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SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE CONSEMA Comissão Temática de Biodiversidade, Florestas, Parques e Áreas Protegidas RELATÓRIO FINAL PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA - PETAR 05 de julho de 2016

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SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE

CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA

Comissão Temática de Biodiversidade, Florestas, Parques e Áreas Protegidas

RELATÓRIO FINAL

PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL

TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA - PETAR

05 de julho de 2016

Anexo 1 do Relatório da CTBio de 27/04/2018 (aprovado na 68ª reunião): Relatório CTBio 2016

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1. FICHA TÉCNICA – INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A UNIDADE Gestor - Rodrigo Jose Silva Aguiar Endereço: R. Isidoro Alpheu Santiago, 364, Apiaí E-mail: [email protected]

Legislação Específica de Proteção

Criado pelo Decreto nº 32.283, de 19/05/1958, inicialmente denominado Parque Estadual do Alto Ribeira – PEAR

Lei Estadual nº 5.973, de 23/11/1960 que rerratificou a criação do Parque e alterou seu nome para PETAR.

Lei nº 12.042/2005, exclui 111 ha no bairro da Serra e inclui 118 ha na região da Boa Vista

Tombamento da Serra do Mar e de Paranapiacaba (Resolução CONDEPHAAT, 1985)

Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (Decl. UNESCO,1991) Sítio do Patrimônio Natural Mundial - Mata Atlântica - Reservas do

Sudeste SP/PR (Declaração UNESCO, 1999) Mosaico de Paranapiacaba (Decreto nº 58.148/2012)

Área do Parque 35.772,5 ha

Apiaí (10.048,26 ha); Iporanga (25.829,02 ha) Área de Propriedade do Estado: aproximadamente 19.067 ha Número de Visitantes 39.000/ano Criação do Conselho Consultivo

Portaria Fundação Florestal nº 053/2008

Acesso ao Parque A sede do PETAR está situada a 320 km da capital paulista, podendo ser alcançada pelo Vale do Ribeira – rodovia Régis Bittencourt (BR-116) ou pela rodovia Castelo Branco (SP-280), dependendo do núcleo a que se deseja chegar.

Vegetação Predomina floresta ombrófila densa sobre solo cárstico, sendo o maior representante de tal variedade de floresta no

país. Essa fisionomia é de extrema relevância e peculiaridade e sua importância é ainda maior dado que se trata de floresta madura, com grandes espécies emergentes – diferente da aparência de formação aberta que a ocorrência de afloramentos calcários causa.

Os levantamentos da flora, considerando dados primários e secundários, totalizaram 742 espécies vegetais. Do total de espécies registradas durante a etapa de campo, 206 (28%) foram novas citações para o Parque.

Fauna Ocorrência de composições faunísticas distintas e uma elevada riqueza de espécies dos diferentes grupos da fauna,

incluindo 78 espécies de peixes, 60 espécies de anfíbios, 31 espécies de répteis, 319 espécies de aves, 93 espécies de pequenos mamíferos e 22 espécies de grandes e médios mamíferos conhecidas e/ou identificadas.

Destaque: bagre-cego do Ribeira de Iguape (Pimelodella kronei), endêmica e ameaçada em função de destruição de hábitats.

Atrativos Trilhas de curta e média duração com diferentes graus de dificuldades, com destaque para a trilha do Betari, que forma

piscinas naturais. Cachoeiras, cavernas, sítios arqueológicos, florestas e sambaquis; Caverna Casa de Pedra, com o maior pórtico de caverna do planeta (215m de altura), e Santana, uma das maiores e mais

ornamentadas do Estado. Patrimônio Histórico-Cultural: sítios arqueológicos; sambaquis na caverna Morro Preto e ruínas da primeira usina de

fundição de chumbo do Brasil no núcleo Caboclos. 39 mil visitantes /ano, sendo todos controlados e monitorados por guias locais cadastrados na Unidade.

Infraestrutura – implantadas com recursos do PNMA, PPMA e Projeto de Ecoturismo

Edificações

Sede Administrativa: portaria, sede, oficina e barracão Núcleo Santana: portaria, casa dos técnicos, sede de

pesquisa, centro de visitantes. Núcleo Caboclos: casa da bomba, casa dos técnicos/sede

de pesquisa, casa dos rádios, alojamentos

Núcleo Casa de Pedra: portaria Núcleos Ouro Grosso: Casa de Farinha, alojamento,

sanitários, lavanderia. Base Areado: casa/alojamento; Base Temimina: portaria Base Capinzal: casa/alojamentos; Base Bulha d’Água:

casa/alojamento.

Atividades em desenvolvimento

Trabalho em conjunto com o Conselho Consultivo e suas câmaras técnicas desde 2008. Relacionamento com as comunidades do entorno - Serra, Caximba, Bombas entre outras. Gestão dos funcionários e prestadores de serviço. Gestão do relacionamento com outras entidades governamentais e não governamentais – Polícia Militar Ambiental,

Corpo Bombeiros, Grupo Voluntário de Busca e Salvamento, entre outras. Projetos em andamento: Implantação dos Planos de Manejo Espeleológicos; Projetos de pesquisa científica; Reestruturação da gestão administrativa.

