resenha do livro capitalismo parasitário

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: Livro Bauman. Capitalismo patrasitário

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Universidade Federal de Santa CatarinaCentro Scio-EconmicoPrograma de Ps-Graduao em Administrao UniversitriaMestrado em Administrao UniversitriaDisciplina: Educao e SociedadeProfessora: Dr. Carla BurigoMestranda: Fernanda Borges Vaz RibeiroResenha Crtica da Unidade 2 da disciplina Educao e SociedadeReferncia: BAUMAN, Zygmunt. Capitalismo parasitrio e outros temas contemporneos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010.

A partir das incessantes reflexes e discusses em sala de aula e por meio das leituras dos livros Ensaios sobre a Cultura, Capitalismo Parasitrio, de Zygmunt Bauman (2011, 2010) e O que cultura, de Jos Luiz dos Santos (2006), acredito que Cultura, diante de tudo que me foi apresentado, um fenmeno em constante movimento que no ocorre naturalmente e que construdo por meio de um processo de interao social.A cultura concebida por meio de uma estrutura de ordem e desordem, isto , o sujeito estabelece uma ordem e desenvolve uma cultura, e quando no mais satisfeito com esta ordem, ocorre uma desordem e o sujeito cria uma nova ordem, uma nova cultura. Alm da estrutura, a cultura se constitui tambm num processo de prxis que se d por meio da relao da teoria (o que penso, concebo) com a prtica (o que vivencio) (BRIGO, 2014).Neste contexto, pretendo analisar o livro Capitalismo parasitrio, em especial, o captulo da Cultura da oferta, no qual, Zygmunt Bauman (2010) aponta e questiona os novos desafios da educao, dentre outros assuntos. Por sua vez, esta autora tem como objetivo analisar o impacto cultural do ambiente virtual de aprendizagem colaborativa do Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus Cambori na comunidade acadmica do Campus quanto ao seu uso, interao social e dinamizao quanto ao fluxo e disseminao de informao e conhecimento produzido pela comunidade do Campus. Zygmunt Bauman, o autor da obra Capitalismo Parasitrio, socilogo, nasceu na Polnia e mora na Inglaterra desde 1971. Comeou sua trajetria acadmica na Universidade de Varsvia, onde teve artigos e livros censurados, e em 1968, foi afastado da Universidade. Emigrou da Gr-Betanha, onde, em 1971, tornou-se professor titular da Universidade de Leeds, cargo que ocupou por vinte anos. Bauman tem vrios livros publicados no Brasil pela Editora Zahar. Atualmente professor emrito de sociologia das Universidades de Leeds e Varsvia (ZAHAR, 2014).A obra Capitalismo parasitrio dividida em cinco captulos. Mas para esta resenha s irei abordar O capitalismo parasitrio e A cultura como oferta. No primeiro captulo, Bauman afirma que o capitalismo um sistema parasitrio pelo fato do parasita se hospedar em um organismo ainda no explorado que lhe fornea alimento. Mas com isso, cedo ou tarde, destri o hospedeiro. (BAUMAN, 2010, p. 9). O Capitalismo um sistema parasitrio pelo fato de sempre estar buscando novos lugares para se hospedar, se ampliar e gerar novos mercados. Sendo assim, acredito que o parasitismo tambm pode ser aplicado Tecnologia, pois diariamente nos deparamos com novos equipamentos, novos softwares que ainda nem sabemos utilizar e quando aprendemos a usar estes, j existem outros no mercado. A tecnologia se tornou extremamente voltil e sempre est buscando um novo lugar para se hospedar.Bauman traz a concepo material do parasitismo com o carto de crdito com o seguinte slogan: desfrute agora e pague depois! O indivduo est livre para administrar seus desejos quando quiser, mesmo sem ter o suficiente para obt-las naquele momento, porm, os emprstimos em algum momento tero que ser pagos. No pensar no futuro significa acumular problemas (BAUMAN, 2010, p. 13) e estar a merc das administradoras de carto de crdito, o maior parasita que conheo.Alm disso, o autor trata das ligaes simbiticas entre o Estado e o mercado, ou seja, a cooperao entre o Estado e o mercado a regra; o conflito entre eles, quando acontece, a exceo. Portanto a relao do Estado com o mercado de vantagens mtuas, mas deste ltimo para com o consumidor parasitismo (BAUMAN, 2010, p.30-3).O segundo captulo trata da Cultura da oferta. Bauman diz que a cultura de hoje feita de ofertas e no de normas. A economia lquido-moderna, centrada no consumidor, se baseia no excesso de ofertas e no descarte rpido dos objetos de consumo que tornam-se obsoletos rapidamente. (BAUMAN, 2010, p.35-36).O subttulo do segundo captulo trata dos novos desafios da educao. Bauman nos diz que os desafios atuais da educao vo contra a prpria idia de educao devido s constantes mudanas que vivenciamos em nosso mundo lquido-moderno (BAUMAN, 2010, p. 40). Desta maneira, a solidez dos vnculos humanos na ps-modernidade uma ameaa, pois um futuro imerso em obrigaes cerceia a liberdade de movimento e a capacidade de perceber novas oportunidades assim que elas aparecem, por conseqncia, compromete a sociedade lquido-moderna feita de constantes descartes (BAUMAN, 2010, p.40-41).O conhecimento tambm no escapa ao consumismo moderno