[resumo] (2015-11-09) educação de adolescentes privados de liberdade

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1 TRABALHOS CIENTÍFICOS, RELATOS DE EXPERIÊNCIAS E PÔSTERES II ALFAeEJA

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Page 1: [Resumo] (2015-11-09) Educação de Adolescentes Privados de Liberdade

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TRABALHOS CIENTÍFICOS, RELATOS DE EXPERIÊNCIAS E

PÔSTERES

II ALFAeEJA

Eliseu
Texto
FONTE: http://media.wix.com/ugd/795c76_63ad90c4bb7d4fd0895cd7ab756b35f7.pdf (19/11/2015)
Page 2: [Resumo] (2015-11-09) Educação de Adolescentes Privados de Liberdade

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COORDENAÇÃO GERAL DO ENCONTRO:

Tânia Regina Dantas-Coordenadora do Programa MPEJA

VICE-COORDENAÇÃO DO ENCONTRO:

Patrícia Lessa-Docente MPEJA

VICE COORDENAÇÃO do Programa MPEJA:

Maria Olívia Matos De Oliveira

COMISSÃO ORGANIZADORA

COORDENADORAS:

Tânia Regina Dantas (UNEB)

Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin (UFSC)

Profª. Drª. Graça dos Santos Costa – (UNEB/MPEJA)

Profª. Drª. Érica Valéria Alves – (UNEB/MPEJA)

Profª. Drª. Maria Sacramento Aquino – (UNEB/MPEJA)

Prof.ª Drª. Maria Olivia Matos Oliveira – (UNEB/MPEJA)

Prof. Dr. Roberto Sidnei Alves Macedo – (UFBA/MPEJA)

Prof. Dr. Antonio Amorim – (UNEB/MPEJA)

Prof. Dr. Antonio Pereira – (UNEB/MPEJA)

Profª. Drª. Patricia Lessa Santos Costa – (UNEB/MPEJA)

Profª. Drª. Carla Liane Nascimento dos Santos – (UNEB/MPEJA)

Profª. Drª. Ana Paula Silva da Conceição – (UNEB/MPEJA)

Profª. Drª. Maria da Conceição Alves Ferreira – (UNEB/MPEJA)

Profª. Drª. Maria Gonçalves Conceição Santos – (UNEB/MPEJA)

Prof. Dr. Elizeu Clementino de Souza - (UNEB/PPGeduc)

ORGANIZAÇÃO DAS COMISSÕES:

Comissão de Logística Interna/institucional:

Neide Maria Lopes

Rita de Cássia Alves Neiva Almeida

Vanessa Leite

Comissão de Logística:

Amilton Alves de Souza

Claudia Silva Santana

Andréia de Santana

Comissão de Divulgação:

Maria Olívia Matos

Maria Sacramento Aquino

Thaíse da Paixão Santos

Page 3: [Resumo] (2015-11-09) Educação de Adolescentes Privados de Liberdade

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Graça Costa

Ana Helena Lima de Souza

Comissão de Comunicação Social:

Gilberto Pereira Fernandes

Comissão de Programação:

Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin

Telma Cruz Costa

Comissão Técnica e Normas:

Antonio Pereira

Conceição Ferreira

Comissão de Monitoria:

Maria Helena Amorim

Page 4: [Resumo] (2015-11-09) Educação de Adolescentes Privados de Liberdade

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COMITÊ CIENTÍFICO

COORDENADORAS:

Érica Valéria Alves (UNEB/MPEJA

Tânia Regina Dantas (UNEB/MPEJA)

COMPONENTES: Dr. Afonso Celso Scocuglia (UFPB)

Drª. Aída Maria Monteiro Silva (UFPE)

Drª. Ana Paula Silva da Conceição (UNEB/MPEJA)

Dr. Antônio Amorim (UNEB/MPEJA)

Dr. Antônio Pereira (UNEB/MPEJA)

Drª. Carla Liane Nascimento dos Santos (UNEB/MPEJA)

