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RESPONSABILIDADE SOCIAL SOCIAL RESPONSIBILITY Evelise Simone de Melo RESUMO Tema de extrema importância atualmente é o que trata sobre responsabilidade social da empresa. As mazelas sociais criadas pelo sistema capitalista individualista, onde somente o lucro tinha importância, hoje contam com investimentos de empresários em programas para minimizar os efeitos já incrustradas na sociedade, de forma a torná-la mais justa. Não se confunde, responsabilidade social empresarial com função social da empresa, já que essa última, ditada pela imperativadade da lei, não é ação voluntária, como ocorre na primeira. A responsabilidade social é voltada a todos que interagem com a empresa, chamados de Stakeholders. Um instrumento importante para medir esse investimento praticado pelos agentes econômicos é o Balanço Social. Esse instrumento visa determinar os termos da cooperação existente entre o empresário e a sociedade na redução dos problemas sociais, bem como pode servir de instrumento publicitário para empresa. Embora a pesquisa realizada pelo Ipea tenha resultado num significativo aumento na cooperação empresarial no aspecto social, é visível que a falta de incentivo pelo Estado pode resultar no descrédito dessa atuação. Contudo, alguns entes federativos já trabalham para incentivar essa atitude humanitária. PALAVRAS-CHAVES: EMPRESA; RESPONSABILIDADE SOCIAL; STAKHOLDER, BALANÇO SOCIAL. ABSTRACT Fear of extreme importance now it is what treats about social responsibility of the company. The social sore spots created by the individualistic capitalist system, where only the profit had importance, today they count with entrepreneurs' investments in programs to minimize the effects already ingrained in the society, in way to turn her fairer. It doesn't get confused, business social responsibility with social function of the company, since that last one, dictated by the law imperative, it is not voluntary action, as it happens in the first. The social responsibility is returned to all that interact with the company, calls of Stakeholders. An important instrument to measure that investment practiced by the economic units is the Social audit. That instrument seeks to determine the terms of the existent cooperation between the entrepreneur and the society in the reduction of the social problems, as well as it can serve as advertising instrument for company. Although the research accomplished by Ipea has result in a significant increase in the business cooperation in the social aspect, it is visible that the incentive lack for the State can result in the discredit of that performance. However, some federal beings already work to motivate that humanitarian attitude. 2571

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Page 1: RESPONSABILIDADE SOCIAL SOCIAL RESPONSIBILITY Evelise ... · Por outro lado, a Responsabilidade Social não está, a princípio, ligada à destinação social dos meios de produção

RESPONSABILIDADE SOCIAL

SOCIAL RESPONSIBILITY

Evelise Simone de Melo

RESUMO

Tema de extrema importância atualmente é o que trata sobre responsabilidade social da empresa. As mazelas sociais criadas pelo sistema capitalista individualista, onde somente o lucro tinha importância, hoje contam com investimentos de empresários em programas para minimizar os efeitos já incrustradas na sociedade, de forma a torná-la mais justa. Não se confunde, responsabilidade social empresarial com função social da empresa, já que essa última, ditada pela imperativadade da lei, não é ação voluntária, como ocorre na primeira. A responsabilidade social é voltada a todos que interagem com a empresa, chamados de Stakeholders. Um instrumento importante para medir esse investimento praticado pelos agentes econômicos é o Balanço Social. Esse instrumento visa determinar os termos da cooperação existente entre o empresário e a sociedade na redução dos problemas sociais, bem como pode servir de instrumento publicitário para empresa. Embora a pesquisa realizada pelo Ipea tenha resultado num significativo aumento na cooperação empresarial no aspecto social, é visível que a falta de incentivo pelo Estado pode resultar no descrédito dessa atuação. Contudo, alguns entes federativos já trabalham para incentivar essa atitude humanitária.

PALAVRAS-CHAVES: EMPRESA; RESPONSABILIDADE SOCIAL; STAKHOLDER, BALANÇO SOCIAL.

ABSTRACT

Fear of extreme importance now it is what treats about social responsibility of the company. The social sore spots created by the individualistic capitalist system, where only the profit had importance, today they count with entrepreneurs' investments in programs to minimize the effects already ingrained in the society, in way to turn her fairer. It doesn't get confused, business social responsibility with social function of the company, since that last one, dictated by the law imperative, it is not voluntary action, as it happens in the first. The social responsibility is returned to all that interact with the company, calls of Stakeholders. An important instrument to measure that investment practiced by the economic units is the Social audit. That instrument seeks to determine the terms of the existent cooperation between the entrepreneur and the society in the reduction of the social problems, as well as it can serve as advertising instrument for company. Although the research accomplished by Ipea has result in a significant increase in the business cooperation in the social aspect, it is visible that the incentive lack for the State can result in the discredit of that performance. However, some federal beings already work to motivate that humanitarian attitude.

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KEYWORDS: COMPANY; SOCIAL RESPONSIBILITY; STAKHOLDER, SOCIAL AUDIT.

Introdução

Desde a queda do absolutismo e com a sublevação dos direitos do homem, um direito que tomou grandes proporções e foi alçado como dos mais importantes foi o direito de propriedade. As revoluções do Século XVIII ao darem inicio a uma era de direitos e garantias individuais do homem, iniciaram, ao mesmo tempo uma veneração ao direito de propriedade. Tanto isso é verdade que o próprio Código de Napoleão foi chamado de Código de Propriedade.

Em nosso direito também foi possível observar tal fenômeno, com a prescrição do Código Civil de 1916. O artigo 524 do referido diploma tem a seguinte redação: “A lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los do poder de quem quer que injustamente os possua”.

O direito de propriedade foi tido como direito absoluto e por isso o momento histórico seguinte ao momento das revoluções, em especial a francesa e norte-americana, foi designada de era individualista.

Bem verdade que o culto a propriedade privada persiste ainda nos dias atuais, embora com a adoção de novos ideais o direito evoluiu, bem como erigiu novos direitos a um patamar de preocupação nas várias esferas do conhecimento.

