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AT\1104461PT.docx AP101.708v04-00 PT PT ASSEMBLEIA PARLAMENTAR EURO–LATINO-AMERICANA RESOLUÇÃO: Oportunidades e desafios em matéria de gás de xisto nos países da ALC e nos Estados-Membros da UE com base no relatório da Comissão do Desenvolvimento Sustentável, do Ambiente, da Política Energética, da Investigação, da Inovação e da Tecnologia Correlatores: Pilar Ayuso (Parlamento Europeu) Mauricio Gómez (Parlandino) Quinta-feira, 22 de setembro de 2016 - Montevideu

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ASSEMBLEIA PARLAMENTAREURO–LATINO-AMERICANA

RESOLUÇÃO:

Oportunidades e desafios em matéria de gásde xisto nos países da ALC e nosEstados-Membros da UEcom base no relatório da Comissão do Desenvolvimento Sustentável, do Ambiente, daPolítica Energética, da Investigação, da Inovação e da Tecnologia

Correlatores: Pilar Ayuso (Parlamento Europeu)Mauricio Gómez (Parlandino)

Quinta-feira, 22 de setembro de 2016 - Montevideu

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EUROLAT - Resolução de 22 de setembro de 2016 - Montevideu

[com base no relatório da Comissão do Desenvolvimento Sustentável, do Ambiente, daPolítica Energética, da Investigação, da Inovação e da Tecnologia]

Oportunidades e desafios em matéria de gás de xisto nos países da ALC e nos Estados-Membros da UE

A Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana,

– Tendo em conta a Diretiva 94/22/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 30 demaio de 1994, relativa às condições de concessão e de utilização das autorizações deprospeção, pesquisa e produção de hidrocarbonetos1,

– Tendo em conta a Diretiva 92/91/CEE do Conselho, de 3 de novembro de 1992, relativaàs prescrições mínimas destinadas a melhorar a proteção em matéria de segurança e saúdedos trabalhadores das indústrias extrativas por perfuração2,

– Tendo em conta a Diretiva 2006/21/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 demarço de 2006, relativa à gestão dos resíduos de indústrias extrativas e que altera aDiretiva 2004/35/CE3,

– Tendo em conta a Diretiva 2011/92/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 dedezembro de 2011, relativa à avaliação dos efeitos de determinados projetos públicos eprivados no ambiente4,

– Tendo em conta as Conclusões de 4 de fevereiro de 2011 do Conselho Europeu5,

– Tendo em conta a Resolução do Parlamento Europeu, de 21 de novembro de 2012, sobreos impactos ambientais das atividades de extração de gás de xisto e de óleo de xisto6,

– Tendo em conta a Recomendação da Comissão, de 22 de janeiro de 2014, relativa aprincípios mínimos para a exploração e a produção de hidrocarbonetos (designadamentegás de xisto) mediante fraturação hidráulica maciça7,

– Tendo em conta a Resolução da Eurolat sobre as políticas energéticas da União Europeiae da América Latina, aprovada em Lima em 1 de maio de 2008, que destaca asoportunidades resultantes da cooperação birregional em matéria de energia,

– Tendo em conta a Convenção n.º 169 da OIT (1989) sobre o direito das populações

1 JO L 164 de 30.6.1994, p. 3.2 JO L 348 de 28.11.1992, p. 9.3 JO L 102 de 11.4.2006, p. 15.4 JO L 26 de 28.1.2012, p. 1.5 http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_data/docs/pressdata/en/ec/119175.pdf6 Textos Aprovados, P7_TA(2012)04437 JO L 39 de 8.2.2014, p. 72.

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indígenas e tribais ao consentimento livre, prévio e informado, caso a prospeção e aexploração ocorram em terras tradicionais, bem como a Declaração das Nações Unidassobre os Direitos dos Povos Indígenas,

– Tendo em conta o relatório da Comissão Europeia AEA/R/ED57281 sobre o apoio àidentificação de possíveis riscos ambientais e para a saúde humana derivados dasoperações de extração de hidrocarbonetos através de fracturação hidráulica na Europa,

– Tendo em conta o documento de trabalho da Comissão Europeia sobre a avaliação deimpacto, de 2014, relativo à exploração e à produção de hidrocarbonetos (designadamentegás de xisto) na UE mediante fraturação hidráulica de alto volume,