Drª. Denise Moura De Jesus Guerra (UFBA)

Dr. Domingos Leite Lima Filho/UTFPR

Dr. Elizeu Clementino de Souza (UNEB/PPGeduc)

Drª. Érica Valeria Alves (UNEB/MPEJA)

Drª. Graça dos Santos Costa (UNEB/MPEJA)

Drª. Ivanilde Apoluceno de Oliveira (UEPA)

Drª Jane Paiva (UERJ)

Dr. José Jackson Reis (UESB)

Drª. Jaqueline Pereira Ventura (UFF)

Dr. Joaquim Luís Medeiros Alcoforado (Universidade de Coimbra)

Drª Maria Conceição Alves Ferreira (UNEB/MPEJA)

Drª. Maria de Lourdes Dionísio/UMINHO- Portugal

Drª Maria Gonçalves Conceição Santos (UNEB/MPEJA)

Drª Maria Sacramento Aquino (UNEB/MPEJA)

Drª Maria Olívia de Matos Oliveira (UNEB/MPEJA)

Drª Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin (PPGEDUC/UNEB e UFSC)

Drª. Olga Celestina da Silva Durand (UFSC)

Drª. Pollyana dos Santos (IFES)

Drª Patrícia Lessa Santos Costa (UNEB/MPEJA)

Dr. Roberto Sidnei Alves Macedo (UFBA)

Dr. Rui Manuel Costa Vieira de Castro (UMINHO)

Dr. Valdo Hermes de Lima Barcelos (UFSM)

Drª StéphanieGasse (Université de Rouen –França)

Drª Tânia Regina Dantas – (UNEB/MPEJA)

Todos os trabalhos apresentados e publicados são de responsabilidade dos seus

autores.

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Page 6: [Resumo] (2015-11-09) Educação de Adolescentes Privados de Liberdade

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Apresentação

A Universidade do Estado da Bahia, através do Mestrado Profissional em

Educação de Jovens e Adultos (MPEJA) e da Assessoria Especial de Projetos

Interinstitucionais de Difusão para a Cultura (APIDIC) promove o II ENCONTRO

INTERNACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO E EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS, uma iniciativa em apoio a esse mestrado, às licenciaturas em Pedagogia da

UNEB (oferta regular e PARFOR) e ao Fórum de EJA da Bahia.

A realização do II Encontro Internacional de Alfabetização e Educação de

Jovens e Adultos representa um momento bastante significativo no âmbito das ações

do Programa de Pós-Graduação em Educação de Jovens e Adultos e para a Assessoria

Especial para Projetos interinstitucionais de Difusão Cultural (APIDIC) revitalizando

processos formativos e fortalecendo intercâmbios internacionais e relações entre

programas na área da educação de jovens e adultos na Universidade do Estado da

Bahia. Esta segunda edição tem como Temática “Educação de Jovens e Adultos:

políticas públicas, investigações e práticas em debate”. A escolha da temática deste

evento partiu da necessidade de produção de novos conhecimentos nos campos da

alfabetização e da EJA congregando pesquisas e estudos acerca destas temáticas nos

vários estados do Brasil, em vários países, notadamente em Portugal, na França, na

Argentina e em vários municípios do estado da Bahia. Diante do atual contexto, das

demandas para a qualidade da educação, produção de novos conhecimentos a UNEB,

através do Departamento de Educação-Campus I pretende com esse evento:

Promover o diálogo entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros em torno

dos temas constantes no título do evento: Alfabetização e Educação de Jovens e

Adultos;

Proporcionar o diálogo entre pesquisadores de diferentes segmentos, Brasil

Alfabetizado, Fórum em EJA, TOPA, mestrandos em Educação de Jovens e Adultos,

licenciandos em Pedagogia, gestores e professores da rede pública e privada de ensino

das instâncias municipal, estadual e federal;

Oportunizar aos participantes o aprendizado em espaço alternativo à sala de

aula, bem como a apresentação e disseminação de trabalhos científicos;

