responsabilidade civil no direito de família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de...

36
Responsabilidade Civil no Direito de Família Prof. SANG DUK KIM

Upload: vankhuong

Post on 07-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Responsabilidade Civil no Direito de Família

Prof. SANG DUK KIM

Page 2: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Plano de abordagem do tema

I. Conceito Moderno de Responsabilidade Civil

II. Princípios da Responsabilidade Civil na Pós Modernidade

III. Funções da Responsabilidade Civil

IV. Modalidade da Responsabilidade Civil no direito de família – Subjetiva

V. Pressupostos da Responsabilidade Civil no Direito de Família

VI. Espécies de Danos por violação dos deveres do Direito de Família

VII.Análise jurisprudencial

Page 3: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Conceitos Modernos de Responsabilidade Civil

• “A responsabilidade nada mais é do que o dever de indenizar o dano” (RUBENS LIMONGI FRANÇA).

• Assim, a violação de um dever jurídico originário (obrigação) configura um ilícito civil, que, quase sempre, gera um prejuízo a alguém, decorrendo daí um novo dever jurídico, o de reparar o dano. Desta forma a “responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário” (SERGIO CAVALIERI FILHO).

• “[...] aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral e/ou patrimonial causado a terceiro em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal” (MARIA HELENA DINIZ).

• “a obrigação da pessoa física ou jurídica ofensora de reparar o dano causado por conduta que viola um dever jurídico preexistente de não lesionar (neminem laedere) implícito ou expresso na lei” (RUI STOCCO)

Page 4: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Princípios da Responsabilidade Civil na Pós Modernidade

1. DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

2. DA SOLIDARIEDADE

3. DA PREVENÇÃO

4. DA REPARAÇÃO INTEGRAL

Page 5: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA• constitui um feixe ou leque de interesses que podem

ser assim sintetizados (Judith Martins Costa):

1) interesse à vida privada, à intimidade, o direito de estar só, de estar consigo mesmo;

2) interesse à dor, aos afetos, aos sentimentos;

3) interesse à expectativa de vida e aos projetos existenciais;

4) interesse em torno de imagem social, à auto-estima e à estética:

5) interesse à criações intelectuais e artísticas, em seus aspectos não patrimoniais; e

6) interesse à honra e ao nome.

Page 6: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE

• Trata-se de princípio expresso, esculpido no art. 3º, I, da CF/88.

• É a ajuda mutua entre as pessoas, ou seja, é junção de esforços para se chegar a um objetivo pretendido.

• Obriga a observar com cuidado com nossos pares.

Page 7: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO

• consiste em se antever a um possível dano que venha a ocorrer, no sentido de evitar que o prejuízo aconteça ao invés de buscar reparar a lesão sofrida.

• “(...)o que se deu à reparação de danos em termos de protagonismo nos últimos dois séculos, necessariamente, se concederá à prevenção daqui por diante” Nelson Rosenvald

Page 8: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL• O princípio da restitutio in integrum (restituir ao estado

anterior) pugna que a vítima deve ser colocada na situação em que se encontrava anteriormente à ocorrência da lesão.

• Nos casos em que é impossível voltar ao estado anterior, a reparação proporcionará um lenitivo à dor que a vítima sofreu ou ainda está sofrendo, seja por meio da reconstituição natural, seja através de um suporte financeiro prestado.

• Restabelecer o equilíbrio violado pelo dano, seja ele moral ou patrimonial, de forma a restituir à vítima o que lhe foi prejudicado.

Page 9: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL

• REPARATÓRIA

• PUNITIVA

• PRECAUCIONAL

Page 10: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

FUNÇÃO REPARATÓRIA

• restabelecer o estado em que a vítima se encontrava anteriormente à lesão, repondo o bem perdido, ou, quando em razão à sua natureza não seja possível fazê-lo, se indenizará em importância equivalente ao valor do bem prejudicado.

