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AT\1105474PT.docx AP101.781v04-00 PT PT ASSEMBLEIA PARLAMENTAR EURO–LATINO-AMERICANA RESOLUÇÃO: Luta contra a pobreza no quadro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável com base no relatório da Comissão dos Assuntos Sociais, da Juventude e da Infância, dos Intercâmbios Humanos, da Educação e da Cultura Correlatoras: Silvia Salgado (Parlandino) Jude Kirton-Darling (Parlamento Europeu) Quinta-feira, 22 de setembro de 2016 - Montevideu

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ASSEMBLEIA PARLAMENTAREURO–LATINO-AMERICANA

RESOLUÇÃO:

Luta contra a pobreza no quadro dosObjetivos de Desenvolvimento Sustentável(ODS) da Agenda 2030 para oDesenvolvimento Sustentávelcom base no relatório da Comissão dos Assuntos Sociais, da Juventude e da Infância, dosIntercâmbios Humanos, da Educação e da Cultura

Correlatoras: Silvia Salgado (Parlandino)Jude Kirton-Darling (Parlamento Europeu)

Quinta-feira, 22 de setembro de 2016 - Montevideu

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EUROLAT - Resolução de 22 de setembro de 2016 - Montevideu

[com base no relatório da Comissão dos Assuntos Sociais, da Juventude e da Infância, dosIntercâmbios Humanos, da Educação e da Cultura]

Luta contra a pobreza no quadro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável

A Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana,

– Tendo em conta a Declaração do Milénio das Nações Unidas, de 8 de setembro de 2000,

– Tendo em conta o relatório do Grupo de Trabalho Aberto das Nações Unidas sobre osObjetivos de Desenvolvimento Sustentável, de julho de 2014,

– Tendo em conta o relatório de 2014 das Nações Unidas sobre os Objetivos deDesenvolvimento do Milénio,

– Tendo em conta o relatório do Painel de Alto Nível sobre a Agenda de Desenvolvimentopós-2015, intitulado «Uma nova aliança mundial: erradicar a pobreza e transformar aseconomias através do desenvolvimento sustentável», de 30 de maio de 2013,

– Tendo em conta o documento do Conselho dos Direitos do Homem da ONU intitulado«Projeto final dos princípios orientadores sobre a pobreza extrema e os direitos humanos»,apresentado pela Relatora Especial sobre a pobreza extrema e os direitos humanos,Magdalena Sepúlveda Carmona,

– Tendo em conta a Resolução 70/1 da Assembleia-Geral das Nações Unidas, intitulada«Transformar o nosso mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável»,

– Tendo em conta a resolução sobre as conclusões acordadas na 60.ª sessão da Comissão daCondição Jurídica e Social da Mulher, intitulada «A capacitação das mulheres e a relação como desenvolvimento sustentável», adotada pelas Nações Unidas, em março de 2016,

– Tendo em conta a Quarta Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimentodas Nações Unidas, realizada no Cairo em 1994, e as conclusões das respetivas revisões:CIPD +5, CIPD +10, CIPD +15, CIPD +20,

– Tendo em conta a Quarta Conferência das Nações Unidas sobre as Mulheres, realizada emPequim em 1995, e as conclusões das revisões subsequentes, em «Pequim +5», «Pequim+10», «Pequim +15» e «Pequim +20»,

– Tendo em conta a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminaçãocontra as Mulheres (CEDAW), adotada em 1979 pela Assembleia-Geral da ONU,

– Tendo em conta a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, adotada pelaAssembleia-Geral da ONU em novembro de 1989,

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– Tendo em conta a 21.ª Conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas,realizada em Paris em dezembro de 2015,

– Tendo em conta a Declaração de Santiago adotada na I Cimeira de Chefes de Estado e deGoverno da Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas (CELAC), que tevelugar em 27 e 28 de janeiro de 2013, no Chile,

– Tendo em conta a Declaração de Bruxelas adotada na II Cimeira de Chefes de Estado e deGoverno da União Europeia (UE) e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e dasCaraíbas (CELAC), realizada em 10 e 11 de junho de 2015,

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 5 de fevereiro de 2015, intitulada «Umaparceria global para a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável pós-2015»,

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 2 de junho de 2014, intitulada: «Uma vidadigna para todos: passar da visão à ação coletiva» (COM(2014)0335),