Esse individualismo praticado de forma exacerbada é fator da geração das mazelas sociais. A concentração das riquezas nas mãos de poucos, a despreocupação na extração dos recursos naturais, o desprezo da vida humana, entre outras causas podem ser atribuídas a esse egocentrismo. Não obstante isso, a falta de aparelhamento do Estado para atendimento das necessidades sociais, como educação, cultura, lazer, saúde, entre outros também contribui para essa gravosa situação.

Contudo, é de se notar atualmente um crescente aumento do envolvimento da sociedade com os problemas sociais. A criação de OSS’s e OSCIP’s são exemplos concretos de que a sociedade não mais está alheia aos problemas sociais. Outro fator que tem se revelado de suma importância é o envolvimento de sociedades empresárias na busca de soluções para esses problemas sociais. É sobre esse tema que se pretende discorrer no presente trabalho.

1 Em busca de um conceito.

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A responsabilidade social corporativa é um assunto muito debatido no momento e, por isso, torna-se necessária buscar um conceito, para que se torne seja possível o enfrentamento dos demais temas relacionados.

Contudo, pontuar a respeito de um conceito de Responsabilidade Social da Empresa é uma tarefa difícil. Difícil porque sua ação não se restringe à realização de determinado ato ou fato. Para ser uma empresa cidadã, a corporação deve realizar uma gama de ações que envolvem todos aqueles que estão ligados direta ou indiretamente com a empresa, podendo, ainda, estar ligado a ação com quem não tenha qualquer envolvimento com ela.

Arantes et al. (2004, p. 124) dizem que atualmente há a coexistência de variados sentidos atribuídos à responsabilidade social, não representando um conceito uníssono na literatura disponível a respeito.

Assim é possível verificar que Responsabilidade Social Corporativa é um termo complexo, resultante de variadas ações e ligado a vários elementos e fatores. No entanto, é possível verificar o que algumas ações não representam, quando desvinculadas de outros elementos, o termo responsabilidade social da empresa.

1.1 Responsabilidade empresarial como função social.

Tomasevicius (apud MAGALHÃES, 2008), entende que função social significa que o exercício de um direito subjetivo deve atender ao interesse público, não somente implicando em restrições ao exercício desse direito, mas, da mesma forma, em beneficiar concretamente vantagem positiva para sociedade. “(...) Dessa forma, entende-se a idéia de que a propriedade obriga ou que há um poder-dever de o indivíduo atender ao interesse público no exercício de seu direito subjetivo”.

Mezzomo 1, a seu turno, embora se referindo especificamente ao direito de propriedade, simplifica o conceito afirmando que “(…) a função social da propriedade como a submissão do direito de propriedade, essencialmente excludente e absoluto pela natureza que se lhe conferiu modernamente, a um interesse coletivo”.

Pelo que se pode observar o princípio da função social está umbilicalmente ligado ao objetivo maior de alcançar a justiça social, que deve ser entendida como repartição equânime das riquezas (PETRUCCI, 2004).

Silva (2004, p. 793-794) esclarece que quando a constituição em seu artigo 5º, XXIII diz que a propriedade atenderá sua função social, quer dizer que o constituinte entendeu esse preceito a todo tipo de propriedade. Para o autor:

(…) O art. 170, III, ao ter a função social da propriedade como um dos princípios da ordem econômica, reforça essa tese, mas a principal importância disso está na sua compreensão como um dos instrumentos destinados à realização da existência digna de todos e da justiça social. Correlacionando essa compreensão com a valorização do

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trabalho humano (art. 170, caput), a defesa do consumidor (art. 170, V), a defesa do meio ambiente (art. 170, VI), a redução das desigualdades regionais e sociais (art. 170, VII) e a busca do pleno emprego (art. 170, VIII), tem-se configurada a sua direta implicação com a propriedade dos bens de produção, especialmente imputada à empresa pela qual se realiza e efetiva o poder econômico, o poder de dominação empresarial. Disso decorre que tanto vale falar de função social da propriedade dos bens de produção, como de função social da empresa, como de função social do poder econômico (…).

.

Assim a função social não retira a liberdade de agir de acordo com os próprios interesses, cumprindo, apenas, com deveres com a sociedade, segundo os princípios e normas positivadas ou não. Magalhães (2008) conclui o seguinte:

Diante do exposto, a sociedade só poderá exigir das empresas a função social das atividades que constituem objeto dela, ou seja, ligado a sua atividade econômica exercida. Não é possível exigir, com fundamento na função social, deveres para os quais as empresas não foram criadas, porque senão só teria deveres e não direitos.

Por outro lado, a Responsabilidade Social não está, a princípio, ligada à destinação social dos meios de produção. Aliás, nada tem a ver com o objetivo social da empresa, mas sim com a interação voluntária da empresa na resolução dos conflitos sociais.

A Responsabilidade Social deve abranger todas as atividade, inclusive as não ligadas ao objeto social, de forma a gerar benefícios para a comunidade, ligada à empresa, como os trabalhadores, investindo, por exemplo, em cursos de formação, quanto às demais pessoas da sociedade, atuando, por exemplo, em patrocínio em eventos culturais (MAGALHÃES, 2008).

Assim, enquanto a função social da empresa é uma manifestação obrigatória do detentor do poder econômico de voltar sua atividade em benefício da coletividade por imposição legal, a Responsabilidade Social é uma manifestação voluntária e individual do empresário que junta esforços com os demais agentes da sociedade para apaziguar os conflitos sociais colocados em pauta.

Deve-se relembrar que, embora o conceito de função social não seja equivalente ao de Responsabilidade Social da Corporação, ele é integrante, pois ser Empresa Cidadã corresponde ao cumprimento das obrigações postas na lei, bem como no contrato social da empresa.

1.2 Responsabilidade social e filantropia.

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Como a responsabilidade social da empresa está intimamente ligada às mazelas sociais, é freqüente a confusão acerca das práticas que determinam quem é empresa cidadã.

