restrospectiva estadão - 2001

Upload: dlimasouza

Post on 30-May-2018

269 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/14/2019 Restrospectiva Estado - 2001

    1/19

    Produto: ESTADO - BR - 1 - 31/12/01 CompositeH1 -

    Produto: ESTADO - BR - 1 - 31/12/01 CompositeH1 -

    O ANO COMEACO M SURPRESA: A

    ECO N O M IA VAI BEM

    FHC : VAM O SSEGUIRCOM AS

    REFO RM AS

    NA EDUCAO, HO RA DE REFO RAR

    A Q UALIDADE

    CENRIOS PARA 2002IN DISPEN SVELREFLETIRSOBRE AS

    CAUSAS DO TERRO RPag. H10 Pg. H2 P g. H5 P g. H7

    O ESTADO DE S. PAULO

    O atentado de 11 de setembro marcou o incio dosculo. O Brasil perdeu Mrio Covas, Roberto

    Campos e Jorge Amado, e celebrou a queda de trssenadores. Aqui, os fatos do ano que termina

    O QUE FOI 2001

    11 DE SETEM BRO

    H1

    2% 5 % 1 0% 20% 30% 40% 50 % 6 0% 70% 80% 90% 95 % 9 8% 1 00%PB 2% 5 % 1 0% 15 % 20 % 3 0% 4 0% 50 % 60 % 7 0% 8 0% 85 % 90 % 9 5% 9 8% 10 0%COR

    %HermesFileInfo:H-1:20011231:

  • 8/14/2019 Restrospectiva Estado - 2001

    2/19

    Produto: ESTADO - BR - 2 - 31/12/01 CompositeH2 -

    Produto: ESTADO - BR - 2 - 31/12/01 CompositeH2 -

    O AN O EM Q UE A PO LTIC A EXTERN A G AN HO U BRILHO

    FERNANDOHENRIQUECARDOSO

    OBrasil tem atravessa-do desafios importan-tes nos ltimos anos:

    as turbulncias financeirasinternacionais, a mudanado regime cambial, a crisede energia, a desaceleraoda economia mundial, os re-flexos da situao da Argen-tina. Mas nenhum delesafastou o governo do rumotraado.

    Somos hoje um pas alicer-ado em estruturas slidas.

    Transformaes significati-vas j aconteceram. Transfor-maes no plano da socieda-de, na economia, no sistemaprodutivo e no Estado.

    Ao contrrio do que al-guns pensam ou dizem, no de menos reformas e mudan-as que o Brasil precisa ago-ra. Para continuar a avan-

    ar, imperativo persistir nocaminho das reformas e dastransformaes.

    Pode ter havido erros. Masestivemos sempre abertos areconhec-los e, naturalmen-te, a corrigi-los.

    Mas, ao mesmo tempo, preciso ter conscincia de al-go fundamental: o que estdando certo no Pas deve con-tinuar. Estamos vivendouma nova era, e nada do quefizemos foi poracaso. Coloca-mos em marcha um projetode pas. Um projeto centradona modernizao econmicae na transformao social.

    Estamos construindo umBrasil novo. Um Brasil ondeas coisas se tornam mais pre-visveis, onde passou a serpossvel planejar, onde gover-no e sociedade trabalham

    juntos, onde as oportunida-des existem, onde o Estadono tolhe o esprito de inicia-tiva e, sim, cria os marcos re-gulatrios para a atividadeeconmica. Enfim, um Brasilonde se pode investir, ondese pode lutar por um empre-go, viver com liberdade, e on-de cada um capaz de prepa-rar o dia de amanh.

    A estabilidade monetriaque conseguimos com o Realfoi apenas o comeo. Avana-mos, em seguida, nas privati-zaes, quebramos os mono-plios, lanamos o Brasil emAo e, depois, o Avana Bra-sil, definimos os novos mode-los de gesto da coisa pblicae os programas integrados pa-ra a rea social. Alm disso,o Pas experimentou, ao lon-go desses ltimos anos, um

    processo de fortalecimentoconstante da cidadania.Sem dvida, muito ainda

    precisa ser feito para que es-se novo Brasil esteja plena-mente consolidado com suaeconomia mais forte e maiscompetitiva, com a obtenode nveis razoveis de empre-go e de renda, com um Esta-do mais aparelhado para de-dicar-se s questes sociais ecom as condies necessriaspara enfrentar os desafios domundo globalizado.

    Poderamos hoje estarcres-cendo a taxas mais altas, nofossem as dificuldades queafetam a economia interna-cional, sobretudo nos pasesricos. Mesmo assim, deve-mos crescer em 2002 algo emtorno de 3 %, o que no pou-co nas circunstncias atuais.

    Mas, se isso verdade, seainda falta para que esse no-vo Brasil seja um pas maisprspero e mais justo, im-possvel deixarde reconheceralgumas coisasque esto acon-tecendo.

    Estamos fa-zendo uma ver-dadeira revolu-o na educa-o brasileira.Quasetodas as crianasbrasi-leiras j esto na escola e, emalgum tempo, o analfabetis-

    mo no existirmais no Brasil.

    Temos obti-do, dentro e fo-ra de suas fron-teiras, xitos re-conhecidos napoltica de sa-de, como na re-

    duo da mortalidade infan-til e na questo do acesso aosmedicamentos para o comba-

    te ao vrus HIV/aids. Afirma-mos e defendemos, com su-cesso, o princpio de que aspatentes farmacuticas po-dem e devem ser protegidas,mas no ao custo de vidas hu-manas. Esta foi uma vitriasignificativa do Pas.

    Estamos reduzindo o nvelde pobreza, com a sensvelmelhora em praticamente to-dos os indicadores sociais.

    Desde o incio do Real, mi-lhes de brasileiros ingressa-ram no mercado de consu-mo, e lembro que o Censo de2000 registrou um aumentode 41,9 % na renda mdiados brasileiros ao longo dosanos 90.

    Construmos a maior redede proteo social que j sefez no Brasil. So programasde assistncia e transfern-

    cia direta de renda aos maispobres, como o Bolsa-Esco-la, o Bolsa-Alimentao, aPrevidncia rural, o Seguro-Renda para as vtimas da se-ca, a erradicao do traba-lho infantil, entre outros.

    Estamos fazendo a maiorreforma agrria da histriado capitalismo. Assentamosmaisde 500mil famlias, e ho-

    je a maior reivindicao feita

    ao governo nesse setor no por terra, mas por crdito.

    Somos um dos pases quemais recebem investimentosdiretos estrangeiros em todoo mundo. Hoje, recebemosem mdia quase US$ 2 bi-lhes desses investimentospor ms, ao passo que antesdo Real quantias dessa or-dem ingressavam no Pas emum ano inteiro.

    No campo cientfico e tec-nolgico, temos feito avan-os importantes. Formamosmais de 6 mil doutores porano. Criamos vrios fundosde apoio pesquisa. Cadavez mais, generaliza-se noPas o uso das tecnologias deinformao.

    Ao mesmo tempo, estamoslutando com bastante vigorpor nossos interesses econ-micos e comerciais no planointernacional. Este o nosso

    dia-a-dia no mbito daOMC, na discusso da Alca,n a s n e go c ia e s c o m aUnio Europia. Isto sem fa-lar nas disputas comerciaisfreqentes que levamos a ca-bo nos mercados dos pasesdesenvolvidos.

    Nenhum dos avanos queo Brasil tem alcanado ca-sual. Fazem parte da polticade crescimento sustentadocom justia social que inicia-mos com o Plano Real. Soavanos concretos, que secomplementam uns aos ou-

    tros, interli-gando-se emum grandeesforo nacio-nal, esforocoerente, queest mudan-do a face do

    Brasil, tantointernamen-te quanto emnossa inser-o na econo-mia global.

    Se antes oP a s v i v iaaos sobressal-tos, ao saborde medidasi lusrias esob o riscopermanentedo descrdi-to internacio-nal, hoje ga-rantimosa es-tabilidade, aorganizaodas contas

    pblicas, a responsabilidadefiscal e a tarefa de reconstru-o do Estado. Foi isso o que

    permitiu que o governo pu-desse cuidar principalmentedaquilo que seu papel e res-ponsabilidade, como a educa-o e a sade, deixando ini-ciativa privada as tarefasque ela mais competente pa-ra realizar.

    Graas a todas essas con-quistas, j comeamos a pa-gar a dvida social do Brasil.

    O Brasil novo que estamostornando realidade no po-de parar. N o pode dar lu-gar ao Brasil de estruturaspolticas e econmicas arcai-cas, ao Brasil das vises re-trgradas que a sociedade jsuperou e no aceita mais.

    Para os brasileiros de ho- je, a realizao do grandedestino do Pas j no umobjetivo distante. Vemoscom clareza, no horizonte, o

    Brasil mais forte e mais jus-to que sempre lutamos poralcanar.

    O projeto em que estamosengajados o que abre asportas do nosso futuro.

    Esse futuro est nossavista. Na verdade, j come-ou. Mas no podemos des-cansar sobre os louros dasconquistas j realizadas. Te-mos de perseverar, agora enos prximos anos, para darcontinuidade obra inicia-da. Esse trabalho dirio dogoverno, da sociedade, de ca-da um de ns.

    JAN EIRO

    1 Mais de 5.550 prefei-tos de todo o Pas assumemo cargo preocupados em con-trolar gastos, conforme pre-v a Lei de Responsabilida-

    de Fiscal.2 O saldo da balana co-

    mercial fechou 2000 com d-ficit de US$ 691 milhes.Apesar disso, o resultado o

    melhor em seis anos.9 Arrecadao federalbateu recorde histrico em2000, chegando a R$ 176 bi-lhes. O brasileiro pagou R$166,18 bilhes em impostos,o equivalente a 15,35% doProduto Interno Bruto

    (PIB). D ecreto regulamenta a

    lei que permite Receita aquebra de sigilo de contri-buintes sob investigao.

    12 Morre o bicampeoolmpico Adhemar Ferreirada Silva.

    15 Mdicos revelam queo governador de So Paulo,Mrio Covas (PSDB), estcom cncer na meninge.

    18 O Vasco bate o So

    Caetano por 3 x 1, na finalda Copa Joo Havelange.

    20 O republicano Geor-ge Walker Bush, texano de54 anos, toma posse como

    43. presidente dos EUA.21 O papa Joo Paulo IInomeia 37 integrantes doColgio dos Cardeais, quedefinir o nome do seu su-cessor, entre eles os arcebis-pos de So Paulo, d. Clu-dio Hummes, e Salvador, d.

    Geraldo Majella Agnelo.24 Um vazamento de

    gs na plataforma P-37 daPetrobrs, na Bacia de Cam-pos, Rio, provoca grave ex-

    ploso e a morte de dois ope-rrios.26 Terremoto de 7,9

    graus na escala Richter ma-ta cerca de 30 mil na ndia.

    29 Decretada a prisodomiciliardo ex-ditador chi-leno Augusto Pinochet.

    31 Condenado prisoperptua o lbio Abdel Bas-set al-Megrani, acusado decausar a exploso de umBoeing da Pan Am sobre Lo-

    ckerbie, Esccia, em 1988.

    FEVEREIRO

    2 EUA e Canad suspen-dem a importao de carnebovina do Brasil por causa dadoena da vaca louca.

    Fernando Henrique discursa na Assemblia N acional da Frana:pronunciamento int errompido nove vezes por aplausos

    2002: CENRIOS

    Ao receber no Palcio do Planalto aprimeira-ministra da Nova Zelndia, Helen

    Clark, FHC no perde a fleuma diante deum integrante da comitiva e segue o

    cumprimento ritual maori: gesto significatroca do sopro da vida

    Para continuara avanar, imperativopersistir no

    caminhoda sreformas

    O FUTURO CO M EO U

    FATOSDOANO

    JodsonAlves/AE

    EdFerreira/AE

    JosPau

    loLacerda/AE

    FHC, Ruth, Cherie e Tony Blair posam nasCataratas do Iguau: grupo voltaria a se reunir

    na Inglaterra, na companhia de Bill Clinton

    MnicaZarattini/AE

    Encontro com GeorgeW. Bush emWashington:

    defesa deumaglobalizao

    solidria,com maiorparticipaodos pases em

    crescimentonos foros dedeciso

    2% 5 % 1 0% 20% 30% 40% 50 % 6 0% 70% 80% 90% 95 % 9 8% 1 00% PB 2% 5 % 1 0% 15 % 20 % 3 0% 4 0% 50 % 60 % 7 0% 8 0% 85 % 90 % 9 5% 9 8% 10 0% COR

    %HermesFileInfo:H-2:20011231:

    H2 - O ESTADO DES.PAULO ESPECIAL SEGUNDA-FEIRA, 3 1 DE DEZEMBRO DE 200 1

  • 8/14/2019 Restrospectiva Estado - 2001

    3/19

    Produto: ESTADO - BR - 3 - 31/12/01 CompositeH3 -

    Produto: ESTADO - BR - 3 - 31/12/01 CompositeH3 -

    UM G O LPE N A IM PUN IDADECongresso restringe

    a imunidade e comea amoralizar os hbitospolticos do Pas

    4 O compositor Her-bert Vianna, de 39 anos, dogrupo Paralamas do Sucesso,sofre acidente de ultraleveem Mangaratiba, Rio, no

    qual morre sua mulher, LucyNeedham.6 Depois de ter registra-

    do queda de 2%em 1998 e de0,7%em 1999, a produo in-dustrial brasileira cresceu6,5%em 2000, segundo o Ins-

    tituto Brasileiro de Geografiae Estatstica (IBGE).

