resposta ao livro a historia nÃo contada de pedro

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1 Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mateus 16,18) RESPOSTA AO LIVRO A HISTÓRIA NÃO CONTADA DE PEDRO À LUZ DAS SAGRADAS ESCRITURAS E DA TRADIÇÃO CRISTÃ CATÓLICA Gledson Meireles

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  • 1

    Tu s Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno no prevalecero contra ela. (Mateus 16,18)

    RESPOSTA AO LIVRO

    A HISTRIA

    NO CONTADA DE PEDRO

    LUZ DAS SAGRADAS

    ESCRITURAS E DA TRADIO CRIST

    CATLICA

    Gledson Meireles

  • 2

  • 3

    Apresentao

    A presente resposta considera cada argumento no livro A

    Histria No Contada de Pedro, e tem como objetivo preparar melhor

    os cristos catlicos, e todos aqueles que buscam a verdade, para

    que cresam na f.

    O autor do livro "sempre busca ser impecvel e imparcial

    quando se trata de heresias" (p. 4), como diz o prefaciador. E sobre o

    livro: "Este livro rene muito mais do que ele j escreveu e falou

    sobre o assunto." Que bom! Ter-se- bastante trabalho para

    responder a cada argumento que o livro apresenta de modo

    exaustivo contra o primado jurisdicional de So Pedro.

    O autor expressa sinceridade, vontade de analisar e combater

    aquilo que em sua viso uma heresia, e esfora-se grandemente

    para isso. Sendo assim, espera-se que considerar essa resposta.

    Que Deus abenoe este trabalho em Cristo. Amm.

  • 4

    Obs.: Doravante o livro A Histria No Contada de Pedro ser

    referido na maioria das vezes como o livro.

    esperado que o livro analise a doutrina catlica. Durante o

    estudo, o leitor poder conhecer a fora da verdade. Verdade essa

    que o prprio Cristo na Sua Igreja.

  • 5

    Captulo 1

    O Pedro de Roma e o Pedro da Galileia

    Nessa resposta os argumentos que o livro prope sero

    analisados devidamente. No decorrer do texto, as linhas em preto e

    azul so partes da resposta, enquanto que as verdes so oriundas do

    livro em anlise.

    O livro reconhece que os discpulos so verdadeiros

    embaixadores de Cristo. (p. 6) Essa doutrina do Evangelho deve nos

    inspirar nessa considerao, de que somos representantes de Nosso

    Senhor Jesus Cristo, e que os lderes da Igreja, como os apstolos,

    realizam a evangelizao como verdadeiros embaixadores do Senhor

    Jesus.

    O foco do livro um dos doze apstolos, o apstolo Simo

    Pedro. De carter irresoluto, mas fiel, firme na f, de grande amor

    pelo Salvador, era rude nas palavras e nos atos, cheio de zelo e de

    entusiasmo. Bem, a f crist catlica tem o fato de que Pedro morreu

    em Roma, e essa a fundao histrica para a primazia de Roma.

    [cf. Enciclopdia Catlica]

    Essa informao de extrema importncia, e isso ficar mais

    claro quando for tratado o tema em captulo especfico. A Igreja no

    tem outros detalhes histricos constitutivos da vida do apstolo Pedro

    como base histrica para a afirmao da primazia da Igreja de Roma,

    mas o seu martrio. Por ter vivido algum tempo, e morrido, em Roma,

    aquela Igreja guardou a f do apstolo e primeiro bispo daquela

    Igreja.

  • 6

    O livro tenta fundamentar as menes especiais a Pedro, por

    parte de Jesus, como fruto natural, e nico, de sua personalidade,

    que era de muita iniciativa, pois era um apstolo participativo, o que

    levava-o a acertar e tambm a errar, muitas vezes. E faz comparao

    com a maioria dos discpulos hoje.

    Ento, passa a mostrar as premissas que orientaram sua

    comparao com o papa: No somos perfeitos. Pedro no era

    perfeito. No somos infalveis. Pedro no era infalvel. Reconhecemo-

    nos como pecadores (Lc.5:8), choramos amargamente quando

    cometemos um pecado (Lc.22:62). (p. 7)

    Essa insinuao de que Pedro no era infalvel diz respeito ao

    objetivo de criticar a infalibilidade do Papa, que o sucessor de

    Pedro. No entanto, o livro comete um erro inicial: ao afirmar a

    infalibilidade do papa nenhum cristo catlico cr que o papa

    impecvel. A infalibilidade no implica em sua impecabilidade.

    Sabemos que o papa mesmo confessa ser pecador, assim como Pedro

    (cf. Lc 5,8). Portanto, o que o livro traz nessas linhas incuo.

    Ainda: Infelizmente, com o passar do tempo, esse Pedro

    humano, pecador e falvel como todos ns, foi substitudo por um

    outro Pedro, algum que a Igreja de Roma quer passar a ideia de

    um ser infalvel, chefe de todos os cristos, o supra-sumo da

    cristandade, a prpria rocha sobre a qual a Igreja (todos ns) est

    edificada. Ao invs de Pedro ser um cristo igual a ns, fomos

    obrigados a crer que no apenas ns, mas tambm todos os

    apstolos, profetas, e pasme: o prprio Senhor Jesus Cristo(!), esto

    todos edificados sobre uma pedra humana, falvel e pecadora.

    O livro tenta fazer um contraste imaginrio entre a verdadeira

    biografia e imagem do apstolo so Pedro e uma suposta lenda e

    falsa imagem que teria sido passada pela Igreja na figura do papa.

    E, ento, ensina ao leitor que a Igreja Catlica professa a f de que

  • 7

    Jesus e todos os cristos esto edificados sobre Pedro. Obviamente,

    no faz citao de nenhuma fonte, apenas conclui daquilo que

    entendeu. Mas, seu entendimento falho, pois a Igreja Catlica cr

    que a fundao da mesma Jesus Cristo, e que so Pedro tem sua

    fora proveniente do mesmo Senhor Jesus Cristo.

    Somente no sentido de governo, de uma liderana visvel, que

    a Igreja Catlica cr que Pedro a pedra fundamental. E essa

    verdade coloca Pedro sobre o fundamento de Cristo, pois o papa no

    teria autoridade se essa no lhe fosse dada por Jesus. O Catecismo

    no nmero 424 mostra que a Igreja est fundada sobre Jesus,

    afirmando que a confisso de Pedro a pedra de fundamento. Eis um

    exemplo do documento oficial explicando o sentido de Mateus 16,18

    de forma espiritual, com foco em Jesus Cristo como fundamento da

    Igreja. Portanto, o que o livro afirmou acima no verdade.

    Em continuao, o livro afirma: Um Pedro infalvel, que manda

    e que desmanda, que cria dogmas e que ai de quem vai contra ele ou

    ousa questionar a sua autoridade! (p. 7)

    Deve-se saber que o papa segue a tradio crist e no pode

    criar dogmas, nem tem qualquer autoridade seno pela verdade. O

    que o livro coloca acima uma crtica vazia, e um julgamento

    errneo da f catlica.

    O objetivo do autor desmistificar o que considera o mito

    sobre o apstolo so Pedro, de ser o fundamento da Igreja, de sua

    primazia, de sua infalibilidade, de ser o nico vigrio de Jesus, de sua

    autoridade mxima, de ser bispo de Roma, portanto, de ser papa, de

    usar o ttulo de Sumo Pontfice, dos papas serem sucessores de so

    Pedro, e de Roma ter a primazia entre as igrejas. Ento, deseja que

    ao terminar o livro o leitor no creia em nada mais do que aponta

    numa lista, que inclui o que foi citado acima, e termina o captulo

    com as palavras: Pedros que no sejam o original sero

  • 8

    desmascarados. E um povo sbio e consistente na Palavra de Deus

    ser erguido. (p. 8)

    Uma das afirmaes que o livro prope para criticar : Pedro

    era o nico vigrio ou representante de Deus na terra. (p. 8) Para

    entender essa questo deve-se saber o que a Igreja ensina:

    No servio eclesial do ministro ordenado, o prprio Cristo

    que est presente sua Igreja, como Cabea do seu corpo, Pastor do

    seu rebanho, Sumo-Sacerdote do sacrifcio redentor, mestre da

    verdade. o que a Igreja exprime quando diz que o padre, em

    virtude do sacramento da Ordem, age in persona Christi Capitis na

    pessoa de Cristo Cabea: (Catecismo da Igreja Catlica, 1548).

    [nfase do original]

    A Igreja ensina que Jesus Cristo o Cabea da Igreja, que o

    Pastor, o Sumo-Sacerdote, que o padre age em Seu Nome, em Sua

    Pessoa. Isso equivale a dizer que o padre o Seu representante.

    Esta presena de Cristo no seu ministro no deve ser

    entendida como se este estivesse premunido contra todas as

    fraquezas humanas, contra o af de domnio, contra os erros, isto ,

    contra o pecado. (Catecismo, 1550).

    O cristo catlico deve professar a f de que todos somos

    pecadores, mesmo os ministros santos de Deus. Isso inclui o papa.

    Cada bispo tem, como vigrio de Cristo, o encargo pastoral da

    Igreja particular que lhe foi confiada. (Catecismo, 1560).

    Temos, ento, que o papa possui o primado que Jesus deu ao

    apstolo so Pedro, judeu, pescador da Galileia, e que foi testemunha

    de Jesus, primeiro dos apstolos, pregador do Evangelho em Roma, e

    que vivendo nessa cidade por algum tempo, sofreu nela o martrio.

  • 9

    Ainda, que assim como so Pedro, o papa um homem falvel e

    pecador, em virtude do cargo fundamento e sinal de unidade na

    Igreja. Por seu cargo o papa infalvel.

    Nesse nmero, 1560, o Catecismo ensina que todo bispo

    Vigrio de Nosso Senhor. Sendo assim, temos muitos vigrios. O

    papa no o nico Vigrio. Portanto, a ideia que o livro ataca no

    existe.

    Pelo que o livro trouxe at o momento, fica claro que seu

    entendimento bsico da doutrina catlica sobre o primado de Pedro

    defeituoso. O autor no o compreende e julga uma concepo no

    catlica da mencionada doutrina.

    Com intuito de auxiliar nessa reflexo, leiamos o que nos

    informa o grande historiador da Igreja, Eusbio de Cesaria:

    Logo depois, sob o reinado de Cludio, pela benigna e graciosa

    providncia de Deus, o grande e poderoso Pedro que, por sua

    coragem era o lder de todos os outros, foi conduzido a Roma...

    Essa linguagem bastante crist catlica, e no parece em

    nada com o modo de entender do Protestantismo. De fato, um

    protestante dificilmente se referiria a Pedro como o grande e

    poderoso Pedro. Talvez, ainda no o considerariam como o lder de

    todos os outros apstolos. Mas, a f crist justamente essa, que a

    Histria Eclesistica testemunha nesse registro.

    Assim, o que Eusbio escreve a traz pelo menos duas

    informaes importantes: de que Pedro o lder dos apstolos, e que

    foi levado a Roma pela Divina Providncia.

    Mas uma grande luz de piedade iluminou a mente dos ouvintes

    de Pedro, de modo que no lhes era suficiente ouvir uma vez nem

    receber o ensino no escrito da proclamao divina, mas com todo

  • 10

    tipo de exortao suplicaram a Marcos, cujo Evangelho temos, que,

    como companheiro de Pedro, lhes deixasse um registro escrito do

    ensino que lhes fora dado verbalmente.

