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  • 8/12/2019 Resumo de Contedo - 1 Semestre

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    RESUMO DE DISCIPLINAS

    UNIFAP 2014 PRIMEIRO SEMESTRE

    ROBSON TIMOTEO DAMASCENO

    1 - DEONTOLOGIA JURDICA

    1 - CONCEITO DE DEONTOLOGIA JURDICA

    Deontologia um termo criado por Bentham e designa a teoria dos deveres.Geralmente aplicada como estudo especfico a uma classe profissional.

    Deontologia Jurdica: tambm chamada de Deontologia das profisses jurdicas. Eladefine o conjunto de normas ticas e comportamentais a serem observadas pelosprofissionais jurdicos. Compreende e sistematiza, inspirada em uma tica profissional,o status dos distintos profissionais e seus deveres jurdicos. Considera tantos osprincpios de carter universal (probidade, desinteresse, decoro, etc.) quanto osparticulares a cada profisso jurdica em particular (a independncia e aimparcialidade do juiz, a liberdade no exerccio profissional da advocacia, a promooda Justia e a legalidade do Ministrio Pblico).

    2 - PRINCPIOS DA DEONTOLOGIA JURDICA

    PRINCPIO FUNDAMENTAL

    Agir segundo a cincia e conscincia. Assim, o primeiro dever tico do profissional dominar as regras para um desempenho eficiente na atividade que exerce. Para manter-se de acordo com a cincia, precisar ter sido um aprendiz aplicado, seja na educaoformal, seja mediante insero direta no mercado de trabalho. Alm disso, precisarmanter um processo de educao continuada. Quanto conscincia, essa envolvepromover a funo social da profisso. A formao da conscincia resume todo oprocesso educativo e o objetivo mais importante.

    PRINCPIOS GERAIS DA DEONTOLOGIA JURDICA

    Princpio da Conduta Ilibada: comportamentosem mcula, irrepreensvel, sobre oqual nada se pode dizer. Pelo mero de se dedicarem ao estudo do direito, espera-se queos profissionais atuem retamente, sejam merecedores de confiana, incorruptveis edetentoresde honra, liberdade e demais valores tutelados pelo ordenamento.

    Princpio da Dignidade e do Decoro Profissional: envolve a atividade profissional,mas tambm a vida particulardo profissional. Fere a dignidade a prtica de crimes,fere o decoro quando o profissional se apresenta mal vestido. Este princpio violadoquando se pede remunerao excessiva, quando se atua de forma maliciosa, quandose faz publicidade excessivapara conseguir clientes, quando se usa linguagem chula evulgar, quando se atua com excesso e arrognciano exerccio da profisso.

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    Princpio da Incompatibilidade: a carreira jurdica exige dedicao exclusiva, comexceo ao magistrio, quando esse no atrapalhe a carreira.

    Princpio da Correo Profissional: envolve um ritual prprio, inspirado narealizao do justo. Envolve atuao transparente, no interesse do trabalho e da

    justia, sria, honesta e pautada por uma inspirao moral acima de qualquer

    suspeita. Princpio do Coleguismo: sentimento de pertencimento a um mesmo grupo, de todos

    os profissionais da rea do Direito, inspirando comportamentos homogneos efidelidade, respeito, cortesia e estima pelos colegas. O coleguismo vinculado aoexerccio profissional: substituir em audincia colega doente ou impedido, emprestarlivros e revistas jurdicos, dividir novos conhecimentos da rea, dar orientao tcnicasobre problemas jurdicos complexos. Tambm envolve o tratamento respeitoso doscolegas mais jovens aos mais experientes. falta de coleguismodisputar clientes comcolegas, concorrer de maneira desleal, comentar erros de colegas e acobertar erros decolegas.

    Princpio da Diligncia: Compreende o esforo para exercer a profisso da melhormaneira, cumprindo compromissos, mantendo educao continuada, dandotratamento igual a todos os casos, mesmo os menos complexos, se esforando porvencer a lentido da justiabrasileira.

    Princpio do Desinteresse: envolvedeixar de lado a ambio pessoal para a promooda justia. Passa pela remunerao baixa das carreiras jurdicas do Estado e peloadvogado tentar a conciliao antes de tentar abrir processos. Deve-se manter omnimo tico, garantidor da evoluo da sociedade.

    Princpio da Confiana: envolve fidelidade na relao com o cliente no caso dosadvogados e fidelidade causa da justia, da verdade e da transparncia, que seespera da figura do juiz, do promotor e dos demais cargos jurdicos, diante do queespera o cidado que busca a justia.

    Princpio da Independncia Funcional: no deve o profissional deixar que nenhumvnculo ou presso externa atrapalhe ou direcione sua atuao, para algo que sejadiferente da busca da justia.

    Princpio da Reserva: mais amplodo que a ideia de manter segredo, envolve atitudepara conservar a intimidade dos envolvidos na atividade jurdica. Envolve atitudescomo: tratar a prtica profissional em foro e no em locais pblicos, manter reservasobre documentos e objetos do processo, vigiar funcionrios subordinados para quemantenham reserva, no divulgar endereo de clientes, no externar opinio sobreprocesso sob sua guarda, mesmo em famlia.

    Princpio da Lealdade e da Verdade: atuao com boa f e correo. Envolve aimparcialidade do juiz, a transparncia do promotor, e os esclarecimentos do advogado

    aos clientes sobre as chances de sucesso e a chance de reconciliao. Impe a todosoperadores do direito averdade, pois nenhuma justia pode se pautar na mentira. Princpio da Discricionariedade: liberdade na escolha da convenincia,

    oportunidadee contedode sua atuao. O juiz no um escravo da lei, o promotorpode pleitear arquivamento ou denunciar, o advogado pode escolher sua estratgias deatuao.

    Resumo dos Princpios: Coleguismo, Conduta Ilibada, Confiana, Correo Profissional,Desinteresse, Dignidade e Decoro Profissional, Diligncia, Discricionariedade,Incompatibilidade, Independncia Funcional, Lealdade e Verdade, Reserva.

    Outros princpios: informao, solidariedade, cidadania, residncia, localizao, efetividade,

    continuidade da profisso forense, probidade profissional, correo, liberdade profissional,

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    funo social da profisso, severidade para consigo mesmo, defesa das prerrogativasprofissionais, clareza, pureza e persuaso na linguagem, moderao e tolerncia.

    3 DEONTOLOGIA DA ADVOCACIA

    A base da conduta tica do advogado o Cdigo de tica e Disciplina da OABe oEstatuto da Advocacia (Lei 8906/94)

    O exerccio da advocacia exige conduta compatvel com os preceitos deste Cdigo, doEstatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princpios damoral individual, social e profissional.

    O advogado indispensvel administrao da Justia, defensor do estadodemocrtico de direito, da cidadania, da moralidade pblica, da Justia e da pazsocial, subordinando a atividade do seu Ministrio Privado elevada funo pblicaque exerce. No seu ministrio pblico, o advogado presta servio pblico e exercefuno social.

    No exerccio da profisso, o advogado inviolvel por seus atos e manifestaes, noslimites da lei.

    O exerccioda advocaciano territrio brasileiro e a denominao de advogadosoprivativos dos inscritos na OAB.

    A relao de emprego, na qualidade de advogado, no retira a iseno tcnica nemreduz a independnciaprofissional inerentes advocacia.

    Exercem atividade de advocacia tambm: os integrantes da Advocacia-Geral daUnio, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pblica e das Procuradoriase Consultorias Jurdicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios e dasrespectivas entidades de administrao indireta e fundacional.

    No h hierarquia nem subordinao entre advogados, magistrados e membros doMinistrio Pblico, devendo todos tratar-se com considerao e respeito recprocos.

    Atividades Privativas do Advogado:o Postulao a rgo do Poder Judicirioo Atividades de Consultoria, Assessoria e Direo Jurdicaso Visar, obrigatoriamente, os atos constitutivos de pessoas jurdicas, sob pena de

    nulidade em caso contrrio Direitos do Advogado:

    o Exercer com liberdade a profissoem todo pas.o A inviolabilidade de seu escritrio e instrumentos de trabalho, desde que

    relativos advocacia.o Comunicar-se com seus clientes, mesmo presos, detidos ou recolhidos e ainda

    que incomunicveis.o Ter a presena de representante da OAB, quando preso em flagrante, por

    motivo ligado ao exerccio da advocacia e nos demais casos de priso, deve-secomunicar seccional da OAB.

    o No ser recolhido preso, antes de sentena transitada em julgado, seno emsala de Estado Maior, ou em caso de falta, em priso domiciliar. O advogadosomente poder ser preso em flagrante, por motivo de exerccio da profisso,em caso de crime inafianvel.

    o Ingressar livremente: nas salas de sesses dos tribunais, nas salas edependncias de audincias, secretarias, cartrios, ofcios de justia, serviosnotariais e de registro, e, no caso de delegacias e prises, mesmo fora da horade expediente e independentemente da presena de seus titulares,em qualquer

    edifcio ou recinto em que funcione repartio judicial ou outro servio pblicoonde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informao til ao

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    exerccio da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e seratendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado; emqualquer assembleia ou reunio de que participe ou possa participar o seucliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderesespeciais.

    oDirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho,independentemente de horrio previamente marcado ou outra condio,observando-se a ordem de chegada.

    o Examinar, em qualquer rgo dos Poderes Judicirio e Legislativo, ou daAdministrao Pblica em geral, autos de processos findos ou emandamento, mesmo sem procurao, quando no estejam sujeitos a sigilo,assegurada a obteno de cpias, podendo tomar apontamentos. O mesmo valepara autos de flagrante e inqurito em reparties policiais e processosjudiciais ou administrativos em cartrio ou repartio competente.

    o Ser publicamente desagravado, quando ofendido no exerccio da profisso ouem razo dela.

    o Recusar-se a depor como testemunhaem processo no qual funcionou ou devafuncionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado,mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fatoque constitua sigilo profissional.

    o Retirar-se do recinto onde se encontre aguardando prego para ato judicial,aps trinta minutos do horrio designado e ao qual ainda no tenhacomparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicaoprotocolizada em juzo.

    o O Poder Judicirio e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados,fruns, tribunais, delegacias de polcia e presdios, salas especiaispermanentes para os advogados, com uso assegurados OAB

    Deveres do Advogado:o Preservar a nobreza e dignidade da profissoo Atuar com destemor, independncia, honestidade, decoro, veracidade,

    lealdade, dignidade e boa-fo Velar por sua reputao pessoalo Empenhar-se no aperfeioamento pessoal e profissionalo Contribuir para o aprimoramento das instituies, do Direito e das leiso Estimular a conciliao, evitando sempre que possvel o litgioo Aconselhar o cliente a no entrar em aventura judicialo Abster-se de: utilizar-se de influncia indevida, patrocinar interesses ligados a

    outras atividades, vincular seu nome a empreendimentos duvidosos, envolver-secom pessoas sem tica, entrar em acordo com a parte contrria sem consultar o

    cliente.o Lutar pela soluo dos problemas da cidadania e pela efetivao dos seus

    direitos individuais, coletivos e difusos, no mbito da comunidade Incompatibilidades da Advocacia:

    o Chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seussubstitutos legais

    o Membros de rgos do Poder Judicirio, do Ministrio Pblico, dostribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justia de paz,

    juzes classistas, bem como de todos os que exeram funo de julgamentoem rgos de deliberao coletiva da administrao pblica direta eindireta