Page 11: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

FUNÇÃO PUNITIVA

• persuadir o infrator a não incorrer reiteradamente em práticas abusivas, bem como, puni-lo pela falta de atenção na prática de seus atos, pretendendo que, o mesmo passe a tomar condutas mais cautelosas na vivência em sociedade, de maneira a se policiar a fim de evitar causar danos a terceiros.

Page 12: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

FUNÇÃO PRECAUCIONAL

• tornar pública à toda coletividade que condutas análogas àquelas ensejadoras de dano, não serão permitidas em meio a sociedade, de forma a inibir que demais pessoas venham a praticar tais condutas lesivas.

Page 13: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

MODALIDADE DE RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO DE FAMÍLIA

• Responsabilidade civil subjetiva é aquela que pressupõe a existência de culpa lato sensu (abrange o dolo e a culpa stricto sensu) para que se obrigação de indenizar ou compensar.

• É a regra em nosso ordenamento jurídico privado, conforme se depreende do artigo 186 do Código Civil, o qual prevê a “negligência ou imprudência” como caracterização do ato ilícito.

Page 14: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

MODALIDADE DE RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO DE FAMÍLIA

• Responsabilidade civil objetiva a obrigação de indenizar surge independentemente de culpa.

• Basta a presença de três elementos: conduta humana, dano, e nexo causal.

• Artigo 927, parágrafo único do Código Civil, o qual prevê a responsabilidade objetiva “nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”

Page 15: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

PREVALÊNCIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA

• É importante, por ora, saber que a responsabilidade civil nas relações de família, em regra, é subjetiva, sendo necessária a comprovação da culpa do agente. Para parte da doutrina e jurisprudência, no entanto, poderá se admitir a responsabilidade civil sem discutir culpa nas relações de família, nos casos de abuso de direito, previsto no artigo 187 do Código Civil.

Page 16: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL EM DIREITO DE FAMÍLIA

• conduta humana• Consiste na ação ou omissão voluntária que transgride um dever

e venha a causar um dano alheio. • “o núcleo fundamental, portanto, da noção de conduta humana

é a voluntariedade, que resulta exatamente da liberdade de escolha do agente imputável, com discernimento necessário para ter consciência daquilo que faz”. (GAGLIANO).

• Assim, o comportamento comissivo ou omissivo do agente deve ser resultado de seu arbítrio, reconhecendo-se, como pressuposto da responsabilidade civil, apenas a conduta humana guiada pela vontade.

• Entretanto, cumpre observar que a voluntariedade não se traduz, essencialmente, na intenção de provocar o dano, mas sim na consciência do que se está praticando.

Page 17: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL EM DIREITO DE FAMÍLIA

• Dano• Não há dever de indenizar sem que exista dano, sem que a vítima tenha sofrido

um prejuízo, uma lesão ao bem jurídico, ou seja, “somente haverá possibilidade de indenização, como regra, se o ato ilícito ocasiona dano”. (VENOSA).

• “sem a prova do dano, ninguém pode ser responsabilizado civilmente”, de modo que “a inexistência do dano é óbice à pretensão de uma reparação, aliás, sem objeto”. (GONÇALVES)

• O dano pode ser material ou moral.• O dano patrimonial é aquele suscetível de avaliação pecuniária e ocorre quando

a vítima é ofendida em seus atributos econômicos, em seus interesses pecuniários. Abrange o dano emergente (efetivo prejuízo sofrido pelo lesado) e os lucros cessantes (correspondente ao que a vítima deixou de auferir em consequência do dano).

• O dano moral resulta da lesão aos direitos da personalidade (direito à dignidade, à honra, ao nome, à intimidade, à privacidade, à liberdade, à reputação), afetando a vítima de forma íntima. É resultado da lesão aos bens extrapatrimoniais sem qualquer cunho econômico, ocasionando uma dor psíquica ou um desconforto comportamental.