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 31 de outubro de 2011, intitulada«Aumentar o impacto da política de desenvolvimento da UE: uma Agenda para a Mudança»(COM(2011)637),

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 21 de abril de 2010, intitulada «Um Planode Ação da UE em doze pontos em apoio dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio»(COM(2010)159),

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 3 de março de 2010, intitulada «Europa2020: estratégia para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo»,

– Tendo em conta a Resolução do Parlamento Europeu, de 13 de junho de 2013, sobre osObjetivos de Desenvolvimento do Milénio: definição do quadro pós-2015,

– Tendo em conta o Relatório do Parlamento Europeu, de 17 de novembro de 2014, sobre aUE e o quadro de desenvolvimento global após 2015,

– Tendo em conta o Programa Indicativo Regional Plurianual para a América Latina,

– Tendo em conta a Declaração Política de Belém, adotada na III Cimeira de Chefes deEstado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas(CELAC), que teve lugar em 28 e 29 de janeiro de 2015, em Belém, na Costa Rica,

– Tendo em conta a Declaração Política de Quito aprovada na IV Cimeira de Chefes deEstado da CELAC, em 27 de janeiro de 2016,

– Tendo em conta a Declaração Especial sobre a Agenda para o Desenvolvimento após 2015adotada na II Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de EstadosLatino-Americanos e das Caraíbas (CELAC), que teve lugar em 28 e 29 de janeiro de 2014,em Cuba,

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– Tendo em conta o Consenso de Montevideu, adotado em agosto de 2013 na cidade deMontevideu, no Uruguai, no quadro da I Conferência Regional sobre População eDesenvolvimento na América Latina e nas Caraíbas, organizada pela Comissão Económicapara a América Latina e as Caraíbas (CEPAL),

A. Considerando que o estabelecimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio(ODM), o primeiro dos quais consiste em «erradicar a pobreza extrema e a fome», foi umadas iniciativas mais bem-sucedidas da comunidade internacional nos últimos cinquenta anos,já que logrou sensibilizar a população para a necessidade de reduzir a pobreza, estabelecendouma agenda comum a nível mundial com objetivos específicos, identificando a pobreza comoum dos mais urgentes problemas que requerem ação à escala mundial e obrigando asinstituições internacionais e os governos nacionais a prestar contas em relação ao seucontributo para a consecução desses objetivos e a demonstrar responsabilidade relativamenteà erradicação da pobreza;

B. Considerando que a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, documentoque encarna o ideal dos nossos países de alcançar um mundo mais justo, mais equitativo emais pacífico, tem como primeiro objetivo de desenvolvimento sustentável «erradicar apobreza em todas as suas formas e em todo o mundo», através, nomeadamente, da instauraçãode sistemas nacionais de proteção social abrangentes, da garantia do direito de acesso aosrecursos económicos e aos serviços de base, do reforço da resiliência das populações pobres evulneráveis, da mobilização de recursos provenientes de diferentes fontes, incluindo acooperação internacional, e da criação de quadros jurídicos sólidos, que tenham em conta asespecificidades de género, concebidos para apoiar o investimento célere em medidas deerradicação da pobreza;

C. Considerando que a pobreza pode ser erradicada, entre outros meios, através daadoção de uma abordagem centrada nos direitos humanos, que reconheça a pobreza enquantouma preocupação de direitos humanos e uma causa e consequência das violações dessesdireitos;

D. Considerando que, segundo a Relatora Especial da ONU, a pobreza constitui umfenómeno que transcende a mera experiência de viver com um rendimento baixo, implicandotambém uma falta de desenvolvimento mais profunda e a prevalência da exclusão social emtodas as comunidades, pelo que a futura estratégia de erradicação da pobreza se deve centrarna resolução das desigualdades, a fim de estabelecer e promover o desenvolvimentosustentável a longo prazo;

E. Considerando que a pobreza se combate com uma política que vá mais ao encontrodas aspirações dos povos e das suas justas reivindicações, ou seja, a exigência do direito aotrabalho com direitos e a um salário justo, promovendo as políticas sociais que valorizem odireito à saúde, à educação, à cultura, ao desporto, à segurança social e a uma vida digna;

F. Considerando que foram realizados progressos notáveis no sentido de reduzir apobreza extrema à escala global: em 2010, cinco anos antes do previsto, o número de pessoasa viver em situações de pobreza extrema nas regiões em desenvolvimento desceu parametade, de 47 % em 1990 para 22 % em 2010;