Equipe do Parque – 45 pessoas Função Principal

Estagiário Auxiliar de Serviços Gerais Motorista Vigilante Monitor Ambiental Auxiliar Apoio Pesquisa Científica e Tecnológica Oficial Apoio Pesquisa Científica e Tecnológica Agente de Recursos Ambientais Técnico de Recursos Ambientais Assessor Técnico Gestor do Parque

Vinculo Empregatício Instituto Florestal: 25 funcionários Fundação Florestal: 10 funcionários Terceirizados: 10 funcionários 02 Estagiários

Nível de Escolaridade

Ensino fundamental incompleto: 3 funcionários Ensino fundamental completo: 6 funcionários Ensino médio incompleto: 1 funcionário Ensino médio completo: 30 funcionários Ensino superior completo: 5 funcionários

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2. HISTÓRICO

O processo de elaboração do plano iniciou, efetivamente, em 2009 em duas fases distintas: elaboração e atualização. A fase de atualização refere-se, principalmente, ao capítulo sobre a zona de amortecimento, em atendimento à resolução SMA 33/2013.

O Plano de Manejo foi elaborado pela Fundação Florestal (FF), utilizando recursos provenientes de compensação ambiental, que possibilitaram a contratação de estudos e serviços de apoio à elaboração do Plano, com equipe composta por funcionários da FF, funcionários de outros órgãos governamentais e universidades, além de consultores contratados e membros do conselho consultivo do Parque.

Em 15/12/2010 o plano foi encaminhado ao CONSEMA, e foi pauta da 19ª Reunião da Comissão de Biodiversidade, Florestas e Áreas Protegidas (CT-Bio) em 07/12/2011, quando retornou à FF para adequações no zoneamento, principalmente no que diz respeito à Zona de Amortecimento.

Em 2013, em função da edição da resolução SMA 33/2013, a FF iniciou o processo de atualização do Plano de Manejo, com ênfase à discussão da delimitação, setorização e normatização da zona de amortecimento, sendo encaminhado o texto final para o CONSEMA em novembro de 2015. Na 52ª Reunião da CT-Bio, em 09/12/2015, o plano entrou na pauta desta comissão, ocasião em que a Coordenadoria de Planejamento Ambiental (CPLA) foi designada como relatora do Plano. O relatório foi finalizado em junho de 2016 e a figura abaixo ilustra essas fases.

3. RELATO DOS TRABALHOS DA CT-BIO

Na 52ª reunião da CT-Bio, a FF fez a apresentação do Plano de Manejo do PETAR. Um dos pontos enfatizados pela FF foi a proposição de uma agenda positiva, com indicação de atividades alternativas às que atualmente causam impacto na UC, visando a adequação paulatina das mesmas.

Ênfase especial foi dada também, ao fato do PETAR estar incluído em um grande continuum ecológico formado por diversas áreas protegidas, que compõem, inclusive,

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dois Mosaicos de UC: (Mosaico do Jacupiranga, instituído em 2008 e Mosaico de Paranapiacaba, instituído em 2012).

Na 55ª reunião da CT-Bio, em 02/03/2016, a CPLA apresentou a versão preliminar do relatório, incluindo os destaques e recomendações da relatoria. Após a leitura do relatório, os representantes fizeram questionamentos, em especial sobre o capítulo da zona de amortecimento. Na ocasião, a equipe da Fundação Florestal prestou esclarecimentos sobre o conteúdo questionado, ficando acordado que os representantes encaminhariam suas considerações por escrito para subsidiar os ajustes no texto do plano.

Os representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São (FAESP) encaminharam considerações por escrito. Paralelamente, foram realizadas reuniões entre os órgãos do Sistema Ambiental (CPLA, CBRN, CFA, CEA, CETESB e FF) para discussões e adequações dos textos normativos, em especial no que se refere à atualização de normas legais e políticas públicas recentes.

Na 56ª reunião da CT-Bio, em 04/05/2016, a FF apresentou um relatório contendo as respostas a todos os pontos levantados pelos membros da CT-Bio, destacando: (i) as sugestões acatadas, (ii) aquelas que foram parcialmente acatadas; e (iii) a justificativa técnica e legal para aquelas não acatadas.

A tabela 1 apresenta as datas em que o Plano esteve em análise na CT-Bio. O item 12 deste relatório apresenta o resumo dos principais pontos levantados pela CT-Bio.

Tabela 1 – Datas em que o plano esteve em análise na CT-Bio

Data Reunião Pauta

07/12/2011 19ª reunião da CT-Bio. Apresentação do Plano de Manejo à CT-Bio, pela Fundação Florestal.

09/12/2015 52ª reunião da CT-Bio. - Apresentação do Plano de Manejo à CT-Bio, pela Fundação Florestal; - Definição da CPLA como relatora do Plano de Manejo.

02/03/2016 55ª reunião da CT-Bio. Apresentação e discussão do Relatório sobre o Plano de Manejo.

04/05/2016 56ª reunião da CT-Bio. Apresentação do texto do Plano de Manejo com readequações, pela Fundação Florestal.

05/07/2016 59ª reunião da CT-Bio. Aprovação da versão final do relatório da CT-Bio.

4. ESTRUTURA DO PLANO DE MANEJO

O Plano de manejo está estruturado em 13 capítulos, 40 anexos e 26 mapas, compreendendo: diagnóstico e avaliações temáticas; zoneamento; propostas, sugestões e recomendações sobre os temas. O plano é detalhado, com grande volume de dados, em razão da metodologia adotada, que respeitou a complexidade de usos do território e a importância histórica e ambiental da região.

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O processo de elaboração do Zoneamento Ecológico-Econômico (ainda não finalizado) e de construção das normas para Zona de Amortecimento, aconteceram simultaneamente. As discussões do Conselho Consultivo do PETAR subsidiaram os trabalhos do Grupo Setorial de Coordenação do GERCO e vice-versa. Note-se que não há incompatibilidades entre o que dispõem os estudos preliminares do ZEE do Vale do Ribeira, sob coordenação da CPLA, e as recomendações e restrições previstas nas zonas de amortecimento do Plano de Manejo ora em avaliação. Ainda que as propostas de traçado do ZEE e da Zona de Amortecimento não sejam idênticas, considerando que cada instrumento tem uma finalidade específica e os critérios e normas se complementam, há compatibilidade nas normas estabelecidas e discutidas em todas as zonas.