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    o Ocupantes de cargos ou funes de direo em rgos da AdministraoPblica direta ou indireta, em suas fundaes e em suas empresascontroladas ou concessionrias de servio pblico

    o Ocupantes de cargos ou funes vinculados direta ou indiretamente aqualquer rgo do Poder Judicirioe os que exercem servios notariais e de

    registroo Ocupantes de cargos ou funes vinculados direta ou indiretamente aatividade policialde qualquer natureza;

    o Militaresde qualquer natureza, na ativao Ocupantes de cargos ou funes que tenham competncia de lanamento,

    arrecadao ou fiscalizao de tributos e contribuiesparafiscaiso Ocupantes de funes de direo e gerncia em instituies financeiras,

    inclusive privadas. Recomendaes para a atividade do advogado:

    o O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeitoe quecontribua para o prestgio da classe e da advocacia.

    o Direito uma forma de diminuir as desigualdades, atravs de solues justaso A Lei um instrumento de igualdade para todos.o Deve-se ter independncia no trabalho, mesmo quando atuando por vnculos

    empregatcioso Pode-se recusar entrar com ao que seja de Direito que seja aplicvel ao

    advogado ou contrarie manifestao feita anteriormente sobre o assunto poresse

    o Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem deincorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exerccio da profisso.

    o O exerccio da advocacia incompatvel commercantilizaodos servioso proibidoao advogado expor os fatos na justia com mentiras ou m fo proibido o oferecimento de servios baseadosemcaptao de clientes

    Recomendao nas relaes com os clientes:o Deve-se informar o cliente de forma clarasobre os riscosde sua pretenso e

    consequnciasque podem vir da demanda.o Na concluso ou desistnciade uma causa o advogado obrigado a devolver

    os bens, valores e documentos e a prestar contas.o Quando uma causa concluda ou arquivada, presume-se que termina o

    mandato do advogado.o O advogado no deve aceitar representar quem j tenha advogado

    constitudo, exceto em casos urgentes ou por motivos justos.o O advogado no deve abandonar os processos, sem motivo justo e cincia da

    parte.o O advogado pode renunciar representar algum, podendo omitir o motivo,

    mas continua responsvel durante o prazo estabelecido em lei e respondepelos danos causados dolosamente ou culposamente.

    o O cliente pode retirar um advogado do processo, mas precisa pagar oshonorriose a parte devida ao advogadono caso de vitria na ao.

    o O mandato judicial deve ser feito em nome dos advogados e no dasociedade de advogados.

    o O mandato judicial no se extingue com o passar do tempo, quando mantidaa confiana.

    o Advogados que fazem parte de uma sociedade ou que tenham relao decooperaono podem representar as partes contrriasde uma causa.

    o Quando houverconflitos de interesse entre clientes, o advogado deve escolherum deles, renunciar aos demais e manter sigilo profissional.

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    o Quando for entrar com ao em nome de terceiro contra ex-cliente ou ex-empregador o advogado no deve usar as informaes que lhe formaconfiadas anteriormente.

    o No deve entraro advogado com ao: contrria tica, contrria moral,contrria a ato jurdico que tenha colaborado para promover anteriormente,

    contra algum que o tenha procurado anteriormente e passado informaessigilosas.o O advogado tem o direito e o dever de promover a defesa criminal,

    independentemente de sua opiniosobre a culpa do cliente.o O advogado no obrigado a trabalhar com outro advogadopor imposio

    do cliente.o O advogado no pode ser o advogado e o preposto do cliente na mesma

    causa.o O advogado pode convocar outros advogados para atuar no processo

    (subestabelecimento de mandato), mas deve ter o conhecimento prvio docliente quando for passar o mandato sem reserva de poderes. Em todos oscasos, o advogado combina os horrios com o outro advogado.

    Recomendao quanto ao sigilo profissional:o O sigilo inerente profisso, somente podendo ser quebrado em caso de

    grave ameaa ao direito vida, honra ou quando o advogado for afrontadopela parteou em defesa prpria, sempre no interesse da justia.

    o O advogado no deve ser testemunha em processo judicial sobre fatorelacionado a processono qual trabalhou, mesmo que autorizado ou solicitadopelo cliente.

    o O advogado pode usar as confidncias do cliente para a defesa dele, desdeque autorizado.

    o As cartas enviadas pelo cliente para o advogado so confidenciais, nopodendo ser reveladas a terceiros.

    Recomendaes quando publicidade:o A divulgao do servio pode ser feita, mas com discrio e moderao,

    somente de forma informativa.o O anncio deve conter o nomee nmero da OAB, podendo fazer referncia a

    ttulo ou qualificao profissional, endereo, horrio de expediente e formas decomunicao com o advogado.

    o O anncio no pode divulgar empregos ou processos anteriores doadvogado, de forma a facilitar atrair clientes.

    o No se pode fazer propagandas de escritrios de advocacia para distribuir paraqualquer pessoa, sendo possvel entregar apenas a colegas, clientes ou quemsolicite.

    o No se pode usar placas chamativas ou outdoor para fazer publicidade.o No se pode usar smbolos oficiais ou exclusivos da OAB na propagada do

    advogado.o No se pode usar termos ou expresses que impliquem propaganda de servios

    baratos ou gratuitos, do tamanho do escritrio ou outras formas de atrairclientes.

    o No se deve mandar correspondncia para a coletividade, fazer propaganda emveculos ou inserir o nome do advogado em anncios de outras atividades.

    o Quando em programas de rdio ou televiso o advogado deve falar apenas emtermos informativos, evitando comentar o trabalho de colegas ou fazerautopropaganda.

    o No deve o advogado: se autopromover em redes sociais respondendo advidas, debater em meios de comunicao processos seus ou de colegas,

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    abordar tema de forma a comprometer a dignidade da profisso, divulgar a listade clientes e demandas, insinuar-se para propagandas e reportagens.

    o A divulgao de assuntos tcnicos ou jurdicos devem se limitar a aspectos queno quebrem o segredo e o sigilo profissional.

    Recomendaes sobre os honorrios profissionais:o

    Os honorrios e sua correo devem ser previstos em contrato escrito, contendoforma de pagamento, inclusive no caso de acordos.o Na falta de estipulao ou de acordo, os honorrios so fixados por

    arbitramento judicial, em remunerao compatvel com o trabalho e o valoreconmico da questo, no podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabelaorganizada pelo Conselho Seccional da OAB.

    o Salvo estipulao em contrrio, um terodos honorrios devido no incio doservio, outro tero at a deciso de primeira instnciae o restante no final.

    o Oshonorrios de sucumbncia(ganhos no final da causa, em caso de vitria)no excluem os contratados, mas devem ser levados em conta no ajuste com ocliente.

    o Os honorrios de sucumbncia, percebidos por advogado empregado desociedade de advogados so partilhados entre ele e a empregadora, naforma estabelecida em acordo.

    o Na hiptese de falecimentoou incapacidade civil do advogado, os honorriosde sucumbncia, proporcionais ao trabalho realizado, so recebidos por seussucessores ou representantes legais.

    o nula qualquer disposio, clusula, regulamento ou convenoindividualou coletiva que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorriosde sucumbncia.

    o O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrria, salvoaquiescncia do profissional, no lhe prejudica os honorrios, quer osconvencionados, quer os concedidos por sentena.

    o O advogado substabelecido, com reserva de poderes, no pode cobrarhonorriossem a interveno daquele que lhe conferiu o substabelecimento.

    o A compensao ou desconto dos honorrios e de valores s podem ocorrer sehouver prvia autorizao ou previso contratual.

    o Os honorrios devem ser fixados com moderao, considerando: importnciae complexidade da ao, trabalho e tempo necessrios, possibilidade de ficarimpedido de atuar em outros processos, carter habitual ou permanente daatuao, lugar onde o advogado dever atuar (fora ou em seu domiclio),competncia e nome do advogado e costume do local sobre os valores doshonorrios.

    o No caso de o servio ser pago por porcentagem do ganho da causa (quota litis)os honorrios devem ser pagos em dinheiro.

    o O advogado no deve ganhar mais na ao do que o cliente ganhar com ela.o O advogado s deve receber em bens do cliente em carter excepcional e se

    feito esse acordo por escrito.o No se deve combinar honorrios abaixo do valor da tabela da OAB, exceto se

    o cliente no tiver condies.o Quando houver necessidade de cobrar judicialmente o pagamento do cliente,

    deve o advogado abandonar o processo para outro advogado.o O advogado, quando indicadopara atuar como defensor pblico, na falta da

    Defensoria, no local da prestao de servio, tem direito aos honorriosfixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB,

    e pagos pelo Estado. Recomendaes quando ao dever de urbanidade:

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    o O advogado deve tratar o pblico, os colegas, as autoridades e os servidorescom respeito, discrio e independncia e exigir igual tratamento.

    o O advogado deve ser franco, sincero, usar linguagem educada e correta eesforar-se na execuo de seus servios.

    o Quando atuar como defensor pblico, o advogado deve se esforar na causa, deforma que o cliente sinta-se defendido em seu processo.

    Recomendaes Gerais:o Quando houver dvida sobre questes ticas relevantes, deve-se consultar o

    Tribunal de tica e Disciplina ou o Conselho Federal da OAB.o Quando se tenha notcia de alguma transgresso ao cdigo de tica, deve-se

    chamar ateno do responsvel, sem prejuzo de instaurao de procedimentopara apurao e possveis penalidades.

    Competncias do Tribunal de tica e Disciplina:o Orientar e aconselhar sobre tica profissional, respondendo s consultas, e

    julgar os processos disciplinares.o Instaurar de ofcioprocesso disciplinar.o Organizar palestras, cursos, etc.sobre tica profissional.o Expedir resoluessobre forma de atuao tica dos profissionais.o Mediar conciliaes que envolvam dvidas e pendncias entre advogados e

    entre estes e associaes. Procedimentos do Processo Disciplinar:

    o Todos os prazos necessrios manifestao de advogados, estagirios eterceiros, nos processos em geral da OAB, so de quinze dias, inclusive parainterposio de recursos.

    o O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB competeexclusivamente ao Conselho Seccional em cuja base territorial tenhaocorrido a infrao, salvo se a falta for cometida perante o Conselho Federal.

    o O processo disciplinar ode ser iniciado de ofcio, pelo Tribunal de tica, ou porrepresentao de interessados, no podem ser iniciado por representaoannima.

    o O relator do processo determina a notificao dos interessados e doadvogado representado, para sua defesa, no prazo de 15 dias.

    o Ao representado deve ser assegurado amplo direito de defesa, podendoacompanhar o processo em todos os termos, pessoalmente ou por intermdio deprocurador, oferecendo defesa prvia aps ser notificado, razes finais aps ainstruo e defesa oral perante o Tribunal de tica e Disciplina, por ocasio dojulgamento.

    o O relator pode determinar que se realizem as diligncias que achar conveniente.o H um momento para a defesa prvia, depois so apresentadas as razes finais

    e o relator faz um parecer preliminar.o O processo encaminhado ao Presidente do Tribunal, que designa um relator

    para proferir um voto.o Marca-se um dia para o julgamento, o voto do relator lido e o representado

    tem o direito de fazer sua defesa oral em 15 minutos, ou escolher outroadvogado para faz-lo.

    o permitida a reviso do processo disciplinar, por erro de julgamento ou porcondenao baseada em falsa prova.

