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LICITAÇÕES & CONTRATOS Orientações Básicas e Jurisprudência do TCU 4ª. Edição ATUALIZAÇÃO MARÇO/2010 a MAIO / 2011 1

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REPRODUO GRFICA

LICITAES & CONTRATOS Orientaes Bsicas

e Jurisprudncia do TCU

4. Edio

ATUALIZAO

MARO/2010 a MAIO / 2011

SUMRIO

Introduo

Deliberaes do TCU

responsvel solidrio pelos danos causados ao Errio todo aquele que contribui para a consecuo desses danos.

Uma vez demonstrado que pairam fundadas dvidas sobre a autenticidade do nico documento que comprovaria a participao dos recorrentes em fraude causadora de dano ao Errio, elide-se suas responsabilidade.

Acrdo 288/2011 Plenrio (Sumrio)

Os embargos de declarao no se constituem em figura recursal adequada discusso de questes de mrito.

A contradio passvel de embargos deve estar contida na prpria deciso embargada; no havendo como discutir, na via dos embargos de declarao, a presena de suposta contradio entre manifestaes ou decises do TCU.

A existncia de processo judicial no obsta a atuao do TCU, mesmo tendo por objeto as idnticas responsabilidades ora tratadas, haja vista a independncia de instncias e a competncia exclusiva do TCU para verificao do emprego de recursos federais.

Acrdo 296/2011 Primeira Cmara (Sumrio)

Nos processos afetos ao controle externo a cargo do TCU, a anlise do interesse em recorrer abarca a aferio do benefcio pblico em se rediscutir a deliberao proferida, assim como a verificao de possvel violao a direito do recorrente, no merecendo ser conhecidos os recursos interpostos com a inteno exclusiva de defender interesses particulares consubstanciados em mera expectativa de direito.

Acrdo 257/2011 Plenrio (Sumrio)

Autor de denncia ou representao no reconhecido, automaticamente, como interessado no processo, devendo, para isso, demonstrar, de forma clara e objetiva, razo legtima para intervir nos autos, na forma do art. 146, 1, do Regimento Interno/TCU.

Acrdo 370/2011 Plenrio (Sumrio)

No cabe ao Tribunal de Contas da Unio a soluo de controvrsia envolvendo direito subjetivo de empresa particular frente Administrao Pblica.

Acrdo 1462/2010 Plenrio (Sumrio)

Diante da constatao de desperdcio de dinheiro pblico, pela impossibilidade de aproveitamento da obra construda, cabe a instaurao de tomada de contas especial, pelo prprio rgo detentor original dos recursos ou ainda pelo TCU, para a apurao dos fatos, identificao dos responsveis e quantificao do dano.

Conforme prescrito pela Lei n 8.443/92, o responsvel que deixar de atender a deciso ou diligncia ser punido com a aplicao de multa.

Acrdo 936/2010 Plenrio (Sumrio)

Considera-se prejudicada a anlise de mrito, por perda do objeto processual, em vista de deciso da administrao de cancelar o certame.

Acrdo 849/2010 Plenrio (Sumrio)

A constatao de impropriedades em edital de licitao enseja a formulao de determinaes tendentes a adequ-lo legislao e jurisprudncia.

Acrdo 774/2010 Plenrio (Sumrio)

A omisso arguida em sede de embargos de declarao deve cingir-se aos fundamentos de fato e de direito inerentes deliberao adversada, de modo que hiptese contrria, em regra, enseja a rejeio da pea interposta.

No cabe, em sede de embargos de declarao sem efeitos infringentes, a rediscusso de matria decidida, para modificar o julgado em sua essncia ou substncia.

Acrdo 623/2010 Plenrio (Sumrio)

Conhecida a representao, no confirmados os indcios de irregularidades apontados, cabe consider-la improcedente.

Presentes falhas formais, cabe fazer determinaes municipalidade, de forma a evitar a repetio futura de situaes assemelhadas.

Acrdo 400/2010 Plenrio (Sumrio)

A identificao de falhas de procedimentos enseja o estabelecimento de determinaes corretivas.

Acrdo 349/2010 Plenrio (Sumrio)

Denncias apresentadas Ouvidoria do Tribunal, sem os requisitos exigidos no art. 235 do Regimento Interno do TCU, embora possam constituir-se em fonte relevante de informaes e desencadear a atuao fiscalizadora da Corte de Contas, devem ser submetidas ao mais rigoroso escrutnio possvel, especialmente se desacompanhadas de provas da irregularidade imputada a gestor pblico.

Acrdo 408/2010 Plenrio

No confirmados os indcios de irregularidade apontados na pea do denunciante, a denncia considerada improcedente e o processo arquivado, sem prejuzo de eventuais determinaes preventivas por parte do Tribunal.

Acrdo 374/2010 Plenrio

Julgam-se regulares com ressalva as contas anuais de gestor, quando comprovada impropriedade de que no resulte dano ao errio, e regulares quando expressarem, de forma clara e objetiva, a exatido dos demonstrativos contbeis, a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gesto do responsvel.

Acrdo 7821/2010 Primeira Cmara (Sumrio)

2. Ao responsvel que, injustificadamente, com dano efetivo ao normal andamento do processo, deixar de atender a diligncia do Tribunal promovida em cumprimento do seu dever legal de apurar denncia de irregularidades que lhe foi feita, aplica-se a multa prevista no art. 268, inciso IV, do Regimento Interno.

Acrdo 5532/2010 Primeira Cmara (Sumrio)

As contas sero julgadas irregulares, quando comprovada a prtica de ato de gesto ilegal, ilegtimo, antieconmico ou infrao norma legal ou regulamentar de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional ou patrimonial, ou nos casos de dano ao errio decorrente de ato de gesto ilegtimo ou antieconmico.

De acordo com o art. 16, 2, da Lei n 8.443/1992, no caso de o Tribunal julgar as contas irregulares, fixar a responsabilidade solidria dos agentes pblicos que praticaram o ato irregular e do terceiro, como parte interessada na prtica do mesmo ato.

Acrdo 3155/2010 Primeira Cmara (Sumrio)

Verificadas falhas na contratao de prestao de servios decorrentes de prticas equivocadas disseminadas na administrao pblica federal, sem que tenha ocorrido dano ou constatada m-f por parte dos gestores, cumpre fazer determinaes corretivas e recomendar a adoo de medida para aperfeioamento do modelo de gesto.

Acrdo 3144/2010 Primeira Cmara (Sumrio)

Embargos de declarao no se prestam rediscusso do mrito da deliberao recorrida, devendo ser manejados para correo de obscuridade, omisso e contradio.

Acrdo 2940/2010 Primeira Cmara (Sumrio)

Julgam-se as contas regulares com ressalva quando evidenciarem impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal de que no resulte dano ao errio.

Julgam-se irregulares, com dbito e multa, as contas de responsvel quando comprovado dano ao errio decorrente de ato de gesto ilegtimo ou antieconmico, e irregulares, com multa, as contas daqueles que praticaram atos contrrios norma legal ou regulamentar de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional ou patrimonial.

Acrdo 2567/2010 Primeira Cmara (Sumrio)

Deve ser conhecida a representao que atenda os requisitos de admissibilidade.

Identificadas falhas, cabe fazer determinaes entidade, de forma a evitar a repetio futura de situaes assemelhadas.

Acrdo 1354/2010 Primeira Cmara (Sumrio)

Observe com rigor as datas de vencimento dos compromissos, de forma a no onerar os cofres pblicos com despesas referentes a juros e a outros encargos decorrentes de atrasos nos pagamentos.

Deciso 2085/2006 Primeira Cmara

O descumprimento de determinaes do TCU pode ensejar a aplicao de multa a quem tenha dado causa ocorrncia, com fundamento no art. 58 da Lei n 8.443/1992.

Acrdo 1732/2010 Primeira Cmara

No tendo sido identificada irregularidade grave, expede-se determinao para adoo de medidas necessrias correo da impropriedade detectada.

Acrdo 3013/2010 Segunda Cmara (Sumrio)

A evoluo da jurisprudncia do Tribunal no deve impactar as relaes jurdicas j constitudas, salvo se comprovada a existncia de sobrepreo.

Quando se tratar de rejeio das alegaes de defesa apresentadas por entidades polticas, o TCU pode fixar o termo inicial da contagem do prazo estabelecido para comprovao do recolhimento do dbito, tomando por base a data em que os crditos oramentrios locais estejam em condies de serem devidamente executados, em respeito ao disposto no art. 165, I e 5, da Constituio Federal de 1988 e no art. 8 da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Acrdo 1591/2010 Segunda Cmara (Sumrio)

Julgam-se regulares com ressalvas as contas em razo da pouca expressividade das falhas detectadas no contexto da gesto em apreo.

Acrdo 1372/2010 Segunda Cmara (Sumrio)

vlida a citao por edital depois de esgotadas as tentativas de localizao do responsvel mediante consultas a bases de dados oficiais.

vlida a citao por edital quando o responsvel, embora revel, reconhece em grau recursal haver dela tomado conhecimento.

Acrdo 872/2010 Segunda Cmara (Sumrio)

LICITAO

Deliberaes do TCU

A utilizao de prerrogativas expressamente reservadas a licitantes microempresas (ME) ou empresas de pequeno porte (EPP), por sociedade que no se enquadre na definio legal dessas categorias, configura fraude ao certame.

A responsabilidade pela exatido, atualizao e veracidade das declaraes exclusivamente das firmas licitantes que as forneceram Administrao.

Acrdo 298/2011 Plenrio (Sumrio)

A participao em licitao reservada a microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) por sociedade que no se enquadra na definio legal reservada a essas categorias configura fraude ao certame. A responsabilidade pela manuteno, atualizao e veracidade das declaraes de pertena a essas categorias compete s firmas licitantes.

Acrdo 3217/2010 Plenrio (Sumrio)

A comprovao de impropriedades e falhas de natureza formal na conduo do procedimento licitatrio, bem assim a adoo de medidas saneadoras por parte da entidade, autorizam a revogao da medida cautelar e o prosseguimento do certame, sem prejuzo do endereamento de determinaes corretivas e preventivas.

Acrdo 1895/2010 Plenrio (Sumrio)

A realizao de procedimento licitatrio arrimado em Projeto Bsico, sem o nvel de detalhamento exigido pela Lei de Licitaes, enseja a realizao de audincia do responsvel.

Acrdo 1545/2010 Plenrio (Sumrio)

Nos termos do art. 42, 5, da Lei n. 8.666/1993, para a realizao de obras pblicas custeadas com recursos provenientes de financiamento ou doao oriundos de agncia oficial de cooperao estrangeira ou organismo financeiro multilateral de que o Brasil seja parte, podem ser admitidas, na respectiva licitao, as normas e procedimentos daquelas entidades, desde que por elas exigidos para a obteno do financiamento ou da doao e que tambm no conflitem com o princpio do julgamento objetivo e sejam objeto de despacho motivado do rgo executor do contrato.