Divulgar nacional e internacionalmente o Mestrado Profissional em Educação

de Jovens da UNEB/CAMPUS I / Salvador;

A Conferência de Abertura intitulada "Panorama da Educação de Jovens e Adultos

na União Europeia", conta com o professor. Dr. Joaquim Luís Medeiros de

Alcoforado, da Universidade de Coimbra em Portugal. Esta instituição tem uma vasta

experiência com a EJA e vem trabalhando na perspectiva Freiriana. Já a de

encerramento tem como conferencista o professor Dr. Rui Manuel Costa Vieira de da

Universidade do Minho, com o tema “ Letramentos no local de trabalho: condições

sociais, práticas e significados”.

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Cada Mesa é precedida de um Relato de Experiência realizada por professores

de educação básica e alunos do Mestrado Profissional em EJA intitulado Diálogos

Pedagógicos em Educação e Jovens e Adultos.

Os trabalhos estão sendo apresentados nas seguintes seções: conferências,

palestras, oficinas, minicursos, relatos de experiências, pôsteres e comunicações de

acordo com os eixos temáticos, a saber: Eixo 1 - Alfabetização e letramento na

perspectiva dos direitos humanos – Investigação empírica sobre o tema, ensaios

voltados para o estudo dos atores envolvidos com suas experiências na área, os sistemas

escolares, as instituições educacionais (configuração e dinâmica) e política pública na

perspectiva da formação profissional;

Eixo 2 - Sujeitos da educação: identidade e diversidade - Estuda os diversos

sujeitos da EJA a partir da noção de Juventude(s), adultez, velhice e vulnerabilidade

social. Analisa as relações étnico-raciais e as questões de gênero na EJA, bem como a

escolarização na EJA e a EJA em espaços de situação de vulnerabilidade: educação em

prisões, educação em asilos, educação de pessoas em situação de prostituição, educação

em espaços de assentamentos, atingidos por barragens etc.; Eixo 3 - Alfabetização e

Letramento na Educação de Jovens e Adultos - Discute teorias e métodos da

alfabetização de jovens e adultos e as contribuições de Paulo Freire para a Educação de

Adultos; Eixo 4 - Pesquisa em Educação de Jovens e Adultos - Tendências e

Perspectivas da Pesquisa em EJA em Diferentes Estados e no País - Balanço e

perspectivas da pesquisa sobre formação de educadores/as de jovens e adultos; Eixo 5 -

Formação de Professores – Trata das Políticas de Formação Docente para a Educação

de Jovens e Adultos. As tendências de formação docente na contemporaneidade.

Processos de formação nos processos de alfabetização e o letramento. Experiências e

Pesquisas de Formação Docente. Eixo 6 - Múltiplas linguagens, tecnologias da

informação e da comunicação: perspectivas teórico-metodológicas – Aborda o papel

da escola na sistematização e diagnóstico das diferentes linguagens no processo de

ensino – aprendizagem, levando em consideração as questões ambientais e culturais;

Eixo 7 - Políticas Públicas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) na

perspectiva do mundo do trabalho – Espaço para debate sobre a (EJA) e suas

interfaces. O propósito é proporcionar uma discussão interdisciplinar, lócus de

aprofundamento de investigações com reflexões teóricas e metodológicas acerca de

diferentes campos dos saberes e fazeres, com ênfase nos processos de

profissionalização, interfaces com os movimentos sociais a as relações ambientais, o

mundo do trabalho, a cultura e juventude. Eixo 8 - Gestão Escolar e Educacional na

EJA - A construção pedagógica dos saberes sociais, culturais e educacionais no

processo de aprendizagem do aluno.

O evento conta ainda com 2 Minicursos: O minicurso 1 Alfabetização e

Educação de Jovens e Adultos na Perspectiva dos Direitos Humanos será ministrado

pelas professoras Drª. Aida Maria Monteiro Silva/UFPE e Drª. Graça Costa/UNEB

Graça. O minicurso 2 Plataformas de ensino online: práticas na Educação de Jovens

e Adultos contará em seu desenvolvimento com a professora- Drª. Maria Olívia de

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Matos Oliveira e pelos mestrandos Gilberto Pereira Fernandes, Hudson Barros Oliveira

e Társio Ribeiro Cavalcante.