A preocupação sobre os problemas sociais geralmente afetam um campo indeterminado de pessoas. É difícil ver na rua uma criança toda suja limpando o vidro de seu carro em troca de um troco, ver um pedinte todo esfarrapado na praça de uma igreja, barracos próximos a córregos, todas essas situações provocam comoção nas pessoas.

Diante disso, é normal uma pessoa autorizar que seja limpo o vidro do carro, dê uma esmola ao pedinte, ajude uma família que se encontre nessa situação com uma cesta básica ou outra contribuição qualquer. Essas ações são consideradas filantropia.

Elenice R. Santos (2004, p. 32) considera que as ações esporádicas, como doações e outras manifestações de caridade, quando não estejam vinculados a uma estratégia da empresa, não podem ser consideradas como atuação de responsabilidade social da corporação. “Grande parte das empresas que acredita estar sendo socialmente responsável pratica, na realidade, caridade e paternalismo, seja por iniciativa de pessoas, de unidades corporativas ou de seus dirigentes”.

A filantropia é basicamente uma ação social externa à empresa, que tem como beneficiária principal a comunidade em suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não-governamentais, associações comunitárias) e organizações. A responsabilidade social é focada na cadeia de negócios da empresa e engloba preocupações com um público maior (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente), cuja demanda e necessidade a empresa deve buscar entender e incorporar aos negócios. Assim, a responsabilidade social trata diretamente dos negócios da empresa e de como ela os conduz. 2

Diante disso, verifica-se que a filantropia foi um passo inicial no sentido da responsabilidade social, mas não a representa o seu verdadeiro conceito. A ”prática de responsabilidade social vai alem da postura legal da empresa, da prática de filantropia ou do apoio à comunidade. Significa mudança de atitude, numa perspectiva de gestão empresarial como foco na qualidade das relações e na geração de valores para todos” (Karideny Nardi Modesi Gomes, Responsabilidade social nas empresas: uma nova postura empresarial – o caso CST, Ethos, p. 48)

1.3 A tentativa de estabelecer um conceito.

Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira o primeiro significado para o termo responsabilidade é: “Qualidade ou condição de responsável”. A seu turno responsável significa: “(…) 2. Que responde legal ou moralmente pela vida, pelo bem-estar, etc., de alguém”; “3. Que tem noção exata de responsabilidade; que se responsabiliza pelos seus

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atos; que não é irresponsável (…)”. Já o sinônimo designado para social: “(…) 3. Que interessa à sociedade”.

Ashley (apud MORAES) diz que Responsabilidade Social da empresa é:

“o compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo pró-ativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de constas para com ela”.

Apoiadas em Daft, Souza e Marcon (2002) entendem por responsabilidade social “(…) a obrigação da administração de tomar decisões e ações que irão contribuir para o bem-estar e os interesses da sociedade e da organização”. Para as teóricas:

A responsabilidade social do mundo corporativo abrange as relações da empresa com todos os seus públicos – acionistas, clientes, fornecedores, funcionários, governo e comunidade - de forma integrada e equilibrada, pois de nada adianta financiar ações sociais isoladas junto à comunidade e ao mesmo tempo negligenciar a segurança dos funcionários ou poluir o meio ambiente, causando danos irreversíveis de saúde à população.

Segundo Baldo & Manzanete, que consideram que essa responsabilização da empresa no campo social como uma “nova ordem social” propõe características como: o predomínio de ação comunitária tanto de ação estatal, como empresarial; modificações comportamentais profundas nas relações entre cidadão e governo; entendimento de uma nova concepção de Estado; “substituição da prevalência dos interesses corporativos pela hegemonia do interesse social”; apontamento de novas instituições sociais; redução da burocracia estatal e aumento da influência das entidades comunitárias; surgimento de novos canais de reivindicações sociais; emergência de redes de solidariedade social.

O empresário Oded Grajew faz uma colocação que sintetiza o que representa a atitude de responsabilidade do empresariado. Nesse sentido faz a seguinte colocação:

Responsabilidade social empresarial não é sinônimo de filantropia, não é sinônimo de investimento social, nem de ação social, nem de projeto social. Projeto social, investimento social, filantropia são muito importantes. Mais ainda em países com carências sociais tão grandes quanto o Brasil. A responsabilidade social empresarial é uma cultura de gestão empresarial que baliza todas as relações da empresa por princípios e valores. Isso significa funcionários, meio ambiente, fornecedores, clientes, comunidade, governo, acionistas, investidores, e que impacta todas as políticas e práticas da empresa. A responsabilidade social é uma maneira, balizada por princípios e valores, de gerir uma empresa. Não adianta a empresa pensar que é socialmente respon-sável apenas porque faz projeto ou investimento social. É muito importante que faça. Mas se não cuidar adequadamente de seus funcionários, se agredir o meio ambiente, se se meter em corrupção, se enganar o consumidor, se não pagar impostos, se iludir

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investidores ou acionistas, não é uma empresa que entendeu o que é responsabilidade social (apud BORBA, 2004, p. 300).

Pelo que se pode perceber a abrangência que a responsabilidade social assume na atualidade determinam com que haja interpretação e seja praticada como um “compromisso ético da empresa nas suas ações e relações com cada múltiplos agentes, tais como acionistas, funcionários, consumidores, rede de fornecedores, meio ambiente, governo, mercado, comunidade”. Dessa forma, é possível visualizar que a responsabilidade social vai além da postura legal, da prática de filantropia ou do apoio à comunidade. “Significa mudança de atitude, por uma perspectiva e gestão empresarial como foco na agregação de valor para todos” (Arantes, et al., 2004, p. 126).

Em síntese, é possível perceber existem duas dimensões complementares que circundam o conceito da responsabilidade social. Num primeiro momento, a responsabilidade social pode ser entendida como “instrumento de gestão e de ampliação de competitividade da empresa, ajudando a tornar sua imagem, seu produto e sua marca reconhecidos diante de seus stakeholders e pela comunidade”. De outro lado, ela representa também “uma forma de exercício de cidadania e da ética por parte das empresas e, consequentemente, de seus funcionários, enquanto agentes do desenvolvimento das regiões em que atuam” (Arantes, et al., 2004, p. 126).

