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Raquel Feldman Bielecki Padovani - RA: 1032216 Anos 2000 – A televisão em convergência A evolução dos suportes tecnológicos para a comunicação audiovisual fez com que a televisão brasileira, a partir do ano 2000, investisse em modelos interativos em sua programação. Com a produção dos primeiros programas em alta definição houve uma aproximação da produção televisiva com a cinematográfica, além disso foi nessa década que se iniciou a convergência entre a televisão e internet através de portais e blogs com conteúdo extra. Essa nova relação estabelecida entre a televisão e a internet permitiu a criação de uma narrativa transmidiática, que permite ao espectador entrar em contato com a obra através de múltiplas plataformas, ampliando assim a sua experiência. No início da televisão brasileira ainda não havia uma indústria cinematográfica sólida no Brasil. Em 1969, após o AI – 5, o regime militar investiu na produção cinematográfica com a criação da Embrafilme, porém a classe representante não se sentiu à vontade para produzir conteúdo sob o controle do regime militar. Em 1977 a Embrafilme lançou o financiamento para a produção de pilotos televisivos, porém fracassou novamente pois os produtores desconfiaram que aproximação militar tinha como objetivo dominar a programação da televisão. Em 1970 a TV Globo firma acordo com o grupo Time Life, o que permitiu a aquisição de seus recursos técnicos e a construção de seu padrão de qualidade. Foi através desse padrão de qualidade que a emissora se tornou hegemônica na produção do conteúdo televisivo nacional. Em 1972 a ICB inicia uma tentativa de aproximação à TV Globo para a produção cinematográfica, porém Roberto Marinho decide não se vincular a ela por possuir interesses relacionados a Motion Picture Association.

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Raquel Feldman Bielecki Padovani - RA: 1032216

Anos 2000 – A televisão em convergência

A evolução dos suportes tecnológicos para a comunicação audiovisual fez com que a televisão brasileira, a partir do ano 2000, investisse em modelos interativos em sua programação.Com a produção dos primeiros programas em alta definição houve uma aproximação da produção televisiva com a cinematográfica, além disso foi nessa década que se iniciou a convergência entre a televisão e internet através de portais e blogs com conteúdo extra.Essa nova relação estabelecida entre a televisão e a internet permitiu a criação de uma narrativa transmidiática, que permite ao espectador entrar em contato com a obra através de múltiplas plataformas, ampliando assim a sua experiência.No início da televisão brasileira ainda não havia uma indústria cinematográfica sólida no Brasil. Em 1969, após o AI – 5, o regime militar investiu na produção cinematográfica com a criação da Embrafilme, porém a classe representante não se sentiu à vontade para produzir conteúdo sob o controle do regime militar. Em 1977 a Embrafilme lançou o financiamento para a produção de pilotos televisivos, porém fracassou novamente pois os produtores desconfiaram que aproximação militar tinha como objetivo dominar a programação da televisão.Em 1970 a TV Globo firma acordo com o grupo Time Life, o que permitiu a aquisição de seus recursos técnicos e a construção de seu padrão de qualidade. Foi através desse padrão de qualidade que a emissora se tornou hegemônica na produção do conteúdo televisivo nacional. Em 1972 a ICB inicia uma tentativa de aproximação à TV Globo para a produção cinematográfica, porém Roberto Marinho decide não se vincular a ela por possuir interesses relacionados a Motion Picture Association. Em 1980 a Embrafilme é extinta durante o governo Collor e durante a década de 90 há uma reaproximação entre a televisão e o cinema. No ano 2000 ocorrem dois fatos marcantes para a produção nacional: a expansão da Globo Filmes e a criação do DOC TV, pelo Ministério da Cultura. Ambas tinham como objetivo a produção nacional em busca de sua identidade. A influência da TV Globo na produção cinematográfica brasileira é notável, além de contar com o elenco e criadores da casa, é através de sua presença na televisão que há a grande divulgação de seus filmes sendo esse espaço fornecido a sua principal moeda de troca em suas produções.A partir da década de 90 o núcleo de Guel Arraes passa a sentir as ameaças das emissoras concorrentes no ibope, o que fez com que muitos dos membros retornassem ao cinema. Produções como “Auto da Compadecida” e “A Invenção do Brasil” originalmente minisséries feitas para a televisão foram remontadas para o cinema. Foi o próprio Guel Arraes que viabilizou a parceria da Rede Globo com produtoras independentes, como a O2, que resultou na criação, entre outros, de séries e filmes como “Cidade dos Homens”.Essa aproximação entre a televisão e o cinema provoca a discussão sobre o agendamento, pois filmes com a temática da violência, como “Tropa de Elite”, se tornaram pauta em todas as mídias o que acabou por enfatizar a sua divulgação.

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O sucesso dessas parcerias estimulou outras emissoras a seguirem o mesmo caminho como a Band Filmes, SBT Filmes e Record Filmes.A aproximação entre o Estado e o documentário audiovisual obteve seu maior êxito com a criação do Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário Brasileiro (DOV TV). Esse programa lançou concursos públicos em 20 estados brasileiros para a produção de documentários que seriam exibidos na TV Cultura em 2004. Alguns dos principais objetivos do programa eram a valorizar a cultura regional e incentivar parcerias entre produtoras independentes e emissoras públicas. Em sua primeira edição os documentários apresentaram falta de criatividade estética e formatos inovadores, porém nas edições seguintes esse problema foi contornado com o apoio de grandes documentaristas brasileiros na discussão dos projetos tornando o DOC TV exemplo para a criação de projetos similares em outros países como México e Colômbia. Através da pervasividade, ou seja, a disseminação de suportes tecnológicos que permitem o acesso do espectador ao conteúdo narrativo em diferentes meios, o conteúdo televisivo passa a ser repensado. Com a migração do público televisivo para a internet, as emissoras passam a produzir conteúdos extras, como portais e blogs, que permitem ao espectador uma maior participação tanto na narrativa quanto em seu processo criativo. Essa interação teve em seu princípio programas como “Você Decide” e “Intercine”, que permitiam ao público votar através de telefonemas nas suas preferências. Essa interação caracteriza a transição do papel do espectador de atividades seqüenciais para atividades simultâneas, ou seja, o espectador passa a participar da narrativa enquanto a assiste. Com a evolução das tecnologias digitais, espera-se que o próximo passo seja a experiência combinada onde o espectador poderá assistir e interagir em um mesmo ambiente. Atualmente observa-se a interação do público através não somente de telefonemas, mas por sms, e principalmente através da internet por meio de redes sociais como o Twitter. Essa pervasividade estimula a criação de subprodutos da narrativa, como programas dedicados aos bastidores e a discussão dos temas abordados na ficção televisiva em programas jornalísticos e revistas eletrônicas criando-se assim uma nova cultura de consumo.