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G. Considerando que a promoção, a proteção e o respeito dos direitos humanos e dasliberdades fundamentais de todas as pessoas, incluindo o direito ao desenvolvimento, sãouniversais, indivisíveis, interdependentes e interligados; que se recomenda que estes conceitossejam integrados em todas as políticas e programas de erradicação da pobreza; que énecessário tomar medidas para garantir a todas as pessoas o direito de participar, contribuir eusufruir do desenvolvimento económico, social, cultural e político; que deve ser dada amesma atenção e urgente ponderação à promoção, proteção e plena realização dos direitoscivis, políticos, económicos, sociais e culturais;

H. Considerando que 1200 milhões de pessoas ainda vivem em condições de pobrezaextrema e que estas pessoas consomem apenas 1 % de todos os bens e serviços a nívelmundial, enquanto os mil milhões de pessoas mais ricas consomem 72 % do valor total;

I. Considerando que as mulheres e as raparigas representam uma partedesproporcionadamente elevada da população pobre, atingindo cerca de 70 % desta, e que,por conseguinte, são mais frequentemente vítimas de violência e de múltiplas formas dediscriminação, nomeadamente no acesso ao emprego, nas condições de trabalho e nossalários, na exclusão e na privação de bens materiais; que as raparigas pobres têm umaprobabilidade 2,5 vezes maior de se casar na sua infância do que as pertencentes ao estratodos 20 % mais ricos, que as mulheres e raparigas que vivem na pobreza são mais vulneráveisà exploração sexual, incluindo o tráfico de seres humanos, e as que são vítimas de violênciasexual têm menos oportunidades para escapar a relações violentas devido à falta derendimentos e de recursos;

J. Considerando que é necessário envidar esforços adicionais para reduzir o número depessoas que sofrem de fome e de desnutrição, não obstante os importantes resultados obtidosnas últimas décadas, em que a desnutrição e a subnutrição caíram de 23,2 % em 1990 para14,9 % em 2012;

K. Considerando que a contração do crescimento económico prejudicou o progresso nosentido da concretização do segundo objetivo – lograr o emprego pleno e produtivo e umtrabalho digno para todos – o que afetou sobretudo os jovens; que, apesar da crise económica,segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2012, mais de 200 milhões detrabalhadores estavam no desemprego, e os fenómenos de pobreza afetavam cada vez maispessoas, mesmo entre aqueles que conseguiam manter o seu trabalho;

L. Considerando que na Cimeira «Rio+ 20», destinada a avaliar os progressos realizadostendo em vista os ODM, foi considerado necessário estabelecer novos objetivos, com base nosavanços concretizados até à data, a fim de associar mais eficazmente as alterações climáticas ea proteção ambiental, em geral, à produção sustentável e de reforçar a integração dos aspetoseconómicos, sociais e ambientais do desenvolvimento sustentável;

M. Considerando que a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável define 17 objetivos,nomeadamente a erradicação da pobreza, a erradicação da fome, o acesso à água potável e aosaneamento e a redução das desigualdades, entre outras metas;

N. Considerando que uma alimentação adequada é essencial para a saúde e odesenvolvimento físico e intelectual, e que as pessoas que vivem em condições de pobreza

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têm um acesso limitado a alimentos adequados a preços acessíveis, ou aos meios necessáriospara os produzir ou adquirir;

O. Considerando que o acesso a uma educação pública, gratuita e de elevada qualidade ea uma formação de elevada qualidade para todos os rapazes, raparigas, adolescentes, jovens eadultos deve ocupar um lugar de destaque nas estratégias de erradicação da pobreza, ser uminstrumento eficaz para romper com os ciclos de pobreza intergeracionais e reduzirsignificativamente as desigualdades;

P. Considerando que a criação de novos postos de trabalho digno e de qualidade, nopleno respeito dos direitos dos trabalhadores, dos respetivos acordos coletivos e das normassociais e laborais internacionais, constitui um requisito imprescindível para a erradicação dapobreza e a redução das desigualdades; que, tendo em conta que o setor privado, e emparticular as PME, representa a principal fonte de emprego, o seu potencial deve serplenamente tido em consideração pelos agentes do Estado ao conceberem e aplicaremestratégias de combate à pobreza, velando além disso para que não se verifique uma reduçãodos direitos dos trabalhadores;