    Essa atestao da pregao de Pedro em Roma inequvoca. O

    Evangelho Segundo So Marcos foi escrito tendo por referncia as

    pregaes de so Pedro em Roma.

    Ora, Pedro menciona Marcos em sua primeira epstola, que

    teria composto na mesma cidade de Roma, coisa que, segundo

    dizem, ele mesmo indica, referindo-se cidade metaforicamente

    como Babilnia, com as palavras: a eleita na Babilnia vos sada e

    tambm Marcos, meu filho (1 Pe 5,13). [Histria Eclesistica, II,

    14.15]

    Essa outra informao importante afirma que os cristos

    antigos entendiam que Pedro refere-se a Roma quando escreve

    Babilnia, usando um termo metafrico. Essa uma prova da

    antiguidade dessa interpretao de 1 Pd 5,13.

    Quanto s atenes especiais a so Pedro, essas so sinais da

    sua primazia. Ainda nos momentos em que sua personalidade no

    evidenciada, e que o mesmo esteja em situao idntica a dos

    demais, o Senhor Jesus o destaca como lder.

    Ao encontrar os apstolos dormindo, quando deviam vigiar, o

    Senhor disse a Pedro: E, voltando para os seus discpulos,

    achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Ento nem uma hora

    pudeste velar comigo? (Mateus 26,40)

    No foi o apstolo sozinho quem dormiu, mas todos

    adormeceram. No entanto, a especial ateno, e exortao, vai ao

    lder.

  • 11

    Noutro momento, temos que o Diabo pede para perseguir os

    apstolos, mas o Senhor diz a Simo Pedro: Disse tambm o

    Senhor: Simo, Simo, eis que Satans vos pediu para vos

    cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua f

    no desfalea; e tu, quando te converteres, confirma teus

    irmos. (Lucas 22,31-32)

    Essas so provas da liderana do apstolo So Pedro sobre os

    demais apstolos, e essa promessa foi feita antes da revelao de

    que o apstolo iria negar o Mestre.

    Penso que essas palavras j so suficientes para afirmar que o

    apstolo Pedro, que nasceu na Galileia, aquele mesmo Pedro que

    foi martirizado em Roma, o qual tem por sucessores os bispos de

    Roma, os papas da santa Igreja Catlica.

    Vai, realmente, valer a pena ler o livro at o fim, e responder a

    seus erros, e fazer cair os mitos em Nome de Jesus Cristo.

  • 12

    Captulo 2

    Quem Pedro?

    O livro procura esclarecer biblicamente quem era Pedro,

    citando escritores cristos, expondo sua biografia, antes de fazer uma

    exposio teolgica sobre ele. [nfase no original]

    Quando Jesus chama Simo para segui-lo, j inicia-se seu

    preparo para que fosse o lder. A pesca em Genesar revela um

    exemplo disso:

    E, entrando num dos barcos, que era o de Simo... (Lucas

    5,3).

    No verso 10 est escrito: E, de igual modo, tambm de

    Tiago e Joo, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de

    Simo. E disse Jesus a Simo: No temas; de agora em diante

    sers pescador de homens.

    Essa passagem evidencia o tratamento diferenciado de Jesus

    para com Simo. Havia naquele momento trs homens pescadores:

    Pedro, Tiago e Joo. A ateno especial sempre caiu em Pedro: o

    Senhor escolhe sua barca; manda a ele que lance as redes, e aps a

    pesca milagrosa afirma que o mesmo ser pescador de homens. Em

    Marcos 1,17 est escrito: E Jesus lhes disse: Vinde aps mim, e

    eu farei que sejais pescadores de homens. As palavras de Jesus

    fazem dos apstolos pescadores de homens. Mas, do texto de so

    Lucas tem-se a revelao a respeito de quem, de maneira mais

    especfica, o Senhor referiu-se diretamente. No momento no refere-

    se aos demais discpulos, mas apenas a Simo. Entretanto, a

    promessa parte de Simo e envolve seu irmo Andr tambm. Em

    Pedro, como chefe, os outros so pescadores, pessoal e

    verdadeiramente, mas em unio com Pedro.

  • 13

    A mudana de nome, ou seu acrscimo, como prefere o autor

    do livro, um dos sinais da misso especial do apstolo Pedro. No

    entanto, a tese do simples acrscimo ser refutada em lugar

    apropriado. So Pedro foi o nico dos doze que recebeu,

    individualmente, um novo nome. E os nomes trazem um significado

    da ao de Deus por aquela pessoa que o recebeu. Assim, sendo que

    Pedro quer dizer pedra [Petros=Petra], esperado que o sentido de

    seu nome seja explicado nas pginas da Bblia, pelo prprio Senhor

    Jesus.

    E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu

    s Simo, filho de Jonas; tu sers chamado Cefas (que quer

    dizer Pedro). (Joo 1,42)

    Esse o primeiro momento em que Simo encontra-se com

    Jesus. Logo que o v afirma que Simo ser chamado Cefas. No

    obsta que muitos continuem a trat-lo de Simo (Ato 10,32; Lucas

    24,34), s vezes. O importante seu novo nome dado pelo Senhor,

    com objetivo providencialmente definido.

    Mas, o livro apresenta a seguinte informao: Portanto,

    diferentemente de outros personagens bblicos (como Abrao, Sara,

    Jac e outros) que tiveram os seus nomes trocados, no caso de Pedro

    apenas foi adicionado um sobrenome. Como explicado no livro, aos

    serem citados os versos Atos 11,18 e 10,38. Mas:

    Em Gnesis 32,28 (ou 29) est escrito: Ento disse: No te

    chamars mais Jac, mas Israel; pois como prncipe lutaste

    com Deus e com os homens, e prevaleceste.

    Essa passagem no significa que Jac no fosse mais chamado

    por seu nome antigo, mas que tambm seria denominado Israel,

    como se v no prximo verso (Gn 32,30) e em outras passagens

    bblicas.

  • 14

    A Bblia usa ambos os nomes numa mesma passagem: E

    falou Deus a Israel em vises de noite, e disse: Jac, Jac! E

    ele disse: Eis-me aqui. (Gn 46,2)

    Portanto, o que o livro afirmou anteriormente est incorreto. Da

    mesma forma que Simo, que mais tarde foi chamado Pedro, ou

    Simo Pedro, ou at mesmo somente Simo, assim tambm Jac era

    chamado Israel, e em outras circunstncias Jac, tendo igualmente

    ambos os nomes no mesmo verso bblico.

    Ento, sendo um novo nome, ou apenas um acrscimo de

    nome, como um sobrenome, ao apstolo Simo, no muda a questo

    fundamental, que a sua misso expressa no significado do seu novo

    nome. Contudo, a tese do sobrenome caiu. E, sabendo que Pedro

    significa Pedra, a Bblia mostra o motivo dessa mudana de nome.

    [refiro-me para comparao com o caso semelhante de Jac.]

    O livro expe o contraste entre Simo e Pedro, no mesmo

    indivduo. Isso nada mais que a verdade crist catlica, como

    explica o professor Orlando Fedeli, ao tratar da infalibilidade do papa:

    Isto , que Pedro, sempre que falasse, sobre f e moral, para

    toda a Igreja, como o poder que Cristo lhe concedera, seria infalvel.

    Essa promessa dava a Pedro o dom da infalibilidade, nas

    condies expostas acima. No se concedeu a Pedro o dom

    da impecabilidade. Pedro era infalvel,

    mas Simo continuava pecvel. Tanto que logo depois de receber o

    dom da infalibilidade como chefe da Igreja e Vigrio de Cristo, Simo

    errou de tal modo que Cristo o chamou de Satans. Mais tarde,

    negou trs vezes o Mestre. Nos Papas preciso distinguir, ento, o

    homem e o Papa. O homem pode ser at criminoso --como Alexandre

    VI -- mas o Papa continua infalvel, porque o dom de Cristo

    incontaminvel. [nfases no original. Disponvel em:

  • 15

    04 Fev.

    2014]

    Essas distines da verdadeira doutrina devem ser sempre

    levadas em considerao, para uma anlise doutrinal justa e correta.

    Ao ressaltar a f de Pedro, o livro afirma: teve a sua f

    ressaltada como uma firme rocha (Mt.16:16-18) (p. 11), adiantando

    a defesa que far de ser esse o significado nico do texto de Mateus

    16,16-18.

    Do texto de Marcos 10,42 o livro afirma que no haver

    liderana na Igreja, como h entre as naes. Todos sero iguais.

    reconhecido que so Pedro teve importncia, mas no aceito, pelo

    autor, que tenha tido a primazia. E o motivo que aponta que, sendo

    os sinais positivos, em relao a Pedro, a base para estabelecer a

    primazia, os negativos serviriam igualmente para demov-lo desse

    posto. Ento, afirma: Os catlicos tero que usar de critrio aqui: ou

    as experincias pessoais de Pedro no o fundamentam como o lder

    mximo, ou, ento, os seus fracassos tambm podem ser utilizados

    como um contra-argumento.

    Pelo exposto antes, j possvel notar que no so as

    experincias positivas, ou os mritos de Pedro, que o fizeram ser o

    primeiro dos apstolos. Antes, essa prerrogativa veio-lhe

    diretamente, e antes de tudo, de Jesus. Prova-se isso pelos textos

    apresentados, de que ainda no momento inicial de encontro de Jesus

    com Andr e Pedro, o Senhor Jesus escolhe a Pedro, por dar-lhe novo

    nome, fazer-lhe promessa diretamente, e enfim, por dar-lhe

    tratamento que evidencia sua misso especfica na Igreja.

    O autor ainda afirma: Porm, o meu objetivo aqui de forma

    alguma denegrir a imagem de Pedro ou dizer que ele era o menor

  • 16

    de todos os apstolos. Dos seus exemplos dos demritos de Pedro, e

    de seu objetivo de apenas enfatizar sua personalidade, o autor acaba

    por fazer aquilo que afirma no ser objetivo seu, pois em muitos

    argumentos est embutida ideia de que Pedro era, certamente, o

    menor.

    O livro afirma que Pedro era somente o que mais se destacava.

    Por tentar analisar as verdades que envolvem o primado, a

    recorrncia personalidade de Pedro no ajudou muito, pois pode

    resultar no pensamento de que as figuras que se destacaram na

    Bblia somente o foram por ser de personalidade expressiva.

    Por outro lado, ao pensar nas qualidades que um lder precisa

    ter, aquelas que expressa o apstolo Pedro indicam a escolha to

    apropriada de Jesus.

    Nos argumentos catlicos os demritos de Pedro no so

    desconsiderados, como ficou patente na citao acima sobre a

    infalibilidade do papa. Portanto, pensar isso algo vazio. Ainda, o

    texto de Marcos 10,42 no argumento contra o primado, como

    tambm no contrrio a autoridade alguma, mas apenas ao mau

    uso da mesma.

    O item 3 do livro idntico ao item 1, por ter em foco o

    argumento baseado no mrito, e j foi respondido, e devidamente

    refutado.

    Na citao de Ansio Renato de Andrade, que contem as

    palavras: Os registros dos erros de Pedro so bastante oportunos,

    pois, alm de evidenciarem a sinceridade dos escritores bblicos,

    servem para derrubar a tese de uma suposta infalibilidade apregoada

    por alguns., nota-se que no h compreenso da verdadeira

    doutrina catlica, como mostrado acima. A citao aponta que os

  • 17

    erros de Pedro esto contra a tese da infalibilidade por entender,

    de forma incorreta, que a doutrina mencionada negasse ser o papa

    um homem sujeito a erros. Essa falha j foi referida anteriormente.