Em atendimento à resolução SMA 32/2013, foi elaborado também um Resumo Executivo, que contém informações sobre o Parque, sua contextualização regional, a síntese do zoneamento e dos programas de manejo, além das normas e restrições estabelecidas para cada zona interna e sua zona de amortecimento.

O processo SMA 1.404/2015 contém o encaminhamento do Plano de Manejo ao CONSEMA, e toda a tramitação interna, incluindo as convocatórias, as atas das reuniões, a versão preliminar do relatório, as considerações encaminhadas pela FIESP/FAESP, bem como o relatório resposta da Fundação Florestal. Nos autos, constam também documentos contendo questionamentos feitos por representantes da sociedade civil, quando do encaminhamento do Plano de Manejo ao CONSEMA, os quais foram devidamente respondidos pela FF.

5. METODOLOGIA

O Plano de Manejo do PETAR seguiu o roteiro Metodológico de Planejamento do IBAMA (2002). Desde 1991, a FF empreendeu esforços para a elaboração do Plano, inclusive com lançamento de edital de licitação em 2005, contudo, sua elaboração se deu em 2009/2010 pela FF, e sua atualização em 2015.

5.1. Diagnóstico

Para o diagnóstico, além da grande quantidade de dados já existentes, em função das pesquisas e estudos na própria Unidade de Conservação e nas UCs vizinhas, os estudos foram organizados por pesquisadores do Instituto Geológico, Instituto Florestal, Instituto Butantan, Instituto Oceanográfico, USP, UNIBAN, IPEN, ICMBio, UNESP, UFRRJ, Museu de Zoologia da USP, OCA/ESALQ/USP, além de alguns consultores e empresas contratadas, sempre sob a supervisão da Fundação Florestal.

Foram levantados dados primários e secundários de biodiversidade, meio físico, patrimônio espeleológico, pressões e ameaças causadas pela ocupação humana, uso público, patrimônio histórico-cultural, pesquisa, gestão organizacional, proteção, situação fundiária e educação ambiental. Todos esses temas orientaram as propostas de zoneamento e os programas de gestão, com suas diretrizes e linhas de ação.

5.2. Processo Participativo

Cumprindo as exigências legais de participação no processo de elaboração do Plano, foram realizadas oficinas participativas, nas quais foi discutida e reestruturada a

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proposta de zoneamento, bem como identificados problemas para a orientação dos Programas de Gestão. Todo o processo foi acompanhado pelo Conselho Consultivo da UC. Na fase de elaboração, entre setembro/2009 a junho/2010, foram realizadas 23 oficinas; na fase de atualização, entre de dezembro/2013 a maio/2015, foram realizadas 5 reuniões com prefeituras e segmentos específicos e 14 reuniões do Conselho Consultivo para tratar do assunto.

Os anexos 4 e 5 do Plano apresentam a listagem das oficinas e dos participantes. No total, essas reuniões contaram com 1.429 presenças, destacando-se a grande participação dos conselheiros do Parque na etapa de atualização do Plano. O anexo 6 traz ainda a análise da representatividade do processo participativo, com a apresentação de gráficos ilustrando a porcentagem de presença em cada oficina, separado por segmento.

Pode-se concluir que o processo participativo foi bastante abrangente, contando com a participação de diversos segmentos, entre prefeituras, associações de bairros, lideranças comunitárias, vereadores, empresários, agricultores, comunidades tradicionais e pesquisadores.

5.3. Compatibilização com o entorno

Como o PETAR integra um grande contínuo ecológico, houve um grande esforço, no sentido de compatibilizar nomenclaturas e metodologias entre os planos das UC. Os Parques Estaduais Carlos Botelho e Intervales e a estação Ecológica de Xitué já possuem seus respectivos Planos de Manejo aprovados pelo CONSEMA (Deliberações CONSEMA nº 50/2008, 08/2009 e 05/2016). Dessa forma, o Plano de Manejo do PETAR busca também consolidar o processo de planejamento daquelas UC, visando à integração do contínuo e a preparação para a implantação do Mosaico de Paranapiacaba. Destaca-se que ainda faltam elaborar os Planos de Manejo do PENAP e da APA da Serra do Mar.

Vale destacar também, a existência dos Planos de Manejo Espeleológico para algumas das cavernas e a sua integração com o Plano de Manejo do PETAR, na medida em que define ações específicas de gestão para as cavernas, em especial, aquelas abertas ao uso público.

6. ZONEAMENTO

O zoneamento sintetiza o resultado dos estudos, das propostas, bem como do diálogo estabelecido entre os enfoques técnico-científico, institucional e participativo para o manejo do parque. Reflete a singularidade do PETAR e a importância do seu entorno, incluindo as características do meio natural e sua fragilidade, as especificidades locais de uso e ocupação e as relações e expectativas com a unidade.

Em resumo, o zoneamento cumpre as recomendações estabelecidas pelo roteiro metodológico do IBAMA, tanto para a área interna como para a Zona de Amortecimento. Os limites de cada um dos setores foram estabelecidos de forma técnica, de maneira que os traçados não são aleatórios e buscaram, na maioria das vezes, os divisores naturais e concretos.