Este evento intencionou dar maior visibilidade ao Mestrado Profissional em

Educação de Jovens e Adultos (MPEJA), articulando-se com as Licenciaturas em

Pedagogia da UNEB (oferta regular e PARFOR) e ao Fórum de EJA na Bahia. A

concretização do Encontro Internacional e as publicações dos Resumos Expandidos, das

Conferências, Palestras e Comunicações potencializarão socializar um conjunto de

trabalhos resultantes de experiências, estudos e pesquisas que reafirmam a importância e

a relevância social da temática escolhida e suas interfaces com a prática educativa. Com

os sinceros agradecimentos a todos que colaboraram, participaram e fizeram a

exposição dos seus trabalhos e que vêm enfrentando no cotidiano este grande desafio

que é fazer educação neste país.

Atenciosamente,

Prof.ª Drª Tânia Regina Dantas

Coordenadora do II Encontro Prof. Gildeci Leite

Coordenadora do MPEJA Assessor da APIDIC

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educação em espaços de privação de liberdade é mais amplo, tendo como horizonte a

liberdade. Diz a autora: [...] para os que estão presos, a liberdade é a grande expectativa

de vida, objetivo, sonho e motivação maior para sua existência. Tudo gira em torno

dela: estudo, trabalho, oração, aceitação das grades” (ONOFRE, 2007, p. 23). Podemos

dizer que a EPJA, no contexto prisional, não é e nem pretende ser a solução para o

problema carcerário no Brasil (ONOFRE, 2014; FREIRE, 1987). Entretanto, a educação

escolar na prisão pode colaborar de maneira efetiva para a reintegração à sociedade do

indivíduo preso e para a recuperação de sua identidade e da dignidade humana,

preparando-lhe para a vida social livre.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos Privados de Liberdade; Educação

Prisional; Docência em Espaços de Privação de Liberdade.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de

Currículos e Educação Integral. Diretrizes curriculares nacionais gerais da educação

básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

LEME, José Antônio Gonçalves. A cela de aula: tirando a pena com letras: uma

reflexão sobre o sentido da educação nos presídios. In: ONOFRE, Elenice Maria

Cammarosano (Org.). Educação escolar entre as grades. São Carlos: EdUFCar, 2007.

p. 111-160.

ONOFRE, Elenice Maria Cammarosano. Escola da prisão: espaço de construção da

identidade do homem aprisionado?. In: ONOFRE, Elenice Maria Cammarosano. (Org.).

Educação escolar entre as grades. São Carlos: EdUFCar, 2007. p. 11-28.

______. Educação escolar na prisão: o olhar de alunos e professores. Jundiaí: Paco

Editorial, 2014.

EDUCAÇÃO DE ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADE:

ESPECIFICIDADES DA EJA NO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO

Eliseu de Oliveira Cunha ¹ ¹ Graduando em Psicologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro do Núcleo de Estudos

sobre Desenvolvimento e Contextos Culturais (CNPq). E-mail: [email protected] EIXO TEMÁTICO 2: SUJEITOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: IDENTIDADE E

Eliseu
Caixa de texto
Eliseu
Caixa de texto
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DIVERSIDADE

RESUMO

A escolarização de adolescentes em conflito com a lei configura um capítulo inusitado

do panorama educacional brasileiro. Dentre as seis medidas socioeducativas

estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na sexta delas, a

internação, o Estatuto preconiza que devem funcionar escolas comuns dentro das

unidades de internação socioeducativa (BRASIL, 1990). É oportuno salientar que essas

instituições educacionais costumam utilizar a modalidade Educação de Jovens e

Adultos (EJA) para o desenvolvimento de sua práxis pedagógica (SILVA; SALLES,

2012). Cientes disso, algumas interpelações acerca da educação escolar nesse contexto

se configuram. Sob que condições funciona? Que elementos a diferenciam da

escolarização comum? Quem são seus agentes e quais os maiores desafios por eles

enfrentados? Qual o perfil de seu alunado e que relações este cultiva com os estudos?