– Tendo em conta o Roteiro para a Energia 2050,

– Tendo em conta as conclusões do estudo publicado em junho de 2011 pela Direção-Geraldas Políticas Internas, Departamento Temático A: Políticas Económicas e Científicas doParlamento Europeu: «Impacto da extração de gás e óleo de xisto no ambiente e na saúdehumana»1,

– Tendo em conta o estudo da avaliação de impacto da Comissão Europeia relativo àexploração e à produção de hidrocarbonetos (designadamente o gás de xisto) na UEmediante fraturação hidráulica de alto volume2,

– Tendo em conta as declarações sobre direitos humanos do Sistema Interamericano deDireitos Humanos e as resoluções da CIDH sobre medidas cautelares para os defensoresdos direitos humanos em relação aos conflitos gerados pelas indústrias extrativas,

– Tendo em conta as resoluções e recomendações da UICN em matéria de parques naturais,indústrias extrativas e populações indígenas: REC 2.081 Concessões mineiras e zonasprotegidas na Mesoamérica; REC 2.082 Proteção e conservação da diversidade biológicadas zonas protegidas contra os impactos negativos da extração e exploração; REC 3.082Relatório das indústrias extrativas; RES 4.084 Prospeção e exploração mineiras dentro epróximo das zonas andinas protegidas; RES 4.087 Impacto das infraestruturas e dasindústrias extrativas em zonas protegidas; RES 4.090 Prospeção e exploração de minériosmetálicos a céu aberto na Mesoamérica; REC 4.136 Biodiversidade, zonas protegidas,povos indígenas e atividades mineiras,

– Tendo em conta a Diretiva 2009/28/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 deabril de 2009, relativa à promoção da utilização de energia proveniente de fontesrenováveis,

A. Considerando que o gás de xisto representa uma viragem significativa no setor da energia,

1 Estudo do Departamento de Política A: Políticas Económicas e Científicas do Parlamento Europeu: «Impactoda extração de gás e óleo de xisto no ambiente e na saúde humana» (IP/A/ENVI/ST/2011; 7 de junho de 2011;PE 464.425) http://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/etudes/join/2011/464425/IPOL-ENVI_ET(2011)464425_PT.pdf2 Documento de trabalho dos serviços da Comissão – Síntese da avaliação de impacto relativo à exploração e àprodução de hidrocarbonetos (designadamente gás de xisto) na UE mediante fraturação hidráulica de altovolume (COM(2014) 23 final; SWD(2014) 22 final)

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que tem um potencial comercial e grandes interesses geopolíticos e geoeconómicosassociados para determinados países e que é conveniente ter em conta as suasrepercussões no ambiente e na saúde pública, e a sua viabilidade económica a longoprazo;

B. Considerando que a exploração não convencional de hidrocarbonetos consiste na extraçãode hidrocarbonetos líquidos e/ou gasosos através de técnicas de estimulação nãoconvencionais, aplicadas a reservatórios localizados em formações geológicas rochosasde xisto, arenito compacto, camadas de carbono e/ou caraterizados, em geral, pelapresença de rochas de baixa permeabilidade;

C. Considerando a crescente dificuldade de explorar reservatórios de hidrocarbonetos àmedida que os mais acessíveis e produtivos se vão esgotando; considerando, além disso,os avanços tecnológicos nos países em que existem grandes recursos;

D. Considerando que a rentabilidade da extração de gás de xisto depende, em larga medida,da evolução dos preços das fontes de energia convencionais, das condições geológicas eda dimensão dos recursos;

E. Considerando os recursos potenciais ainda que incertos de gás de xisto na Europa e naAmérica Latina e os laços históricos entre as duas regiões, bem como as limitações noque diz respeito à capacidade financeira, técnica e de execução nos países da AméricaLatina para alcançar o máximo potencial, derivadas da insuficiência de investimento nastecnologias energéticas, razão pela qual se deve envidar esforços para assegurarinvestimentos em todos os tipos de tecnologias energéticas;

F. Considerando que a exploração de hidrocarbonetos deve ter um impacto positivo diretona sociedade em que é efetuada, em termos de bem-estar económico e social, e que sedeve refletir no estabelecimento de preços justos para os consumidores;

