resolução conanda 75_2001

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    Parmetros de Funcionamento dos

    Conselhos Tutelares

    Braslia, outubro de 2001

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    Cludio Augusto Vieira da SilvaPresidente

    Maria Igns Bierrenbach

    Vice Presidente

    REPRESENTANTES GOVERNAMENTAIS

    Ministrio da JustiaGilberto Vergne Saboia

    Suplente: Maria Igns BierrenbachSegunda Suplente: Eliana Cristina Ribeiro Taveira Crisstomo

    Casa Civil da Presidncia da RepblicaIvanildo Tajra Franzosi

    Suplente: Clvis Ubirajara Lacorte

    Ministrio das Relaes ExterioresMinistro Hildebrando Tadeu Nascimento Valadares

    Suplente: Jlio Boaventura Santos Matos

    Ministrio da EducaoIara Glria Areias Prado

    Suplente: Marilda Marfan

    Ministrio da Sade

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    Guilbert Ernesto de Freitas NobreSuplente: Ana Lourdes Marques Maia

    Ministrio da FazendaOsvaldo Marcolino Alves Filho

    Suplenta:MARIA TESESA PEREIRA LIMA...

    Ministrio do Trabalho e Emprego

    Gluber Maciel SantosSuplente: Margarida Munguba Cardoso

    Ministrio da Previdncia e Assistncia SocialAntonio Jos Angelo Motti

    Suplente: Rita Helena Pochmnn Horn

    Cultura

    Walter Antonio da SilvaSuplente: Paulo Andr Jukoski,

    Ministrio do Oramento e GestoCaio Luiz Davoli Brando

    Suplente: Afranio andrade grado

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    REPRESENTANTES DE ENTIDADES NO-GOVERNAMENTAIS

    Fundao F e Alegria do BrasilCludio Augusto Vieira da Silva

    Central nica dos Trabalhadores CUTMaria Izabel da Silva

    Conferncia Nacional dos Bispos do BrasilJoacir Della Giustina

    Conselho Federal de Servio Social CFESSKnia Augusta Figueiredo

    Centro de Cultura Luiz FreireJos Fernando da Silva

    Sociedade Brasileira de Pediatria SBPRachel Niskier Sanchez

    Associao Brasileira de Organizaes No-Governamentais - ABONGNormando Batista Santos

    Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes CECRIAOzanira Ferreira da Costa

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    Movimento Nacional dos Direitos Humanos MNDHManoel Messias Moreira da Silva

    Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PUCMaria Stela Santos Graciani

    REPRESENTANTES DE ENTIDADES NO-GOVERNAMENTAIS SUPLENTES

    Associao Brasileira de Magistrados e Promotores da Justia, da Infncia e daJuventude - ABMP

    Olympio de S Sotto Maior

    Ordem dos Advogados do Brasil - OABMarcos Antonio Paiva Colares

    Movimento Nacional de Meninos e Meninas de RuaJussara de Gois Nascimento Viana

    Pastoral da CrianaIrm Beatriz Hobold

    Federao Nacional das APAEsLaura Rosseti

    Associao Multiprofissional de Proteo Infncia e Adolescncia ABRAPIASaturnina Pereira da Silva

    Instituto para o Desenvolvimento Integral da Criana e do Adolescente - INDICAClodoveo Piazza

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    Fundao Abrinq pelos Direitos da Criana ABRINQAna Maria Wilheim

    Inspetoria So Joo Bosco SALESIANOSRaymundo Rabelo de Mesquita

    Unio Nacional das Escolas Famlias Agrcolas do Brasil UNEFABJoo Batista Pereira de Queiroz

    Comisso de Articulao e Conselhos dos Direitos eTutelares

    Antonio Jos Angelo Motti Ministrio da Previdncia e Assistncia SocialMarcos Antonio Paiva Colares - OABNormando Batista Santos - ABONG

    Laura Rosset Federao das APAEsOlympio de S Sotto Maior - ABMPOzanira Ferreira da Costa - CECRIA

    Redao final

    Antonio Jos Angelo Motti

    Marcos Antonio Paiva ColaresOlympio de S Sotto Maior

    Secretaria Executiva do CONANDA

    Maria Bernadete Olivo

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    SUMRIO

    APRESENTAO............................................................................................03

    I - RESOLUO N 75 DE 22 DE OUTUBRO DE 2001: Dispe sobre os parmetros para a criao e funcionamento dos Conselhos Tutelares e d outras providncias............................ .25,26 e27

    II - RECOMENDAES PARA ELABORAO DAS LEIS MUNICIPAIS DE CRIAO DOS CONSELHOS TUTELARES..............09

    INTRODUO.........................................................................................09

    1. DA QUANTIDADE DE CONSELHOS TUTELARES POR MUNICPIO............10

    2. DA FUNO DE CONSELHEIRO TUTELAR.....................................................10

    3. DA REMUNERAO DOS CONSELHEIROS TUTELARES ............................11

    4. DOS DIREITOS SOCIAIS DO CONSELHEIRO TUTELAR................................12

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    5. DA ESCOLHA E DA RECONDUO...................................................................13

    6. DOS REQUISITOS PARA CANDIDATURA........................................................15

    7. DA CAPACITAO ...............................................................................................16

    8. DA COMPOSIO/DISSOLUO DO CONSELHO TUTELAR......................16

    9. DA AUTONOMIA E DO FUNCIONAMENTO.....................................................17

    10. DO APOIO AO FUNCIONAMENTO...................................................................18

    11. DA PERDA DO MANDATO/ VINCULAO ESTRUTURAL.........................18

    CONCLUSO.........................................................................................................................21

    APRESENTAO

    O CONANDA entende que os Conselhos Tutelares constituem um dosinstrumentos mais importantes do Sistema de Garantia de Direitos da Crianae do Adolescente, como rgos pblicos encarregados pela sociedade de zelar

    pelo cumprimento dos direitos da criana e do adolescente.