    14 O presidente nacionaldo PMDB, Jader Barbalho(PA), o novo presidente do

    Congresso. Na Cmara, oeleito o lder do PSDB, A-cio Neves (MG).

    O PIB do Brasil cresceu4,2% em 2000, superando aexpectativa oficial de 4%, namaior expanso desde 1995.

    18 Cerca de 23.500 deten-tos se rebelam quase simulta-neamente em 25 presdios de22 cidades de So Paulo, nomaior motim do sistema car-

    cerrio do Pas, fazendo cer-ca de 10 mil refns.21 O cantor e compositor

    baianoJoo Gilbertoconquis-ta o Grammy na categoriaWorld Music, com o lbum

    Joo Voz e V iolo.

    22 Divulgao de fitacom uma conversa entre o se-nador Antonio Carlos Maga-lhes (PFL-BA) e procurado-res da Repblica acirra a cri-

    se na base do governo. Osena-dor insinua que o aprofunda-mento das investigaes so-bre o ex-secretrio-geral daPresidncia EduardoJorge le-varia descobertade irregula-ridades que envolvem FHC.

    Tambm afirma ter a lista dequem votou contra e a favorda cassao do ex-senadorLuiz Estevo (PMDB-DF).

    23 Fernando Henrique de-

    mite os ministros da Previ-dncia Social, Waldeck Orn-las, e de Minas e Energia, Ro-dolpho Tourinho, afilhadosde ACM.

    Os EUA e o Canad sus-pendem o embargo s impor-

    taes de carne brasileira.27 O banqueiro Walther

    Moreira Salles, fundador doUnibanco, morre aos 88 anos,em Araras, Rio, vtima de en-

    farte fulminante.28 A Imperatriz Leopoldi-nense conquista o tricampeo-nato do carnaval carioca.

    A milcia T aleban ordenaa destruio de todas as est-tuas do Afeganisto, entre

    A o longo dos maisde 110anos de histriarepubli-cana, o Congresso e asAssemblias estaduais servi-ram no s para fazer leis. Du-rante esse tempo, o Legislativorepresentou, em muitos casos,uma proteo para polticosacusados de crimes comuns.Por causa do princpio da imu-nidade parlamentar, eless po-diam ser processados quandoseus pares davam autorizao Justia. Em 2001, deputadose senadores tiveram o mritodeacabar com essa distoro.Com a aprovao de umaemenda Constituio, a imu-nidade foi restringida e, agora,congressistas e deputados esta-

    duais esto protegidos apenaspara expressar suas opinies evotar da maneira que bem en-tenderem. No mais, ficam sujei-tos ao cumprimento da lei co-mo os demais cidados.

    A mudana ocorre num anoem que os brasileiros acompa-nharam atentos a novela en-volvendo dois dos mais infuen-tes senadores dos ltimos tem-pos Antonio Carlos Maga-lhes (PFL-BA) e Jader Barba-lho(PMDB-PA) que, para evi-tarem um processo de cassa-o, acabaram renunciando.

    A restrio da imunidade

    parlamentar,de imediato,colo-cou22 deputadose 2 senadoressobriscode enfrentarprocessosno Supremo Tribunal Federal(STF). Entre eles, o que parecemais enredadoem suspeitas odeputado Jos Aleksandro(PSL-AC), acusado peloMinis-trio Pblico de falsificao de

    documento, estelionato e des-viode dinheiroda CmaraMu-nicipal de Rio Branco.

    No Congresso, esto em cur-so outras aescontra Aleksan-dro, todas por quebra de deco-ro.Logo queos trabalhoslegisla-tivosforem retomados em 2002,o Conselho de tica e Decoro

    Parlamentar da Cmara deve-rdarincioa umprocesso con-tra Aleksandro por apologia docrime e por dar proteo ao ir-mo Alexandre, que respondeporassassinato.Suplentedo de-putado cassado HildebrandoPascoal, aquele apontado comochefe de grupos de extermnioe

    do trfico de drogas no Acre,Aleksandro ser provavelmen-

    te o primeiro caso de processoaberto pelo Conselho de ticada Cmara. Instaladoem outu-bro, o conselho faz parte de umpacote tico aprovado pelosdeputados um passo decisivopara a moralizao dos costu-mes polticos brasileiros.

    Manobra Em fevereiro, de-ver serlevado votao naC-mara outro projeto capaz deaperfeioar os mecanismos decontroleticodo Congresso.Pe-laproposta do deputadoOrlan-doDesconsi(PT-RS), se tornarinelegvelo parla-mentar que re-nunciar ao man-dato para fugirda cassao, des-de que os con-gressistas levem

    o julgamento ato fime concluamque o acusadoeraculpado.

    Em 2001, trs senadores op-taram pela renncia para nose tornarem inelegveis: ACM,Jader e Jos Roberto Arruda(PFL-DF).ACM e Arruda,quedeixaramo Senadoem maio,fo-ram acusados de quebraro sigi-lo da votao secreta que resul-tou na cassao do ento sena-dor Luiz Estevo (PMDB-DF),em 2000. Eles negaram as acu-saes,mas esbarraramna fran-queza desconcertante de Regi-

    na Borges,ex-diretora do Servi-o de Processamento de Dados

    do Senado (Prodasen), que, co-mo outros funcionrios do r-go, confirmou a participaodos dois na violao do painel.A fraude foi considerada peloConselho de tica e DecoroParlamentardo Senado motivode abertura de processopor que-bra de decoro.

    Em setembrofoi a vez de Ja-der, que no resistiu avalan-chede suspeitasde envolvimen-to em irregularidades. Foi acu-sado de ter participado de ope-raesfraudulentas na emisso

    de Ttulos daD -vida Agrria(TDAs) quan-do era ministrod a R ef or maAgrria, no go-verno de JosSarney, de des-viar para uma

    conta pessoal di-nheiro de aplica-es do Banco

    do Estado do Par (Banpar) na poca em que era governa-dor e de fazer trfico de in-fluncia para aprovar projetosde aliados na extinta Superin-tendncia do Desenvolvimentoda Amaznia(Sudam).

    Jader negou at o fim todasas acusaes, mas ao perceberqueo Conselho de ticaabririao processo de cassao, o que otornaria inelegvel por oitoanos,no mnimo, tomouo mes-mo rumo dos ex-colegas.

    RETROSPECTIVA2001

    Regina sob a sombra de ACM: franqueza da funcionria do Prodasen derrubou verso do cacique

    FELIZ 2003FELIZ 2003

    No adianta. Por mais que a gente tente, estamos sempre pensando no futuro.Solues em banda larga, IP, GSM. A Ericsson sempre traz o futuro at voc. Ericsson. Tecnologia aproximando pessoas.

    Nort\West

    BRASILASSISTIU

    NOVELA

    ACM-JADER

    DidaSampaio/AE-3/5/2001

    2% 5 % 1 0% 20% 30% 40% 50 % 6 0% 70% 80% 90% 95 % 9 8% 1 00% PB 2% 5 % 1 0% 15 % 20 % 3 0% 4 0% 50 % 60 % 7 0% 8 0% 85 % 90 % 9 5% 9 8% 10 0%COR

    %He r me sFile In fo :H- 3 :2 0 0 1 1 2 3 1 :

    SEGUNDA-FEIRA, 3 1 DE DEZEMBRO DE 200 1 ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - H3

  • 8/14/2019 Restrospectiva Estado - 2001

    4/19

    Produto: ESTADO - BR - 4 - 31/12/01 CompositeH4 -

    Produto: ESTADO - BR - 4 - 31/12/01 CompositeH4 -

    Analista sagaz,Roberto Campos

    influenciou presidentespor meio sculo

    O PRO FETA DO LIBERALISM O

    RETROSPECTIVA2001

    Oano de 2001 foi marca-do pela perda de um

    dos maiores tericosdo pensamento liberal no Bra-sil: o economista RobertoCampos. Analista sagaze fra-sista excepcional, por50 anosCampos influencioupresiden-tes, tornando-se o mais desta-cado defensor, no Brasil, doEstado mnimo na economia.Por suas idias, ganhou mui-tos adversrios que, numareferncia irnica sua defe-sa do capital estrangeiro, ochamavam de Bob Fields.No fim da vida, viu o mundoficar um pouco mais pareci-docom o que pregavae garan-tiu o respeito at mesmo da-queles que o combatiam.

    Tive o prazer de me pro-var correto em meu prpriotempo, declarou, h quatroanos. Boa parte desuas previ-ses, solues e diagnsticos

    comeou a fazermais sentidodepois da queda do muro deBerlim, em 1989, produziuuma onda de privatizao edesregulamentao econmi-ca e ganhou adeptos no co-mando do Pas.

    Intelectual, economista, di-plomata, ministro, membroda AcademiaBrasileira de Le-tras (ABL) e parlamentar,Campos deu contribuiesimportantes economia doPas. Seu perodo de maiorpoder foi o governo CastelloBranco, quando pilotou o Mi-nistrio do Planejamento e

    criou o Fundo de Garantiado Tempo de Servio (FG-TS), o Sistema Financeiro daHabitao (SFH), o BancoCentral do Brasil, o ConselhoMonetrio Nacional, a cader-neta de poupana e o Estatu-to da Terra.

    Antes, como assessor eco-nmico do segundo governoGetlio Vargas a partir de1951, tinha sido tambm men-tordo Banco Nacional de De-senvolvimento Econmico(BNDE), sigla que anos de-pois ganou um S, de social.Participou ainda da elabora-o do projeto para a funda-o da Petrobrs mas defen-dendo a participao de capi-tal estrangeiro, idia que novingou.

    D e po i s d eVargas, Cam-pos foi profcuocolaborador devrios outrosp r e s i d e n t e s .A ju d ou , p o rexemplo, a ela-borar o PlanodeMetasde Jus-

    celino Kubits-chek, cuja ado-o, entre 1955 e 1961, levouo Pas a experimentar cresci-mento industrial de 80%.

    Batalha Num perodo mar-cado pelo sentimento antia-mericano, era chamado pelaesquerda de entreguista.Nos anos 50, manifestaesestudantis acabavam em seuenterro simblico. Monetaris-tas ao lado dos quais Cam-pos se alinhava e estrutura-listas disputavam certezas so-bre a forma mais eficaz de

    acabar com a inflao. Os mo-netaristas perderam a bata-lha, Juscelino rompeu com oFundo Monetrio Internacio-nal (FMI) e Campos voltouao Itamaraty.

    Em 1961, na gesto de J-nio Quadros, participou das

    negociaes para retomar oacordo com o FMI e negociouemprstimos para o Brasil.Em seguida, foi nomeado em-baixador em Washington.Deixou o cargo em 1963.

    Apoiou a ascensodos mili-tares ao poder, em 1964. Oplano que elaborou em parce-ria com Octvio Gouva deBulhes, ento ministro daFazenda, no governo Cas-tello Branco, considerado onico, antes do Real, a ven-

    cer a inflao.Mas provocoumuita contro-vrsia. Por cau-sa da contenodo crdito, in-dustriais o acu-saram de estag-nara economia.

    Em 1974, foi

    nomeado embai-xador do Brasil

    no Reino Unido. Ficou emLondres at 1982, quando re-tornou para disputar uma va-ga no Senado por Mato Gros-so,seu Estado natal. Foi sena-dor de 1983 a 1990, quandose elegeu deputadofederal pe-lo Rio.

    Com problemas de sade,em cadeira de rodas, compa-receu sesso da Cmaraque afastou do cargo o presi-dente Fernando Collor deMello, no processo de im-peachment, em 29 de setem-

    bro de 1992. Votou pelo afas-tamento do presidente queapoiara, mas afundava politi-camente em meio a acusa-

    es de corrupo. Dois anosdepois, Campos foi reeleitodeputado.

    Mesmice Depois de 16anos de vida parlamentar,perdeu a disputa pelo Sena-do, em 1998, para o ex-prefei-to Saturnino Braga (PSB).Ao despedir-se do Congresso,se dissefrustrado coma mes-mice da poltica brasileira ecom a incapacidade do Pasde promover o desenvolvi-mento sustentado.

    Fez. na ocasio, uma anli-se impiedosa: O Brasil

    uma potncia emergente queainda no emergiu. Continuasendo um pas com grande fu-turo no seu passado. Tendo

    chegado a produzir o oitavoPIB, deixou-seultrapassarpe-la China e pela Espanha.

