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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Débora Cassaro Lemes RESULTADOS AUDIOLÓGICOS COM SISTEMA FM EM USUÁRIOS DE AASI E IC. CURITIBA 2014

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

Débora Cassaro Lemes

RESULTADOS AUDIOLÓGICOS COM SISTEMA FM EM

USUÁRIOS DE AASI E IC.

CURITIBA

2014

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Débora Cassaro Lemes

RESULTADOS AUDIOLÓGICOS COM SISTEMA FM EM

USUÁRIOS DE AASI E IC.

CURITIBA

2014

Monografia apresentada a Especialização de

Audiologia Clinica da Faculdade de Ciências

Socias e Biológicas da Universidade Tuiuti do

Paraná, como requisito parcial para obtenção do

grau de Especialista.

Orientadora Angela Ribas

3

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................5

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................7

2.1 SURDEZ EM CRIANÇAS..............................................................................7

2.2 EFEITOS SOCIAIS DA SURDEZ..................................................................8

2.3 INTERVENÇAO...........................................................................................10

3. DISPOSITIVOS ELETRONICOS EM CRIANÇAS........................................12

3.1 PROTESES AUDITIVAS OU AASI..............................................................12

3.1.1 MECANISMO DE FUNCIONAMENTO E BENEFICIO DO AASI..............12

3.2 IMPLANTE COCLEAR.................................................................................14

3.3 SISTEMA DE FREQUENCIA MODULADA.................................................15

4. MATERIAL MÉTODO...................................................................................19

5. RESULTADOS..............................................................................................21

5.1 DESCRISÇAO DA AMOSTRA....................................................................21

5.2 DESCRISÇÃO DOS RESULTADOS DO LEFC.........................................22

6. DISCUSSÃO..................................................................................................26

7.CONCLUSÃO.................................................................................................29

REFERENCIAS.................................................................................................30

ANEXO..............................................................................................................34

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1. INTRODUÇÃO

Segundo AMA (1996) e Mondain et al (2005) a perda auditiva é a

redução da audição em qualquer grau que reduza a inteligibilidade da

mensagem falada para a interpretação apurada ou para a aprendizagem.

Qualquer tipo de perda auditiva pode comprometer a linguagem, o

aprendizado, o desenvolvimento cognitivo e a inclusão social das crianças.

Bevilacqua (1998) explica que a perda auditiva é definida pela presença de

qualquer distúrbio no processo de audição normal, independente da sua

causa, sua localização, tipo ou severidade, que pode ocasionar problemas no

desenvolvimento da linguagem, psicológico e social.

Silman et al (2004) afirmam que o impacto de uma privação sensorial

auditiva na vida de um individuo é enorme, pois não afeta somente sua

capacidade de compreender as informações sonoras, mas principalmente o

modo de se relacionar com seu meio e sua cultura. Além disso, essa privação

sensorial provoca consequências biológicas, psicológicas e sociais.

Uma das formas de se diminuir o impacto da perda auditiva na vida de

um individuo, é o uso de próteses auditivas. Assim todos os sons ambientais e

de fala serão amplificados, além dos sinais de perigo e de alerta, o que

possibilitara ao individuo uma melhor qualidade de vida e melhores condições

psicossociais e intelectuais (Almeida e Iorio, 1996)

Segundo BENTO et al (2004) muitas vezes estes indivíduos não

obtêm, com a prótese auditiva convencional, a amplificação necessária para

desenvolver estas habilidades. Neste caso, ele pode ser considerado como

possível candidato ao Implante Coclear (IC).

Os IC tradicionalmente são indicados para os pacientes cuja perda

auditiva não permite um ganho funcional suficiente para percepção de fala

com as próteses auditivas convencionais (amplificadores). Bevilacqua ( 1998)

relatou que atualmente o IC é considerado uma fonte poderosa de tecnologia

5

sofisticada na reabilitação para o deficiente auditivo, com perda auditiva

severa e profunda, ao minimizar as consequências da privação sensorial

auditiva em seu desenvolvimento.

Segundo Hicks e Tharpe (2002) as crianças deficientes auditivas

demandam um esforço maior que seus pares ouvintes em atividades auditivas

(principalmente em ambiente escolar), independente do recurso de

amplificação utilizado. De acordo com Zhao et al (1997) o avanço tecnológico

tem permitido um aprimoramento nas estratégias de codificação do sinal da

fala nos IC multicanais. No entanto, a queixa mais frequente dos pacientes tem

sido reconhecer e compreender o sinal da fala na presença do ruído.

A literatura tem enfatizado a utilização de sistemas de amplificação

com transmissão por Frequência Modulada (FM) visando a eliminar o fator

distância entre os interlocutores e, indiretamente, contribuindo para uma

melhor compreensão da fala em situações nas quais as interferências do ruído

e da reverberação são desfavoráveis (Olsen, 1981; Bode, 1988).