    Se o livro ensinasse a verdade, desenvolvendo o argumento em

    que mostra os exemplos de so Pedro para os cristos de hoje,

    tambm poderia entender sua primazia no colgio apostlico como

    vontade de Jesus. Como isso no ocorre, o mesmo atesta sua

    inaptido em apresentar a doutrina catlica verdadeiramente, e no

    pode refutar a verdade do primado de Pedro.

  • 18

    Captulo 3

    Seria Pedro um presbtero superior aos

    demais presbteros?

    Nesse captulo o livro passa a tecer uma considerao teolgica

    de Pedro, e afirma: Porm, ao olharmos a Escritura especialmente

    os escritos de Pedro no encontramos qualquer afirmao (direta

    ou indireta) que qualifique Pedro como um apstolo em nvel superior

    aos demais ou como um presbtero em nvel superior aos outros. (p.

    17)

    Inicia com a citao de 1 Pedro 5,1-3. Nessa passagem So

    Pedro exorta outros presbteros, e apresenta-se como presbtero

    como eles. Por essa afirmao, o livro argumenta que uma vez que

    Pedro igualou-se no presbiterato aos demais membros desse, no

    pode ser o primeiro dos bispos, e assim a tese do papado estaria

    incorreta.

    A especial primazia, e jurisdio, apostlica, como provado nos

    captulos anteriores, desfaz essa interpretao inicial do captulo 3 do

    livro. O texto bblico em apreo seguido por ensinamentos

    importantes, e que devem ser considerados para melhor

    entendimento do papel de Pedro nesse contexto. Um deles a

    humildade, no v. 5: Semelhantemente vs jovens, sede

    sujeitos aos ancios; e sede todos sujeitos uns aos outros, e

    revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos,

    mas d graa aos humildes.

    Da mesma forma que So Paulo, ao afirmar ser o menor dos

    apstolos no se torna pequeno em autoridade, assim tambm So

    Pedro ao mostrar-se como presbtero.

  • 19

    So Paulo escreve: Porque eu sou o menor dos apstolos,

    que no sou digno de ser chamado apstolo, pois que persegui

    a igreja de Deus. (1 Cor 15,10) e: A mim, o mnimo de todos

    os santos... (Ef 3,8)

    Ao afirmar que no possua dignidade de ser chamado apstolo,

    sua atitude humilde no desobriga de cham-lo assim, e muito

    menos ensina a no consider-lo um dos apstolos do Senhor Jesus,

    e dos maiores. Assim, ao afirmar ser presbtero como os demais,

    isso no significa que o primado de Pedro tenha sido negado pelo

    mesmo, ou que no seja ensino das Escrituras. Contrrio a isso, tem-

    se na Bblia abundante prova do primado de Pedro.

    Os ttulos que a Igreja reconhece ter os significados do primado

    de Pedro no necessitam ter sido escritos por ele mesmo, nem

    significa que ele tenha se esquecido de registr-los, mas que o

    sentido dos ttulos cristos a So Pedro o mesmo sentido bblico,

    segundo a doutrina geral das Escrituras do Novo Testamento sobre o

    primado.

    Naqueles tempos os ttulos muitas vezes referidos ao chefe da

    Igreja no existiam, ou no estavam em uso nesse sentido. Dessa

    forma, a doutrina que os ttulos expressam deve ser ressaltada e

    crida, no a existncia dos mesmos nomes indicadores do cargo.

    Bastar lembrar que so Pedro foi o primeiro a anunciar o Evangelho,

    no dia de Pentecostes, a todos os judeus presentes, e foi o escolhido

    igualmente a pregar a Boa Nova aos gentios, por ocasio que

    resultou do batismo de Cornlio e sua famlia. Essa verdade est em

    Atos 15,7: E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e

    disse-lhes: Homens irmos, bem sabeis que j h muito tempo

    Deus me elegeu dentre ns, para que os gentios ouvissem da

    minha boca a palavra do evangelho, e cressem.

  • 20

    Assim, outra vez, tem-se a iniciativa de Deus em eleger Pedro

    como chefe, ao ser o primeiro a anunciar a salvao a todos, judeus e

    pagos, e o motivo da Escritura claramente definido. No foi a

    personalidade de Pedro que o fez agir primeiramente no dia de

    Pentecostes, nem com relao aos pagos, mas o plano segundo a

    Vontade de Deus. Assim, temos mais provas bblicas do primado

    desse grande apstolo.

    O livro afirma: Esta segunda linha de raciocnio tambm

    muito importante, pois aqui que vemos melhor que Pedro no

    ocupava um cargo superior aos demais lderes cristos de sua poca,

    mas sim um cargo de igualdade com eles. (p. 20).

    Em primeiro lugar preciso chamar a ateno para o fato de

    que o papa no recebe outro sacramento, e que est em igualdade

    hierrquica com os demais bispos. Apenas, eleito a um cargo

    superior, como bispo de Roma. Ele, portanto, ocupa um cargo

    superior, assim como Pedro, que sendo apstolo possua as

    prerrogativas do primado.

    Mas, Algum catlico poderia objetar dizendo que Pedro poderia

    ser apstolo superior mesmo sem ter se chamado assim. (p. 21).

    Realmente j foi feito isso nas linhas acima, e com respaldo bblico, e

    do bom senso. O que poderia ser dito em contrrio? O livro afirma

    que so Pedro costumava usar os ttulos apropriados, como faz com

    relao ao Senhor: E, quando aparecer o Sumo Pastor,

    alcanareis a incorruptvel coroa da glria. (1 Pd 5,4)

    Ento, explica: O sentido precisamente o mesmo. Pedro

    estava identificando Jesus no como um pastor no mesmo nvel dos

    demais pastores, mas sim como um pastor em nvel superior um

    sumo (ou supremo) Pastor. Se Pedro identificasse Cristo somente

  • 21

    como pastor, ele poderia estar no mesmo nvel dos demais

    pastores. [nfase no original] (p. 21)

    Essa explicao falha pelo seguinte fato: na mesma epstola

    os ttulos de pastor e bispo so aplicados a Jesus sem quaisquer

    prefixos. Assim est escrito: Porque reis como ovelhas

    desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das

    vossas almas. (1 Pd 2,25)

    O texto inspirado no usou de qualquer diferenciao, no

    aplicando o prefixo que indicasse supremacia [arch], o que, segundo

    a argumentao do livro, teria feito Jesus um pastor no mesmo nvel

    dos demais pastores, e um bispo como os outros bispos. Sendo essa

    alternativa incorreta, e que provem da premissa mostrada no livro,

    tem-se que o argumento do mesmo carece de qualquer base na

    Bblia, e empregado contra o primado petrino de forma gratuita.

    Ento, continua o autor: Porm, ao longo de toda a Escritura

    vemos Jesus sendo chamado de Sumo Sacerdote (Hb.5:10; 4:14;

    8:1; 3:1; 5:1; 5:5; 10:21; 6:20; 4:15; 9:11; 2:17; 7:26) e de

    Sumo Pastor (1Pe.5:4).

    Essa comparao fora de propsito. A doutrina catlica ensina

    que Jesus o nico Sumo Sacerdote. Jesus o nico que possui o

    Sacerdcio do Novo Testamento, sendo somente Ele o Sacerdote.

    Assim, todos os cristos, e os ministros ordenados [incluindo o papa]

    so participantes do Sacerdcio de Jesus Cristo. O uso do ttulo Sumo

    Sacerdote no sentido bblico no contrasta com o uso relativo ao

    papa, pois o papa apenas aquele representante do Senhor na

    Igreja, como lder.

    Quanto afirmao seguinte, de que: O sumo sempre

    apontado para algum que detm uma posio superior nunca

  • 22

    ignorado ou esquecido! (p. 21) [nfase no original], isso foi desfeito

    acima, com fundamento na Palavra de Deus. Nem sempre o prefixo

    sumo usado para diferenciar o chefe, e indicar a supremacia. (cf. 1

    Pd 2,25)

    Tambm, o texto de Mateus 10,24-25 certamente no tem o

    intuito de ensinar que o servo ser, possivelmente, igual ao mestre

    em autoridade, mas em qualquer outro sentido. Uma vez que um

    servo torna-se como o senhor em autoridade, e jurisdio, no h

    mais senhor e servo, mas certamente dois senhores, ou dois servos.

    Imagine onde todos so senhores, onde estaro os servos? E onde

    todos so servos, onde estar o senhor por tal contra-senso que

    se prova a impossibilidade da inteno de interpretar a passagem

    acima nesse sentido.

    A passagem de Mateus 10,24-25 tem o sentido de que o

    tratamento do discpulo ser tambm aquele que o Mestre recebeu.

    Assim como perseguem o Senhor, o mesmo ocorrer com seus

    servos. Essa verdade bblica cumpre-se na pessoa do papa de

    maneira clarssima: Jesus foi chamado de Belzebul, e seus

    domsticos, os cristos podem assim ser acusados igualmente. No

    entanto, a histria registra que os hereges acusaram, e acusam, o

    papa de ser o Anticristo, cumprindo Mateus 10,25.

    Dessa forma, o uso do como nesse verso, com o intuito de

    provar que o mesmo denota igualdade, no merece reprovao. Mas,

    para atacar o primado de Pedro no cumpre seu propsito, por ser

    fruto de uma interpretao incorreta.

    Ao tentar fundamentar o ataque ao papado [primado de Pedro,

    primazia de Roma, etc.] pela explicao: Quando o como no texto

    uma conjuno (como o caso de 1Pe.5:1), ele significa

    basicamente do mesmo modo que, da mesma forma que, no

  • 23

    grau de. [nfase no original], o autor no previa que a mesma

    lgica poderia levar um cristo a afirmar ser como Jesus, do mesmo

    modo que, da mesma forma que, no mesmo grau, em autoridade do,

    Senhor, e portanto ter a mesma autoridade de Deus! O uso absoluto

    desse princpio a elencado resulta em absurdo. Isso seria blasfmia,

    e refuta radicalmente a interpretao do livro.

    Assim como Jesus no estava enganando quando disse que o

    discpulo pode igualar-se ao mestre, Pedro igualou-se aos outros

    presbteros, verdadeiramente, e humildemente, mas nenhum dos

    casos indica igualdade em autoridade e jurisdio, tratando-se de

    caso diverso, de igualdade moral, como j explicado.

    E, quando trata-se da questo geral afirma o livro: Isso

    mesmo: no somente em 1 Pedro 5:1, mas tambm em todo o

    restante da Escritura, os adjetivos de liderana so sempre omitidos

    quando com relao a Pedro. [nfase acrescentada] Isso significa

    que a omisso de qualquer termo com o prefixo indicador de

    superioridade referente a Pedro resulta em negao do primado.

    Portanto, o argumento do silncio fortemente empregado nesse

    particular, contra todo testemunho bblico do primado petrino, e junto

    s falhas argumentativas j expostas na presente resposta.

    Na tentativa de fortalecer sua posio, o autor ainda registra o

    seguinte: Nas poucas vezes em que o primeiro mencionado

    tratando-se de Pedro, a palavra utilizada no grego protos, que,

    diferentemente de arche, no significa primeiro no sentido de

    autoridade superior ou liderana, mas sim em alguma sucesso de

    coisas ou pessoas. [nfase no original. A nota 18 afirma: De acordo

    com o lxico da Concordncia de Strong, 4413.] Esquece-se ainda de

    indicar o sentido de primazia, embutido no termo protos.