Assim, é necessário verificar quem são os detentores de interesse nas atividades empresariais.

1.4 Critérios da Responsabilidade Social.

Souza e Marcon (2002), citando Carrol, dizem que a responsabilidade social pode ser dividida em quatro critérios: econômico, ético, legal e discricionária. Essa divisão foi proposta a fim de avaliar o desempenho social das organizações.

O critério econômico de responsabilidade social está ligada à finalidade da empresa. Segundo Souza e Marcon (2002) esta “[…] consiste em produzir bens e serviços que a sociedade deseja e maximizar o lucro para seus proprietários e acionistas […]”. Essa responsabilidade econômica quando intensificada é conhecida como maximização do lucro. Essa atitude, contudo, não é mais considerada um critério adequado para o desempenho do empresariado europeu, canadense e norte americano, uma vez que o ganho como única responsabilidade social gera situações difíceis da empresa em relação à sociedade (FRIEDMAN, apud SOUZA e MARCON 2002).

Embora a própria Constituição fixe o capitalismo como sistema econômico do Brasil, uma vez que deixa a Ordem Econômica sob responsabilidade da iniciativa privada, hoje a onda de socialização da propriedade, bem como a divulgação dos dados sociais, tem acendido cada vez mais a preocupação do empresário em outras áreas sociais que não o lucro desmedido. A questão ambiental, a questão da pobreza, a questão das drogas, a

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questão da saúde, entre outros fatores sociais têm tido repercussão acintosa na mídia e a ausência de critério do empresário em relação a esses fatores levam a uma relação de descrédito do empresário.

Outro critério é o da responsabilidade legal que estabelece que “[…] as empresas atinjam suas metas econômicas respeitando o cumprimento das leis. Este critério baseia-se na idéia de que as políticas públicas, por meio de leis e regulamentações, definem a responsabilidade empresarial” (SOUZA e MARCON 2002).

Esse critério parece mais ligado à função social da empresa que, como foi explanado acima, embora se entenda como a propriedade em prol do social, não deixa de ser um comando legal, divergindo portanto da responsabilidade social que é a manifestação voluntária do empresário que disponibiliza recursos para as questões sociais. Contudo, sem prejuízo disso, é possível observar que, num plano mais abrangente, o cumprimento pelo empresário da função social pode gerar benefícios à sociedade e, portanto, ser em última analise considerada uma atitude de responsabilidade social.

A responsabilidade ética, mais ligada ao conceito moderno de responsabilidade social, tem o significado de fazer o certo e evitar danos, relacionando-se aos comportamentos não codificados que, em geral, não servem aos interesses diretamente econômicos da empresa, contudo às livram de danos à sua imagem institucional. “[…] Um comportamento antiético ocorre quando decisões permitem a empresa obter ganhos à custa da sociedade” (SOUZA e MARCON 2002).

Atualmente, a revolução tecnológica leva a divulgação de informações num curso muito célere pelos meios eletrônicos e audiovisuais. Hoje é possível dizer que quase tudo é do conhecimento de todos. A dispersão ética do empresário significa, em última instância, o desprezo à sociedade como um todo. Isso, levado à mídia pode repercutir de forma prejudicial ao empresário, uma vez que a sociedade não mais assente com essa atuação empresarial.

Por último, o critério da responsabilidade discricionária considerada como aquela em que o empresário contribui para a comunidade e para a melhoria da qualidade de vida.

[…] É o critério mais elevado da responsabilidade social. Inclui contribuições generosas a instituições sociais que não oferecem retornos diretos para a empresa e nem mesmo são esperados. Esta responsabilidade é voluntária e orientada pelo desejo da organização em praticar atividades sociais não impostas pela economia, pela lei ou pela ética. As organizações que desenvolvem este comportamento proativo, assumem várias responsabilidades sociais como parte de suas filosofias […] (SOUZA e MARCON 2002).

Por esse critério o empresário desenvolve sua responsabilidade social aplicando recursos financeiros em projetos sociais já postos por outras organizações ou criando novos projetos com o intuito de desenvolver qualidade de vida e reduzir os problemas sociais existentes. Tudo isso é realizado como ato voluntário do empresariado, uma vez que não fazem parte do estatuto social da empresa, nem dos comandos legais e da exigência ética de atuação empresarial.

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1.5 Os Stakeholders.

Não foi à toa que o legislador constituinte concedeu ao particular o mister de atuar no desenvolvimento econômico do país. A atividade econômica tem o intuito de criar riquezas e fomentar o desenvolvimento do país com tecnologia, serviços e produtos. Não foi, também, à toa que o constituinte determinou que a atividade econômica fosse realizada de acordo com a justiça social, uma vez que esta é prestada no seio da sociedade. Por isso é necessário avaliar com quem o empresário se interage.

O sucesso de qualquer empreendimento depende da participação de suas partes interessadas e por isso é necessário assegurar que suas expectativas e necessidades sejam conhecidas e consideradas pelos gestores. De modo geral, essas expectativas envolvem satisfação de necessidades, compensação financeira e comportamento ético. Cada interveniente ou grupo de intervenientes apresenta/representa um determinado tipo de interesse no processo. O envolvimento de todos os intervenientes não maximiza obrigatoriamente o processo, mas permite achar um equilíbrio de forças e minimizar riscos e impactos negativos na execução desse processo (WIKIPEDIA) 3.

Como foi exposto, o desenvolvimento de atividade empresária tem certa interação de um sem número de pessoas, cuja participação é imprescindível. Na verdade, a prática empresarial está intimamente vinculada as demais pessoas que se relacionam com a empresa e por isso é indispensável As partes interessadas em uma determinada atividade empresária se denomina stakeholder.

Stakeholder são as partes interessadas em um determinado processo. São todas as pessoas envolvidas no desenvolvimento da atividade empresária, ainda que sua interação seja indireta.

Segundo estudo realizado pela Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia para identificar o ambiente total de uma organização é necessário analisar três segmentos distintos: o macro ambiente, o ambiente interno e o ambiente externo (PITANGUEIRA; et. al., 2002).