    No que talvez tenha sido oseu ltimo ato pblico, Cam-pos assumiu a cadeira 21 naAcademia Brasileira de Le-tras em 1999, ocupando o lu-gar que pertencera ao drama-turgo Dias Gomes. No discur-so de posse, fez questo de cri-ticar o comunismo ideolo-gia professada porGomes eelogiar o regime militarbrasi-leiro. Roberto de OliveiraCampos morreu em 9 de outu-bro, aos 84 anos, de enfarte.

    elas duas gigantescas est-tuas de Buda esculpidas empedra, no sculo V.

    MARO

    4 O economista ultralibe-ral Ricardo Lpez Murphy,de 49 anos, designadominis-tro da Economia da Argenti-na, em substituio a JosLus Machinea.

    6 Covas morre em So

    Paulo. O governador em exer-ccio, Geraldo Alckmin (PS-DB), assume o cargo.

    7 O ex-general Ariel Sha-ron, de 73 anos, toma posse

    como premi de Israel. Relatrio do Banco Cen-

    tral mostra mais dois depsi-tos na conta corrente de Ja-der Barbalho, estabelecendosua ligao com o desvio deR$ 10 milhes do Banco doEstado do Par (Banpar).

    OSoPaulovenceo Bota-fogo por 2 x 1 e conquista oTorneio Rio-So Paulo.

    9 FHC nomeia o senadorJos Jorge (PFL-PE) para o

    Ministrio das Minas e Ener-gia e o deputado RobertoBrant (PFL-MG) para o daPrevidncia Social.

    Soldados do Taleban des-troem as duas esttuas de Bu-da de Bamiyan.

    12 Fernando Henrique

    nomeia interventor para cui-dar da extino da Superin-tendncia de Desenvolvimen-to da Amaznia (Sudam).

    13 Oex-senadorpeemede-

    bista Luiz Estevo preso emSo Paulo, acusado de envol-vimento no desvio de recur-sos da obra do Frum Traba-lhista do Estado.

    15 Trs exploses ocorri-das numa coluna de flutua-oda plataforma P-36 da Pe-

    trobras, na Bacia de Campos,matam 11 funcionrios. AP-36 aderna 30 graus.

    16 Superior Tribunal deJustia (STJ) concede limi-

    nar revogando a priso pre-ventiva de Luiz Estevo.

    Lpez Murphy anunciaforte ajuste fiscal, atirando ogoverno de Fernando de laRa em crise poltica.

    19 Lpez Murphy renun-cia e De la Ra o substitui

    por Domingo Cavallo.20 A plataforma P-36

    afunda.21 Fernando Henrique

    anuncia o acordo para paga-

    mento das perdas impostasao Fundo de Garantia doTempode Servio(FGTS)pe-los Planos Vero (1989) eCollor1 (1990).

    23 Estao espacial russaMircai no Pacfico.

    25 O grande vencedor

    No ano em que ganhou for-a a chamada rede de prote-o social do governo, o pre-sidente Fernando HenriqueCardoso perdeu seu princi-pal formulador de polticassociais, o chefe da AssessoriaEspecial da Presidncia, Vil-mar Faria.

    Era um homem discreto ecompetente, um intelectualcomprometido com as mu-danas do Brasil, comentouFernando Henrique no enter-ro do assessor, em So Pau-lo. Mais do que um colabora-dor, Faria era amigo ntimodo presidente e da primeira-dama, Ruth Cardoso tal-vez o ltimo da equipe doPlanalto com quem o presi-dente conversava sobre tudo.Conheciam-se havia quase40 anos.

    Durante o exlio do casalno Chile, na dcada de 60,Fernando Henrique foi pro-fessor de Faria. N o governo,o chefe da Assessoria Espe-cial concebeu o lanamentode programas sociais com-pensatrios, como o Bolsa-Escola e o Bolsa-Alimenta-

    o, com nfase no atendi-mento direto da populao,sem a participao dos inter-mediadores que sempre re-presentam desperdcio de di-nheiro pblico.

    De acordo com o presiden-te, o assessor tinha o perfilde um eventual futuro minis-tro da Educao. Vai fazerfalta ao governo em 2002,ano em que Fernando Henri-que pretende concentrar suaateno na rea social deolho tanto no lugar que serocupado por seu governo naHistria quanto em tentar ga-rantir a vitria de seu candi-dato na eleio presidencial.

    Estudo Na semana em quemorreu, Faria jantou com opresidente, Ruth Cardoso e oento nomeado embaixador

    do Brasil na Itlia, AndreaMatarazzo. O assessor estavapara entregar a FernandoHenrique um estudo sobre apobreza no Pas.

    Doutor em sociologia pelaU n i v e rsi d a de H a rv a rd(EUA), Vilmar EvangelistaFaria especializou-se no estu-do de questes urbanas e so-ciais relativas a emprego, po-pulao e polticas pblicas.

    Morreu aos 60 anos, na ma-drugada de 28 de novembro,em Braslia, de hemorragiadigestiva decorrente de aneu-risma.

    Ador pela morte do go-vernadorMrio Covasuniu esquerda e direi-

    ta, cidados e polticos, pau-listas e brasileiros de todas asregies. A tragdia pessoaldo homem que enfrentouabertamente o cncer, at su-cumbir, foi o acontecimentopoltico de maiorrepercussopopular do ano, cuja como-

    o foi compartilhada nosinstantes finais, ao vivo, pelateleviso por todo Brasil.

    O derradeiro ato de um dosmais importantes polticosbrasileiros reuniu centenasde pessoas, de idades e corespartidrias diversas, que sa-ram s ruas de So Paulo nu-ma tocante cerimnia de des-pedida. A populao tomouas dependncias do Palciodos Bandeirantes, durante ovelrio, alastrou-se pelasruas da capital para acompa-nhar o cortejo fnebre, espa-lhou-se ao longo da Rodoviados Imigrantes e terminoupor consagrarCovas com umfuneral lotado em Santos, nolitoral paulista, terra natal dogovernador.

    Eram perdas simultneas oque todos lamentavamnaque-

    le instante. Morria Covas, ogovernador que saneou as fi-nanas de So Paulo. Mastambm o deputado que noauge da ditadura militar, em1968, com um discurso bri-lhante, evitou a votao quecassaria o deputado MarcioMoreira Alves, e reafirmou asoberania do Parlamento.

    Mesmo Parlamento que, jna redemocratizao do Pas,seria palco para a atuaoapaixonada do senadorcons-tituinte, em 1988.

    Dava-se adeus, tambm,ao poltico que fundou o PS-DB junto com Fernando Hen-rique Cardoso. Sero anosmais solitrios, admitiu opresidente ao Estado no dia

    seguinte morte do amigo go-vernador.

    Protagonista A falta de Co-vas faz-se mais forte sobretu-do diante do momentohistri-co por que atravessa o Pas.Tucanos e adversrios con-cordam que ele a ausnciamais importante da sucessopresidencial de 2002. Prova-velmente, mais uma vez, se-ria o protagonista. Covas erao candidato que o PSDB bus-ca at hoje e no consegue en-contrarpara suceder Fernan-do Henrique.

    A trajetriapoltica e de vi-da fizeram deCovas uma refe-rncia de ho-mem pblico.Formado em en-

    genharia civil,iniciou a carrei-ra poltica em1961, quandodisputou a prefeitura de San-tos, pela UDN. Derrotado,foi nomeado secretrio deObras da cidade. No ano se-guinte, elegeu-se deputadofe-deral pelo PST.

    Em 1965, j sob o regimemilitar, participou da funda-o doMDB. Em1968, noau-ge da represso militar, teveo mandato cassado e somentevoltou vida pblica em1979,quando assumiu a presi-dnciado PMDB emSo Pau-

    lo. Voltaria Cmarados De-p u ta d os e m1982.

    N o a n o s e -guinte, foi no-meado prefeitodeSoPaulo pe-

    lo ento gover-nador FrancoMontoro. Ele-geu-se senador

    em 1986, quando tornou-seum dos mais ativos partici-pantes da Assemblia Nacio-nal que redigiu a Constitui-o de 1988. No mesmo ano,fundou com Fernando Henri-

    que, Jos Serra e outros dissi-dentes do PMDB um novopartido, o PSDB, pelo qualdisputaria a Presidncia daRepblica em 1989. Na cam-panha, fez um discurso cle-bre defendendo um choquede capitalismo para o Pas.

    Gravidade Derrotado nadisputa pelo governo paulis-ta em 1990, Covas elegeu-seem 1994, assumindo um Esta-do praticamente falido. Comuma rigorosa poltica de ajus-te nas contas pblicas, sa-

    neou o caixa e reergueu SoPaulo. J no fim do primeiromandato, Covas lanava umplano de obras que incluiu aconstruo do Rodoanel, aamplicao do metr e a du-plicao da Rodovia dos Imi-grantes. No segundo manda-to, j ciente da gravidade dadoena que o acometia, Co-

    vas preparou seu vice, Geral-do Alckmin, para suced-lo.Num dos ltimos encontros,disse ao sucessor: Voc ad-ministra o Estado. Eu, a mi-nha ida.

    Com fama de turro e mal-humorado, Covas travou,nos meses finais de vida, umarelao de dura franquezacom a imprensa, exigindotransparncia sobre seu esta-do de sade. No momentomais emocionante de sua lu-ta, deu uma entrevista de pi-jama e robe, no Incor, onde

    chorou e fez chorar todos queo ouviam. Tive dor, tive me-do, tive tudo aquilo que umhomem normal tem, disse.Covas chorou como homem.Qual a outra forma maisdigna de mostrar os sentimen-tos?, perguntou. Mario Co-vas Jnior morreu em 6 demaro, aos 70 anos.

    O PAS CHO RAA PERDA DE

    UM EXEM PLO

    FHC:SERO

    ANOSMAIS

    SOLITRIOS

    Covas: cerimnia de despedida reuniu, no Palcio dos Bandeirantes e nas ruas, pessoas de todas as idades e coloraes polticas

    Como lder combativo, governadoraustero e doente destemido,

    Mrio Covas deixa um grandevazio na poltica nacional

    Campos: Tive o prazer de me provar correto em meu prprio tempo

    O M EN TO RDAS PO LTICAS

    SO CIAIS

    AglibertoLima/AE

    -4/5/2000

    GANHOUO RESPEITO

    AT DOS

    ADVERSRIOS

    CarlosMoraes/AgnciaO

    Dia-6/7/98

    2% 5 % 1 0% 20% 30% 40% 50 % 6 0% 70% 80% 90% 95 % 9 8% 1 00% PB 2% 5 % 1 0% 15 % 20 % 3 0% 4 0% 50 % 60 % 7 0% 8 0% 85 % 90 % 9 5% 9 8% 10 0%COR

    %HermesFileInfo:H-4:20011231:

    H4 - O ESTADO DES.PAULO ESPECIAL SEGUNDA-FEIRA, 3 1 DE DEZEMBRO DE 200 1

  • 8/14/2019 Restrospectiva Estado - 2001

    5/19

    Produto: ESTADO - SP - 5 - 31/12/01 CompositeH5 -

    Produto: ESTADO - SP - 5 - 31/12/01 CompositeH5 -

    Governo ofereceu sua ajuda,mas j surgem projetos que

    ensinam o sertanejo a convivercom a longa estiagem

    RETROSPECTIVA2001

    Em menos de 15 minutos, aP-36 afundou levando

    9 mortos e um investimento de US$ 354 milhes

    TassoMarcelo/AE

    -18/3/2001

    O Brasil melhorou

    em quase todos osndices do setor. A gora,falta a qualidade

    A SECA, O UTRA VEZ

    TRAGDIA EM ALTO -M AREquipes tentaram at o ltimo inst ante resgatar a P-36: falha ocorrida num tanque causou a exploso da plataforma

    A HO RA E A VEZ DA EDUCAO

    Homem caminha no chocastigado:carros-pipas e cestas bsicasaos flageladosDidaSampaio/AE

    4/6/2001 Amanh do 1. de janeiro de2001 teve sol forte e quase nohavia nuvens no semi-rido

    nordestino. Para o sertanejo, sinal deque seria um ano difcil. E foi, maisuma vez. Os caminhes-pipa trafega-ram pelasestradas de terra. Cestas b-sicas foram distribudas. Houve sa-ques e invases de propriedades. Sa-frasforam perdidas e a fomesurgiuim-

    placvel.Em cinco Estados,111 muni-cpios despertaram o primeiro diades-te milnio em estado de calamidadepblica.

    O governo criou um ministrio ex-traordinrio para enfrentar o dramada seca. Quase 1 milho de cestas fo-ram entregues em 723municpios.Do-Foram adotadas duas novas formasde proteodos flagelados:a bolsa-ren-dade R$60 e o seguro-safra deR$ 90.Mas para muitos sertanejos a soluosurgiu da ajuda de entidades sociais:projetossimplese baratos,comocister-nas e barragens de reteno da gua,permitema convivncia com a seca.

    AnieleNascimento/GazetadoPovo

    O S AC IDEN TES

    C O N TRA A N ATUREZA

    Qualquer um que observaros dadosda educaobra-sileiraver queela melho-

    rou. Ao menos, numericamen-te. H mais crianas e jovensmatriculados em todos os n-veis de ensino e os ndices deevaso e repetncia esto cain-do. Alm disso, iniciativas co-mo o Bolsa-Escola estimulamfamlias de baixa renda a man-ter as crianas estudando. Masos nmeros encobrem um pro-blema a ser enfrentado: melho-rara qualidade do ensino.