  • 24

    Em Atos 28,7 est escrito: E ali, prximo daquele lugar,

    havia umas herdades que pertenciam ao principal da ilha, por

    nome Pblio, o qual nos recebeu e hospedou benignamente

    por trs dias. A traduo principal da Ilha, onde principal vem do

    grego protos, indica o sentido de governo, no em termos de

    sucesso. Pblio no foi o primeiro a morar na ilha, mas o primeiro

    em distino na ilha.

    Nos Dicionrios de Palavras Hebraicas e Gregas, da

    Concordncia Exaustiva de Strong, por James Strong, S. T. D.,

    LL. D., 1890, define-se protos como: 4413 protos {pro'-tos}

    superlativo contrado de 4253; principal (no tempo, lugar, ordem ou

    importncia):--antes, incio, melhor, chefe, primeiro (de todos),

    anterior. [Disponvel

    em: 05

    Fev. 2014.] Portanto, protos igualmente significa o primeiro em

    importncia, o chefe.

    De igual modo, afirma Tim Staples que: A palavra grega

    protos, primeiro, frequentemente denota uma primazia em

    autoridade, no necessariamente no tempo. Pode ser traduzida como

    chefe. [nfase no original] [Disponvel em:

    05

    Fev. 2014.]

    Esse fato contraria o que o livro explica para o termo protos,

    supondo como, talvez, o nico sentido do mesmo, relativo ao tempo,

    sucesso das coisas apenas, contrapondo-o com arche, quando na

    verdade protos igualmente pode denotar chefia, liderana. Assim,

    mais um argumento do livro est refutado. Pedro o primeiro

    [protos] dos apstolos, o chefe deles.

  • 25

    Ainda, no livro est afirmado: A clareza da informao bblica

    nos deixa to esclarecidos que so precisos verdadeiros

    malabarismos teolgicos para negar tal fato. Essa afirmao no

    verdadeira. No h necessidade de qualquer malabarismo para

    provar o primado de Pedro, com j foi provado acima. O fato de So

    Pedro, em 1 Pd 5,1, no afirmar sua superioridade em relao aos

    presbteros no de forma alguma uma prova de que sua autoridade

    fosse igual a dos demais, ou de que apstolos e presbteros fossem,

    como grupo, a autoridade da Igreja. Deve-se lembrar, como ensina a

    Bblia e a Igreja Catlica, que o papa s tem autoridade quando est

    em harmonia com a verdade, ensinando o que ensina a tradio

    crist.

  • 26

    Captulo 4

    Pedro era a cabea dos apstolos?

    Negando que Pedro fosse cabea dos apstolos, o livro afirma:

    Isso entra em flagrante contradio com a afirmao paulina, de que

    a cabea da Igreja Cristo: Antes, seguindo a verdade em amor,

    cresamos em tudo naquele que a cabea, Cristo (Efsios 4:15).

    (p. 31)

    No necessrio afirmar novamente, com citao, o que est

    escrito no prprio Catecismo, nmero 1548, que Cristo o Cabea da

    Sua Igreja. Basta conferir. Essa a f catlica. Por ser a f bblica,

    tambm a f catlica.

    Igualmente, no preciso recorrer as muitas palavras, nesse

    momento, para afirmar que Pedro o cabea da Igreja em sentido de

    governo ou chefe visvel da mesma, institudo por Jesus Cristo. J

    est provado.

    Tentando enfraquecer o primado, o livro cita Atos 24,5 onde ,

    em algumas tradues, dito que Paulo era o chefe da seita dos

    nazarenos.

    A traduo Almeida Corrigida Fiel assim traduz: Temos

    achado que este homem uma peste, e promotor de sedies

    entre todos os judeus, por todo o mundo; e o principal

    defensor da seita dos nazarenos.

    Por tratar-se de traduo protestante, que no tem o intuito de

    promover a doutrina do primado, a expresso o principal defensor

    enfraquece ainda mais a posio defendida no livro, de que so Paulo

    tinha tamanha reputao, que seria contrria primazia de Pedro.

  • 27

    E, ainda, a Bblia do Rei Tiago [King James Version] pe um

    artigo indefinido antes do termo traduzido pela Almeida Corrigida Fiel

    por defensor. Portanto, essa passagem no depe contra o primado

    petrino.

  • 28

    Captulo 5

    Qual discpulo era o maior?

    Por tratar-se de traduo protestante, que no tem o intuito de

    promover a doutrina do primado, a expresso o principal defensor

    enfraquece ainda mais a posio defendida no livro, de que so Paulo

    tinha tamanha reputao, que seria contrria primazia de Pedro.

    E, ainda, a Verso do Rei Tiago [King James Version] pe um

    artigo indefinido antes do termo traduzido pela Almeida Corrigida Fiel

    por defensor. Portanto, essa passagem no depe contra o primado

    petrino.

    Para entender a questo preciso usar o bom senso. O livro

    tentou faz-lo, mas deslizou em alguns arrazoados. Ao pensar que a

    discusso sobre a identidade do maior entre os discpulos, o livro

    conclui que no havia tal superioridade, pois do contrrio seria dito,

    se Jesus fosse o Cristo catlico, seria dito que Pedro era a pedra e

    pronto!

    Esse argumento um tanto pueril, visto que apela para a

    clareza da doutrina em questo, ensinada por Cristo, como fator

    impossibilitador do surgimento de qualquer discusso a respeito de

    quem seria o maior no Reino dos Cus.

    Uma vez que se aplica a razo nessa questo, v-se que se

    Jesus tivesse ensinado a inexistncia de superioridade de uns sobre

    os outros no Reino dos Cus no haveria disputa sobre a existncia

    do maior, pois todos estariam convencidos de que a igualdade

    imperava entre eles. Portanto, est refutado o argumento do livro.

  • 29

    Outro fator incorreto a afirmao de que algo claro ensinado

    por Cristo seria inconsistente com o fato da discusso sobre esse

    mesmo ensinamento, julgando serem os homens to dceis e

    facilmente convencidos das palavras que ouviam, de forma a no

    surgir qualquer dvida a respeito das Palavras do Senhor. Essa

    interpretao assaz ingnua. Ela nega a razo e os dados da

    Escritura, que revelam tantas vezes os discpulos no

    compreendendo, discutindo e mesmo descrendo das verdades que

    ouviam.

    O texto de Marcos 10,42 muitas vezes apresentado como

    negando que na Igreja haveria algum detendo autoridade sobre os

    demais. Uma vez que todas as instituies so governadas por

    lderes, no deveria ser diferente da Igreja catlica, fundada por

    Jesus Cristo, o Filho de Deus.

    No entanto, como entender que na Igreja crist no dever

    haver lder, se nela h o papa, que o chefe dos cristos? Para

    responder essa questo de forma a expor a verdade que est nessa

    passagem, necessrio l o contexto.

    Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os

    que julgam ser prncipes dos gentios, deles se assenhoreiam,

    e os seus grandes usam de autoridade sobre eles. Mas entre

    vs no ser assim; antes, qualquer que entre vs quiser ser

    grande, ser vosso servial; e qualquer que dentre vs quiser

    ser o primeiro, ser servo de todos. Porque o Filho do homem

    tambm no veio para ser servido, mas para servir e dar a sua

    vida em resgate de muitos.

    Assim, o tema do servio aos outros o foco dessa passagem:

    qualquer que entre vs quiser ser grande, ser vosso

    servial. O primeiro deve ser o servo, aquele que mais tem

  • 30

    oportunidade para servir. Ento, o modelo Jesus, que no veio ser

    servido, mas para servir.

    Se Cristo o exemplo, de fato o , ento a passagem no

    est contrariando a existncia de governantes, lderes, chefes,

    autoridades, mas a forma com que a autoridade deve ser buscada, e

    realizada, que atravs do servio ao prximo. Jesus possui toda

    autoridade, e isso ficou revelado ainda mais, de forma categrica,

    aps a ressurreio dos mortos. (Mt 28,18-20) Uma vez que Ele

    sempre manteve autoridade, e ainda mostrou-Se como Servo,

    servindo aos demais, no pode-se inferir dessa passagem que na

    Igreja no poder haver lder, como sinal de unidade. Por isso, o

    papa o servo dos servos de Deus, nesse princpio evanglico.

    O livro afirma que as duas coisas proibidas em Marcos 10,42

    [archo e katakurieuo] no deveriam existir na Igreja. A resposta

    simples: realmente no existe. Nenhum papa governa a Igreja como

    os governantes do mundo fazem com relao aos habitantes do

    territrio que governam.

    Se Jesus fosse favorvel ao domnio que o papa exerce sobre

    os demais (tanto clrigos como leigos), ele obviamente teria dito

    exatamente o contrrio, isto , que Pedro exerceria liderana na

    Igreja, assim como os governantes das naes exerciam liderana

    sobre as naes. No seria uma anttese, mas uma analogia. (p. 37)

    Portanto, essa afirmao acima imprecisa. Jesus fez uma

    anttese por ser os governos mundanos aquilo que contrariam o

    Evangelho, e o esprito de servio. Dessa forma, a Igreja no realiza

    o mesmo que as naes polticas, e no possui lder com poder

    idntico aos seus governantes.

    O prprio fato de os discpulos terem disputado entre si acerca

    de qual eles era o maior nos mostra que no existia a ideia de

  • 31

    primado entre eles, pois se eles cressem que Pedro era papa no

    estariam discutindo quem era o maior, mas no mximo estariam

    disputando o segundo lugar. (p. 37). De fato, essa pressuposio

    no exclui a ideia do primado, mas certamente mostra a

    incompreenso sobre a mesma. Se Cristo pregasse uma igualdade,

    absoluta, entre os cristos, isso seria ainda mais incompatvel com a

    discusso sobre o maior. Esse argumento j foi tratado acima.

    Como crianas, os apstolos expressaram cimes. Imagine

    crianas percebendo que um adulto faz elogios, presenteia e dirige-se

    mais frequentemente a uma entre elas. Possivelmente alguma delas

    perguntar de quem mais essa pessoa adulta mais gosta entre eles.

    Essa uma cena bastante importante para entendermos a psicologia

    humana e auxiliar na compreenso do que ocorreu entre os

    apstolos. por perceber o tratamento que Jesus fazia com relao a

    Pedro, instituindo-o como chefe, que os discpulos sentiram cimes e

    quiseram ser o maior no Reino. Jesus explica que o maior aquele

    que serve, ensinando tambm a Pedro como deveria ser seu governo,

    no como aquele dos povos, mas um governo espiritual, em prol da

    salvao das almas, alimentando o povo com a Palavra de Deus,

    ajudando-o a ser guiado pelo Supremo Pastor Jesus Cristo. Essa

    verdade bblica bastante clara.

    Mas, o livro continua: Finalmente, tambm importante

    destacar a afirmao clara de Cristo, de que havia um s Chefe e

    todos os demais eram irmos: Mas vs no queirais ser

    chamados mestres; porque s um vosso mestre, e todos vs sois

    irmos (Mateus 23:8) (p. 37) Essa passagem mostra que Jesus o

    Chefe, sobre toda a Igreja. No exclui que os ministros sejam Seus

    embaixadores, e representantes, e que Pedro o seja de modo

    especial.