Acrdo 1347/2010 Plenrio (Sumrio)

Conforme a jurisprudncia desta Corte, restringe o carter competitivo do certame a incluso de clusula exigindo, na fase de habilitao, que a empresa licitante j possua usina de asfalto instalada, ou, em caso negativo, que apresente declaraes de terceiros detentores de usina.

Acrdo 1339/2010 Plenrio (Sumrio)

Exija a comprovao, mediante documentos hbeis (balano patrimonial e outros), de sua condio de microempresa ou empresa de pequeno porte, adotando os procedimentos necessrios anulao do contrato, caso no reste demonstrado o seu enquadramento como tal, hiptese em que tambm dever ser avaliada a possibilidade de aplicar-lhe outras sanes, conforme previsto no art. 88, incisos II e III, da Lei n 8.666/1993.

Acrdo 298/2011 Plenrio

Ao no declarar a mudana de enquadramento legal, a entidade descumpriu o art. 3, 9, da Lei Complementar n 123/2006, o art. 11 do Decreto n 6.204/2007 e o art. 1 da Instruo Normativa do Departamento Nacional de Registro do Comrcio n 103/2007. Essa omisso possibilita empresa benefcios indevidos especficos de ME ou EPP. Enquanto a empresa no firmar a "Declarao de Desenquadramento", a Junta Comercial expedir, sempre que solicitada, a "Certido Simplificada", a qual viabilizar sua participao em licitaes pblicas exclusivas para ME ou EPP.

Em relao sano de declarao de inidoneidade da empresa para participar de licitao na Administrao Pblica Federal, considero adequado fix-la em um ano, ante as circunstncias do caso concreto.

Acrdo 1137/2011 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

Antes da renovao da cesso objeto de termo de Comodato, autue processo especfico com o fito de averiguar as condies para continuidade da ocupao do espao nos moldes atuais, em especial quanto inviabilidade da ocupao se efetivar de forma onerosa e existncia de condies de competitividade no mercado local que permita a realizao de licitao, luz do disposto no art. 18, 5, da Lei n 9.636, de 15 de maio de 1998.

Acrdo 1038/2011 Plenrio

Inclua nos editais de suas licitaes disposio no sentido de que, em ocorrendo as hipteses de que tratam os arts. 17, inciso XII, e 30, inciso II, da Lei Complementar n 123, de 14 de dezembro de 2006, seja vedada licitante, optante pelo Simples Nacional, a utilizao dos benefcios tributrios do regime tributrio diferenciado na proposta de preos e na execuo contratual (com relao ao recolhimento de tributos), ressaltando que, em caso de contratao, estar sujeita excluso obrigatria desse regime tributrio diferenciado a contar do ms seguinte ao da assinatura do contrato, nos termos do art. 31, inciso II, da referida lei complementar.

Verifique, no momento imediatamente anterior assinatura de seus contratos, se a licitante vencedora, que iniciar a prestao de servios entidade, no se enquadra em quaisquer das vedaes previstas na Lei Complementar n 123, de 2006, tomando, se for o caso, as providncias para que a Secretaria da Receita Federal do Brasil tenha imediata cincia de situaes como aquela tratada neste processo.

Acrdo 797/2011 Plenrio

A Secretaria de Oramento, Finanas e Contabilidade (Secof), em conjunto com a Secretaria de Controle Interno (Secoi), tendo em vista o disposto no Acrdo n 2.798/2010 TCU-Plenrio, de 20/10/2010 e, ainda, parecer da Conjur, exarado nos autos do TC-021.566/2010-0, de 18/11/2010, apresentam s unidades gestoras executoras do Tribunal de Contas da Unio (TCU) as seguintes orientaes, em relao s retenes de tributos federais e de contribuio previdenciria das empresas optantes pelo Simples Nacional prestadoras de servios por meio de cesso de mo de obra.

Em conformidade com o art. 17, inciso XII, da Lei Complementar n 123/2006, no podem recolher os tributos federais na forma do Simples Nacional as microempresas ou empresas de pequeno porte que realizem cesso ou locao de mo de obra. No entanto, o 1 do art. 17 c/c os 5-B ao 5-E e 5-H do art. 18, admite exceo s empresas que se dediquem exclusivamente s atividades a seguir discriminadas, ou as exeram em conjunto com outras atividades que no tenham sido objeto de vedao (desde que no sejam exercidas por meio de cesso de mo de obra):

" 5-C ...

I - construo de imveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada, execuo de projetos e servios de paisagismo, bem como decorao de interiores;

...

VI - servio de vigilncia, limpeza ou conservao."

Em cumprimento s disposies estabelecidas no art. 30, inciso II c/c com o art. 31, inciso II, ambos da Lei Complementar n 123/2006, a excluso do Simples Nacional dar-se-, obrigatoriamente, quando as microempresas ou empresas de pequeno porte incorrerem em qualquer das situaes de vedao previstas na referida lei complementar e produzir seus efeitos a partir do ms seguinte da ocorrncia da situao impeditiva.

Assim, na constatao de qualquer situao impeditiva de opo pelo Simples Nacional pelas microempresas ou empresas de pequeno porte contratadas pelas unidades gestoras executoras do TCU, as mesmas devero ser consideradas excludas do Simples Nacional, estando sujeitas s retenes de todos os tributos devidos. A situao de impedimento de opo pelo Simples Nacional dever ser comunicada Secretaria da Receita Federal do Brasil e microempresa ou empresa de pequeno porte contratada, mediante ofcio." (grifo nosso)

Acrdo 797/2011 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

O TCU alerta parta o fato de que a continuidade de procedimentos licitatrios nos quais se identifique violao ao sigilo das propostas entre os concorrentes viola os princpios que norteiam a Administrao Pblica Federal, notadamente os da moralidade e da isonomia entre os licitantes.

Acrdo 2725/2010 Plenrio

O TCU declarou inidoneidade de licitante para licitar e contratar com a Administrao Pblica, pelo perodo de dois anos, por ter vencido licitaes destinadas exclusivamente participao de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, no obstante ostentar faturamento bruto superior ao limite previsto no art. 3 da Lei Complementar n 123/2006, com fundamento no art. 46 da Lei n 8.443/1992 e no inciso IV do art. 87, c/c o inciso III do art. 88 da Lei n 8.666/1993.

Acrdo 2578/2010 Plenrio

12. Primeiramente, oportuno esclarecer que a Lei Complementar n 123/2006 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado s ME e s EPP, especialmente no que se refere:

"Art. 1 (...)I - apurao e recolhimento dos impostos e contribuies da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, mediante regime nico de arrecadao, inclusive obrigaes acessrias;

II - ao cumprimento de obrigaes trabalhistas e previdencirias, inclusive obrigaes acessrias;

III - ao acesso a crdito e ao mercado, inclusive quanto preferncia nas aquisies de bens e servios pelos Poderes Pblicos, tecnologia, ao associativismo e s regras de incluso." (grifo nosso)

13. O enquadramento como ME ou EPP depende, entre outros elementos, do faturamento da empresa, como dispe o art. 3 da lei complementar:

"Art. 3 Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresria, a sociedade simples e o empresrio a que se refere o art. 966 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurdicas, conforme o caso, desde que:

I - no caso das microempresas, o empresrio, a pessoa jurdica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);

II - no caso das empresas de pequeno porte, o empresrio, a pessoa jurdica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhes e quatrocentos mil reais).

1 Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste artigo, o produto da venda de bens e servios nas operaes de conta prpria, o preo dos servios prestados e o resultado nas operaes em conta alheia, no includas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. (...)" (grifos nossos)

14. Assim, para se beneficiar das regras especiais estabelecidas pela Lei Complementar n 123/2006, a empresa precisa estar enquadrada como ME ou EPP, ou seja, auferir, em cada ano-calendrio, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 ou R$ 2.400.000,00, respectivamente.

15. No caso de ultrapassar o limite de faturamento anual (R$ 2.400.000,00), a empresa deixa de ser EPP e no pode mais ser beneficiada pela legislao especfica (LC n 123/2006) no ano-calendrio seguinte, conforme o disposto no 9 do art. 3 da referida lei complementar:

" 9 A empresa de pequeno porte que, no ano-calendrio, exceder o limite de receita bruta anual previsto no inciso II do caput deste artigo fica excluda, no ano-calendrio seguinte, do regime diferenciado e favorecido previsto por esta Lei Complementar para todos os efeitos legais." (grifo nosso)

16. Cabe esclarecer que o mencionado enquadramento deve ser realizado pelas Juntas Comerciais "mediante arquivamento de declarao procedida pelo empresrio ou sociedade em instrumento especfico para essa finalidade", segundo estabelece o art. 1 da Instruo Normativa n 103/2007, expedida pelo Departamento Nacional de Registro do Comrcio (DNRC), que dispe sobre o enquadramento, reenquadramento e desenquadramento de ME e EPP, constantes da Lei Complementar n 123/2006, como se segue:

"Art. 1 O enquadramento, reenquadramento e desenquadramento de microempresa e empresa de pequeno porte pelas Juntas Comerciais ser efetuado, conforme o caso, mediante arquivamento de declarao procedida pelo empresrio ou sociedade em instrumento especfico para essa finalidade.

Pargrafo nico. A declarao a que se refere este artigo conter, obrigatoriamente:

I - Ttulo da Declarao, conforme o caso:

a) DECLARAO DE ENQUADRAMENTO DE ME ou EPP;

b) DECLARAO DE REENQUADRAMENTO DE ME PARA EPP ou DE EPP PARA ME;

c) DECLARAO DE DESENQUADRAMENTO DE ME ou EPP;

II - Requerimento do empresrio ou da sociedade, dirigido ao Presidente da Junta Comercial da Unidade da Federao a que se destina, requerendo o arquivamento da declarao, da qual constaro os dados e o teor da declarao em conformidade com as situaes a seguir:

a) enquadramento:

1. nome empresarial, endereo, Nmero de Identificao do Registro de Empresas - NIRE, data de registro do ato constitutivo e nmero de inscrio no Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica - CNPJ, quando enquadrada aps a sua constituio;

2. declarao, sob as penas da lei, do empresrio ou de todos os scios de que o empresrio ou a sociedade se enquadra na situao de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da Lei Complementar n 123, de 2006;

b) reenquadramento:

1. nome empresarial, endereo, Nmero de Identificao do Registro de Empresas - NIRE, data de registro do ato constitutivo e nmero de inscrio no Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica - CNPJ;

2. a declarao, sob as penas da lei, do empresrio ou de todos os scios de que o empresrio ou a sociedade se reenquadra na condio de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da Lei Complementar n 123, de 2006;

c) desenquadramento

1. nome empresarial, endereo, Nmero de Identificao do Registro de Empresas - NIRE, data de registro do ato constitutivo e nmero de inscrio no Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica - CNPJ;

2. a declarao, sob as penas da lei, do empresrio ou de todos os scios de que o empresrio ou a sociedade se desenquadra da condio de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da Lei Complementar n 123, de 2006." (grifos nossos)

17. Dessa forma, o enquadramento como ME ou EPP depende de solicitao da prpria empresa, junto ao presidente da respectiva Junta Comercial do estado da federao onde se localiza, requerendo o arquivamento da "Declarao de Enquadramento de ME ou EPP", conforme o inciso II do pargrafo nico do art. 1 da citada IN-DNRC n 103/2007. Do mesmo modo, cabe empresa solicitar o desenquadramento da situao de ME ou EPP, de acordo com a alnea c.2 do inciso II do pargrafo nico do art. 1 da mencionada IN.

