resenha kantiano 1

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FERREIRA, Arthur Arruda Leal. A psicologia no recurso aos vetos kantianos século XIX. In: JACÓ-VILELA, Ana Maria ; FERREIRA, Arthur Arruda Leal PORTUGAL. Francisco Teixeira. (Org.). História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Nau editora, 2013, v. 1, p. 97-103. A psicologia no recurso aos vetos kantianos A psicologia no recurso aos vetos Kantianos, do professor de psicologia da Universidade Federal do Rio de Janieor(UFRJ) , Arthur Arruda Ferreira Leal é o quarto capítulo do livro História da psicologia: rumos e percursos, no texto o autor faz uma análise histórica e crítica do rumo seguido pela psicologia a partir dos vetos de Kant, que apontaram a impossibilidade da psicologia de se tornar verdadeiramente científica. A psicologia foi submetida a uma série de críticas no final do século XVIII, um dos seus principais críticos foi Imannuel Kant. O filosofo Kant nasceu na Prússia oriental em 1724, sua filosofia foi base para o pensamento contemporâneo, e estabelecer por parâmetros, os limites onde a razão pode operar, constitui o tema dos seus principais livros. O trabalho de Kant estabeleceu uma distinção entre ciência e metafísica, e devido a suas críticas, os saberes da psicologia foram considerados metafísica. Esse limite não foi estabelecido apenas para a psicologia racional, ele se estendeu para a psicologia empírica.

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FERREIRA, Arthur Arruda Leal. A psicologia no recurso aos vetos kantianos século XIX. In: JACÓ-VILELA, Ana Maria ; FERREIRA, Arthur Arruda Leal PORTUGAL. Francisco Teixeira. (Org.). História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Nau editora, 2013, v. 1, p. 97-103.

A psicologia no recurso aos vetos kantianos

A psicologia no recurso aos vetos Kantianos, do professor de psicologia da

Universidade Federal do Rio de Janieor(UFRJ) , Arthur Arruda Ferreira Leal é o quarto

capítulo do livro História da psicologia: rumos e percursos, no texto o autor faz uma

análise histórica e crítica do rumo seguido pela psicologia a partir dos vetos de Kant,

que apontaram a impossibilidade da psicologia de se tornar verdadeiramente científica.

A psicologia foi submetida a uma série de críticas no final do século XVIII, um

dos seus principais críticos foi Imannuel Kant. O filosofo Kant nasceu na Prússia

oriental em 1724, sua filosofia foi base para o pensamento contemporâneo, e

estabelecer por parâmetros, os limites onde a razão pode operar, constitui o tema dos

seus principais livros.

O trabalho de Kant estabeleceu uma distinção entre ciência e metafísica, e

devido a suas críticas, os saberes da psicologia foram considerados metafísica. Esse

limite não foi estabelecido apenas para a psicologia racional, ele se estendeu para a

psicologia empírica.

Segundo Kant para a psicologia se transformasse numa ciência empírica, ela

deveria seguir alguns critérios: clareza sobre seu objeto de estudo para efetuar análise e

síntese; estabelecer uma separação entre sujeito e objeto e produzir uma matematização

das sucessões temporais da consciência.

Durante todo o século XIX, alguns projetos de psicologia foram desenvolvidos

por Rudolph Lotze(1817-1881) e Francis Gaton(1822-1911), com o objetivo de incluir a

psicologia no grupo das ciências, mas apenas com a ajuda indireta do trabalho de alguns

fisiólogos e de um físico foi que esse objetivo foi alcançado. O trabalho desenvolvido

por esses profissionais conseguiu estabelecer a psicologia como ciência.

O primeiro problema abordado por Kant, a falta de um elemento objetivo, foi

superado pelo fisiólogo Johannes Muller (1801-1858) , segundo sua teoria os nervos são

dutos de energia nervosa específica, que se traduzia em um tipo de sensação. O mundo

percebido seria apenas uma mera propriedade das nossas energias nervosas, estimuladas

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por um fator físico. A sensação seria um elemento preciso, e se tornou no elemento de

construção da psicologia como ciência, pois ela liga o mundo físico dos estímulos, o

fisiológico das vias nervosas e o psicológico, a base de nossas representações.

O segundo problema kantiano foi resolvido pelo fisiólogo Hermann Von

Helmholtz(1795-18780), com sua teoria Inferência Inconsciente e com o método

introspecção experimental. Pela teoria da inferência inconsciente nossas sensações

seriam organizadas de acordo com informações passadas, aptas a ordenar de forma

inconscientes informações criadas pelo sentidos resultando numa representação

psicológica. O modo de análise das sensações seria a introspecção experimental que

processa de forma inversa essas sínteses inconscientes, para neutralizar a síntese

inconsciente os sujeito deve ser treinado a reconhecer o aspecto bruto e selvagem da

experiência, ele deve ser treinado para tal, um fisiólogo treinado apto a distinguir a

experiencia passada e a sensação.

O físico Gustav Fechner(1801-1887) conseguiu resolver a matematização e

também ofereceu a resposta experimental ao terceiro veto de Kant. Fechner criou a

primeira lei matemática para psicologia , a Lei Weber-Fechner que definiu uma função

matemática para relacionar estimulo recebido e percepção. A formula é S=KlogR, onde

S é sensação , diferença apenas percebida (daps), K é uma constante matemática e R

significa limiar de percepção de estímulos. Fechner conseguiu chegar nessa fórmula,

pois trabalhava na sua teoria do panpsiquismo, um conjunto de pensamento e reflexões

sobre o mundo, o domínio físico e mental não seriam duas naturezas, mas uma única

natureza composta de duas perspectivas.

O trabalho de Fechner que intuiu matematicamente a relação estímulos e

sensações é considerado por alguns historiadores como o marco da psicologia

experimental. O valor desse trabalho esta correlacionado a resposta que ele oferece a

crítica kantianas. Fechner abriu caminhos para uma psicologia reconhecida como

ciência dentro dos novos padrões do século XIX, superando os impasses da psicologia

empírica do seculo XVIII.

O texto elaborado por Leal, além de se referir a elementos históricos o que

contextualiza o desenvolvimento da psicologia, ele também apresenta um tema ainda

atual, o enquadramento da psicologia como ciência dentro dos moldes das ciências

naturais, a proliferação na psicologia de sistemas que se postulam como ciência pura.

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Kant fez um trabalho critico do pensamento sobre o próprio pensamento

O autor oferece no final do capítulo uma indicação estética é bibliográfica para o

leitor que orienta um estudo mais profundo sobre o tema, relacionando obras da história

da psicologia, filosofia e literatura.