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RESERVA BIOLÓGICA DO MATO GRANDE: UM PATRIMÕNIO CULTURAL E NATURAL Juliana Corrêa Pereira José Milton Schlee Jr. A Reserva Biológica do Mato Grande foi decretada no dia 12 de março de 1975 pelo Decreto Estadual n° 23.798, com a finalidade de recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. O Grupo Ecológico Amantes da Natureza (GEAN) juntamente com a comunidade de Arroio Grande (RS, Brasil) tem lutado desde 2001 pela implantação desta unidade de conservação no Mato Grande como forma de assegurar a conservação e preservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida das populações locais abrangidas. Sem a sua efetiva implantação ocorre uma gradativa perda da biodiversidade do ecossistema do Mato Grande, tornando-se vulnerável o equilíbrio natural de toda a biorregião da Lagoa Mirim. ASPECTOS BIOFÍSICOS: CLIMA, GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA. A Reserva Biológica do Mato Grande possui uma área de 5.161ha do bioma de restinga, atualmente de domínio privado, localiza-se no Distrito de Santa Isabel (32°08’ S, 52°44’ W), município de Arroio Grande, sul do Rio Grande do Sul, Brasil (Figura 1).Considerada uma das áreas núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, devido sua importância para a conservação de remanescentes de mata de restinga. O clima da região, como em toda a Planície Costeira do Rio Grande do Sul, é subtropical úmido, enquadra-se na classificação de Köpeen como “Cfa”, mesotérmico brando, com temperaturas médias das máximas superior a 22°C e a média das mínimas entre -3 e 18°C (Vieira,1988). Quanto aos níveis de precipitação, apresenta valores médios anuais entre 1150mm e 1450mm, com 92 a 110 dias de chuva por ano (Schlee Jr, 2000). O Mato Grande está localizado na Planície Costeira interna em região fisionômica natural marcada por terrenos de sedimentação recente associados geomorfologicamente as transgressões e regressões marinhas quaternárias, responsáveis pela gênese do complexo lagunar: Lagoa Mirim, canal do São Gonçalo e Laguna dos Patos.

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Page 1: RESERVA BIOLÓGICA DO MATO GRANDE - mec.gub.uy · 1).Considerada uma das áreas núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, devido sua importância para a conservação de

RESERVA BIOLÓGICA DO MATO GRANDE:

UM PATRIMÕNIO CULTURAL E NATURAL

Juliana Corrêa Pereira

José Milton Schlee Jr.

A Reserva Biológica do Mato Grande foi decretada no dia 12 de março de 1975

pelo Decreto Estadual n° 23.798, com a finalidade de recuperar e preservar o equilíbrio

natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.

O Grupo Ecológico Amantes da Natureza (GEAN) juntamente com a

comunidade de Arroio Grande (RS, Brasil) tem lutado desde 2001 pela implantação

desta unidade de conservação no Mato Grande como forma de assegurar a conservação

e preservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida das populações locais

abrangidas. Sem a sua efetiva implantação ocorre uma gradativa perda da

biodiversidade do ecossistema do Mato Grande, tornando-se vulnerável o equilíbrio

natural de toda a biorregião da Lagoa Mirim.

ASPECTOS BIOFÍSICOS: CLIMA, GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA.

A Reserva Biológica do Mato Grande possui uma área de 5.161ha do bioma de

restinga, atualmente de domínio privado, localiza-se no Distrito de Santa Isabel (32°08’

S, 52°44’ W), município de Arroio Grande, sul do Rio Grande do Sul, Brasil (Figura

1).Considerada uma das áreas núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, devido

sua importância para a conservação de remanescentes de mata de restinga.

O clima da região, como em toda a Planície Costeira do Rio Grande do Sul, é

subtropical úmido, enquadra-se na classificação de Köpeen como “Cfa”, mesotérmico

brando, com temperaturas médias das máximas superior a 22°C e a média das mínimas

entre -3 e 18°C (Vieira,1988). Quanto aos níveis de precipitação, apresenta valores

médios anuais entre 1150mm e 1450mm, com 92 a 110 dias de chuva por ano (Schlee

Jr, 2000).