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6.1. Zoneamento Interno

As zonas foram definidas segundo a nomenclatura estabelecida no Regulamento dos Parques Nacionais, Regulamento dos Parques Estaduais Paulistas e utilizadas no roteiro metodológico do IBAMA, amplamente utilizadas na maioria dos Planos de Manejo das UC do estado.

A maior parte do Parque foi enquadrada como Zona Primitiva, representando 47,73% do total. A área enquadrada como Zona de Recuperação, representa 36,07% do total da área do PETAR, a qual deverá, futuramente, ser incorporada em outra zona, quando for recuperada. Destaca-se que esta grande extensão está relacionada à ocorrência acentuada de bambus, havendo um tópico dedicado a este fenômeno no capítulo sobre biodiversidade. A Zona de Uso Extensivo é composta de um polígono e diversos buffers ao longo das trilhas. A Zona de Uso Conflitante, em consonância com o roteiro metodológico do IBAMA, é composta pelas rodovias que atravessam o Parque e também pelas linhas de transmissão de energia.

6.2. Zona de Amortecimento

A Zona de Amortecimento possui 158.261,32 ha, divididos em subzonas, cada uma com normas e recomendações específicas, além das normas gerais. Esta zona representa, mais de 4 vezes a área total da Unidade. Porém, mais da metade dessa Zona de Amortecimento já se encontrava sob alguma restrição, considerando que cerca de 12% (19.515,53 ha) se sobrepõem à zona de amortecimento do PEI (fora de APA), 35% (54.466,19 ha) se sobrepõem tanto à ZA do PEI como à APA dos Quilombos do Médio Ribeira e ainda 5% (8.140,39 ha) se sobrepõem à APA dos Quilombos do Médio Ribeira, o que reduz o tamanho da ‘nova área a ser regulamentada’ para 76.132 ha, ou seja, pouco mais que 2 vezes a área total do Parque. O gráfico abaixo ilustra essa ideia.

A nomenclatura das subzonas da Zona de Amortecimento é a mesma utilizada nos Plano de manejo das demais UC do Mosaico Paranapiacaba, de forma a evitar incompatibilidades conceituais e manter semelhanças de abordagem e tratamento entre todo o território. Dessa forma, a nomenclatura das subzonas é composta por uma combinação de siglas, as quais já são amplamente utilizadas pelos agentes licenciadores regionais. Para facilitar o entendimento, apresenta-se a tabela abaixo,

76.132 ha

19.515 ha

54.466 ha

8.140 ha

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que descreve o significado de cada uma das letras utilizadas nas siglas e um exemplo de combinação das siglas.

Dessa forma, foram estabelecidas 9 subzonas, sendo que a subzona CaO possui 3 níveis diferentes de restrições. A variedade de zonas reflete a diversidade da Zona de Amortecimento, com áreas de uso antrópico já consolidado e outras áreas praticamente sem uso.

Registre-se que a FIESP questionou o resultado final do mapa de zoneamento apresentado, entendendo que há um grande número de zonas e subzonas estabelecidas, inclusive sobrepostas, o que poderá implicar dificuldades práticas no que se refere aos procedimentos de licenciamento e fiscalização. Para a FIESP, trata-se de um aspecto importante, o qual deveria ser devidamente equacionado de forma a permitir maior objetividade às normas e recomendações estabelecidas para cada Zona e Subzona.

O setor UAO-4 refere-se aos dois bairros urbanos existentes no entorno do Parque: Bairro da Serra e Bairro Betari. O Bairro da Serra, apesar de não estar delimitado formalmente, possui lei municipal declarando a área como área urbana. Já no caso do bairro Betari, ainda que o Plano de Manejo reconheça que o bairro está em processo de urbanização, a área ainda é zona rural, segundo a legislação municipal. O Plano de Manejo faz referência a esses dois bairros, explicitando que as áreas estão em processo de delimitação formal pela prefeitura Municipal de Iporanga.

O Plano de Manejo enfatiza que os objetivos da zona de amortecimento não se limitam a criar regras e restrições para atividades humanas, mas também a propor uma agenda positiva, indicando atividades alternativas àquelas com potencial impacto, incluindo as atividades não passíveis de licenciamento, visando sua adequação paulatina e a consolidação de um ordenamento territorial sustentável.

7. ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA O MANEJO

Além do zoneamento, algumas áreas foram indicadas como prioritárias ao manejo, seja pela expressividade dos conflitos existentes, da pressão sobre a área, da fragilidade ou da importância.

Ex.

CBARCaO

(Área de interesse para a

conservação da biodiversidade e

das áreas de recarga com

ordenamento do território)

•Conservação da Biodiversidade CB

•Área de Recarga AR

•Proteção do Carste Ca

•Ordenamento O

•Uso Sustentável US

•Uso Antrópico UA

•Patrimônio Histórico-Cultural PHC

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8. MORADORES TRADICIONAIS

Os estudos do Plano de Manejo levantaram a existência de famílias residentes no interior do Parque e se trabalhou com o conceito “evidências de tradicionalidade” para diferenciar os grupos de ocupantes do PETAR. Todas as ocupações foram georreferenciadas, tanto as residências, como as áreas de roças. Assim, no interior do PETAR existem 88 famílias, sendo:

40 famílias com evidências de tradicionalidade;

16 famílias remanescentes de comunidades de quilombos;

23 famílias sem evidências de tradicionalidade;

9 famílias não foram identificadas

As localidades de maior destaque são: Ribeirão/Ribeirãozinho, Morro do Chumbo, Taluá,

Paciência, Pedra Branca, Sitio Novo, Quilombo de Bombas e Ribeirão dos Camargo, sendo que as comunidades das duas últimas reivindicam a desafetação e a recategorização, respectivamente. A maior parte dos ocupantes, principalmente as suas áreas de roças, encontram-se na Zona de Recuperação.