18. Observe-se que, no requerimento apresentado Junta Comercial, o empresrio deve declarar expressamente que a empresa se enquadra na situao de ME ou de EPP, nos termos da Lei Complementar n 123/2006 (alnea a.2 do inciso II do pargrafo nico do art. 1 da IN). Assim, deduz-se que responsabilidade da prpria empresa o enquadramento na situao de ME ou EPP, j que se trata de um ato declaratrio.

19. Sobre a questo da responsabilidade relativa declarao, efetuada pela prpria empresa, de sua situao de ME ou EPP, vale destacar o excerto do artigo "A microempresa e a empresa de pequeno porte nas licitaes. Questes polmicas envolvendo a Lei Complementar n 123/2006 e o Decreto n 6.204/2007" , transcrito a seguir:

"Quanto ao critrio forma, o referido artigo 11, Decreto n 6.204/07, em seu caput, disciplina que deve ser exigido das empresas "a declarao, sob as penas da lei, de que cumprem os requisitos legais para a qualificao como microempresa ou empresa de pequeno porte, estando aptas a usufruir o tratamento favorecido estabelecido nos arts. 42 a 49 da Lei Complementar."

Analisando esta temtica, argumenta Maral Justen Filho que: "Em princpio, o nus da prova do preenchimento do benefcio dos requisitos para fruio do benefcio do interessado. Aquele que pretende valer-se das preferncias contempladas na LC n 123/06 dever comprovar a titularidade dos requisitos necessrios. J o nus dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do terceiro fruir os referidos benefcios recair sobre quem arguir a existncia de tais fatos".

Adotamos o posicionamento no sentido de que esta forma de comprovao da qualificao da licitante como ME ou EPP, instrumentalizada numa simples declarao, no a exime de responder por qualquer conduta que implique em falsidade da declarao (artigo 299, CP), conluio ou qualquer prtica danosa competitividade no certame (artigo 7, Lei n 10.520/02)."

20. Nesse contexto, caberia (...), aps o trmino do exerccio de 2006, dirigir-se competente Junta Comercial para declarar seu desenquadramento da condio de EPP, nos termos da Lei Complementar n 123/2006 e da IN-DNRC n 103/2007. Isso porque naquele exerccio, conforme devidamente demonstrado no levantamento que motivou a Representao que deu origem ao presente processo, a referida Empresa extrapolou o faturamento de R$ 2.400.000,00 (dois milhes e quatrocentos mil reais), que permitiria ser mantido seu enquadramento como EPP no ano seguinte.

...

22. Contudo, a Interessada, alm de omitir-se do dever de atualizar sua condio, de forma a atender ao disposto no 9 do art. 3 da Lei Complementar n 123/2006, mediante o pedido de desenquadramento da situao de EPP previsto na alnea c.2 do inciso II do pargrafo nico do art. 1 da IN-DNRC n 103/2007, nos anos de 2007 e 2008, sagrou-se vencedora de licitaes restritas participao de ME e EPP, conforme restou demonstrado no levantamento que deu origem ao presente processo.

23. Em seus esclarecimentos, a (...) protesta no sentido de que teriam sido seis e no doze as licitaes restritas participao de ME ou EPP que venceu quando no mais atendia tal condio e, ainda, que a Receita Federal do Brasil no "desconsiderou" seu status de empresa de pequeno porte, de modo a promover adequaes tributrias nesse sentido.

24. Ora, irrelevante a quantidade de certames em que a empresa participou indevidamente. A alegao no suficiente para afastar a irregularidade da participao (...) nos certames promovidos com indicao de tratamento diferenciado para "Participao Exclusiva de ME/EPP" (cf. art. 48, inciso I, da Lei Complementar n 123/2006), quando no mais preenchia as condies que permitiam seu enquadramento nessa situao.

25. Ademais, no seria necessrio - nem cabvel - que alguma entidade - mesmo a Receita Federal - informasse empresa que ela perdeu a condio de EPP, como pretendeu (...), j que o enquadramento, o reenquadramento e o desenquadramento so efetuados com base em declarao do prprio empresrio perante a Junta Comercial competente, de acordo com o disposto na IN-DNRC n 103/2007. Por esse motivo, a alegao da Empresa no sentido de que caberia " Receita Federal, caso assim entenda e mediante regular procedimento administrativo, desconsiderar a condio de empresa de pequeno porte de determinada pessoa jurdica" tambm no merece acolhida.

CONCLUSO

26. A Lei Complementar 123/2006 foi criada com o intuito de estabelecer regras de tratamento diferenciado e favorecer s micro e pequenas empresas, em atendimento ao disposto nos arts. 170, inciso IX, e 179 da Constituio da Repblica de 1988, a fim de fomentar seu desenvolvimento econmico.

27. Nesse sentido, o Captulo V do Estatuto - Do acesso aos mercados - introduziu inovaes no ordenamento jurdico, conferindo determinados privilgios s ME e EPP para participar de licitaes, criando condies favorveis obteno de contrataes administrativas, como se pode depreender da leitura do seu art. 47:

"Art. 47. Nas contrataes pblicas da Unio, dos Estados e dos Municpios, poder ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a promoo do desenvolvimento econmico e social no mbito municipal e regional, a ampliao da eficincia das polticas pblicas e o incentivo inovao tecnolgica, desde que previsto e regulamentado na legislao do respectivo ente."

28. Assim, para viabilizar o tratamento diferenciado e simplificado para as ME e EPP a que se refere o art. 47 da Lei, o art. 48 estabelece o seguinte:

"Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complementar, a administrao pblica poder realizar processo licitatrio:

I - destinado exclusivamente participao de microempresas e empresas de pequeno porte nas contrataes cujo valor seja de at R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);

II - em que seja exigida dos licitantes a subcontratao de microempresa ou de empresa de pequeno porte, desde que o percentual mximo do objeto a ser subcontratado no exceda a 30% (trinta por cento) do total licitado;

III - em que se estabelea cota de at 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratao de microempresas e empresas de pequeno porte, em certames para a aquisio de bens e servios de natureza divisvel."

29. Sobre a aplicao desse dispositivo legal, este Tribunal, recentemente, manifestou sua preocupao, por meio do Acrdo n 1231/2008 - Plenrio, como se segue:

"4.1. certo que a concretizao dos privilgios previstos na Lei dever ser cercada de cuidados por parte do gestor pblico. No trecho transcrito abaixo, Jonas Lima narra os problemas ocorridos nos Estados Unidos. Embora tais situaes estejam previstas no Estatuto brasileiro, a cautela da Administrao Pblica far-se- sempre essencial para evitar situaes antijurdicas e injustas.

"(...) a utilizao de pequenas empresas "de fachada" para que as grandes pudessem se beneficiar das regras favorveis s pequenas, isso por meio de compra de cotas de capital dentro das pequenas, do desmembramento de uma empresa maior, da incluso de scios comuns, ou da subcontratao irregular. O resultado disso foi que no perodo compreendido entre os anos de 2000 a 2005 mais de U$ 100.000.000 (cem milhoes de dlares) foram desviados das cotas que eram reservadas s verdadeiras pequenas empresas e, de forma oculta, foram parar em grandes companhias, entre outros, de setores de informtica, internet, aviao e petrleo. E quando os escndalos apareceram, investigaes foram iniciadas e a "Small Business Administration - SBA", foi obrigada excluir da base de dados de pequenas empresas mais de 600 (seiscentos) cadastros irregulares. (...) Embora existam projetos legislativos tramitando, na prtica, apenas se tem aumentado o cuidado com a certificao e a re-certificao anual das empresas."

4.2. Tambm os Tribunais de Contas devero estar atentos para possveis fraudes, atuando junto aos seus jurisdicionados, preferencialmente de maneira preventiva, orientando-os quanto s melhores prticas a serem adotadas para evitar que o esprito da Lei seja subvertido pelo usufruto das benesses por parte de grandes empresas. No entanto, tais ponderaes so insuficientes para constituir bice aplicao da Lei."

30. No caso em tela, constatou-se, com base nas pesquisas realizadas nos sistemas informatizados da Administrao Pblica (Siafi, Siasg, ComprasNet), que (...), apesar de ter auferido, nos exerccios de 2006 e 2007, faturamento bruto superior ao limite estabelecido pela Lei Complementar n 123/2006 (R$ 2.400.000,00), venceu licitaes, nos anos seguintes, na qualidade de EPP, tendo, portanto, se beneficiado indevidamente dessa condio, e, com isso,desvirtuado o esprito da citada lei.

...

35. Assim, considerando a preocupao manifestada por esta Corte de Contas no sentido de que os objetivos do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte possam estar sendo maculados por possveis fraudes e levando em conta que o responsvel no apresentou alegaes no sentido de infirmar os fatos expostos anteriormente, prope-se, com fundamento no art. 46 da Lei n 8.443/1992, c/c os arts. 87 e 88 da Lei n 8.666/1993, a declarao de inidoneidade da mencionada empresa para participar, por at 5 anos, de licitaes na Administrao Pblica Federal.

Lei n 8.443/92

"Art. 46. Verificada a ocorrncia de fraude comprovada licitao, o Tribunal declarar a inidoneidade do licitante fraudador para participar, por at cinco anos, de licitao na Administrao Pblica Federal."

Lei n 8.666/93

"Art. 87. Pela inexecuo total ou parcial do contrato a Administrao poder, garantida a prvia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanes:

(...)

IV - declarao de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administrao Pblica enquanto perdurarem os motivos determinantes da punio ou at que seja promovida a reabilitao perante a prpria autoridade que aplicou a penalidade, que ser concedida sempre que o contratado ressarcir a Administrao pelos prejuzos resultantes e aps decorrido o prazo da sano aplicada com base no inciso anterior.

(...)

Art. 88. As sanes previstas nos incisos III e IV do artigo anterior podero tambm ser aplicadas s empresas ou aos profissionais que, em razo dos contratos regidos por esta Lei:

I - tenham sofrido condenao definitiva por praticarem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tributos;

II - tenham praticado atos ilcitos visando a frustrar os

objetivos da licitao;

III - demonstrem no possuir idoneidade para contratar com a Administrao em virtude de atos ilcitos praticados."