O Mato Grande está localizado na Planície Costeira interna em região

fisionômica natural marcada por terrenos de sedimentação recente associados

geomorfologicamente as transgressões e regressões marinhas quaternárias, responsáveis

pela gênese do complexo lagunar: Lagoa Mirim, canal do São Gonçalo e Laguna dos

Patos.

Page 2: RESERVA BIOLÓGICA DO MATO GRANDE - mec.gub.uy · 1).Considerada uma das áreas núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, devido sua importância para a conservação de

Figura1. Localização da Reserva Biológica do Mato Grande (a); Ficus organensis

espécie característica do Mato Grande (b) e aspecto geral da mata de Restinga, campos

e banhados(c).

Os terrenos quartenários, com altitudes inferiores a 15m são cobertos sobre tudo

de dunas e banhados. A vegetação florestal forma fragmentos longitudinais associados

aos solos bem drenados, tipo Areias Quartzosas distróficas com baixo conteúdo de

matéria orgânica e solos mal drenados, que pode variar desde Solos Orgânicos até Glei

Húmicos e Glei Pouco Húmico (Waechter & Jarenkow, 1998).

ASPECTOS DO AMBIENTE NATURAL E BIODIVERSIDADE DO MATO

GRANDE

Inserida no Bioma de Restinga a REBIO possui associados ecossistemas de

banhados, matas de restinga paludosa e arenosa, campos arenosos secos e úmidos. Toda

esta complexidade biológica está refletida nos elementos da fauna e flora, apresentando

componentes florísticos pertencentes fitogeograficamente a todos contingentes

migratórios da flora estadual. Estruturalmente a mata apresenta elevado valor de

equabilidade e diversidade específica, ressaltando também a influência atlântica na

Lagoa Mirim

MATO GRANDE

a b

c

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fisionomia da reserva dada pela presença de Figueiras, Bromeliáceas e Orquidáceas

(Correa-Pereira, Schlee Jr & Soares, 2005).

No Mato Grande, os banhados ocupam grande área de alagamentos no inverno,

formando uma rede entre os arroios Parapó e Moreira, e a Lagoa Mirim; no verão os

banhados adquirem feições pantanosas, tornando-se algumas áreas com características

de campo úmido.

A Mata de Restinga Arenosa tem como principal característica apresentar uma

maior complexidade estrutural florística dentre o ecossistema Restinga, localiza-se em

áreas bem drenadas, não sujeitas à alagamentos sazonais, sobre cristas de dunas

pleistocênicas. As espécies arbóreas com maior representação fisionômica nos

remanescentes de mata são: Ficus spp. (figueira-de-folha-miúda e figueira-de-folha-

grande), Ruprechtia laxiflora (farinha-seca), Erythrina crista-galli (corticeira).

A influência tropical se observa na floresta do Mato Grande em todas as formas

de vida e ambientes, exemplificado pelo elevado número de espécies epifíticas e

herbáceas: Bromeliáceas (7), Orquidáceas (7), Cactáceas (5) e Piperáceas (5) e

arbustivas: Acanthaceae (1) e Rubiaceae (1) (Correa-Pereira, Schlee Jr & Soares, 2005).

Quanto à fauna observada na REBIO, percebe-se a associação de aves palustres,

aves migratórias do hemisfério norte e sul tanto quanto aves florestais. Foram

encontrados mamíferos ameaçados de extinção a nível estadual e regional, bem como

espécies generalistas que possuem papel de extrema importância como dispersores em

fragmentos florestais no sul do Rio Grande do Sul, e que mantém suas populações ainda

viáveis em toda biorregião no Mato Grande e Lagoa Mirim.