A FF tem autorizado algumas roças para os moradores tradicionais, em locais específicos e com regras estabelecidas. As roças são, normalmente, pequenas e de caráter familiar.

9. PROGRAMAS DE MANEJO

Cada programa de gestão possui diretrizes, objetivos, linhas de ação e indicadores, o que é uma novidade, em termos de plano de manejo, e é fundamental para o monitoramento. Os programas de manejo apontam atividades tanto para o interior do Parque como para a Zona de Amortecimento. Os programas de Manejo que compõem o plano são:

Programa de Gestão Organizacional

Programa de Proteção

Programa de Pesquisa e Manejo do Patrimônio Natural e Cultural

Programa de Uso Público

Programa de Interação Socioambiental

Programa de Educação Ambiental

Programa de Regularização Fundiária

Os programas não apresentam os cronogramas físico-financeiros, de forma que se recomenda que seja elaborado o cronograma físico-financeiro, por ocasião do início da implantação deste Plano de Manejo, para orientar sua implementação, sem que este condicione sua aprovação.

10. AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS DE GESTÃO

Nos últimos anos, a Fundação Florestal tem investido na avaliação e monitoramento dos Programas de Gestão e da efetividade do zoneamento. Dessa forma, é necessário

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identificar e localizar as fontes de verificação para todos os indicadores descritos. O monitoramento dos usos, em cada zona, deve gerar critérios que justifiquem eventuais replanejamentos. O Plano de Manejo propõe que esse monitoramento seja feito de forma participativa e contínua, desde o início da implantação do Plano.

Recomenda-se que os resultados desse monitoramento sejam apresentados, de forma periódica, ao CONSEMA.

11. DESAFETAÇÃO

A comunidade de Bombas reivindica sua desafetação dos limites do Parque. Trata-se de uma discussão antiga, que culminou com o reconhecimento do território quilombola em novembro 2014, após o acordo entre a comunidade e a FF, sobre o traçado da área com a exclusão do sistema Areias do território quilombola.

O Plano apresenta, em seu capítulo das áreas prioritárias para o manejo e seu anexo 40, três propostas diferentes para o território de Bombas: (i) desafetação; (ii) recategorização; ou (iii) dupla afetação, onde se propõe uma administração conjunta.

Se a opção for desafetação ou recategorização, está indicada a necessidade da compensação pela redução da proteção, com a inclusão de nova área ao Parque. Para compensação do território a ser desafetado, são indicadas parte das áreas contíguas ao parque, identificadas no Plano de Manejo e que foram objeto de estudo detalhados no âmbito do Projeto Mosaico de Paranapiacaba.

O Plano aponta como condicionante para qualquer alteração de limites, a manutenção do território de Areias dentro dos limites do parque, e conclui que as proposições são compatíveis com o reconhecimento do território tradicional da comunidade quilombola de Bombas, contemplando o disposto no artigo 68 da Constituição Federal.

Entende-se que o Plano cumpre os requisitos exigidos pelo Artigo 13 do Decreto 60.302/2014, que institui o SIGAP, para encaminhar um possível processo de desafetação, reclassificação ou dupla afetação para o território do quilombo de Bombas. Sugere-se que seja constituído grupo de trabalho entre ITESP, Fundação Florestal e SMA para a definição de estratégia e elaboração de proposta.

12. DESTAQUES FEITOS PELA CT-BIO

A CT-Bio se reuniu ordinariamente 4 vezes para tratar da elaboração deste relatório, incluindo a reunião de apresentação do Plano pelo órgão gestor. Paralelamente, os membros trabalharam na análise do Plano de Manejo, em especial ao capítulo do Zoneamento. A FIESP e a FAESP enviaram um documento contendo questionamentos sobre diversos pontos, e a equipe da SMA (FF, CETESB, CPLA, CFA, CEA e CBRN) se reuniu algumas vezes para esclarecimentos e ajustes na redação.

Este tópico apresenta, de forma resumida, os resultados das discussões, consensos e dissensos dos principais aspectos discutidos, sendo que os dissensos foram decididos pela maioria dos representantes e foram incorporados ao texto final do plano.

Anexo 1 do Relatório da CTBio de 27/04/2018 (aprovado na 68ª reunião): Relatório CTBio 2016

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Desde a apresentação do relatório preliminar e o final as questões levantadas pelos conselheiros foram respondidas satisfatoriamente, tanto de forma presencial como documental e constam do processo SMA 1.404/2015.

Destaca-se que devem ser observadas e avaliadas o conjunto das normas em cada setor, e não isoladamente, possibilitando o entendimento da proposta de gestão completa para cada território.

12.1. USO AGROPECUÁRIO:

O Plano de Manejo explicita a necessidade de atendimento às resoluções conjuntas SMA/SAA/SJDC que tratam das atividades agropecuárias dispensadas de licenciamento ambiental.

12.2. USO DO FOGO

Não há nenhuma nova restrição, mas sim a reprodução da legislação que trata sobre o assunto, inclusive do Artigo 38 do código florestal, que proíbe o uso do fogo de forma geral, mas garante algumas exceções importantes para a região, como por exemplo, a queima controlada autorizada e a prática de agricultura de subsistência das populações tradicionais (coivara).

12.3. AGROTÓXICOS

A FIESP e a FAESP entendem que toda e qualquer decisão sobre proibição de agrotóxicos deve pautar-se pela legislação vigente, a qual determina a necessidade de avaliações técnicas de total responsabilidade da Comissão de Reavaliação Toxicológica, integrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.