O macro ambiente é “[…] constituído pelas normas gerais de funcionamento da sociedade e dos mercados pelas suas muitas variáveis – econômicas, sociais, culturais, políticas, tecnológicas, etc.” (PITANGUEIRA; et. al., 2002)

O ambiente interno é “[…] aquele que influencia ou é influenciado por ações ou elementos que tem relação direita com as atividades empresariais”. Fazem parte desse ambiente empregados, dirigentes e acionistas (shareholders). Os primeiros são responsáveis pela parte operativa da empresa. Os segundos são as pessoas ligadas ao desenvolvimento de políticas, objetivos, metas e tomada de decisões no âmbito empresarial. Os últimos são as pessoas que financiam o empreendimento, tendo seu interesse dirigido à obtenção e lucro e dividendos, bem como na preservação do

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patrimônio. Aos empregados interessa a segurança no emprego, remuneração, realização pessoal, etc. (PITANGUEIRA; et. al., 2002).

Felix (2002) sugere algumas práticas que podem ser observadas pelo empresário no sentido da responsabilidade social interna:

Em relação aos recursos humanos pode-se ter várias iniciativas de responsabilidade social dentro das empresas. Essas seriam, além do devido cumprimento dos direitos trabalhistas, também o propicio de um aprendizado permanente; uma melhora do nível de informação sobre a empresa; uma maior e melhor equilíbrio entre trabalho, família e lazer; uma maior diversidade de recursos humanos; uma maior igualdade salarial; perspectivas profissionais para as mulheres; participação dos lucros para os empregados; participação do empregado em algumas decisões da empresa; respeito e aproveitamento adequado da formação dos trabalhadores; e a não descriminação de trabalhadores do sexo feminino ou de indivíduos advindos de minorias étnicas.

Ambiente externo é aquele que “[…] não influencia diretamente o funcionamento da organização, mas pode influenciar nas decisões tomadas por seus dirigentes” (PITANGUEIRA; et. al., 2002).

Sobre o ambiente externo Felix (2002) faz a seguinte asserção:

Ora, as corporações são atores bastante modificadores da vida das pessoas. As empresas, em relação às comunidades geograficamente próximas das instalações das empresas ou inseridas em seus mercados consumidores, são diretamente influenciadoras da oferta de trabalho, do nível de salários e renda e também do recolhimento de impostos. Nestes termos, percebe-se que a prosperidade, a estabilidade, a saúde e o bem-estar das comunidades circunscritas às empresas (ou a seus mercados) são, logo, imediatamente dependentes destas. Assim se faz necessário, principalmente em regiões gravadas pela injustiça e exclusão social, que as empresas estejam comprometidas com o desenvolvimento da comunidade.

Constitui esse ambiente os clientes, fornecedores, concorrentes, os grupos reguladores, a mídia, o meio ambiente, os órgãos reguladores. São clientes todos aqueles que consomem ou são induzidos a consumir produtos ou serviço, são os indivíduos que absorvem o que produz a empresa, desde uma organização, até uma pessoa física. Os fornecedores são responsáveis pela matéria prima utilizada na prática de industrialização e serviço, mantendo uma relação de dependência. Os concorrentes são empresários que disputam o mercado, afetam a oferta e procura, disponibilidade de produto e serviço, preço, qualidade, recursos e comportamento em geral. Grupos reguladores são órgãos que de alguma forma controlam ou restringem a atividade empresarial. Podem ser sindicatos, órgãos governamentais, associação de classe, entre outros. A mídia é responsável pela visibilidade da empresa, são responsáveis por veicular a atividade da empresa. O meio ambiente é onde a empresa recebe a infra-estrutura onde se assenta a atividade empresarial e onde os elementos físicos essenciais ao desenvolvimento da atividade (PITANGUEIRA; et. al., 2002).

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Souza e Marcon (2002) fazendo alusão a quem são os interessados, inclui nesse rol o governo e a comunidade. O governo atua na determinação e fiscalização do cumprimento da lei, proteção ambiental e outras regulações. Na sociedade estão incluídos o ambiente físico e natural, a qualidade de vida proporcionada aos habitantes. Esclarecem que é possível a existência de outros grupos com interesses especiais como comitês de ação política, grupos de defesa do consumidor, associação de classe.

Entre algumas sugestões de Felix (2002) no âmbito da responsabilidade social do ambiente externo é possível constatar que movimentos como a contração de pessoas socialmente excluídas (com baixo nível de escolaridade e portadoras de deficiências), participação popular através de associações comunitárias, patrocínio de lazer e cultura local; obras beneficentes, participação em ações no campo da saúde, entre outras, são atuações empresariais possíveis em relação À comunidade. Na atuação com consumidores e fornecedores, são aquelas que conscientizam que seu comportamento se insere na cadeia de produção e consumo e que a eficiência e bem estar das organizações e comunidade são dela dependentes.

Como foi possível verificar acima, ainda que determinado elemento não participe diretamente das atividades empresariais é possível que tenha interação no desenvolvimento dessas atividades de modo a influenciar na produção de bens e serviços.

2 Responsabilidade Social: uma nova visão de empresa.

Como ficou explicitado acima, a responsabilidade social é um mecanismo de gerenciamento empresarial, onde a empresa concatenada com os problemas sociais e com as situações que esses problemas geram no desenvolvimento empresarial, desenvolve um trabalho voltado para redução desse problemas.

Azevedo (2004, p. 340) assevera que atualmente as corporações passam a adorar práticas de responsabilidade social mais distanciadas da filantropia, buscando cada vez mais compor suas atitudes a uma forma de estratégia de sobrevivência das empresas num mundo globalizado. Para ela, uma “empresa que deseja perenizar seu negócio, deverá adotar uma estratégia que gere valor nas dimensões econômica, ambiental e social”.

Perazzo, por sua vez, entende que a criação de um ambiente ético permite compreender e implementar a responsabilidade social corporativa que seja integrado estrategicamente na atividade empresarial, onde a mesma se conscientiza e assume a responsabilidade de sua gestão, no campo econômico, social e ambienta, bem como na cadeia completa de suas atividades, colocando um permanente diálogo com todos os interessados (2007, p. 151).