G. Considerando que o processo de estimulação hidráulica de alto volume (tambémconhecido por fracking), que consiste em bombear água, areia e agentes químicos comgrande pressão para aumentar a permeabilidade dos reservatórios dos hidrocarbonetosconvencionais e não convencionais, é uma condição essencial para a extração dehidrocarbonetos a partir de reservatórios nas formações rochosas de xisto;

H. Considerando que a técnica de estimulação hidráulica suscitou preocupações nasociedade no que respeita à contaminação das massas de água (subterrâneas e desuperfície), aos produtos químicos utilizados, à saúde pública e à sismicidade induzida, eque portanto requere a realização de estudos de impacto ambiental e uma cooperaçãotécnica visando assegurar a proteção do ambiente;

I. Considerando que, além disso, ocorre um aumento das emissões de gases com efeito deestufa, principalmente devido à libertação de metano durante o processo; considerando oobjetivo da União Europeia de reduzir 80 a 95 % das suas emissões de gases com efeitode estufa até 2050, em comparação com os níveis de 1990, o que constitui a base doRoteiro para a Energia 2050; que este objetivo exige uma regulamentação rigorosa emrelação a esta matéria;

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J. Considerando que a extração do gás de xisto exige prudência e a avaliação adequada dosdados científicos: o recurso à fraturação hidráulica para a extração de petróleo e gás dexisto, ou de outras formações rochosas «compactas» para a sua produção com finscomerciais, deve dispor das devidas garantias ambientais e administrativas prévias;

K. Considerando que a dependência energética em relação ao gás russo de uma grande parteda UE (especialmente no centro e norte do continente) e de alguns dos seus vizinhos deleste se pode agravar ainda mais no contexto da crise na Ucrânia e das relaçõesdeterioradas com a Rússia, mas que não deve, em caso algum, causar uma fuga para afrente no desenvolvimento da exploração e produção do gás de xisto nas condições atuais;

L. Considerando que o aumento da exploração do petróleo e do gás tem como consequênciaenfraquecer o estímulo à transição para as energias renováveis;

M. Considerando que os projetos sustentáveis de energia renovável, e as políticas depoupança de energia e eficiência energética reduziriam a dependência da energia fóssil,induziriam a prosperidade e são um elemento fundamental na conceção e execução daspolíticas energéticas para a diversificação, na luta contra as alterações climáticas e nasegurança do abastecimento;

N. Considerando que a Resolução do Parlamento Europeu, de novembro de 2012, instou àaplicação em toda a UE de um quadro para gerir a prospeção e extração de recursos fósseisnão convencionais, com o objetivo de harmonizar a legislação em matéria de saúde eambiente em todos os Estados-Membros da UE;

O. Considerando que a América Latina é um continente com uma grande biodiversidade euma importância a nível mundial na absorção de CO2, além de dispor de uma riquezaainda por conhecer em termos de flora e fauna;

P. Considerando a Recomendação da Comissão, de 22 de janeiro de 2014, que realça aimportância de os Estados-Membros velarem por que os operadores utilizem as melhorestécnicas disponíveis, em todas as etapas operacionais dos projetos de exploração e deprodução de hidrocarbonetos mediante fraturação hidráulica de alto volume;

Q. Considerando que não existe um apoio unânime na União Europeia ou no mundo em geralrelativamente ao desenvolvimento do gás de xisto;

R. Considerando a atual legislação nacional dos países da Associação e a legislação da UEem vigor, relativas à autorização de licenças de prospeção e exploração, à avaliação deimpacto ambiental, à proteção das águas, às emissões poluentes, às emissões de gasescom efeito de estufa, à responsabilidade ambiental das empresas, ao ruído, à gestão deresíduos, à utilização de produtos químicos, às zonas protegidas, à prevenção de acidentese à saúde e segurança dos trabalhadores;

S. Considerando que a legislação ambiental existente na Europa deve ser adaptada caso severifique uma disseminação de práticas de fracturação hidráulica de alto volume;

T. Considerando que a Recomendação 2014/70/UE da Comissão, dá origem a váriasinterpretações e práticas nos distintos Estados-Membros da UE;

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U. Considerando que a América Latina é um continente com uma grande riqueza natural epotencial de crescimento económico durante os próximos anos; que existem limitaçõesem matéria de capacidade financeira, técnica e de execução nos países da América Latinapara alcançar o máximo potencial; que uma maior abertura ao exterior poderá reforçar oseu papel já imprescindível no cenário mundial; considerando, além disso, a diversidadeda sua fauna e flora;