    Em dezembro, foi divulgadoum estudo internacional com32pasesquedeixou oBrasilnaltima posio.Criada pelaOr-ganizao para a Cooperao e

    o Desenvolvimento Econmicopara mediro conhecimento dosjovens de 15 anos, a avaliaomostrou que o aluno brasileiroconseguelerum texto, mas in-capazde compreend-lo.Ode-sastre poderia ter sido pior,afirmou na ocasio o ministroda Educao, Paulo RenatoSouza. Diantede talquadro de-solador, no restou alternativaao ministro seno admitir queest mais doquena hora dedarum saltode qualidade.

    Outras avaliaes reforamessa necessidade. N o Exame

    Nacional do Ensino Mdio(Enem), a mdia foi de 40,5pontos em uma escala de 0 a100. No Provo, somente uni-versitrios de odontologia e pe-

    dagogia,entre20 carreiras ava-liadas, obtiveram mdia supe-riora 50. verdade que,em ge-ral,as universidades pblicas ti-veram desempenhomelhorque

    as particulares no Provo. Noentanto, a greve dos professo-res, que durou 107 dias e cau-sou o atraso dos vestibulares edo segundo semestre letivo

    2001, mostrou que nem tudoso flores no sistema federal deensino superior: os professoresesto insatisfeitos com os sal-rios e dizem que faltam recur-

    sos para a manuteno o queprejudicao ensinoe a pesquisa.

    H, porm, alguns sinais demudana. Pela primeira vez, oMEC suspendeu 12 cursos uni-versitrios poroferecerem ensi-no de pssima qualidade. As fa-culdades, quatro de So Paulo,estoproibidasde fazervestibu-lare tmum anode prazoparamelhorar. Mas o MEC conti-nuaa autorizara abertura defa-culdades particulares e o resul-tadoquecursosdebaixaquali-dade brotam em toda parte.Cientes do problema,entidadescomo a Ordem dos Advogadosdo Brasil e o Conselho Federalde Medicina defenderam, emdezembro, mais rigorna abertu-rade cursosem suasrease o fe-chamento dos que tm desem-penhoruim no Provo.

    Tambm por conta do Pro-vo,algumas particularesresol-veram investir na melhoria de

    seusquadros profissionaise ou-tras, ainda poucas, comeam aapostarna produo cientfica,um dos grandes diferenciais doensino superior. Outra tendn-cia que deve se acentuar em2002 o grande interesse pelaps-graduao: o Brasil nuncatevetantos mestres e doutores.

    Assim, o desafio da educa-o, que jsuperou o dramadafalta de escolas, agora ofere-cer ensino de qualidade, capazde garantira essesjovens meiosdeacesso a um mercado de tra-balho cadavez mais exigente.

    P or cinco dias seguidos, os bra-sileiros voltaram sua atenopara a Bacia de Campos, noRio. Todos estavam curiosos e preo-cupados com o destino da P-36, a

    maior e mais avanada plataformade prospeco de petrleo do mun-do. No dia 20 de maro, chegou-seao trgico desfecho:em menos de 15minutos as 40 mil toneladas forampara o fundo do mar, a 1.360 metrosda superfcie. Afundaram com elaos corpos de 9 dos 11 funcionriosmortos, a produo de 80 mil barrisde petrleo pordia e um investimen-to de US$ 354 milhes.

    Em junho, a Petrobrs apontoucomo principal causa do acidenteuma falha no tanque de drenagemde resduos localizado em uma dascolunas da P-36. A plataforma foiadquirida sem licitao da empresa

    Martima Petrleo e Engenharia que est sendo investigada e adap-tada para operar em guas profun-das.

    No fimde novembro, a Procurado-ria Especial da Marinha denuncioua Petrobrs e duas empresas certifi-

    cadoras como responsveis pelo aci-dente. O presidente da empresa,Henri Philippe Reichstul, deixou ocargo no dia 21 de dezembro. Emseu lugar assume, dia 2 de janeiro,Francisco Gros, at ento presiden-te do BNDES.

    da 73. edio do Oscar opico Gladiador, de RidleyScott. O filme leva 5 estatuetas,de um total de 12indicaes.

    28 Bush decide no im-

    plementar o Protocolo deKyoto, acordo sobre contro-le das emisses de poluentesque produzem o aquecimen-to da atmosfera. O argumen-to de que o protocolo preju-dica os interesses econmi-cos do pas.

    ABRIL1 A China anuncia que

    dois caas interceptaram, em31 de maro, um avio de re-

    conhecimento EP-3 dosEUA, forando-o a pousar nailha de Hainan. Segundo asautoridades, um dos caascaiu aps ter tocado o EP-3 eo piloto est desaparecido.Os 24 tripulantes do avioamericano passam bem.

    O escocs David Coul-thard, da McLaren, vence oGP Brasil de Frmula 1.

    O ex-presidente Slobo-dan Milosevic se entrega po-

    lcia srvia.5 Ogoverno federal anun-cia o Plano de Reduo deConsumo e Aumentoda Ofer-ta para diminuir em 10% oconsumode energia no Sudes-te, Centro-Oeste e Nordeste.As autoridades alertam que,

    se o planono alcanaras me-tas at maio, o Pas sofrer ra-cionamento de energia.

    11 China liberta tripula-o do avio americano.

    12 Acidente na platafor-ma P-7 da Petrobras provocao vazamento de 26 mil litrosde leo na Bacia de Campos.

    16 A prefeita de So Pau-lo, Marta Suplicy, e o sena-dor Eduardo Suplicy, do PT,anunciam o fim de um casa-

    mento de 36 anos.17 Laudo confirma viola-

    o do painel do Senado nasesso que levou cassaode Luiz Estevo. A ex-direto-

    ra do Centro de Processa-mento de Dados do Senado(Prodasen), Regina Borges,diz ter recebido ordem do l-der do governo na Casa, Jo-s Roberto Arruda (PSDB-DF), para reproduzir a listacom os votos.

    19 No Senado, ReginaBorges confirma que o paineleletrnico da Casa foi viola-do a pedido de ACM e Arru-da, que deixa a liderana do

    governo.21 O traficante Lus Fer-nando da Costa, o Fernandi-

    nho Beira-Mar, preso peloExrcito colombiano na cida-de de Maranduba.

    23 Arruda admite que te-ve acesso lista com o re-

    Petrobrs termina o anocomo a grande poluidora doPas e recebe uma srie de

    multas por vazamentos

    2002: CENRIOS

    Estudantes protestam contra realizao de vestibular na U FRJ:greve tumultuou o ano letivo e evidenciou a crise no ensino superior

    Vazamento de duto da Petrobrs no Paran: acidentes em srie em 2001

    Asrie de vazamentos em reasou instalaes sobresponsabili-dade da Petrobrs ou de em-presasligadas a elaterminouporman-chara imagem quea companhiamaiszelava: a de investidora em projetosambientais.Em 2001, osacidentes vie-ram em seqncia. Em fevereiro, orompimento do oleoduto Araucria-Paranagu derramou 50 mil litros deleo em Morretes, no Paran. A em-presafoimultadaem R$150 milhes.

    Outros acidentes se seguiram, in-cluindo o inusitado rompimento de

    um duto em Barueri, na Grande SoPaulo,sobreas casasde um condom-nio de luxo. Foram 200 mil litros deleo bruto. Mais de 30 quilmetros depraias da Bahia foram atingidos como vazamento de leo de um navio daTranspetro, em agosto.

    Em outubro,um novoacidentepro-vocou pnico entre a populaoda re-gio de Paranagu. Tudo por causado navio Norma, carregado com cer-ca de 20 milhes de litros de nafta,queficou encalhadoaps batercontrauma pedra. Um ms depois, vazaramda Refinaria de Manguinhos, no Rio,100mil litros de leo na Baa de Gua-nabara, atingindo as praias de Nite-ri. Para muitos, a empresa exagerouna terceirizaoda mo-de-obracom-prometendo a qualidade dos servios.

    AndraFarias/O

    Dia-28/10/2001

    2% 5 % 1 0% 20% 30% 40% 50 % 6 0% 70% 80% 90% 95 % 9 8% 1 00% PB 2% 5 % 1 0% 15 % 20 % 3 0% 4 0% 50 % 60 % 7 0% 8 0% 85 % 90 % 9 5% 9 8% 10 0%COR

    %HermesFile Info:H-5:20011231:

    SEGUNDA-FEIRA, 3 1 DE DEZEMBRO DE2 001 ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - H5

  • 8/14/2019 Restrospectiva Estado - 2001

    6/19

    Produto: ESTADO - BR - 6 - 31/12/01 CompositeH6 -

    Produto: ESTADO - BR - 6 - 31/12/01 CompositeH6 -

    Um golpe de marketingpe em risco a

    continuidade depesquisas promissoras

    F oi o ano da clonagem edas clulas-tronco, duasexpresses que vierampara ficar nas conversas dodia-a-dia. No Brasil, foi tam-bm o ano em que nasceramVitria, a primeirabezerra clo-nada no Pas, e os filhotes deum camundongochamado Cris-tian, pai da pri-meiraninhada decobaiastransgni-cas produzidas

    no Brasil.A polmica daclonagem explo-diu quando ummdico italianochamado Severi-no Antinori anunciou que ini-ciaria experincias com sereshumanos em novembro. Foiuma comoo na comunida-de cientfica (sria) mundial. muito cedo, dizem os pes-quisadores, para pensar emclonarum serhumano inteiri-nho. Mesmo em animais, atcnica tem um ndice de fra-cassode 97%e o nmero defi-

    lhotes que nascem com pro-blemas graves e precisamser sacrificados enorme.No fim do ano, outra bomba esta puramente publicit-ria. Um empresa americanaanunciou ter clonado o pri-meiro embrio humano. Tra-tava-se de meras seis clulas,que nem foram adiante, e queI a n W i l m ut , o p ai d eDolly, considerou ridcula.

    Foi um retrocesso para aspesquisas, afirma a geneti-

    cista MayanaZatz. O medode que essas ex-perincias le-vem clona-gem de um ser

    humano com-pleto ( produ-o de um be-b) ameaa fa-zer com quepases como os

    EUA probam ou limitem v-rias linhas de pesquisa, inclu-siveas quese utilizamde clu-las embrionrias na tentativade tratar e at curar doenascomo mal de Parkinson, dia-bete e Alzheimer.

    A discusso continua em2002 com o Congresso ame-ricano iniciando um amplodebate sobre o tema.

    Falta muito para esse

    trabalho terminar, mas2002 promete grandesavanos na pesquisa

    Jodson Alves /AE - 21/3/2001

    OS CLON ES EASCLULAS-TRON CO

    RETROSPECTIVA2001

    E VEM A O G EN O M A HUM AN O ...

    PELO PR XIM O

    A grande notcia de feve-reiro foiqueo seqencia-mento do genoma hu-mano estava concludo e publi-cado. S queaquele genoma eraum rascunho incompleto, comerros, e a deciso de public-lofoi mais poltica do que qual-quer outra coisa. Livros quemostram os bastidoresdas duaspesquisas revelam que tanto osdados do genomapblicoquan-toos da Celera de CraigVenterforam reunidoss pressas, emmenosdeumase-mana, para prum pedra em ci-ma da polmicaentre o trabalho

    pblicoeodaem-presaprivada.Consolidar o

    genoma humanovai ser uma dasgrandes tarefas de 2002, dizAndrew Simpson, do InstitutoLudwig, acrescentando que averso definitiva s deve estarpronta em 2003.Nessa versofi-nal, o nmero de genes huma-nos deve ser pelo menos o do-bro dos 30 mil anunciados emfevereiro estudos recentes si-tuam esse total na casa dos 57mil, masa cifraaindapodemu-

    dar. De acordo com Simpson,diminuiu o apetite dos cientis-

    tas porgrandes genomas. 2002,porm, deveassistirao anncioda concluso de vrios estudoscombactriase divulgao doesboodos genomas do camun-dongoe dorato, nomais tardarno incio do segundo semestre.

    O grande desafio agora identificare caracterizara fun-o dos genes humanos e issoenvolve a comparao delescom osde outrasespcies e o de-senvolvimento de ferramentascapazesde descobri-los e identi-ficar as regies do genoma queregulam a ao desses genes,explica John Quackenbush, da

    Tigr(TheInstitu-te for GenomicResearch) dosEUA. A grandeaposta aqui nochamado geno-ma funcional, a

    rea de pesquisaque estuda o quefaz cada gene ecomo faz.