Acrdo 2578/2010 Plenrio (Relatrio do Ministro Relator)

A Lei Complementar 123/2006, em atendimento ao disposto nos artigos 170, inciso IX, e 179 da Constituio Federal, estabeleceu tratamento diferenciado e favorecido s microempresas e empresas de pequeno porte, especialmente no que se refere:

"Art. 1 (...)

I - apurao e recolhimento dos impostos e contribuies da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, mediante regime nico de arrecadao, inclusive obrigaes acessrias;

II - ao cumprimento de obrigaes trabalhistas e previdencirias, inclusive obrigaes acessrias;

III - ao acesso a crdito e ao mercado, inclusive quanto preferncia nas aquisies de bens e servios pelos Poderes Pblicos, tecnologia, ao associativismo e s regras de incluso."

No art. 47 dessa LC h autorizao expressa para a concesso de privilgios s ME e EPP nas contrataes administrativas, in verbis:

"Nas contrataes pblicas da Unio, dos Estados e dos Municpios, poder ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a promoo do desenvolvimento econmico e social no mbito municipal e regional, a ampliao da eficincia das polticas pblicas e o incentivo inovao tecnolgica, desde que previsto e regulamentado na legislao do respectivo ente."

No mbito da administrao pblica federal, o tratamento favorecido, diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte, nas contrataes pblicas de bens, servios e obras, foi regulamentado pelo Decreto 6.204/2007 que, no art. 11, estabelece as exigncias que devem ser cumpridas pelas empresas que pretendem usufruir dos benefcios proporcionados s ME e EPP, in verbis:

"Para fins do disposto neste Decreto, o enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte dar-se- nas condies do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, institudo pela Lei Complementar n 123, de 14 de dezembro de 2006, em especial quanto ao seu art. 3, devendo ser exigido dessas empresas a declarao, sob as penas da lei, de que cumprem os requisitos legais para a qualificao como microempresa ou empresa de pequeno porte, estando aptas a usufruir do tratamento favorecido estabelecido nos arts. 42 a 49 daquela Lei Complementar."

Perante a Administrao, a qualificao como microempresa ou empresa de pequeno porte feita mediante declarao da Junta Comercial, que a expede com base em informao da empresa interessada, com o requerimento respectiva Junta o arquivamento da "Declarao de Enquadramento de ME ou EPP".

Da mesma forma, cessadas as condies que permitiam o enquadramento como ME ou EPP, a empresa dever fazer a "Declarao de Desenquadramento".

Essas aes competem exclusivamente s empresas interessadas em auferir os benefcios da LC 123/2006 e cuja operacionalizao foi estabelecida pelo Departamento Nacional de Registro do Comrcio (DNRC), na Instruo Normativa DNRC 103/2007.

Trata-se de "ato declaratrio", de iniciativa de quem pretenda usufruir dos benefcios concedidos s ME e EPP. A declarao, conforme expressamente previsto nos artigos 11 do Decreto 6.204/2007 e 1 da IN/DNRC 103/2007, feita "sob as penas da lei", sujeitando os infratores s cominaes legalmente estabelecidas.

Acrdo 1972/2010 Plenrio

15. No h como negar que a Administrao, atentando especialmente para o interesse coletivo, tem o poder-dever de exigir em suas contrataes os requisitos considerados indispensveis boa e regular execuo do objeto que constituir encargo da futura contratada.

16. Conforme a lio de Maral Justen Filho, o princpio norteador o seguinte : "quem j enfrentou e venceu desafios de determinada natureza presume-se como mais qualificado para voltar a faz-lo no futuro" (in "Comentrios Lei de Licitaes e Contratos Administrativos". So Paulo: Dialtica, 2001. p. 331).

17. De mais a mais, o princpio que refuta a restrio ao carter competitivo no absoluto, representando essencialmente a expresso sintetizada de uma orientao vista em carter de generalidade.

18. Alis, ao interpretar a norma que veda a imposio de restries ao carter competitivo nos atos de convocao (art. 3, 1, inciso I, da Lei n 8.666/1993), Maral Justen Filho sustenta que "o dispositivo no significa vedao a clusulas restritivas da participao", ponderando que ele "no impede a previso de exigncias rigorosas, nem impossibilita exigncias que apenas possam ser cumpridas por especficas pessoas" (in Comentrios Lei de Licitaes e Contratos Administrativos, 3 ed. Aide Editora, 1994, p. 36).

19. Ainda de acordo com o renomado administrativista, a lei veda, na verdade, "clusula desnecessria ou inadequada, cuja previso seja orientada no a selecionar a proposta mais vantajosa, mas a beneficiar alguns particulares". Segundo o autor, "se a restrio for necessria para atender ao interesse pblico, nenhuma irregularidade existir em sua previso" (obra citada, p. 36).

20. dizer, a invalidade no reside na restrio em si mesma, mas na incompatibilidade dessa restrio com o objeto da licitao. Assim, o que importa saber se a restrio desproporcional s necessidades da Administrao, ou seja, se ela atende ou no ao interesse pblico, este considerado sempre indisponvel.

Acrdo 1890/2010 Plenrio

5. O tratamento diferenciado dado a micro e pequenas empresas nas contrataes pblicas federais de bens, servios e obras regulamentado pelo Decreto 6.204/2007. Seu art. 11 estabelece que deve ser exigido destas empresas "a declarao, sob as penas da lei, de que cumprem os requisitos legais para a qualificao como microempresa ou empresa de pequeno porte, estando aptas a usufruir do tratamento favorecido estabelecido nos arts. 42 a 49 da Lei Complementar."

6. Deixa claro o normativo que cabe empresa declarar sua situao, responsabilizando-se por informaes inverdicas porventura prestadas, no estabelecendo, entretanto, critrios ou sistemtica para que a administrao proceda verificao das informaes.

7. Em se tratando de prego eletrnico, a exemplo dos casos aqui tratados, as declaraes foram feitas pelos prprios licitantes em campo prprio do sistema Comprasnet.

...

9. Constatou-se que (...) era empresa optante do Simples Nacional - Regime Especial Unificado de Arrecadao de Tributos e Contribuies devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, institudo de acordo com o art. 12 da Lei Complementar 123/2006 - o que, por si s, ratifica o atendimento dos requisitos para enquadramento, previstos no art. 3 da mesma lei complementar.

10. O fato de no possuir em sua firma ou denominao as expresses "Microempresa" ou "Empresa de Pequeno Porte", ou suas respectivas abreviaes, "ME" ou "EPP", nos termos do art. 72 da Lei Complementar, no a desqualifica como tal. Constam do art. 3 da Lei Complementar as definies e condies para enquadramento das empresas na situao pretendida, no sendo sua nomenclatura, na forma apontada, um destes requisitos.

Acrdo 1650/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

Abstenha-se de exigir atributos tcnicos obrigatrios que frustrem o carter competitivo do certame por no indicarem necessariamente maior capacidade do fornecedor ou por no servirem para avaliar aspecto relevante ou pertinente do servio e aferir a qualidade tcnica da proposta, observando o disposto no item 9.1.8 do Acrdo 2471/2008 Plenrio, em ateno ao art. 3, 1, inciso I, da Lei 8.666/1993.

Acrdo 1597/2010 Plenrio

No insira clusulas que restrinjam o carter competitivo do certame ou que prejudiquem a obteno de melhores preos.

Observe o art. 11 da IN MPOG/SLTI n 2/2008 e o item 9.3.3.2 do Acrdo n 614/2008 Plenrio, em especial, atentando para que a possibilidade de fixao de remunerao mnima em edital deve se ater hiptese excepcional prevista no 1 do referido art. 11 da IN MPOG/SLTI n 2/2008.

Acrdo 1584/2010 Plenrio

29. Ocorre que o Tribunal evoluiu seu ponto de vista em torno do tema. Inaugurando novo entendimento, adveio o Acrdo n 256/2005-TCU-Plenrio, impulsionado pelo voto do Ministro Marcos Vilaa, cujos trechos principais importa reproduzir:

...

11. A proibio estabelecida pela Lei est vinculada ao princpio da indisponibilidade do interesse pblico, pelo qual o gestor no est autorizado a recusar propostas mais vantajosas Administrao. Ocorre, entretanto, que a vantajosidade no pode ser aferida em todos os casos apenas com base no preo, apesar de ser este, obviamente, o seu indicativo mais preciso. Mais que isso, em alguns casos os itens adquiridos tm seu valor mnimo estabelecido por fora de normativos o que lhes torna inaplicvel a mencionada regra do art.40.

...

16. No acredito que o princpio da vantajosidade deva prevalecer a qualquer custo. A terceirizao de mo-de-obra no setor pblico, quando legalmente permitida, no pode ser motivo de aviltamento do trabalhador, com o pagamento de salrios indignos. A utilizao indireta da mquina pblica para a explorao do trabalhador promete apenas ineficincia dos servios prestados ou a contratao de pessoas sem a qualificao necessria.

30. No mesmo sentido, seguiu-se o Acrdo n 290/2006-TCU-Plenrio, cujo voto condutor do Ministro Augusto Nardes foi assentado em argumentos que merecem aluso:

13. H, contudo, outros pontos que devem ser considerados no presente julgamento, como aduzido pelo recorrente. Trata-se da questo da proposta mais vantajosa e a satisfao do interesse pblico. Reconheo que existe, sim, a possibilidade de aviltamento dos salrios dos terceirizados e conseqente perda de qualidade dos servios, o que estaria em choque com satisfao do interesse pblico. Nesse aspecto, no caso de uma contratao tipo menor preo, em que as empresas mantivessem os profissionais pagando-lhes apenas o piso da categoria, entendo que no seria razovel considerar, apenas como vantagem a ser obtida pela Administrao, o menor preo. Livres de patamares salariais, os empregadores, de forma a maximizar seus lucros, ofertariam mo-de-obra com preos de servios compostos por salrios iguais ou muito prximos do piso das categorias profissionais, o que, per se, no garantiria o fornecimento de mo-de-obra com a qualificao pretendida pela Administrao. Sob esse prisma, entendo que a qualidade e a eficincia dos servios postos disposio de rgos pblicos no pode ficar merc da poltica salarial das empresas contratadas.

Acrdo 1584/2010 Plenrio (Voto do Ministro Revisor)

No inclua no edital clusulas que restrinjam a competitividade do certame ou prejudiquem a obteno de melhores preos na contratao.

Acrdo 1336/2010 Plenrio

Aprimore os editais de licitao, de modo a evitar a incluso de clusulas potencialmente restritivas da competio.

Acrdo 1328/2010 Plenrio

A Lei Complementar 123/2006, em atendimento ao disposto nos artigos 170, inciso IX, e 179 da Constituio Federal, estabeleceu tratamento diferenciado e favorecido s microempresas e empresas de pequeno porte, especialmente no que se refere:

"Art. 1 (...)