    Nessa perspectiva, o Conselho Nacional dos Direitos da Criana e doAdolescente, tendo em vista seu papel protetor dos direitos fundamentais decrianas e adolescentes, bem como a intensa demanda resultante do processo deimplantao e implementao dos Conselhos Tutelares, sem adotar esta medidacomo uma frmula acabada a ser seguida, deliberou pela elaborao de uminstrumento norteador da estrutura e funcionamento dos Conselhos Tutelares,tendo como fundamento a sistematizao das experincias j em andamento, demaneira a reafirmar aquelas que se apresentam em consonncia com os

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    princpios do Estatuto da Criana e do Adolescente e a redimensionar as que sedirecionam de forma conflituosa com esta lei.

    Privilegiando um processo participativo e democrtico, com o cuidado deevitar propostas imediatistas, dada a complexidade da realidade brasileira, adiversidade e dinamicidade dos fatos e experincias, optou-se inicialmente pelarealizao de encontros regionais, envolvendo os operadores do direito para adiscusso sobre os Conselhos Tutelares, contribuindo desta forma para oaperfeioamento das condies atuais desses Conselhos, tanto no que se refere dimenso organizativa/administrativa quanto aos aspectos

    polticos-pedaggicos, que lhe conferem importante papel dentro do sistema degarantia de direitos.

    Como forma de concluir esta fase do processo de contribuio doConanda para o pleno funcionamento dos Conselhos Tutelares, uma vez que o

    processo de aprimoramento dos mesmos dinmico e permanente, e aps estaintensa jornada iniciada em 1998 com a realizao dos encontros regionais nascinco regies brasileiras, a sistematizao, teorizao e socializao dascontribuies, por conceituados especialistas da rea, culminando com arealizao do V Encontro de Articulao do CONANDA com os Conselhos

    Estaduais, Distrital e Municipais de Direitos da Criana e do Adolescente (das

    capitais), com representao de 1 Conselheiro Tutelar por estado, realizado emLuziania/GO, em novembro de 2000, e posteriormente com a ampla discussoem Assemblias do CONANDA, resultando na aprovao do presentedocumento.

    Procurando garantir a autonomia e prerrogativas estabelecidas noEstatuto da Criana e do Adolescente aos Conselhos Tutelares, o CONANDAapresenta as seguintes diretrizes com vistas a contribuir para a criao efuncionamento desses rgos de defesa dos direitos da infncia e juventude

    brasileiras, divididas em duas partes: a primeira, contemplando resoluo quedispe sobre os parmetros para criao e funcionamento dos ConselhosTutelares e d outras providncias, e a segunda, apresentando recomendaes

    para a elaborao das leis municipais pertinentes a esta temtica .

    Braslia 22 de outubro de 2001

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    RECOMENDAES PARA ELABORAO DAS LEIS MUNICIPAIS DECRIAO DOS CONSELHOS TUTELARES

    INTRODUO

    A partir de 12 de outubro de 1990, com a entrada em vigor do Estatuto daCriana e do Adolescente, todos os municpios brasileiros passaram a serresponsveis pela implantao do Conselho Municipal dos Direitos da Criana edo Adolescente, Conselho Tutelar e demais programas previstos na lei paraassegurar o direito de todas as crianas e adolescentes.

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    A criao do Conselho de Direitos feita a partir da proposta de leienviada Cmara de Vereadores pelo Executivo Municipal. Esta proposta deve

    prever tambm a regulamentao, no municpio, da criao e funcionamento e

    escolha dos membros do Conselho Tutelar. Se o Poder Executivo deixar detomar essa iniciativa, a sociedade pode representar ao Ministrio Pblico paraadoo das medidas administrativas ou judiciais cabveis.

    Ao propor o conjunto de orientaes que seguem, o CONANDA faz umesforo para respeitar as diferentes realidades locais e de assegurar condiesmnimas para o pleno funcionamento dos Conselhos Tutelares em todos osmunicpios brasileiros e no Distrito Federal.

    Com o objetivo de contribuir com essa importante discusso, que dizrespeito ao exerccio da cidadania e proteo integral aos interesses da crianae do adolescente, aps a realizao dos encontros regionais nas cinco regies

    brasileiras, a sistematizao, teorizao e socializao das contribuies, porconceituados especialistas da rea, culminando com a realizao do V Encontrode Articulao do CONANDA com os Conselhos Estaduais, Distrital e

    Municipais de Direitos da Criana e do Adolescente e Conselhos Tutelares,realizado em Luziania/GO, em novembro de 2000, o CONANDA editou aResoluo de n. 75, de 22 de outubro de 2001, que traa os parmetros paracriao e funcionamento dos Conselhos Tutelares.

    Entende-se porparmetrosos referenciais que devem nortear a criao eo funcionamento dos Conselhos Tutelares, os limites institucionais a seremcumpridos por seus membros, bem como pelo Poder Executivo Municipal, emobedincia s exigncias legais.

    Sabendo que vrias questes no poderiam ser objeto da Resoluo no

    75/2001, o CONANDA, respeitando o regime constitucional que assegura aosMunicpios autonomia poltica, administrativa e financeira (arts. 1, 18 e 30, daCF), decidiu elaborar um conjunto de recomendaes, na expectativa de que seavance na efetivao dos Conselhos Tutelares, principalmente no que dizrespeito adequao das legislaes municipais e decorrente compreenso dadinmica de suas relaes.

    1. DA QUANTIDADE DE CONSELHOS TUTELARES POR MUNICPIO

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    O legislador estabeleceu, conforme a nova redao dada pela Lei Federaln 8.242/91, de 12/10/91, ao art. 132 do Estatuto da Criana e do Adolescente,que:Em cada Municpio haver, no mnimo, um Conselho Tutelar composto de

    cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de trs anos,permitida uma reconduo.