Com o intuito contribuir com ferramentas científicas comprobatórias necessárias

para a efetiva implantação da Reserva Biológica do Mato Grande, um grupo de

pesquisadores do Grupo Ecológico Amantes da Natureza realiza uma série de estudos

qualitativos e quantitativos do ambiente natural (a fauna, a flora, as suas relações

ecológicas). Ecologia Florestal foi pesquisado pela equipe de biólogos José Milton

Schlee Jr. e Juliana Corrêa Pereira, o estudo sobre os mamíferos terrestres de médio e

grande porte foi realizado pelo Ecólogo José Bonifácio Garcia Soares, e levantamento

ornitológico na REBIO e entorno, está sendo desenvolvido pela equipe composta pelos

biólogos: Prof. Rafael Dias, Marco Antônio Afonso Coimbra e Jéferson Vizentin

Bugoni. Além disso, o Engenheiro Agrônomo Cláudio Corrêa Pereira estudou o

histórico da ocupação indígena pré-colonial no Mato Grande.

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Ecologia Florestal na Reserva Biológica do Mato Grande

No levantamento florístico geral da mata de restinga foram encontradas 89

espécies distribuídas em 37 famílias, pertencentes a sinúsia arbórea, arbustiva, herbácea

e epifítica (Tabela 1).

Tabela 1. Espécies presentes na mata de restinga na Reserva Biológica do Mato Grande,

Arroio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil.

EPHEDRACEAE

Ephedra tweediana

ACANTACEAE

Dicliptera sp.

Hygrophila sp.

Justicia brasiliana Roth

ANACARDIACEAE

Lithraea brasiliensis Marchand

Schinus polygamus

AQUIFOLIACEAE(Edwin 1967)

Ilex dumosa Reiss.

ASTERACEAE

Mikania cordifolia (L. F.)Willd.

BROMELIACEAE

Aechmea recurvata

Billbergia nutans Wendl. Ex. Regel

Bromélia antiacantha Bertol.

Tilandsia aëranthus (Loisel.) L. B. Smith

Tilandsia geminiflora Brongn.

T. stricta

Tilandsia usneoides L.

CACTACEAE

Cereus hildmanianus K. Schum.

Lepismium cruciforme (Vell.) Miq.

Lepismium lumbricoides (Lem.) Barthl.

Opuntia monacantha Haw.

Rhipsalis baccifera (Mill)Stearn

CAESALPINIACEAE (Burkart 1987...)

Senna corymbosa

CELASTRACEAE (Okano, 1992)

Maytenus cassineformis Reissek

M. ilicifolia Mart ex Reiss.

COMBRETACEAE (Exell & Reitz 1967)

Terminalia australis Camb.

COMMELINACEAE

Tradescantia fluminensis Vell

Tripogandra glandulosa (Seub.)Rohweder

EBENACEAE

Diospyros inconstans Jacq.

ERYTHROXYLACEAE

Erythroxylum argentinum Schultz

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EUPHORBIACEAE

Sebastiania brasiliensis Spreng.

Sebastiania commersoniana

Sebastiania schottiana

FLACOURTIACEAE (Sleumer 1980)

Casearia decandra Jacq.

Casearia silvestris Sw.

Xylosma pseudosalzsmanii

LAMIACEAE

Vitex megapotamica(Spreng.)Mold.

MALVACEAE

Hybiscus cisplatensis

Pavonia friesii Krap.

Pavonia sepium Vell.

Sida prostrata St.-Hil.

Sida rhombifolia L.

MELIACEAE

Trichilia elegans A Juss.

MIMOSACEAE

Calliandra tweediei Bentham

Mimosa bimucronata(DC.) Ktze

MORACEAE

Ficus luschnathiana(Miq.) Miq.

Fícus organensis

Sorocea bonplandii (Baill.) Burger et al.