I - apurao e recolhimento dos impostos e contribuies da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, mediante regime nico de arrecadao, inclusive obrigaes acessrias;

II - ao cumprimento de obrigaes trabalhistas e previdencirias, inclusive obrigaes acessrias;

III - ao acesso a crdito e ao mercado, inclusive quanto preferncia nas aquisies de bens e servios pelos Poderes Pblicos, tecnologia, ao associativismo e s regras de incluso."

No art. 47 dessa LC h autorizao expressa para a concesso de privilgios s ME e EPP nas contrataes administrativas, in verbis:

"Nas contrataes pblicas da Unio, dos Estados e dos Municpios, poder ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a promoo do desenvolvimento econmico e social no mbito municipal e regional, a ampliao da eficincia das polticas pblicas e o incentivo inovao tecnolgica, desde que previsto e regulamentado na legislao do respectivo ente."

No mbito da administrao pblica federal, o tratamento favorecido, diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte nas contrataes pblicas de bens, servios e obras foi regulamentado pelo Decreto 6.204/2007 que, no art. 11, estabelece as exigncias que devem ser cumpridas pelas empresas que pretendem usufruir dos benefcios proporcionados s ME e EPP, in verbis:

"Para fins do disposto neste Decreto, o enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte dar-se- nas condies do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, institudo pela Lei Complementar n 123, de 14 de dezembro de 2006, em especial quanto ao seu art. 3, devendo ser exigido dessas empresas a declarao, sob as penas da lei, de que cumprem os requisitos legais para a qualificao como microempresa ou empresa de pequeno porte, estando aptas a usufruir do tratamento favorecido estabelecido nos arts. 42 a 49 daquela Lei Complementar."

Perante a Administrao, a qualificao como microempresa ou empresa de pequeno porte feita mediante declarao da Junta Comercial, que a expede com base em informao da empresa interessada, que requer respectiva Junta o arquivamento da "Declarao de Enquadramento de ME ou EPP".

Da mesma forma, cessadas as condies que permitiam o enquadramento como ME ou EPP, a empresa dever fazer a "Declarao de Desenquadramento". Essas aes competem exclusivamente s empresas interessadas em auferir os benefcios da LC 123/2006 e cuja operacionalizao foi estabelecida pelo Departamento Nacional de Registro do Comrcio (DNRC), na Instruo Normativa DNRC 103/2007.

Trata-se de "ato declaratrio", de iniciativa de quem pretenda usufruir dos benefcios concedidos s ME e EPP. A declarao, conforme expressamente previsto nos artigos 11 do Decreto 6.204/2007 e 1 da IN/DNRC 103/2007, feita "sob as penas da lei", sujeitando os infratores s cominaes legalmente estabelecidas.

No caso concreto verificou-se, em pesquisas realizadas nos sistemas informatizados da administrao pblica federal (Siafi, Siasg, ComprasNet), que (...), apesar de ter faturamento bruto superior ao limite estabelecido pela Lei Complementar 123/2006 (R$ 2.400.000,00), venceu licitaes na qualidade de EPP e se beneficiou indevidamente dessa condio.

Tal fato fundamentado na apurao feita com base no somatrio de ordens bancrias (OBs) recebidas pela empresa nos anos anteriores aos das licitaes em que se sagrou vencedora (R$ 2.521.847,18, em 2006, e R$ 3.653.235,52 em 2007). Os valores correspondem parcela do faturamento bruto representada apenas por pagamentos recebidos pela empresa de entes da administrao pblica federal e j ultrapassam os limites fixados para habilitar-se aos benefcios prprios de EPP.

Enquanto a empresa no firmar a "Declarao de Desenquadramento", a Junta Comercial expedir, sempre que solicitado, a "Certido Simplificada" a que se refere (...) em suas razes de justificativa, que poder ser usada na habilitao de empresa em licitaes que propiciem benefcios a ME ou EPP.

A informao da perda da condio de ME ou EPP, por ser ato declaratrio, era responsabilidade (...) que, por no t-la feito e por ter auferido indevidamente dos benefcios da LC 123/2006, ao que caracteriza fraude licitao, deve ser declarada inidnea para participar de licitaes da administrao pblica federal.

Acrdo 1028/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

8. Em primeiro lugar, convm esclarecer que a Lei Complementar n 123/2006 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado s microempresas e empresas de pequeno porte, especialmente no que se refere:

...

9. O enquadramento como ME ou EPP depende, entre outros, do faturamento da empresa, como dispe o art. 3 da lei complementar:

Art. 3 Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresria, a sociedade simples e o empresrio a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurdicas, conforme o caso, desde que:

I - no caso das microempresas, o empresrio, a pessoa jurdica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);

II - no caso das empresas de pequeno porte, o empresrio, a pessoa jurdica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhes e quatrocentos mil reais).

1 Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste artigo, o produto da venda de bens e servios nas operaes de conta prpria, o preo dos servios prestados e o resultado nas operaes em conta alheia, no includas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.

[...] (grifos nossos)

10. Assim, para se beneficiar das regras especiais estabelecidas pela Lei Complementar n 123/2006, a empresa precisa estar enquadrada como ME ou EPP, ou seja, auferir, em cada ano-calendrio, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 ou R$ 2.400.000,00, respectivamente.

11. No caso de ultrapassar o limite de faturamento anual (R$ 2.400.000,00), a empresa deixa de ser EPP e no pode mais ser beneficiada pela legislao especfica (LC 123/2006) no ano-calendrio seguinte, conforme o disposto no 9 do art. 3 da lei complementar:

9 A empresa de pequeno porte que, no ano-calendrio, exceder o limite de receita bruta anual previsto no inciso II do caput deste artigo fica excluda, no ano-calendrio seguinte, do regime diferenciado e favorecido previsto por esta Lei Complementar para todos os efeitos legais. (grifo nosso)

12. Cabe esclarecer que o mencionado enquadramento deve ser realizado pelas Juntas Comerciais "mediante arquivamento de declarao procedida pelo empresrio ou sociedade em instrumento especfico para essa finalidade", segundo estabelece o art. 1 da Instruo Normativa n 103/2007, expedida pelo Departamento Nacional de Registro do Comrcio (DNRC), que dispe sobre o enquadramento, reenquadramento e desenquadramento de microempresa e empresa de pequeno porte, constantes da Lei Complementar n 123/2006, como se segue:

Art. 1 O enquadramento, reenquadramento e desenquadramento de microempresa e empresa de pequeno porte pelas Juntas Comerciais ser efetuado, conforme o caso, mediante arquivamento de declarao procedida pelo empresrio ou sociedade em instrumento especfico para essa finalidade.

Pargrafo nico. A declarao a que se refere este artigo conter, obrigatoriamente:

I - Ttulo da Declarao, conforme o caso:

a) DECLARAO DE ENQUADRAMENTO DE ME ou EPP;

b) DECLARAO DE REENQUADRAMENTO DE ME PARA EPP ou DE EPP PARA ME;

c) DECLARAO DE DESENQUADRAMENTO DE ME ou EPP;

II - Requerimento do empresrio ou da sociedade, dirigido ao Presidente da Junta Comercial da Unidade da Federao a que se destina, requerendo o arquivamento da declarao, da qual constaro os dados e o teor da declarao em conformidade com as situaes a seguir:

a) enquadramento:

1. nome empresarial, endereo, Nmero de Identificao do Registro de Empresas - NIRE, data de registro do ato constitutivo e nmero de inscrio no Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica - CNPJ, quando enquadrada aps a sua constituio;

2. declarao, sob as penas da lei, do empresrio ou de todos os scios de que o empresrio ou a sociedade se enquadra na situao de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da Lei Complementar n 123, de 2006;

b) reenquadramento:

1. nome empresarial, endereo, Nmero de Identificao do Registro de Empresas - NIRE, data de registro do ato constitutivo e nmero de inscrio no Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica - CNPJ;

2. a declarao, sob as penas da lei, do empresrio ou de todos os scios de que o empresrio ou a sociedade se reenquadra na condio de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da Lei Complementar n 123, de 2006;

c) desenquadramento:

1. nome empresarial, endereo, Nmero de Identificao do Registro de Empresas - NIRE, data de registro do ato constitutivo e nmero de inscrio no Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica - CNPJ;

2. a declarao, sob as penas da lei, do empresrio ou de todos os scios de que o empresrio ou a sociedade se desenquadra da condio de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da Lei Complementar n 123, de 2006. (grifos nossos)

13. Dessa forma, o enquadramento como ME ou EPP depende de solicitao da prpria empresa, junto ao presidente da respectiva Junta Comercial do estado da federao onde se localiza, requerendo o arquivamento da "Declarao de Enquadramento de ME ou EPP", conforme o inciso II do pargrafo nico do art. 1 da citada IN-DNRC n 103/2007. Do mesmo modo, cabe empresa solicitar o desenquadramento da situao de ME ou EPP, de acordo com a alnea c.2 do inciso II do pargrafo nico do art. 1 da mencionada IN.

14. Observe-se que, no requerimento apresentado Junta Comercial, o empresrio deve declarar expressamente que a empresa se enquadra na situao de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da Lei Complementar n 123, de 2006 (alnea a.2 do inciso II do pargrafo nico do art. 1 da IN). Assim, deduz-se que responsabilidade do prprio estabelecimento comercial o enquadramento na situao de ME ou EPP, j que se trata de um ato declaratrio.

15. Conclui-se, portanto, que no seria necessrio - nem cabvel - que alguma entidade informasse empresa que ela perdeu a condio de EPP, como pretendeu (...), j que o enquadramento, o reenquadramento e o desenquadramento so efetuados com base na declarao do prprio empresrio, de acordo com o disposto na IN-DNRC n 103/2007. Por esse motivo, a alegao do responsvel no sentido de que "em nenhum momento fomos informados por nenhuma entidade que (...) havia sido desenquadrada do EPP" no merece acolhida (fl. 23).

16. Sobre a questo da responsabilidade relativa declarao, efetuada pela prpria empresa, de sua situao de ME ou EPP, vale destacar o excerto do artigo "A microempresa e a empresa de pequeno porte nas licitaes. Questes polmicas envolvendo a Lei Complementar n 123/2006 e o Decreto n 6.204/2007", transcrito a seguir:

Quanto ao critrio forma, o referido artigo 11, Decreto n 6.204/07, em seu caput, disciplina que deve ser exigido das empresas "a declarao, sob as penas da lei, de que cumprem os requisitos legais para a qualificao como microempresa ou empresa de pequeno porte, estando aptas a usufruir o tratamento favorecido estabelecido nos arts. 42 a 49 da Lei Complementar."