Q. Considerando que a mobilização de recursos nacionais desempenha um papelimportante no combate à pobreza e na redução das desigualdades;

R. Considerando que as alterações climáticas, a degradação ambiental e as catástrofesnaturais contribuem para aumentar as vulnerabilidades existentes e têm um impactoextremamente negativo na luta contra a pobreza, especialmente em países e regiões ondefaltam as capacidades de prevenção e adaptação a estes fenómenos;

S. Considerando que a cooperação e a ajuda ao desenvolvimento sustentável constituemainda um instrumento poderoso no combate à pobreza e que qualquer ajuda aodesenvolvimento com esta finalidade deve ser baseada numa abordagem em matéria dedireitos humanos, com princípios orientadores de igualdade e igualdade de género,solidariedade, respeito mútuo e não-discriminação;

T. Considerando que nos países da América Latina e Caraíbas (ALC) a pobreza extremadiminuiu para metade nos últimos 10 anos, permitindo a 56 milhões de pessoas sair dessasituação; que, no entanto, os índices de desigualdade na América Latina e nas Caraíbascontinuam a ser muito elevados e que mais de um terço da sua população, cerca de 200milhões de pessoas, continuam numa situação de vulnerabilidade durante a transição dapobreza extrema para a prosperidade, enfrentando um elevado risco de regressar novamente aníveis de vida abaixo do limiar de pobreza;

U. Considerando que, na Declaração de Santiago adotada na I Cimeira de Chefes deEstado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas(CELAC), realizada em 27 e 28 de janeiro de 2013, no Chile, os países da região reafirmaramo seu compromisso no sentido da concretização dos objetivos acordados a nível internacional,incluindo os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e os Objetivos de DesenvolvimentoSustentável, que estão a ser definidos desde a Conferência Rio+20, e chamaram a atençãopara a importância de a Agenda para o Desenvolvimento após 2015 contemplar objetivosvoluntários, universais, claros, mensuráveis e adaptáveis às diferentes realidades nacionais,

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tendo em vista a erradicação da pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável;

V. Considerando que, na Declaração Especial sobre a Agenda para o Desenvolvimentoapós 2015 adotada na II Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade deEstados Latino-Americanos e das Caraíbas (CELAC), realizada em 28 e 29 de janeiro de2014, em Cuba, os países da região destacaram a necessidade urgente de a nova agendapropiciar a solução para os problemas estruturais enfrentados pelos países emdesenvolvimento, bem como a eliminação das lacunas que existem no plano internacional,regional e no interior das sociedades, a fim de apoiar os países para que consigamproporcionar o maior bem-estar possível a toda a sua população e garantir os seus direitoshumanos, em particular, o direito ao desenvolvimento;

W. Considerando que, na Declaração Política aprovada na III Cimeira da CELAC,realizada em 28 e 29 de janeiro de 2015, em Belém, Costa Rica, os países da ALC reiterarama sua firme determinação no sentido de reformular o combate contra a pobreza extrema, afome e a desigualdade de uma forma multidimensional, abordando diretamente as suascausas, enquanto condição indispensável para alcançar um desenvolvimento sustentável naregião;

X. Considerando que os países da América Latina e a UE desenvolveram fortes laçospolíticos durante os últimos anos e que a UE é o maior doador de cooperação para odesenvolvimento, o principal investidor estrangeiro e o terceiro parceiro comercial da regiãoALC;

Y. Considerando que, após 20 anos de êxito na execução de vários programas decooperação ao abrigo do Instrumento de Financiamento da Cooperação para oDesenvolvimento (ICD), a maioria dos países da América Latina são agora classificados peloBanco Mundial como países de rendimento médio e que, por isso, é necessário conceber eexecutar novos programas bilaterais e birregionais, além do ICD, a fim de ter em conta asnovas circunstâncias políticas e económicas de ambas as regiões;

Z. Considerando que a UE lançou recentemente um novo pacote de cooperação regionalpara os países da ALC relativo ao período 2014-2020, com uma dotação de 925 milhões deeuros durante sete anos, destinada a quatro áreas prioritárias, nomeadamente, a correlaçãoentre segurança e desenvolvimento; a boa governação, a prestação de conta e a equidadesocial; o crescimento inclusivo e sustentável para o desenvolvimento humano; asustentabilidade ambiental e as alterações climáticas; e, por fim, o ensino superior;