Não poderia ser diferente, uma vez que muito do que se vivencia hoje é resultante de um processo histórico onde o detento do capital buscava o seu próprio bem-estar em detrimento das gerações futuras. Contudo, numa percepção mais recente é possível

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constatar que a conjunção de diversos fatores tem provocado mudanças conjunturais numa velocidade vertiginosa, onde o conhecimento tem lançado dúvida sobre verdades consagradas pelas ciências. “A cultura, valores e hábitos transformam-se, forçando o ser humano a adaptar-se a esse novo estado de coisas. Questionar, duvidar e inquirir são verbos que se conjugam com mais freqüência” (Costa Filho, Adalberto Vieira, 2004, p. 250-251).

Ocorre que essa mudança está ligada a cobrança cada vez maior da sociedade. “Atualmente, a sociedade cobra o cumprimento da sua função social. A empresa passa a ter uma cobrança mais acentuada na obrigação de promover o bem-estar, de ter responsabilidade social” (RODRIGUES JÚNIOR, 2004, p. 220).

Aline A. Roberto enfrenta a questão afirmando justamente essa determinação. Esclarece que “um pouco da mudança do comportamento, da sociedade reverteu-se em cobranças em relação às empresas privadas, no sentido de pressioná-las por uma postura socialmente responsável e que agregue valor ao ambiente ao seu redor” (2004, p. 173)

A sociedade exige maior transparência das atividades das empresas, bem como sobre o que elas vêm fazendo em relação aos problemas sociais. Tais levantamentos são realizados por meio de instrumentos como o Balanço Social.

2.1 Balanço Social.

Eduardo C. Borba esclarece que o Instituto Ethos publica o “Guia Balanço Social e a Comunicação da Empresa com a Sociedade”, sendo que a informação lá constante é a de que o balanço social é um “levantamento dos principais indicadores de desempenho econômico, social e ambiental da empresa e um meio de dar transparência às atividades corporativas”. Coloca que esse instrumento amplia o diálogo com o público interessado, bem como é uma ferramenta de auto avaliação, já que revela dados positivos e negativos da organização (BORBA, 2004, p. 303).

Balanço Social é um demonstrativo que reúne um conjunto de informações sobre projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado e à comunidade. Esse demonstrativo é publicado anualmente e deve servir de instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa (IBASE).

Para o Instituto, o balanço social tem a finalidade de demonstrar o que a empresa faz através de seus profissionais, dependentes, colaboradores e comunidade, demonstrando transparência nas atividades que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. Assim, “(…) sua função principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente”.

Sobre a função do balanço social, Pereira & Machado (2001) fazem a seguinte assertiva:

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A função principal do balanço social da empresa é tornar público a responsabilidade social da empresa. Isto faz parte do processo de por as cartas na mesa e mostrar com transparência para o público em geral, para os atentos consumidores e para os acionistas e investidores o que a empresa está fazendo na área social. Assim, para além das poucas linhas que algumas empresas dedicam nos seus balanços patrimoniais e dos luxuosos modelos próprios de balanço social que estão surgindo, é necessário um modelo único - simples e objetivo. Este modelo vai servir para avaliar o próprio desempenho da empresa na área social ao longo dos anos, e também para comparar uma empresa com outra.

Moraes conta que as informações que devem ser relacionadas no balanço social, no mínimo, pertencem à própria sociedade, conclui a autora:

Fornecer informações à sociedade sobre a utilização dos recursos humanos, naturais, financeiros, tecnológicos e outros pertencem à própria sociedade (direta e indiretamente) é o mínimo que as empresas devem fazer para merecer o respeito e a credibilidade necessária à continuidade de suas operações.

Marina A. Daineze explica que tão importante quanto produtividade e capacidade de inovação tecnológica das empresas é a capacidade de estabelecer um diálogo aberto e eficaz com o público. Tal relação estabelece uma situação de boa vontade e simpatia dos grupos estratégicos com relação à organização. Esclarece que tão “importante quanto oferecer produtos e serviços de qualidade é construir relacionamentos duradouros com seus públicos estratégicos e gerar uma imagem positiva perante a sociedade” (2004, p. 85).

Com isso, mostra-se que o balanço social é instrumento de suma importância para conhecer a atual situação da participação da iniciativa privada no aprimoramento da sociedade como um todo.

3 A exigência social em prol da competitividade.

Gomes esclarece que a empresa quando socialmente responsável lida com o investimento social como um ato de gestão empresarial, não se convencendo de que aquele ato representa uma caridade. Trata referida ação como “um investimento propriamente dito, incorporando-o ao seu próprio planejamento estratégico” (2004, p. 53).

Enquanto no Brasil, há cinco anos, ninguém falava em responsabilidade social – só filantropia -, hoje somente fazer doações a entidades filantrópicas já não é objetivo principal de muitos empresários atentos à nova exigência do mercado: investir no social. O que se observa é que, diferentemente de uma ajuda assistencialista, as empresas

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preocupam-se com o resultado de seus investimentos e exigem o monitoramento e a avaliação das ações (Gomes, 2004, p.53).

Quando a gestão estratégica da responsabilidade social, envolve dimensões interna e externa da empresa, traça-se o elemento central na corrida pela competitividade. Com efeito, a prática de responsabilidade social tem se revelado uma arma poderosa no fortalecimento da imagem corporativa e a torna reconhecida no seu mercado de atuação e pela sociedade em geral.

Isso tem um valor inestimável na relação com consumidores, clientes, trabalhadores, acionistas e com a sociedade em geral, podendo levar a maior “fidelização” dos consumidores, maior comprometimento por parte dos funcionários, relação mais amistosa com a comunidade e a opinião pública e maior valorização das ações da empresa (Arante, et. al., 2004, p. 133)

Gomes (Gomes, 2004, p. 45) coloca que é possível perceber que investir em ações socialmente responsáveis reflete em ganhos significativos para os empresários e para toda sociedade. “Melhora a qualidade de vida da comunidade, a economia se desenvolve, a sociedade cresce, aumenta a qualidade no ensino, entre outros benefícios”.