    Ocorre que a diversidade populacional, econmica e de dimenses fsicasentre os municpios brasileiros indica a necessidade do estabelecimento de

    parmetro para a criao de Conselho Tutelar alm do mnimo legal.

    Por considerar de fundamental importncia para a implementao de umapoltica de atendimento eficiente para o municpio, o CONANDA recomenda a

    criao de um Conselho Tutelar a cada 200 mil habitantes, ou em densidadepopulacional menor quando o municpio for organizado por RegiesAdministrativas, ou tenha extenso territorial que justifique a criao de mais deum Conselho Tutelar por regio, devendo prevalecer sempre o critrio da menor

    proporcionalidade.

    Alm das possibilidades acima, ressalta-se que outras realidades devemser consideradas para a criao de mais Conselhos Tutelares, prevalecendo, dequalquer forma, o princpio constitucional da prioridade absoluta, notadamente

    no que tange destinao privilegiada de recursos para o atendimento e defesados direitos da criana e do adolescente.

    2. DA FUNO DE CONSELHEIRO TUTELAR:

    O carter permanente do Conselho Tutelar no assegurado aoConselheiro. Ao definir um mandato de trs anos e uma nica reconduo, alegislao apontou para a necessidade de possibilitar alternncia das lideranas

    comunitrias, fomentando o surgimento de novos atores sociais na defesa dosdireitos infanto-juvenis. Tem ainda a finalidade de evitar o inconveniente deperpetuar um mesmo Conselheiro Tutelar na funo, cristalizando rotinas,vinculando pessoas e impedindo o desenvolvimento do carter dinmico ecriativo que o Conselho Tutelar tem em sua prpria natureza.

    A reconduo prevista na lei deve ser feita pelo processo de escolhadefinido em lei municipal, devidamente fiscalizado pelo Ministrio Pblico,

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    sendo vedada a reconduo automtica ou por qualquer outra forma ou pretexto.A reconduo s possvel por novo processo de escolha.

    Sendo o Conselho Tutelar um rgo permanente e o mandato doConselheiro Tutelar improrrogvel, recomenda-se que o Conselho Municipaldos Direitos da Criana e do Adolescente garanta novo processo de escolha trsmeses antes do trmino dos mandatos.

    3. DA REMUNERAO DOS CONSELHEIROS TUTELARES

    Os Conselheiros Tutelares devem ser subsidiados (isto , remunerados)

    pela municipalidade em patamar razovel e proporcional relevncia de suasatribuies, de modo a que possam exerc-las em regime de dedicaoexclusiva.

    Embora o art.134, da Lei n 8.069/90, estabelea que a remunerao dosConselheiros Tutelares seja apenas eventual, a extrema relevncia de suasatribuies, somada s dificuldades encontradas no desempenho da funo, bemcomo a indispensvel dedicao exclusiva, em tempo integral, com atuao deforma itinerante e preventiva, dando assim o mais completo e necessrio

    atendimento populao infanto-juvenil local, exigem que a funo sejasubsidiada e em patamar razovel.

    A experincia demonstra que, em municpios onde o Conselho Tutelarno tem seus integrantes subsidiados pela municipalidade e definidos em lei, oatendimento prestado deficiente, assim como insignificante o nmero deinteressados em assumir a funo, comprometendo desse modo a prpriaexistncia do rgo.

    Inaceitvel o argumento da inexistncia de recursos para opagamento dos Conselheiros Tutelares, pois, quando se trata de criana eadolescente e em razo do princpio constitucional da prioridade absoluta,impera o comando da destinao privilegiada de recursos pblicos (inclusive

    para assegurar o regular funcionamento do Conselho Tutelar), de modo a afastarnesse aspecto a discricionariedade do administrador.

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    Os recursos necessrios ao funcionamento do Conselho Tutelar, aincludos os subsdios devidos aos Conselheiros, de conformidade com odisposto no art.134, pargrafo nico, da Lei n 8.069/90, devero estar previstos

    no oramento do municpio, sendo que o repasse da verba pela Prefeitura noestabelece qualquer "vnculo empregatcio" (devendo a prpria lei municipalassim o ressalvar de maneira expressa, j que tal vnculo tem como um dosrequisitos a relao de subordinao entre empregador e empregado, inexistenteentre o Municpio e o Conselheiro Tutelar), nem faz com que os ConselheirosTutelares venham a integrar os quadros de funcionrios da Municipalidade.

    Cabe a cada Municpio encontrar um parmetro justo para aremunerao dos Conselheiros Tutelares, podendo ser tomado como referncia

    os valores pagos, a ttulo de subsdio, aos mais elevados Cargos em Comisso.

    Desse modo, no apenas possvel, mas verdadeiramente obrigatrioque, uma vez estabelecida em lei a remunerao dos Conselheiros Tutelares,haja a previso oramentria para a cobertura de tal despesa, ficando oMunicpio, via Poder Executivo, legalmente obrigado a repassar a verbarespectiva.

    Em suma, o Conselho Tutelar deve receber da Administrao Pblica

    Municipal tratamento similar dispensado por esta aos demais rgos doMunicpio, com dotao de recursos necessrios ao seu funcionamento edevidamente consignada no oramento pblico municipal, sem a quebra de suaautonomia em face do Poder Executivo.

    O pagamento aos Conselheiros Tutelares, por outro lado, deve ser feitodiretamente pelo Municpio, sem a possibilidade do repasse da verba via FundoMunicipal dos Direito da Criana e do Adolescente, j que os recursos por elecaptados no devem ser utilizados para o pagamento de Conselheiros Tutelares,

    servidores lotados no Conselho (desempenhando funes administrativas e/ouassessoria tcnica) e/ou despesas de funcionamento do rgo.