Contudo, a FF argumenta que não se trata de proibição, mas sim de recomendação, e sob a justificativa de que “se existem estudos nacionais e/ou estrangeiros que comprovem os malefícios de determinada substância ao homem e ao ambiente, ideal seria que se procedesse à sua imediata supressão em solo brasileiro, medida esta que reflete cuidado e responsabilidade do Poder Público”, a CT-Bio, com o dissenso da FIESP/FAESP, concordou com a seguinte recomendação para a Zona de Amortecimento:

Não utilização de agrotóxicos que contenham na sua composição ingredientes ativos comprovadamente prejudiciais e banidos em outros países, como: Acefato, Carbofurano, Cihexatina, Forato, Fosmete, Lactofem, Metamidofos, Paraquate, Parationa Metílica, Tiram, Triclorfom, Endossulfan, Abamectina, Benomil, heptacloro, lindano, monocrotofós, pentaclorofenol, ácido 2, 4 - diclorofenoxiacetico (2,4 - D) e qualquer substância do grupo químico dos organoclorados.

12.4. AQUICULTURA

O Plano prevê duas normas distintas, dependendo da localização:

(i) Nos setores da Zona de Amortecimento localizados a montante do Parque, é proibida a aquicultura com espécies exóticas.

(ii) Nos demais setores da Zona de Amortecimento, os empreendimentos de aquicultura deverão atender ao Decreto 60.582/14, com atenção e especial ao Artigo 19° da Resolução CONAMA 413, que garante que o órgão

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licenciador poderá exigir do empreendedor a adoção de medidas econômicas e tecnologicamente viáveis de prevenção e controle de fuga, condicionando a adoção dessas medidas à emissão da licença.

A FIESP/FAESP discordam da proibição das espécies exóticas, mesmo nos setores a montante, por entenderem que a matéria é regida pelo Decreto 60.582/14, o qual confere competência à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio do Instituto de Pesca, para atestar o estabelecimento de espécies alóctones ou exóticas no respectivo corpo hídrico, para fins de licenciamento (Artigo 14). Porém, a CT-Bio concorda em mantê-la, pois, em se tratando da característica do parque, da singularidade e baixa resiliência dos ecossistemas, cabe ao Plano de Manejo ser mais restritivo do que a regra geral para o estado. Além disso, a restrição das espécies exóticas na aquicultura se dá somente nos setores em que os rios drenam para o interior da UC, locais onde não existe atualmente a demanda por essa atividade.

12.5. ESPÉCIES EXÓTICAS

Após a solicitação da FIESP/FAESP de que a proibição para o cultivo de espécies exóticas se limitasse àquelas reconhecidas pela listagem oficial, a CT-Bio concordou com o seguinte texto da norma:

“O cultivo ou criação das espécies reconhecidas como exóticas invasoras são proibidos em toda a zona de amortecimento, conforme lista de espécies constante na Deliberação CONSEMA 30/2011.”

Porém, entende-se que, independentemente da espécie estar ou não na lista oficial, o órgão gestor poderá, por ato próprio, definir regramentos específicos para conter a bioinvasão, conforme preconiza o artigo 5º da Deliberação CONSEMA 2/2011 e se antecipar à publicação da lista estadual, prevenindo, pois a remediação posterior pode ser mais custosa, ambiental e financeiramente.

Dessa forma, além da norma acima, o Plano exige a apresentação de projeto que contemple um estudo de contaminação biológica, cujo disciplinamento deverá ser regulamentado por Portaria FF quando da implantação do Plano de Manejo. Registra-se o posicionamento contrário da FIESP quanto à exigência de apresentação do referido estudo. A FIESP entende que o escopo desse instrumento a ser elaborado pelo interessado, deverá ser claramente definido e disciplinado pelos órgãos competentes, por meio de termos de referência validados e normatizados, de forma a se ter um padrão claro e objetivo dos estudos e análises a serem desenvolvidas, além da necessidade de formalizar a competência técnica – institucional pela avaliação e aprovação dos projetos a serem entregues à FF.

12.6. RECOMPOSIÇÃO DE RESERVA LEGAL E APP:

Apesar de controverso, a CT-Bio concorda que o Plano de Manejo é o instrumento que pode apontar novas restrições e detalhamento de normas existentes, no sentido de evitar impactos sobre a biodiversidade da UC. Mesmo com o dissenso da FIESP/FAESP, que solicitaram a exclusão deste item, por entenderem que o artigo 61 do Código Florestal não se aplica à zona de amortecimento, restringindo-se ao imóveis inseridos nos limites de Unidades de Conservação de Proteção Integral; e o artigo 66 preconiza o plantio intercalado de espécies nativas e exóticas ou sistema agroflorestal, a norma geral, que se aplica a qualquer setor da ZA diz que:

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“No caso de recomposição de reserva legal e APP, em consonância aos artigos 61 e 66 da Lei 12.651/2012, recomenda-se a utilização de apenas espécies nativas locais, ou no mínimo do mesmo bioma.”

12.7. CONECTIVIDADE E FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL

Um dos critérios utilizados na delimitação e setorização da ZA considerou o critério da conectividade, de forma que a preocupação com a fragmentação florestal foi tratada no Plano. No texto original apresentado pela FF, a CT-Bio sugeriu a alteração da expressão “função ecológica” por “função ambiental”, a partir de denominação adotada no Código Florestal, onde função ambiental significa a preservação dos recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, de forma que a redação da norma proíbe a supressão de vegetação nativa que comprometa a função ambiental do fragmento florestal com perda de conectividade. No caso de solicitação de autorização para supressão da vegetação, os projetos técnicos a serem apresentados ao Órgão Licenciador devem considerar a conectividade com o parque e seguir as normativas existentes (Código Florestal, Lei da Mata Atlântica, Lei Florestal Paulista, entre outras).