AA. Considerando que, para o mesmo período, a UE atribuiu 40,35 milhões de euros aoprograma EUROsociAL, cujos objetivos consistem em reduzir a pobreza, as desigualdades e aexclusão social, bem como promover o comércio e o investimento com o objetivo último dereforçar a coesão social e territorial;

AB. Considerando que, através dos programas ALFA III e Erasmus Mundus Ação 2, a UEestabeleceu programas de mobilidade para estudantes e professores, assegurando, ao mesmotempo, a participação dos grupos vulneráveis e das regiões menos desenvolvidas, eimplementou também projetos com o objetivo de fomentar a cooperação académica entre asinstituições europeias e latino-americanas;

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AC. Considerando que, em 2010, a fim de reforçar as relações com a região da ALC, tendosimultaneamente em conta o grau de desenvolvimento económico e social dos países daAmérica Latina e das Caraíbas, a UE criou um novo instrumento, a Facilidade deInvestimento para a América Latina, que visa promover o desenvolvimento do setor privado eos investimentos em projetos de infraestruturas públicas, em domínios como os transportes, aenergia e o ambiente, fornecendo, para tal, apoio a instituições financeiras dos paísesparceiros;

AD. Considerando que o comércio é reconhecido como um fator-chave para o crescimentoinclusivo e o desenvolvimento sustentável e, por conseguinte, como um importante meio quecontribui para a erradicação da pobreza; que, por isso, a UE reforçou a integração dodesenvolvimento sustentável na sua política comercial através da inclusão sistemática dedisposições sobre esta matéria, incluindo nomeadamente aspetos laborais e ambientais, emtodos os seus acordos de comércio com países terceiros;

AE. Considerando que, no domínio comercial, a UE e os países da América Latina e dasCaraíbas aplicaram instrumentos unilaterais destinados a impulsionar o desenvolvimentosustentável em economias vulneráveis através de concessões comerciais unilaterais, emparticular o Sistema de Preferências Generalizadas (SPG) e o regime especial de incentivo aodesenvolvimento sustentável e à boa governação (SPG+);

AF. Considerando que 24 % da população da UE (120 milhões de pessoas), entre os quais27 % de todas as crianças da Europa, se encontra em risco de pobreza ou de exclusão social,que 9 % dos europeus vivem com graves privações materiais e que 17% dos europeus vivemcom menos de 60 % do rendimento médio dos agregados familiares do seu país; que estarealidade é fruto das políticas de austeridade que têm sido seguidas por diversos governos dediferentes Estados-Membros;

AG. Considerando que há mais 12 milhões de mulheres do que homens a viverem emsituações de pobreza na UE; que as mulheres têm os salários mais baixos, as pensões maisbaixas, os horários de trabalho mais longos, são mais vulneráveis à precariedade, sofremdiscriminações no local de trabalho, carecem de apoios à maternidade, e que todas estasdiscriminações estão na origem da pobreza que as afeta;

AH. Considerando que o combate à pobreza e à exclusão social está no centro da EstratégiaEuropa 2020 e que a Plataforma Europeia contra a Pobreza e a Exclusão Social é uma dasiniciativas emblemáticas que serve de base a um compromisso conjunto entre governosnacionais, instituições da UE e as principais partes interessadas, tais como ONG, parceirossociais, empresas, agentes da economia social e organizações académicas;

1. Congratula-se com os resultados alcançados na redução da pobreza extrema à escalamundial, mas recorda que é necessário envidar mais esforços no quadro Agenda 2030 para oDesenvolvimento Sustentável através da criação de uma interligação sólida entre aerradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável, com o objetivo de reduzir asdesigualdades dentro dos países e entre os mesmos;

2. Recorda que a pobreza deve ser tratada como um problema multidimensional, que não

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está limitado apenas aos rendimentos baixos, mas que inclui também uma importantedimensão social, e devem, por conseguinte, ser utilizados indicadores de bem-estar e dedesenvolvimento humano para analisar este fenómeno e avaliar a sua evolução;

3. Entende que todas as ações adotadas com o objetivo de combater as raízes da pobreza,da exclusão social e das desigualdades devem assentar numa abordagem centrada nos direitoshumanos, sem discriminações de qualquer tipo e dando especial atenção aos direitos dasmulheres, das jovens e dos idosos, reconhecendo as ligações entre igualdade de género ecapacitação das mulheres e das raparigas e a erradicação da pobreza, bem como a necessidadede assegurar um nível de vida adequado às mulheres e raparigas em todos os domínios e aolongo de todo o ciclo de vida, e os direitos dos grupos vulneráveis, particularmente osmigrantes, as crianças e adolescentes, as pessoas LGBT, as minorias, as populações indígenas,os afrodescendentes e as pessoas com deficiência;