    A ferramentaque os cientistas usam nesse ti-po de trabalho so os chama-dos microarrays, uma tecnolo-gia que nasceu h apenas 7anos, mas j capaz de, numanica lmina, comparar a ex-presso de 30 mil genes. Soeles que permitem identificarquais genes esto ativos ou nonesta ou naquela doena, quaisso acionados neste ou naquele

    estgio de desenvolvimento deum ser vivo. a partir dessesdados que os pesquisadores co-meam a vislumbrar como osgenes interagem e esse volume

    de informaes brutal. Em2002, deveremos tera primeiraintegrao real desses dadospor meio da bioinformtica,que vaiforneceros meiosde in-

    terpretar os padres de expres-so gentica, diz o pesquisa-dor americano.

    Assim, em 2003, quando osleitores do Estado virem na

    primeira pgina que foi con-cludoo seqenciamentodo ge-nomahumanopodem ficarsos-segados: no vo estar lendonotcia antiga.

    JJ.Leister/AE

    -8/8/2001

    Em 2001, o Brasil provouao mundo, e em especialaos Estados Unidos, queo direito de uma populao sadese sobrepe atao direito propriedade intelectual. N altima reunio da OrganizaoMundial do Comrcio (OMC),em novembro, o Pasconseguiuaprovaruma declarao garan-

    tindo que interesses comerciaisnoimpeamo desenvolvimen-tode polticasde sadepblica.

    No entanto, a visibilidadeque o programa brasileiro deatendimento aids ganhou emtermos internacionais pareceumafacade dois gumes.Se porum lado, agncias internacio-nais, como a ONU e a OMS,no poupam elogios iniciati-va de distribuir medicamentosde graa aos doentes, de outroesses mesmos elogios fizeramcom que os grandes laborat-rios se mobilizassem na tentati-va de impedir que o exemplodo Pas fosse seguido. No deucerto. Ao longodo ano, o minis-tro daSade, Jo-s Serra, chegoua ameaar que-brara patente de

    remdios antiai-ds se osfabrican-tes no reduzis-sem preos. Aameaa funcio-nou. Os preosbaixarame o programabrasilei-rosegue em frente.

    No cenrio internacional, aaids continua devastando ospases africanos, em especial africado Sul, onde a brigapelodireito de as grvidas recebe-rem AZT para evitara conta-minao dos bebs foi pararna Justia. Tambm em 2001,pelaprimeira vez,a China reco-

    nheceu convivercom uma epi-demia que atinge mais de meiomilho de pessoas. Em apenasum ano, os chineses registra-ramum crescimentode 67%nonmero de casos da doena.

    Hoje, 40 milhes de pessoasem todo o mundo esto infecta-das pelo HIV e, este ano, 3 mi-lhes morreram deaids. Dos 5,6mil municpios brasileiros,3.500 tm pelo menos um casode aids. De 1980 at junho, fo-ram registrados 215.810 casosda doena no Pas.

    Oano marcoutambm a che-gadaao mercadodo primeirome-dicamentodo fu-turo, o Glivec,para leucemiamielidecrnica.

    A drogafoiproje-tada para blo-quear a ao deumaprotenade-feituosa que cau-sa a doena e a

    Novartisteve de construirinsta-laesespeciaiss paraproduzi-lo. A droga foi aprovada pelaFDA americana em tempo re-corde,tal a suaeficcia.Carssi-ma, foi alvode outra queda-de-braoentre autoridadesbrasilei-ras e a indstria farmacutica.De novo, o preo do produtocaiu e o governo decidiu distri-buir a droga gratuitamente.

    Tapete no V ale do A nhangaba, em So Paulo: programa antiaids brasileiro vira referncia

    AIDS:VIT RIADO PAS

    2002: CENRIOS

    WinMcNamee/Reuters-12

    /2/2001

    teve acesso lista com o re-

    sultado da votao que levou cassao de Luiz Estevo ediz que a entregou a ACM.

    Resoluo proposta pelo

    Brasil, qualificando o acessoa remdios de direito huma-no, aprovada pela Comis-so de D ireitos Humanos daONU. O Pas ganha fora nadisputa sobre patentes de me-dicamentos antiaids que tra-va com os EUA.

    24 ACM tambm admiteque teve acesso lista com avotao da cassao de LuizEstevo.

    28 O milionrio america-

    no Dennis Tito, de 60 anos,parte a bordo da nave russaSoyuz-TM32 e torna-se o pri-meiro turista espacial da his-tria. Tito pagou cerca deUS$ 20 milhes por dez diasno espao.

    30 A dramaturga Maria

    Clara Machado morre noRio, aos 80 anos, em decor-rncia de cncer linftico.

    MAIO

    2 Fernando Henrique de-termina a extino da Sudame da Superintendncia de De-senvolvimento do Nordeste(Sudene), das quais foramdesviados R$ 4 bilhes.

    7 Depois de 35 anos fora-

    gido da Justia do Reino Uni-do, Ronald Biggs deixa o Rioe desembarcaem Londres,on-de preso.

    8 O ministro da Integra-

    o Nacional, Fernando Be-zerra, pede demisso, acusa-do de desviar recursos da Su-dene.

    O Tribunal de Contas daUnio (TCU) decide que o

    juiz aposentado N icolau dosSantos Neto e o ex-senador

    Luiz Estevo tero de devol-ver aos cofres pblicos os R$196,7 milhes desviados daobra superfaturada do Tribu-nal Regional do Trabalho

    (TRT) de So Paulo.9 De acordo com o Censo2000, o Brasil tem a quintamaior populao do mundo,com 169.590.693 habitantes,atrs apenas de China, ndia,EUA e Indonsia.

    12 Morre, aos 72 anos, o

    bicampeo mundial de fute-bol Waldir Pereira, o Didi.

    15 FHC sanciona projetoquetransforma em crime o as-sdio sexual.

    16 No Conselho de tica,o relator Saturnino Braga(PSB-RJ) recomenda a aber-tura de processo de cassaocontra ACM e Arruda, porquebra de decoro.

    18 Governo federal anun-cia o plano de racionamen-

    O A no Internacionaldo Voluntrio

    despertou o interessepelas aes sociais

    SebastiaoMoreira/AE-30/11/2001

    Robert W aterston, um dos pais do genoma, no dia da publicao dos dados: seqenciamento s deve ser concludo em 2003

    Outdoor da campanha do terceiro setor: mais profissionalismo

    N unca se falou tantoem ajudar o prximocomo nos ltimos do-ze meses. Ajudou, e muito, ofato de a Organizao das Na-es Unidas (ONU) terescolhi-do 2001 como o Ano Interna-cional do Voluntrio. As insti-tuies assistencialistas recebe-ram um batalho de novos inte-

    ressados em se dedicar a al-gum tipo de atividade social.S o Centro do Voluntariadode So Paulo foi procuradoporquase16 milpessoas qua-trovezes mais que o registradoem 2000.

    Com isso, mudou tambmo perfil do voluntrio. Come-a a entrarem cena o volun-trio profissional, que usaseu conhecimento no traba-lho do dia-a-dia em favor doprximo. As entidades sa-ram ganhando e mais ainda apopulao assistida.

    EPIDEMIAATINGE40

    MILHESN O

    MUNDO

    Posio brasileirade permitir produo

    barata de remdiosprevalece

    DESAFIO SABER COM O

    FUNCIONACADA GENE

    DEBATEDEVE

    ESQUENTAR

    EM 20 02

    Vitria a primeira bezerra clonada no Brasil, na Embrapa

    2% 5 % 1 0% 20% 30% 40% 50 % 6 0% 70% 80% 90% 95 % 9 8% 1 00% PB 2% 5 % 1 0% 15 % 20 % 3 0% 4 0% 50 % 60 % 7 0% 8 0% 85 % 90 % 9 5% 9 8% 10 0%COR

    %Her mesFile Info:H- 6:20011231:

    H6 - O ESTADO DES.PAULO ESPECIAL SEGUNDA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 200 1

  • 8/14/2019 Restrospectiva Estado - 2001

    7/19

    Produto: ESTADO - BR - 7 - 31/12/01 CompositeH7 -

    Produto: ESTADO - BR - 7 - 31/12/01 CompositeH7 -

    O PERIG O CO N TIN UA

    Diplomacia volta aosvelhos trilhos e povos,

    que no esquecem,podem sentir-se trados

    Tentativa de explodirum avio mostra que assurpresas do terror so

    incalculveis

    AM EAA:N O VO DIO

    A fcil vitria na

    primeira partidano Afeganisto faz omundo readormecer

    BO M BA N OCALADO

    Patric

    kSison/AP

    -11/9/2001

    GILLESLAPOUGE

    Correspondente

    P ARIS Cem dias. Fo-ram necessrios cemdias para que o sur-preendente desafio feito aoOcidente pelos terroristas deOsama bin Laden, com seusfanticos por Deus, se es-vaziasse de uma maneira las-timvel.

    Lembremos:no dia seguin-te ao dia 11 de setembro, es-pervamos o Apocalipse,avies sobre Westminster,uma Amrica enlouquecida,bombas atmicas, o mundomuulmano inclinado parao lado dos afegos, e nada

    disso aconteceu. O planetase acalmou. Readormeceu.Bin Laden est em um bura-co, fugindo ou morto.

    Remisso? Trgua? Dissi-mulao?Inconscincia?An-tes de responder, precisoexaminar como o Ocidenteganhou essa disputa.

    Primeira lio:Bush no um idiota. Ao contrrio doque diziam os franceses, sem-pre mais maliciosos que omundo inteiro, que Bush pa-recia quase no saber acharCabul em um mapa geogrfi-co. E conseguiu reunir emvolta dele uma equipe s ve-zes desagradvel (DonaldRumsfeld), s vezes sutil(Colin Powell), mas semprecompetente e eficaz.

    Segunda lio, tambmimportante: viu-se que,

    quando o Ocidente deixa deter medo das sombras, sabeintimidar o terror, no caso, aloucura criminosa dos funda-mentalistas islmicos.

    H a n o s oavano do isla-mismo sangren-to era conside-rado inexor-vel. Os frenti-cos acumula-vam vitrias.Arglia e Su-do, Afeganis-to, Hamas eJihad palesti-na, Ir, Filipinas, por todaparte o trunfo estava no cri-me.

    O Ocidente balbuciava, he-sitava, recuava. Ora, no Afe-ganisto, ou seja, diante dodesafio mais aterrorizante, o

    mais perverso fundamenta-lismo, a espiral fatal nitida-mente se rompeu. Em cemdias.

    Certamente, nos dez lti-mos anos, o Ocidente j ti-nha reagido vitoriosamentecontra algumas violncias.Na Bsnia, assim como emKosovo, bastou os avies su-birem ao cu para que o pre-sidente iugoslavo, SlobodanMilosevic, fosse reduzido aoque foi:um homem sem con-sistncia e difamado.

    Mas a ameaa srvia (lai-ca e no religiosa) obedeceus regras clssicas da guer-ra. Havia um Estado.

    Havia um Exrcito. Haviauma linha de frente.

    Desde ento, a superiori-dade em matria de armas,tcnicas, avies e dinheiro

    do campo ocidental pde en-trar totalmente no jogo e des-truir Milosevic. O mesmoaconteceu no Iraque. Ao con-trrio, no Afeganisto, ocombate foi mais complica-do, mais irracional.

    No Afeganisto, no foium Estado ou uma naoque se lanou ao ataque.No se sabe o que foi. O ini-migo atirou a partir do na-da. Foi transnacional, multi-forme e disforme, arcaico eps-moderno, invisvel e fla-grante. Tornou-se quase m-tico.

    Os sinais que ele nos en-viou vieram de uma poca di-

    ferente da nossa, de uma ou-tra lgica e de um outro es-pao. O chefe da batalha va-gueia nas velhas grutas ondevaticinavam os profetas dosantigos livros sagrados.

    Motivo suficiente para de-sencorajar os alunos deWest Point e os soldados for-mados com os princpios deNapoleo e de Clauzewitz.Ora, bastam algumas seqn-cias de bombas para que es-ses exrcitos do mistrio, es-ses pretorianos do impercep-tvel e quase do invisvel se li-qefaam e saiam em deban-dada como coelhos.

    Quanto a isso, o estranho que, para abatere sses exr-citos obscuros, o Ocidenteou principalmente os Esta-dos Unidos nem sequer tive-ram de imaginarnovas estra-

    tgias.No entanto, nos momen-tos seguintes ao dia 11 de s e-tembro, Bush e seus minis-tros repetiram sem parar,prometendo-nos novos mto-dos de guerra, armas jamaisvistas, tticas desconhecidase mortais.

    Ora, no vimos nada dis-so. Para abater os invis-veis das montanhas afegs,os americanos e a Alianado Norte desenterraram to-da a panplia das guerrasdo sculo anterior:soldados,avies, bombas. N em sequerum material mais moderno:os tanques R-55 entreguesao Norte pela Rssia ou osB-52 americanos, que tmmeio sculo de idade.

    Devemos concluir, aps es-sa vitria relmpago, que o

    perigo islmico, o do terroris-mo, foi realmente abatido?Seria uma imprevidncia:

    ontem, exagerou-se a gravi-dade do perigo islmico.

    No seria pru-dente hoje su-bestim-lo.