Analisando esta temtica, argumenta Maral Justen Filho que: "Em princpio, o nus da prova do preenchimento do benefcio dos requisitos para fruio do benefcio do interessado. Aquele que pretende valer-se das preferncias contempladas na LC n 123/06 dever comprovar a titularidade dos requisitos necessrios. J o nus dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do terceiro fruir os referidos benefcios recair sobre quem argir a existncia de tais fatos".

Adotamos o posicionamento no sentido de que esta forma de comprovao da qualificao da licitante como ME ou EPP, instrumentalizada numa simples declarao, no a exime de responder por qualquer conduta que implique em falsidade da declarao (artigo299, CP), conluio ou qualquer prtica danosa competitividade no certame (artigo 7, Lei n 10.520/02).

17. Por fim, a certido simplificada expedida pela Junta Comercial do Distrito Federal (fl. 25), acostada aos autos com o intuito de comprovar o enquadramento da empresa como EPP, no tem o condo de assegurar a situao da empresa, vez que a citada certido efetuada mediante arquivamento da declarao procedida pelo prprio empresrio ou sociedade em instrumento especfico para essa finalidade (art. 1 da IN), como j ressaltado anteriormente. Assim, se o empresrio declara, ainda que indevidamente, na Junta Comercial, que seu estabelecimento EPP, a certido ser emitida considerando essa informao.

CONCLUSO

18. A Lei Complementar 123/2006 foi criada com o intuito de estabelecer regras de tratamento diferenciado e favorecer s micro e pequenas empresas, em atendimento ao disposto nos arts. 170, inciso IX, e 179 da Constituio da Repblica de 1988, a fim de fomentar seu desenvolvimento econmico.

19. Nesse sentido, o Captulo V do Estatuto (Do acesso aos mercados) introduziu inovaes no ordenamento jurdico, conferindo determinados privilgios s ME e EPP para participar de licitaes, criando condies favorveis obteno de contrataes administrativas, como se pode depreender da leitura do seu art. 47:

Art. 47 Nas contrataes pblicas da Unio, dos Estados e dos Municpios, poder ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a promoo do desenvolvimento econmico e social no mbito municipal e regional, a ampliao da eficincia das polticas pblicas e o incentivo inovao tecnolgica, desde que previsto e regulamentado na legislao do respectivo ente.

20. Assim, para viabilizar o tratamento diferenciado e simplificado para as ME e EPP a que se refere o art. 47 da Lei, o art. 48 estabelece o seguinte:

Art. 48 Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complementar, a administrao pblica poder realizar processo licitatrio:

I - destinado exclusivamente participao de microempresas e empresas de pequeno porte nas contrataes cujo valor seja de at R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);

II - em que seja exigida dos licitantes a subcontratao de microempresa ou de empresa de pequeno porte, desde que o percentual mximo do objeto a ser subcontratado no exceda a 30% (trinta por cento) do total licitado;

III - em que se estabelea cota de at 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratao de microempresas e empresas de pequeno porte, em certames para a aquisio de bens e servios de natureza divisvel.

21. Sobre a aplicao desse dispositivo legal, este Tribunal manifestou recentemente sua preocupao, por meio do Acrdo n 1231/2008 - Plenrio, como se segue:

4.1. certo que a concretizao dos privilgios previstos na Lei dever ser cercada de cuidados por parte do gestor pblico. No trecho transcrito abaixo, Jonas Lima narra os problemas ocorridos nos Estados Unidos. Embora tais situaes estejam previstas no Estatuto brasileiro, a cautela da Administrao Pblica far-se- sempre essencial para evitar situaes antijurdicas e injustas.

"(...) a utilizao de pequenas empresas "de fachada" para que as grandes pudessem se beneficiar das regras favorveis s pequenas, isso por meio de compra de cotas de capital dentro das pequenas, do desmembramento de uma empresa maior, da incluso de scios comuns, ou da subcontratao irregular. O resultado disso foi que no perodo compreendido entre os anos de 2000 a 2005 mais de U$ 100.000.000 (cem bilhes de dlares) foram desviados das cotas que eram reservadas s verdadeiras pequenas empresas e, de forma oculta, foram parar em grandes companhias, entre outros, de setores de informtica, internet, aviao e petrleo. E quando os escndalos apareceram, investigaes foram iniciadas e a "Small Business Administration - SBA", foi obrigada excluir da base de dados de pequenas empresas mais de 600 (seiscentos) cadastros irregulares. (...) Embora existam projetos legislativos tramitando, na prtica, apenas se tem aumentado o cuidado com a certificao e a re-certificao anual das empresas."

4.2. Tambm os Tribunais de Contas devero estar atentos para possveis fraudes, atuando junto aos seus jurisdicionados, preferencialmente de maneira preventiva, orientando-os quanto s melhores prticas a serem adotadas para evitar que o esprito da Lei seja subvertido pelo usufruto das benesses por parte de grandes empresas. No entanto, tais ponderaes so insuficientes para constituir bice aplicao da Lei.

Acrdo 1028/2010 Plenrio (Relatrio do Ministro Relator)

A contratao de servios advocatcios depende, em regra, da promoo de licitao.

Acrdo 775/2010 Plenrio

A Administrao deve, de quando em sempre, buscar a proposta que melhor atenda aos seus interesses. Esse, alis, um dos princpios que rege a licitao pblica, contudo tal objetivo no deve ser exacerbado a ponto de malferir, de maneira injustificada, outro princpio legal no menos importante, que o da competitividade do certame.

Acrdo 767/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

O TCU considera infrao ao art. 3 da Lei 8.666/1993, a seleo de proposta que no era a mais vantajosa para a Administrao.

Acrdo 558/2010 Plenrio

Nessas circunstncias, a gravidade da ocorrncia manifesta, no podendo ser elidida por uma suposta pressa da administrao em concluir a compra. importante notar que o procedimento constitui violao frontal do arts. 54, 1, e 66, da Lei 8.666/1993, que vinculam o contrato e sua execuo aos termos da licitao e da proposta a que se vinculam:

"Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas clusulas e pelos preceitos de direito pblico, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princpios da teoria geral dos contratos e as disposies de direito privado.

1 Os contratos devem estabelecer com clareza e preciso as condies para sua execuo, expressas em clusulas que definam os direitos, obrigaes e responsabilidades das partes, em conformidade com os termos da licitao e da proposta a que se vinculam.

(...)

Art. 66. O contrato dever ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as clusulas avenadas e as normas desta Lei, respondendo cada uma pelas conseqncias de sua inexecuo total ou parcial."

A resciso do contrato e apenao da empresa contratada no era, pois, mera opo da Administrao frente a recusa da firma em seguir rigorosamente os termos de sua proposta, como d a entender o responsvel a certa altura de sua manifestao. Era obrigao legal que se impunha ao gestor de modo inconteste. Ter cogitado da adoo dessas providncias, mas sem implement-las, denota apenas o desregramento consciente da conduta do responsvel, revelando o cabimento da rejeio das justificativas e da cominao de multa alvitradas pela Secex/RJ.

Acrdo 558/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

O TCU esclareceu ao consulente que:

por imposio do art. 4, inciso I, da Lei n 8.630/1993 c/c o art. 25 do Decreto n 6.620/2008, a construo, reforma, ampliao, melhoramento, arrendamento e explorao de instalao porturia dentro da rea de porto organizado depende de contrato de arrendamento, sempre atravs de licitao, que se rege pela Lei n 8.666/1993 e pela Lei n 8.987/1995;

no possvel realizar arrendamento para construo e explorao de instalao porturia por empresa privada sem o prvio processo licitatrio, onde a empresa vencedora de posterior licitao ficaria incumbida de promover a indenizao dos investimentos realizados, caso a empresa investidora no se sagrasse vencedora do certame.

Acrdo 420/2010 Plenrio

O conjunto das ocorrncias verificadas na rea de licitaes e contratos enseja a expedio de determinaes pertinentes a fim de coibir a reincidncia das falhas.

Acrdo 6583/2010 Primeira Cmara (Sumrio)

Observe o disposto no 3 do art. 3 da Lei 8.666/1993 que estabelece que "a licitao no ser sigilosa, sendo pblicos e acessveis ao pblico os atos de seu procedimento, salvo quanto ao contedo das propostas, at a respectiva abertura"(...).

Acrdo 6055/2010 Primeira Cmara

Observe, quando celebrar ajustes com instituies financeiras para cesso de espao fsico, a necessidade de realizao de licitao (ou de formalizao do processo de dispensa ou inexigibilidade, quando for o caso), bem como de obedincia aos estgios da despesa pblica e contabilizao da contrapartida, inclusive no Siafi, cumprindo os ditames da Recomendao N 8/2009 do Conselho Superior da Justia do Trabalho, bem como o art. 37, inciso XXI, da Constituio Federal, o art. 2 da Lei n 8.666, de 21 de junho de 1993, e os arts. 56, 57, 60 a 74 e 83 a 90, todos da Lei n 4.320, de 17 de maro de 1964.

Acrdo 2595/2011 Segunda Cmara

Procure planejar melhor as licitaes, de modo a somente lanar edital aps haver certeza quanto s especificaes dos bens a serem adquiridos em face das reais necessidades que motivaram a inteno de contrat-los, a fim de evitar riscos de aquisio de bens com especificaes excessivas, desnecessrias e que causem injustificada elevao dos custos, mormente quando h alternativas que privilegiem o atendimento s demandas e programas do rgo e sem perder de vista o princpio da economicidade. Isso evita situaes que podem culminar na estimativa de preo to elevada e na necessidade de revogao do certame.

Acrdo 1711/2010 Segunda Cmara

Adote providncias no sentido de disponibilizar no SIASG as informaes referentes aos contratos e convnios firmados, conforme comando constante das ltimas edies da Lei de Diretrizes Oramentrias.

Acrdo 1365/2010 Segunda Cmara

O TCU alerta sobre a relevncia de empresa licitante manter-se atualizada na Junta Comercial competente, abstendo-se de participar de licitaes destinadas exclusivamente participao de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, sempre que o faturamento bruto no ano anterior ao dos certames seja superior ao limite previsto no art. 3 da Lei Complementar 123/2006.

Acrdo 4025/2010 Primeira Cmara (Relao)

O TCU considera impropriedade a no incluso nos editais licitatrios de critrios de julgamento diferenciados para micro e pequenas empresas, decorrente do descumprimento dos artigos 44 e 49 da Lei Complementar n 123/2006, conforme tratado no item 5.2.3 da instruo de fls. 134 a 137.

Acrdo 3362/2010 Segunda Cmara (Relao)

CONCEITO

NOES GERAIS

PRINCPIOS

Deliberaes do TCU

A sujeio dos produtos ofertados por diferentes fabricantes aos mesmos critrios objetivos estabelecidos em edital no fere o princpio da isonomia.

Acrdo 2345/2006 Primeira Cmara (Ementa)

As alteraes contratuais devem ser formalizadas por meio de termos aditivos, os quais se submetem ao princpio da publicidade.