MYRSINACEAE (Siqueira 1987)

Myrsine ferruginea = M. Coriacea

Myrsine laetevirens

Myrsine umbellata

M. parvula

MYRTACEAE (Marchiori & Sobral 1997)

Blepharocalyx salicifolius(Kunth)Berg

Eugenia uniflora L.

Eugenia uruguayensis Camb.

Myrcia palustris (DC.)Kaus

Myrcianthes cisplatensis (Camb.)Berg

Myrcianthes gigantea (Legr.)Legr.

ORCHIDACEAE

Campilocentrum aromaticum B. Rodr.

Cattleya intermédia Grah. Ex Hook.

Mesadenella cuspidata (Lindl.)Garay

Oncidium ciliatum Lindl.

Oncidium flexuosum Sims

Oncidium pumilum Lindl.

Pleurothallis smithiana Lindl

PALMAE (Reitz 1974)

Syagrus romanzoffiana (Cham.)Glasm.

PAPILIONACEAE (Neubert & Miotto 1996)

Erythrina crista-galli L.

Sesbania punicea (Cav.) Benth

Vigna adenantha

PHYTOLACACEAE

Phytolacca dioica L. (Burkart, 1987)

PIPERACEAE

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Peperomia catharinae Miq.

Peperomia delicatula Hensch.

Peperomia obtusifolia (L.) A Dietr.

Peperomia tetraphylla (Forst.)Hook. Et Arn.

Piper gaudichaudianum Kunth

POLYGONACEAE

Ruprechtia laxiflora

PONTEDERIDACEAE

Pontederia lanceolata Nutt.

RHAMNACEAE

Scutia buxifolia Reiss.

RUBIACEAE

Cephalanthus glabratus

Guettarda uruguensis Cham. Et Schlecht.

RUTACEAE

Zanthoxylum hyemale St.-Hil.

Zanthoxylum rhoifolium Lam.

SANTALACEAE (Mattos 1967b)

Jodina rhombifolia Hook. Et Arn.

SAPINDACEAE

Allophylus edulis (St.-Hil.) Radlk.

Cupania vernalis Camb.

SAPOTACEAE

Chrysophyllum marginatum

Chrysophyllum gonocarpum

Sideroxylom obtusifolium

ULMACEAE (Marchioretto 1988)

Celtis spinosa Spreng.

Trema micrantha (L.) Blume

VITACEAE

Cissus striata Ruiz et Pav.

Na REBIO foram encontradas duas espécies da flora ameaçadas de extinção:

Jodina rhombifolia (cancorosa-de-três-pontas) pertencente à família Santalacaceae e

Ephedra tweediana da família Ephedraceae. Também ocorrem três espécies imunes ao

corte conforme legislação estadual vigente: Erythrina crista-galli (corticeira), Ficus

organensis e F. luschnathiana ( figueiras).

Estudo fitossociológico do componente arbóreo de um

remanescente de Mata de Restinga Arenosa, sul do Brasil.

Capítulo baseado no artigo publicado por Correa-Pereira, Schlee Jr & Soares

(2005).

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Metodologia

A metodologia utilizada para a análise e compreensão da flora inclui levantamento

quantitativo e qualitativo. A amostragem fitocenológica do componente arbóreo foi

analisada através do método dos quadrantes centrados (Cottam e Curtis, 1956; Waechter

e Jarenkow, 1998; Durigan, 2003). A árvore mais próxima dentro de cada quadrante

com diâmetro à altura do peito (DAP) igual ou superior a 5cm foram amostradas,

anotando-se a sua altura e distância até o ponto. Estimou-se para as espécies amostradas

os parâmetros absolutos e relativos de densidade, freqüência, dominância, assim como

os valores de importância (VI) e cobertura (VC), o índice de diversidade de Shannon

(H’) e a equabilidade de Pielou (J’) (Magurran,1988).

Resultados

Na análise estrutural da sinúsia arbórea, foram inventariados até o momento 20

pontos amostrais e completada a avaliação qualitativa da flora fanerogâmica de todos os

ambientes dentro da REBIO Mato Grande.