    Na verdade,a vitria ameri-cana foi obtidagraas a algu-mas decisesaudaciosas, in-teligentes, masperigosas e quecorrem o risco

    de ter um grande peso nosdestinos do mundo durantemuito tempo.

    Para evitar que o novo s-culo comece dando razo sdetestveis teses de SamuelHuntington sobre a diviso

    do mundo em dois campos(cristo contra islmico), osassessores de Bush tiverama habilidade de arregimen-tar rapidamente, na coalisoantiterror, os pases muul-manos. E com um belo xito.

    Mesmo o Paquisto, recen-te plataforma do terror emgeral e do movimento dos ta-leban em particular, entrouna coalizo.

    Mas para conseguir esseresultado, a diplomacia ame-ricana teve de oferecer al-guns docinhos. Porexemplo,ao mesmo tempo que os Esta-dos Unidos tinham h muitotempo optado pela ndia, nobrao de ferro que ope n-dia e Paquisto, de repente,a ndia foi negligenciada e ogeneral Pervez Musharraf, opresidente paquistans, adu-

    lado, mimado e acariciado.Da mesma maneira, aomesmo tempo que Bush ti-nha mostrado h seis mesesque no levava nada a srioos palestinos, de repente,seu corao comeou a san-grar, ao pensar nos pobresrabes de Gaza.

    Mas, hoje, depois que Osa-ma bin Laden se dissipou, amesma diplomacia america-na tende a esquecer o quepensava ainda no ms passa-do, e a retomar seus esque-mas do perodo anterior aodia 11 de setembro.

    2002: CENRIOS

    N o Oriente Mdio, a brus-caafeiodadaaospales-tinossecou.N o subconti-nente indiano, e aps o atentadoperpetuado contra o Parlamentoindiano por terroristas paquista-neses da Caxemira, a diplomaciade Washingtonretomou suas an-

    tigas preferncias e se inclina no-vamente em favorda ndia.Essasidasevindassoexplic-

    veis,mas perigosas. Ospovos noesquecem.Se elesse sentirem tra-dos, um novo dio ameaa infec-taros crebros.

    Outro enigma saber em quevai se transformar o terrorismo,aps seu duro fracasso. o fimdos grandes sonhos apocalpticosdas dcadas de 1980 e de 1990?Os fundamentalismos vo se dis-solvercomo porumpassede m-gica? Temo sobretudo que elesno resistam e sonhem de outrasformas. Na psicanlise, existe

    uma forte noo: o ps-trauma.Freudquerdizercomisso que umepisdio traumatizante e aparen-tementesuperado no morre.Es-se episdio finge de morto. Ele seesconde. D esce pelas guas cin-zentas doinconsciente, masconti-nuaa palpitar.E um dia reapare-ceem outrocenrio,em umnovocampodebatalhaecomoutrasar-mas. Por exem-plo,umahumilha-o a que se foisubmetido na in-

    fncia, uma cruel-dade ou uma in-justia parece es-quecida. Mas no verdade. E 20anosdepois,surgi-ro desequilbriosmais ou menosgraves.

    Estou convencido dequeo ps-traumade Freud aplica-seno shistriadoindivduo,masHis-tria dos homens.

    Foi invocando Saladino, ograndechefe rabedas Cruzadas(sculo 12), que o saudita BinLa-den inflamou seus devotos. Foi

    porque os srvios perderam a ba-talha do Campo dos Melros con-tra os albaneses na Idade Mdia,que alguns sculos depois, explo-diu a guerra entre srvios e koso-varesalbaneses.

    porque as Cruzadas ainda opovoam que Huntington v umconflito entre Ocidente e Isl. por causa da Guerra dos Cem

    A n o s(1337-1453), naFrana, que o pu-gilistafrancs,Ha-

    limi, h algunsanos, tendo venci-do o pugilista in-gls, Turpin, le-vantou um braotriunfante e gri-tou para a multi-do em regozijo:

    Joana d'Arc, eu te vinguei! Damesma maneira, o terror. Blo-queado aqui, no corre o risco derenascer l? Tendo aprendidoqueno podiadesafiardiretamen-te o gigante ocidental, os EstadosUnidos, no ficar tentado a op-tarporformasmais geis,mais di-ludas, mais perversas?(G. L.)

    to de energia.23 O Conselho de tica

    do Senado aprova por 13 vo-tos a 2 a abertura de processode cassao dos senadores

    ACM e Jos Roberto Arruda.24 Arruda renuncia aomandato.

    27 O Corinthians torna-se campeo paulista ao empa-tar em 0 x 0 com o Botafogo(SP). O Flamengo bate o Vas-co por 3 a 1 e conquista o

    Campeonato Carioca.30 ACM renuncia ao

    mandato.

    JUN HO1 Homem-bomba provo-

    ca exploso que deixa 21 mor-tos em boate de Tel Aviv.

    O prncipe herdeiro doNepal, Dipendra, mata novemembros da famlia real, en-tre eles o rei, a rainha e dois

    irmos, antes de se suicidar.3 Alejandro Toledo elei-

    to presidente do Peru com70%dos votos.

    O ator mexicano An-

    thony Quinn morre, aos 86anos, em Boston (EUA). Policiais civis de Pernam-

    buco entram em greve.4 Pequimconcorda em de-

    volver,desmontado, avio-es-pio americano.

    Coroadoo novo rei doNe-

    pal, Gyanendra.7 O ex-presidente da Ar-

    gentina Carlos Menem, de 70anos, preso, acusadode che-fiar esquema de contrabando

    de armas. O primeiro-ministroTony Blair vence as eleiesna Gr-Bretanha.

    9 Na Copa das Confede-raes, no Japo, a seleobrasileira de futebol perde pa-ra a Austrlia por 1 a 0, pro-

    vocando a queda do tcnicomerson Leo.

    10 O tenista GustavoKuerten entra para o seletogrupo de tricampees de Ro-

    land Garros, em Paris, ao der-rotar o espanhol Alex Corre-tja por 3 sets a 1.

    11 Timothy McVeigh,condenado pelo atentado deOklahoma, EUA, em 1995,no qual morreram 168 pes-soas, executado com umain-

    jeo letal na Penitenciriade Terre Haute, Indiana.

    O guitarrista MarceloFromer, do grupo Tits, atropelado por uma motoci-

    cleta quando corria nos Jar-dins, So Paulo.12 Luiz Felipe Scolari, do

    Cruzeiro, o novo tcnico daseleo brasileira.

    13 Equipe mdica anun-cia a morte de Fromer.

    17 O Grmio conquista

    Nuvens de fumaa saemde torredo WTC atingidapor um avio,enquantooutrojato se aproxima da segunda; direita,pessoas presas se comprimem

    na janela;um homem, desesperado, salta

    D ois sapatos carregadosde explosivos, hpoucosdias, pela manh, na li-nha Paris-Miami foram suficien-tesparareavivarna Amricae nomundoosfantasmasdodia11desetembro.Com ousem razo?Dequalquermaneira,esses doissapa-tosmostramque as possveis tti-cas do terrorcontinuam, hoje co-mo ontem, imprevisveis.

    por isso que se pode desejarqueo Ocidente, apster acertadosuascontascomosaudita(umpa-rgrafosobre a ArbiaSauditade-veria figurar aqui, mas precisoresumir) e com seus amigos, nose contenteem remanejarum ar-senal, uma estratgia anti-terror.

    tambm indispensvel que sereflitasobreas causas do terror.Por incrvel que parea, foi

    GeorgeW.Bushquedeuestapis-ta.Em umanoite degrandeemo-o (parece-me que no dia dobombeiro herico em NovaYork), vimos o presidente domais poderoso pas da histria,com lgrimas nos olhos e no altodos escombros, deixar se afundarna emoo e colocar a questofundamental: Mas enfim, porque aquelas pessoas tm tantodio contra ns? Por qu? Foiuma questo soberba.Infelizmen-te, a resposta no veio. Ou me-lhor, a resposta foi catastrfica,pois Bush falou (tambm cito dememria): No entanto, somosto bons, ns os americanos...

    Sem dvida a est um doscampos que seria importanteabrir, prioritariamente, ao lado

    dos campos militare econmico.Perguntar por que esses ociden-tais,esses americanos,to maravi-lhosamente bons, to deliciosa-mente generosos, to delicadosem tudosuscitamtanta raiva.

    Haveria, no sistema ocidentalum elemento misterioso,mascara-do, prfido,uma espcie de vene-no clandestinoquetransformariatanta bondade em maldade? Emtodo caso,aos olhosdos povoses-quecidos, dos povos ofendidos ehumilhados? Trata-se de umaquesto realmente difcil! Umaquesto de US$ 50 mil, o casode dizer.(G. L.)

    TERRORADOTAR

    NOVAS

    FORMAS

    BRUSCAAFEIO A

    PALESTINOS

    SECOU

    2% 5 % 1 0% 20% 30% 40% 50 % 6 0% 70% 80% 90% 95 % 9 8% 1 00% PB 2% 5 % 1 0% 15 % 20 % 3 0% 4 0% 50 % 60 % 7 0% 8 0% 85 % 90 % 9 5% 9 8% 10 0%COR

    %HermesFile Info:H-7:20011231:

    SEGUNDA-FEIRA, 3 1 DE DEZEMBRO DE 200 1 ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - H7

  • 8/14/2019 Restrospectiva Estado - 2001

    8/19

    Produto: ESTADO - BR - 8 - 31/12/01 CompositeH8 -

    Produto: ESTADO - BR - 8 - 31/12/01 CompositeH8 -

    PAULOSOTERO

    Correspondente

    WASHINGTON - N odia 20 de janeiropassado, quando as-sumiu a presidncia dos Esta-dos Unidos depois da maiscontrovertida eleio da hist-ria do pas, George W. Bushenfrentava dvidas no ape-nas sobre sua legitimidade.Sua prpria competncia pa-ra ocupar o posto mais pode-rosodo planeta era questiona-da por seus adversrios e poranalistas moderados entre osprprios conservadores.

    As primeiras decises de suaadministrao, como a denn-cia do Tratado de Kyoto sobremudana climtica, confirma-

    ram os temores dos aliados dosEUA sobrea direounilatera-listada poltica externa da ni-ca superpotncia sob o coman-do de um lderinexperientenasgrandes questes internacio-nais e, aparentemente, poucointeressadoem aprender. O ru-moparecia toclaro que, emju-nho, a revista Time publicou oobiturio poltico do secretriode Estado Colin Powell, um ra-ro moderado entre os falcesqueBushescalouparasua equi-pe de segurana nacional. Emmatria de capa,o maior seman-rio dosEUA pre-viu que Powellnoteriavidalon-ga no comandoda diplomaciaamericana e lis-touas vrias der-

    rotas que sofreraem suas tentati-vas de dar umtommais inclusi-vo, de busca decooperao,paraa polticaexternado pas.

    Osataquester-roristas de 11 desetembro e a ma-neira decididacomqueBush res-pondeu ao brutalassassinato dequasetrsmil pes-soas, declarandoguerra ao terroris-mo, removeramquaisquer dvi-das sobre a legiti-midade polticado lderamerica-no. Respaldado

    por mais de 80%da opinio pbli-ca,Bush, que che-gou presidnciadepois de perdera votao popu-lar para seu rivaldemocrata, o ex-vice-presidenteAlbert Gore, ter-mina 2001 e seuprimeiro ano naCasa Branca nocomandode umadas mais repenti-naseradicaismu-danas de priori-dades da polticaexterna j vistan o p a s . A o solhos dos ameri-canos, a fulminante vitria mili-tar contra o Taleban no Afega-nisto e a destruiode umad-

    zia de bases da organizao ter-roristaAl-Qaeda,a um custom-nimo em baixas entre as tropasamericanas, transformaram osformuladores da poltica exter-na, inclusive Powell, em perso-nagens vitoriosos.

    Mas a apreenso dos pasesamigose aliados sobreo rumo dadiplomacia americana persiste,agora reforada pela nova de-monstrao do poder dos EUApropiciada pelosataquescontraoWorld Trade Centere o Pentgo-no. Apesardas proclamaes desolidariedade transatlntica de-pois de 11 de setembro, os Esta-

    dos Unidos e a Europa esto sedistanciando em vrios dos te-mas, doaquecimento global de-fensa antimsseis passando pelas

    atividades internacionais de ma-nuteno da paz,escreveu Jessi-ca Mathews,a presidente daFun-dao Carnagie para a PazInter-nacional na ltima edio da re-vista Foreign Policy. Ela lembraque Bush,em seuprimeiroanonopoder, voltou atrs em seis com-promissos internacionais dosEUA.

    As medidas protecionistas exi-gidas pela Cma-radeRepresentan-tesparaaprovaromandato de nego-ciao comercialfast-track, no in-cio do ms, e asrestries impos-tas aos delegadosdo Executivo emfuturas negocia-es comerciaisaumentaram, em todo o mundo,

    as dvidas sobre a disposio deengajamento dos EUA em acor-dosdeliberalizaovantajosos pa-ratodosos participantes.