    Infraes Disciplinares:o Exercer a profissoquando impedidoo Facilitar que no inscritos na OAB, impedidos ou proibidos exeram a

    profissoo Agir como agenciador de causas

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    o Assinar documentospara fins judicias ou extrajudiciais sem ter colaboradopara a criao deles

    o Advogar contra disposio literal da lei, exceto quando fundamentado nainconstitucionalidade, injustia ou pronunciamento judicial anterior

    o Violar sigilosem justa causao

    Entrar em acordo com a parte contrria, sem que o cliente saibao Prejudicar por culpa graveinteresse que lhe foi confiadoo Abandonar causa sem motivo justo ou antes de decorrido 10 dias da

    comunicaode sua rennciao Recusar-se a ser defensor pblico, sem justo motivo, quando nomeadoo Publicar na imprensa alegaessobre processos pendentes, sem razo e com

    habitualidadeo Deturpar lei, doutrina, jurisprudncia ou documentospara enganar juiz ou

    parte contrriao Imputar crime a terceirodurante processo, sem conhecimento do clienteo Solicitar ou receber do cliente valores para a realizao de atos ilcitoso Recusar-se a prestar contas de quantias recebidas pelo clienteo Deixar de pagaro que devido OABo Repetir erros frequentes, que mostrem despreparo profissionalo Manterconduta incompatvelcom a advocaciao Usar de fraudepara se tornar membro da OABo Praticar crime infamanteo Prtica reiterada dejogos de azaro Incontinncia Pblicae escandalosao Embriaguez ou uso de drogashabituais

    Tipos de Sanes Disciplinares:o Censura (infraes mais leves)o Suspenso (infraes mdias ou reiterao de infraes leves)o Expulso (fraude para ingresso, tornar-se moralmente inidneo, crime

    infamante e sofrer 3 vezes suspenso)o Multa (aplicada junto com as outras sanes, quando houver agravantes)

    Observaes quanto aplicao de sanes:o A censura pode ser convertida em advertncia, quando houver atenuantes,

    caso em que no se registrar nada no assentamento do advogado, ao contrriodo que ocorre nas sanes.

    o So considerados atenuantes: ter cometido a falta em defesa de prerrogativaprofissional, ausncia de punio anterior, ter tido mandato ou cargo na OAB,prestao de servios relevantes advocacia ou causa pblica.

    o Para decidir sobre multa ou no considera-se: antecedentes profissionais,atenuantes, grau de culpa, circunstncias e consequncias da infrao,

    o Quando recebe suspenso, o advogado fica impedido de exercer a profissoentre 30 dias e um ano, de acordo com o que for julgado

    o Para que ocorra a expulso preciso que 2/3 dos membros do ConselhoSeccional concorde.

    o possvel recorrer dentro de um ano, pedindo a reabilitao de qualquersano.

    o Prescreve a possibilidade de punio aps 5 anos do fato ou quando o processodisciplinar fique parado por mais de 3 anos.

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    4 DEONTOLOGIA DA MAGISTRATURA

    A base da conduta tica dos Magistrados se encontra na Lei Orgnica daMagistratura Nacional(LOMAN, Lei Complementar 35/1979) e no Cdigo de ticada Magistratura.A LOMAN criticada por ser um lei repressiva e retrgrada, que est

    ultrapassada, sendo anterior CF 88. Caractersticas Gerais da Magistratura:

    o O exerccio da magistratura exige conduta compatvel com os preceitos doCdigo e do Estatuto da Magistratura e pautada pelos princpios daMagistratura.

    o O magistrado deve atuar com respeito Constituio e s leis, buscandofortalecimento das instituies e realizao dos valores democrticos.

    o A atuao do magistrado deve buscar a dignidade da pessoa humana, asolidariedade e justia nas relaesentre as pessoas.

    Garantias da Magistratura:o Vitaliciedade: o juiz apenas perde o cargo em casos muito especficos, como

    acmulo irregular de cargos e recebimentos de propinas.o Inamovibilidade: o juiz no pode ser removido ou promovido contra sua

    vontade.o Irredutibilidade de Vencimentos: no se diminui os vencimentos do juiz.

    Prerrogativas da Magistratura:o Ser ouvido como testemunha em dia combinado com antecedncia.o Ser recolhido priso especial ou sala de Estado-Maior.o Portar arma de uso pessoal.

    Deveres do Magistrado:o Cumprir e fazer cumprir as disposies legais e atos de ofcio.o No exceder injustificadamente os prazos processuais.o Determinar providncias para que os prazos sejam cumpridos.o Tratar todos com urbanidade.o Residir na comarca, exceto com autorizao do rgo disciplinar.o Comparecer pontualmente e no sair sem razo do servio.o Exercer fiscalizao sobre os subordinados.o Manter conduta irrepreensvel na vida particular e pblica.

    Vedaes ao Magistrado:o Participar de atividades comerciais, exceto como acionista ou cotista.o Exercer cargos de direo ou tcnicos, exceto se for de associao de classe e

    sem remunerao.o Expedir opinio sobre processos pendentes ou juzos depreciativos, exceto

    crticas nos autos ou notas tcnicas na doutrina. Princpios da Magistratura: Independncia, Imparcialidade, Conhecimento e

    Capacitao, Cortesia, Transparncia, Segredo Profissional, Prudncia, Diligncia,Integridade Pessoal e Profissional, Dignidade, Honra e Decoro.

    o Independncia: magistrado deve atuar de forma independente, no interferir notrabalho de colegas, no deixar-se levar por influncias externas em suasdecises, denunciar qualquer interferncia em suas decises, no deveparticipar de atividade poltico-partidria. LOMAN: coloca o dever de cumprircom independncia, serenidade e exatido os atos de ofcio.

    o Imparcialidade: buscar nas provas a verdade, manter distncia das partes,evitar favoritismos e preconceito, dispensar s partes igual tratamento, pode-se

    receber as partes desde que deixe essa opo parte contrria.o Transparncia: documentar os atos, manter a publicidade, informar aosinteressados sob os processos, comportar-se de forma prudente e equitativa no

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    contato com os meios de comunicao, no emitir opinio sob processospendentes, no emitir opinio depreciativa sob decises ou processos, nobuscar autopromoo, colaborar com os rgos que avaliam desempenhoprofissional, facilitao de visualizao dos processos pela internet,intervenes do CNJ, evitar-se engavetar processos.

    oIntegridade Pessoal e Profissional: contribui para a confiana dos cidados,comportar-se de maneira honrada na vida pessoal, recusar benefcios ouvantagens, no usar para benefcio prprio bens e meios pblicos, evitardvidas sobre seus bens e receitas, no se separa vida particular da vida pblicado juiz, situao ainda pior em comarcas pequenas, exigncia envolve inclusivefamlia do magistrado, deve-se ter autoridade moral. LOMAN: dever domagistrado manter conduta irrepreensvel na vida particular e pblica.

    o Diligncia e Dedicao: tentar resolver os processos no prazo mais adequadopossvel, no assumir atividades que atrapalhem sua funo como juiz,abandonar funo de professor se for atrapalhar trabalho como juiz. LOMAN: dever do juiz no exceder injustificadamente os prazos para despachar ousentenciar, dever do juiz determinar os procedimentos para que os atos serealizem no prazo, dever do juiz comparecer pontualmente e no se ausentarsem motivo do trabalho.

    o Cortesia: ter atitude educada e corts com todos os envolvidos na ao daJustia, deve-se utilizar linguagem correta e educada, deve-se fazer a atividadedisciplinar com respeito e considerao. LOMAN: dever do Magistrado tratarcom urbanidade as partes e atender os que o procurar quando se trate de casosde urgncia.

    o Prudncia: comportar-se e decidir racionalmente, agir de forma cautelosaprincipalmente ao decidir, receber comentrios e crticas, decidir pensando nasconsequncias, no agir de forma precipitada. LOMAN: dever do juizcumprir e fazer cumprir com independncia, serenidade e exatido as

    disposies legais.o Sigilo Profissional:guardar reservas sobre dados que sabe em funo do cargo,

    no falar sobre votos que saiba de outros juzes em rgos colegiados, no ficarcomentando aes.

    o Conhecimento e Capacitao:visa um servio de maior qualidade, conhecer oDireito e sua melhor forma de aplicao, manter formao contnua, especialcuidado nos direitos humanos, ajudar a formao de outros membros dotribunal, esforar-se pelo desenvolvimento do Direito e da Administrao daJustia.

    o Dignidade, Honra e Decoro: vedado procedimento incompatvel com essesprincpios, no se deve exercer atividade comercial, no se deve fazer

    discriminaes injustas, deve-se ter conscincia de responsabilidades e papel nasociedade.

    Penalidades: Advertncia, Censura, Remoo Compulsria, Disponibilidade comvencimentos proporcionais, Aposentadoria Compulsria, Demisso.

    Outras disposies: os juzes devem receber o Cdigo de tica em sua posse, o juizresponder com perdas e danos quando proceder com dolo ou fraude em sua atividadeou recusar/atrasar/omitir providncia sua de ofcio sem razo.

    5 DENTOLOGIA DO MINISTRIO PBLICO

    A base da conduta tica dos membros do Ministrio Pblico o Cdigo de tica doMinistrio Pblico.

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    O exerccio das funes do Ministrio Pblico exige dos integrantes da Instituio,defensora da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais eindividuais indisponveis, conduta compatvel no exerccio do cargo ou, no quecouber, fora dele, com os princpios constitucionais da legalidade, da moralidade, daimparcialidade, da publicidade, da eficincia, da efetividade, da supremacia do

    interesse pblicoe com os demais preceitos da Constituio, com as Leis OrgnicasFederal e Estadual, com as normas regulamentares internas e com os preceitos doCdigo.

    Princpios Gerais:o Padres ticos devem ser levados em conta na vida pessoal e pblica.o Deve-se evitar conflitos de interesses que prejudiquem a vida profissional e o

    interesse pblico. Deveres Fundamentais:

    o Respeitar e fazer cumprir a Constituio, as leis e as normas internas.o Promover a defesa do interesse pblico e da autonomia da Instituio.o Zelar pelo prestgio, aprimoramento, valorizao e pelas prerrogativas do

    Ministrio Pblico.o Exercer o cargo com dignidade e respeito coisa pblica e aos valores eprincpios da Constituio, agindo com boa f, zelo e probidade.

    o Examinar todos os processos, procedimentos de investigao e outrossubmetidos sua apreciao sob a tica do interesse pblico, fundamentandosuas manifestaes.

    o Tratar com urbanidade a todos e exigir igual tratamento.o Respeitar as decises do MP e do Conselho Nacional do MP.