    4. DOS DIREITOS SOCIAIS DO CONSELHEIRO TUTELAR

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    O Conselheiro Tutelar, por expressa definio legal, exerce uma funoconsiderada de relevncia pblica e que deve ocorrer em regime de dedicaoexclusiva.

    Embora no exista relao de emprego entre o Conselheiro Tutelar e amunicipalidade que gere vnculo, a ele devem ser garantidos em lei os mesmosdireitos conferidos pela legislao municipal aos servidores pblicos queexercem em comisso, para cargos de confiana , neste caso vinculado aoRegime Geral da Previdncia Social.

    O no reconhecimento dessa condio tem gerado situaes injustas,como o caso de Conselheiras Tutelares gestantes no poderem se afastar do

    exerccio de suas atribuies antes ou depois do parto, o que acarreta prejuzosaos seus filhos, maiores beneficiados com a licena-maternidade prevista naConstituio Federal.

    De outra sorte, tambm devem os Conselheiros Tutelares gozar friasanuais remuneradas, ocasio em que sero substitudos pelos suplenteslegalmente escolhidos. Nesse sentido, o CONANDA recomenda que as friassejam gozadas pelos Conselheiros titulares na proporo de um de cada vez, deforma a garantir a atuao majoritria dos titulares em qualquer tempo, com o

    fito de evitar soluo de continuidade.

    5. DA ESCOLHA E DA RECONDUO

    Nos termos do art. 139 do Estatuto da Criana e do Adolescente, Oprocesso para a escolha dos membros do Conselho Tutelar ser estabelecidoem Lei Municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipaldos Direitos da Criana e do Adolescente e a fiscalizao do Ministrio

    Pblico (Nova redao conforme Lei Federal n 8.242/91, de 12/10/91).

    O Conselho Tutelar deve ser escolhido atravs do voto direto, secreto efacultativo de todos os cidados do Municpio, em processo regulamentado econduzido pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente,que tambm ficar encarregado de dar-lhe a mais ampla publicidade, sendofiscalizado, desde sua deflagrao, pelo Ministrio Pblico.

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    Diante dos princpios constitucionais e estatutrios referentes rea dainfncia e juventude, que estabelecem, justamente, o envolvimento direto dacomunidade local na discusso e soluo dos problemas existentes, reputa-se

    verdadeiramente imprescindvel que a lei municipal assegure a participao dapopulao local no processo de escolha dos Conselheiros Tutelares, nica formade conferir legitimidade aos seus mandatos.

    A efetiva participao e envolvimento da populao no processo deescolha dos Conselheiros Tutelares constitui-se em poderoso instrumento queos cidados dispem para avaliar e controlar o trabalho a ser realizado.

    Os Municpios que possuem mais que um Conselho Tutelar devem

    organizar o processo de escolha de cada um deles, circunscrevendo aparticipao da comunidade rea de abrangncia de cada Conselho (porexemplo, para escolha dos membros do Conselho Tutelar da regio oeste, votamapenas os cidados que residem nos bairros que pertencem a esta regio).

    O processo democrtico de escolha dos Conselheiros Tutelares, que daessncia do Estatuto e da Constituio Federal (art.1, pargrafo nico),constitui aprendizado constante a ser estimulado, mesmo diante de eventuaisdificuldades e/ou falhas em seu exerccio pela populao.

    Uma vez procedida a escolha devem ser declarados eleitos os cinco maisvotados como Conselheiros titulares e os suplentes, em ordem decrescente devotao. No caso de insuficincia de suplentes para ocupar vagas, deve oConselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente providenciar arealizao de novo processo de escolha para preenchimento do nmero mnimode cinco suplentes.

    O Estatuto da Criana e do Adolescente prev que os membros do

    Conselho Tutelar sejam escolhidos pela comunidade local. A par disso, desejvel que ocorra um processo que permita a maior participao possvel dacomunidade .

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    Nesse sentido, importante que o Conselho Municipal de Direitos daCriana e do Adolescente esteja atento ao uso da mquina pblica e ao abuso do

    poder econmico, sendo necessrio que a Comisso encarregada de reger opleito regule devidamente as campanhas de escolha dos Conselheiros Tutelares,ao mesmo tempo em que mobilize a sociedade para participar do processo.

    O mandato do Conselheiro Tutelar de trs anos, permitida umareconduo, sendo vedadas medidas de qualquer natureza que abrevie ou

    prorrogue esse perodo.

    A reconduo, permitida por uma nica vez, consiste no direito do

    Conselheiro Tutelar de concorrer ao mandato subseqente, em igualdade decondies com os demais pretendentes, submetendo-se ao mesmo processo deescolha pela sociedade, vedada qualquer outra forma de reconduo.

    Em relao aos suplentes, o CONANDA entende que somente o efetivoexerccio como Conselheiro Tutelar de perodo, consecutivo ou no, superior metade do mandato, impedimento reconduo.

    6. DOS REQUISITOS PARA CANDIDATURA

    Acerca dos requisitos para o cargo,. o CONANDA considera que constitucionalmente possvel a lei municipal agregar outras caractersticas almdaquelas constantes no Estatuto da Criana e Adolescente, mas recomenda queo Municpio esteja atento ao princpio de defesa do melhor interesse da crianae do adolescente, onde fatores como escolaridade e experincia com oordenamento jurdico podem ser secundrios diante do desafio que serConselheiro Tutelar.

    O candidato ao Conselho Tutelar deve possuir o domnio do vernculo eexperincia na rea, indispensveis para o cumprimento da funo. De qualquerforma, ao se estabelecer novas exigncias na lei municipal, deve-se evitar adefinio de condies que provoquem a elitizao do Conselho Tutelar,comprometendo a prpria existncia do rgo ou acarretando o revezamento

    peridico sempre das mesmas pessoas.