    Aindaqueno levema umaal-terao essencial de rumo,os ata-ques terroristas j foraram Wa-shington a fazer um reexame deseusobjetivose alianas externas.Trata-se de um exerccio aindaem curso,quealimentaum inten-so debate entre pombos e falces,entre unilateralistase multilatera-listas, e cujo desfecho est fadadoa ter grande influncia nas rela-

    esinternacionais noainda inde-finido ps-guerra fria. De um la-do esto os que, como Jessica,

    acreditamque osEUA salcana-ro seus objetivos internacionais,a comear pela derrota das redesterroristas que operam contra al-vosamericanos, se adotaremumaestratgiaqueleveem contaos in-teresses e as preocupaesde seusaliados e v s causas dos proble-mas de alienao poltica, econ-micaesocialquesooterrenofr-til para aes dos fanticos segui-dores de OsamabinLaden.

    De outro, esto os falces co-mo o colunista Charles Krau-thammer, de The Washington

    Post, que defende um unilatera-lismoassumido na polticaexter-

    na americana, que no permitaa outros, pormelhoresque sejamsuas intenes, nos desviar dabusca dos interesses fundamen-

    tais de segurana dosEUA.Os efeitos mais imediatos do11 de setembro sobre as priorida-des externas dos EUA esto evi-dentes em fatos como o retornoda Amrica Latina a seu lugarhabitual de relativa invisibilida-de no radaramericano. O planoinicial de Bush de elevaro perfilda regio, a comear pelo Mxi-co, na diplomacia de sua admi-

    nistrao, foisubs-titudopela tarefamais urgente deconcentrar asenergias e os re-cursos do gover-no na montagemdas alianas ne-cessrias para aguerra contra con-trao terrorismo.

    No novo dese-nhoamericanodo mundo, ospa-

    sesmais importantesso, empri-meirolugar, os dalinhade frenteno novo conflito:Rssia, Paquis-to, Usbequisto, Tajiquisto e aTurquia. A deciso americana,h duas semanas, de apoiar umnovo pacote de ajuda do FundoMonetrio Internacional Tur-quia,no momentoemquemanti-nha distncia de uma Argentina beira da catstrofe, ilustra a re-definiodo mapa. Um segundocrculo de naes prioritrias in-clui as Filipinas e a Indonsia e,nofuturoprximo,poderabran-

    gertambmIr e Sudo.Os sinais de reaproximao

    com Teer, 22 anos depois do se-

    qestro de diplomatas america-nospeloregimeislmicodosaiato-ls, sopororaumapartemodes-ta das inesperadas conseqnciase oportunidadesabertasparaa di-plomaciaamericana pelodevasta-dorataqueterrorista deslanchadocontra o territrio dos EUA emnome doIsl.

    Adramticareivenodasrela-es entre Washington e Moscoupermanececomo agrandemudan-a da poltica externa americanano ps 11 de setembro. A disposi-o do presidente russo, VladimirPutin, de desautorizar seu minis-tro de Defesa, desafiara oposio

    dos generais e endossar a crucialpresenamilitaramericananasex-repblicas soviticas do Usbequis-toe Tajiquisto vizinhas doAfe-ganisto, na fronteira norte abriu o caminho para a constru-o de uma relao muito prxi-ma, talvez uma aliana, baseadano pragmatismo, entre os doisgrandes rivais daguerrafria.Aapro-ximao,sublinha-

    dapelo bom dilo-go pessoal entreBush e Putin, nofoi suficiente paraimpedir o presi-dente americanodedesativarunila-teralmente o ABM(Tratado Antims-seis Balsticos), assinado entre osEUA e a Unio Sovitica, nosanos 70, proibindo a construode sistemas antimsseis um pas-so para o desenvolvimento de umescudoespacialquejerapriorida-deda defesade Bushantesdos ata-questerroristas.

    MasPutinsabe, agora,que Wa-shington no far objees res-postarussadiante dequalquerno-va tentativa de rebelio no encla-ve muulmano da Chechnia. Eos EUA reconheceram a assistn-ciarecebidado lderrusso apoian-do a incluso da Rssia nos r-gosdedecisoda Alianado Tra-

    tado do AtlnticoNorte (Otan),numgestoque sur-

    preendeu noape-nas vrios gover-nos aliados masat os generais doPentgono.

    O oficializao,na semana passa-da, por Bush, donovo status da

    China como um parceiro comer-cial normaldos EUA, completouoprocessodedesvinculaoda po-ltica comercial americana com aproteo dos direitos humanos,iniciado na administrao Clin-ton. Um subproduto da entradada China na Organizao Mun-

    dial de Comrcio, a deciso dis-pensa o executivo americano dodesgastante processo de renova-o anual perante Congresso deconcesses comerciais a Pequim.Mas ele significativo, tambm,porenvolverum pasqueprotago-nizou o primeiro incidente exter-no da administrao Bush opouso forado, em abril, de umavio de espionagem eletrnicadaMarinha americananumailha

    chinesa e que emergia como ogrande rival dos EUA no ps-guerra fria. A tenso se dissipoudepois que a China, que enfrentaproblemas internos com minorias uma delas islmica, numa re-giodo pascontga aoAfeganis-to e ao Paquisto , apoiou aguerra contra o terrorismo, porsuas prprias razes domsticas.Repentinamente,a defesade Tai-wan contra a China, que estavanocentro dadiplomaciaamerica-na na sia nos primeiros mesesdanova administrao,desapare-ceu do topo da agenda externaamericana.

    O atentado de 11 de setembro disparou mudanas estratgicas na poltica externa americana

    Bush:ao firme e rpida dissipou dvidas quanto legitimidade e lideranaDougMills/AP

    -13/9/2001

    CHINA ERSSIAGANHARAM

    NOVO STATUS

    Suzanne Plunkett/AP

    Duvidavam de sua competncia, mas elereagiu com rapidez ao

    terrore mudou diplomacia

    PAS TEVEDE REAVA LIAR

    OBJETIVOS E

    ALIANAS

    RETROSPECTIVA 2001

    ATEN TADO FAZ UM N O VO BUSH

    a Copa do Brasil ao ven-cer o Corinthians por 3 a 1.

    20 Senado aprova re-gras para o pagamento dasperdas do FGTS.

    A Organizao Mundialdo Comrcio (OMC) concluique o Programa de Financia-m e n to s E x p or ta es(Proex) no incompatvelcom as regras do comrciointernacional. A deciso fa-vorece a Embraer na dispu-

    ta com a canadense Bombar-dier.

    O general paquistansPervez Musharraf destitui opresidente civil Mohamed

    Rafiq Tara, eleito em 1997.21 Em meio disparadado dlar, o presidente doBC, Armnio Fraga, anun-cia um pacote de medidaspara acabar com a volatili-dade do mercado de cm-bio.

    22 Petrobras concluique falha na vlvula que de-veria isolar um tanque dedrenagem de leo na colunada plataforma foi a causa

    da exploso na P-36.25 Brasil e EUA chegama acordo sobre as patentesde remdios.

    27 ndice de Percepoda Corrupo , da ONGTransparncia Internacio-nal, pe o Brasil como o 46.

    pas mais corrupto entre 91pesquisados.

    Reeleito o secretrio-ge-ral da ONU, o ganense KofiAnnan, de 63 anos.

    O ator Jack Lemmonmorre aos 76 anos, em LosAngeles, vtima de cncer.

    28 Por 8 votos a 2, o Su-premo Tribunal Federal(STF) considera legtimasas medidas do plano de ra-cionamento de energia.

    O governo da Srvia en-trega Slobodan Milosevic aoTribunal Penal Internacio-nal, com sede em Haia (Ho-landa). Milosevic acusado

    por crimes de guerra no con-flito de Kosovo, em 1999.30 O coronel Ubiratan

    Guimares condenado a632 anos de priso pelo mas-sacre de detentos no Pavi-lho 9 da Casa de Detenode So Paulo, em 1992.

    JULHO

    1 Na estria de Scolari,Brasil derrotado por 1 x 0pelo Uruguai em Montevi-

    du, em partida vlida pelasEliminatrias para a Copa.3 Avio de passageiros

    Tupolev cai a 4 mil quilme-tros de Moscou, matando as145 pessoas a bordo.

    5 BC anuncia nova polti-ca cambial contra a dispa-

    Pedro J. Cardenas/AP- 13/9/2001

    2% 5 % 1 0% 20% 30% 40% 50 % 6 0% 70% 80% 90% 95 % 9 8% 1 00% PB 2% 5 % 1 0% 15 % 20 % 3 0% 4 0% 50 % 60 % 7 0% 8 0% 85 % 90 % 9 5% 9 8% 10 0%COR

    %HermesFileInfo:H-8:20011231:

    H8 - O ESTADO DES.PAULO ESPECIAL SEGUNDA-FEIRA, 3 1 DE DEZEMBRO DE 200 1

  • 8/14/2019 Restrospectiva Estado - 2001

    9/19

    Produto: ESTADO - BR - 9 - 31/12/01 CompositeH9 -

    Produto: ESTADO - BR - 9 - 31/12/01 CompositeH9 -

    RETROSPECTIVA 2001

    Primeiro, Bush apiaEstado palestino, para

    agradar rabes, depois, daval a poltica de Sharon

    rada do dlar, mas a moe-da fecha o dia a R$ 2,470, se-gunda maior cotao doReal.

    O Brasil suspende as ne-gociaes comerciais com aArgentina at que o pas reve-

    ja a resoluo de Cavallo queelimina a vantagem tarifriabrasileira para exportaesde bens edeflagra a maiorcri-se j vivida pelo Mercosul.

    O Brasil sobe cinco posi-es no ranking do ndice deDesenvolvimento Humano(IDH) das Naes Unidas. O

    Pas ocupa agora a 69. posi-o entre 162 naes. Em2000, detinha a 74. posio

    8 O fundador e presiden-te da TAM, comandante Ro-lim Adolfo Amaro, morre aos58 anos num acidente de heli-cptero, na regio de Pedro

    Juan Caballero, no Paraguai.9 Justia do Chile suspen-

    de o processo contra Pino-chet, considerando que sua

    sade mental impossibilitaa devida defesa contempladapelo Judicirio e pelas con-venes internacionais.

    11 TCU condena o juizNicolau, Luiz Estevo e osempresrios Fbio Monteirode Barros Filho e Jos Eduar-

    do Teixeira Ferraz, da Cons-trutora Incal, responsvel pe-la obra inacabada do FrumTrabalhista de So Paulo, ao

    pagamento de uma multa deR$ 10 milhes cada um. O governo da Bahia reco-

    nhece que perdeu o controlesobre a segurana pblica noEstado, aps oito dias de gre-ve da polcia. O governadorCsar Borges (PFL) transfere

    o controle da Polcia Militarpara a 6. Regio Militar doExrcito.

    12 Ruas de Salvador so

    assoladas poronda de violn-cia e pnico.13 Quatro caminhes de

    soldados do Exrcito, trans-feridos de Sergipe, Pernam-buco e Rio para substituir aPM da Bahia, deixam seusEstados.

    15 De la Ra baixa paco-te de ajuste fiscal que reduzem 13%o valor de salrios dofuncionalismo federal e das

    aposentadorias com valor su-perior a US$ 300.17 Policiais daBahia deci-

    dem voltar ao trabalho.18 O governo de Alagoas

    pede a FHC o envio de tropasdo Exrcitoao Estado,que en-frenta uma paralisao de

    Novo panorama mundial ps-11 desetembro fez Bush alterar o

    rumo da diplomacia americanatambm no conflito entre

    rabes e israelenses

    Bin Laden:ao terrorista esubseqente bombardeio ao

    Afeganisto no provocaram umlevante contra os Estados Unidos

    nos pases rabes

    ORIEN TEMDIO :GUINADASDOSEUA

    Win McNamee/Reuters-10/10/2001 Reuters-26/5/98

    O11 de setembro alteroutambmo rumo da diplo-macia americana no in-tratvelconflito entreisraelensese palestinos no uma, masduas vezes. Preocupado, inicial-mente, em assegurar o apoio dosgovernos moderados rabes,Bushcaminhou, primeiro, na di-reo dos palestinos. Ele sinali-zou um distanciamento em rela-o ao primeiro-ministro de Is-rael, o ultra-radical Ariel Sha-ron, tornando-seo primeiro repu-blicano a endos-saraidiadacria-ode umEstado

    palestino.Diasdepois,Po-well anunciou oscontornos de umanova iniciativa depaz. Sharon acu-sou o golpe comum desastrado discurso no qualcomparou os gestos americanoscom o abandono da Checoslov-quia aos nazistas pela Europa,antes da 2. Guerra. Os ataquesterroristas palestinosdo inciodomsemIsraeleaausnciadeumlevante popular contra os EUAnos pases rabes, que muitosanalistas chegaram a prever co-mo conseqncia inevitvel do

    bombardeiono Afeganisto,leva-ram Washingtona mudarde cur-so. A administrao colocou opresidenteda AutoridadePalesti-na, YasserArafat, contraa pare-de,nocondenouarespostamili-tardeSharon e reafirmoua alian-a americana-israelense.

