resumo história do design - a tradição modernista e o ensino de design
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Resumo do Texto: A tradição modernista e o ensino
de design
Por Bruno Ramos
A Escola Superior de Desenho Industrial, a Esdi, fundada em
1963 é tida como marco Definitivo do inicio dos cursos de design
no Brasil . O ensino tem importância singular, ao longo do século
XX, nas diretrizes do design como campo profissional.
O fechamento da Bauhaus e a dispersão de seus
professores por várias partes do mundo gerou a abertura do
ensino de design em outros países, graças a contribuição dos
antigos professores da escola alemã. Em 1937 em Chicago foi
fundada a Nova Bauhaus, que mais tarde se consagraria como
Institute of Design , com ajuda de Moholy Nagy e outros ex-
bauhauseanos. Em outras circunstância no ano 1953 na cidade
alemã de Ulm surge Hochschule fün Gestalting, que
convencionou-se a chama de Escola de Ulm, dirigida num
primeiro momento por Max Bil l que também era ex-aluno da
Bauhaus.
Sob a direção de Bil l a Escola de Ulm estabeleceu
continuidade dos valores bauhauseanos. Mesmo influenciada pela
extinta faculdade a Escola de Ulm buscava o seu modo de ver
design e passar este olhar para seus alunos de maneira
independente.
Em 1957, chocado com as propostas de seus colegas, Bil l
entrega a direção de Ulm. Assume o Comando Aicher, Gugelot e
Maldonado. Para eles as concepções de Max e conceitos
bauhauseanos continuados em Ulm eram ultrapassados. Nessa
nova direção a Escola de Ulm ganha feições próprias com face
tecnista e colocando o racionalismo como fator determinante nas
soluções em Design.
A escola de Ulm foi tão bem sucedida quanto sua
antecessora e mesmo após seu fechamento despertou a
admiração e inspiração para a abertura de outros cursos de nível
superior em Design pelo mundo. Pretendendo seguir o esti lo
ulmiano, duas escolas surgem: na India o National Institute of
Design e no Brasil a Esdi. No caso brasileiro ex-alunos de Ulm
ajudaram na criação e condução da Esdi.
Antes da abertura da Esdi, o Brasil há mais de uma década
tentava formalizar o ensino do Design. Houve iniciativas em São
Paulo e Rio e Janeiro no anos 1950, porém só na década seguinte,
em 1962, a Faculdade de Arquitetura da USP montou o primeiro
curso superior de design do Brasil . No ano seguinte, 1963, inicia-
se o curso da Esdi.
A fundação da Esdi é cercada por circunstancias polít icas
que lhe favoreceram. O Governador da Guanabara Carlos Lacerda
apoiou a criação da nova escola pois representava uma
oportunidade dele ganhar projeção polít ica nacional e mostrar
uma face moderna de seu governo. Item, a instabil idade em
Brasíl ia e o pensamento desenvolvimentista herdado de JK
também cercava as origens da Esdi.
A escola carioca em seu inicio segue o caráter experimental
assim como Bauhaus e Ulm, pois o pequeno grupo de professores
tinha pouca experiência não só no ensino mas também na prática
do design. Em pouco tempo a Esdi se tornou referência e matriz
para maioria das faculdades de design fundadas no Brasil .
Mesmo num país onde a indústria é pequena e ter alocada
sua sede num estado que perdera a l iderança industrial a Esdi foi
percebida na época como a grande aposta de modernidade e
transformação do ensino superior brasileiro. Incorporada à UERJ
em 1975, a Esdi permanece hoje uma referência para o design
brasileiro, embora raramente tenha atingindo uma produção
condizente com a expectativa que cercou a sua criação.
Além das escolas alemãs outras instituições menos
conhecidas têm importância no ensino de Design. Nos EUA temos
a Cranbrook Academy of Art , fundada no final dos anos 1920 e
atualmente é l íder no ensino do Design Gráfico. Igualmente
influente no país norte-americano temos a Carnegie-Mellon
University que lançou bases para o ensino de design por todo
território estadunidense. A Carnegie até hoje é modelo nos EUA,
com abertura notável a integração entre design e pesquisa.
Outro país que vale lembrar é a Grã-Bretanha e plural Royal
College of Art (RCA). A tinha como característica de educar
docentes, artistas plástico e designers no mesmo contexto. Aos
poucos a RCA foi dando ênfase ao terceiro grupo e pautou cada
vez mais a sua identidade na relação do design com as novas
mídias e tecnologias. A RCA exerceu um pequeno mas perceptível
impacto nos rumos do ensino de design no Brasil sendo citada
pela Escola de Belas Artes da UFRJ como exemplo a se seguir.
Tomando o ensino de design como centro de uma narrativa
histórica é um fato de grande importância para contextualizar
debates polít icos e ideológicos que envolvem a área, dentre os
quais a regulamentação do design como profissão. A área sofre o
mesmo processo que a arte, arquitetura e a engenharia que
formaram academias e universidades com o objetivo de distinguir
o exercício da profissão em nível superior dos outros níveis.
Outras distorções não podem fugir do contexto histórico do
ensino brasileiro de design entre elas p não reconhecimento de
designers e pioneirismo do ensino da profissão. Alguns nomes
como Teneiro e Santa Rosa não são reconhecidos como
designers mesmo com um trabalho vasto na área. A pesar da
Esdi e FAU/USP disputem quem foi a pioneira no ensino
brasileiro pouco se fala nas escolas de nível técnico como o
SENAI , a Escola Técnica Nacional, Escola Técnica IDOPP e o
velho Liceu de Artes e Ofícios que abriram atividades l igadas
ao design antes das escolas de nível superior.