V. Considerando que na América Latina existem poucos quadros regulamentares ou atoslegislativos para a prospeção e exploração de reservatórios não convencionais e que énecessário aprofundar os estudos e a investigação sobre os impactos socioeconómicos eambientais resultantes dessa atividade;

W Considerando que os princípios da subsidiariedade e da independência legislativa no setorenergético dão origem a diferentes quadros regulamentares, suscetíveis de permitir quecompanhias petrolíferas e de gás operem com diferentes normas consoante o continentee o país;

X. Considerando que, segundo o Instituto Grantham, para que o mundo tenha apossibilidade de não exceder o aquecimento global em 2 ºC, entre 60 a 80 % dasreservas de carvão, petróleo e gás das empresas de capital aberto são «inutilizáveis» e,portanto, constituem «ativos irrecuperáveis»;

Y. Considerando que os intervenientes dos principais centros financeiros no domínio daenergia (Londres, Nova Iorque e Moscovo) devem melhorar substancialmente ainformação que transmitem a acionistas e investidores, para que os investimentos sejamcanalizados para projetos rentáveis e sustentáveis;

1. Salienta que, tendo em conta a quantidade estimada de reservas de gás de xisto na Europae na América Latina e a relação histórica entre as duas regiões, bem como a vontadecomum de defender os princípios do desenvolvimento sustentável, é fulcral para ambasas regiões cooperarem estreitamente para dar resposta a este desafio, promovendo asegurança e a independência energéticas, criando condições adequadas para atrairinvestimento, superando as limitações financeiras e técnicas e lançando as bases para acriação de riqueza de forma sustentável;

2. Observa que, embora seja importante criar as condições adequadas para atrair oinvestimento, superar as limitações financeiras e técnicas e estabelecer as bases para acriação de riqueza sustentável, é fundamental não o fazer à custa da saúde e da proteçãodo ambiente;

3. Realça a importância de estabelecer critérios e regras sobre a emissão de gases com efeitode estufa, especialmente o metano, na cadeia de produção de gás natural e petróleo,privilegiando a inovação e o investimento na investigação, a fim de se obteremtecnologias muito mais limpas e tendo como referência a técnica conhecida como«reduced emissions completions», através da qual se recaptura o metano libertado nasúltimas fases da fraturação hidráulica, reduzindo consideravelmente a dimensão das fugasde metano;

4. Solicita que seja tido em conta o desenvolvimento de quadros regulamentares em matéria

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5. Considera que a extração de minerais e de combustíveis fósseis, sobretudo a extração degás de xisto, acarreta riscos potenciais para a saúde humana e para o ambiente; salienta aimportância dos compromissos estabelecidos pela UE e a América Latina em relação àsenergias limpas e renováveis;

6. Observa que, segundo a Comissão Europeia, os principais elementos de preocupaçãorelativamente à extração de gás de xisto (seja mediante fraturação hidráulica ou outrastécnicas que venham a ser desenvolvidas no futuro) são abrangidos pela legislação da UEjá em vigor; reconhece, contudo, igualmente que esta legislação foi elaborada antes de afraturação hidráulica se ter tornado uma prática corrente;

7. Salienta que é fundamental aplicar os princípios de precaução e do poluidor-pagador aqualquer decisão sobre a exploração de recursos de combustíveis fósseis que se adote nofuturo, tendo em conta as potenciais repercussões de todas as fases do processo deprospeção e exploração, garantindo o menor impacto possível, estudando alternativas eatravés da adoção de políticas de mitigação e de reparação dos danos;

8. Salienta a importância da preservação da riqueza natural e insta os países latino-americanos, com o apoio da UE, a assegurarem a existência de quadros orientados parauma gestão responsável da riqueza natural;

9. Regista a Recomendação 2014/70/UE adotada pela Comissão Europeia visandoproporcionar um panorama de todos os aspetos a ter em consideração caso um Estado-Membro decida autorizar a técnica de fracking; sublinha que se trata de um primeiro passopara uma maior harmonização na UE que deve ser aprofundada em futura produçãolegislativa e considera que a referida recomendação permite que, antes da exploração,sejam cumpridos todos os requisitos legislativos;