    Deveres Funcionais, Administrativos e Legais:o Zelar pela coisa pblica.o Manifestar suspeio e impedimento legalo Denunciar atos e fatos que prejudiquem processos ou prejudiquem sua

    independncia.o Desempenhar com zelo e probidade suas funes.o Recusar presentes e benefcios.o No participar de discusses pblicas sobre processos em sigilo ou com outro

    membro do MP.o Repelir influncias externas a sua atuao.o Denunciar infraes ao Cdigo de tica que tenha conhecimento.o Adotar providncias contra irregularidades.o Manter boa conduta.o Ter decoro pessoal.o No negligenciar os interesses do MP por qualquer outro.o Zelar pela aplicao adequada de normas da constituio, leis ou regulamentos.o Exercer as prerrogativas do cargo com dignidade e respeito pela coisa pblica.o Receber a todos de forma respeitosa.o Cumprir os prazos processuais e zelar pela celeridade dos processos.o Velar por sua reputao pessoal e profissional.o Contribuir para o aprimoramento do MP, das leis e do Direito.o Atuar contra o nepotismo.o Guardar segredo sobre assuntos sigilosos que souber pelo cargo.o Prestar informaes requeridas pelo MP e pelo Conselho do MP.o Participar dos atos judiciais, quando for necessrio ou/e conveniente.

    Atos Incompatveis com o Decoro do Cargo:o Usar de forma abusiva os poderes e prerrogativas do cargo.o Receber honorrios, porcentagens ou custos processuais.

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    o Exercer advocacia.o Participar de sociedade civil ou comercial sob forma proibida na lei.o Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer funo, exceto uma de

    magistrio.o Exercer atividade poltico-partidria.

    Atos Atentatrios ao Decoro do Cargo:

    o Perturbar as reunies ou sesses de rgos colegiados.o Praticar ofensas fsicas ou morais.o Desacatar autoridades ou pessoas com que se relacione em decorrncia do

    cargo.o Usar os poderes e prerrogativas do cargo para constranger algum.o Usar o cargo para obter vantagens ou benefcios.o Usar o cargo para eximir-se de ao legal de outros agentes (carteirada).o Revelar contedo de rgos deliberativos do MP.o Revelar publicamente informao ou documento que esteja sob cuidado de

    outro membro do MP.o Revelar informao ou documento sob segredo de justia.o Deixar de atender pessoas que o procurem em razo de suas atribuies.o Valer-se de informao privilegiada, ainda que depois de sair do cargo.o Utilizar para fins privados de recursos pblicos.o Discriminar pessoas no exerccio do cargo.o Usar de prerrogativas do cargo para assdio.o Praticar incontinncia pblica e escandalosa.o Deixar de lado o interesse pblico.o Trajar-se de forma incompatvel.o Praticar nepotismo.o Provocar ao da Corregedoria ou do Conselho do MP sem razo.o Negligenciar o interesse do MP por outro interesse.o Recusar a desempenhar suas funes.o No residir na sede de onde trabalha, exceto se autorizado.o Deixar de acatar ordens de rgos superiores.o No manter assiduidade e frequncia.o No manter o gabinete organizado.o Deixar de apresentar sua declarao de bens.o Manifestar-se em rede do MP de forma ofensiva.o Deixar de aparecer a evento que gere gastos e que tenha se comprometido a ir.o No zelar pela impessoalidade com a imprensa.o Manifestar-se publicamente para emitir juzo depreciativo sobre o MP ou seus

    servidores.o Receber presentes em razo de sua funo.o Litigar de m f ou para satisfazer interesse pessoal.o Deixar acumular processos sem motivos.o Perder prazos processuais e no zelar pela celeridade processual.o Deixar de comparecer a audincias e atos processuais.o No indicar os fundamentos de suas manifestaes processuais.o Deixar de manter a impessoalidade do servio.o Recusar a prestar informaes sobre processos ou procedimentos.o Usar de recursos para burlar a distribuio dos processos no MP.

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    2 - INTRODUO AO ESTUDO DO DIREITO

    1 INTRODUO CINCIA DO DIREITO

    CONCEITOS INICIAIS

    Disciplina j foi chamada por outros nomes: Introduo ao Direito, Introduo sCincias Jurdicas, Enciclopdia Jurdica, Introduo Geral ao Direito, IntroduoEnciclopdica ao Direito, Introduo ao Direito e s Cincias Sociais, Prolegmenos doDireito, Teoria Geral do Direito, etc.

    Disciplinas que j foram usadas como primeira matria de introduo anteriormente:Direito Natural (1827), Filosofia e Histria do Direito (1891), Enciclopdia Jurdica edepois Filosofia do Direito (1912), Introduo Cincia do Direito (o mesmo que IED1931), IED (1972), Introduo ao Direito (nome oficial a partir de 94).

    Diretrizes Curriculares Nacionais de cursos de graduao em Direito: garantir aosestudantes uma slida formao geral, humanstica e axiolgica, capacidade de anlise,interpretao dos fenmenos jurdicos e sociais, alm do domnio de conceitos e daterminologia jurdica.

    Conceito de Introduo Cincia Jurdica: matria que visa fornecer uma nooglobal de cincia que trata do fenmeno jurdico, propiciando uma compreenso deconceitos jurdicos comuns a todos os ramos do Direito e introduzindo o estudante e ojurista na terminologia tcnico-jurdica.

    CARTER PROPEDUTICO DA INTRODUO CINCIA DO DIREITO

    A disciplina uma matria propeduticaao ensino jurdico, constituindo uma ponteentre o curso mdio e o superior.

    uma enciclopdia, por conter conhecimentos cientficos, abrangendo conhecimentosjurdicos, sociolgicos, histricos e filosficos, essenciais ao incio do estudo da cinciajurdica.

    O ensino de uma cincia pressupe uma disciplina de base, introdutria matria, paraapresentar o objeto de estudo, a delimitao da rea de conhecimento, os fundamentos evalores essenciais.

    A disciplina constitui um sistema de ideias gerais, ocupando uma viso global doobjeto, de forma a oferecer ao estudante uma viso do conjunto.

    A disciplina IED matria de iniciao que fornece noes fundamentais para acompreenso do fenmeno jurdico. uma disciplina que possui de especfico em

    relao s demais a sistematizao dos conhecimentos gerais. Objeto de Estudo: viso global do Direito, indagaes de carter geral comuns s

    diversas reas, conceitos gerais (fato jurdico, relao jurdica, lei, etc. essesconceitos fazem parte do objeto, mas no so todo o objeto, como afirmado naprova anterior). Segundo Paulo Nader, possui trplice objeto: conceitos gerais doDireito, viso do conjunto do Direito e lineamentos da tcnica jurdica.

    CARTER EPISTEMOLGICO DA INTRODUO CINCIA DO DIREITO

    A Introduo Cincia do Direito no cincia, por faltar-lhe unidade de objeto. Trata-se de uma disciplina epistemolgica por: dar uma viso sinttica da cincia

    jurdica, definir e delimitar com preciso os conceitos jurdicos fundamentais,apresentar de modo sinttico as escolas cientfico-jurdicas.

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    IMPORTNCIA COMO ELEMENTO CURRICULAR

    Primeiros contatosdo estudante com o Direito. Elo entreEnsino Mdio e Ensino superior. Adaptao cultural do estudante. Fornece base para o desenvolvimento do raciocnio jurdico, a ser usado em outrasdisciplinas.

    2 CINCIA JURDICA

    DEFINIO E CONCEITOS DE CINCIA JURDICA

    O termo Cincia Jurdica usado tanto de forma ampla para englobar todos osestudos desenvolvidos no Direitoquanto de forma restrita, para se referir a disciplinaDogmtica Jurdica.

    A Dogmtica Jurdica abrange o Direito vigente em determinada sociedade, suainterpretao e aplicao. No de natureza crtica, oferecendo uma viso limitada doDireito, posto que foca apenas no lado positivo.

    Definio de cincia jurdica: o problema central da cincia jurdica adecisibilidade, pois das decises decorrem todas as questes centrais do Direito.

    Funes da cincia jurdica: sistemtica, hermenutica e decisria. Direito no quadro das cincias: TeoriadoDireito: naturalismo jurdico, formalismo

    jurdico (Hans Kelsen) e culturalismo jurdico. Tcnica do Direito: tcnica legislativa,tcnica de interpretao e tcnica de aplicao do direito. Arte ou esttica do direito.tica e direitoteoria do mnimo tico.

    O Direito apresenta conhecimento cientfico, diverso ao conhecimento vulgar. O conhecimento cientficono um saber que se receba pronto e acabado; , isto sim,um saber obtido e elaborado deliberadamente, com conscincia dos fins a que se prope

    e dos meios para efetiv-lo, visando sua justificao como saber verdadeiro ou certo. O conhecimento vulgar, por sua vez, no decorre de uma atividade deliberada;

    mesmo anterior a uma reflexo do pensamento sobre si mesmo e sobre os mtodoscognitivos.

    Logo, em oposio ao saber vulgar, que faz constataes da linguagem cotidiana, acincia um saber metodicamente fundado, demonstrado e sistematizado.

    A cincia , portanto, uma ordem de constataes verdadeiras, logicamenterelacionadas entre si, apresentando a coerncia interna do pensamento consigo mesmo,com seu objeto e com as diversas operaes implicadas na tarefa cognoscitiva. O

    conhecimento cientfico pretende ser um saber coerente. O fato de que cada noo que ointegra possa encontrar seu lugar no sistema e se adequar logicamente s demais aprova de que seus enunciados so verdadeiros. Se houver alguma incompatibilidadelgica entre as ideias de um mesmo sistema cientfico, duvidosas se tornam as referidasideias, os fundamentos do sistema e at mesmo o prprio sistema.

    Sinteticamente podemos dizer que a cincia um complexo de enunciados verdadeiros,rigorosamente fundados e demonstrados, com um sentido limitado, dirigido a umdeterminado objeto. Para que haja cincia, deve haver as seguintes notas: cartermetdico, sistemtico, certo, fundamentado ou demonstrado, limitado ou condicionadoa um certo setor do objeto.