  • 32

    A ironia do livro nessa passagem no depe contra o primado,

    mas mostra incompreenso da doutrina da Igreja: Se Cristo fosse

    catlico romano, teria dito que ele seria o guia espiritual, lder e

    mestre da f no Cu, mas que aqui na terra deixaria Pedro e os

    pontfices romanos assumindo tal posto. (p. 37)

    Cristo no o Supremo Pastor apenas no Cu, mas tambm na

    Terra, e em todo lugar. O que difere o governo de Cristo e do papa

    justamente o papa ser Seu servo, e agir conforme Sua Vontade

    santa. Esse elemento do Evangelho no pode ignorado.

  • 33

    Captulo 6

    Quem liderou o Conclio de Jerusalm?

    Do Conclio o livro ensina que foi um momento onde todos

    discutiram, em igualdade, dando seu parecer, sem existncia de um

    papa. Haveria um espao democrtico na Igreja antiga, conforma

    interpreta o autor. Tudo no intuito de negar a presidncia de so

    Pedro no Conclio de Jerusalm.

    Sabe-se que so Tiago era bispo daquela Igreja, e que era uma

    das personalidades mais influentes da Igreja Catlica, sendo

    considerado uma das colunas, junto com Pedro e Joo.

    Dessa forma, no estranho que no momento do Conclio sua

    posio seja destaca. No entanto, no pode-se afirmar que o mesmo

    liderou o Conclio.

    Os critrios que o livro aponta para dirimir a questo da

    autoridade do conclio em Jerusalm no so satisfatrias uma vez

    que se analise o contexto.

    Iremos analisar cada um dos pontos apresentados acima. Se o

    leitor tiver pacincia e estiver com a mente aberta verdade, ver

    que necessrio um verdadeiro assassinato e sepultamento da lgica

    para no colocar Tiago no papel de liderana do Conclio da Igreja, o

    que desmonta com a pretenso romanista de que Pedro era o papa e

    que foi aquele que liderou tal Conclio. (p. 40)

    Dessa forma, no pode-se esperar, naturalmente, que o autor

    seja convencido pela presente resposta, uma vez que est convicto

    de ter apresentado toda a verdade sobre o assunto. Para quem no

    est fechado ao estudo, e como afirma o prprio livro, que estiver

  • 34

    com a mente aberta verdade, importante que leia e raciocine

    sobre cada ponto, e abrace o verdadeiro. Que o autor do livro esteja

    entre esses, pois para Deus nada impossvel. Por Nosso Senhor

    Jesus Cristo.

    Isso pode-se esperar, se o autor ler a presente resposta e a

    estude com afinco.

    Uma das razes que o livro aponta para a supremacia de Tiago

    no Conclio que a pessoa mais importante discursa por ltimo,

    porque aquela que d a palavra final, a decisiva, a irrefutvel. (p.

    40)

    E explica: No caso de Atos 15, vemos que Pedro j havia

    discursado nos versos 7 a 11, mas mesmo assim a questo ainda

    no havia sido decidida e nem a discusso dada como

    encerrada: Depois de muita discusso, Pedro levantou-se e dirigiu-

    se a eles (...) Toda a assemblia ficou em silncio, enquanto ouvia

    Barnab e Paulo falando de todos os sinais e maravilhas que, por

    meio deles, Deus fizera entre os gentios (...) Quando terminaram de

    falar, Tiago tomou a palavra e disse: Irmos, ouam-me... (Atos

    15:7,12,13) [nfase do autor]

    No entanto, deve-se ter em mente que a questo foi decidida

    no verso 7: E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-

    lhes: Homens irmos, bem sabeis que j h muito tempo Deus me

    elegeu dentre ns, para que os gentios ouvissem da minha boca a

    palavra do evangelho, e cressem.

    Assim, Ento toda a multido se calou... Desse silncio no

    houve mais discusso, no ouviu-se nenhum barulho, mas apenas as

    narraes de Barnab e Paulo, e depois Tiago: E, havendo-se eles

    calado, tomou Tiago a palavra, dizendo

  • 35

    Que ponto fundamental foi decisivo? A eleio de Pedro como

    aquele que abriu as portas do Evangelho da salvao aos gentios:

    Homens irmos, bem sabeis que j h muito tempo Deus me elegeu

    dentre ns, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra

    do evangelho, e cressem. (v. 7) E, ainda, que Deus no fez

    diferena alguma entre eles e ns, purificando os seus coraes pela

    f. (v. 9)

    Essas palavras so retomadas por so Tiago, no como quem

    as aprova e lidera a reunio, mas como concordncia, seguida pela

    mesma opinio de todos os presentes: Simo relatou como

    primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo

    para o seu nome. (v. 14)

    Por isso julgo que no se deve perturbar aqueles, dentre os

    gentios, que se convertem a Deus. (v. 19)

    Portanto, questionando sobre que palavras dirimiram a questo,

    no se pode afirma outra coisa que no a sentena dos vv. 7 e 9. O

    mesmo ensino foi acatado por so Tiago, em plena concordncia, e

    sumariado na Epstola Conciliar.

    v. 7: E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e

    disse-lhes: Homens irmos, bem sabeis que j h muito tempo

    Deus me elegeu dentre ns, para que os gentios ouvissem da

    minha boca a palavra do evangelho, e cressem.

    v. 8: E Deus, que conhece os coraes, lhes deu

    testemunho, dando-lhes o Esprito Santo, assim como tambm

    a ns;

    V. 9: E no fez diferena alguma entre eles e ns,

    purificando os seus coraes pela f.

  • 36

    V. 10: Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a

    cerviz dos discpulos um jugo que nem nossos pais nem ns

    pudemos suportar?

    V. 11: Mas cremos que seremos salvos pela graa do

    Senhor Jesus Cristo, como eles tambm.

    V. 19: Por isso julgo que no se deve perturbar aqueles,

    dentre os gentios, que se convertem a Deus.

    v. 28: Na verdade pareceu bem ao Esprito Santo e a

    ns, no vos impor mais encargo algum...

    So Pedro falou autoritativamente: por que tentais a Deus,

    contra os judaizantes naquele Conclio. Suas palavras eram

    confirmadas pelas Escrituras. O verso 28 confirma o que est nos vv.

    7 a 10, e que havia sido concordado por so Tiago no v. 19.

    Assim, as palavras fundamentais que resolveram a questo: os

    gentios convertidos devem ser circuncidados [e observar a Lei

    Mosaica] para serem salvos?

    A resposta foi negativa, e so Pedro afirmou que seria tentar a

    Deus impor a Lei sobre os pagos. So Tiago concorda e cita as

    Escrituras no mesmo sentido. O verso 28 [e 29] conclui o mesmo que

    foi pregado pelo chefe dos apstolos. Obviamente, o conclio define

    de modo infalvel, por ser guiado pelo Esprito Santo. E com Pedro

    todos os presentes, em comunho, anunciam a Palavra de Deus.

    O livro afirma incorretamente: Porm, vemos que depois de Pedro ainda

    houve debate na assembleia (v.12), e foi somente quando Tiago tomou a palavra que a

    questo foi decidida. [nfase no original.] Mas, que debate houve aps o

    v. 12? Uma leitura objetiva no pode encontrar debate aps esse

    verso.

  • 37

    Aps o v. 11 no houve debate. Paulo e Barnab narram suas

    experincias no v. 12. Tiago fala do v. 13 ao 21, apenas confirmando

    o que havia sido dito por Pedro.

    Contudo, onde houve discusso? Antes de chegarem a

    Jerusalm, os apstolos Paulo e Barnab discutiam com os

    judaizantes: Tendo tido Paulo e Barnab no pequena discusso e

    contenda contra eles (v. 2)

    O verso 3 revela que so Paulo e so Barnab narraram a

    salvao dos gentios diante dos apstolos, dos ancios e demais

    cristos em Jerusalm.

    Foram ouvidos? Leia o v. 4: Alguns, porm, da seita dos

    fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era

    mister circuncid-los e mandar-lhes que guardassem a lei de

    Moiss. Portanto, nem mesmo os testemunhos desses grandes

    apstolos intimidaram os judeus cristos de Jerusalm. Tiveram que

    reunir em conclio para definir a questo. (v. 5)

    E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-

    lhes (v. 7)

    Assim, somente aps muita contenda no Conclio que Pedro

    falou. Aps isso, no houve mais discusso. Pelo contrrio, Paulo e

    Barnab puderem contar novamente o que tinham dito antes do

    Conclio, e agora sem problemas. So Tiago refora o que foi dito por

    Pedro, e sugere medidas eclesisticas conforme a deciso. Por isso,

    foram escrita na Carta Conciliar.

    Se fosse Pedro o lder e Tiago fosse seu subordinado, ento

    Pedro no precisaria ter esperado Tiago dar a deciso final, ainda

    mais sendo a opinio de Tiago to semelhante de Pedro! (p. 41).

  • 38

    O que est escrito na p. 41 do livro [citao acima] est

    incorreto. Primeiro, Pedro no esperou Tiago falar e decidir. O texto

    no afirma isso. Afirma apenas que Tiago falou aps Paulo e Barnab.

    A opinio de Tiago foi a mesma de Pedro, no alguma outra

    semelhante: ele concordou com Pedro.

    Ainda: Note tambm que, aps Tiago ter concludo seu

    discurso, ningum mais ousou discordar dele e nem sequer

    levantar qualquer tipo de oposio! Ou ainda: Depois que Pedro

    falou, a questo ainda teve que passar por Paulo e Barnab, para

    depois chegar ao veredicto de Tiago e s ento ser encerrada com

    a palavra de Tiago, e no de Pedro! [nfase no original] No se sabe

    onde o autor l isso no texto. Est claro que aps o v. 7 no houve

    discusso, e no aps Tiago falar. Quando so Tiago falou a discusso

    havia terminado, com o silncio seguido pelo discurso de so Pedro,

    indicando fim de debate. Na verdade, Pedro falou, questo decidida.

    Paulo e Barnab no acrescentaram nada, apenas contaram suas

    misses entre os gentios.

    O livro aponta as sugestes de so Tiago escritas na carta

    conciliar como provo de que as palavras de Tiago tiveram maior peso

    que as de Pedro. Isso bastante pueril.

    A questo j havia sido decidida, mas ficaram sugestes

    importantes, concordantes com a definio de que os gentios no

    deviam ser circuncidados. Como saberiam dessas sugestes se no

    fossem escritas? Por isso, so elencadas na carta, como algo

    acidental, no essencial, pois a essncia foi dita por Pedro.

    A semelhana irrefutvel e mostra que a carta enviada s

    igrejas de Antioquia, da Sria e da Ciclia inteiramente baseada

    no discurso de Tiago, e no no de Pedro! Alis, deve-se notar que

    o discurso de Pedro nem sequer consta na carta enviada s igrejas!

    (p. 42) O discurso de Tiago no est na carta, mas suas sugestes. O

  • 39

    que Pedro falou est na carta, pois a resposta questo principal.

    J foi demonstrado acima. Essa afirmao, portanto, est refutada.

    Se Tiago estivesse somente relatando uma opinio particular

    como fez Pedro poderamos no levar isso to em considerao.

    (p. 45) Para o livro Pedro fez apenas uma considerao pessoal, uma

    opinio particular. No isso que a Bblia ensina, pois ele mostra

    que Deus o elegeu para pregar aos pagos, e isso foi de

    importncia fundamental para resolver a questo e evitar toda

    ulterior discusso (v. 12)

    Mas quando vemos que as palavras de Tiago foram adotadas

    como as palavras do conclio, isto , como a palavra do corpo

    apostlico, vemos que Tiago teve o poder de falar por todo o corpo

    de apstolos, o que cremos que no seria possvel se ele no

    passasse de uma sombra de Pedro! (p. 45) Assim, o livro

    apresenta Tiago falando em nome de todos. No parece uma leitura

    objetiva, mas uma suposio. luz do que foi provado antes, essa

    suposio est refutada.