O sistema FM, que, de acordo com BEVILACQUA E FORMIGONI

(1997) propõe é a melhora da captação do sinal de fala em ambiente

educacional por meio de eliminação de três fatores limitantes ao entendimento

de fala, que são ruído, a distância e a reverberação, pode ser considerado

como mais uma alternativa dentre os materiais diferenciados e recursos de

apoio utilizados por alunos portadores de necessidades educativas especiais,

visando a integração educativa- escolar. Segundo Thibodeau (2004), objetivo

comum no atendimento da pessoa com deficiência auditiva é melhorar a

habilidade da comunicação oral. Todavia, esse problema não pode ser

solucionado, até que a adaptação do AASI ou IC seja combinada com a

adaptação de um Sistema fM.

O objetivo desta pesquisa é verificar a evolução da percepção auditiva

da fala em crianças que utilizam AASI e IC, após o uso do FM.

6

2. SURDEZ EM CRIANÇAS

Em 1989, Northern e Dows afirmaram que a habilidade de

comunicação é um traço distintivo da existência humana, sendo um dos

maiores contribuintes para o bem estar de qualquer indivíduo. Para eles, a

audição é considerada a pedra angular sobre a qual se constrói o intrincado

sistema da comunicação humana.

Segundo Russo (1999) a audição torna-se o canal mais importante

para que o indivíduo desenvolva e mantenha uma comunicação satisfatória na

comunidade em que vive, pois é por intermédio dessa comunicação que ele é

capaz de expressar suas idéias e pensamentos.

Lichtig (2001) relata que pode-se salientar que o primeiro ano de vida é

considerado como o período critico para o desenvolvimento auditivo e da

linguagem. Para que a linguagem oral se desenvolva adequadamente, é

necessário que a criança possua a capacidade de atenção, reconhecimento,

identificação, discriminação, localização e memória das experiências sonoras

que a cerca. Qualquer dano ou alteração no sistema auditivo da criança poderá

alterar a informação que a mesma recebe e, conseqüentemente, alterar sua

experiência do mundo que rodeia.

Lichtig relata que a perda auditiva na infância pode dificultar ou atrasar a

aquisição de linguagem, ou seja, as habilidades comunicativas normais. A

criança que não consegue se fazer entender, nem compreender o que ocorre

no seu meio, poderá tornar-se frustrada e retraída, além de desenvolver

problemas comportamentais. Rabinovich K. ( 2005) destaca a importância da

identificação precoce da perda auditiva, possibilitando a criança surda uma

intervenção imediata e oferecendo condições básicas para o desenvolvimento

da fala, linguagem, social, psíquico e educacional.

Segundo Oliveira et al (2002), a surdez infantil é considerada atualmente

um verdadeiro problema da Saúde Publica devido não só à sua elevada

prevalência, mas, sobretudo as múltiplas consequências que acarreta sob os

mais variados prismas. Trata-se de um tema em constante evolução, sendo

7

necessárias frequentes atualizações por forma a acompanhar os avanços da

técnica e do conhecimento.

Stach e Ramachandran, (2008) afirmam que perdas auditivas são

resultados de uma ruptura das estruturas funcionais que transmitem o sinal

acústico da orelha externa até o córtex auditivo. Muitas condições patológicas

incluindo doenças, traumas e distúrbios de desenvolvimento causam perdas

auditivas na infância.

As perdas auditivas são normalmente classificadas de acordo com o tipo

em condutivas, sensorioneurais e neurais (RUSSO, 2005). Perdas auditivas

condutivas resultam de problemas de transmissão mecânica para a cóclea, e

envolvem as estruturas da orelha externa e média. Perdas auditivas

sensorioneurais resultam de um problema de transdução de energia hidráulica

em energia elétrica e, envolvem as estruturas da cóclea. Perdas auditivas

neurais resultam de problemas de transmissão do sinal elétrico para e ao longo

do sistema auditivo e, envolvem o oitavo par craniano e as vias auditivas do

sistema nervoso.

As perdas auditivas condutivas são normalmente transitórias, porém a

flutuação na audição resultante da otite média recorrente pode causar

problemas de linguagem /aprendizagem devido à inconsistência da entrada

auditiva durante o período crítico de desenvolvimento auditivo. As causas mais

comuns de perdas auditivas condutivas adquiridas no período pré-natal são por

atresia e anomalias de orelha média e, as adquiridas no período pós-natal por

otite média com efusão, perfuração de membrana timpânica, colesteatoma,

excesso de cerúmen e otite externa (Joint Committee of Infant and Hearing -

JCIH, 2007).

De acordo com Stach e Ramachandan (2008), as perdas auditivas

sensorioneurais são geralmente permanentes e variam de leve a profunda.

Desordens nos processos cocleares resultam em redução na sensibilidade das

células receptoras da cóclea, resolução de frequência diminuída e redução da

faixa dinâmica. Essas mudanças complexas da função coclear tem um impacto

negativo na audição supraliminar.

8

Segundo Rehm e Madore (2008), a causa mais frequente de perda

auditiva sensorioneural congênita é genética.