    Classificaes das cincias:o Augusto Comte classificou as cincias em abstratas, tambm designadastericas ou gerais, e concretas, consideradas particulares ou especiais, partindo

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    de trs critrios: a) o da dependncia dogmtica, que consiste em agrupar ascincias, de modo que cada uma delas se baseie na antecedente, preparando aconsequente; b) o da sucesso histrica, que indica a ordem cronolgica deformao das cincias, partindo das mais antigas s mais recentes; e c) o dageneralidade decrescente e da complexidade crescente de cada cincia, que

    procede partindo da mais geral para a menos geral e da menos complexa para amais complexa.o Wilhelm Dilthey, adotando o critrio dicotmico, inspirado na

    classificao de cincia de Ampre, tendo em vista o seu objeto de estudo,distingue: 1) Cincias da natureza, que se ocupam dos fenmenos fsico-naturais, empregando o mtodo da explicao. 2) Cincias do esprito,tambm designadas por cincias humanas ou culturais, que se subdividemem: a) cincias do esprito subjetivo, ou psicolgicas, que estudam oesprito humano no prprio sujeito, isto , tm por objeto o mundo do

    pensamento; b) cincias do esprito objetivo, que consideram o espritohumano nos objetos ou nos produtos culturais, isto , descrevem e analisam

    a realidade histrica e social, produto das aes humanas.o A classificao aristotlica, baseada no critrio da funo de cada cincia,

    subdivide-se em: 1) Cincia terica ou especulativa, que tem por finalidade oprprio conhecimento. As cincias tericas, por sua vez, subdividem-se,conforme o grau de abstrao de cada uma delas, em: a) cincias fsicas ounaturais, que abrangem no s as cincias naturais, propriamente ditas, que sereferem aos seres da natureza, considerados em sua realidade qualitativa equantitativa, fazendo abstrao das diferenas individuais, levando em contaapenas as propriedades comuns a todos os seres da mesma espcie, mastambm as cincias culturais, que se ocupam da natureza transformada eaperfeioada pelo homem; b) cincias matemticas ou formais, atinentes ao

    mundo das quantidades, principalmente ao nmero (aritmtica) e extenso(geometria). Abstraem as diferenas individuais e as qualidades sensveis, paraconsiderar to somente a quantidade de ser, isto , a pura relao quantitativa;c) cincias metafsicas, relativas ao ser enquanto ser, ocupando-se com noesde causa e efeito, essncia e existncia, substncia e acidente, matria e formaetc. Fazem abstrao das diferenas individuais das qualidades sensveis, dosaspectos quantitativos ou formais, para considerarem apenas o "ser" em simesmo. So tambm chamadas ontolgicas. 2) Cincia prtica, que tem porobjeto o conhecimento, para que ele sirva de guia ao ou ao comportamento.As cincias prticas podem ser: a) cincias morais ou ativas, que visam darnormas ao agir, procurando dirigir a atividade interna e pessoal do homem,buscando atingir o bem; b) cincias artsticas, factivas ou produtivas, que tmpor fim dar normas ao fazer, dirigindo a produo de coisas exteriores.Abrangem as artsticas propriamente ditas, que almejam a produo do belo(msica, escultura, pintura etc.), e as tcnicas, que tm por finalidade aproduo do til (engenharia, medicina, arquitetura). Portanto, a arte consideraas coisas exteriores, sob o aspecto da beleza, e a tcnica, sob o da utilidade.

    Como se v, h vrias classificaes de cincia, cada qual observando certo critrio,pois cada filsofo defende sua tbua classificatria sob o prisma que lhe for maisconveniente.

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    DIREITO CINCIA?

    Adeptos do ceticismo cientfico-jurdico negavam o direito como cincia por: a -afirmar que esse no traria conhecimento de ordem sistemtica e b - porque a

    jurisprudncia careceria de liberdade de pensamento, necessria para a cincia

    autntica e co direito seria voltil, podendo ser alterado pelo legislador. No entanto, a corrente majoritria afirma que o Direito cincia, pois possui

    caractersticas de conhecimento cientfico, sistemtico, metodicamente obtido edemonstrado, voltado a um objeto de estudo determinado.

    AS DIVERSAS CINCIAS JURDICAS

    Mtodos Jurdicos: induo(parte do particular para o geral), deduo(parte do geralpara o particular) e analogia(completar lacunas por casos semelhantes).

    As diversas cincias jurdicas: Filosofia do Direito, Dogmtica Jurdica, Sociologia doDireito, Histria do Direito, Poltica do Direito ou Cincias Polticas, Teoria Geral do

    Direito, Cincia Comparada do Direito, Psicologia Forense, Lgica Jurdica.

    3 DEFINIES E ACEPES DA PALAVRA DIREITO

    ORIGENS DO VOCBULO

    Definio Epistemolgica: oriunda do latim directus (conforme a reta, sem inclinaoou desvio), que provem do verbo dirigo que traz a ideia de conduzir, traar, alinhar.

    O vocbulosurgiu na Idade Mdia. No era empregadoesse vocbulo pelos Romanos, que usavam o termo jus, que tem

    um sentido mais restrito.

    PLURALIDADE DE SIGNIFICAES

    Sempre houve ampla divergnciaentre os juristas sobre a definio de Direito. Kantafirmou que os juristas ainda esto a procura de uma definio para Direito. As dificuldades de definio devem-se a natureza metodolgica (primeiro se

    examinar a definio sem antes proceder o exame dos diversos sentidos que o termoencerra) e ao vnculo do jurista s filosofias do Direito(que faz com que cada juristadefina Direito conforme suas inclinaes).

    Em lgica o termo classificado como analgico, pois possui vrios significados, queapesar de se diferenciarem, guardam nexos entre si.

    O vocbulo pode ser usado: em sentido objetivo (como norma de organizao), emsentido subjetivo (poder de agir que a Lei garante), como referncia Cincia doDireito, como equivalente Justia, para fazer aluso ao Direito Positivo, para fazeraluso ao Direito Natural, etc.

    Assim, no possvel uma nica definio de Direito, devendo haver tantasdefinies quanto so os sentidos do vocbulo.

    Pluralidade de sentidos: 1Norma(norma agendi, Direito Positivo x Direito Natural,Direito Estatal x Direito no-Estatal), 2 Faculdade(facultas agendi, Direito interessee Direito funo), 3Justo, 4Cincia, 5Fato Social, 6Acepes secundrias.

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    DEFINIES NOMINAIS

    Procuram explicar o significado da palavra em funo do nome do objeto. Dividem-se em etimolgica e semntica. Definio etimolgica: explica a origem do vocbulo, sua origem (como explicado

    acima). Definio semntica: explica pelos diversos sentidos que a palavra alcana em seu

    desenvolvimento. A palavra Direito ocupou diversos sentidos historicamente: conformea reta, conforme a lei, a prpria lei, conjunto de leis, cincia que estuda a lei, etc.

    As definies nominais no podem ser tomadas como fator decisivo formao doconhecimento. Herman Kantorowicz crtica o excessivo recurso a lexicografia comosendo realismo verbal.

    DEFINIES REAIS OU LGICAS

    A tcnica de definies reais exige a escolha do mtodo adequado. Recorre-se ao gnero prximo da definio. No caso do Direito, o gnero comum

    sua definio est nos instrumentos de controle social: Direito, Moral, Regras deTrato Social e Religio. Aps apontar o ncleo comum, busca-se a diferenaespecfica, aquilo que apenas o Direito possui.

    Exame do ponto de vista objetivo: Direito um conjunto de normas de condutasocial, imposto coercitivamente pelo Estado, para a realizao da segurana,segundo os critrios da Justia.

    Conjunto de Normas de Conduta Social: gnero prximo aos outros instrumentos decontrole social. Normas impe obrigaes apenas do ponto de vista social(do pontode vista da intimidade, temos a Moral e a Religio). Direito sem efetividade letramorta, de forma que haja adeso aos comandos jurdicos.

    Imposto Coercitivamente pelo Estado: diferena especfica para outros instrumentos.Apenas normas jurdicas requerem participao do Estado. A coercitividade, acargo do Estado, uma reserva de fora que exerce intimidao sobre os destinatriosdas normas jurdicas, de forma a convencer aqueles que no querem aderir de formaespontnea.

    Para a realizao da segurana segundo os critrios de justia: o aparato legal deveser instrumento para o bem-estar da sociedade. A justia a causa final do Direito epara alcan-la preciso cultivar-se a segurana jurdica. A justia a constante epermanente vontade de dar a cada um o seu direito(Ulpiano, jurisconsulto romano).

    DEFINIES HISTRICAS

    Pitgoras: mltiplo de si mesmo. Celso: Direito a arte do bom e do justo. Dante Alighieri: Direito a proporo real e pessoal de homem para homem que,

    conservada, conserva a sociedade e que, destruda, a destri. Hugo Grcio: O Direito o conjunto de normas ditadas pela razo e sugeridas pelo

    appetitus societatis. Emmanuel Kant: Direito o conjunto das condies segundo asquais o arbtrio de

    cada um pode coexistir com o arbtrio dos outros, de acordo com uma lei geral de

    liberdade.

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    Rudolph von Ihering: Direito a soma das condies de existncia social, no seuamplo sentido, assegurada pelo Estado atravs da coao.

    Vicente Ro: sistema de disciplina social fundado na natureza humana queestabelecendo nas relaes entre os homens uma proporo de reciprocidade nospoderes e deveres que lhe atribui, regulas as condies existenciais dos indivduos dos

    grupos sociais e, em consequncia, da sociedade mediante normas coercitivamenteimpostas pelo Poder Pblico. Paulo Nader: conjunto de normas de conduta social, imposto coercitivamente pelo

    Estado para a realizao de segurana, segundo os critrios de Justia.

    4 - CONCEITOS JURDICOS FUNDAMENTAIS

    DIREITO PBLICO E DIREITO PRIVADO

    Polmica e tradicional diviso, que apesar de suas deficincias, revela duas tendnciasfundamentaisno estudo do Direito. Distino milenar existente desde os romanos. Teorias:

    o Monista: Kelseno Dualista:

    Substancialistaa ) teorias dos interesses em jogo, b ) teoria do fim Formalista: a) teoria do titular da ao, b) teorias da norma

    distributiva, c) teoria da natureza da relao jurdica)o Trialista

    Segundo Maria Helena Diniz:o Direito Pblico aquele que regula as relaes em que o Estado parte, ou

    seja, rege a organizao e a atividade do Estado considerado em si mesmo(Constitucional), em relao a outro Estado (Internacional), e em suas relaescom os particulares, quando age na tutela do bem coletivo e em razo de seupoder soberano (Administrativo e Tributrio).

    o Direito Privado: disciplina a relao entre particulares, nas quais predomina,de modo imediato, o interesse de ordem privada, como compra e venda, doao,usufruto, casamento, etc.

    ENCICLOPDIA JURDICA

    RAMOS DO DIREITO PBLICO INTERNO

    Direito Constitucional: dispe sobre a estrutura do Estado, define as funes de seusrgose estabelece as garantias fundamentaisda pessoa. Limita a ao do governo,estabelece competncias para os poderes (partes orgnicas da Constituio), criadireito de garantia para as pessoas (parte dogmtica da Constituio).

    Direito Administrativo: conjunto de princpiose normas jurdicasque presidem aofuncionamento das atividades do Estado, organizao e ao funcionamento dosservios pblicos, e s relaes da administrao com os indivduos. Direito dosservios pblicos e as relaes constitudas para sua execuo. Tipos de AtividadeEstatal: Legislativa, Jurisdicional, Administrativa. Princpios Especficos do DireitoAdministrativo: supremacia do interesse pblico sobre o interesse privado eindisponibilidade dos interesses pblicos.