    Ainda: Pedro s foi comear a falar depois de muita

    discusso (At.15:7). A sua fala, ainda que importante, no foi

    decisiva. Precisou de Paulo e de Barnab discursarem depois, com

    toda a assembleia em silncio absoluto diante deles (At.15:12),

    (nfase no original). O livro s no explicou porque a assembleia

    estava em silncia diante de Paulo e Barnab. J mostado acima, mas

    repetindo aqui: porque Pedro havia discursado com tanta autoridade,

    mostrando sua eleio para decidir o assunto, e mostrando que quem

    pensa diferente estava tentando a Deus, somente aps isso houve

    silncio.

    Nenhuma das posies levantadas por Pedro foram adotadas

    nas prescries da carta enviada s igrejas e ele no foi o que mais

    discursou. (p. 45)

  • 40

    O livro afirma diversas vezes que a Epstola Conciliar no teve

    qualquer palavra de Pedro, mas afirma que: Mas os apstolos, em

    comum acordo, decidiram no escrever na carta nenhuma palavra

    dita por Pedro e ainda por cima colocaram exatamente as mesmas

    palavras proferidas por Tiago. (p. 44)

    Parte do ponto fundamental no discurso de so Pedro: Ento,

    por que agora vocs esto querendo tentar a Deus, impondo

    sobre os discpulos um jugo que nem ns nem nossos

    antepassados conseguimos suportar?

    Ponto fundamental no discurso de so Tiago: Portanto, julgo

    que no devemos pr dificuldades aos gentios que esto se

    convertendo a Deus.

    Ponto fundamental da carta: Pareceu bem ao Esprito

    Santo e a ns no impor a vocs nada alm das seguintes

    exigncias necessrias...

    As sugestes de Tiago deviam ser claramente escritas, pois

    doutro modo no seriam conhecidas, se a carta do conclio apenas

    afirmasse o fundamental, de que os gentios no tinham nada a seguir

    da Lei Mosaica para serem salvos.

    Ainda volta a fazer a acusao de que a Igreja tenha criado

    lendas e mitos sobre Pedro: A figura quase mitolgica de Pedro

    tomou o lugar da figura real do Pedro bblico, que no liderava

    conclios e que muitas vezes era colocado em segundo plano ou

    praticamente ignorado. (p. 47)

    Quem l a Bblia e a Patrstica e documentos histricos em geral

    fica convencido de que so Pedro figura maior entre os apstolos,

    de forma alguma diminudo, muito menos sendo ignorado.

  • 41

    Ainda, o livro argumenta que so Tiago julgou as palavras de

    todos, sumariou, aprovou, e definiu fazendo a proclamao final,

    porque disse: julgo [krino] que...

    O Comentrio da Bblia Matthew Henry explica que Tiago deu

    sua opinio, seu parecer, no tendo autoridade sobre o resto (Atos

    15,19). A expresso ego krino [julgo] pode ser traduzida como

    apenas opinio. O verbo krino pode ter o sentido que o livro

    apresenta, mas no necessariamente. O autor interpreta de outra

    forma: Este julgo no est ali no sentido de acho que, mas sim

    no sentido de exercer juzo [veredicto] sobre um determinado

    tema. [...] Se Tiago estivesse somente dizendo eu acho isso, a

    sua opinio no teria maior valor que a dos outros e a discusso no

    iria se dar por terminada. [nfase no original](p. 47)

    Da Homilia que So Joo Crisstomo, sobre Atos 15, realizou a

    respeito do assunto, pode-se aprender que So Tiago era bispo de

    Jerusalm, por isso falou por ltimo, para ser mais uma testemunha

    do que havia sido proclamado por so Pedro. Da passagem de Atos

    15,19 so Joo admite que trata-se da autoridade de So Tiago, mas

    como sabemos, sendo Pedro cabea dos apstolos, a autoridade de

    Tiago ali era inferior de Pedro.

    Portanto, o que o livro afirma no se impe absolutamente:

    No h dvidas de que Pedro tambm teve o seu papel no conclio, assim como Tiago e

    Barnab tambm tiveram, mas no chegou nem perto da importncia daquilo que foi o

    discurso de Tiago. (p. 48) Pelo contrrio, so Tiago teve importncia, e

    autoridade, naquele momento, mas no comparado ao papel de

    Pedro, pois o discurso de Pedro dirimiu a questo fundamental pela

    qual se deu o primeiro Conclio da Igreja Catlica.

    Pedro, porm, foi sombra de Tiago no conclio. Tiago estava longe de ser um

    papa, mas tinha autoridade suficiente para deixar Pedro em segundo plano em um

    debate. Dever-se-ia ter mais calma ao pensar em escrever tamanha

  • 42

    inexatido. Essa afirmao acima no fruto de exegese, nem do

    contexto de Atos 15, mas do pressuposto de que Pedro no exercia a

    primazia na Igreja. Percebe-se que das argumentaes fica sempre

    abaixo da superfcie dos argumentos a figura de Pedro como de

    menor importncia e autoridade nas ocasies tratadas, tudo contrrio

    ao texto bblico. claro o papel proeminente de Pedro, embora o livro

    tente vir-lo contorn-lo e faz-lo parecer o oposto. O que no

    conseguiu.

    Pode-se perceber das argumentaes em torno do papel de

    Tiago naquele momento, algo como que uma transposio dos

    modelos de reunies modernas para os tempos antigos, da

    antiguidade das Escrituras do Novo Testamento, que podem ser

    distintos em pormenores. Sendo assim, como saber das especficas

    partes que desenrolaram-se no Conclio de Jerusalm, se as mesmas

    no esto claramente expostas?

    No importa, para o caso, visto que as linhas gerais so

    delineadas com clareza. Ao comear o Conclio o assunto

    apresentado, e h debates com os cristos judeus ali presentes,

    sendo ocasio inicial para discusses acirradas em torno da questo.

    Aps esse momento, levantou-se Pedro. O fato de falar em p

    no significa em si mesmo autoridade sobre os demais, mas essa

    atitude um sinal de autoridade, segundo as circunstncias.

    Ademais, ao falar Pedro lembra sua escolha para anunciar a salvao

    aos gentios, que Deus no faz acepo de pessoas, e mostra que a

    salvao pela graa.

    Por isso, afirmo mais uma vez, com a Bblia, a tradio crist, a

    histria e o bom senso, que Tiago no apresentou a resposta

    questo do conclio, no resolveu nada, como tentou apresentar o

    livro. O que o livro deixou claro foi apenas o papal de autoridade de

  • 43

    so Tiago no Conclio, como bispo da Igreja de Jerusalm, no sua

    autoridade sobre so Pedro.

    Deve-se lembrar que todos os apstolos estavam cheios do

    Esprito Santo, e ainda que fossem fracos, como todo homem, tinham

    o dom da infalibilidade para pregar e escrever a Bblia. Nessas

    circunstncias entende-se que so Pedro no necessitava de exercer

    seu poder jurisdicional sobre os apstolos, embora tinha esse poder.

    O que se verifica, porm, seu primado entre os apstolos,

    pressupondo j o seu direito jurisdicional.

    Quanto a Glatas 2,9 h variantes no original, como mostra a

    Bblia de Jerusalm. Os Padres da Igreja usualmente tambm citam

    Pedro em primeiro lugar, seguido por Tiago e Joo. Ns cdices

    originais, h vezes em que Pedro citado primeiro, outras vezes ele

    no aparece como coluna, mas apenas Joo e Tiago. Mostraria assim,

    pelo menos, que no havia preocupao em colocar algum desses,

    nesse verso, como o primeiro, por se tratar de epstola, e do assunto

    em questo, e o mesmo no tocar a questo da liderana da Igreja

    em todo o mundo. No entanto, considerando a defesa de so Paulo

    do seu apostolado, frente aos judeus cristos, parece a citao de so

    Tiago em primeiro lugar dever-se ao fato de ser uma figura destaque

    em Jerusalm, local de onde os judaizantes saram. Como atribuam

    suas atitudes autoridade de Tiago, so Paulo mostra que o mesmo

    Tiago est em comunho doutrinal com ele, assim como Pedro e

    Joo. Apenas para fins de informao. A doutrina do primado est

    estabelecida.

    Cristo Jesus o nosso nico Senhor, Salvador, Mestre, Pastor,

    Pontfice, Pedra da Igreja. por ele que Pedro exerceu seu primado,

    e pelo mesmo motivo que o faz os papas.

  • 44

    Captulo 7

    Paulo contra Pedro em Antioquia

    O captulo iniciado assim: Na epstola de Paulo aos glatas,

    vemos o conflito que ele teve com Pedro em Antioquia, que tambm

    nos ajuda a compreender que Pedro no era uma espcie de

    autoridade infalvel, mas um homem no mesmo patamar de

    autoridade de Paulo, sujeito s mais duras crticas e repreenses....

    (p. 50)

    E questiona: Qual catlico nos dias atuais seria corajoso o

    suficiente para dizer que viu o papa face a face e lhe resistiu na cara

    porque o papa repreensvel? (p. 50). E ainda: Toda essa

    repreenso de Paulo frente a Pedro seria um completo disparate caso

    este assumisse algum cargo muito superior ao do prprio Paulo, pois

    seria Pedro que deveria repreender Paulo por insubmisso e desacato

    a autoridade, e no Paulo a Pedro por no estar andando de acordo

    com a verdade do evangelho (v.14). [nfase no original] Essa

    questo revela o quo distante da verdadeira doutrina crist catlica

    est o autor do livro. Parece afirmar que o catlico no est no direito

    de repreender o papa, ou um superior, com caridade, se este estiver

    errado. Ainda, pela argumentao verifica-se um erro primrio, ao

    indicar que os subalternos so intrinsecamente inapropriados a

    resistir seus superiores quando esses merecem reprovao.

    O primeiro erro consiste no desconhecimento da doutrina

    catlica, o segundo na deficincia em identificar o verdadeiro princpio

    racional para a questo. Nunca o agir, o fazer algo, corretamente,

    seria um disparate. Tal fraqueza de raciocnio est evidenciada

    nesse ponto.

  • 45

    Como no satisfeito, o autor insinua o medo de so Pedro,

    que seria inferior em autoridade a so Tiago, bispo de Jerusalm.

    Notando que so Pedro est em Antioquia, seria afirmar que sua

    autoridade no era apenas relativa igreja em Jerusalm, mas

    mesmo fora dela, pois Pedro o temia. E o livro afirma isso: Isso nos

    deixa claro que Pedro temia a liderana de Tiago.... (p. 52)

    A informao seguinte no se encontra na Bblia. Alis, est

    contrria a ela: e mesmo assim Pedro ficou com tanto medo que

    censurou aqueles incircuncisos com quem antes comia to

    amigavelmente.... So Pedro, afirma a Escritura, apenas deixou de

    comer com os gentios, no os censurou, no pregou nada! Suas

    atitudes foram negativas para a ocasio, no sua doutrina, que era

    infalvel, e exposta no Conclio de Jerusalm, como provado acima.

    O autor questiona: Onde foi parar a infalibilidade papal?

    Novamente nota-se a falta de compreenso da verdade crist catlica

    quanto infalibilidade.