Algumas das causas mais comuns de perdas auditivas sensorioneurais

adquiridas no período pré-natal são devido a anomalias de orelha interna e

infecções congênitas, tais como: citomegalovírus, sífilis, rubéola e

toxoplasmose e; as pós-natais são por hipertensão pulmonar persistente no

recém-nascido / oxigenação extracorpórea, meningite, doenças autoimunes da

orelha interna, infecções virais (caxumba e sarampo) e ototoxidade (JCIH,

2007).

Stach e Ramachandan (2008), afirmam que as desordens auditivas

neurais tendem a ser divididas em dois grupos: retrococleares e alterações do

processamento auditivo. As desordens retrococleares resultam de lesões

estruturais no sistema nervoso e são causadas por neoplasias, hidrocefalia,

hipóxia e hiperbilirrubinemia.

2.1. EFEITOS SOCIAIS DA SURDEZ

As conseqüências da surdez no desenvolvimento da linguagem variam

em função da importância da perda e da idade do surgimento da mesma

(PENA,1992).

Poker (2002) afirmou que são inúmeros os fatores que interferem no

desenvolvimento da linguagem e da fala da pessoa com surdez. Dentre eles,

destacam-se: a época do surgimento da deficiência, a extensão e a natureza

da perda auditiva, a época do atendimento especializado, as condições do uso

do aparelho de amplificação sonora, as solicitações do meio familiar e escolar e

as características individuais do aluno (cognitivas emocionais e socioculturais).

Assim, quanto antes for diagnosticada a surdez, mais fácil será diminuir ou

evitar as consequências no desenvolvimento emocional, social, cognitivo e

escolar da criança.

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Segundo Roslyn-Jensen (1996), a perda auditiva na infância, mesmo

leve, origina dificuldades escolares. Crianças com perdas auditivas discretas

podem apresentar problemas de desenvolvimento da linguagem, dificuldades

de leitura e distúrbios comportamentais.

Para Colnago (2000), a tarefa de favorecer o desenvolvimento físico,

afetivo e social da criança é desafiante e gratificante, apesar de gerar

insegurança aos pais frente à sua competência. Tal insegurança pode ser

intensificada com a deficiência. Entretanto, a ajuda profissional pode fazer com

que se sintam seguros, acreditem nas próprias capacidades para lidar com a

criança, superem os sentimentos de choque e culpa e aceitem a deficiência

auditiva do filho e o uso do aparelho auditivo (AASI).

2.2. INTERVENÇÃO

Segundo Yoshinaga-Itano e Thomson (2008) é consenso que, quanto

mais precocemente o diagnóstico da deficiência auditiva bem como as

intervenções fonoaudiológicas forem realizados, menor será o impacto da

alteração auditiva para o desenvolvimento das habilidades cognitivas, auditivas

e de linguagem.

Segundo Russ et al (2010) para compor o processo de intervenção

fonoaudiológica, subjacente ao diagnóstico da deficiência auditiva, a indicação

de AASI e/ou o Implante Coclear (IC), podem ser capazes de minimizar o

impacto da deficiência auditiva e contribuir para o desenvolvimento das

habilidades auditivas e de linguagem .

Existem, ainda, no caso da surdez, possibilidades de reabilitação

oralista, gestual, bilíngue, associados ao uso de AASI ou de Implante Coclear,

e os pais somam suas concepções às informações, orientações e atitudes dos

profissionais durante o diagnóstico, bem como à oferta e acesso aos recursos

da comunidade para a tomada de decisões que influenciam o futuro da criança.

Portanto, é necessário que os pais conheçam as abordagens e opções

10

metodológicas para a criança se comunicar e ser educada, e que os

profissionais considerem as condições culturais e linguísticas singulares da

família no planejamento das orientações e programas educacionais

(HARRISON, LODI e MOURA, 1997; STELLING, 1999; CHEROW, DICKMAN e

EPSTEIN, 1999; MOTTI e PARDO, 2003).

De acordo com Almeida e Momensohn-Santos (2003) e Beauchaine e

Donaghy (1996) a adaptação destes dispositivos não é uma tarefa simples e os

desafios são constantes durante todo o processo, pois as necessidades

linguísticas e psicoacústicas das crianças diferem daquelas esperadas para os

adultos portadores de deficiência auditiva.

Para Flexer (1999), nenhuma perda auditiva é tão leve que não

necessite de intervenção e nenhuma perda auditiva é tão profunda que

negligencie o valor do acesso à audição residual.

Teixeira (2007), salientou a importância do acompanhamento periódico é

fundamental para a avaliação e validação do uso efetivo da amplificação

sonora e para o monitoramento da perda auditiva. A participação do

fonoaudiólogo e do médico nesse processo é de extrema importância, uma vez

que esses profissionais assumem o papel de indicar, selecionar, adaptar e

verificar a utilização adequada e bem sucedida do AASI

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3. DISPOSITIVOS ELETRONICOS INDICADOS EM CRIANÇAS

3.1. PROTESES AUDITIVAS OU AASI

O AASI é um miniamplificador que tem como função conduzir o som à

orelha do indivíduo, coletando e transmitindo a onda sonora, adicionando

energia necessária, e evitando a dispersão do som, com a menor distorção

possível. Seu objetivo é aproveitar a audição residual de modo efetivo, através

da amplificação.