4. Apela à erradicação da extrema pobreza material, social e espiritual, no contexto dacriação de um ser humano completo; considera que, para a consecução deste objetivo, éindispensável a prestação de serviços básicos universais à população e a garantia derendimentos suficientes para o seu desenvolvimento integral;

5. Apela aos governos para que intensifiquem a luta contra a corrupção e a impunidade,garantam o acesso equitativo a um sistema judicial independente e imparcial e promovam opleno respeito pelo equilíbrio de poderes, elementos indispensáveis para o reforço dademocracia, da boa governação, do Estado de direito e para atingir o desenvolvimentosustentável; reitera que a luta contra a pobreza no seu todo requer o respeito absoluto pelademocracia, pelo Estado de direito, bem como por todos os direitos humanos, incluindo odireito a um desenvolvimento sustentável que coloque a pessoa humana no centro daspolíticas públicas, sempre em consonância e respeito pela mãe-terra e pelo equilíbrio doecossistema, reconhecendo a importância de fomentar a plena participação cívica de formaplural, ampla e diversa;

6. Sublinha a forte interligação entre a boa governação, o uso sustentável dos recursos, oprogresso do desenvolvimento, a redistribuição justa e equitativa dos recursos, por um lado, ea redução das desigualdades, por outro; considera que o desenvolvimento sustentável só épossível se for garantido o acesso equitativo e se todos os grupos, com uma maior ênfase paraos setores mais vulneráveis, forem tidos em consideração;

7. Recorda que os governos são os principais responsáveis pela conceção e aplicação depolíticas económicas sustentáveis, bem como pela mobilização e utilização eficiente esustentável dos recursos públicos, sobretudo os que provêm da exploração sustentável erazoável de recursos naturais, cujas riquezas devem ser postas ao serviço dos povos e dodesenvolvimento dos respetivos países; entende que as parcerias público-privadas podemdesempenhar um papel importante na mobilização de fundos adicionais para odesenvolvimento, promovendo o intercâmbio de experiências e de conhecimentos entre osintervenientes num quadro sólido de prestação de contas e de responsabilidade socialentendida como equilíbrio social que garante a redistribuição da riqueza, contribuindo para ocumprimento da agenda social dos planos nacionais de desenvolvimento dos respetivosgovernos;

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8. Salienta o papel fundamental assumido pela sociedade civil no desenvolvimentoeconómico e social dos países; requer, portanto, uma maior inclusão de todos os grupos,atentando particularmente na incorporação no processo de tomada de decisões dos grupossuscetíveis de se encontrarem abaixo do limiar da pobreza, a fim de fazer destes gruposagentes do crescimento inclusivo;

9. Frisa a necessidade de garantir o acesso universal ao ensino público, gratuito e deelevada qualidade, prestando especial atenção às pessoas com necessidades educativasespeciais, aos migrantes, às populações indígenas, aos afrodescendentes e às pessoas comdeficiência, e de adotar estratégias que combatam as desigualdades sociais nas escolasenquanto instrumento para por fim à falta de conhecimentos e promover o desenvolvimentosustentável, a erradicação da pobreza e a igualdade de género;

10. Recorda a necessidade de, para assegurar um desenvolvimento sustentável, dispor detrabalhadores qualificados; incentiva, para este efeito, os governos a criarem programas deformação e de ensino destinados a todas as faixas etárias, sobretudo para os gruposvulneráveis, para as vítimas de exclusão social e outras pessoas expostas ao risco de pobreza;

11. Insta os governos a tomarem todas as medidas necessárias para promover a criação depostos de trabalho dignos e estáveis, reconhecendo que os contratos de trabalho precáriosenfraquecem o mercado laboral e aumentam o risco de pobreza para os grupos maisvulneráveis; apela, concretamente, à adoção de mecanismos para prevenir o surgimento e aperpetuação dos trabalhadores com trabalhos precários e com recursos escassos, garantindoque as pessoas que trabalham não fiquem enredadas na pobreza;