No entanto, é necessário distinguir responsabilidade social de uma mera ação de marketing. Ser empresa cidadã exige que a preocupação social seja concluída no âmbito de estratégia empresarial, que deve ser concebida à longo prazo. “A responsabilidade social exige coerência entre valores e atitudes, e isso é mais do que simplesmente uma “estratégia de marketing”, é um comprometimento ético com a comunidade, com a região e com o país nos quais a empresa está inserida” (Arantes, et al., 2004, p. 133).

3.1 Responsabilidade social e falta de recursos.

Recente pesquisa realizada pelo IPEA informa que houve um aumento no número de empresas participantes de programas de Responsabilidade Social. Contudo, essa mesma pesquisa revela que houve uma diminuição no investimento financeiro realizado por essas empresas.

A pesquisa oficial realizada em 2000 o recursos investidos em programas de Responsabilidade Social representavam cerca de 0,43% do PIB nacional. Contudo, na segunda edição da pesquisa, os investimentos aplicados pelas empresas em programas sociais não passou de 0,27% do PIB. O resultado demonstra que ao mesmo tempo que mais empresas deram início a algum tipo de investimento no campo social, o quantitativo desse investimento diminuiu.

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Pode-se supor que a retração financeira do Sudeste, determinante para a queda de recursos ao nível nacional, seja resultado das dificuldades econômicas pelas quais o país passou em 2003, ano de estagnação da produção nacional e ano em que a pesquisa foi conduzida na região. Neste caso, apresenta-se a hipótese de que, de uma maneira geral, os recursos disponibilizados pelo setor empresarial para o combate à pobreza acompanham os movimentos da economia: quanto mais prósperos os negócios, mais verbas serão destinadas ao social e vice-versa. Esta suposição pode ser corroborada por outro dado da Pesquisa segundo o qual a maior parte dos empresários (74%) informa que a principal dificuldade para atuar no social ou expandir sua atuação diz respeito à insuficiência de recursos (IPEA, 2006, p. 18).

Assim, a falta de recursos é um fator que redundou no declive acentuado do investimento financeiro nesse tipo de empreendimento. Contudo, esse não parece ser o único fator responsável pela diminuição do investimento em programas sociais pelas empresas.

Um dado que parece estar jogado em um outro contexto que pode ser considerado de muita importância está localizado na utilização dos benefícios fiscais pelos empresários, que revela que é baixa a utilização desse recursos pelo empresariado.

Se de um lado isso parece formidável, uma vez que revela que o empresariado, ainda que sem a colaboração do Estado, tem a percepção de que a melhoria do setor social é, também, de sua responsabilidade como interveniente social, também mostra que seria possível um aumento no investimento caso houvesse maior estímulo pelo Estado da pratica social. Isso é possível verificar nas respostas dadas pelo empresários quando inquiridos por não utilizar os benefícios fiscais:

Quando indagadas sobre os motivos pelos quais não recorreram aos incentivos fiscais para financiar suas ações, cerca de 40% dos empresários alegaram que o valor do incentivo era muito pequeno e que, portanto, não compensava seu uso. Para 16% as isenções permitidas não se aplicavam às atividades desenvolvidas e outros 15% nem mesmo sabiam da existência de tais benefícios. Na primeira edição da Pesquisa os dados apontavam, em linhas gerais, para esses mesmos fatores como motivos centrais da não utilização dos benefícios (IPEA, 2006, p. 19).

Isso conjugado com um outro dado também aparentemente disperso na pesquisa, sobre a avaliação do empresário e a participação para melhorar a imagem da empresa, informa podem ter o condão de informar os baixos investimentos no campos social.

No trabalho realizado em 2003, ficou demonstrado que as empresas não estão investindo para melhorar a sua imagem, muito menos os empresários têm percebido uma mudança de comportamento em relação a esse fato. Diz o texto:

Outro dado importante diz respeito à queda na proporção de empresas que acha que atuar no social melhora a sua imagem (de 26% para 19%). Este também não é um dado que surpreenda uma vez que tem estreita relação com o elevado número de pequenas

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empresas no universo e porque complementa as informações anteriormente apresentadas que apontam para um recuo acentuado no percentual de empresas que realizam ações sociais com o objetivo de melhorar sua imagem (de 26% para 14%). Logo, se melhorar a imagem não é o impulsionador da ação social tampouco é percebido como resultado dela (IPEA, 2006, p. 29).

Constou da pesquisa que a maior parte dos agentes econômicos prestam essa atividade com intuito apenas filantrópico e que a satisfação pessoal é um elemento de incentivo.

Isso parece, a princípio, ser um fato extraordinário, uma vez que a atividade social se apresenta como um sentimento social para o empresariado, mas como ficou claro no ponto acima, fatores ligados à crises econômicas podem modificar o comportamento desses agentes econômicos de modo a passarem a conceber esse investimento social como supérfluo no momento de crise.

Desse modo, é necessário que o Estado interfira nesse ponto criando cada vez mais incentivos, que podem ser desde abatimentos fiscais, passando num processo de prioridade de contratação com empresas que tenham reconhecido valor por participação em programas sociais, entre outras possibilidades.

3.2 Atuação do Poder Público.

O Poder Público já percebeu que a cooperação do setor privado na realização do bem comum é muito vantajosa e tem atacado com propostas e medidas para incentivar esse tipo de parceria.

Embora a primeira pesquisa realizada pelo Ipea (2002, p. 23) tenha demonstrado que uma parte da classe empresária não tenha conhecimento em relação às isenções fiscais concedidas no caso de participação, os pesquisadores observaram que uma pequena parcela recorre a esse tipo de benefício. Assim constou do relatório:

É interessante ressaltar que somente 6% das empresas que atuam no social declararam recorrer às isenções fiscais permitidas pela legislação federal do Imposto de Renda para realizar suas ações sociais (…). Isso confirma que a política de benefícios tributários em pouco contribui para promover ações sociais de origem privada. O envolvimento social do setor empresarial acontece independentemente do Estado: trata-se de um trabalho das próprias empresas, que não reconhecem influencias do governo no processo decisório de sua atuação, na operacionalização das ações e nem no volume de recursos aplicados.