    Almda questodo conflitois-raelense-palestino, muitos desa-fios futuros impostos pelos ata-ques de 11 de setembro incluema consolidaoda estabilidadein-ternanoAfeganistoenoPaquis-toe revisodasrelaesentreosEUA e a Arbia Saudita, tradi-cional aliado que comprou a pazinterna exportando terroristas efinanciando o fundamentalismo

    islmico na re-gio.

    s vsperas doano-novo, a imi-nncia de nova

    guerra entre n-dia e Paquisto,dois poderes nu-cleares divididospor uma histriade dcadas dedio, submetia a

    diplomacia americana a novo einesperado teste. Bush, por suavez, reafirmava o critrio peloqual quer ver os EUA julgadosem sua ao externa, renovandoaos americanos a promessa deachar Osama bin Laden vivo oumorto objetivo cujo significadoreal,se foralcanado,serreava-liado luzdo prximo ataqueter-roristacontraos EUA. (P.S.)

    ISO 9002 - uma conquista de todos ns

    www.cesari.com.br

    Desejamos a todosum prspero 2002.

    EMPRESA MULTIMODAL DE MOVIMENTAO DE MATERIAIS LTDA

    Como resultado de uma polticade contnua melhoria na

    qualidade, a CESARI foi

    certificada na norma ISO 9002.

    Para todos aqueles que

    confiaram e acreditaram

    na CesariNosso mais profundo

    agradecimentoChegou o servio de informaes on line que estava faltando para o seu negcio: AE Setorial.So nove port ais Ali mentos e Bebidas, Automotivo, Comrcio e Servios,Construo Civil,Energia, Minerao e Siderurgia, Qumica e Petroqumica, Tecnologia da Informao, Transportese Logstica - com tudo o que voc precisa:

    Acesse o site ou ligue 0800 16 1313 e assine.AE Setorial. Em sintonia com o seu negcio.

    Para ter sucesso no seu negcio preciso ter foco.

    preciso ter AE Setorial

    Soluoem InformaesOn Line

    M

    KT/AE

    Indicadores e cotaes

    Reportagens especiais sobre o setor

    ntegras, legislao integral do setor,decretos e medidas provisrias do governorelacionados ao seu negcio

    Perfil de executivos e empresas de A a Z

    Anli ses, estudos e projees de consultor iasde renome permanentemente atualizadas

    Agenda com os eventos nacionais einternacionais

    w w w . . c o m . b r

    PAQUISTO

    E NDIASO O

    N OV O TESTE

    2% 5 % 1 0% 20% 30% 40% 50 % 6 0% 70% 80% 90% 95 % 9 8% 1 00% PB 2% 5 % 1 0% 15 % 20 % 3 0% 4 0% 50 % 60 % 7 0% 8 0% 85 % 90 % 9 5% 9 8% 10 0%COR

    %HermesFileInfo:H-9:20011231:

    SEGUNDA-FEIRA, 3 1 DE DEZEMBRO DE 200 1 ESPECIAL O ESTADO DE S.PAULO - H9

  • 8/14/2019 Restrospectiva Estado - 2001

    10/19

    Produto: ESTADO - BR - 10 - 31/12/01 CompositeH10 -

    Produto: ESTADO - BR - 10 - 31/12/01 CompositeH10 -

    RETROSPECTIVA2001

    Pas se saiu bem no

    teste do stress quemarcou toda atrajetria de 2001

    IRANYTEREZA.

    RIO O Pas iniciou oano de 2001 com umprennciode crise ener-

    gtica, atravessou o segundo eterceiro trimestres sob a amea-a de apages e termina o anocumprindo um programade ra-cionamento com metas menosrgidas e a possibilidade de de-belara crise em 2002. Ao longodo ano, a maioria da popula-o, cuja intimidade com ener-

    gia eltrica no ia muito almdo acionamento de interrupto-res, incorporou sua rotina a

    atualizao de informaes so-bre o nvel de reservatrios dasgeradoras, comportamento dacurva-guia, balano do consu-mo de megawatts/hora. E mais:adotou foraa cultura deeco-nomia de eletricidade.

    As primeiras notcias sobre acrise na produo de energiavieram em fevereiro. Na poca,o governofalava na possibilida-de de uma racionalizao doconsumo. O Operador Nacio-nal do Sistema (ONS), que mo-nitora o setor de gerao e dis-tribuio de eletricidade, afir-mouque desdeo fimde2000vi-

    nha alertando o Ministrio dasMinas e Energia sobre o baixonvel de gua nos reservatriosdas usinas situadas no que foidenominado quadriltero daseca,em Minase Gois.Entreelas estava Furnas, a segundamaior geradora nacional.

    A polmicasobreo problemacomeou cedo, mas a soluo

    veiotarde. Em maio, o governoadmitiu que seria inevitvel aadoo de medidas queseriam,no mnimo, de racionalizao,e no mximo, apages monito-rados. Em junho foi anunciadoo programa de racionamentoqueobrigou os consumidoresre-sidenciaisdas regies Sudeste eCentro-Oeste a cortarem seusgastos com eletricidade em20%. As indstrias tiveram decontribuir com cotas em tornode 25%. Opresidente FernandoHenrique Cardosofoi a pblicodizer que no fora informadosobrea real proporoda crise.

    Oministro PedroParente foiafastadoda CasaCivil para as-sumir a Cmara de Gesto daCrise de Energia, criada paraencontrar uma soluo para oproblema.

    A adeso da populao aoprograma foi macia e sur-preendente. Sob a ameaa decortes de ener-

    gia, os consumi-dores residen-ciais consegui-ram economizaralm do espera-do.

    Houve brigasem lojas paracompra de lm-padas de emer-gncia que tripli-caram de preo noincio do ra-cionamento. Eletrodomsticoscomo freezer e microondas, osmais recentes smbolos de con-sumo da classe mdia, foramaposentados.Atravessamos

    a fase mais crtica com umexemplo de gesto de situaodificlima. Foi um programaque obteve grande sucesso e te-ve uma participao exemplarda sociedade, resume OctavioCastelo Branco,diretor do BN-DES. Ele coordenou um dosgruposformadosparaadminis-

    trar e debelar a

    crise. As chuvasdofimdo ano narea mais atingi-da pela seca e osucesso do pro-grama de econo-mia de energiatrouxeram pers-pectivasmaisoti-mistas para oano que vem. O

    governo j anunciou que em2002 o racionamento podersersuspenso.

    As medidas para contera de-mandade energiavieramacom-panhadas de um esforo para

    elevar a oferta que incluiu,alm de um programa de cons-truode 15usinas termoeltri-cas(trsjesto prontas)a ado-o da produo emergencialem usinas mveis (barcaas econtineres), medida muitoquestionada por ambientalis-tas, devido ao alto grau de po-luio do ar. Os primeiros con-

    tineres devem chegar ao Pasa partir da segunda quinzenade janeiro.

    Mas, mesmo os sucessivosanncios do BNDES sobre adisponibilidade de verbas paraprojetos de gerao de energiano foram suficientes para ele-var significativamente os de-sembolsos do banco para o se-tor. OsR$ 1,290 bilho de 2000passaram para R$ 1,310 bilhoem 2001. Se todos os 47 proje-tos em estudos no banco foremaprovados, podero ser libera-dosR$ 19,2 bilhesparao setora partirdo ano que vem.

    EC O N O M IA N A RO TA DO C RESC IM EN TO

    PAS SUPERACRISEDEEN ERGIA

    RACIONAMENTO

    Aps o fracasso das negociaes com arival Dynegy, a queridinha do mercadode energia protagonizou a maior quebrada histria dos EUA, com uma dvida deUS$ 13 bilhes.

    Turbulncias ao longo de todo o percursointerromperam o vo da empresa, emdezembro. Sem dinheiro para pagarfuncionri os e combustvel, a Transbrasilsuspendeu as operaes.

    O acesso rpido Internet, por bandalarga, desacelerou de vez. A maiorfabricante de fi bras pticas, a JDS, ceifoua metade de seus quadros. E a Starmediapor pouco no foi lona.

    O pai da conversibilidade chegou

    de mansinho ao governo De la Ra e, emmaro, retomou o todo-poderoso Ministrioda Economia. Depois de malabarismos,foi derrubado pela crise social.

    O Pas de recursos hdricos abundantesacordou, no meio do ano, surpreendidopela crise de energia. Depois de um jogode empurra para apontar culpados, partiu-se para o racionamento.

    ENRON

    TRANSBRASIL

    EMPRESAS

    DEINTERNET

    CAVALLO

    FIM DO

    RACIONAMENTO

    O popular da GM inaugurou no Brasil asvendas de carros por Internet. E fechou oano na quarta posio no ranking daspreferncias do mercado. A fbrica jtrabalha em dois turnos.

    O executivo brasileiro que em dois anostirou do buraco a terceira maior montadora

    japonesa, a Nissan, virou heri. Alis,super-heri: a revista em quadrinhos BigComic Superior vai contar sua histria.

    Atravessou 2001 como objeto de desejoda classe mdia e fechou dezembro comuma venda de 750 mil aparelhos. O triplodo ano anterior, quando o modelo maisbarato custava R$ 650.

    Enquanto as irms mais velhas tentam

    sobreviver, a caula Gol, nascida emjaneiro, ganhou espao. Fiel ao modelode tarifas baixas, conquistou mais de 8%do mercado domstico.

    So Pedro e os consumidores podemabreviar o racionamento. As chuvascomeam a encher os reservatrios.As metas de consumo, no Sudeste e Centro-Oeste, foram abrandadas.

    CELTA

    PARA CIMAPARA BAIXO

    ArtEstado

    Q UEM SUBIU E Q UEM DESCEU EM 20 0 1

    CARLOSGHOSN

    GOL

    DVD

    policiais por reajuste sala-rial.

    20 Jader pede licena dapresidncia do Senado por60dias. Em seu lugar assume

    Edison Lobo (PFL-MA). Polcia mata a tiros um

    manifestante antiglobaliza-o italiano na abertura dacpula do Grupo dos Oito(G-8), os pases mais indus-trializados domundo, em G-nova, Itlia.

    21 Acaba a greve da pol-cia de Alagoas.

    23 O Brasil eliminadoda Copa Amrica ao perderpor 2 x 0 para Honduras.

    24 O ministro do Desen-volvimento, Alcides Tpias,deixa o governo. Em seu lu-gar assume o embaixador doBrasil no Reino Unido, Sr-gio Amaral.

    27 Helicptero do GrupoPo de Acar cai no mar em

    Maresias, litoral norte de SoPaulo. O empresrio JooPauloDiniz,de 37anos,e o co-piloto Luiz Roberto de ArajoCintra chegam praia. A mo-

    delo Fernanda Vogel, de 20anos, namorada de Diniz, e opiloto Ronaldo Jorge Ribeiro,de 47, morrem no mar.

    31 Cmara dos EUA der-ruba a emenda que permiti-ria a clonagem de embrieshumanos em pesquisa. Deci-

    so pode ser o primeiro passopara a proibio da clonagemhumana no pas.

    AG O STO

    1 Procuradores que inves-tigam o desvio de recursos doBanpar concluem que 49acusados foram beneficiadoscom R$ 39,2 milhes em de-psitos irregulares entre 1983e 1987. Entre eles esto Jader

    Barbalho, poca governa-dor do Estado, e sua ex-mu-lher, a deputada Elcione Bar-balho (PMDB-PA).

    3 Governo fecha novo

    acordo com o FMI, vlido atdezembro de 2002. Com o no-vo programa, o Brasil ter di-reito a sacar US$ 15 bilhes.

    6 Morreem Salvadoro es-critor Jorge Amado.

    8 Morre, aos 82anos, Gas-to Eduardo de Bueno Vidi-

    gal, dono do Banco Mercantilde So Paulo.

    O iatista Robert Scheidtconquista, na Irlanda, o quin-to ttulo mundial na classe La-

    ser.9 Quinze pessoas morrem

    e mais de 90 ficam feridas emJerusalm no piorataque pa-lestino desde o reincio da In-tifada, em setembro de 2000.O brasileiro Jorge Balaz, de60 anos, um dos mortos.

    2002: CENRIOS

    N OVASUSINAS

    SERO

    ENTREGUES

    Na usina de Furnas, o nvel de gua baixo:racionamento obrigou consumidores e empresas a economizar energia para superar crise

    DidaSampaio/AE-22/06/2001

    Consumidores brasileiros mudaram

    hbitos para fugirdo apago

    FERNANDODANTAS

    RIO O ano de 2002 co-mea, para a economiabrasileira, com uma

    grandesurpresa:as coisas estoindo bem, depois de o Pas terpassado, ao longo de 2001, porumadisparadado cmbio e porturbulncias nos mercados quederam a impresso de que oequilbrio macroeconmico es-tava por um fio. O Brasil estentrandono novo anocoma in-flao declinante, o crescimen-to econmico em gradual (ain-da que lento) processo de reto-mada, a balanacomercialpro-metendo um supervit de pelomenos US$ 5 bilhes, os investi-

    mentos externos diretosvoltan-do a crescer, e o dlar no nvelconfortvel e competitivo deR$ 2,31.

    Para