12.8. MINERAÇÃO

Após muitas discussões, feitas especialmente pelos representantes do setor produtivo e pelo órgão licenciador, a CT-Bio concordou com a seguinte redação para os setores que não são sobrepostos à Zona de Amortecimento do PEI:

“As solicitações de instalação de empreendimentos, bem como suas renovações de licença, seguirão o trâmite rotineiro dos processos de licenciamento, em especial a resolução SMA nº 85/2012, Decisão de Diretoria nº 153/2014 e a Decisão de Diretoria nº 25/2014. No caso dos empreendimentos minerários, o desenvolvimento de estudos hidrogeológicos em escala local (ex.: levantamento de nascentes, sumidouros e ressurgências) e dos sistemas de drenagem superficial e subterrânea (ex.: direção de fluxo) são imprescindíveis. Para empreendimentos minerários classificados no processo de licenciamento como de significativo impacto, a exigência de EIA-RIMA dá-se por força da lei e os temas a serem tratados são, pelo menos: vias de acesso, águas superficiais, pilhas de resíduos e partículas sólidas e sedimentos.”

No caso dos setores sobrepostos com a ZA do PEI, o Plano aponta a necessidade de monitoramento periódico de 3 km ao redor da frente de lavra, com a mesma redação que constou no Plano do PEI, em vigor. A FIESP e a FAESP discordam da exigência desse monitoramento, pois entendem que, conforme dispõe a resolução SMA nº 85/2012 e a Decisão de Diretoria nº 25/2014, a definição sobre as necessidades de monitoramento deve ser feita no âmbito dos processos de licenciamento ambiental, pelo órgão licenciador, ouvido o órgão gestor da unidade nos casos previstos pela legislação.

12.9. INDÚSTRIAS

Para os setores CB2, CBO 1, 2, 3, CBARCa-1, 2 e 3, a restrição para a implantação de empreendimentos é maior do que em outros setores, de forma que após os ajustes propostos pela CT-Bio, acordou-se com a seguinte redação: “Não implantação de empreendimentos industriais que causem impactos negativos à conservação da UC”.

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Para os demais setores, após os ajustes sugeridos pela FIESP, a norma estabelece que: “As solicitações de instalação de empreendimentos, bem como suas renovações de licença, seguirão o trâmite rotineiro dos processos de licenciamento, com especial atenção à resolução SMA nº 49/2014 e a Decisão de Diretoria CETESB nº 153/2014. A avaliação da viabilidade ambiental dos empreendimentos se dá em função do potencial de degradação dos impactos esperados; a classificação estabelecida é: (i) baixo potencial de degradação ambiental; (ii) potencialmente causadores de degradação do meio ambiente; (iii) potencialmente causadores de significativa degradação do meio ambiente; (iv) empreendimentos ou atividades dos quais não são conhecidas a magnitude e a significância dos impactos ambientais decorrentes de sua implantação e operação.”

12.10. SOBREPOSIÇÃO COM A ZONA DE AMORTECIMENTO DE UC VIZINHAS

Oito setores das Zonas de Amortecimento do PE Intervales e PETAR são comuns (setores CB1, CBCa 1 e 2, CaO 1,2 e 3 e US 1 e 4). Uma vez que os territórios dos parques são contíguos, as respectivas zonas de amortecimento constituem entornos sobrepostos.

Como o Plano de Manejo do PE Intervales foi aprovado em 2009 e está em vigor, foram mantidas as redações originais publicadas no referido Plano de Manejo, legitimando-se, assim, aquele importante documento. Dessa forma, consolida-se também o respeito aos processos participativos de elaboração dos Planos de Manejo e a manutenção dos pactos sociais firmados que objetivaram reduzir os impactos negativos sobre as UC.

Entretanto, em atendimento à Resolução 33/2013, nestes setores comuns, algumas das "Recomendações" daquele Plano, foram convertidas em “Normas e Restrições” neste Plano de Manejo.

12.11. LEGISLAÇÃO VIGENTE DE MAIOR RELEVÂNCIA PARA A ZONA DE AMORTECIMENTO

O Plano faz referência a diversas normas já estabelecidas por alguma legislação, sob a justificativa da estratégia assumida pela Fundação Florestal de apoiar os municípios na difusão e aplicação da legislação ambiental incidente, principalmente o Código Florestal, a Lei da Mata Atlântica, a Lei de Proteção e Recuperação dos Mananciais e a Lei de Crimes Ambientais. Além disso, visa apoiar o fortalecimento, autonomia e empoderamento das comunidades locais e envolver as empresas no desenvolvimento social da região.

A escolha das normativas reproduzidas se deu ao longo do processo de discussão da ZA, à medida que os temas iam sendo abordados e as divergências superadas, com apoio das leituras e intepretações das normas vigentes em cada caso.

Dessa forma, foi decidido que algumas normas legais vigentes deveriam enriquecer o capítulo de Zoneamento, compondo um novo subtópico, com destaque para a inclusão do item VIII do artigo 3º do Código Florestal, que trata dos empreendimentos de utilidade pública.

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12.12. POLUENTES

Dada a fragilidade dos ecossistemas, em quase todos os setores da zona de amortecimento há restrição quanto à implantação de atividades que causem contaminação. Após ajustes, acatou-se a sugestão da FIESP/FAESP, com a seguinte redação: “Não implantação de atividades que causem a contaminação por quaisquer substancias poluentes, em desconformidade com os padrões estabelecidos em legislação, com impacto sobre sistemas hídricos e biodiversidade.”