    Vale ressaltar que a prtica tem demonstrado que apenas a exigncia de"reconhecida experincia no trato de crianas e adolescentes", comum na

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    imensa maioria das leis municipais, no tem assegurado satisfatria seleo decandidatos, vez que a funo de Conselheiro Tutelar no encontra similitudecom atividades outras, ainda que na lida com crianas e adolescentes,

    anteriormente exercidas pelo aspirante funo.

    Todavia, com base no princpio da participao da comunidade naoperacionalizao dos direitos sociais, ressalta-se que o Conselho Tutelar no

    precisa ser composto por tcnicos. A Lei n 8.069/90 previu a participao docidado comum na soluo dos problemas relacionados criana e aoadolescente no Municpio (da porque se exigiu que o Conselheiro preenchesseapenas trs requisitos bastante genricos - v. art.133, incs. I a III).

    Fundamental que o Conselho Tutelar tenha, sua disposio, serviospblicos que possam efetuar as avaliaes tcnicas necessrias e, se for o caso,at mesmo executar a medida aplicada por este rgo colegiado.

    O Municpio deve dispor de programas oficiais ou comunitrios deatendimento em rede de preveno e proteo, com profissionais habilitados,

    para onde possam ser encaminhadas crianas e adolescentes, bem como suasfamlias, tal qual previsto nos arts.90, 101 e 129, do ECA.

    7. DA CAPACITAO

    A contnua capacitao dos integrantes do Conselho Tutelar tambm indispensvel, de modo que eles sejam preparados para o exerccio de suasrelevantes atribuies em sua plenitude, o que obviamente no se restringe aoatendimento de crianas e adolescentes, mas tambm importa numa atuao

    preventiva, identificando demandas e fazendo gestes junto ao Conselho

    Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente e Prefeitura Municipal paraa criao e/ou ampliao de programas especficos, que daro ao rgocondies de um efetivo funcionamento.

    Outra no , alis, a razo de ter o art.136, IX, da Lei n 8.069/90,estabelecido como uma das atribuies do Conselho Tutelar o assessoramentodo Poder Executivo na elaborao da proposta oramentria para planos e

    programas de atendimento dos direitos da criana e do adolescente, proposta

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    esta que, na forma do disposto no art.4, pargrafo. nico, alneas c e d, domesmo diploma, c/c art.227, caput, da Constituio Federal, deve dar umenfoque prioritrio, e em regime de prioridade absoluta, criana e ao

    adolescente.

    Por outro lado extremamente importante que haja uma polticamunicipal (se possvel, intermunicipal ou estadual) de capacitao deConselheiros Tutelares (titulares e suplentes), antes da posse e durante odesempenho de suas funes, de forma permanente e sistemtica.

    Neste aspecto cabe lei municipal estabelecer os compromissos econdies para a efetivao da atuao qualificada do Conselho, bem como do

    Conselheiro, devendo inclusive a lei oramentria apontar os recursosnecessrios para o custeio de atividades de qualificao e capacitao dosConselheiros Tutelares.

    8. DA COMPOSIO/DISSOLUO DO CONSELHO TUTELAR

    Cada Conselho Tutelar ser composto invariavelmente de 05 (cinco)integrantes, que exercero as mesmas atribuies, sem tratamento diferenciado

    pela legislao local. Caso haja o afastamento de um Conselheiro Tutelar, a lei

    dever prever que o suplente assumir imediatamente a vaga deixada. Devehaver o cuidado de se garantir sempre a existncia de suplentes, realizando-seinclusive, a qualquer tempo, o processo de escolha para preenchimento dessasfunes, visto que o Conselho Tutelar no pode funcionar com nmero distintodo legal.

    O Conselho Tutelar um rgo colegiado e somente como tal podefuncionar. O nmero legal de Conselheiros Tutelares estabelecido pelo art.132da Lei n 8.069/90, de 05 (cinco), no havendo que se falar em mximo ou

    mnimo a permitir o funcionamento do rgo.

    Caso algum dos Conselheiros Tutelares se afaste ou seja afastado desuas atribuies, seja qual for a razo, devero os suplentes assumir deimediato, de modo que seja mantida a composio legal do rgo.

    9. DA AUTONOMIA E DO FUNCIONAMENTO

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    Como rgo autnomo no existe subordinao funcional do ConselhoTutelar a qualquer rgo ou instncia. Entretanto, a atividade do Conselho

    Tutelar est vinculada a uma estrutura orgnica do Poder Executivo Municipal.Para maior dinamismo do trabalho a ser efetuado pelo Conselho Tutelar, oCONANDA recomenda que ele esteja institucionalmente (para fins meramenteadministrativo-burocrticos) vinculado a estrutura geral do Poder Executivo, aexemplo dos demais rgos do municpio.

    Em razo do disposto no art.134, caput, do Estatuto da Criana e doAdolescente, a lei municipal deve estabelecer, expressamente, tanto o horrioquanto o local de funcionamento do Conselho Tutelar. O CONANDA entende

    que o funcionamento do Conselho Tutelar deve respeitar o horrio comercialdurante a semana, assegurando-se um mnimo de 8 horas dirias para todo ocolegiado e rodzio para o planto, por telefone mvel ou outra forma delocalizao do Conselheiro responsvel, durante a noite e final de semana.

    importante no confundir horrio de funcionamento do ConselhoTutelar com sesso plenria de deliberao quanto s medidas a serem aplicadase outros assuntos constantes da pauta, que na prtica so distintas.

    O horrio de funcionamento do Conselho Tutelar deve ser entendidocomo aquele em que o rgo ficar aberto populao, tal qual uma repartiopblica. Isso no significa que todos os Conselheiros Tutelaresobrigatoriamente devero estar presentes na sede do Conselho Tutelarsimultaneamente, porquanto so inmeras as atividades que exigem contatodireto destes com a populao.

