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Resenha para disciplina Sociologia das Relacoes raciais

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Hasenbalg, C. Estrutura de classes, estratificao social e raa, In: _____ Discriminao e desigualdades raciais no Brasil, cap. III, So Paulo, ed. Humanitas, 2005.NOME: Ana Beatriz Barbosa de Carvalho e Silva. N USP: 7197931

Hasenbalg no captulo 1 , denominado Estrutura de classes. Estratificao social e raa revisita como a questo da raa foi descrita pelas teorias marxista de estrutura de classes e de estratificao social, a fim de propor a sua viso do tema. O autor reconstri o argumento dos defensores da teoria da estratificao social, ao dizer que esta teoria tem suas bases, por uma lado, na interpretao dos escritos de Toqueville; principalmente no que diz respeito s questes de como entender os pressupostos de liberdade e igualdade. Isso porque a igualdade diria respeito igualdade de oportunidades, e no de distribuio de benefcios, enquanto a liberdade vista como a liberdade individual. Liberdade esta, apontada como a liberdade de agir racionalmente, adequando meios e fins, e visando sempre a optimizao e maximizao dos lucros e benefcios individuais. Por outro lado, a teoria se apropria dos escritos weberianos no que diz respeito ao conceito de status. Quando Weber fala de grupos de status, ele se referia ao modo de relaes sociais feudais, nos quais os grupos dominantes se destacavam muito mais pelo prestgio e honra social, do que por suas posses e renda. Este tipo de abordagem ser usada pelos tericos da estratificao social, principalmente nos Estados Unidos, para descrever o funcionamento das sociedades sociais, no qual a categoria classe no proporcionaria mais uma leitura apropriada da realidade atual, uma vez que no daria conta das micro-relaes e lutas inter-relacionais presentes em segmentos sociais pela disputa de prestgio e honra social, que se consolidaria num reconhecimento de status pelos seus pares. No que o operador classe deixe de existir, ao contrrio, segue como uma varivel importante para a anlise, mas vista to somente como grupos de renda comum, passveis de serem medidos quantitativamente. Teorias mais recentes, incorporando os estudos de Bourdieu, acrescentam certa crtica, apontando as tenses geradas entre os pressupostos de igualdade de oportunidades e do iderio de meritocracia, frente s desigualdades de competio dado s caractersticas sociais herdadas ( seja via capital econmico, social, cultural, etc.)Por outro lado, a teoria marxista de estrutura de classes o fator determinante no necessariamente a renda, mas sim a posse, ou a falta dos meios de produo; da propriedade. O que diferencia, assim, uma sociedade da outra so os modos de produo, sendo a estrutura produtiva determinante para a estrutura de classes. A igualdade, por sua vez, aqui entendida como igualdade de distribuio de recompensas. A crtica ao capitalismo, reside em grande parte a m distribuio destas, que no se do de acordo com o tamanho da importncia de determinado trabalho para a sobrevivncia humana, mas seguem um padro abstrato arbitrariamente determinado. Ademais, o modo de produo capitalista caracteriza-se pelo contingente quantitativo irrelevante dos donos dos meios de produo frente massa de trabalhadores assalariados. O autor lembra ainda, como essas teorias trataram da questo racial. Enquanto Marx em momento algum trata explicitamente da questo racial, seus seguidores pretenderam explicar o preconceito racial como consequncia de sua posio social e econmica na estrutura de produo. Deste modo, Preconceito e discriminao raciais so, nesta perspectiva, mecanismos manipuladores utilizados pelas classes dominantes capitalistas a fim de explorar as minorias raciais e dividir o proletariado (Hasenbalg , 2005 p .116), como se fossem epifenmenos das relaes econmicas. No entanto, o autor se contrape esta viso, ressaltando exemplos histricos importantes que vo de encontro ao proposto, como por exemplo a classe trabalhadora na sul-africana, inteiramente dividida entre brancos e negros. Mesmo a teoria colonial, que entende o racismo como um produto da experincia histrica da escravido, que transladou as relaes pr-capitalistas para seu desenvolvimento posterior. No entanto, esta explicao carece de conceitos que expliquem outras experincias de racismo que no passaram pela escravido (como o racismo cientfico europeu). Deste modo esta teoria se caracteriza pela ausncia de um modelo explicito da explorao de classe e das relaes entre estrutura e dominao de classes e opresso e estratificao raciais (Hasenbalg , 2005 p 118).Para sair deste impasse terico, o autor frisa como ponto central a ser destacado que a opresso racial beneficia capitalistas brancos e brancos no-capitalistas, mas por razes diferentes (Hasenbalg , 2005 p .122). Isso porque alm do fato dos capitalistas brancos se beneficiarem da explorao dos negros, outros brancos conseguem indiretamente certas vantagens. Principalmente uma vantagem competitiva, no que diz respeito s chances reais de ascenso social e acesso a elementos simblicos como honra social, tratamento digno e direito de autodeterminao. Um branco, dadas as mesmas outras condies sociais que um negro, pelo simples fato de ser branco, acaba por possuir um privilgio racial frente a uma desvantagem desleal que o negro enfrenta. Como resume o autor: a raa, coma trao fenotpico historicamente elaborado, um dos critrios mais relevantes que regulam os mecanismos de recrutamento para ocupar posies na estrutura de classes e no sistema de estratificao social. (Hasenbalg , 2005 p .124) Deste modo, nessa sociedade multirracial de classes e capitalista, a condio racial, por si mesma uma varivel social que influencia as chances de mobilidade e acesso a capitais. Isso devido a certas caractersticas de nossa sociedade, como convenes, estatutos e prticas do estado, bem como preferncias da comunidade, esteretipos culturais e circunstncias do mercado.