    Outra afirmao no comprovada pela Bblia e pela Histria est

    aqui: Alm do fato de que se Pedro fosse bispo em Roma ele seria

    dos incircuncisos (gentios), tambm temos a indiscutvel constatao

    de que ele no exercia uma jurisdio universal, mas apenas um

    ministrio local no mesmo nvel de Paulo (Gl.2:6-8). Sabe-se que

    em Roma havia grande nmero de judeus no primeiro sculo, ao

    tempo da pregao de Pedro l. Ainda que, sendo regio pag, a

    colnia judaica em Roma era bastante prspera. Dessa forma, so

    Pedro teve muitos judeus cristos em sua sede romana.

    Ento, o captulo termina do seguinte modo: Essa evidncia

    ainda mais importante porque ela no est relacionada apenas a uma

    ordem cronolgica ou sucesso de nomes como vemos vrias vezes

    ocorrendo ao longo da Escritura onde o nome de Pedro colocado por

    primeiro, mas se refere a uma posio hierrquica na Igreja, uma vez

  • 46

    sendo que essas colunas representam autoridade. Paulo est

    simplesmente dizendo que Pedro no era a nica autoridade, mas

    que havia pelo menos outras duas autoridades alm dele, no mesmo

    patamar, e se pensasse mesmo que dentre elas se destacava Pedro

    teria obviamente colocado seu nome por primeiro, o que ele no fez.

    (p. 54)

    A falta de concatenao das ideias revelada aps anlise. O

    livro afirma que nas vezes em que Pedro citado primeiro explica-se

    por tratar-se de ordem cronolgica ou de sucesso de nomes. Em

    primeiro lugar, se a cronologia logicamente relativa ao tempo,

    temos que so Pedro no foi o primeiro [protos] (Mt 10,2) por ter

    sido o primeiro cronologicamente a ser chamado, se fosse o caso.

    Esse posto do seu irmo Andr. Tem-se a o primeiro erro. O

    segundo supe que se trata de apenas sucesso de nomes. No

    entanto, se se verifica uma ordem rgida, poucas vezes quebrada,

    isso indica algum critrio para aquela sucesso. Sabe-se que a

    primazia de Pedro explica ser ele o primeiro citado na maioria das

    vezes. De fato, os Evangelhos citam-no todas as vezes como o

    primeiro, na colgio dos apstolos.

    Depois, o livro afirma quem em Gl 2,9 referida posio de

    hierarquia, por representarem autoridade, ao mesmo tempo em que

    ensina que ensina Pedro no ser nico em autoridade, e que havia

    mais autoridades com ele no mesmo patamar. Como!? Se h

    hierarquia, e o texto argumenta como sendo Tiago o primeiro,

    proeminente, mencionado nessa lista de autoridade, como explicar

    que eram idnticas, ocupando mesmo nvel, mesmo patamar? Trata-

    se de uma contradio evidente na argumentao. Est falida em si

    mesma.

    Mas, se o livro apenas deseja destacar que h uma nica

    autoridade, e que no importa a colocao dos nomes, temos que so

  • 47

    Tiago ocupou primeiro lugar por pura coincidncia. Est refutada a

    posio do autor. Contudo, para maior elucidao da questo

    necessrio uma contextualizao e fechamento da mesma.

    Na cidade de Antioquia estavam os dois grandes apstolos,

    Pedro, o prncipe dos apstolos, e Paulo o doutor das naes, como

    conhecido em toda a Igreja.

    Estavam em paz, pregando o Evangelho, e convivendo com

    judeus e pagos convertidos ao Cristianismo. Porm, ao chegarem

    judeus cristos de Jerusalm, da parte de so Tiago, o

    comportamento de so Pedro comeou a mudar.

    Entende-se que suas intenes no eram errneas em si, mas

    por motivos circunstanciais tornaram-se inaceitveis. Para no

    escandalizar os judeus cristos, so Pedro passou a evitar as

    refeies com os gentios convertidos, o que levou grande parte dos

    cristos a adotarem suas atitudes. At mesmo Barnab, companheiro

    de So Paulo nas misses, e to acostumado com a evangelizao

    entre os gentios, mesmo ele imitou a so Pedro.

    Essa atitude de Pedro seria um empecilho para a misso aos

    pagos, e so Paulo teve que adverti-lo em pblico. (Gl 2,14) Nessa

    atitude no h nada contrrio ao primado de Pedro. Como apstolo, e

    em verdade, so Paulo teve autoridade para confrontar so Pedro, e

    esse com certeza ajustou sua atitude.

    Ao invs de ver nesse momento um sinal de negao da

    primazia petrina, v-se nele um exemplo da mesma. Nota-se que a

    pregao e o exemplo de so Paulo no puderam conter a influncia

    do comportamento de so Pedro. Como chefe, ele tinha tamanha

    influncia, que at mesmo Barnab quis tomar seus exemplos para

    si. A nica via seria uma contestao pblica, diante da Igreja, contra

    aquela atitude do lder. E foi assim que so Paulo agiu.

  • 48

    O texto sagrado possui uma palavra importante, como aquela

    que o livro explicou, ao tentar mostrar a superioridade de so Tiago

    no conclio de Jerusalm [krino], e essa palavra : obriga. So Paulo

    afirma que So Pedro estava obrigando os cristos a judaizarem

    pelo seu exemplo. Que poderoso exemplo aquele, contra o qual as

    palavras e vida de so Paulo no puderam conter, restando somente

    uma reprovao pblica. Com humilde aprovao de so Pedro,

    estava desfeita aquela ocasio, que, doutro modo, poderia ser

    negativa para o crescimento da santa Igreja. Uma vez aprovado pelo

    prncipe dos apstolos, o apostolado entre os gentios tinha mais uma

    comprovao. Santo Agostinho, em sua Epstola 82,22 comenta essa

    sagrada passagem das Escrituras, mostrando os exemplos dos

    inferiores, e mais jovens, corrigindo os superiores, e mais velhos. A

    traduo superior, inferior parece mais de acordo com a passagem.

    Para a questo do apostolado de Pedro aos judeus e de Paulo

    aos gentios: Jesus veio para a casa de Israel. Em toda Sua vida

    pblica no procurou os gentios para anunciar-lhes o Evangelho, e

    afirmou categoricamente, no uma nica vez, que Seu envio no foi

    aos pagos, mas s ovelhas perdidas do povo judeu.

    Dessa verdade, algum poderia fazer surgir um princpio do

    qual a misso de Cristo no era universal, mas parcial, e que por isso

    no poderia ter autoridade sobre toda Igreja, mas apenas aos

    cristos de origem judaica. Essa heresia blasfema poderia ser

    cogitada por considerao arbitrria de passagens do Evangelho, sem

    a devida compreenso de sua mensagem geral.

    Do mesmo modo, ao afirmar que Cefas recebeu o apostolado

    especial entre os pagos, e que Paulo foi feito pregador dos gentios,

    no se pode tirar da que a primazia de Pedro no existia, por ter sua

    autoridade apenas relativa aos judeu-cristos. Nada mais falso. Essa

    leitura tpica desconsidera as Escrituras, e usa de um literalismo

  • 49

    errneo, por esquecer-se de outras passagens igualmente claras que

    compreendem, juntamente com essas outras, toda a doutrina.

    So Pedro pregou primeiramente aos judeus (cf. Atos 2), e

    tambm foi o primeiro a converter, por fora do Esprito Santo, os

    pagos (cf. Atos 10). O mesmo ocorreu com so Paulo, que dirigiu

    em primeiro lugar aos compatriotas judeus, e somente aps

    renegado, em geral, pelos mesmos, passa a atuar entre os gentios

    (cf. Atos 13,14).

    digno de nota que o apostolado coordenado entre os judeus

    ficou principalmente sob responsabilidade de Pedro, Tiago e Joo. No

    entanto, ao falar dessa especificidade de evangelizao, Paulo cita

    somente a Pedro, comparando seu apostolado entre os pagos com o

    de Cefas entre os filhos de Israel. (cf. Gl 2,6-8) Ao afirmar que no

    era inferior aos demais apstolos (2 Cor 11,5), so Paulo no trata de

    jurisdio, mas de condio de apstolo, que est em nvel de

    igualdade com os outros. Comparando, no entanto, seu apostolado

    com o de Pedro, isso no indica igualdade jurisdicional, mas salienta

    o papel relevante de Pedro. Sabendo da primazia de Pedro, tem-se

    nesse particular mais um sinal da mesma, expresso pelo grande

    apstolo so Paulo.

  • 50

    Pedro em Roma: Romanos 15,20: fundao de outro

    homem. [fundamento alheio] Pode ser aluso a Pedro. Em Rm

    13,2-6 so Paulo no se refere uma nica vez a Csar Nero, mas

    apenas s potestades superiores, aos magistrados, chamando-o

    ministro de Deus. Por no ser nomeado, uma nica vez, o

    imperador, no se pode afirmar que o mesmo no tinha

    proeminncia, nem que no estava em Roma, ou que no existia

    imperador nessa poca. Se a Bblia fala em termos gerais, usando

    magistrados e no o Imperador, disso pode-se inferir uma razo

    importante. Se dessa omisso direta do nome do principal governante

    indicasse que o mesmo no existia, e fosse interpretao correta,

    como feita com relao a Pedro, algum deveria pelo menos

    duvidar de que havia imperador em Roma, seno afirm-lo contra

    toda a histria e a prpria Bblia. Deve-se ter cuidado ao interpretar o

    texto sagrado para no cair nesses problemas.

    So Paulo fala que sua visita a Roma ser apenas de

    passagem: Quando partir para Espanha irei ter convosco; pois

    espero que de passagem vos verei. (v. 24) A expresso para

    outro lugar explica que a Escritura no deseja fazer conhecido o

    paradeiro de so Pedro nessa poca, por causa da perseguio. (Atos

    12,17) So Pedro no espera so Tiago, mas pede que os cristos

    contem a ele o milagre de sua libertao: E, saindo, partiu para

    outro lugar. Nesse contexto possvel que a designao

    Babilnia em 1 Pedro 5,13 refira-se a Roma, como atesta a histria

    antiga. De fato, outro lugar, fundamento alheio e Babilnia so

    expresses ter termos bastante indiretos. Taylor Marshall afirma que

    Rm 15,20 pode ser referncia a Pedro.

  • 51

    Captulo 8

    O papa o Sumo Pontfice?

    O Catecismo [65] citado. O livro objeta que o ttulo de Sumo

    Pontfice no citado em Efsios 4,11-12. Sendo assim, no existiria.

    Na verdade, o cargo no necessita do ttulo para sua existncia, mas

    o ltimo lhe derivado. Se no havia o ttulo na poca em que so

    Paulo escreveu, pouco importa, pois o cargo existia.

    Mas, afirmar que o cargo inexistia, pois inveno da Igreja,

    tal afirmao descabida, e a Bblia a refuta. A esta altura, a

    resposta acima j provou o primado petrino, sendo essa mais uma

    afirmao incua.

    O ttulo de Sumo Pontfice e Pontifex Maximus eram aplicados

    ao Sumo Sacerdote do Antigo Testamento. Os imperadores romanos

    tambm eram chamados Pontifex Maximus. O ttulo foi usado para o

    papa, de modo exclusivo, a partir, e somente a partir, do sculo 11.

    Portanto, um ttulo histrico, mas de sentido teolgico. O papa o

    representante, e participa do Sacerdcio, de Jesus. Por isso, no h

    motivo para exigir que o mesmo aparea em Ef 4,11-12.

