resolução consema nº 129_2006 - dispoe sobre a definição crit e padroes emissao toxic efluent...

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE O CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA, no uso das atribuições que lhe confere a Lei Estadual nº 10.330, de 27/12/1994: Considerando a necessidade de preservar a qualidade ambiental, de saúde pública e dos recursos naturais, quanto ao lançamento de efluentes líquidos em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul; Considerando o contínuo desenvolvimento tecnológico e a identificação de novas substâncias tóxicas que conferem periculosidade à saúde pública e ao meio ambiente; Considerando a Resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005, a qual dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências; Considerando a LEI ESTADUAL Nº 11.520, de 03 de agosto de 2000, que institui o CÓDIGO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, e Considerando a Resolução CONSEMA Nº 128/2006 de 24 de novembro de 2006, que dispõe sobre a fixação de Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos para fontes de emissão que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul, RESOLVE: Art. 1° Fixar critérios e padrões de emissão relativos à toxicidade de efluentes líquidos para as fontes geradoras que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul. Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, são adotadas as seguintes definições: I – Águas superficiais: são as águas interiores, com exceção das águas subterrâneas e das águas costeiras II – Águas subterrâneas: todas as águas que se encontram abaixo da superfície do solo na zona de saturação e em contato direto com o solo ou com o subsolo; III – Águas interiores: todas as águas lênticas ou correntes à superfície do solo e todas as águas subterrâneas que se encontram entre terra e a linha de base a partir da qual são marcadas as águas territoriais; IV – Águas costeiras: águas de superfície que se localizam entre a terra e uma linha cujos pontos se encontram a uma distância de uma milha náutica, na direção do mar, a partir do ponto mais próximo da linha de base a de delimitação de águas territoriais, estendendo-se, quando aplicável, até o limite exterior das águas de transição;

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Resolução CONSEMA

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  • ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

    SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE

    O CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE CONSEMA, no uso das atribuies que lhe confere a Lei Estadual n 10.330, de 27/12/1994:

    Considerando a necessidade de preservar a qualidade ambiental, de sade pblica e dos recursos naturais, quanto ao lanamento de efluentes lquidos em guas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul;

    Considerando o contnuo desenvolvimento tecnolgico e a identificao de novas substncias txicas que conferem periculosidade sade pblica e ao meio ambiente;

    Considerando a Resoluo CONAMA n 357 de 17 de maro de 2005, a qual dispe sobre a classificao dos corpos de gua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condies e padres de lanamento de efluentes, e d outras providncias;

    Considerando a LEI ESTADUAL N 11.520, de 03 de agosto de 2000, que institui o CDIGO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, e

    Considerando a Resoluo CONSEMA N 128/2006 de 24 de novembro de 2006, que dispe sobre a fixao de Padres de Emisso de Efluentes Lquidos para fontes de emisso que lancem seus efluentes em guas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul,

    RESOLVE:

    Art. 1 Fixar critrios e padres de emisso relativos toxicidade de efluentes lquidos para as fontes geradoras que lancem seus efluentes em guas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul.

    Art. 2 Para os efeitos desta Resoluo, so adotadas as seguintes definies:

    I guas superficiais: so as guas interiores, com exceo das guas subterrneas e das guas costeiras II guas subterrneas: todas as guas que se encontram abaixo da superfcie do solo na zona de saturao e em contato direto com o solo ou com o subsolo; III guas interiores: todas as guas lnticas ou correntes superfcie do solo e todas as guas subterrneas que se encontram entre terra e a linha de base a partir da qual so marcadas as guas territoriais; IV guas costeiras: guas de superfcie que se localizam entre a terra e uma linha cujos pontos se encontram a uma distncia de uma milha nutica, na direo do mar, a partir do ponto mais prximo da linha de base a de delimitao de guas territoriais, estendendo-se, quando aplicvel, at o limite exterior das guas de transio;

