resenha – sicko – sos saúde

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Isabella Cristina Do Nascimento Pereira RA0097776 Políticas Sociais No Âmbito Internacional Prof. Ademir A. Silva Resenha – SICKO – SOS Saúde Michael Moore é um cineasta internacionalmente conhecido por seus documentários transgressores e profundamente críticos da sociedade americana. Sicko, um filme de 2007, aborda a questão do sistema de saúde americano, único país ocidental que não possui acesso gratuito e universal a tratamentos médicos. O cineasta cria uma obra poderosa em seus efeitos de denuncia sobre um sistema extremamente desigual e com efeitos devastadores sobre a população mais pobre do país. Moore aborda o problema por diversos ângulos. Primeiramente, trata da questão dos convênios privados de saúde, entrevistando pacientes que tiveram seus pedidos por tratamento negados e profissionais que trabalhavam nesta área, que revelam a busca desmedida pelo lucro de tais empresas. O próximo tema é a ligação destas empresas com o governo, através do lobby e financiamento de campanhas, permitindo com que leis sejam aprovadas em seu benefício e que tenham cada vez mais poder nas pautas americanas. Importante notar que tal atitude é profundamente permeada pela ideologia neoliberal, remontando ao red scare do início da guerra fria pelo temor da socialização da saúde, a semelhança do que ocorria na URSS.

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Resenha crítica sobre o filme apresentada na aula de Políticas Sociais

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Isabella Cristina Do Nascimento PereiraRA0097776Polticas Sociais No mbito Internacional Prof. Ademir A. Silva

Resenha SICKO SOS Sade

Michael Moore um cineasta internacionalmente conhecido por seus documentrios transgressores e profundamente crticos da sociedade americana. Sicko, um filme de 2007, aborda a questo do sistema de sade americano, nico pas ocidental que no possui acesso gratuito e universal a tratamentos mdicos. O cineasta cria uma obra poderosa em seus efeitos de denuncia sobre um sistema extremamente desigual e com efeitos devastadores sobre a populao mais pobre do pas.Moore aborda o problema por diversos ngulos. Primeiramente, trata da questo dos convnios privados de sade, entrevistando pacientes que tiveram seus pedidos por tratamento negados e profissionais que trabalhavam nesta rea, que revelam a busca desmedida pelo lucro de tais empresas. O prximo tema a ligao destas empresas com o governo, atravs do lobby e financiamento de campanhas, permitindo com que leis sejam aprovadas em seu benefcio e que tenham cada vez mais poder nas pautas americanas. Importante notar que tal atitude profundamente permeada pela ideologia neoliberal, remontando ao red scare do incio da guerra fria pelo temor da socializao da sade, a semelhana do que ocorria na URSS. O cineasta tambm visita diferentes pases desenvolvidos que contam com sistema pblico de sade, com grande diferena quanto ao atendimento e acessibilidade de tratamentos e remdios para a populao. Ao final, tenta levar heris do 11/9, com diversos problemas de sade graas tragdia mas sem suporte mdico do governo, baa de Guantanamo, territrio estadunidense em Cuba onde se mantm um campo de deteno para terroristas, que contam com cuidados mdicos gratuitos e frequentes. Ao no conseguir tratar os heris no local, segue para Havana, onde obtm tratamentos gratuitos e remdios a custos irrisrios.O filme tem diversas foras, e numa opo acertada utiliza tanto nmeros e ndices humanos como testemunhos para dar conta do tema tratado. Os depoimentos so contundentes e os impactos da atual poltica se mostram extremamente cruis com aqueles que mais a necessitam. Mesmo aqueles que possuem cobertura de convnio ficam a merc deste, sendo que a aprovao de seus tratamentos mdicos s ocorre caso no se possa impedi-los. Mas o mais importante a discusso de tal abandono como decorrente de um Estado (neo)liberal, que defende o Estado mnimo, com privatizao de diversas reas, entre as quais a da sade, e a livre competio, mas que, como ficou claro na crise de 2008, permite que se individualize os lucros e se socialize as perdas desse modelo que prioriza o capital financeiro ao fator humano de cada sociedade. Assim, o filme toca na ferida em um pas que, mesmo numa fase de crescimento pr-crise, incapaz de prover servios bsicos aos seus cidados por uma ideologia que no preza de fato a vida humana, e que tenta vend-la e/ou imp-la aos demais pases do mundo atravs de instituies multilaterais, levando-os ao mesmo destino. Como alerta Silva (2011), os capitais financeiros so tomados como soluo e os Estados de bem estar social como problema durante momentos de crise, numa distoro sombria de quais so os verdadeiros problemas a serem solucionados. O atendimento humanizado recebido pelos estadunidenses em Cuba escancara tal questo, no qual um pas demonizado por mais de cinquenta anos pelo governo norte-americano no s oferece sade pblica de qualidade para os estrangeiros como tambm ndices superiores de longevidade e mortalidade infantil. Michael Moore, assim, cria um filme necessrio discusso sobre quais tipos de polticas queremos para a populao mundial, e aponta um caminho que passa necessariamente pela sade pblica, universal e gratuita como direito humano universal.

Bibliografia

MOORE, Michel. Sicko - S.O.S Sade. EUA, 2007.SILVA, Ademir A.. A crise capitalista contempornea e as relaes entre Estado, mercado e sociedade: subsdios para avaliao das polticas sociais. IN Revista Ponto e Vrgula n.10, 2 semestre de 2011, pp. 260-281. So Paulo: PEPF em Cincias Sociais, PUCSP.