12. Insta os governos a criarem políticas públicas e mecanismos para favorecer a inclusão,com o objetivo de proporcionar um emprego digno e estável aos jovens profissionais;

13. Solicita aos governos que assegurem o acesso equitativo a cuidados de saúdeuniversais, públicos, gratuitos e de elevada qualidade enquanto condição indispensável parapor termo à pobreza e alcançar um desenvolvimento sustentável, com particular ênfase naprevenção e erradicação de todo o tipo de discriminação e na eliminação dos obstáculos quedificultam o acesso aos cuidados de saúde;

14. Sublinha que os governos têm a obrigação de garantir que as mulheres gozem dedireitos políticos, sociais e económicos iguais, nomeadamente os direitos jurídicos de deter egerir propriedade privada, usufruam de uma verdadeira igualdade de acesso a oportunidadeseconómicas, como o trabalho e o empreendedorismo, e aos serviços públicos, incluindo asaúde, os serviços de saúde sexual e reprodutiva, a educação e as prestações da segurançasocial; defende ainda que os Estados devem desenvolver mecanismos suscetíveis de garantirque as mulheres possam participar no processo de tomada de decisões, de modo a reforçar oseu papel na sociedade;

15. Reconhece a contribuição direta da agricultura familiar e de pequena escala, que temem conta os sistemas de cultivo da terra e os métodos agrícolas tradicionais, para a segurançaalimentar, o desenvolvimento das economias locais, o crescimento sustentável e a diversidadedas variedades agrícolas; frisa, particularmente, o papel da agricultura de pequena escalaenquanto instrumento para erradicar a fome, a fome oculta e a desnutrição;

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16. Reitera a importância de estabelecer sistemas integrados de gestão da água, no sentidode garantir o acesso equitativo e universal à água potável, ao saneamento e a sistemasadequados de tratamento das águas residuais, prestando especial atenção aos países e regiõesafetados por secas; exorta os governos a tomarem todas as medidas necessárias para evitar apoluição das águas com químicos perigosos ou outros produtos contaminadores que tenhamimpacto no ambiente e na saúde humana; solicita que a água e o acesso à água se mantenhamno domínio público, como um direito inalienável e essencial à sobrevivência humana;

17. Realça o papel desempenhado pelo desporto, pelo exercício físico e pelas atividadeslúdicas no combate à pobreza e às desigualdades, bem como na promoção da inclusão e demecanismos de integração social nos diferentes países; insta os governos a criarem maisoportunidades desportivas, sobretudo para as crianças e os jovens;

18. Salienta que, nos últimos anos, os países da América Latina e das Caraíbas realizaramgrandes progressos, tanto a nível económico como social, que contribuíram para uma série demudanças políticas e económicas à escala mundial; regista que, embora a América Latina e asCaraíbas tenham registado um rápido crescimento económico, ainda enfrentam desafiosimportantes em termos de desigualdades sociais; defende, por isso, que a cooperaçãobirregional futura deve centrar-se, em larga medida, numa política coerente dedesenvolvimento sustentável;

19. Realça o papel desempenhado pela cultura no combate à pobreza, já que o acesso, acriação e fruição culturais contribuem para a emancipação e desenvolvimento dos povos;

20. Reafirma a importância de os Estados da região promoverem políticas públicas equadros normativos que visem mitigar as desigualdades e os desequilíbrios sociais, bem comoestabelecer estratégias e programas que permitam garantir a redistribuição justa e equitativada riqueza entre a população e aumentar o investimento social, condições necessárias parareduzir os níveis de pobreza que caracterizam a América Latina e as Caraíbas;

21. Recorda que as alterações climáticas, as catástrofes naturais e a degradação doambiente constituem desafios fundamentais para a humanidade e são uma das causassubjacentes da pobreza e da fome, bem como um fator que põe em causa os esforços paraalcançar o desenvolvimento sustentável dos países e regiões; recomenda veementemente, aeste respeito, que a cooperação birregional seja reforçada no domínio da prevenção, atenuaçãoe adaptação às alterações climáticas e às catástrofes naturais, nomeadamente através deprogramas de cooperação birregional; assinala que ambas as regiões devem também fortaleceras sinergias e a coordenação de posições comuns em fóruns multilaterais, a fim de darem umaresposta global a estes desafios;