Page 18: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL EM DIREITO DE FAMÍLIA

• Nexo de Causalidade

• relação de causalidade entre a conduta do agente e a lesão sofrida pela vítima, indispensável para determinar a quem se pode atribuir a responsabilização pelo dano.

• “relação de causa e efeito entre a ação ou omissão do agente e o dano verificado”. (GONÇALVES)

• É o liame que une a conduta do agente ao dano.

Page 19: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL EM DIREITO DE FAMÍLIA

• Culpa

• Em sentido amplo, a culpa pode ser entendida como “a inobservância de um dever que o agente devia conhecer e observar”. (VENOSA)

Page 20: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Espécies de Danos por violação dos deveres do Direito de Família

• RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES AMOROSAS ENTRE CASAIS

• RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE FILIAÇÃO

Page 21: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES AMOROSAS ENTRE CASAIS

• Rompimento da relação

• Infidelidade

• Desrespeito

• Transmissão de doenças sexualmente transmissíveis

• Mentira sobre a gravidez

• Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento

Page 22: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Rompimento da Relação

• Entendimento predominante:

• a relação em si é um risco, não gerando, por si só, dever de indenizar;

• Caberá cogitar em reparação de danos materiais e morais:– quando resultarem lesões, agressões (caso típico da Lei

Maria da Penha) e humilhações contínuas e contundentes diante de terceiros, ou dos próprios filhos, por exemplo;

– quando decorrente da conjugabilidade há a transmissão de moléstia grave, capaz de gerar sério comprometimento da saúde do cônjuge ou mesmo de sua prole;

Page 23: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

• STJ – RE n SP (traição)“De fato, a violação dos deveres impostos por lei tanto no casamento (art do CC) como na união estável (art do CC) não constituem, por si sós, ofensa à honra e à dignidade do consorte, aptas a ensejar a obrigaçãode indenizar. Não há como se impor o dever de amar, verdadeiro obstáculo à liberdade de escolha pessoal, pois a ninguém é lícito impor a permanência em relacionamento sob a alegação de inobservância à moral ou à regras de cunho social.Todavia, não é possível ignorar que a vida em comum impoe restriçoes que devem ser observadas destacando-se o dever de fidelidade nas relaçoes conjugais, o qual pode, efetivamente, acarretar danos morais, como no caso concreto, em que de fato demonstrado o abalo emocional pela traição da então esposa, com a cientificação de não ser o genitor de criança gerada durante a relação matrimonial, dano efetivo que justifica a reparação civil”. RE 922.462 SP

Page 24: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Julgado STJ sobre traição – polo passivo

•RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. ADULTÉRIO . AÇÃO AJUIZADA PELO MARIDO TRAÍDO EM FACE DO CÚMPLICE DA EX-ESPOSA. ATO ILÍCITO. INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DE NORMA POSTA.

• 1. O cúmplice de cônjuge infiel não tem o dever de indenizar o traído, uma vez que o conceito de ilicitude está imbricado na violação de um dever legal ou contratual, do qual resulta dano para outrem, e não há no ordenamento jurídico pátrio norma de direito público ou privado que obrigue terceiros a velar pela fidelidade conjugal em casamento do qual não faz parte.

• 2. Não há como o Judiciário impor um "não fazer" ao cúmplice, decorrendo disso a impossibilidade de se indenizar o ato por inexistência de norma posta - legal e não moral - que assim determine. O réu é estranho à relação jurídica existente entre o autor e sua ex-esposa, relação da qual se origina o dever de fidelidade mencionado no art , inciso I, do Código Civil de 2002.

• 3. De outra parte, não se reconhece solidariedade do réu por suposto ilícito praticado pela ex-esposa do autor, tendo em vista que o art. 942, caput e § único, do CC/02 (art do CC/16), somente tem aplicação quando o ato do co-autor ou partícipe for, em si, ilícito, o que não se verifica na hipótese dos autos.