Na pesquisa publicada em 2006 notou-se que houve redução significativa na utilização dos créditos fiscais. A pesquisa aponta que apenas 2% dos empresários que atuaram na resolução dos problemas sociais se beneficiou do benefício fiscal (IPEA, 2006, p. 30).

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Contudo, nos dois relatórios foi apontado que um dos motivos para esse baixo nível de abatimento fiscal é que o incentivo conseguido nesse tipo de operação é muito baixo, bem como as isenções não se aplicam a determinadas atividades sociais.

Como esclarece Roberto (2004, p. 178) “o investimento social privado pode ser encarado como uma política complementar e alternativa de desenvolvimento social, pois tem como efeito, em última instância, o atendimento de demandas sociais reprimidas”.

Como esclarece Roberto (2004, p. 178) “o investimento social privado pode ser encarado como uma política complementar e alternativa de desenvolvimento social, pois tem como efeito, em última instância, o atendimento de demandas sociais reprimidas”.

Em sendo assim, o Estado deve propor mudança no seu comportamento de incentivo fiscal no que tange à prática de responsabilidade social corporativa, uma vez que o meio empresarial tem se tornado um verdadeiro coadjuvante na busca de redução das mazelas sociais.

Nesse sentido, é necessário que o Poder Público diminua os rigores da burocracia que gira em torno dos benefícios concedidos às empresas que prestam auxilio social, como forma de incentivar que o capital investido entre no ciclo do investimento social novamente. De outro lado, é também necessário que haja um significativo aumento no benefício concedido à empresa cidadã, de forma a estimula-la a continuar investindo socialmente. Por fim, é indispensável que o governo planeje parcerias com o meio privado para tentar reduzir a demanda social.

Nesse sentido Roberto (2004, p. 197) faz a seguinte asserção:

Por fim, o estabelecimento de relações transparentes, a partir da construção de parcerias entre governo e empresas, resulta no fortalecimento da imagem de seriedade do governo como interessado em promover um ambiente de bem-estar social. Nesse sentido, o aprimoramento da informação, com vistas a desfazer a impressão de clientelismo e oportunismo, muitas vezes, associada às relações que incluem o Estado, é um dos objetivos a serem atingidos.

No âmbito legislativo, contudo, é possível verificar que o Poder Público tem trabalhado com a proposição de projetos de lei incentivando manutenção dessa parceria privada no ataque dos desgastes sociais. Nesse sentido, o site Balanço Social publicou algumas das ações que o Estado busca implantar 4.

Conclusões.

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Como se pôde observar do presente trabalho, a participação da iniciativa privada tem se revelado de significativa importância como contribuição para redução das desigualdades sociais.

Isso demonstra que, sem se afastar do objetivo de lucro, situação natural de qualquer empreendimento, tendo em vista a adoção pelo Constituinte do sistema capitalista, já que conferiu à iniciativa privada a manipulação da Ordem Econômica.

Sem dúvida nenhuma, a atuação fica obstada de atingir um dos objetivos primordiais da empresa que é a produção do lucro. Ao contrário, alguns empresários conforme se procurou demonstrar visualizaram essa atitude social com cunho publicitário, ou seja, marketing pessoal para empresa.

A atuação empresarial com responsabilidade social tende a reduzir os problemas de produção, uma vez que não sendo uma atitude isolada, mas um complexo de posturas, atinge todos as pessoas que se relacionam com a empresa, como o empresário, sócios, empregados, consumidores, comunidade, entre outros órgãos.

Essa nova visão empresarial é fator muito importante, pois alem de atendimento das demandas sociais, serve também como marketing para que mais empresários possam pautar sua conduta empresária no desenvolvimento de programas sociais ou na participação dos programas já formados.

Contudo, para ser empresa cidadã, o empresário deve inserir o investimento social proposto em sua estratégia de desenvolvimento da atividade empresária, pois, do contrário, sua atuação não passará de mera filantropia, ainda que traga benefícios sociais.

Nesse contexto estratégico, o empresário deve inserir todo o público interessado, atingindo seus funcionários, alto escalão, fornecedores, clientes, acionistas, para que haja uma atitude de coesão na tentativa de extirpação dos problemas sociais.

Ainda, é de se constatar que o investimento social privado é uma atuação conjunta em apoio ao Estado, legítimo responsável pela atuação social, uma vez que o Poder Público não consegue suprir essas necessidades sociais.

Diante disso, outro fator que deve ser melhorado é a participação mais efetiva do Estado no incentivo a atividade social do empresário. O aumento dos benefícios fiscais e a ampliação, bem como a participação conjunta do Estado no desenvolvimento dos programas sociais devem ser relevados como ponto importante nessa nova etapa da colaboração público/particular.

É necessário, ainda que o Estado reduza a burocracia na concessão dos benefícios fiscais de forma a estimular o investimento social privado, já que são constatados os benefícios que este apoio privado fornece na redução dos problemas sociais.

O aumento dos benefícios fiscais e a ampliação, bem como a participação conjunta do Estado no desenvolvimento dos programas sociais devem ser relevados como um importante fator nessa nova etapa da colaboração público/particular.

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É o que talvez mais se espere do Poder Público é que a responsabilidade social das empresas não fique apenas restrita ao campo do marketing empresarial, mas que seja ampliado esse campo para vários outros benefícios para essas empresas, e mesmo que por enquanto seja apenas através de incentivos fiscais, essas empresas atuem com maior responsabilidade e seja extirpado aquele antigo pensamento de que vale a pena qualquer coisa a fim de se conseguir o que deseja.

Essa ação que se espera do Governo certamente estimulará o aumento quantitativo e qualitativo do investimento social privado na busca do bem estar social.

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3 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ stakeholder>

4 Disponível em: <www.balançosocial.org.br>.

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