Com o desenvolvimento da medicina e o avanço tecnológico, tornou-se

possível obter recursos para a melhoria da qualidade de vida de pessoas com

deficiência auditiva. A prótese auditiva, ou AASI, é uma das alternativas no

processo de habilitação e reabilitação auditiva a fim de auxiliar a comunicação

e minimizar os diversos efeitos limitadores causados por esta deficiência

(MATAS CG, IÓRIO MCM. 2003)

A seleção de um AASI não é apenas a escolha adequada de um

modelo, mas a garantia do envolvimento da família nesse processo pelo

aconselhamento (SOUZA e WIESELBERG, 2005).

Almeida e Santos (2003) afirmaram que a validação da amplificação

deve demonstrar seus benefícios e suas limitações para a percepção da fala na

criança. Essas informações foram obtidas no processo de habilitação e nas

mensurações realizadas ao longo de sessões de seguimento que avaliam o

desempenho da AASI em crianças.

3.1.1. MECANISMO DE FUNCIONAMENTO E BENEFÍCIOS DO AASI

Um AASI é constituído de vários componentes. As ondas sonoras são

captadas por um MICROFONE e são transformadas em sinal elétrico. Esses

sinais atingem um AMPLIFICADOR, onde ocorre o maior número de

modificações do sinal de entrada. É composto pôr vários transistores e outros

12

componentes eletrônicos que trabalham em conjunto. Através de uma FONTE

DE FORÇA, bateria, amplifica em vários estágios a energia elétrica. Quanto

maior o número de estágios, maior a amplificação. Os sinais amplificados

dirigem-se para um RECEPTOR que converte energia elétrica em energia

acústica amplificada.

De acordo com Boéchat (2003), o benefício da amplificação deverá

possibilitar à criança a detecção de sons médios de fala (55 a 85 dBNPS) em

níveis confortáveis, que não provoquem uma rejeição da amplificação e

promovam o bem estar da criança com a utilização da prótese auditiva.

Almeida e Santos (2003) enfatizaram que o sucesso da adaptação dos

aparelhos auditivos depende da interação dos seguintes fatores: quantidade e

qualidade do processo terapêutico, envolvimento dos pais e, principalmente, a

qualidade da AASI a ser adaptado.

Bevilacqua e Gardenal (2001) descreveram que a efetividade do uso

do aparelho auditivo depende não só de uma adaptação adequada, como

também do acompanhamento do usuário, por meio de revisões a avaliações

periódicas. Além disso, enfatizaram a importância das orientações recebidas

nesse processo para a viabilização do uso correto da amplificação, como

também a identificação e solução de defeitos simples.

De acordo com Amorim e Almeida (2007), o indivíduo portador de

perda de audição que inicia o uso do AASI tem a estimulação sonora

reintroduzida a partir da amplificação. Dessa forma, pode ocorrer, novamente,

plasticidade neural. Isso levaria a observação de outro efeito auditivo

importante caracterizado pela melhora no reconhecimento de fala ao longo do

tempo.

Gatehouse, em 1992, chamou de aclimatização perceptual ao período

de adaptação do aparelho auditivo que está relacionado à melhora no

desempenho em testes de reconhecimento de fala, à medida que o indivíduo

aprende a utilizar as novas pistas de fala disponíveis com o uso da

amplificação. Segundo o autor, esse benefício ocorre somente após um

período que varia de seis a 12 semanas subseqüente à adaptação.

13

Segundo Linden e colaboradores (1997), os resultados dependem da

capacidade da área auditiva do sistema nervoso central do paciente

implantado, de forma que alguns apresentam maior capacidade de interpretar

os impulsos elétricos. Colocam que, apesar da audição não ser recuperada

totalmente, muitos conseguem estabelecer uma conversação com apoio de

leitura oro-facial.

3.2 IMPLANTE COCLEAR

O IC é um dispositivo implantável, indicado para os pacientes com

surdez de severa a profunda, que não se beneficiam do uso de AASI.

De acordo com Bevilacqua e Moret (2005), o IC é um dispositivo

eletrônico biomédico, biocompatível e durável, desenvolvido para realizar a

função das células ciliadas que estão danificadas ou não estão presentes,

transformando a energia sonora em baixos níveis de correte elétrica, e

proporcionar a estimulação elétrica das fibras remanescentes do nervo

auditivo.

Assim, no mundo contemporâneo, o avanço da tecnologia vem ao

encontro da habilitação e reabilitação auditiva e a opção de tratamento com o

IC revolucionou a intervenção na deficiência auditiva, essencialmente com

deficiência auditiva pré-lingual.

Segundo Mangabeira (1995) o IC é um método de tratamento

reconhecido como a melhor forma de auxiliar os pacientes com perda auditiva

profunda ou total.

