resenha crítica do filme - judgment at nuremberg

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE DIREITO DISCIPLINA: SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA PROFESSOR: JOSÉ AFONSO DO NASCIMENTO DISCENTE: CARLOS ALBERTO GARCIA LEITE SEGUNDO JUDGMENT AT NUREMBERG O objetivo deste trabalho é analisar o impasse no julgamento d os crimes de guerra cometidos pelos chefes da Alemanha nazista com o fim da Segunda Guerra Mundial no filme Judgment at Nuremberg , produzido em 1961 com direção de Stanley Kramer. A análise será feita com foco em quatro personagens principais, que são: Dan Haywood (o Juiz que rege o tribunal), Hans Rolfe (advogado de defesa), Coronel Lawson (promotor) e Ernst Janning (magistrado réu). Na sala do tribunal do júri, a divisão do trabalho estava clara e objetiva. Composta pelos réus, pelo promotor, pelo advogado de defesa, pelo juiz, pelas testemunhas, pelos intérpretes e pelo júri. Cada um desempenhando seu papel fidedignamente. Dan Haywood, juiz norte-americano que foi designado para a árdua tarefa de presidir o julgamento de quatro juízes alemães, acusados de terem usado seus altos cargos para permitirem e legalizarem as atrocidades cometidas pelos nazistas contra o povo judeu, durante a Segunda Guerra Mundial. Haywood encontrava-se diante de um conflito para julgar os

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Page 1: Resenha crítica do filme - Judgment at Nuremberg

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE DIREITO

DISCIPLINA: SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA

PROFESSOR: JOSÉ AFONSO DO NASCIMENTO

DISCENTE: CARLOS ALBERTO GARCIA LEITE SEGUNDO

JUDGMENT AT NUREMBERG

O objetivo deste trabalho é analisar o impasse no julgamento dos crimes

de guerra cometidos pelos chefes da Alemanha nazista com o fim da Segunda

Guerra Mundial no filme Judgment at Nuremberg, produzido em 1961 com

direção de Stanley Kramer. A análise será feita com foco em quatro

personagens principais, que são: Dan Haywood (o Juiz que rege o tribunal),

Hans Rolfe (advogado de defesa), Coronel Lawson (promotor) e Ernst Janning

(magistrado réu).

Na sala do tribunal do júri, a divisão do trabalho estava clara e objetiva.

Composta pelos réus, pelo promotor, pelo advogado de defesa, pelo juiz, pelas

testemunhas, pelos intérpretes e pelo júri. Cada um desempenhando seu papel

fidedignamente. Dan Haywood, juiz norte-americano que foi designado para a

árdua tarefa de presidir o julgamento de quatro juízes alemães, acusados de

terem usado seus altos cargos para permitirem e legalizarem as atrocidades

cometidas pelos nazistas contra o povo judeu, durante a Segunda Guerra

Mundial. Haywood encontrava-se diante de um conflito para julgar os

magistrados réus; no qual se deveria prevalecer as leis internacionais ou as leis

do próprio país?

O Cel. Lawson, promotor, utilizou como tese de acusação o fato dos

juízes atuarem conforme a ideologia nazista, condenando pessoas inocentes à

morte ou à tortura, devido à sua opção religiosa, à sua raça ou até mesmo por

não aceitar a ideologia nazista da época. O Cel. Lawson apelou para fatores

emocionais e para depoimentos de testemunhas que sofreram graves

retaliações, ordenadas pelos juízes. Como foi o caso da esterilização de

Rudolph Peterson, considerado incapaz mental, e a “contaminação racial” de

Page 2: Resenha crítica do filme - Judgment at Nuremberg

Irene Hoffman com um não-ariano, retomando à tona o antigo caso

Feldenstein, que foi sentenciado pelo juiz Ernst Janning.

O advogado de defesa, Hans Rolfe, por sua vez, utilizou a tese de que

os juízes agiam de tal modo por acreditarem ser o melhor para o seu país, já

que o contexto vivido naquela época era de medo, fome, pobreza e desgraça.

Precisava-se de uma voz forte e de comando que colocasse o país nos trilhos

e conduzisse-o ao sucesso. Essa voz foi a de Adolf Hitler. Hans Rolfe, utilizava

muito bem a lógica nas suas questões e conseguia extrair respostas

conclusivas das testemunhas, através, muitas vezes, da intimidação, da

pressão e da sua perspicácia.

Ernst Janning, junto com mais três juízes, Emil Hahn, Werner Lampe e

Friedrich Hofstetter compunham o banco dos réus. Permanecendo boa parte

do júri calado, Ernst Jannig conformava-se com a defesa do seu advogado,

Rolfe, e não dava sua opinião, até que o promotor Lawson chamou a

testemunha Irene Hoffman para falar sobre o caso Feldenstein. Devido à

pressão feita por seu advogado sobre a testemunha, fazendo-lhe insinuações e

perguntas constrangedoras, ele se levantou e contou toda a verdade do caso

(dizia o caso Feldenstein: Um não-ariano que mantivesse algum tipo de contato

social ou até mesmo uma relação sexual com um ariano seria condenado à

morte por contaminação racial). Janning sentenciou o caso condenando

Feldenstein à morte. Janning, declarou-se culpado perante a todos na sala do

júri, afirmando que só não sabia das atrocidades cometidas nos campos de

concentração quem não tivesse olhos e ouvidos. Seu advogado, Rolfe,

contradisse dizendo que ali naquela sala, não seria condenado apenas um

homem alemão que seguiu às ordenações de Hitler, mas toda a população

alemã, que depositou confiança na palavra do ditador e que apenas uma

pequena parcela de nazistas extremistas sabiam de tais atrocidades. A história

de Janning confunde-se com a de Carl Schmitt, jurista, filósofo político e

professor universitário alemão, especialista em Direito Constitucional e

Internacional da Alemanha no séc. XX, devido a sua também proximidade com

o regime Nacional-Socialista. Ficou lembrado como “Jurista Maldito”, em razão

de legitimar os absurdos acontecidos naquela época.

Page 3: Resenha crítica do filme - Judgment at Nuremberg

Ao decorrer do filme, a Senhora Bertholt, viúva de um militar nazista

condenado à morte em Nuremberg, procura mostrar a Haywood que a

Alemanha não é só crueldade e terrorismo. Enfim, na hora de dar o veredicto, o

juiz Dan Haywood, alegou que a responsabilidade recaía sobre aqueles que

atuavam para o Estado, porque só aqueles que estavam em posição de julgar

a legitimidade das ordens dadas, poderiam ser acusados. Os juízes

participaram ativamente na aplicação daquelas leis. E todo homem é

responsável por seus atos. Disse também Haywood: “...qualquer pessoa que

seja cúmplice de um crime é culpado.”. E assim, condenou os quatro

magistrados réus culpados e à prisão perpétua.