Acrdo 1341/2010 Plenrio (Sumrio)

Ante o princpio da legalidade (art. 5, inciso II, da Constituio Federal), apenas em virtude de lei pode a Administrao exigir que o servidor ceda-lhe pontos/milhagem - decorrentes de programas de fidelidade promovidos por companhias areas - adquiridos em viagem oficial custeada com recursos pblicos.

Outrossim, a ausncia de normativo legal impede que a Administrao exija das companhias areas a reverso de pontos/milhagem a seu favor.

Acrdo 407/2010 Plenrio (Sumrio)

Impe-se ao gestor pblico, em ateno ao princpio da moralidade administrativa, prescrever limites mximos para gastos individuais de alimentao e hospedagem do pessoal das empresas contratadas, podendo o administrador fixar o disciplinamento em norma especfica, de conhecimento de todas as interessadas, ou fixar o regramento nos prprios editais das licitaes.

Acrdo 2632/2007 Plenrio (Sumrio)

14. Nessa linha, saliento que a Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo no mbito da Administrao Pblica Federal, dispe, em seu art. 2, que nos processos administrativos se observar o princpio da motivao (caput), bem como que sero observados, entre outros critrios, o da "indicao dos pressupostos de fato e de direito que determinaram a deciso" (inciso VII do pargrafo nico).

15. Desse modo, entendo que a opo pela escolha direta da Oscip a celebrar contrato com rgos e entidades da Unio deva se dar mediante justificativa nos autos do processo administrativo, tanto da escolha em si quanto da opo pelo meio de contratao direta quando havia a possibilidade de seleo pblica, facultada por expressa determinao legal. Acolho em parte, portanto, os argumentos apresentados pelas defesas no que tange a essa primeira irregularidade apontada, e proponho a expedio das determinaes cabveis.

Acrdo 3125/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

18. A supremacia do interesse pblico impugna qualquer ato dirigido por convenincias particulares do administrador pblico e das pessoas, fsicas ou jurdicas, que com eles mantenham eventual relao. A substituio do licitante vencedor por terceiro (e a Administrao chegou ao licitante vencedor mediante anlise de uma srie de elementos, dentre eles capacidades tcnica e econmica) despreza o interesse pblico que se concretiza no relacionamento entre a Administrao e a licitante vencedora.

19. O princpio da licitao resta diretamente lesado, alm do que j consta dos argumentos acima expendidos, pela substituio da empresa e proposta vencedoras por qualquer outra cujas qualificaes tcnica, jurdica, financeira e fiscal e os termos de sua proposta no tenham sido submetidos ao crivo do interesse pblico ou at mesmo apreciados, mas descartados, por insatisfatrios, pelo Poder Pblico.

Acrdo 2813/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

13. A simples violao do sigilo das propostas, nos termos j demonstrados nesses autos, constitui grave ofensa aos citados princpios, culminando com a ilegalidade consubstanciada em desateno ao art. 3 caput, da Lei de Licitaes e Contratos, situao que demanda, a meu ver, a determinao (...) para que adote as providncias necessrias anulao do Prego Eletrnico (...), nos termos preconizados pelo art. 49, caput, da Lei n 8.666/93 e sob a autoridade do disposto no art. 45, caput, da Lei n 8.443/92.

Acrdo 2725/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

Observe, em todos os procedimentos licitatrios, o princpio da vinculao ao instrumento convocatrio a que se refere o art. 3, caput, c/c os arts. 41, caput, e 54, 1, da Lei n. 8.666/1993.

Acrdo 2588/2010 Plenrio

O artigo 41, caput, da Lei 8.666/1993 dispe que a Administrao no pode descumprir as normas e condies do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. Tem-se aqui o princpio da vinculao ao instrumento convocatrio que faz deste instrumento a lei interna de cada licitao, demandando a observncia de suas regras pela Administrao Pblica e pelos licitantes, de forma que nada pode ser exigido, aceito ou permitido alm ou aqum de suas clusulas e condies.

Acrdo 2404/2010 Plenrio (Relatrio do Ministro Relator)

Um dos princpios basilares da licitao o da competitividade. Esse entendimento, aliado ao princpio da legalidade permite depreender que apenas as restries legais podem ser impostas aos licitantes, sob pena de frustrar o carter competitivo do certame. Com efeito, sabe-se que h situaes em que a previso legal expressa (legislao) no suficiente para ajustar a contratao do objeto contratado s realidades de mercado. Nesses casos, os gestores devem motivar expressamente as razes de fato e de direito que fundamentam a imposio de clusulas restritivas ao citado ajuste. No presente achado, no foram identificadas justificativas para as restries impostas.

Acrdo 1762/2010 Plenrio (Relatrio do Ministro Relator)

10. A necessidade de preservao do princpio da legalidade pela observncia Lei n. 8.666/1993, mesmo em empreendimentos financiados com recursos de organismos internacionais, resta ainda mais evidente diante da constatao de que o empreendimento, antes de ser concludo, foi retirado do escopo da operao internacional de crdito.

11. No caso em tela, a ausncia de critrios de aceitabilidade dos preos unitrios e global no edital, longe de significar mera falha formal, prejudicou a perfeita avaliao da compatibilidade dos preos apresentados pela empresa vencedora da licitao com os de mercado, ocasionando o sobrepreo na assinatura do contrato.

Acrdo 1347/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

Abstenha-se de prever no edital, em ateno ao caput dos arts. 3 e 41, e art. 54, 1, da Lei n 8.666/1993, referente ao princpio da isonomia e vinculao do contrato ao instrumento convocatrio, a adoo de novos Acordos de Nvel de Servio durante a execuo contratual, sendo possvel, entretanto, a alterao ou a renegociao para ajuste fino dos nveis de servios pr-estabelecidos nos editais, desde que essa alterao ou renegociao:

esteja prevista no edital e no contrato;

seja tecnicamente justificada;

no implique acrscimo ou reduo do valor contratual do servio alm dos limites de 25% permitidos pelo art. 65, 1, da Lei 8.666/1993;

no configure descaracterizao do objeto licitado.

Acrdo 717/2010 Plenrio

Observem rigorosamente os princpios bsicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade, da vinculao ao instrumento convocatrio, do julgamento objetivo e dos que lhe so correlatos, em consonncia com o disposto no caput do art. 37 da Constituio Federal.

Acrdo 567/2010 Plenrio

Verifique eventual ocorrncia de desvio de finalidade na aquisio de passagens areas, por parte dos rgos e entidades jurisdicionadas, em situaes tais em que haja direcionamento com o intuito de se beneficiar o servidor pblico em viagem s expensas do errio, por intermdio da agregao de pontos/milhagem em programas de fidelidade, ou ainda de outras vantagens promocionais, em detrimento do interesse pblico, uma vez que tais hipteses configuram ofensa ao princpio da moralidade, adotando-se, neste caso, as medidas cabveis.

Acrdo 407/2010 Plenrio

18. No s o princpio da eficincia insculpido no art. 37, caput, da Constituio Federal que obriga a considerao desse fato. A prpria Lei 8.666/1993, em seu art. 44, 3, veda que se admitam propostas contendo salrios incompatveis com o mercado, dispositivo que, de resto, vem sendo expressamente referido nas discusses efetuadas sobre esse tema. Por exemplo, em seu voto revisor que levou ao Acrdo Plenrio 614/2008, o ilustre Ministro Marcos Bemquerer Costa pontuou que "tanto o inciso X do art. 40 quanto o 3 do art. 44 buscam o alcance da proposta mais vantajosa para a Administrao Pblica: o primeiro foca-se na questo da economicidade, o segundo enfatiza a necessidade de que o rgo contratante adote como referncia valores de insumos e de mo de obra compatveis com o padro mdio adotado pelo mercado, de tal forma a garantir o nvel de qualidade do servio orado".

...

26. Esse raciocnio leva-se a concluir que o real problema no residiria em conceder ao gestor a prerrogativa de limitar inferiormente os lances para o preo do trabalho, e assim desvirtuar o procedimento licitatrio naquilo que ele tem de mais elementar que a possibilidade de competio. Consiste na verdade em exigir dele um bom planejamento da futura contratao, de modo a sinalizar corretamente para os interessados o nvel de qualidade que os servios devero apresentar e a faixa do mercado onde devero ser arregimentados os prestadores.

Acrdo 331/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

Organize a gesto dos contratos de modo que sejam designados, formalmente, servidores pblicos qualificados que sero responsveis pela execuo de atividades e/ou pela vigilncia e garantia da regularidade e adequao dos servios e produtos elaborados e aceitos, assim como pela observncia do princpio da indisponibilidade do interesse pblico, especialmente em atividades eminentemente finalsticas/estratgicas como: elaborao de termos de referncia de editais, a anlise crtica sobre os trabalhos de gerenciamento de obras e programas, bem assim de anlise de projetos e de suas revises.

Acrdo 2632/2007 Plenrio

Determinou-se a rgo jurisdicionado que observasse a (o):

disposto no art. 37 da Constituio Federal, art. 8 da Lei n 10.520/2002, art. 3, art. 4, pargrafo nico, e art. 21, 4, da Lei n 8.666/1993, quanto observncia aos princpios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade que regem a Administrao Pblica;

conformidade ao princpio constitucional da isonomia, a fim de selecionar a proposta mais vantajosa para a Administrao, e aos princpios bsicos da vinculao ao instrumento convocatrio e ao julgamento objetivo, relacionados s especificaes do objeto, devidamente documentados nos autos, em observncia aos artigos 3 da Lei n 8.666/93 e ao artigo 8 da Lei n 10.520/2002.

Acrdo 2407/2006 Plenrio

12. Embora o princpio da economicidade no se encontre formalmente entre aqueles constitucionalmente nominados no caput do art. 37, impe-se materialmente como um dos vetores essenciais da boa e regular gesto de recursos pblicos. Sobre o assunto, faz-se mister trazer baila a lio do Professor Juarez Freitas (in O Controle dos Atos Administrativos e os Princpios Fundamentais, Malheiros Editores, 1997, p. 84/85) quando diz:

"No tocante ao princpio da economicidade ou da otimizao da ao estatal, urge rememorar que o administrador pblico est obrigado a obrar tendo como parmetro o timo. Em outro dizer, tem o compromisso indeclinvel de encontrar a soluo mais adequada economicamente na gesto da coisa pblica. A violao manifesta do princpio dar-se- quando constatado vcio na escolha assaz imperfeita dos meios ou dos parmetros voltados para a obteno de determinados fins administrativos."

13. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro consagra a tese de que o controle da economicidade envolve "questo de mrito, para verificar se o rgo procedeu, na aplicao da despesa pblica, de modo mais econmico, atendendo, por exemplo, a uma adequada relao custo-benefcio." (Direito Administrativo, Editora Atlas, 18 Ed., p. 652).

