resenha a escravidão social

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de Jacob Gorender

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOINSTITUTO DE CIENCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE HISTRIA

HISTRIA DO BRASIL I

Aluna: Glucia Luany Neto (09.1.3058)

Resenha do captulo A Categoria Escravido, retirado da obra O Escravismo Colonial, de autoria de Jacob Gorender.

1. Propriedade e sujeio pessoal

A escravido, segundo o autor, por si mesma no indica um modo de produo, tomando-se como exemplo a escravido domstica, e pode tambm ser complementar a diferentes modos de produo. Entretanto, esse sistema social pode dar origem a dois modos de produo distintos: o escravismo patriarcal (onde a economia predominantemente natural) e o escravismo colonial (voltado para a produo de bens comercializveis). H de se entender que a escravido desenvolveu-se em sociedades predominantemente agrrias, onde as condies de trabalho para esta classe eram favorveis ao surgimento deste sistema.Jacob Gorender, referindo-se escravido ocidental, afirma que o fator primrio que a torna uma categoria sociolgica o fato de que o escravo se torna propriedade de outrem, uma propriedade viva - equiparando-se fora de trabalho animal no-humana que se sujeita ao proprietrio e s condies fornecidas por este. No que tange ao que chamamos de escravido completa, h ainda dois atributos derivados do primeiro (propriedade): a perpetuidade, e a hereditariedade o escravo escravo porque nasce de uma me escrava, e permanece assim at sua morte. Gorender levanta neste ponto do texto a hiptese de que Karl Marx utiliza conceitos reminiscentes da filosofia da histria de Hegel.2. Coisa e Pessoa

Para Aristteles: consideramos propriedade aquilo que est fora de ns e nos pertence. E o escravo, como propriedade, coisifica-se, apesar de ser tambm um ser humano. O grego ainda enfatiza que o escravo um ser inferior por natureza, mesmo quando liberto.De acordo com o autor deste captulo, a contradio que existe no fato de o escravo ser coisa e ser tambm pessoa no se manifestou nem se desenvolveu nas culturas ou nas ideologias. O prprio escravo mostrava sua condio incoerente ao passo em que reagia ao tratamento de coisa. A tendncia dos senhores de escravos foi v-los como animais de trabalho, e a Gorender exemplifica escrevendo sobre como os escravos eram marcados semelhantemente ao gado. Embora o escravo reagisse ao tratamento de coisa, a aceitao de sua coisificao no foi caracterstica fixa. O primeiro ato de humanizao do escravo se consolidava pelo crime (atentado contra o senhor ou fuga do cativeiro).Para punir o escravo criminoso, a sociedade o considerava homem. O escravo conseguiu o reconhecimento como sujeito de delito e tambm como objeto de delito (GORENDER, 1980. p. 66), o autor faz ento uso de exemplos na escravido antiga de cdigos jurdicos que limitavam os castigos fsicos, isso aps um perodo em que o senhor poderia punir ou matar seu escravo de acordo com seu arbtrio. importante salientar que estas modificaes no direito penal no modificavam as leis econmicas.

Quanto mais acentuado o carter mercantil de uma economia, escreve Jacob Gorender, tanto mais forte a tendncia a extremar a coisificao do escravo, que era impedido por lei (nas colnias) de denunciar o senhor ou testemunhar contra ele. Estes senhores de escravos acabaram por tornar, mesmo que a lei no permitisse, o direito de vida e morte dos escravos em um direito consuetudinrio.

3. O escravo e o Trabalho

Deve-se ao escravo, segundo uma frmula geral observada por aqueles que tratam do escravismo: alimentao, trabalho e castigo.

Trabalho e castigo so indissociveis no sistema escravista. No trabalho se manifesta a condio de propriedade que o escravo possui, e a reao ao trabalho a reao da humanidade do escravo coisificao. (p. 70). Ento, explica-se a necessidade da ameaa do castigo e sua execuo exemplar. As punies eram moderadas porque o escravo era um bem do senhor, era dinheiro, ento a reside a importncia de no se inutilizar um bem produtor de riquezas.O historiador tambm fala sobre o alto custo da vigilncia sobre os escravos. Todo trabalho coletivo requer certa direo centralizada (se se pensa na natureza antagnica das relaes de produo entre fora de trabalho e detentor dos meios de produo) No escravismo, a oposio entre trabalhador e proprietrio se faz no prprio trabalho, da a necessidade de um feitor. Diferentemente do que assume Hegel, o escravo real s conquistava a conscincia de si mesmo como classe ao repelir o trabalho. Quando se diz que precisava-se de mais feitores para vigiar 300 escravos que contramestres que fizessem vigilncia sobre 1200 operrios, nota-se que o custo deste sistema de trabalho maior.

4. Tipos de trabalhador escravo.

O escravo era um mau trabalhador, com limites para ascender tecnicamente.

Neste ponto, Jacob Gorender discorre sobre os escravos urbanos de sofrimento mais leve que os agrcolas, onde coloca que na cidade, o emprego do escravo era diversificado: ele poderia trabalhar em oficinas, com artesos, em pequenos negcios, servios manuais e como escravo domstico. exceo do domstico, estes so conhecidos como Escravos Rendeiros (arrendavam seu prprio corpo), e entregavam uma renda fixa a seu senhor e ficavam com o restante.

5. O escravo como propriedade

O escravo era mercadoria como qualquer outra, sendo alienvel de acordo com a vontade de seu senhor. E mantinha relaes comerciais do tipo venda, compra, troca, emprstimo, aluguel, trfico, etc.

6. Escravido, servido da gleba e trabalho assalariado

Aqui, Gorender tendo como ponto de partida Karl Marx - explana sobre a relao de trabalho chamada servido, existente durante a Idade Mdia, e sua relao confusa com a escravido (lingstica e jurdica). As semelhanas de caractersticas entre escravo e servo contribuem para este tipo de confuso nos documentos.

A posse ou no de uma economia independente, com meios de produo prprios e gerida com autonomia, distingue o servo do escravo. Em comum possuem a coao extra-econmica do produtor direto.

O autor ainda escreve sobre o confronto conceitual entre escravido e trabalho assalariado, que suponho no ser necessrio de se estender neste trabalho.

Sistemas como o escravismo precisam de maior ateno quando se estuda um perodo marcado por este tipo de relao de trabalho, para se entender o passado agrrio que tratado nesta obra de Jacob Gorender, fortemente marcada por traos marxistas.