Bento (1997) refere que o aparelho de IC não é um amplificador de

som, trata-se de um estimulador elétrico. Coloca que o implante fará o papel de

todo ouvido, incluindo desde a captação do som, a transformação do mesmo

em estímulo elétrico e a estimulação do nervo auditivo. Segundo este autor,

não há mais a necessidade da orelha, membrana do tímpano, ossos do ouvido

e cóclea.

14

Segundo Bevilacqua et al (1998), o ciclo da audição se completa

quando o estímulo elétrico e os sinais codificados são transmitidos por rádio-

freqüência para o receptor-transmissor. Este dispositivo, por meio dos

eletrodos que estão implantados no interior da cóclea, estimula as terminações

das fibras nervosas do nervo auditivo que envia para o cérebro os impulsos

nervosos.

De acordo com o Sistema Nucleus (2014), os implantes cocleares

funcionam da seguinte maneira:

1. O som entra no sistema pelo pequeno microfone retroauricular;

2. O som é enviado do microfone para o processador de fala através do

fino cabo que os liga;

3. O processador de fala seleciona e codifica os elementos do som que

são mais úteis para a compreensão da linguagem;

4. Estes códigos eletrônicos são reenviados pelo fino cabo para o

transmissor;

5. A antena transmissora, um anel recoberto de plástico, com cerca de

33mm de diâmetro, envia os códigos através da pele para o "receptor-

estimulador";

6. O receptor-estimulador contém um circuito integrado que converte os

códigos em sinais eletrônicos especiais e os envia pelo filamento de eletrodos;

Os sinais eletrônicos codificados são enviados a eletrodos específicos,

cada um dos quais terá sido programado separadamente para transmitir sons

que variam de intensidade e freqüência. Estes eletrodos estimulam as fibras

nervosas específicas que enviam mensagens ao cérebro. Este recebe os sinais

e interpreta-os , experimentando-se então uma "sensação de audição".

3.3. SISTEMA DE FREQUÊNCIA MODULADA

15

Vários dispositivos foram desenvolvidos com o intuito de facilitar a

comunicação efetiva dos deficientes auditivos, tais dispositivos são

denominados de equipamentos auxiliares para o deficiente auditivo (ALMEIDA,

BONALDI e BARROS, 2003).

Estes dispositivos constituem-se numa categoria ampla de

instrumentos eletrônicos auditivos e não-auditivos que proporcionam melhor

comunicação nas situações a seguir: ruído ambiental, distância entre o emissor

e o receptor, presença de múltiplos interlocutores, e reverberação. Tais

situações produzem um efeito comprometedor sobre a mensagem recebida.

Dentre estes dispositivos podemos citar o sistema de frequência modulada

(FM), que transmite o sinal sonoro diretamente ao ouvinte por meio de ondas

de rádio, sendo eliminada a necessidade de fios para conexão entre o falante e

o ouvinte.

O FM consiste de um transmissor e um receptor. O transmissor possui

um microfone que, posicionado próximo a fonte sonora, capta o sinal acústico,

o transformado em sinal elétrico. Este sinal é modulado por frequência e

transmitido a um receptor acoplado ao aparelho auditivo, sendo novamente

transformado em energia acústica (ALMEIDA, BONALDI e BARROS, 2003).

O objetivo do sistema FM é conduzir o sinal da fonte sonora para o

receptor sem que haja perda de energia na trajetória, atenuando os efeitos da

distância, do ruído e da reverberação.

Segundo ALMEIDA, BONALDI E BARROS (2003), o ruído é qualquer

som indesejável ao individuo. O ruído ambiental reduz o reconhecimento de

fala, pois mascara pistas acústicas importantes que existem na mensagem.

Para que haja boa percepção da mensagem é importante haver um equilíbrio

entre o sinal de fala e o ruído. Esta relação é conhecida como relação

sinal/ruído. Quanto mais intenso estiver o sinal da fala em relação ao ruído de

fundo, maior será inteligibilidade da fala.

Ciere (2003) descreve que quando um som é emitido, percorre um

determinado espaço até colidir com alguma superfície. Após essa colisão,

transforma-se em som refletido. A esse fenômeno atribui-se o nome

16

reverberação, sendo uma série contínua de som refletido, que prejudica a

inteligibilidade da fala, gerando imagens sonoras múltiplas, que chegam ao

ouvinte em espaços de tempo ligeiramente diferentes.

A distância entre o ouvinte e o falante piora o impacto causado pelo

ruído e pela reverberação. Ou seja, quanto maior a distância entre a fonte

sonora e o ouvinte, pior será a compreensão da mensagem. A intensidade de

um som direto decresce rapidamente (6dB) na medida em que dobra a

distância da fonte sonora. Isto significa que até mesmo pequenas distâncias

podem tornar a fala ininteligível para um individuo portador de uma deficiência

auditiva de grau leve ou moderada (ALMEIDA, BONALDI e BARROS, 2003).