    Embora possa o Regimento Interno do Conselho Tutelar prever apermanncia de ao menos 3 (trs) Conselheiros na sede do rgo, certo que

    estes tambm tero por misso a regular visita s comunidades dos maislongnquos rinces do Municpio e o atendimento de casos em cada local, parao que tambm devero contar com veculo e suporte administrativo necessriosaos deslocamentos.

    O Conselho Tutelar no deve funcionar como um rgo esttico, queapenas aguarda o encaminhamento de denncias. Deve ser atuante e itinerante,com preocupao eminentemente preventiva, aplicando medidas e efetuando

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    encaminhamentos diante da simples ameaa de violao de direitos de crianase adolescentes.

    O Conselho Tutelar um rgo colegiado, devendo suas deliberaes sertomadas pela maioria de votos de seus integrantes, em sesses deliberativasprprias, realizadas da forma como dispuser o Regimento Interno, sem prejuzodo horrio de funcionamento previsto na legislao municipal especfica.Quando um Conselheiro se encontrar sozinho em um planto, e havendourgncia, ele poder tomar decises monocrticas, submetendo-as a posterioraprovao do colegiado, o mais breve possvel.

    Todos os casos atendidos, aos quais seja necessria a aplicao de uma

    ou mais das medidas previstas nos arts.101 e 129 do Estatuto da Criana e doAdolescente, e mesmo as representaes oferecidas por infrao s normas deproteo criana e ao adolescente, devero passar pela deliberao eaprovao do colegiado, sob pena de nulidade dos atos praticados isoladamente

    por apenas um ou mais Conselheiros, sem respeito ao quorum mnimo deinstalao da sesso deliberativa.

    10. DO APOIO AO FUNCIONAMENTO

    Para o bom funcionamento do(s) Conselho(s) Tutelar(es) o ExecutivoMunicipal deve providenciar local para sedi-lo(s), bem como mobilirioadequado, telefone/fax, computadores, transporte e pessoal administrativo.

    A complexidade da tarefa dos Conselhos Tutelares exige um conjuntode conhecimentos que nem sempre so assegurados pela sua composio. Paraisso, faz-se mister o apoio aos Conselheiros em seus procedimentos, que podeser garantido por um corpo de assessoramento tcnico, e inclusive pela rede deservios que executa as polticas pblicas.

    11. DA PERDA DO MANDATO/ VINCULAO ESTRUTURAL.

    O Conselheiro Tutelar, a qualquer tempo, pode ter seu mandato suspensoou cassado, no caso de comprovado descumprimento de suas atribuies,

    prtica de atos considerados ilcitos, ou comprovada conduta incompatvel coma confiana e outorga pela comunidade.

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    Para efeito de interpretao, o CONANDA considera como caso decometimento de falta funcional grave, entre outras que possam ser aditadas pelamunicipalidade:

    I- usar da funo em benefcio prprio;II- romper sigilo em relao aos casos analisados pelo Conselho Tutelar queintegre;III - manter conduta incompatvel com o cargo que ocupa ou exceder-se noexerccio da funo de modo a exorbitar sua atribuio, abusando da autoridadeque lhe foi conferida;IV - recusar-se a prestar atendimento ou omitir-se a isso quanto ao exerccio desuas atribuies quando em expediente de funcionamento do Conselho Tutelar;

    V - aplicar medida de proteo contrariando a deciso colegiada do ConselhoTutelar;VI - deixar de comparecer no planto e no horrio estabelecido;VII - exercer outra atividade, incompatvel com o exerccio do cargo, nostermos desta Lei.VIII - receber, em razo do cargo, honorrios, gratificaes, custas,emolumentos, diligncias;

    Face ao princpio constitucional da legalidade, deve a lei municipal

    relacionar todas as hipteses de perda do mandato do Conselheiro Tutelar,assim como tambm conveniente a previso de sanes administrativas outras,evitando que falhas funcionais leves possam resultar na aplicao da sanoextrema. As situaes de afastamento ou cassao de mandato de ConselheiroTutelar devem ser precedidas de atos administrativos perfeitos, assegurados aimparcialidade dos sindicantes, o direito ao contraditrio e a ampla defesa.

    A apurao ser instaurada pelo rgo sindicante, por denncia dequalquer cidado ou representao do Ministrio Pblico. O processo de

    apurao sigiloso, devendo ser concludo em breve espao de tempo. Depoisde ouvido o indiciado dever existir um prazo para este apresentar sua defesa,sendo-lhe facultada consulta aos autos.

    A atribuio de instaurar sindicncia para apurar eventual falta gravecometida por Conselheiro Tutelar no exerccio de sua funo deve ser confiadaa uma Comisso de tica, criada por lei municipal, cuja composio assegurara participao de membros do Conselho Tutelar e do Conselho Municipal dos

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    Direitos da Criana e do Adolescente em grau de paridade com qualquer outrorgo ou setor.

    A legislao, ao prever as situaes que podero provocar a suspensoou perda de mandato do Conselheiro Tutelar, deve estabelecer como parmetross situaes em que o Conselheiro:

    1 - for condenado pela prtica de crime doloso, contraveno penal ou pelaprtica de infraes administrativas previstas na Lei 8069/90;

    2 - sofrer a penalidade administrativa de perda de mandato, conforme sanoprevista em lei municipal;

    3 faltar, consecutivamente ou alternadamente, sem justificativa, as sessesdo Conselho Tutelar no espao de um ano, conforme limites explcitos em leimunicipal.

    4 - reiteradamente :

    a) recusar-se, injustificadamente, a prestar atendimento;

    b) omitir-se quanto ao exerccio de suas atribuies;

    c) exercer outra atividade, incompatvel com o exerccio do cargo;

    d) receber, em razo do cargo, honorrios, gratificaes, custas,emolumentos, diligncias.