que consiste em acumular para depois descartar. O mundo lquido-moderno to voltil que desafia constantemente a verdade do saber existente. Parece que vivemos em um ambiente mais propcio para esquecer, do que para lembrar. (BAUMAN, 2010, p. 59). O autor finaliza Os novos desafios da educao dizendo que A arte de viver num mundo hipersaturado de informao ainda no foi aprendida e que ainda no aprendemos a educar os indivduos para este tipo de vida (2010, p. 60).No subttulo A relao professor/aluno na fase lquido moderna, o autor inicia comentando que os filhos enfrentam o mundo de maneira drasticamente diferente dos seus pais, que outrora, eram guiados pelos educadores, a aprenderem, a considerar um padro de normalidade (BAUMAN, 2010, p.63). As velhas e novas geraes tendem a se olhar com certa desconfiana e incompreenso. Os mais velhos temem que os mais novos venham para destruir a normalidade que os pais construram e os jovens querem consertar o que os antigos estragaram (BAUMAN, 2010, p.64). neste contexto que os alunos e professores neste lquido mundo moderno vivenciam uma situao complicada, onde as relaes virtuais sobrepem s relaes sociais. O autor comenta que os alunos centram-se em seus aparelhos de comunicao instantnea, levando-os a um rpido e superficial contato, do tipo use e jogue fora Desta maneira, a relao entre professor x aluno torna-se fragilizada, pois a interao social entre eles mnima, o que pode comprometer o processo de ensino-aprendizagem.A partir das reflexes sobre as concepes do conceito de cultura e da anlise da obra O Capitalismo parasitrio, destaco especificamente, o captulo A Cultura como oferta, que trata de uma questo que muito interessa a autora: Os novos desafios da educao e a relao professor/aluno na fase lquido moderna. Para onde vai educao diante das mudanas que estamos vivenciando. Nossa sociedade no mais a mesma, to pouco nossa economia; transitamos de uma sociedade slido-moderna para uma lquido-moderna, onde tudo mais rpido, flexvel, volvel; onde as informaes surgem exacerbadamente sem um controle prvio; passamos da condio de indivduos para consumidores e somos alvos de um parasita chamado capitalismo. A arte de viver em um mundo hipersaturado de informaes ainda no foi aprendida e ainda no aprendemos a preparar os indivduos para este tipo de vida. neste contexto de profundas mudanas econmicas, tecnolgicas, sociais e claro, culturais na Educao que venho com a proposta de analisar o impacto cultural do ambiente virtual de aprendizagem colaborativa do Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus Cambori na comunidade acadmica do Campus quanto ao seu uso, interao social e dinamizao quanto ao fluxo e disseminao de informao e conhecimento produzido pela comunidade do Campus.O IFC - Campus Cambori, como produtor de informao e conhecimento e com o compromisso de prestar servios comunidade, desenvolveu o CriaCaC, um ambiente virtual de aprendizagem colaborativa de apoio educao cientfica e tecnolgica, que permite aos alunos dos cursos de nvel mdio/tcnico, a construo de conhecimento em repositrio de informaes, utilizando-se da tecnologia Wiki. O gerenciamento desta tecnologia realizado pela biblioteca por meio do software Tikiwiki, no qual, atualmente, encontra-se tecnologicamente defasado, necessitando de uma verso mais adequada para atender satisfatoriamente s demandas dos usurios que participam do Ambiente virtual de aprendizagem colaborativa.Sendo assim, para que eu possa analisar o impacto cultural do ambiente virtual de aprendizagem do IFC Campus Cambori na comunidade acadmica do Campus a partir da concepo de Bauman (2010), primeiramente, terei que considerar trs pontos: a disseminao da informao e do conhecimento e a interao social.Quando Bauman (2010, p. ) diz que atribuir importncia s diversas informaes e, sobretudo, atribuir maior importncia a umas que a outras talvez seja a tarefa mais desconcertante e a deciso mais difcil, eu tenho que concordar, pois mesmo que um ambiente virtual de aprendizagem colaborativa seja um local aberto para a comunidade do IFC - Campus Cambori trocarem suas experincias, documentos diversos, artigos cientficos, etc, necessrio que exista um gestor, neste caso, um bibliotecrio que gerencie as informaes que esto sendo inseridas neste ambiente. uma tarefa rdua, at desconcertante e uma das decises mais difceis, mas o ato de decidir quais informaes so pertinentes ou no, so de extrema importncia para preservar a cultura deste ambiente. Desta maneira, cito uma frase de Bauman para exemplificar o crescimento desenfreado da informao neste lquido mundo moderno (2010, p.57): As enormes quantidades de informao competindo por ateno parecem muito mais ameaadoras para os homens comuns do que os poucos mistrios do universo que ainda restam [...].Em relao ao conhecimento, busquei o seguinte trecho: Em todas as pocas, o conhecimento foi avaliado com base em sua capacidade de representar fielmente o mundo. Mas como fazer quando o mundo muda de uma forma que desafia constantemente a verdade existente, pegando de surpresa at os mais bem-informados? (BAUMAN, 2010, p. 43).