De acordo com os autores, a reverberação, o ruído e a distância entre

a fonte sonora e ouvinte interagem sinergicamente nos ambientes acústicos,

especialmente se esses estiverem associados. Não só os indivíduos com

algum grau de deficiência auditiva são prejudicados com a distância da fonte

sonora, reverberação e/ou ruído, mas, também aqueles que apresentam

audição periférica normal, como: os idosos com limiares auditivos normais; as

crianças com idades inferiores a 15 anos; os indivíduos com história anterior de

problema de orelha média; os portadores de distúrbio de linguagem ou

aprendizagem; os indivíduos com transtorno do processamento auditivo central

(PAC); indivíduos com déficits de leitura e/ou atenção.

Dessa forma, a função primária dos equipamentos auxiliares para

audição é melhorar por meios eletrônicos, a eficiência do indivíduo para

receber e ouvir a mensagem, independentemente da distância da fonte sonora,

da presença de ruídos competitivos e da acústica do ambiente, adequando a

relação sinal/ruído.

O uso do sistema FM possibilita a melhora da relação sinal/ruído

potencializando significativamente o reconhecimento da fala na presença de

ruído de fundo. O sistema FM é indicado para todos os indivíduos que

precisam estimular sua audição independente do motivo.

Além da indicação do sistema FM para usuários de aparelho auditivo,

ele também pode ser indicado para indivíduos que não possuem perda

17

auditiva. Parte da população que é composta de ouvintes normais, pode

apresentar algum grau de transtorno na percepção auditiva e se beneficiariam

com o uso do sistema FM. Dentre eles podemos elencar grupos de pessoas

candidatas a utilização deste dispositivo: indivíduos com IC, indivíduos com

otite média recorrente, distúrbio de linguagem, distúrbio de aprendizagem,

transtorno do processamento auditivo central (PAC), crianças com inabilidade

de desenvolvimento, indivíduos com déficit de atenção (ALMEIDA, BONALDI e

BARROS 2003).

O sistema FM favorece a compreensão da fala em diversas situações

típicas do cotidiano, como por exemplo: diálogo, conversas em grupo,

conferências, ligações telefônicas, salas de aula, atividades esportivas, locais

de grande área física e com grade número de pessoas como supermercado e

shopping, teatro, cinema.

Pesquisas mostram benefícios em crianças usuárias de aparelho

auditivo e implantados cocleares com o uso da tecnologia do sistema FM em

salas de aula (DAVIES, YELLON e PURDY 2001).

Segundo Lemos et al. (2009), o sistema FM também pode ser

considerado como mais uma alternativa dentre os recursos de apoio utilizados

por alunos portadores de necessidades especiais, ou crianças sem perda

auditiva periférica, mas que apresentam dificuldades associadas ao déficit de

atenção e com transtorno do processamento auditivo central (PAC), para estes

a relação sinal/ruído parece facilitar a atenção as tarefas e melhorar o tempo

de resposta, pois quando a fala do professor se torna mais clara, os alunos

apresentam um tempo maior de foco e concentração, valorizando o foco

sonoro relevante, enquanto ignoram o foco sonoro competitivo.

No estudo realizado por Nascimento e Bevilacqua (2005), que tem

como objetivo, avaliar a percepção da fala com ruído competitivo em adultos

com implante coclear, sugere que existe beneficio relacionado à melhora na

compreensão da fala em presença de ruído, para os pacientes que usam

dispositivos auxiliares como o sistema FM.

18

4. MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal, descritivo e comparativo. A coleta de

dados se deu entre janeiro e setembro de 2014.

A amostra foi composta por 8 crianças com surdez variando entre os

graus moderadamente severa a profunda.

Como critério de inclusão estabelecemos: ter perda auditiva, ser usuário

de aparelho auditivo convencional ou implantável, ser usuário de FM por no

mínimo seis meses, ter assinado o termo de consentimento livre e esclarecido.

As crianças foram divididas em dois grupos:

Grupo A – usuárias de AASI e FM;

Grupo B – usuárias de IC e FM.

Todos os sujeitos da pesquisa realizaram: audiometria tonal limiar,

audiometria em campo livre, e responderam ao questionário Listening

Evaluation For Children –LEFC (JACOB et al, 2010).

O questionário Avaliação do Sistema FM (13) é uma avaliação

subjetiva que oportuniza uma análise situacional do uso e beneficio do AASI e

Sistema FM podendo ser preenchido pelos pais, professores ou

fonoaudiólogos. Foi utilizado para avaliar, individualmente, o desempenho da

criança em diferentes situações auditivas somente com AASI e com o AASI e o

sistema FM. O questionário contém cinco situações auditivas, com sete

condições de escuta cada uma delas, nas quais as respostas das crianças com

e sem FM são pontuadas de 1 (raramente) a 5 (sempre) ou ainda NA para “não

se aplica”. As situações contidas no questionário são: a criança responde

quando é chamada pelo nome; a criança acompanha a conversa de uma

pessoa; a criança distingue palavras auditivamente parecidas; a criança

responde corretamente a instruções verbais e/ou questões; a criança

compreende instruções e conceitos oralmente.

