anos de carreira no fotojornalismo?Conte um pouco sobre a carreira;

4-quais as principais dificuldades, em questão de direito, que você encontrou na

carreira?;

5-Você é primeiro secretário na Arfoc, isso ajudou no fotojornalismo, na sua

carreira?De que forma?;

6-O fotojornalismo é uma profissão que não exige graduação, você acredita que

isso possa influenciar na falta de ética de alguns profissionais?;

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7-Quanto ao direito, você acredita que todos os profissionais tem consciência sobre

os direitos e deveres deles?;

8-O que você entende por direito autoral?;

9-O que você entende por direitos da personalidade (imagem, privacidade,

intimidade)?;

10-O que você entende por ética?;

11-o que a Arfoc tem feito para colaborar com os profissionais do fotojornalismo?;

12-Hoje existe uma prova pra credenciar os profissionais da imagem, como

funciona?;

13-Fale sobre a Arfoc, as intenções, planos, o que já foi feito, benefícios, como se

associar.

Perguntas Ivonaldo Alexandre:

1-Nome completo/idade;

2-formação;

3-Quantos anos de carreira no fotojornalismo?Conte um pouco sobre a carreira;

4-quais as principais dificuldades, em questão de direito, que você encontrou na

carreira?;

5-Você possui formação em direito também, isso ajudou no fotojornalismo?De que

forma?;

6-O fotojornalismo é uma profissão que não exige graduação, você acredita que isso

possa influenciar na falta de ética de alguns profissionais?;

7-Quanto ao direito, você acredita que todos os profissionais tem consciência sobre

os direitos e deveres deles?;

8-O que você entende por direito autoral?;

9-O que você entende por direitos da personalidade (imagem, privacidade,

intimidade)?;

10-O que você entende por ética?

Perguntas Fábio Alexandre:

1-Nomecompleto/idade;

2-formação;

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3-Quantos anos de carreira no fotojornalismo?Conte um pouco sobre a carreira;

4-quais as principais dificuldades, em questão de direito, que você

encontrou na carreira?;

5-O fotojornalismo é uma profissão que não exige graduação, você acredita

que isso possa influenciar na falta de ética de alguns profissionais?;

7-Quanto ao direito, você acredita que todos os profissionais têm

consciência sobre os direitos e deveres deles?;

8-O que você entende por direito autoral?Breve ideia;

9-O que você entende por direitos da personalidade (imagem,

privacidade, intimidade)?Breve ideia;

10-O que você entende por ética?Breve ideia;

11-Você trabalhou por anos na Tribuna, conte sobre esse período, alguma foto sua

causou algum impacto, processo?Conte sobre, ou se tiver caso de algum amigo,

colega também;

12-Quais as principais dificuldades que você encontrou na carreira?

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70

CRONOGRAMA

ATIVIDADES

JA

N

FE

V

MA

R

AB

R

MA

I

JU

N

JU

L

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

DELIMITAÇÃO DO TEMA

X X x x x

OBJETIVOS

X X

PROBLEMA

X X X

REFERENCIAL TEÓRICO

X X

METODOLOGIA

X X X

PESQUISA DE CAMPO

X X

REVISÃO

X X X X X X

INTRODUÇÃO

X

X

X

X

DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

X X X X X

PRÉ-BANCA

X

REDAÇÃO FINAL

X

APRESENTAÇÃO FINAL

X

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71

Considerações finais

A proposta do presente trabalho foi criar um espaço de informação e discussão

sobre a ética e o direito no fotojornalismo, através de um blog. Isto foi possível

através da pesquisa bibliográfica com tópicos desde um breve histórico sobre a

fotografia, a natureza desta, para introduzir o fotojornalismo e algumas definições. A

partir daqui foram elaborados tópicos sobre a ética no fotojornalismo, a ética na

manipulação de imagens, a liberdade de imprensa e o código de ética, liberdade de

imprensa e direito. Então foi aberto um tópico pra diferenciar os direitos da

personalidade do direito autoral, e para finalizar a delimitação, um tópico que aborda

a internet e blogs, mostrando a importância do produto construído, um blog, como

veículo jornalístico.

No referencial teórico foram construídos tópicos de teorias de relevância ao

jornalismo e ao produto, o jornalismo como espaço de debate e o papel deste na

sociedade, convergência midiática e conceitos de multimídia e novamente um

reforço ao produto, com um tópico sobre a interação através de blogs.

A intenção até aqui foi criar uma conversa e discussão entre diversos autores,

com conceitos que mostram a relevância da discussão sobre ética e direito, dos

problemas que a falta de conhecimento destes pode gerar ao profissional do

fotojornalismo. A ideia também foi mostrar e defender que um veículo jornalístico na

internet tem importância, que pode ajudar no conhecimento e, também na interação

para a discussão dos temas propostos.

Para saber sobre a relevância do produto e conteúdo para o público-alvo foi feita

a pesquisa de campo, qualitativa e quantitativa, com vinte repórteres fotográficos e

fotógrafos de Curitiba. Através desta concluiu-se que a internet é usada para

conhecimento, mas até então, blogs não são o principal meio para a discussão

sobre a profissão. Isso reforçou a ideia de estimular a participação dos profissionais

na internet, no blog. A pesquisa também ajudou a fortalecer a tese da importância

dos temas, ética e direito, e a pensar no conteúdo, entrevistas em texto ou vídeo.

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Por fim, deixa-se a expectativa da continuidade do produto, do aumento da

participação e interação do público entre si e, com isso o fortalecimento da profissão

e conscientização da classe profissional.

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APÊNDICES

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