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    V guas de transio: massas de guas de superfcie junto a foz dos rios, que tm um carter parcialmente salgado em resultado da proximidade de guas costeiras, mas que so significativamente influenciadas por cursos de gua doce; VI Alquota: volume de efluente lquido coletado proporcional vazo de lanamento dos efluentes lquidos, naquele instante, em intervalos pr-estabelecidos e num perodo determinado de tempo, para compor uma amostra composta; VII Amostra composta: volume do efluente lquido composto pelas alquotas coletadas, definido em funo dos critrios especficos para cada teste a ser realizado; VIII Amostra simples: volume de efluente lquido coletado ao acaso, num determinado instante, tambm chamada de amostra instantnea; IX Corpo hdrico receptor: qualquer coleo de gua superficial que recebe o lanamento de efluentes lquidos; X Efluentes lquidos de fontes poluidoras: despejo lquido oriundo de atividades industriais, de drenagem contaminada, de minerao, de criao confinada, comerciais, domsticas, pblicas, recreativas e outras; XI Efluentes lquidos domsticos: despejo lquido resultante do uso da gua para higiene e necessidades fisiolgicas humanas; XII Efluente lquido industrial: despejo lquido resultante de qualquer atividade produtiva, oriundo prioritariamente de reas de transformao de matrias primas em produtos acabados; XIII Ensaio de toxicidade: ensaio utilizado para avaliar a capacidade inerente da amostra em produzir efeitos deletrios nos organismos-teste; XIV Faixa de vazo: intervalo de vazes de lanamento de efluentes lquidos, utilizado para enquadramento das fontes, considerando as vazes mximas em 24 horas, visando a fixao de padro de emisso; XV Fator de toxicidade (FT): menor diluio da amostra na qual no se observa efeito deletrio sobre os organismos-teste, nas condies prescritas em cada metodologia; XVI Fontes poluidoras em ampliao: fontes poluidoras cuja capacidade produtiva ou a vazo mxima de lanamento for ampliada em data posterior publicao da presente resoluo. XVII Genotoxicidade: capacidade de uma amostra simples ou composta alterar a estrutura ou funo da molcula de DNA; XVIII Novas fontes poluidoras: fontes poluidoras cuja implantao ocorrer em data posterior publicao da presente resoluo; XIX Organismo-teste: organismo utilizado em ensaios de toxicidade, para avaliao da amostra; XX Padro de emisso: valor mximo permitido, atribudo a cada parmetro passvel de controle, para lanamento de efluentes lquidos, a qualquer momento, direta ou indiretamente, em guas superficiais; XXI Toxicidade: propriedade potencial que uma amostra possui de provocar efeito adverso em conseqncia de sua interao com o organismo-teste; XXII Toxicidade aguda: efeito deletrio (usualmente letalidade ou alguma outra manifestao que a anteceda) causado por amostra, simples ou composta, a organismos-teste em curto perodo de exposio, em relao ao seu ciclo de vida; XXIII Toxicidade crnica: efeito deletrio causado por amostra, simples ou composta, que afeta uma ou mais funes biolgicas dos organismos-teste (como sobrevivncia, crescimento, reproduo ou comportamento), em um perodo de exposio que pode abranger todo seu ciclo de vida ou as fases iniciais de seu desenvolvimento; XXIV Vazo de lanamento: volume de efluente lquido lanado por unidade de tempo; XXV Vazo mxima de lanamento de efluente (Qmxefl.): volume mximo dirio de efluente, medido em metro cbico, originrio de fontes potencialmente poluidoras, lanado direta ou indiretamente em corpos receptores; XXVI Vazo mnima do corpo receptor (Qmn): o menor valor da mdia das vazes de sete dias consecutivos para o perodo de retorno de 10 anos (Q7.10). Na inexistncia de dados histricos de vazo, poder ser adotado outro mtodo aceito pela comunidade cientfica para esta determinao;

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    Art. 3 Esta resoluo aplica-se aos efluentes lquidos lanados em guas superficiais do Estado do Rio Grande do Sul; Pargrafo nico: para as atividades geradoras de efluentes lquidos domsticos, a presente resoluo aplica-se quando a vazo mxima de lanamento do efluente da fonte geradora individualizada for igual ou superior a 10.000m3/d.

    Art. 4 Os padres de emisso estabelecidos na presente resoluo aplicam-se tanto para amostras simples como para amostras compostas.

    Art. 5 Os ensaios de laboratrio devem ser realizados de acordo com a metodologia definida pela ABNT ou metodologias estrangeiras reconhecidas, na sua ltima verso.

    Art. 6 A genotoxicidade deve ser avaliada pelo ensaio de mutao reversa Salmonella/microssoma ou teste Ames, frente s linhagens TA98 e TA100, na presena e na ausncia de sistema de metabolizao exgeno (S9), ou mesmo frente as linhagens TA102, TA97a TA1535 (em presena e ausncia de S9), sempre que necessrio, acompanhadas das justificativas pertinentes;

    Pargrafo nico: outros mtodos de ensaio, que melhor se apliquem para avaliar a genotoxicidade sero definidos pelo rgo Ambiental no licenciamento especfico.

    Art. 7 O rgo ambiental competente, mediante emisso de parecer tcnico circunstanciado poder fixar padres de emisso e prazos mais restritivos, em face da vedao constante da disposio do art. 129, da Lei Estadual n 11.520/2000;

    Art. 8 Os laboratrios que realizam ensaios de toxicidade para verificao do cumprimento desta Resoluo e exigncias especficas das licenas, devem atender ao disposto na Resoluo n 008/94 do Cons. Adm. da FEPAM, no que se refere a obteno de Certificado de Cadastro de Laboratrio Ambiental, alm de participar, periodicamente, de um Programa de Avaliao de Qualidade Interlaboratorial gerenciado e estabelecido ou reconhecido pela FEPAM.