Acrdo 7821/2010 Primeira Cmara (Voto do Ministro Relator)

Abstenha-se de incluir clusula restritiva de participao nos editais, de forma a observar as disposies do 3, caput, da Lei n. 8.666/1993.

Acrdo 6583/2010 Primeira Cmara

A isonomia decorre de norma principiolgica da igualdade de todos os cidados perante lei, cuja explicitao, no campo das licitaes pblicas, de observncia obrigatria, no s pela Administrao Pblica, como tambm por entes de colaborao, tais como as entidades do Sistema "S". O motivo de o tratamento isonmico ter natureza cogente e impositiva para o SESC/AC reside no fato de a sua realizao garantir concretude aos princpios normados no caput do art. 37 da CF/88, na especfica quadra das licitaes, dentre os quais destaco o da legalidade, da impessoalidade e da moralidade.

De igual forma, os princpios da competitividade, da proporcionalidade e da razoabilidade tambm so corolrios diretos das diretrizes maiores da Administrao Pblica, insertas no caput do mencionado dispositivo constitucional. Aquelas normas regentes tambm materializam, no campo dos certames pblicos, a eficincia, a publicidade e, por que no dizer, a legalidade dos procedimentos licitatrios, sobretudo em seus aspectos de motivao, de estabelecimento de condies plausveis e proporcionais de habilitao e de participao dos interessados na licitao, em nveis compatveis com o objeto a ser contratado.

Acrdo 3493/2010 Primeira Cmara (Voto do Ministro Relator)

Parcele, nas licitaes de servios grficos cujo objeto consista em itens de caractersticas diversas, o objeto em grupos similares de impressos, para que a adjudicao seja por itens e no pelo preo global, em obedincia ao princpio da economicidade.

Acrdo 3341/2010 Primeira Cmara

Atente, nas aquisies e contrataes que efetuar, para o princpio da economicidade, insculpido no art. 37 da Constituio Federal.

Acrdo 2567/2010 Primeira Cmara

Assegure ampla publicidade dos atos administrativos, observando o disposto na legislao pertinente, em especial, o art. 17, inciso III, do Decreto 5.450/2005.

Acrdo 7179/2010 Segunda Cmara

Proceda, tendo em vista o princpio da publicidade, celebrao de aditivos quando da necessidade de adequao de itens contratuais;

Exija da contratada, quando da realizao de despesas a ttulo de ressarcimento, a identificao da pessoa fsica fruidora dos servios nos comprovantes de despesa.

Acrdo 6555/2010 Primeira Cmara

Responsveis pela Licitao

Deliberaes do TCU

Promova rodzio nos membros da comisso de licitao.

Acrdo 400/2011 Plenrio

Proceda devida designao formal das equipes de apoio que auxiliaro os pregoeiros do Ministrio.

Acrdo 3401/2010 Plenrio

7. No que diz respeito irregularidade relativa alterao do contrato, posteriormente homologao do certame, considero tratar-se de consequncia da impercia dos componentes da Comisso de Licitao, que falharam ao conferir as planilhas das propostas, demandando acertos posteriores no valor contratado, procedimento pelo qual os responsveis esto sendo responsabilizados.

...

18. Uma das falhas cometidas pelos membros da Comisso ocorreu nos procedimentos de conferncia da planilha de preos estimativos (...) e, posteriormente, na verificao da planilha da proposta vencedora. Conforme verificado no item 7 deste voto, a impercia dos membros da Comisso resultou em novas irregularidades, tendo em vista a alterao contratual proposta (...), aps a homologao do certame, o que agrava a situao.

Acrdo 2588/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

O TCU considerou irregularidade e alertou Presidente de Comisso Permanente de Licitaes por ter feito constar dos instrumentos convocatrios clusulas, condies ou itens que no eram absolutamente necessrios contratao, em descumprimento ao inciso I do 1 do art. 3 da Lei n 8.666/1993.

Acrdo 2245/2010 Plenrio

17. No demais relembrar que a funo primordial do pregoeiro obter o melhor negcio para a administrao. Assim, quando esta fixa o preo referencial est orientando o pregoeiro no sentido de que, tendo em vista a sua poltica administrativa ou as suas limitaes financeiras, no considera aceitvel um valor superior ao estipulado como parmetro para negociao. Portanto, deciso diversa do pregoeiro seria de sua exclusiva responsabilidade, ainda que por uma pequena diferena, porque no vincularia a entidade promotora da licitao.

Acrdo 1888/2010 Plenrio (Voto do Ministro Relator)

Inclua, no sistema Comprasnet, regra de negcio que impossibilite que, para um dado certame, um mesmo usurio atue como pregoeiro e como autoridade competente, como definido no Decreto n 5.450/2005, art. 8, incisos IV, V, e VI e conforme estabelece a regra geral do art. 56, 1, da Lei n 9.784/1999.

Acrdo 1647/2010 Plenrio

Instrua os pregoeiros, por meio de treinamentos e de atualizao do manual do pregoeiro, para que, no mbito dos preges operacionalizados pelo Comprasnet, expeam comunicados ou avisos aos licitantes, em tempo til, mantendo-os informados acerca das prximas etapas do certame, especialmente aquelas sem prazo definido, como a de aceitao de objeto.

Acrdo 1647/2010 Plenrio

Abstenha-se de designar os membros da Comisso Permanente de Licitao por perodo superior a um ano, bem assim de reconduzir a totalidade de seus membros para o perodo subseqente, nos termos do art. 51, 4, da Lei.8666/1993.

Acrdo 1281/2010 Plenrio

10. Nessa corrente jurisprudencial cito os Acrdos ns 1.445/2004-Plenrio, 2.289/2006-Plenrio, 3.516/2007-1 Cmara e 201/2006-2 Cmara, sendo que deste ltimo destaco trechos do Voto condutor, a fim de espancar qualquer dvida quanto necessidade de afastar a multa anteriormente imposta

11.2.12 No tocante ao responsvel pelo edital da licitao na modalidade prego, Jorge Ulisses (ob. cit. p. 488) leciona o seguinte: 'A lei do prego no disciplina quem deve elaborar o edital. Na prtica h dois entendimentos diferentes e antagnicos: os que entendem que a responsabilidade da elaborao deve competir ao pregoeiro e os que inadimitem essa possibilidade.', conclui ento: 'Entre uma e outra posio, mais correta a segunda. (...).' (Destaque do original). Em termos das funes do pregoeiro, Jorge Ulisses, na obra j citada (p. 468), menciona que a funo do pregoeiro corresponde a uma funo gerencial, pois gerencia um procedimento fortemente regulado em lei.

11.2.13 Quanto elaborao do edital e s atribuies do pregoeiro, Joel de Menezes Niebuhr anuncia o seguinte (ob. cit. pp. 68/69): 'Com efeito, o inciso I do artigo 3 da Lei n. 10.520 prescreve: '(...)'. Em outras palavras, a autoridade competente a responsvel pela fase interna do prego, pois cabe-lhe definir as clusulas do edital.' E: 'O pregoeiro o responsvel pela conduo da fase externa do prego, a partir da publicao do edital at a adjudicao do objeto licitado ao vencedor, reunindo em si, praticamente, todas as atribuies conferidas pela Lei n. 8.666/1993 comisso de licitao.(...).'

(...)

11.2.15 Ademais, se, a ttulo de perquirio, analisssemos que a ausncia de critrios de aceitabilidade dos preos unitrios e global no edital do Prego (...) foi uma afronta norma legal, teramos que imputar a multa pertinente ao responsvel pela elaborao do edital. Tendo o Recorrente exercido a funo de pregoeiro, o qual no define os parmetros da licitao, apenas a executa, no seria ele a receber a apenao pela irregularidade, por no ser o agente da infrao lei." (nfase acrescida)

Acrdo 4848/2010 Primeira Cmara (Voto do Ministro Relator)

No permita que, em face da vedao constante do art. 9, inciso III, da Lei n 8.666/1993, servidor ou dirigente de rgo ou entidade contratante ou responsvel pela licitao participe de processo licitatrio ou da execuo de obra ou servio ou do fornecimento de bens a eles necessrios.

Acrdo 2567/2010 Primeira Cmara

Nesse sentido j decidiu o TCU no Acrdo TCU n 3947/2009-Primeira Cmara, de cujo voto reproduzo excerto:

37. Relativamente responsabilidade dos membros da comisso de licitao por eventual sobrepreo, cabem as seguintes observaes.

38. De forma usual, os rgos e entidades da Administrao possuem departamentos ou sees especializadas que so encarregadas da elaborao de editais para as suas licitaes. Tais reas tcnicas esto capacitadas a elaborar os termos editalcios, e, ainda, se for o caso, os oramentos.

39. Por vezes, dada a magnitude do empreendimento a ser licitado, a Administrao utiliza mo-de-obra especializada para elaborar tais peas (edital e oramento). comisso de licitao incumbe verificar se h projeto bsico, se o oramento foi elaborado, checar a qualificao tcnica, econmico-financeira, regularidade fiscal, habilitao jurdica, dentre outras tarefas. De forma precpua, no cabe comisso de licitao elaborar o oramento.

40. O Professor Jess Torres Pereira Junior leciona que trs so as incumbncias principais de uma comisso de licitao, quais sejam: (a) decidir sobre pedidos de inscrio no registro cadastral, bem como sua alterao ou cancelamento; (b) decidir sobre a habilitao preliminar dos interessados em participar de cada certame; (c) julgar e classificar as propostas dos licitantes habilitados (Comentrios Lei de Licitaes e Contrataes da Administrao Pblica, editora Renovar, 2002, pag. 533).

Acrdo 1428/2010 Primeira Cmara (Voto do Ministro Relator)

Oriente os membros da Comisso Permanente de Licitao acerca do teor do art. 51, 3, da Lei n. 8.666/1993, que trata da responsabilidade solidria por todos os atos praticados pela Comisso, salvo se posio individual divergente e devidamente fundamentada estiver registrada em ata lavrada na reunio em que tiver sido tomada a deciso.

Acrdo 1039/2008 Primeira Cmara

A ocorrncia de simulao de procedimento licitatrio enseja a apenao dos membros da comisso de licitao com a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei Orgnica do Tribunal.

Acrdo 3705/2010 Segunda Cmara (Sumrio)

Oriente os membros das Comisses de Licitao que explicitem os motivos de habilitao e inabilitao das empresas claramente no processo para que no haja nenhuma dvida quanto aos critrios utilizados, conforme preconiza a Lei n 8.666/1993.

Acrdo 6490/2010 Segunda Cmara

O TCU alerta que considera impropriedade a designao de funcionrios sem adequado conhecimento tcnico para compor a Comisso de Licitao.

Acrdo 4226/2010 Segunda Cmara

4.7.1 Anlise: Dentre as atribuies legais da Comisso de Licitao estabelecidas no art. 6, inciso XVI, da Lei 8.666/96 est a de "...receber, examinar e julgar todos os documentos