    Direito Tributrio e Financeiro: apesar de ligados, so ramos diferentes. DireitoFinanceiro: toda atividade do estado concernente forma de realizao de receita edespesanecessria execuo de seus fins. Direito Tributrio: normas que aludem,

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    direta ou indiretamente, instituio, arrecadao e fiscalizao de tributos devidos aogoverno pelos cidados (impostos, taxas, contribuies de melhorias, emprstimocompulsrio e contribuies especiais).

    Direito Processual: regula a organizao judiciriae o processo judicial, referente ao de julgar litgios, reintegrando a ordem estatal. Disciplina a formapara fazer atuar

    as normas jurdicase as consequentes relaesdefinidas em outros ramos jurdicos dedireito substantivo. um instrumento de direito substantivo ou material. Todos osseus institutos bsicos (jurisdio, ao, execuo, processo) justificam-se ante anecessidade de garantir a autoridade do ordenamento jurdico-positivo, tornando-oefetivo. Disciplina a atividade dos juzes, dos tribunais ou rgos encarregados dadistribuio da justia, determinando como devem agirpara fazer cumprir a lei que foiviolada.

    Direito Penal: define os crimes, estabelece as penalidadese dispe sobre as medidasde segurana. Evoluo: vingana privada, composio voluntria, composio legal,represso do Estado. Diviso: crime, delito ou contraveno.

    RAMOS DO DIREITO PBLICO EXTERNO

    Direito Internacional Pblico: inicialmente chamado de direito das gentes. Conjuntode normas consuetudinrias e convencionais que regem as relaes, diretas ouindiretas, entre Estados e organismos internacionais (ONU, UNESCO, FAO, OIT,OMS, etc.). Fontes formais: tratados e costumes internacionais. Bases sociolgicas desua existncia: pluralidade de Estados soberanos, comrcio internacional, princpiosjurdicos coincidentes.

    Direito Internacional Privado: regulamenta a relao do Estado com cidados deoutros Estados, dando solues de conflitos de leis no espaoou aos de jurisdio.Coordena as relaes de direito civil e criminal no territrio de um Estadoestrangeiro. Fixa o limite entre o direito local e o direito estrangeiro. Paulo Nader

    afirma que os trs termos tem sido criticados no ttulo desse ramo: Direito (seriaapenas um conjunto de princpios ou normas tcnicas), Internacional(regula apenas osestados internamente e dentro de seus territrios) e Privado (seria ainda direitopblico).

    RAMOS DO DIREITO PRIVADO

    Direito Civil: rege as relaes familiares, patrimoniaise obrigacionaisformadas porindivduos como membros da sociedade. Constituio do homem comum. Objetos deEstudo: 1 Pessoas, bens e fatos jurdicos (matria de interesse comum a outrosramos), 2 Obrigaes, Empresa, Coisas, Famlia, Sucesses (temtica prpria).Princpios fundamentais: personalidade, autonomia da vontade, liberdade de

    estipulao negocial, propriedade individual, intangibilidade familiar, legitimidade daherana e do direito de testar e solidariedade social.

    Direito Comercial ou Empresarial: normas que regem a atividade empresarial(porm no direito dos empresrios propriamente), disciplinando a atividadeeconmica para a produo e circulao de bens ou servios. Disciplina atividade dassociedades empresrias, alm das do comerciante ou empresrio. Evoluo: marco naIdade Mdia, passa pela Idade Moderna, pice na Idade Contempornea (Cdigo deComrcio Francs, Cdigo de Obrigaes Suo, Codigo Civile).

    Direito do Trabalho: Corpo de princpios ou normas jurdicas que ordenam aprestao do trabalho subordinadoou a este equivalente, bem com as relaes e osriscos que dela se originam. Somente considera o trabalho por conta alheia. Suas

    normas no alcanam servidores submetidos ao regime estatutrio e nemprofissionais liberais. considerado por muitos autores como de natureza mista.

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    Miguel Reale entende ser direito pblico e Paulo Nader e Maria Helena Diniz entendemser privado(posio majoritria).

    DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO

    Direito Objetivo: norma agendi, complexo de normas jurdicas que regem ocomportamento humano, nas suas relaes externas e feitas valer pela autoridade doEstado. Sua origem o Estado, razo humana, esprito do povo, prpria vida social, etc.Formas de adquirir eficcia e legitimidade: quando declarada e sancionada peloEstado, representante da vontade geral e quando esta declarao coincide com asnecessidades individuais e com a conscincia comum do povo.

    Direito Subjetivo: facultas agendi, a faculdadeconcedida aos indivduos de agir deconformidade com a norma garantidora de seus fins e interesses, bem como de exigir deoutrem aquilo que, por fora da mesma norma, lhes for devida. Critica-se o termofacultas agendi porque as faculdades humanas no so direitos e sim qualidadesprprias do ser humano, que independem da norma jurdica para sua existncia.

    Espcies de Direitos Subjetivos: comum da existncia( a permisso de fazer ou nofazer, de ter ou no ter algo, sem violao de preceitos normativos casar, trabalhar,etc.), de defender direitos(autorizao para assegurar o uso de direitos subjetivos, demodo que o lesado pode resistir ameaa de seu direito pelas diversas formas legais processar criminosos, reposio de danos). Teorias sobre a natureza do direitosubjetivo: da vontade (Savigny e Windscheid poder da vontade reconhecido pelanorma jurdica), do interesse(Ihering interesse juridicamente protegido por meio deuma ao judicial), mista (Jellinek poder da vontade reconhecido e protegido pelanorma jurdica tendo por objeto um bem ou interesse).

    DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO

    DIREITO NATURAL (JUSNATURALISMO)

    Une todas as ideias histricas ligadas ao Direito Natural. Fundamentos: natureza humana, insuficincia do direito positivo e aspirao de

    justiaque acompanha o homem. O adjetivo natural indica que a ordem de princpios no criada pelo homem e que a

    ordem de princpios no criada pelo homem e que expressa algo espontneo, reveladopela prpria natureza. Decorre de simples observao de fatos concretos que envolvemo homem e no meras abstraes.

    Origem: natureza humana em sua dimenso social. Elementos essenciais: 1) universalidade(comum a todos os povos); 2) perpetuidade

    (vlido para todas as pocas); 3) imutabilidade (da mesma forma que a naturezahumana, o Direito Natural no se modifica); 4) indispensabilidade ( um direitoirrenuncivel); 5) indelebilidade (no sentido que no podem os direitos naturais seresquecidos pelo corao e conscincia dos homens); 6) unidade (porque igual paratodos os homens); 7) obrigatoriedade (deve ser obedecido por todos os homens); 8)necessidade (nenhuma sociedade pode viver sem o Direito Natural); 9) validez (seusprincpios so vlidos e podem ser impostos aos homens em qualquer situao em quese encontrem).

    O raciocnio que nos conduz ideia do Direito Natural parte do pressuposto de que todoser dotado de uma naturezae de um fim. A natureza, ou seja, as propriedades quecompem o ser, define o fim a que este tende a realizar. Para que as potncias ativas do

    homem se transformem em ato e com isto ele desenvolva, com inteligncia, o seu papelna ordem geral das coisas, indispensvel que a sociedade se organize com

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    mecanismos de proteo natureza humana. Esta se revela, assim, como a grandecondicionante do Direito Positivo.

    Como destinatrio do Direito Natural, o legislador deve ser, ao mesmo tempo, umobservador dos fatos sociaise um analista da natureza humana. Para que as leis e oscdigos atinjam a realizao da justia - causa final do Direito - indispensvel que se

    apoiem nos princpios do Direito Natural. A partir do momento em que o legislador sedesvincular da ordem natural, estar instaurando uma ordem jurdica ilegtima. Odivrcio entre o Direito Positivo e o Natural cria as chamadas leis injustas, que negamao homem o que lhe devido.

    O jusnaturalismo atual concebe o Direito Natural apenas como um conjunto de amplosprincpios, a partir dos quais o legislador dever compor a ordem jurdica. Osprincpios mais apontados referem-se ao direito vida, liberdade, participao navida social, unio entre os seres para a criao da prole, igualdade deoportunidades.

    Tradicionalmente os autores indicam trs caracterespara o Direito Natural: ser eterno,imutvel e universal; isto porque, sendo a natureza humana a grande fonte desses

    Direitos, ela , fundamentalmente, a mesma em todos os tempos e lugares. Para os jusnaturalistas, o Direito Positivo, isolado, por si s, desprovido de uma base

    filosfica superior, no constitui cincia, revela-se apenas numa arte de interpretar eaplicar leis (tal como a Histria que, sem uma referncia superior, torna-se apenas numaestril narrativa dos acontecimentos). Por outro lado, Bentham, Austin, Kelsen, Weber eHart publicaram, todos, textos que refutam por completo a teoria de uma suposta leinatural.

    O Direito Natural intrnseco Moral. O Direito Natural pode ser reduzido aos primeiros princpios de moralidade, tal

    como: deve-se praticar o bem e evitar o mal. Crticas ao Direito Natural:

    oNo direito nem natural.o Segundo o positivismo, trata-se apenas de uma ideia metafsica.

    o Segundo a escolha histrica o Direito produto da histria e no algoimutvel.

    o O direito natural carece de eficcia, ao contrrio do direito positivo, pois odireito natural pode ser negado prontamentecomo muitas vezes foipor umanorma positiva (oriunda do Legislativo). Seria fechar os olhos para a Histria seachar que o direito natural se sobrepe sempre aos ditames da lei.

    o O direito natural no tem o condo de alcanar o objetivoque alcanadonos sistemas jurdicos positivos: garantir a paz e a segurana.

    o O direito positivo adentrou, pouco a pouco, campos que at ento eramatribudos com exclusividade ao direito natural.

    o Segundo Bobbio, a noo de natureza de tal modo varivel e equivocadaque j se consideraram como naturais direitos diametralmente opostos.

    Novas Concepes do Direito Natural: a um conjunto de princpios e nonormativo e sistematizado, b apresenta contedo progressivo para acompanhar asnovas exigncias da pessoa humana, capresenta correspondncias com os direitos dohomem.

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    DIREITO POSITIVO (JUSPOSITIVISMO)

    Regras obrigatrias do direito que cada pas adota. Dentre os diversos sistemas,destacam-se os sistemas romano, germnico, anglo-americano, sovitico, muulmano,hindu, israelita, etc. O positivismo jurdico rejeita todos os elementos abstratos na

    concepo de direito, a comear pelo Direito Natural. Para essa corrente de pensamento o objeto da Cincia do Direito tem por misso estudar

    as normas que compem a ordem jurdica vigente . A sua preocupao com oDireito existente. Nessa tarefa o investigador dever utilizar apenas os juzos deconstatao ou de realidade, no considerando os juzos de valor. Em relao justia, a atitude positivista a de um ceticismo absoluto. Por consider-la um idealirracional, acessvel apenas pelas vias da emoo, o positivismo se omite em relao aosvalores. Para o positivismo jurdico s existe uma ordem jurdica: a comandada peloEstado e que soberana.