    Art. 9 Os padres de emisso de toxicidade para efluentes lquidos de fontes poluidoras j existentes sero os constantes da tabela abaixo:

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    Pargrafo primeiro: Quando a vazo mxima (Qmx) do efluente domstico for inferior a 10.000m3/d, o empreendimento no fica sujeito avaliao de toxicidade.

    Pargrafo segundo: Os prazos constantes neste artigo so contados a partir da publicao da presente Resoluo.

    Art. 10 No permitido o lanamento de efluentes lquidos de novas fontes poluidoras e fontes poluidoras em ampliao com acrscimo de vazo em corpos dgua intermitentes ou com interrupes de vazo (Qmin = 0);

    Art. 11 Os Padres de emisso de toxicidade para efluentes lquidos de novas fontes poluidoras devero atender o que segue:

    Pargrafo primeiro - Deve ser observado o prazo mximo de 12 meses, como perodo pr-operacional da fonte poluidora, a partir da concesso da licena de operao, para cumprimento dos itens a seguir:

    I -Os efluentes no devem apresentar toxicidade aguda quando submetidos a ensaios de toxicidade para organismos-teste de pelo menos trs diferentes nveis trficos, FT=1; II - Os efluentes no devem apresentar toxicidade crnica quando submetidos a ensaios de toxicidade para organismos-teste de pelo menos dois diferentes nveis trficos e genotoxicidade, quando lanados em corpos dgua com vazo (Qmin) inferior a 10 (dez) vezes a vazo do efluente (taxa de diluio < 1:10), III - para toxicidade crnica e genotoxicidade devem ser observados os critrios previstos no artigo 9, respeitando o enquadramento de vazo mxima de lanamento em corpos dgua com vazo (Qmin) igual ou superior a 10 vezes a vazo do efluente, sendo que os prazos sero contados a partir da publicao de presente Resoluo; IV - decorridos os prazos previstos no artigo 9, deve ser contemplado somente o perodo pr-operacional de 12 meses para ausncia de toxicidade aguda, com organismos-teste de 3 diferentes nveis trficos e adicional de 6 meses para ausncia de toxicidade crnica com organismos-teste de 2 nveis trficos e ausncia de genotoxicidade.

    Art. 12 Os Padres de emisso de toxicidade de fontes poluidoras em ampliao que acarrete acrscimo de vazo de efluente devero:

    I - Observar o prazo mximo de 12 meses, como perodo pr-operacional do empreendimento, a partir da concesso da licena de operao;

    II No caso de fontes enquadradas na faixa de vazo: Qmx efl < 1.000m/d, atender padro de emisso para toxicidade a ser definido, em fator de toxicidade (FT), caso a caso, em funo da vazo mxima do efluente e da vazo mnima do corpo receptor, de acordo com a equao FT Qmn Rio / 100 Qmx efl. O FT fica limitado ao valor mximo de 2 (dois), em ensaios de toxicidade aguda para organismos-teste de pelo menos trs diferentes nveis trficos, a partir da emisso da licena de operao ou incio do lanamento, desde que este prazo no seja posterior aos estipulados no artigo 9; a - Prazo de at 6(seis) anos: o efluente no deve apresentar toxicidade aguda para organismos-teste de pelo menos trs diferentes nveis trficos FT=1 (efeito no observado), a partir da emisso da licena de operao ou incio do lanamento, desde que este prazo no seja posterior aos estipulados no art 9; b - Prazo de at 8 (oito) anos: o efluente no deve apresentar toxicidade crnica para organismos-teste de pelo menos dois diferentes nveis trficos a partir da emisso da licena de operao ou incio do lanamento, desde que este prazo no seja posterior aos estipulados no art. 9; c - Prazo de at 10(dez) anos: o efluente no deve apresentar genotoxicidade a partir da emisso da licena de operao ou incio do lanamento, desde que este prazo no seja posterior aos estipulados no art 9;

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    III No caso de fontes com vazo (Qmx efl) igual ou superior a 1.000m/d, atender as exigncias estipuladas no art. 11.

    Art 13 Os padres de emisso fixados pela presente resoluo devem ser utilizados como referncia pelo rgo ambiental competente pelo licenciamento, no caso de lanamento ou disposio final, em locais no definidos como guas superficiais, podendo ser mais restritivos, mediante parecer tcnico circunstanciado.;

    Art. 14 - Revogam-se as disposies em contrrio, esta Resoluo entra em vigor a partir da data de sua publicao.

    Porto Alegre, 24 de novembro de 2006. Valtemir Bruno Goldmeier

    Presidente do Consema Cdigo 240937

    Publicado no DOE do dia 7 de dezembro de 2006.