Tal projeto tem contribuído para o distanciamento do educando das veredas da

delituosidade? Dentro do horizonte aberto por esses e outros questionamentos, os

objetivos que nortearam o presente estudo foram os de elencar e analisar especificidades

institucionais e operacionais de uma proposta de escolarização para adolescentes

infratores que opera na modalidade EJA, em um regime de privação de liberdade. Haja

vista aos objetivos propostos, empregou-se a Abordagem Qualitativa, porquanto esta

propicia a obtenção de dados pormenorizados acerca do objeto a respeito do qual os

sujeitos investigados discorrem (ZHANG et al., 2010 apud BAZON; SILVA;

FERRARI, 2013). A estratégia metodológica utilizada foi o Estudo de Caso, a julgar

por sua adequação à investigação de fenômenos sociais complexos inseridos em algum

contexto da vida real, garantindo a preservação das características significativas dos

eventos que neste se processam (YIN, 2001). A coleta de dados foi realizada nas

dependências de uma unidade para cumprimento de medida socioeducativa de

internação por adolescentes autores de ato infracional, localizada no estado da Bahia.

Nesta instituição funcionam duas escolas com estrutura análoga a de um

estabelecimento de ensino regular, com salas de aula, salas dos professores, diretoria,

cantina etc., sendo uma escola municipal, que atende o Ensino Fundamental 1, e um

colégio estadual, que atende o Ensino Fundamental 2 e Médio. Ambas as instituições

são normalmente vinculadas às suas respectivas redes de ensino (municipal e estadual),

como escolas comuns. Na unidade também há espaços para a realização de atividades

esportivas, além de alojamentos, onde ficam internados os adolescentes, nos quais

também são desenvolvidas ações pedagógicas. Participaram do estudo seis educadores

que atuavam na unidade socioeducativa em questão, quais sejam, dois docentes do

colégio estadual da instituição (um formado em Letras e outro graduado em Geografia),

uma docente do colégio municipal (formada em Letras), um professor de educação

física (licenciado em Educação Física), uma coordenadora pedagógica (formada em

Pedagogia) e um educador de medida (licenciado em História), o qual desenvolvia

atividades pedagógicas com os adolescentes nos alojamentos onde eles ficam

Page 11: [Resumo] (2015-11-09) Educação de Adolescentes Privados de Liberdade

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internados. O critério para a inclusão desses profissionais de educação na pesquisa foi a

aceitação de convites previamente realizados presencialmente ou por e-mail. As visitas

do pesquisador à unidade socioeducativa para fins de coleta de dados foram precedidas

por uma expressa autorização da Segunda Vara da Infância e da Juventude e da diretoria

adjunta da instituição para a realização das tais. Antes da coleta de dados com cada

participante, conforme preconiza a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde

(BRASIL, 2012), foi aplicado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE). Para a coleta de dados foram utilizados um roteiro de entrevista

semiestruturada e um aparelho de gravação de áudio. Após a aceitação dos convites, o

agendamento dos encontros, a reserva de um espaço da unidade socioeducativa, um

novo esclarecimento por parte do pesquisador acerca dos objetivos da pesquisa e a

assinatura do TCLE, foram realizadas as entrevistas com os professores, as quais foram

gravadas em áudio e transcritas na íntegra. Os dados transcritos foram submetidos à