    Caractersticas essenciais do normativismo jurdico de Hans Kelsen (Teoria Purado Direito): direito como norma jurdica desvinculada de aspectos sociais e valorativos,

    pirmide jurdica e norma fundamental hipottica. Crticas ao Juspositivismo:

    o Autoritarismo: Alguns autores destacam que o Positivismo tem umapreocupao excessiva com a lei, independentemente de seu contedo. Assim,esta corrente (ou algumas que, do tronco, se ramificam) seria uma porta abertapara regimes totalitrios, seja no comunismo, nazismo ou fascismo.

    o No atende aos anseios sociais e sentimento de justia.o Para alguns positivistas legalistas, o Direito no mais do que um conjunto de

    regras ou normas. Ora, se observarmos as diferentes sociedades, constataremosque h Direito que no regra ou norma; eis que existe o direitoconsuetudinrio, direito jurisprudencial e doutrinrio.

    oAlguns crticos fixam a ideia de que o conceito de norma fundamental, nateoria de Kelsen, obscuro.

    o Alguns autores evidenciam que nada impediria que as normas naturais fossemaquela que efetivamente dotasse de validade o sistema; ou seja: nada impedeque fossem as normas naturais as formadoras do todo (nomeadamente, osistema jurdico, ao invs do preceito hipottico cogitado por Kelsen).

    o Se no existe, de fato, um Direito Natural, toda e qualquer lei (inclusiveaquelas que emanam do tirano) justa. H aes humanas como o roubo,estupro que so, essencialmente, injustas. Assim, o fato de seremreconhecidamente injustas precede a prpria lei. Logo, ho de encontrarfundamento na natureza, assim o reconhecimento de uma lei natural patente;

    o At mesmo aquele que mata, estupra, rouba, no ntimo possui conscinciadoato. Essa conscincia, tanto do indivduo como da sociedade, s pode ser frutode um Direito Natural, reconhecido por todos (como salientou Aristteles);

    o Se no h um Direito Natural, torna-se impossvel a existncia do DireitoInternacional, uma vez que o fundamento do Direito Internacional estaria noDireito Natural;

    o O Direito Natural fundamenta o Direito Positivo. Se no houvesse umDireito Natural, o Direito Positivo deixaria de existir. A lei natural precedequalquer lei civil; perene, imutvel. A lei civil encontra nela o seufundamento de validade, caso contrrio no seria reconhecida ou sequeraplicada.

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    6 TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO

    A IMPORTNCIA DOS ESTUDOS DE REALE

    Apesar de o tridimensionalismo estar implcito na obra de vrios autores, como a deEmil Lask, Gustav Radbruch, Roscoe Pound e em todas as concepes culturalistas doDireito, justamente com Miguel Reale que encontra a sua formulao ideale que ocredencia como rigorosa teoria.

    O fenmeno jurdico, qualquer que seja a sua forma de expresso, requer a participaodialtica do fato, valor e norma. A originalidade do professor brasileiro est namaneira como descreve o relacionamentoentre os trs componentes. Enquanto quepara as demais frmulas tridimensionalistas, denominadas por Reale genricas ouabstratas, os trs elementos se vinculam como em uma adio, quase sempre comprevalncia de algum deles, em sua concepo, chamada especifica ou concreta, arealidade ftico-axiolgico-normativa se apresenta como uma unidade, havendo nostrs fatores uma implicao dinmica. Cada qual se refere aos demais e por isso s

    alcana sentido no conjunto. As notas dominantes do fato, valor e norma esto,respectivamente, na eficcia, fundamentoe vigncia.

    Para Miguel Reale toda experincia jurdica pressupe sempre trs elementos: fato,valor e norma, ou se a um elemento de fato ordenado valorativamente em um processonormativo. O Direito no possui uma estrutura simplesmente factual, como querem ossocilogos; valorativa, como proclamam os idealistas; normativa, como defendem osnormativistas. Essas vises so parciais e no revelam toda a dimenso do fenmenojurdico.

    A influncia de Miguel Reale na filosofia brasileira, de um modo geral, e em particularna filosofia do Direito, tem as suas causas, em primeiro lugar, na preciso, rigor lgicoe originalidade de sua extensa produo cientfica e, de outro, por sua intensa

    participao na vida cultural brasileira, seja na condio de presidente do InstitutoBrasileiro de Filosofia, seja como professor titular de Filosofia do Direito e ex-Reitor daUniversidade de So Paulo. Esse conjunto de fatores levou-o a uma ascendncia naturalsobre os pensadores nacionais, sobretudo, a partir do terceiro quartel de nosso sculo.Em funo de Reale, o pensamento jurdico-filosfico brasileiro comeou a dependermenos das fontes externas de conhecimento e a explorar mais o seu potencial criador.

    FATO, VALOR E NORMA

    Fato: o acontecimento socialreferido pelo Direito objetivo. o fato interindividualque envolve interesses bsicos para o homem e que por isso enquadra-se dentro dos

    assuntos regulados pela ordem jurdica. Por esse prisma, temos a Histria, Sociologia eEtnologia Jurdica; Filosofia do Direito, no setor da Culturologia Jurdica.

    Valor: o elemento moraldo Direito, o ponto de vista sobre a justia. Toda obrahumana impregnada de sentido ou valor. Nesse enfoque temos Deontologia Jurdica ePoltica Jurdica.

    Norma: a regra do Direito Positivo. Por esse enfoque, temos Dogmtica Jurdica eFilosofia do Direito.

    Definio de Direito de Reale: realidade histrico-cultural tridimensional, ordenada deforma bilateral atributiva, segundo valores de convivncia. O Direito fenmenohistrico, mas no se acha inteiramente condicionado pela histria, pois apresenta umaconstante axiolgica. O Direito uma realidade cultural, porque o resultado da

    experincia do homem. A bilateralidade essencial ao Direito. A bilateralidade-

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    atributiva especfica do fenmeno jurdico, de vez que apenas ele confere apossibilidade de se exigir um comportamento.

    7 INSTRUMENTOS DE CONTROLE SOCIAL

    SOCIEDADE E DIREITO

    A prpria constituio fsica do ser humano revela que ele foi programado paraconvivere se completar com outro ser de sua espcie. A prole, decorrncia natural daunio, passa a atuar como fator de organizao e estabilidade do ncleo familiar. Opequeno grupo, formado no apenas pelo interesse material, mas pelos sentimentos deafeto, tende a propagar-se em cadeia, com a formao de outros pequenos ncleos, atse chegar constituio de um grande grupo social.

    Examinando o fenmeno da sociabilidade humana, Aristteles considerou o homemfora da sociedade um bruto ou um deus, significando algo inferior ou superior condio humana. O homem viveria como alienado, sem o discernimento prprio ou, nasegunda hiptese, viveria como um ser perfeito, condio ainda no alcanada por ele.

    So Toms de Aquino, estudando o mesmo fenmeno, enumerou trs hipteses para avida humana fora da sociedade: mala fortuna(infortnio, o isolamento se d em casosde naufrgio ou em situaes anlogas, como a queda de um avio em plena selva),corruptio naturae(alienao mental, o homem, desprovido de inteligncia, vai viverdistanciado de seus semelhantes) e excellentia naturae(grande espiritualidade, comoSo Simeo, chamado Estilita por tentar isolar-se, construindo uma alta coluna, notopo da qual viveu algum tempo).

    O estado de natureza: na sociedade que o homem encontra o ambiente propcio aoseu pleno desenvolvimento. Qualquer estudo sobre ele h de revelar o seu instinto devida gregria. O pretenso estado de natureza, em que os homens teriam vivido emslido, originariamente, isolados uns dos outros, mera hiptese, sem apoio naexperincia e sem dignidade cientfica. O seu estudo, entretanto, presta-se a finscientficos, conforme revela Del Vecchio. Atravs dessa hiptese se chegar, comargumentao a contrrio, comprovao de que fora da sociedade no h condies devida para o homem. Acrescenta o mestre italiano que a mesma prtica poderia seradotada por um cientista da natureza, com relao, por exemplo, lei da gravidade.Explicar as coisas do mundo, com abstrao desta lei, seria um meio de demonstrar aimprescindibilidade desta.

    A interao socialse apresenta sob as formas de cooperao, competioe conflitoeencontra no Direito a sua garantia, o instrumento de apoio que protege a dinmica dasaes.

    O Direito est em funo da vida social. A sua finalidade a de favorecer o amplorelacionamentoentre as pessoas e os grupos sociais, que uma das bases do progressoda sociedade. Ao separar o lcito do ilcito, segundo valores de convivncia que aprpria sociedade elege, o ordenamento jurdico torna possveis os nexos decooperao, e disciplina a competio, estabelecendo as limitaes necessrias aoequilbrio e justia nas relaes. Em relao ao conflito, a ao do Direito se opera emduplo sentido. De um lado, preventivamente, ao evitar desinteligncias quanto aosdireitos que cada parte julga ser portadora. Isto se faz mediante a exata definio doDireito, que deve ter na clareza, simplicidade e conciso de suas regras, algumas desuas qualidades. De outro lado, diante do conflito concreto, o Direito apresentasoluo de acordo com a natureza do caso, seja para definir o titular do direito,

    determinar a restaurao da situao anterior ou aplicar penalidades de diferentes tipos.

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    O silogismo da sociabilidade expressa os elos que vinculam o homem, a sociedade e oDireito: Ubi homo, ibi societas; ubi societas, ibi jus; ergo, Ubi homo, ibi jus (onde ohomem, a a sociedade; onde a sociedade, a o Direito; logo, onde o homem, a oDireito).

    A sociedade sem o Direito no resistiria, seria anrquica, teria o seu fim. O Direito agrande coluna que sustenta a sociedade. Criado pelo homem, para corrigir a suaimperfeio, o Direito representa um grande esforo, para adaptar o mundo exteriors suas necessidades de vida.

    Direito e Fato Social: Direito e sociedade so entidades congnitas e que sepressupem. O Direito no tem existncia em si prprio. Ele existe na sociedade. Asua causa material est nas relaes de vida, nos acontecimentos mais importantes paraa vida social. A sociedade, ao mesmo tempo, fonte criadora e rea de ao do Direito,seu foco de convergncia. Existindo em funo da sociedade, o Direito deve serestabelecido sua imagem, conforme as suas peculiaridades, refletindo os fatos sociais.

    Atento aos reclamos e imperativos do povo, o legislador deve captar a vontade coletivae transport-la para os cdigos. Assim formulado, o Direito no produto exclusivo da

    experincia, nem conquista absoluta da razo. O povo no seu nico autor e olegislador no extrai exclusivamente de sua razo os modelos de conduta. O concursodos dois fatores indispensvel concreo do Direito.

    Meta do Direito: promover o bem comum, que implica justia, segurana, bem-estar eprogresso. O Direito, na atualidade, um fator decisivo para o avano social. Alm degarantir o homem, favorece o desenvolvimento da cincia, da tecnologia, da produodas riquezas, o progresso das comunicaes, a elevao do nvel cultural do povo,promovendo ainda a formao de uma conscincia nacional.