    Quando a violao cometida pelo Conselheiro Tutelar contra o direitoda criana ou adolescente constituir delito, caber Comisso de tica,concomitantemente ao processo sindicante, oferecer notcia do ato ao MinistrioPblico para a as providncias legais cabveis.

    As concluses da Comisso de tica devem ser remetidas ao ConselhoMunicipal que, em Plenria, decidir sobre a penalidade a ser aplicada.

    A penalidade aprovada em Plenria do Conselho, inclusive a perda domandato, dever ser convertida em ato administrativo do Chefe do PoderExecutivo Municipal, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criana

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    e do Adolescente expedir Resoluo declarando vago o cargo quando for ocaso, situao em que o Prefeito Municipal dar posse ao primeiro suplente.

    O Conanda recomenda, ainda, que:

    Constatada a falta grave cometida pelo Conselheiro Tutelar, a leimunicipal poder prever as seguintes sanes:a - advertncia;

    b - suspenso no remunerada, de 01(um) a 03 (trs) meses;c - perda da funo.

    Aplicar-se- a advertncia nas hipteses previstas nos incisos III, V, VI e

    VIII. Aplicar-se- a penalidade de suspenso no remunerada ocorrendoreincidncia nas hipteses previstas nos incisos I, II, IV, VIII e na hipteseprevista nos inciso V, quando irreparvel o prejuzo decorrente da faltaverificada.

    Considera-se reincidncia quando o Conselheiro Tutelar comete novafalta grave, depois de j ter sido penalizado, irrecorrivelmente, por infraoanterior.

    Recomenda-se que a aplicao da penalidade de perda da funo quando,aps a aplicao de suspenso no remunerada, o Conselheiro Tutelar cometernova falta grave.

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    CONCLUSO

    O CONANDA tem o entendimento de que, com estas recomendaes,

    no encerra as questes afetas matria, sendo seu objetivo maior orientar osmunicpios no que se refere ao funcionamento dos Conselhos Tutelares.

    Ao contrrio do modelo vigente at ento, impulsionado por uma novatica, o Estado Brasileiro promulgou normas revolucionrias na Constituio de1988, firmou a Conveno das Naes Unidas sobre os Direitos da Criana de1989 e estabeleceu novas regras de conduta no Estatuto da Criana e doAdolescente de 1990.

    A mudana de agora deve-se a uma nova prxis que estamos construindopara o sculo XXI e para o terceiro milnio do cristianismo: a Doutrina daProteo Integral. Por meio dela, intenta-se proteger meninos e meninas no emsistemas para menores mas no sistema multiparticipativo e aberto da cidadaniasocial. Esse um desafio para todos, pois implica na mudana de paradigma, oque significa passar a ver crianas e adolescentes, como cidados sujeitos dedireitos e de deveres em si mesmos e no como extenso dos pais, dasinstituies pblicas ou sociais. Significa tambm preparar continuamentecrianas e adolescentes para que se vejam como cidados.

    Essa mudana de paradigma significa que devemos, todos ns,responsabilizar-nos por integrar crianas e adolescentes nos benefcios pblicosda produo de bens, da educao, da sade, do esporte, da cultura, do lazer, dasegurana pblica, da justia. Assim, estaremos trabalhando por uma sociedadesem excluso social.

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    A regra constitucional brasileira introduz o poder real de cada um fazervaler o direito de ter atendidas as suas necessidades bsicas. Isso traz para ns o

    poder de participar, diretamente ou por meio de representantes, do processo

    decisrio das polticas pblicas em nosso Pas. Para isso as pessoas necessitamsentirem-se sujeitos da histria. O nico caminho para isso o da democraciaparticipativa, que se constri no dia a dia de nossas vidas.

    Os Conselhos Tutelares constituem-se no maior e mais direto instrumentode participao da comunidade na efetivao dos princpios de cidadania queconstrumos em nossa Constituio. So o lugar mpar onde as pessoas sedispem a participar e para tanto tm condies de faz-lo diretamente,avalizadas pela prpria comunidade.

    A partir desse documento o CONANDA considera que se inaugura outroimportante momento com a sociedade, no tocante ao exerccio da cidadania -sntese da razo de ser dos Conselhos Tutelares - e espera com issoaproximar-se cada vez mais da sua misso institucional.

    Os debates que acontecem hodiernamente sobre o ECA nos do a certezade que ainda h muito por fazer antes de vermos implementada a sociedadetica, humanista e fraterna que desejamos para as geraes presentes e futuras.

    Finalmente, o CONANDA recomenda que cada Lei Municipal, ao criarnovos Conselhos Tutelares, ou mesmo quando da necessria adequao sorientaes ora propostas, levem em considerao este documento, bem comosejam respeitadas as determinaes contida na Resoluo de N. 75, de 22 deoutubro de 2001, que dispe sobre os PARMETROS PARA A CRIAO E O

    FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS TUTELARES.

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    CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTECONANDA

    RESOLUO N 75 DE 22 DE OUTUBRO DE 2001.

    Dispe sobre os parmetros para a criao efuncionamento dos Conselhos Tutelares e d outras

    providncias

    O Conselho Nacional dos Direitos da Criana e do Adolescente CONANDA, no usode suas atribuies legais, nos termos do art. 28, inc. IV do seu Regimento Interno, e tendo em

    vista o disposto no art. 2o, inc.I, da Lei no8.242, de 12 de outubro de 1991, em sua 83a

    Assemblia Ordinria, de 08 e 09 de Agosto de 2001, em cumprimento ao que estabelecem oart. 227 da Constituio Federal e os arts. 131 138 do Estatuto da Criana e do Adolescente

    (Lei Federal no8.069/90) , resolve:

    Art. 1o Ficam estabelecidos os parmetros para a criao e o funcionamento dos

    Conselhos Tutelares em todo o territrio nacional, nos termos do art. 131 do Estatuto daCriana e do Adolescente, enquanto rgos encarregados pela sociedade de zelar pelocumprimento dos direitos da criana e do adolescente.