22. Destaca o surgimento das economias emergentes, que se converteram nos principaismotores do crescimento económico mundial; sublinha que, pela primeira vez na História, ospaíses em desenvolvimento são, no seu conjunto, responsáveis por mais de metade docomércio mundial, o que contribuiu significativamente para tirar da pobreza centenas demilhões de pessoas;

23. Frisa o papel crucial desempenhado pelo setor privado na promoção do crescimentoeconómico, na criação de riqueza e na redução dos níveis de pobreza através da criação denovas oportunidades de trabalho digno e estável; acolhe favoravelmente, neste contexto, as

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iniciativas que visam promover a cooperação entre empresas de pequena e média dimensão naUE e nos países da ALC; recorda, a este respeito, que as atividades do setor privado devemser levadas a cabo num quadro jurídico transparente e previsível, no pleno respeito pelasnormas sociais e laborais a nível nacional e internacional;

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24. Considera que o papel do setor público é fundamental para a concretização dosObjetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS); entende que o setor privado é o motor dacriação de emprego e do crescimento económico em todas as economias de mercado, gerando90 % dos postos de trabalho e dos rendimentos nos países em desenvolvimento; recorda que osetor privado, segundo as Nações Unidas, representa 84 % do PIB dos países emdesenvolvimento e considera que o setor tem capacidade para criar uma base sustentável paraa mobilização de recursos internos, reduzindo a dependência da ajuda, desde que sejadevidamente regulamentado, respeite os direitos humanos e as normas ambientais, e sejaassociado a melhorias concretas a longo prazo, a nível da economia nacional, dodesenvolvimento sustentável e da redução das desigualdades;

25. Entende que as pequenas e médias empresas e as microempresas, que constituem aespinha dorsal de todas as economias de mercado, enfrentam encargos regulamentares muitomais pesados nos países em desenvolvimento do que na União Europeia, e que a maioriadestas empresas opera na economia informal que está à mercê da volatilidade e as priva deproteção jurídica, de direitos laborais e de acesso a financiamento; salienta que, de acordocom o Relatório de 2014 do Banco Mundial intitulado «Doing Business», os países maispobres são, efetivamente, os que estão sujeitos a mais encargos regulamentares;

26. Frisa que o comércio pode constituir um importante agente de desenvolvimento e umaferramenta útil no combate à pobreza, visto que permite aos países integrarem-se em cadeiasde valor regionais e mundiais, diversificarem as suas produções e maximizarem os benefícioseconómicos e sociais; solicita, portanto, aos países da UE e da ALC que trabalhem naconcretização de uma área de comércio global UE-CELAC, visando promover odesenvolvimento sustentável com base no pleno respeito pelos direitos humanos, bem comopelas normas sociais e laborais, e tendo em conta todas as considerações ambientaispertinentes;

27. Insta os governos a analisarem as possibilidades proporcionadas pela ciência,tecnologia e inovação enquanto instrumentos para fomentar o desenvolvimento sustentável einclusivo, ajudando os cidadãos a sair da pobreza, a obter a sua independência e a melhorar asua qualidade de vida, gerando oportunidades de emprego de qualidade, promovendo padrõesde produção e de consumo sustentáveis, reduzindo a vulnerabilidade face às catástrofesnaturais e incentivando a utilização eficiente de recursos escassos; entende que a transferênciade tecnologia e a cooperação nos domínios da ciência, inovação e tecnologia, deveriamdesenvolver-se num quadro transparente que conte com a participação ativa da sociedadecivil, e constituir um elemento-chave nos futuros programas de cooperação bilateral ebirregional entre a UE e a região da ALC;

28. Insta a UE e os países da América Latina e das Caraíbas a partilharem conhecimentoscientíficos, técnicos e tecnológicos com o objetivo de erradicar a pobreza;

* * *

29. Encarrega os seus copresidentes de transmitirem a presente resolução ao Conselho daUnião Europeia e à Comissão Europeia, bem como aos parlamentos dos Estados-Membros daUnião Europeia e de todos os países da América Latina e das Caraíbas, ao Parlamento

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Latino-Americano, ao Parlamento Centro-Americano, ao Parlamento Andino e ao Parlamentodo Mercosul, ao Secretariado da Comunidade Andina, à Comissão de RepresentantesPermanentes do Mercosul, à Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas, aoSecretariado Permanente do Sistema Económico Latino-Americano e aos Secretários-Geraisda Organização dos Estados Americanos, da União de Nações Sul-Americanas e das NaçõesUnidas.