    SANO E COAO

    Sano: medida punitiva para a hiptese de violao de normas. Coao: reserva de fora a servio do Direito. Sano Premial: benefcio conferido pelo ordenamento como incentivo ao

    cumprimento de determinada obrigao. Uma das indagaes polmicas que se apresentam na teoria do Direito refere-se

    questo se a coao ou no elemento essencial ao Direito. A corrente que responde negativamente entende que a nota essencial a

    atributividade, ou seja, o fato de o Direito Positivo conceder, ao sujeito ativo de umarelao jurdica, o poder de agir e de exigir do sujeito passivo o cumprimento da suaobrigao. Argumentam que atributividade caracterstica exclusiva do Direito, nopresente em qualquer outra espcie normativa. Considerando que o normal, na vida do

    Direito, o acatamento espontneo s normas jurdicas, no admitem que o elementocoao possa ser essencial ao fenmeno jurdico. Se a coao somente acionadaexcepcionalmente, um fator contingente, no necessrio. Essencial uma qualidadeque no pode faltar a um objeto, sob pena de no existir como tal.

    Entre os muitos autores que defendem opinio contrria, destacamos Ihering, paraquem o Direito, sem a coao, um fogo que no queima; uma luz que no ilumina.

    Paulo Nader: Concordamos com o argumento global dos que, sob os argumentosapresentados, negam coao a condio de elemento essencial ao Direito.Entendemos, contudo, que essencial ao Direito a coercibilidade, isto , a possibilidadede o mecanismo estatal utilizar a fora a servio das instituies jurdicas. Acoercibilidade a coao em estado de potncia e no em ato. No contingente, pois,

    como possibilidade, existe sempre, permanente.

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    DIREITO E RELIGIO

    Aspectos Histricos: No pensamento antigo, a Religio exercia domnio absolutosobre as coisas humanas. Direitoera considerado como expresso da vontade divina.A laicizao do Direito recebeu um grande impulso no sc. XVII, atravs de Hugo

    Grcio, que pretendeu desvincular a idia do Direito Natural, de Deus. A sntese de seupensamento est expressa na frase categrica: O Direito Natural existiria, mesmo queDeus no existisse ou, existindo, no cuidasse dos assuntos humanos. O movimento deseparao entre o Direito e a Religio cresceu ao longo do sc. XVIII, especialmente naFrana, nos anos que antecederam a Revoluo Francesa. Vrios institutos jurdicos sedesvincularam da Religio, como a assistncia pblica, o ensino, o estado civil.Modernamente, os povos adiantados separaram o Estado da Igreja, ficando, cada qual,com o seu ordenamento prprio. Alguns sistemas jurdicos, contudo, continuam a serregidos por livros religiosos, notadamente no mundo muulmano. No incio de 1979, oIr restabeleceu a vigncia do Alcoro, livro da seita islmica, para disciplinar a vida doseu povo.

    Convergncias: vivncia do bem (maior deles), interesse pelo conceito de Justia (quea religio analisa de forma mais ampla).

    Diferenas: Direito exige alteridade (ao contrrio da Religio), Direito tem como metaa segurana (que a Religio considera como sendo inatingvel).

    CONCEITOS PRINCIPAIS DO LIVRO A CIDADE ANTIGA DE FUSTEL DECOULANGES PARA A PROVA

    Os antigos acreditavam que depois da morte havia uma segunda existncia, na qual aalma ficava ainda unida ao corpo. A alma no se separava do corpo na sepultura.

    Quando sepultavam algum, acreditavam enterrar algo vivo. Era costume, no fim dacerimnia fnebre, chamar trs vezes a alma do morto pelo nome do falecido,

    desejando-lhe vida feliz sobre a terra. Acreditava-se to firmemente que ali vivia umhomem, que nunca deixavam de enterrar junto com o corpo objetos que supunham ser-lhe necessrios, como vestidos, vasos e armas.

    Para que a alma se mantivesse nessa morada subterrnea, necessria para sua segundavida, era preciso que o corpo, ao qual permanecia ligada, fosse coberto de terra. Aalma que no possua sepultura no possua morada, e ficava errante. Em vo aspiravaao repouso, que deveria desejar depois das agitaes e trabalhos desta vida; e eraobrigada a errar sempre, sob a forma de larva ou de fantasma, sem se deter jamais, esem receber nunca as ofertas e alimentos de que necessitava. Como era infeliz, logo setornava perversa. Atormentava os vivos, provocava-lhes doenas, destrua colheitas,assustava-os com aparies lgubres, a fim de fazer com que dessem sepultura a seu

    corpo e a si mesma. V-se claramente, pelos escritores antigos, como o homem era atormentado pelo medo

    de que, depois de sua morte, no fossem observados os devidos ritos. Essa era umafonte de inquietudes pungentes. Temia-semenos a morte que a privao da sepultura,pois desta ltima dependia o repouso e felicidade eterna.

    Somente posteriormente passou-se a imaginar que houvesse uma outra morada dosmortos, como Trtaro ou Campos Elseos. Mas as primeiras crenas foram de que omorto continuasse nesse mundo, ligado a sua sepultura.

    A criatura que vivia debaixo da terra no estava to livre de sua condio humana parano ter necessidade de alimentos. Assim, em determinados dias do ano, levava-se umarefeio a cada tmulo.

    Essas crenas dirigiram as sociedades, e a maior parte das instituies domsticas esociais dos antigos nelas tiveram sua origem.

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    Desde que o morto tinha necessidade de alimento e de bebida, pensou-se que era deverdos vivos satisfazer s suas necessidades. O cuidado de levar alimentos aos mortosno foi abandonado ao capricho, ou aos sentimentos mutveis dos homens; eraobrigatrio.

    Os mortos eram considerados criaturas sagradas. Os antigos davam-lhes os eptetosmais respeitosos que podiam encontrar; chamavam-nos de bons, de santos, de bem-aventurados. Tinham por eles toda a venerao que o homem pode ter para com adivindade, que ama e teme. Segundo seu modo de pensar, cada morto era um deus.

    Essa espcie de apoteose no era privilgio dos grandes homens; no se faziamdistines entre os mortos. No era necessrio ter sido um homem virtuoso; o mautornava-se deus tanto quanto o homem de bem; apenas continuava, nessa segundaexistncia, com todas as ms inclinaes que tivera na primeira.

    Os gregos e romanos tinham exatamente as mesmas opinies. Se deixassem de ofereceraos mortos o banquete fnebre, logo estes saam de seus tmulos, e, como sombraserrantes, ouviam-nos gemer na noite silenciosa. Censuravam os vivos por sua impiedosanegligncia; procuravam ento castig-los, mandavam-lhes doenas, ou castigavam-lhes

    as terras com a esterilidade. Enfim, no davam descanso aos vivos at o dia em quevoltassem a oferecer-lhes o banquete fnebre. Essas almas humanas, divinizadas pela morte, eram as que os gregos chamavam de

    demniosou de heris. Os latinos chamavam-nas de lares, manesou gnios. Essa religio dos mortos parecia ser a mais antiga existente entre os homens. Antes de

    conceber ou adorar Indra ou Zeus, o homem adorou os mortos; teve medo deles,dirigiu-lhes preces. Parece que essa a origem do sentimento religioso.

    O fogo sagrado: A casa do grego ou do romano obrigava um altar; sobre esse altardevia haver sempre um pouco de cinza e carves acesos. Era obrigao sagrada, para ochefe de cada casa, manter aceso o fogo dia e noite. Cada noite cobriam-se de cinza oscarves, para impedir que se consumissem por completo; pela manh, o primeiro

    cuidado era reavivar o fogo, e aliment-lo com ramos. O fogo no cessava de brilhardiante do altar seno quando se extinguia toda uma famlia; a extino do fogo e dafamlia eram expresses sinnimas entre os antigos.

    No era permitido alimentar esse fogo com qualquer espcie de madeira; a religiodistinguia, entre as rvores, as que podiam ser usadas para esse fim, e aquelas cujo usoera taxado de impiedade. A religio ordenava tambm que o fogo se mantivesse semprepuro, o que significava, no sentido literal, que nenhum objeto impuro podia ser lanadonele, e, no sentido figurado, que nenhuma ao pecaminosa devia ser cometida em suapresena.

    Havia um dia do ano, que entre os romanos era o 1. de maro, em que cada famliadevia extinguir o fogo sagrado, e acender imediatamente outro. Mas para acender esse

    fogo havia ritos que deviam ser observados escrupulosamente. Sobretudo, devia-seevitar o uso de pedras e metais para consegui-lo. A nica maneira permitida consistiaem concentrar sobre um ponto qualquer os raios do sol, ou esfregar rapidamente doispedaos de madeira de determinada espcie para conseguir uma fagulha. Essasdiferentes regras provam satisfatoriamente que, na opinio dos antigos, no se tratavaapenas de produzir ou conservar um elemento til e agradvel; aqueles homens viamalgo mais, no fogo que ardia em seus altares.

    Portanto, o deus do fogo era a providncia da famlia. Seu culto era muito simples. Aprimeira regra era manter continuamente sobre o altar alguns carves acesos, porque, seo fogo se extinguia, um deus deixava de existir. Em certas horas do dia alimentavam-nocom ervas secas e lenha; ento o deus se manifestava em chamas brilhantes. Ofereciam-lhe sacrifcios, mas a essncia de qualquer sacrifcio era manter e aliviar o fogo sagrado,nutrir e fazer crescer o corpo do deus.

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    O que os antigos chamavam de lares, ou heris, no eram outros seno as almas dosmortos, s quais os homens atribuam poder sobre-humano e divino. A lembrana deum desses mortos sagrados estava sempre ligada ao fogo. Adorando a um, no sepodia esquecer a outro. Estavam unidos no respeito dos homens e em suas preces. Osdescendentes, quando falavam do fogo sagrado, lembravam constantemente o nome do

    antepassado. A religio domstica: a religio dos primeiros tempos no era destinada a apenas um

    deus (todos os antepassados eram como deuses) e os deuses no aceitavam a adoraode todos os homens, mas apenas de seus descendentes.

    O culto dos mortos de nenhum modo se assemelha ao que os cristos dedicam aossantos. Uma das primeiras regras desse culto era que no podia ser observado senopelos familiaresde cada modo. Os funerais no podiam ser religiosamente observadosseno pelo parente mais prximo. Quanto ao banquete fnebre, que depois se celebravaem pocas determinadas, apenas a famlia tinha o direito de assisti-lo, e os estranhoseram severamente excludos. Acreditava-se que o morto no aceitava a oferta seno damo dos parentes, no queria o culto seno de seus descendentes. A presena de um

    homem que no pertencesse famlia perturbava o repouso dos manes. A lei, portanto,proibia aos estranhos aproximar-se de um tmulo. Por essa razo na Grcia e em Roma, como na ndia, o filho tinha odever de fazer

    libaes e sacrifcios aos manes do pai e de todos os ancestrais . Faltar a esse deverera a mais grave impiedade que se podia cometer, pois a interrupo desse cultoprovocava uma srie de mortes, e destrua a felicidade. Tal negligncia era consideradaverdadeiro parricdio, multiplicado tantas vezes qu