Além da questão geral sobre a poluição, nos setores CB2, CBO 1, 2, 3, CBARCa-1, 2 e 3, CBARCa-1, 2 e 3, fica proibida a implantação de quaisquer formas e/ou disposição de resíduos – aterros sanitários, aterros de rejeitos, entre outros. Esta restrição, apesar de ter sido inicialmente destacada por alguns representantes como inadequada, foi mantida na íntegra, pois a CT-Bio ponderou que se tratam de setores muito frágeis e que há alternativas locacionais nos municípios para a construção de aterros.

12.13. IMPACTOS

Considerando que é necessário estabelecer parâmetros para avaliar os processos de licenciamento, o Plano de Manejo aponta 3 normativas para subsidiar o órgão gestor sobre qual é o aspecto prioritário que deverá ser considerado na análise do processo de licenciamento no setor correspondente, considerando a existência da característica (por exemplo, cavernas) ou a ocorrência da atividade (por exemplo, visitação). Após os ajustes sugeridos pela CT-Bio, as normas são:

“Não implantação de empreendimentos que impliquem em impacto no rebaixamento do lençol freático com reflexos para o sistema cárstico do PETAR.”

“Não implantação de atividade que causem impactos ou prejuízos às atividades de visitação.”

“Não implantação de atividades que causem a contaminação por quaisquer substâncias poluentes, em desconformidade com os padrões estabelecidos em legislação, com impacto sobre o carste, os sistemas hídricos, a biodiversidade e o patrimônio espeleológico.”

Destaca-se que, estas normas são de grande importância, em se tratando da característica do parque, do desenvolvimento de atividades turísticas, da singularidade e da baixa resiliência dos ecossistemas. Justifica-se também ser importante destacar, no âmbito dos processos de licenciamento, abordagens adicionais, como as possibilidades de impactos incidentes à UC que comprometam atividades de uso público, tema de intensa discussão entre os representantes do Conselho, durante as oficinas do Plano.

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS

1. Registra-se que o processo foi feito com grande esforço na compatibilização com os planos já concluídos das UC vizinhas, com o intuito de uniformizar a abordagem e a nomenclatura de zonas. As normas e as legendas do zoneamento seguem uma linguagem e uma lógica harmônica e uniforme, de forma a evitar incompatibilidades conceituais.

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2. Os diagnósticos foram elaborados com base em levantamentos primários e secundários dos meios físico, biótico e antrópico, os quais orientaram o zoneamento da Unidade, de forma que a delimitação de zonas e setores não é aleatória.

3. As oficinas participativas e as discussões no âmbito do Conselho Consultivo garantiram o processo participativo, na medida em que se estabeleceram diretrizes e metas para a conservação da biodiversidade, no interior do Parque e em sua Zona de Amortecimento.

4. O plano de Manejo cumpre os requisitos da resolução SMA 33/2013, em relação aos critérios técnicos para o estabelecimento da Zona de Amortecimento, incluindo as normas e restrições para cada uma das subzonas. Também cumpre as determinações da resolução SMA 32/2013, no que se refere à participação do Conselho Consultivo da Unidade nas várias etapas que envolveram a elaboração deste plano.

5. Trata-se de um instrumento indispensável para a gestão do Parque e sua aprovação é urgente, na medida em que as pressões sobre a UC crescem em número e dimensão. As futuras revisões do Plano permitirão a realização de ajustes, na medida em que amadurecem as políticas públicas e avançam os investimentos públicos e privados na região.

6. As perspectivas de melhoria nas estradas de acesso ao Parque e a toda região do Vale do Ribeira, o crescimento das atividades minerárias e de silvicultura nos municípios vizinhos, incluindo os paranaenses, tornam ainda mais premente a aprovação deste Plano, que contribuirá com a integração das políticas públicas, com a celeridade e objetividade dos processos de licenciamento, bem como com a sustentabilidade da região.

7. Os representantes da CT-Bio, em especial CPLA, CETESB, FIESP e FAESP consideram importante para a efetiva gestão da Unidade, a elaboração de textos sintéticos de forma que se recomenda:

(i) A elaboração de uma versão do plano orientada à execução, licenciamento e fiscalização, contendo resumo claro e objetivo das recomendações e normas aplicáveis;

(ii) A confecção de uma versão didática do plano, no formato de cartilha, a ser distribuída, principalmente, nas comunidades do entorno do parque;

(iii) A ampla divulgação do Plano de Manejo e a disponibilização de seus materiais em versão digital e impressa (na sede do parque, na sede da FF e nas instituições parceiras).

8. A FAESP e a FIESP, solicitaram que ficasse registrada a seguinte manifestação: “necessidade do equacionamento dos dissensos para que o Plano de Manejo não fique maculado com vícios de legalidade e, consequentemente, não seja questionado judicialmente, sendo que muitos dos dispositivos constantes no Plano poderão implicar em sérias dificuldades para o pleno cumprimento das normas e recomendações propostas.”

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9. Por tudo exposto, registrados os dissensos em normas específicas, a maioria dos membros da Comissão Temática de Biodiversidade, Florestas, Parques e Áreas Protegidas manifestaram-se favoravelmente à aprovação do plano de Manejo do PETAR, e ao encaminhamento à Plenária do CONSEMA para a manifestação final.

São Paulo, 5 de julho de 2016

Relator: Eduardo Trani Coordenador de Planejamento Ambiental Secretaria do Meio Ambiente

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