• 4. Recurso especial não conhecido. (STJ REsp MG, Rel. Min. Luis Filipe Salomão, j )

Page 25: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Ruptura do Noivado• Rompimento de noivado com casamento agendado,

com aquisição de móveis, utensílios, expedição de convites, chá de cozinha. Ruptura sem motivo justificável. Dever de indenizar do noivo não só os danos materiais como também os morais (TJSP – 6 C. Dir. Priv. AC , julg. 28/03/2000)

Page 26: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Desrespeito• “Ação indenizatória. pedido de reparação por danos

morais. violência psicológica e física contra a mulher no âmbito familiar. (...) Sentença de procedência do pedido que merece ajuste apenas no tocante à verba indenizatória, na medida em que o valor fixado não é capaz de surtir o efeito pedagógico necessário a incutir maior responsabilidade ao primeiro apelante. Ademais, as vicissitudes do caso concreto dão conta da necessidade da majoração, haja vista as sequelas físicas e psíquicas resultantes das agressões experimentadas pela autora.” 8ª Câm Cível, Apelação 0006952-24.2009.8.19.0212, rel. Des. Luis Felipe Francisco, j. 29/03/2011. TJRJ

Page 27: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Mentira sobre gravidez

• “Direito civil e processual civil. Recursos especiais interpostos por ambas as partes. Reparação por danos materiais e morais. Descumprimento dos deveres conjugais de lealdade e sinceridade recíprocos. Omissão sobre a verdadeira paternidade biológica. Solidariedade. Valor indenizatório. - Exige-se, para a configuração da responsabilidade civil extracontratual, a inobservância de um dever jurídico que, na hipótese, consubstancia-se na violação dos deveres conjugais de lealdade e sinceridade recíprocos, implícitos no art. 231 do CC/16 (correspondência: art. 1.566 do CC/02). -Transgride o dever de sinceridade o cônjuge que, deliberadamente, omite a verdadeira paternidade biológica dos filhos gerados na constância do casamento, mantendo o consorte na ignorância. - O desconhecimento do fato de não ser o pai biológico dos filhos gerados durante o casamento atinge a honra subjetiva do cônjuge, justificando a reparação pelos danos morais suportados”. 3ªT, REsp 742.137/RJ, j. 21/08/2007 Min. Nancy Andrighi

Page 28: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento

• “Apelação cível - ação de anulação de casamento – (...) Possibilidade de anulação de casamento e não de separação - Atitudes de homossexualismo suficientemente comprovadas - Característica pré-existente - Ausência de comprovação de que tal característica sexual tenha se dado posteriormente ao casamento - Qualidade ocultada no momento do casamento, que foi conhecida posteriormente gerando vício da vontade por erro essencial quanto a pessoa do outro cônjuge - Insuportabilidade da vida em comum - Configuração de dano moral - Desnecessidade de comprovação de prejuízo - Quantum da indenização que respeitou as peculiaridades do caso concreto - (...) -Sentença mantida.” 12ª Câm. Cível, Apelação 311.794-0, rel. Des. Celso Rotoli de Macedo j. 12/04/2006

Page 29: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

• “Ação indenizatória. Autora que se ‘casou’ com pessoa não divorciada. Anulação de casamento. Cartório de registro civil. Pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços públicos. Responsabilidade objetiva. Demanda ajuizada em face do oficial do cartório de registro civil, em razão do mesmo ter, em tese, omitido informações sobre o estado civil de um dos cônjuges. Nexo causal existente entre o ato praticado pelo cartório e a nulidade do casamento da autora. Ato ilícito configurado. Dano moral devido”. TJPR, 9ª Câm. Cível, Apelação 755.183-3, rel. Des. D’ártagnan Serpa Sá, j. 11/08/2011

Page 30: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE FILIAÇÃO

• Abandono afetivo

• Alienação parental

Page 31: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Abandono afetivo

• Doutrina

• Rui Stoco “a dor sofrida pelo filho em razão do abandono e desamparo dos pais, privando-o do direito à convivência, ao amparo afetivo, moral, psíquico e material, é não só terrível, como irreversível. A mancha é indelével e o trauma irretirável.”