19

Para todas as situações, é questionado se a criança responde: em uma sala

em silêncio a um metro de distância e a três metros de distância; em uma sala

com barulho a uma distância de um metro e de três metros; sem pista visual;

de outra sala ou da rua. A pontuação é obtida por meio da análise situacional

no silêncio, distância, ruído, apenas via auditiva e pontuação total (soma de

todas as situações).

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética Institucional sob número

CEP/UTP 0047/2009.

Os dados foram digitados em planilha eletrônica e estão descritos a

seguir.

20

5. RESULTADOS

5.1. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA

Com relação à idade e gênero, a tabela 1 descreve como ficaram

constituídos os dois grupos. Os dados referentes à escolaridade estão

descritos na tabela 2.

TABELA 1 – CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA POR IDADE E GÊNERO

IDADE GRUPO A GRUPO B

FEM MASC FEM MASC

< que 5 anos 0 0 0 1

5 a 7 anos 0 1 1 0

7 a 9 anos 0 0 2 0

9 a 11 anos 0 1 0 0 > que 11 anos 0 1 0 0

TOTAL 0 4 3 1

TABELA 2 – CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA POR ESCOLARIDADE

GRAU DE ESCOLARIDADE GRUPO

GRUPO A GRUPO B

Educação infantil 0 3 Ensino fundamental 1 3 1 Ensino fundamental 2 1 0 TOTAL 4 4

21

Todas as perdas auditivas observadas na avaliação audiológica são do

tipo sensorioneural. Os achados audiológicos foram categorizados quanto ao

grau de perda, de acordo com Loyd e Kaplan (1978) e os dados estão descritos

na tabela 3.

TABELA 3 – CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA POR GRAU DA PERDA

ACUIDADE AUDITIVA

GRUPO A GRUPO B

FEM MASC FEM MASC

Severo 0 4 0 0 Profundo 0 0 3 1

Todos os sujeitos foram submetidos à audiometria em campo livre para

verificação do ganho funcional dos dispositivos adaptados. No grupo de

usuários de AASI o ganho funcional ficou entre 25 e 40dB. No grupo de

implantados, o ganho ficou entre 30 e 40dB.

Com relação à etiologia da perda auditiva, no Grupo A registramos 1

caso de perda auditiva por neuropatia, dois de causa genética e um com perda

congênita. No Grupo B uma criança tem a Síndrome de Waadenburg, uma tem

perda auditiva progressiva e as outras duas com perda congênita.

5.2. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS DO LEFC

Os dados obtidos no LEFC foram analisados de duas formas: primeiro

considerou-se o total de pontos obtidos por cada pesquisado nas duas

situações de escuta, ou seja, com amplificação e sem FM e com amplificação e

com FM. Os resultados estão demonstrados na tabela 4; na sequência foi

realizada uma análise situacional, nas mesmas condições de escuta citadas

anteriormente, e os resultados estão descritos nas tabelas de 5 a 8, a saber, no

22

silêncio, no ruído, apenas via auditiva sem pista visual e em distância superior

a 1 metro.

TABELA 4 – RESULTADOS TOTAIS DO LEFC SEM FM E COM FM.

Sujeitos

SEM FM

COM FM

Com AASI 1 24 150 2 65 167 3 139 175 4 69 91 Com IC 1 40 173 2 128 157 3 51 105 4 51 97

Nota: Números maiores indicam melhores resultados de percepção auditiva.

TABELA 5-ANALISE SITUACIONAL EM CONDIÇÕES DE SILÊNCIO

Sujeitos

SEM FM

COM FM

Com AASI 1 13 45 2 32 49 3 46 50 4 48 50 Com IC 1 11 50 2 43 48 3 26 50 4 22 42

Nota: Números maiores indicam melhores resultados de percepção auditiva.

23

TABELA 6 - ANALISE SITUACIONAL EM CONDIÇÕES DE RUIDO

Sujeitos

SEM FM

COM FM

Com AASI 1 9 58 2 17 69 3 56 75 4 53 75 Com IC 1 18 75 2 49 63 3 15 35 4 15 27

Nota: Números maiores indicam melhores resultados de percepção auditiva.

TABELA 7 - ANALISE SITUACIONAL EM CONDIÇÕES DE DISTANCIA

Sujeitos

SEM FM

COM FM

Com AASI 1 5 62 2 23 72 3 55 75 4 62 75 Com IC 1 16 73 2 47 66 3 22 36 4 19 35

Nota: Números maiores indicam melhores resultados de percepção auditiva.

24

TABELA 8 - ANALISE SITUACIONAL SOMENTE POR VIA AUDITIVA

Sujeitos

SEM FM

COM FM

Com AASI 1 13 21 2 10 24 3 21 25 4 18 25 Com IC 1 06 25 2 20 23 3 05 16 4 09 22

Nota: Números maiores indicam melhores resultados de percepção auditiva.

25

6. DISCUSSÃO

De acordo com a tabela 1, observamos que a amostra não está

homogênea em relação ao gênero e idade, porém este não é um fator que

possa interferir na análise de dados.