A partir desta citao como considerar a produo do conhecimento no ambiente virtual de aprendizagem colaborativa diante das transformaes decorrentes da sociedade lquido-moderna. O que fazer para no nos tornarmos obsoletos e ao mesmo tempo no perdermos o conhecimento produzido por meio da histria, da cultura, da identidade social da Instituio.E por ltimo, a interao social que um fator muito importante na relao entre professores e alunos no processo de ensino-aprendizagem. A interao social proporcionada pelo ambiente virtual de aprendizagem do IFC Campus Cambori tem seu lado positivo e o negativo. Positivo porque permite que de qualquer lugar, seja de casa, da escola, de uma lan house, os alunos e professores possam interagir produzindo informao e gerando conhecimento. Mas por outro lado, ao se verem no IFC, ou na rua, talvez nem se cumprimentem, ou debatam sobre o assunto que estava sendo amplamente discutido pela comunidade no frum do ambiente virtual. Neste contexto, Bauman traz uma importante considerao quando diz que fazer contato visual ou permitir a aproximao fsica de outro ser humano sinnimo de desperdcio, pois pode ser comparado dedicar um tempo precioso, a aprofundar um relacionamento, uma interao social. J as relaes virtuais so mais rpidas e no tomam tanto tempo das pessoas, possvel se conectar e se desconectar com muita facilidade, diferente do mundo real.Contudo, aps o estudo do fenmeno Cultura a partir dos estudos em sala de aula, com o embasamento literrio dos autores Zygmunt Bauman e Jos Luiz dos santos e com a anlise da obra Capitalismo parasitrio, concluo que a cultura est vinculada com a humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, naes, sociedades e grupos humanos (SANTOS, 2006, p. 8). A cultura dinmica, fadada a um movimento em desenvolvimento, pois nos modificamos a todo o tempo, na interao com o outro e com a valorizao dos nossos valores, preceitos, educao, conhecimento, etc. Ou seja, a cultura est presente em nosso cotidiano e todos os dias ela sofre alteraes em funo das transformaes decorrentes do mundo lquido-moderno. Finalizo com a frase de Santos (2006, p.86): Cultura o legado comum de toda a humanidade.RefernciasBRIGO, Carla Cristina Dutra. Anotaes das aulas da disciplina Educao e Sociedade. Florianpolis: UFSC, 2014.

SANTOS, Jos Luiz dos. O que cultura. So Paulo: Brasiliense, 2006. (Coleo primeiros passos ; 110).

ZAHAR. Zygmunt Bauman. Disponvel em:. Acesso em: 7 jun. 2014.