Análise do Discurso, técnica de tratamento de dados que, por meio da elucidação das

regularidades e variabilidades dos enunciados, favorece uma caracterização panorâmica

de tendências e controvérsias em torno do objeto de estudo (GILL, 2002). A análise dos

dados revelou, dentre outras especificidades da escolarização no sistema

socioeducativo: uma intensa rotatividade do corpo discente, haja vista as frequentes

entradas e saídas de adolescentes a qualquer momento do ano, afinal o início e o

encerramento da medida não estão subordinados ao calendário letivo, o que faz com que

um docente que atua nesse âmbito se depare constantemente com um alunado diverso,

incerto e transitório; um vasto leque de iniciativas pedagógicas em vistas à atenuação da

elevadíssima defasagem idade-série na qual o grosso dos socioeducandos se encontra, a

exemplo da própria utilização da modalidade EJA, por funcionar em regime de

aceleração, isto é, dois anos em um; um clima institucional perenemente tenso,

caracterizado por várias medidas de segurança ensejadas pelo temor de motins e

rebeliões por parte dos adolescentes, o que acaba artificializando e comprometendo a

relação pedagógica; um corpo docente desamparado e resiliente, que mesmo atuando

sob condições institucionais e operacionais adversas, sem receber qualificação

apropriada, nem o apoio dos demais profissionais da unidade, tampouco o

reconhecimento da sociedade em geral, contribui decisivamente para as trajetórias de

vida dos seus alunos; um corpo discente com franco histórico de desinteresse e evasão

escolar, que concebe a educação como veículo de inclusão e mobilidade social e como

uma oportunidade para arranjar emprego, obter independência financeira e ter um

“futuro digno”. Concluiu-se, em confluência com os principais achados da literatura,

pela insuficiência da escolarização no atendimento ao educando e pela necessidade de

políticas que a complementem e a antecedam (BAQUERO et al., 2011;

BRANCALHÃO, 2003; CRUZ, 2008; SCOLARO, 2007).

Palavras-chave: Adolescentes em conflito com a lei; Escolarização; Sistema

socioeducativo; Privação de Liberdade.

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REFERÊNCIAS

BAQUERO, Rute Vivian Ângelo; LEMES, Marilene Alves; SANTOS, Elizene

Amorim dos. Histórias de vida de jovens egressos de medidas socioeducativas: entre a

margem e a superação. Educação, Porto Alegre, v. 34, n. 3, p. 341-350, set./dez. 2011.

BAZON, Marina Resende; SILVA, Jorge Luiz da; FERRARI, Renata Martins.

Trajetórias escolares de adolescentes em conflito com a lei. Educação em Revista, Belo

Horizonte, v. 29, n. 02, p. 175-199, jun. 2013.

BRANCALHÃO, Walkíria Rodrigues Duarte. A educação para o adolescente em

conflito com a lei: mecanismo de inserção ou de exclusão social? Marília, São Paulo.

Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, Faculdade de Filosofia e Ciências,

(Dissertação de Mestrado), 2003.

BRASIL. Lei nº 8.089, de 12 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do

Adolescente e dá outras providências. Disponível em:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_crianca_adolescente_3ed.pdf.

Acesso em 17 de outubro de 2015.

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012.

Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf. Acesso em

17 de outubro de 2015.

CRUZ, Maria Valdenice Sousa. Professores que atuam junto a adolescentes em conflito

com a lei: sentidos e significados construídos sobre seus alunos e sobre sua prática. São

Paulo. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de Ciências Humanas

e da Saúde, (Dissertação de Mestrado), 2008.

GILL, Rosalind. Análise de discurso. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George

(Eds.) Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis,

RJ: Vozes: 2002, p. 244-270.

SCOLARO, Maria Elvira Nogueira Laranjeira. Escola, para que te quero? Marcas da

escola em adolescentes privados de liberdade por prática de ato infracional. Salvador.

Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação I, (Dissertação de

Mestrado), 2007.

SILVA, Ivani Ruela de Oliveira; SALLES, Leila Maria Ferreira. O “Projeto Educação e

Cidadania” e a inclusão escolar de adolescentes em liberdade assistida. Educação, Santa

Maria, v. 37, n. 2, p. 381-396, maio/ago. 2012.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman,

2001.