A amostra, composta por 8 crianças frequenta escola regular. Todos

usam Sistema FM, fato evidenciado na literatura, que apresenta: Na escola, se

o aluno não é capaz de ouvir a instrução do professor, todo o processo

educacional é prejudicado (FLEXER, 2005). Desta forma, o fonoaudiólogo pode

colaborar com programas de atuação baseados em instrumentos de avaliação

que apontem as adequações ambientais e as orientações necessárias para o

professor e a criança com deficiência auditiva, visto que os dispositivos

auxiliares da comunicação, como o sistema FM, fazem parte da Tecnologia

Assistiva que o professor deve ter acesso para que seu aluno deficiente

auditivo tenha acesso à informação (BRASIL, 2004 a, b, 2006 a, b).

Com relação à perda auditiva, 50% da amostra tem perda auditiva

severa e usa prótese auditiva e 50% tem perda auditiva profunda e são

usuárias de implante coclear. De acordo com Bevilacqua (2001) o uso do IC

é considerado o tratamento ouro para indivíduos com perda severa e profunda.

Segundo Costa, et al (2007) o Aparelho Auditivo é o elemento propulsor do

processo de reabilitação auditiva.

Em relação ao ganho funcional das próteses auditivas e do IC

observamos que todos os respondentes apresentam ganhos satisfatórios. O

estudo de Teixeira et al. (2008) mostrou que o grau de satisfação da prótese

auditiva independeu do grau da perda, observando que a adaptação de

aparelhos em perda auditiva severa a profunda pode trazer benefícios, muitas

vezes associada com treinamento auditivo.

Com relação à etiologia todos os respondentes têm diagnóstico

etiológico definido. A literatura explica que identificar a causa da perda é

fundamental para o encaminhamento terapêutico (RIBAS et al, 2012).

26

De acordo com a tabela 5 observamos que a amostra apresentou

resultados satisfatórios com uso do Sistema FM, obteve melhor percepção e

compreensão de fala em todas as situações. Maggi e Prietro (2005) ressaltam

que o Sistema FM é a solução mais eficaz no que diz respeito à melhoria de

inteligibilidade de fala no ruído. Devido ao fato do microfone do Sistema FM

estar próximo ao interlocutor, 15 a 20 cm mais ou menos, ele é capaz de

melhorar a relação sinal/ruído porque reduz os efeitos negativos do ruído e da

reverberação; também soluciona a perda de intensidade do sinal em função da

distancia, pois a fala alcança o usuário do receptor de FM como se estivesse

próximo do interlocutor.

Observamos que em ambientes com ruído a amostra apresentou

melhora na percepção de fala. Um estudo sobre percepção de fala em ruído

(Frederigue e Bevilacqua, 2003), relata que sete usuários de IC em adultos,

houve queda no reconhecimento de fala no ruído em comparação ao silêncio.

As médias de reconhecimento de fala no silencio estiveram entre 69,1 % e 80,

2% , enquanto na relação sinal/ruído de 10 dB estiveram entre 38% e 53,1 %.

Bevilacqua et al (2009) afirmam que o usuário de implante coclear a queixa

mais frequente tem sido reconhecer e compreender a fala na presença do

ruído. Vários estudos indicam que o uso do sistema de FM melhora

significativamente a compreensão da fala no ruído para usuários de AASI e IC

(Shafer e Thibodeau, 2006; Lewis, Crandell, Valente e Horn, 2004 ).

Na situação de distância foi possível observar que a amostra também

apresentou melhora na percepção de fala. Crandel e Smaldino (2000)

realizaram uma revisão de variáveis acústicas que prejudicam a percepção de

fala, entre elas, o fator da distancia entre o interlocutor e o ouvinte. Os autores

referiram que, quando o aluno está próximo ao professor, as ondas sonoras da

fala são transmitidas diretamente para o aluno, ou seja, com o mínimo de

interferência da reverberação. Já na situação contraria os sons que refletem

(sons diretos) dominam o ambiente. Este campo indireto de sons origina

conceito “distância crítica da sala “. Trata-se do ponto em que nível do sono

direto e os níveis dos sinais (indiretos) reverberantes se igualam. Segundos os

autores, em uma sala de aula comum, a distancia critica para uma percepção

adequada de fala é relativamente próxima ao professor. Além disso, lembram

27

que a “lei do inverso quadrado da distancia” prova que a intensidade do sinal

descresse 6dB toda vez que se dobra a distancia entre o ouvinte e o

interlocutor.

De acordo com a tabela 8, a amostra também apresentou melhora nas

situações onde a resposta era somente por via auditiva. Segundo Pereira e

Schochat (2009), a fala é percebida a partir de pistas auditivas e visuais, onde

expressões faciais, leitura orofacial e gestos auxiliam na compreensão e

reconhecimento. Nesta pesquisa, mesmo quando as crianças estudadas foram

submetidas à estímulos auditivos sem pista visual, as respostas com FM foram

melhores.

28

7. CONCLUSÃO

Esta pesquisa permitiu concluir que o uso do FM traz benefícios

significativos para usuários de AASI e IC.

29

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