    O Catecismo da Igreja Catlica ensina que Jesus o nico

    sacerdote verdadeiro (Hb 5,10; 6,20; 7,16; 10,14), os demais so

    Seus ministros (1545). Ensina ainda que:

    Cristo Cabea do Seu Corpo [Igreja]

    Pastor do Seu rebanho

    Sumo Sacerdote do sacrifcio redentor

    Portanto, o sacerdote representa Jesus Cristo. [cf. 1548]

    Cristo o chefe da Igreja [cf. 1549]

  • 52

    H somente um sacerdcio, o de Jesus [cf. 1551]

    Cristo o Cabea da Igreja, e os sacerdotes apenas o

    representam. [cf. 1552]

    Cristo Mestre, Pastor e Pontfice. [cf. 1558]

    Os bispos so mestres da f, pontfices e pastores. [cf. 1558]

    Cada bispo pastor de sua igreja local, mas responsvel por

    toda a Igreja. Em outras palavras, cada um bispo universal. [cf.

    1560]

    Cristo o Bom Pastor e Cabea de Sua Igreja. [cf. 1561]

    Cristo o Sumo e Eterno Sacerdote. [cf. 1564]

    Pode-se lembrar do ensino que est nos santos Padres. Se o

    livro ensinar verdade no estar inovando. No entanto, o mesmo

    afirma que o ttulo Sumo Sacerdote somente aplicado a Jesus, no

    a nenhum homem na terra.

    Como mostrado, o ttulo aplicado aos homens santos,

    sacerdotes no Antigo Testamento. Era uma prefigurao de Jesus, o

    Verdadeiro e nico sacerdote. No Novo Testamento o sentido do

    termo continua no ministrio ordenado. No entanto, a f crist

    catlica tem Jesus como nico Sumo Sacerdote, como est claro no

    Catecismo.

    Ao tratar do cumprimento da figura do Sumo Sacerdcio da

    Antiga Aliana, o livro ensina: Antes, pensem comigo: se existiu um

    momento perfeito para algum dizer que o sumo sacerdcio humano

    da Antiga Aliana foi transferido para outro sumo sacerdcio humano

    na Nova Aliana, era esse. (p. 58)

    Esse mais um atestado de incompreenso da doutrina crist

    catlica. Pelo exposto acima, os catlicos deveriam crer que o papa

  • 53

    fosse o sumo sacerdote em cumprimento das profecias antigas. Nada

    mais incorreto.

    Uma vez que a Bblia contrasta o sacerdcio do Antigo

    Testamento com o Novo, mostrando que o Sumo Sacerdote antigo

    deveria oferecer sacrifcios contnuos, por si mesmo e pelos outros, e

    era mortal, portanto, no poderia cumprir infinitamente seu

    sacerdcio. Para aplicar o cumprimento dessa figura em um homem

    mortal no Novo Testamento seria exposta outra doutrina, que no a

    da Bblia. Portanto, em momento algum o sumo sacerdote da antiga

    aliana seria equiparado, em termo de cumprimento, ao sumo

    sacerdote, o papa. E a doutrina crist catlica nunca foi assim.

    No existem dois pontfices, um celestial e um terreno, mas

    apenas um. O papa humildemente detm o ttulo como vigrio

    (representante) no substituto de Jesus. Essa premissa bblica.

    Ao tratar dessa questo, o autor de Hebreus no contrasta o

    sacerdcio do Antigo Testamento com o sacerdcio do Novo

    Testamento, de todos os fieis. Esse no era o assunto em questo.

    Assim, no trata da posio de primazia de Pedro, nem de qualquer

    outro cargo na Igreja, embora existentes. Assim, constitui um

    argumento ex silencio.

    A doutrina catlica no equipara o Sumo Sacerdcio de Jesus

    Cristo com o sacerdcio ministerial, nem com a posio do papa.

    Como provado, a Igreja ensina que o papa apenas um servo,

    ministro de Jesus. O ttulo que usa possui esse sentido.

    A acusao: Quando os catlicos dizem que o papa o Sumo

    Pontfice, eles esto simplesmente blasfemando contra a obra de

    Cristo. (p. 61) e O Sumo Pontfice romano no uma autoridade

    que provm de Deus, uma usurpao de Satans... (p. 62). Essa

    acusao expressa um anti-catolicismo radical, capaz de cegar a

  • 54

    mente e impedir o entendimento da verdade. O demnio serve-se do

    dio. Porm, em Nome de Jesus Cristo os leitores da presente

    resposta sejam libertados de todo preconceito e dio instituio

    crist catlica, para que compreendam a verdade que liberta e

    possam ajudar outros a conhecerem Jesus Cristo.

    O papa no usurpa o lugar de Cristo, no substitui o Senhor,

    mas O representa na sua forma de governo, como cada cristo

    representa o Senhor no seu estado de vida pessoal. Esse o conceito

    da Bblia Sagrada. O Catolicismo Romano vem de Jesus Cristo, Seu

    Fundador, Seu Criador, e em Seu Nome que todo erro cai, toda

    heresia refutada, e o povo de Deus iluminado com Sua Luz, com

    Sua graa.

  • 55

    Captulo 9

    Nenhum enviado maior do que aquele

    que o enviou

    Partindo de um princpio que estaria em Joo 13,16, o livro

    tenta refutar o papado por afirmar que sendo Pedro enviado em Atos

    8,14 pela Igreja, no poderia ser o chefe, pois estaria contrariando o

    princpio universal exposto em Joo 13,16.

    O livro assevera: Como vemos, no era Pedro que dava ordens

    na Igreja primitiva enviando seus liderados aos outros lugares do

    mundo, mas ele prprio que recebia ordens dos demais e era

    enviado a outros lugares! Isso destri a tese do primado

    petrino... [nfase no original] (p. 64). Afirma que Pedro no era o

    mandatrio, e que no poderia ser o maior, mas no mximo igual,

    luz de Joo 13,16.

    Aps maiores explicaes, conclui: Portanto, de acordo com a

    regra imposta aqui (que o enviado-apostolos no pode ser maior do

    que aquele que o enviou), Pedro no poderia ser maior do que os

    apstolos que enviaram ele e Joo a Samaria, o que aniquila a tese

    do primado universal de Pedro como o chefe dos apstolos.

    [nfase no original] (p. 65)

    correto que os subalternos no passam ordens aos

    superiores. No entanto, o verbo grego enviar no dar ordens,

    como apresentado acima. Nesse caso, os superiores podem ser

    enviados por outros, seus inferiores em autoridade.

    So Pedro foi enviado por concordar na misso, no por receber

    ordens. Ainda que nos cnones do pensamento do livro, que arvora-

    se na defesa da igualdade entre todos os cristos, entre todos os

  • 56

    apstolos, so Pedro seria igual em autoridade aos outros que o

    enviaram. Sendo assim, do texto no se infere inferioridade de so

    Pedro com relao aos demais.

    No entanto, o princpio que o livro apresenta no est correto.

    Raciocinando segundo o texto bblico temos outro ensinamento.

    Nosso Senhor no afirma que o servo ser igual em autoridade ao

    seu Senhor. Se isso ocorre, j no haveria mais senhor e servo, mas

    dois senhores. Se caso ocorresse sempre, os servos desapareceriam.

    O livro cita os textos de Mateus 10,24-25 e Lucas 6,40, em

    apoio sua interpretao de Joo 13,16. A correta exegese mostrar

    que o livro est equivocado por completo.

    Jesus afirma que aquele que quiser ser o primeiro que torne-se

    o ltimo, servidor de todos. Ensina assim para endireitar os coraes

    orgulhosos e altivos.Ensina igualdade? Onde? Em lugar nenhum. Se

    assim o fosse, no concordaria na ideia de primeiro e ltimo.

    Onde h tal gradao no existe igualdade em autoridade, e no reino

    dos cus no h tal realidade.

    O prprio Senhor Jesus coloca-Se como o Maior, e ainda assim

    mostra que veio para servir, no para ser servido. E, servindo a todos

    continua sendo o Maior. Pensar que o discpulo um dia ser igual em

    autoridade a Cristo blasfmia, e o princpio universal (p. 63) que

    o livro supe ver em Joo 13,16 permite essa concluso. Est assim

    refutado.

    Para melhor afirmao e prova, deve-se ler diretamente as

    Escrituras:

    Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que

    julgam ser prncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus

    grandes usam de autoridade sobre eles; Mas entre vs no ser

    assim; antes, qualquer que entre vs quiser ser grande, ser vosso

  • 57

    servial; E qualquer que dentre vs quiser ser o primeiro, ser servo

    de todos. Porque o Filho do homem tambm no veio para ser

    servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.

    A questo no negao da autoridade, mas o ensino de Jesus

    sobre a verdadeira autoridade, que o servio. Os prncipes da Igreja

    devem servir, no ser iguais aos outros em autoridade, mas no usar

    do seu poder para assenhorear-se ou para dominar.

    Nosso Senhor afirma que h maior e menor na Igreja, e o texto

    de so Lucas claro nesse sentido: Mas no sereis vs assim;

    antes o maior entre vs seja como o menor; e quem governa

    como quem serve. H, portanto, o maior, h aquele que governa.

    O sentido novo do Evangelho que o maior, o governador, deve

    servir. O livro tentou passar a ideia de que na Igreja no h maior,

    mas igualdade, o que est absolutamente errado. contrrio ao

    Evangelho.

    Jesus mostra-SE como o Maior, e como Servidor: Pois qual

    maior: quem est mesa, ou quem serve? Porventura no

    quem est mesa? Eu, porm, entre vs sou como aquele que

    serve. Se o texto denotasse qualquer coisa contrria ao primado de

    jurisdio, estaria negando a autoridade do Senhor tambm, o que

    implica em absurdo e blasfmia.

    Sendo desse jeito, Atos 8,14 ao afirmar o envio de so Pedro

    no supe o sentido de mandar ou dar ordens a algum, mas

    somente o de enviar-lhe. E o significado do envio s pode ser

    entendido contextualmente.

    A Bblia revela que os superiores podem ser enviados nesse

    sentido, sem se tornarem iguais e muito menos inferiores, em Josu

    22,13-14 e Atos 15,2.

  • 58

    E enviaram os filhos de Israel, aos filhos de Rben, e aos filhos

    de Gade, e meia tribo de Manasss, na terra de Gileade, a Finias,

    filho de Eleazar, o sacerdote, e a dez prncipes com ele, de cada casa

    paterna um prncipe, de todas as tribos de Israel; e cada um era

    cabea da casa de seus pais entre os milhares de Israel.

    ...resolveu-se que Paulo e Barnab, e alguns dentre eles,

    subissem a Jerusalm, aos apstolos e aos ancios, sobre aquela

    questo.

    O sacerdote Fineias e os prncipes foram enviados pelos filhos

    de Israel, e no Antigo Testamento est clara a rgida hierarquia. So

    Paulo e so Barnab foram igualmente enviados, e eram lderes de

    suas igrejas. Portanto, So Pedro foi enviado, obviamente de comum

    acordo, pois aquela misso era de importncia tal que o lder da

    Igreja a efetuaria de forma mais apropriada.

  • 59

    Captulo 10

    Paulo reconhecia Pedro como o Sumo

    Pontfice?

    Se um cristo afirma que no nada inferior ao papa, estar

    sendo, pela expresso dita, negando a autoridade do papa? Talvez

    no. As