    Pargrafo nico. Entende-se porparmetros os referenciais que devem nortear acriao e o funcionamento dos Conselhos Tutelares, os limites institucionais a seremcumpridos por seus membros, bem como pelo Poder Executivo Municipal, em obedincia sexigncias legais.

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    Art. 2o Conforme dispe o art. 132 do Estatuto da Criana e do Adolescente, obrigao de todos os municpios, mediante lei e independente do nmero de habitantes, criar,instalar e ter em funcionamento, no mnimo, um Conselho Tutelar enquanto rgo daadministrao municipal.

    Art. 3o A legislao municipal dever explicitar a estrutura administrativa einstitucional necessria ao adequado funcionamento do Conselho Tutelar.

    Pargrafo nico. A Lei Oramentria Municipal dever, em programas de trabalhoespecficos, prever dotao para o custeio das atividades desempenhadas pelo ConselhoTutelar, inclusive para as despesas com subsdios e capacitao dos Conselheiros, aquisio emanuteno de bens mveis e imveis, pagamento de servios de terceiros e encargos, dirias,material de consumo, passagens e outras despesas.

    Art. 4o Considerada a extenso do trabalho e o carter permanente do ConselhoTutelar, a funo de Conselheiro, quando subsidiada, exige dedicao exclusiva, observado oque determina o art. 37, incs. XVI e XVII, da Constituio Federal.

    Art. 5o O Conselho Tutelar, enquanto rgo pblico autnomo, no desempenho desuas atribuies legais, no se subordina aos Poderes Executivo e Legislativo Municipais, aoPoder Judicirio ou ao Ministrio Pblico.

    Art. 6o O Conselho Tutelar rgo pblico no jurisdicional, que desempenha funesadministrativas direcionadas ao cumprimento dos direitos da criana e do adolescente, semintegrar o Poder Judicirio.

    Art. 7o atribuio do Conselho Tutelar, nos termos do art. 136 do Estatuto daCriana e do Adolescente, ao tomar conhecimento de fatos que caracterizem ameaa e/ouviolao dos direitos da criana e do adolescente, adotar os procedimentos legais cabveis e,se for o caso, aplicar as medidas de proteo previstas na legislao.

    1 As decises do Conselho Tutelar somente podero ser revistas por autoridadejudiciria mediante provocao da parte interessada ou do agente do Ministrio Pblico.

    2 A autoridade do Conselho Tutelar para aplicar medidas de proteo deve serentendida como a funo de tomar providncias, em nome da sociedade e fundada noordenamento jurdico, para que cesse a ameaa ou violao dos direitos da criana e doadolescente.

    Art. 8 O Conselho Tutelar ser composto por cinco membros, vedadas deliberaescom nmero superior ou inferior, sob pena de nulidade dos atos praticados.

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    1 Sero escolhidos no mesmo pleito para o Conselho Tutelar o nmero mnimo decinco suplentes.

    2 Ocorrendo vacncia ou afastamento de qualquer de seus membros titulares,independente das razes, deve ser procedida imediata convocao do suplente para o

    preenchimento da vaga e a conseqente regularizao de sua composio.

    3 No caso da inexistncia de suplentes, em qualquer tempo, dever o ConselhoMunicipal dos Direitos da Criana e do Adolescente realizar o processo de escolhasuplementar para o preenchimento das vagas.

    Art. 9o Os Conselheiros Tutelares devem ser escolhidos mediante voto direto, secreto efacultativo de todos os cidados maiores de dezesseis anos do municpio, em processoregulamentado e conduzido pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do

    Adolescente, que tambm ficar encarregado de dar-lhe a mais ampla publicidade, sendofiscalizado, desde sua deflagrao, pelo Ministrio Pblico.

    Art. 10 Em cumprimento ao que determina o Estatuto da Criana e do Adolescente, omandato do Conselheiro Tutelar de trs anos, permitida uma reconduo, sendo vedadasmedidas de qualquer natureza que abrevie ou prorrogue esse perodo.

    Pargrafo nico. A reconduo, permitida por uma nica vez, consiste no direito doConselheiro Tutelar de concorrer ao mandato subseqente, em igualdade de condies com osdemais pretendentes, submetendo-se ao mesmo processo de escolha pela sociedade, vedada

    qualquer outra forma de reconduo.Art. 11 Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar devem ser exigidas de seuspostulantes a comprovao de reconhecida idoneidade moral, maioridade civil e residnciafixa no municpio, alm de outros requisitos que podem estar estabelecidos na lei municipal eem consonncia com os direitos individuais estabelecidos na Constituio Federal.

    Art. 12 O Conselheiro Tutelar, na forma da lei municipal e a qualquer tempo, pode terseu mandato suspenso ou cassado, no caso de descumprimento de suas atribuies, prtica deatos ilcitos ou conduta incompatvel com a confiana outorgada pela comunidade.

    1 As situaes de afastamento ou cassao de mandato de Conselheiro Tutelar

    devem ser precedidas de sindicncia e/ou processo administrativo, assegurando-se aimparcialidade dos responsveis pela apurao, o direito ao contraditrio e a ampla defesa.

    2 As concluses da sindicncia administrativa devem ser remetidas ao ConselhoMunicipal dos Direitos da Criana e do Adolescente que, em plenria, deliberar acerca daadoo das medidas cabveis.

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    3 Quando a violao cometida pelo Conselheiro Tutelar constituir ilcito penal caberaos responsveis pela apurao oferecer notcia de tal fato ao Ministrio Pblico para as

    providncias legais cabveis.

    Art. 13 Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

    Braslia,22 de outubro de 2001

    Cludio Augusto Vieira da SilvaPresidente