Nos três transectos realizados foram amostrados 20 pontos, totalizando uma área

de trabalho de 909,327m2. A distância média estimada de 3,371m resultou em uma

densidade total de 879,771 ind/ha distribuídos em 17 espécies e 13 famílias.

As espécies que se destacaram em VI foram Ficus luschnatiana (13,77),

Ruprechtia laxiflora (12,35), Sideroxylum obtusifolium (11,06), Zanthoxylum rhoifolium

(9,72) e Jodina rhombifolia (6,93) que acumularam 53,83% do total (Tabela 2).

Nesta organização em valores de importância observa-se a relevância das

espécies oriundas do contingente migratório atlântico, definindo o aspecto

fitofisionômico do Mato Grande, caracterizado pelo dossel constituído por Ficus

luschnatiana e Sideroxylum obtusifolium que apresentam valores altos de dominância,

assim como elevada área basal e altura; a submata é constituída por Ruprechtia

laxiflora, Zanthoxylum rhoifolium e Jodina rhombifolia que possuem elevada

freqüência e densidade, no entanto apresentam baixa área basal e altura (Tabela 2).

O índice de diversidade de Shannon (2,55 nats.indivíduo-1

) é um dos mais altos

já registrados para as matas de restinga do sul do Rio Grande do Sul, assim como no

resultado do índice de equabilidade de Pielou (J’) que foi 0,90 (Tabela 3),

provavelmente influenciado pela maior continentalidade em relação a outras matas de

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restinga do estado, e por influência dos diversos contingentes migratórios de flora que

chegam ao Mato Grande oriundos dos corredores de diversidade como os arroios

Parapó e Moreira, canal São Gonçalo.

Ao analisar a ecologia florestal do Mato Grande a riqueza específica e elevado

índice de diversidade da estrutura da sinúsia arbóreo denota a extrema importância da

manutenção das relações interespecíficas entre fauna e flora em toda a biorregião do

Mato Grande.

Das espécies arbóreas amostradas 94% apresentam síndrome de dispersão por

animais (zoocórica), o que segundo Morellato (1992) é uma das principais

características das florestas tropicais onde cerca de 60 a 90% das espécies vegetais da

floresta são adaptadas a este tipo de dispersão, o que evidencia a influência tropical e a

riqueza estrutural da floresta do Mato Grande para a manutenção do equilíbrio dinâmico

das florestas da Bacia da Lagoa Mirim (Tabela 4).

Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos estimados para as espécies arbóreas amostradas

em um remanescente de Mata de Restinga, na Reserva Biológica do Mato Grande, para

indivíduos com DAP≥5cm em ordem decrescente de valor de importância, onde Ni é o

número de indivíduos amostrados, DA a densidade absoluta, DR a densidade relativa,

FA a freqüência absoluta, FR a densidade relativa, AB a área basal, DoA a dominância

absoluta, DoR a dominância relativa, IVI o índice de valor de importância e IVC o

índice de valor de cobertura.

Ponto/Espécie Ni DA DR(%) FA(%) FR(%) AB(cm2) DoA(cm) DoR(%) VI IVC

11.1-Ficus luschnatiana 3 32,991 3,75 10 3,5 14070,346 154733,62 34,051 13,77 37,8

2.3-Ruprechtia laxiflora 15 164,96 18,75 40 14,03 1771,667 19483,27 4,28 12,35 23

2.4-Sideroxylum obtusifolium 5 54,985 6,25 25 8,77 7506,314 82548,016 18,16 11,06 24,4

1.2-Zanthoxylum rhoifolium 11 120,97 13,75 35 12,28 1293,636 14219,307 3,13 9,72 16,9