Page 32: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Abandono Afetivo

• “RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. REPARAÇÃO. DANOS MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A indenização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito, não rendendo ensejo à aplicabilidade da norma do art. 159 do Código Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de reparação pecuniária. 2. Recurso especial conhecido e provido” Recurso Especial 757.411/MG

Page 33: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

DANOS MORAIS. ABANDONO AFETIVO. DEVER DE CUIDADO.O abandono afetivo decorrente da omissão do genitor no dever de cuidar da prole constitui elemento suficiente para caracterizar dano moral compensável. Isso porque o non facere que atinge um bem juridicamente tutelado, no caso, o necessário dever de cuidado (dever de criação, educação e companhia), importa em vulneração da imposição legal, gerando a possibilidade de pleitear compensação por danos morais por abandono afetivo. Consignou-se que não há restrições legais à aplicação das regras relativas à responsabilidade civil e ao consequente dever de indenizar no Direito de Família e que o cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no ordenamento pátrio não com essa expressão, mas com locuções e termos que manifestam suas diversas concepções, como se vê no art. 227 da CF. O descumprimento comprovado da imposição legal de cuidar da prole acarreta o reconhecimento da ocorrência de ilicitude civil sob a forma de omissão. É que, tanto pela concepção quanto pela adoção, os pais assumem obrigações jurídicas em relação à sua prole que ultrapassam aquelas chamadas necessarium vitae. É consabido que, além do básico para a sua manutenção (alimento, abrigo e saúde), o ser humano precisa de outros elementos imateriais, igualmente necessários para a formação adequada (educação, lazer, regras de conduta etc.).

Page 34: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

O cuidado, vislumbrado em suas diversas manifestações psicológicas, é um fator indispensável à criação e à formação de um adulto que tenha integridade física e psicológica, capaz de conviver em sociedade, respeitando seus limites, buscando seus direitos, exercendo plenamente sua cidadania. A Min. Relatora salientou que, na hipótese, não se discute o amar – que é uma faculdade –mas sim a imposição biológica e constitucional de cuidar, que é dever jurídico, corolário da liberdade das pessoas de gerar ou adotar filhos. Ressaltou que os sentimentos de mágoa e tristeza causados pela negligência paterna e o tratamento como filha de segunda classe, que a recorrida levará ad perpetuam, é perfeitamente apreensível e exsurgem das omissões do pai (recorrente) no exercício de seu dever de cuidado em relação à filha e também de suas ações que privilegiaram parte de sua prole em detrimento dela, caracterizando o dano in re ipsa e traduzindo-se, assim, em causa eficiente à compensação. Com essas e outras considerações, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, deu parcial provimento ao recurso apenas para reduzir o valor da compensação por danos morais de R$ 415 mil para R$ 200 mil, corrigido desde a data do julgamento realizado pelo tribunal de origem.• (STJ, REsp. 1.159.242-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/4/2012).”

Page 35: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

Alienação parental

• O artigo 2º da Lei 12.318/10 que dispõe sobre a alienação parental, a conceitua como “a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”.

Page 36: Responsabilidade Civil no Direito de Família · imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal”

• Existem casos em que esses conflitos podem ser agravados pelo que se denomina Alienação Parental, ou seja, uma campanha articulada por um dos genitores, normalmente o detentor da guarda do filho, no sentido de denegrir a imagem do outro e, consequentemente, induzido o filho, ao ódio do outro genitor, o que pode acarretar para criança sequelas gravíssimas em seu desenvolvimento comportamental e psíquico, que forma um processo patológico de Síndrome de Alienação Parental, inclusive na sua fase adulta.

• O genitor alienador é passível de multa porquanto ocorrer a Alienação Parental, porém, nos casos de sinais da Síndrome da Alienação Parental, também é passível da responsabilização civil por dano moral em face do filho como do genitor alienado.

• Doutrina