10. Recorda que os países desta Associação têm o direito de explorar os seus própriosrecursos energéticos, no exercício da sua soberania nacional e nos termos dos tratadosinternacionais pertinentes, sobretudo, em matéria de saúde e segurança; aguarda comexpetativa a análise da Comissão Europeia dos resultados obtidos da aplicação darecomendação; observa que um regime vinculativo em matéria de saúde, segurança eambiente contribuiria para uma maior segurança das empresas que procuram investir naexploração do gás de xisto e para uma maior proteção em termos de saúde e de ambiente;insta, neste sentido, os países da Associação a considerarem as recomendações da OITem matéria de saúde e segurança como base de referência, exceto se existir umaregulamentação mais rigorosa a nível nacional;

11. Insta os parlamentos de integração da América Latina, conjuntamente com organismosespecializados, a desenvolverem quadros regulamentares em matéria de fracking quesirvam de referência para a produção legislativa nos países membros;

12. Sublinha o seu compromisso de avançar, no quadro da Assembleia, no sentido de ter em

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conta os desenvolvimentos legislativos em ambas as regiões, os quais poderão sersubmetidos à consideração dos países da Associação Estratégica Birregional;

13. Insta as empresas de energia ativas no domínio da extração de combustíveis fósseis nãoconvencionais a cumprirem os requisitos internacionais e regionais de transparência e departicipação, a cumprirem as regulamentações internacionais e regionais sobre ambientee saúde humana, e a investirem em investigação para melhorar o desempenho ambientaldas tecnologias de combustíveis fósseis não convencionais;

14. Insta todos os Estados europeus e latino-americanos, membros da UICN, a proibirem porlei, todos os tipos de prospeção e extração de recursos minerais em zonas protegidascorrespondentes às categorias I a IV de gestão de zonas protegidas da UICN;

15. Solicita à Comissão Europeia que encoraje e promova a investigação, o desenvolvimentoe a exploração de melhores soluções energéticas a longo prazo, no quadro do programaHorizonte 2020 e do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos, reforçando ocompromisso com os países da ALC;

16. Solicita que, no quadro da Associação Estratégica Birregional, se privilegie atransferência de conhecimento científico e de tecnologias que favoreçam as melhorespráticas em matéria de fracking e de extração de hidrocarbonetos não convencionais, bemcomo a avaliação do impacto para a elaboração de políticas públicas;

17. Recorda a Resolução do Parlamento Europeu, de 21 de novembro de 2012, sobre osimpactos ambientais das atividades de extração de gás de xisto e de óleo de xisto(2011/2308(INI)), que considera que a prospeção e exploração de fontes de combustíveisfósseis, incluindo fontes não convencionais, não podem ser subsidiadas por fundospúblicos;

18. Insta as empresas europeias e latino-americanas a fazerem investimentos na AméricaLatina cumprindo escrupulosamente as normas em vigor, evitando a dualidade de normas,respeitando os costumes das comunidades locais, reduzindo os impactos ambientais comuma gestão exemplar e, em suma, contribuindo para reforçar o clima de entendimento,confiança mútua e cooperação entre as duas regiões; insta os governos a garantirem umconsentimento prévio, livre e informado, nos termos da Declaração das Nações Unidassobre os Direitos dos Povos Indígenas;

19. Encarrega os seus Copresidentes de transmitirem a presente resolução à presidência daCimeira UE-ALC, ao Conselho da União Europeia e à Comissão Europeia, aosparlamentos dos Estados-Membros da União Europeia e de todos os países da AméricaLatina e das Caraíbas, ao Parlamento Latino-Americano, ao Parlamento Centro-Americano, ao Parlamento Andino, ao Parlamento do Mercosul, ao Secretariado daComunidade Andina, à Comissão dos Representantes Permanentes de Mercosul, aoSecretariado Permanente do Sistema Económico Latino-Americano e aos Secretários-Gerais da OEA e da UNASUL;

20. Insta os Estados europeus e latino-americanos a executarem uma estratégia sustentávelem matéria de segurança energética, diversificando as suas fontes potenciais de energiaem vez de depender exclusivamente de combustíveis fósseis, convencionais ou outros, e

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promovendo a eficiência energética e as energias renováveis.