14.1-Jodina rhombifolia 6 65,982 7,5 25 8,77 1863,676 20495,113 4,51 6,93 12

14.2- Eugenia uniflora 8 87,977 10 25 8,77 465,295 5116,916 1,126 6,63 11,1

4.3-Vitex megapotamica 3 32,991 3,75 15 5,26 3774,707 41510,996 9,13 6,05 12,9

1.1-Casearia silvestris 6 65,982 7,5 20 7,01 1259,026 13845,69 3,046 5,85 10,5

2.1-Diospyrus inconstans 4 43,988 5 15 5,26 2762,209 30376,41 6,684 5,65 11,7

3.4-Eugenia uruguayensis 5 54,985 6,25 20 7,01 701,095 7710,042 1,69 4,98 7,94

5.1-Syagrus rommanzofianum 1 10,997 1,25 5 1,75 412,541 4536,772 10,979 4,66 12,2

2.1-Ficus organensis 3 32,991 3,75 10 3,5 2753,22 30277,556 6,663 4,64 10,4

5.4-Chrysophylum marginatum 5 54,985 6,25 15 5,26 983,206 10812,458 2,379 4,63 8,63

9.1-Cereus hildmanianus 2 21,994 2,5 10 3,5 729,03 8017,247 1,764 2,59 4,26

3.1-Chrysophylum gonocarpum 1 10,997 1,25 5 1,75 498,646 5483,68 1,206 1,40 2,46

17.2-Scutia buxifolia 1 10,997 1,25 5 1,75 444,133 4884,194 1,074 1,36 2,32

20.2-Erythroxylum argentinum 1 10,997 1,25 5 1,75 31,831 350,05 0,077 1,03 1,33

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Tabela 3. Levantamentos fitossociológicos realizados no sul do Brasil, indicando o

autor, a localização da área de estudo, os métodos de amostragem, número de espécies

(Ne), densidade total por área (DTA), o índice de diversidade de Shannon (H’) e o

índice de equabilidade de Pielou (J’). Fonte Método Ne DTA H’ J’

(ind/ha)

SCHLEE Jr., 2000 Parcelas 34 1224 2,53 0,71

Capão do Leão, RS 0,5 ha

31°47’S, 52°15’W

Área de Formações Pioneiras

KILCA, 2002 Parcelas

Rio Piratini, RS 0,5 ha 37 2202 2,87 0,79

31°54’S, 52°39’W 0,5 ha 29 1734 2,31 0,69

Floresta Estacional Semidecidual

CORRÊA-PEREIRA, 2004 Parcelas 32 1676 2,64 0,76

Arroio Grande, RS 0,5 ha

32°04’S, 53°05'W

Floresta Estacional Semidecidual

Este estudo Quadrantes 17 880 2,55 0,90 Arroio Grande, RS 20 pontos 32°08'S, 52°44'W Área de Formações Pioneiras

WAECHTER & JARENKOW, 1998 Quadrantes 12 791 1,886

Taim, RS 30 pontos

32°30' a 32°50'S, 52°20' a 52°40'W

Área de Formações Pioneiras

Tabela 4. Relação das espécies amostradas em um remanescente de Mata de Restinga,

na Reserva Biológica do Mato Grande, Arroio Grande, RS, com a categoria sucessional

(Cat. Suc.), onde Pio=pioneira, Sin=secundária inicial, Sta=secundária tardia; com

síndrome de dispersão (Sín. Disp.), onde Ane= anemocórica, Aut= autocória e Zoo=

zoocória; e com os contingentes migratórios.

Família Espécie Nome popular Cat. Suc. Sín. Disp. Contigente

Flacourtiaceae Casearia sylvestris chá-de-bugre Sin Zoo pantropical

Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Mamica-de-cadela Sin Zoo pantropical

Moraceae Ficus organensis figueira-de-folha-miúda Sta Zoo pantropical

Ebenaceae Diospyrus inconstans maria-preta Sta Zoo pantropical

Polygonaceae Ruprechtia laxifolia marmeleiro-do-mato Sin Ane oeste

Sapotaceae Sideroxylum obtusifolium Quixadeira Sta Zoo anfiatlântico

Sapotaceae Chrysophylum gonocarpum aguaí-da-serra Sta Zoo pantropical

Myrtaceae Eugenia uruguayensis Batinga-vermelha Sta Zoo pantropical

Lamiaceae Vitex magapotamica Tarumã Sta Zoo pantropical

Arecaceae Syagrus rommanzofiana Gerivá Sin Zoo neotropical

Sapotaceae Chrysophylum marginatum aguaí-vermelho Pio Zoo pantropical

Cactaceae Cereus hildimanianus mandacarú Sta Zoo neotropical

Moraceae Ficus luschnatiana figueira-de-folha-grande Sta Zoo pantropical

Santalacaceae Jodina rhombifolia cancorosa-de-três-pontas Sta Zoo chaquenho

Myrtaceae Eugenia uniflora pitangueira Sin Zoo pantropical

Rhamnaceae Scutia buxifolia Corunilha Sin Zoo pantropical

Erythroxylaceae Erythroxylum argentinum Cocão Sta Zoo pantropical

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Estudo sobre mamíferos de Médio e Grande Porte na REBIO Mato Grande

Capítulo baseado no artigo publicado por Correa-Pereira, Schlee Jr & Soares

(2005).

Metodologia

Quanto à metodologia empregada para os estudos da mastofauna, foram

utilizados métodos que envolvem técnicas diretas e indiretas de identificação. Para a

identificação direta das espécies foram empregadas quatro armadilhas fotográficas

instaladas em trilhas freqüentemente utilizadas pelos animais (Vidolin, 2000; Wemmer

et al 1996; Tomas e Miranda, 2003), assim como a identificação visual e localização de

carcaças. A identificação indireta foi feita através da identificação de odores, tocas,

fezes e pegadas (Travi & Gaetani, 1985; Becker & Dalponte, 1991) e a utilização de

armadilhas de pegadas (plots).

As armadilhas foram montadas em locais que maximizem a possibilidade de

captura tais como trilhas ou locais próximos a água, distanciadas no mínimo a cada 1km

de forma a possibilitar uma maior independência dos dados. Armadas por período

médio de 72 horas/máquina nas saídas de campo mensais. Quirópteros e roedores

pertencentes às famílias Cricetidade, Muridae, Ctenomydae e Echymydae foram

omitidos do inventário em função de problemas logísticos e de identificação. A

seqüência taxonômica e a nomenclatura seguem González (2001).

Resultados

Quanto a analise da mastofauna ocorrente na região de estudo, foram registradas 12

espécies de mamíferos pertencentes a 09 famílias (Tabela 5). Dentre as espécies

encontradas, o gato-do-mato-grande (Oncifelis geoffroyi) (Figura 2) e a lontra (Lontra

longicaudis) são consideradas ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul (Marques et

al., 2002). O gato-maracajá (Leopardus wiedii), igualmente ameaçado, carece de

confirmação. Entretanto, a ocorrência desse felino é esperada, considerando que foi

registrado em estudo anterior em área de geomorfologia e vegetação similar à área de

estudo. Sendo considerada uma espécie de hábitos principalmente arborícola, a presença

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deste felino provavelmente ocorra devido ao uso dos corredores de mata ciliar que

ligam ambientes florestais da Serra do Sudeste com ambientes de Restinga da Planície

Costeira.

Tabela 4 – Mamíferos inventariados entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2005 na

REBIO do Mato Grande, município de Arroio Grande, Rio Grande do Sul. Táxons

indicados com um asterisco são considerados ameaçados de extinção no Rio Grande do

Sul (sensu Marques et al., 2002), ao passo que aqueles marcados com dois asteriscos

foram introduzidos na América do Sul pelo homem. Acrônimos das categorias de

ameaça: Vu – vulnerável; En – em perigo; Cr – criticamente em perigo. Acrônimos da

forma de registro: Ft – flagrante fotográfico; Ov – observação visual; Cc – observação

de carcaças; Vt – observação de vestígios.

TÁXONS NOME POPULAR REBIO MATO GRANDE

Ov Ft Vt Cc

DIDELPHIMORPHIA

DIDELPHIDAE

Didelphis albiventris gambá-de-orelha-branca X X

CINGULATA

DASYPODIADE

Dasypus novemcinctus tatu-galinha X X X X

CARNIVORA

CANIDAE

Lycalopex gymnocercus graxaim-do-campo X

Cerdocyon thous graxaim-do-mato X X X

FELIDAE

Oncifelis geoffroyi *Vu gato-do-mato-grande X

MUSTELIDAE

Conepatus chinga Zorrilho X X

Galictis cuja Furão X X

Lontra longicaudis *Vu Lontra X

PROCYONIDAE

Procyon cancrivorus mão-pelada X

RODENTIA

HYDROCHOERIDAE

Hydrochoerus hydrochaeris Capivara X X X X

MYOCASTORIDAE

Myocastor coypus ratão-do-banhado X X X X

LAGOMORPHA

LEPORIDAE

Lepus sp. ** Lebre X

No local de estudo, foi verificada reprodução de pelo menos três espécies,

conforme evidenciado por flagrante fotográfico de ratão-do-banhado (Myocastor

Page 12: RESERVA BIOLÓGICA DO MATO GRANDE - mec.gub.uy · 1).Considerada uma das áreas núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, devido sua importância para a conservação de

coypus), observação visual de capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) e pegadas de mão-

pelada (Procyon cancrivorus).

Figura 2. Registro fotográfico de espécie ameaçada de extinção, gato-do-mato-

grande (Oncifelis geoffroyi) na Reserva Biológica do Mato Grande.

O habitat de muitas espécies na Planície Costeira na biorregião da Lagoa Mirim

foi devastado por atividades agropastoris, com a conversão de campos e banhados em

lavouras de arroz ou áreas de pecuária e as matas alteradas pelo sobrepastoreio do gado,

restando somente alguns remanescentes de matas ciliares, de restinga e trechos de

banhados mais profundos. Espécies ameaçadas de extinção, como o gato-do-mato-

grande (Oncifelis geoffroyi) e a lontra (Lontra longicaudis) encontrados na REBIO do

Mato Grande, sofrem para manter suas populações geneticamente viáveis devido a essas

grandes modificações no ambiente natural.

A intensa pressão exercida pela caça ilegal está impactando as populações de

mamíferos locais. Durante as amostragens constatou-se um grande número de carcaças,

principalmente de ratão-do-banhado (Myocastor coypus) espalhadas em locais com

vestígios de acampamentos humanos.

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Estudo sobre o Histórico da Ocupação Indígena Pré-Colonial no Mato Grande

Quanto aos estudos de ocupação indígena pré-colonial no Mato Grande,

realizados pelo Eng. Agr. Cláudio Correa Pereira, foram encontrados até o presente

momento 14 sítios arqueológicos distribuídos na extensão de toda a crista de duna

plestocênica orientada no sentido Leste-Oeste, paralela a Lagoa Mirim (Figura 3).

Diversos artefatos indígenas foram observados: materiais líticos (raspadores,

percutores, pontas-de-flecha) e cerâmicos (cacos de cerâmica). E em um dos sítios

apresentaram vestígios de uma ocupação mais duradoura, através de camadas com

restos orgânicos (fragmentos de ossos de mamíferos, vértebras de peixes, restos de

conchas, carvão e cinzas).

Figura 3. Sítio arqueológico na Reserva Biológica do Mato Grande.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Reserva Biológica do Mato Grande é um inestimável patrimônio cultural e

natural para as futuras gerações, os estudos realizados até o momento pelo Grupo

Ecológico Amantes da Natureza demonstram sua extrema importância e relevância para

conservação e preservação de toda a biorregião da Lagoa Mirim.

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Juliana Corrêa Pereira e José Milton Schlee Jr.

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