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1 Representações Gráficas na Teoria Ator-Rede aplicada a Sistemas de Informação Autoria: André de Souza Coelho Gonçalves de Andrade, Luiz Antonio Joia, Marcelo Fornazin, Gabriel Marcuzzo do Canto Cavalheiro Resumo A Teoria Ator-Rede (Actor Network Theory ou ANT) tem origem nos estudos sobre como descobertas científicas e inovações tecnológicas são fenômenos socialmente explicáveis. A ANT provê um ferramental teórico e metodológico para análise da trajetória de redes de atores heterogêneos envolvidos nos processos de inovação tecnológica, dentre os quais se encontram os Sistemas de Informação (SI). Nesse contexto, representações gráficas podem prover uma percepção melhor e mais clara dos atores e suas relações. Assim, este trabalho revisa a literatura científica, objetivando aprimorar o entendimento das possibilidades de uso de gráficos em pesquisas baseadas na ANT na área de SI.

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Representações Gráficas na Teoria Ator-Rede aplicada a Sistemas de Informação

Autoria: André de Souza Coelho Gonçalves de Andrade, Luiz Antonio Joia, Marcelo Fornazin, Gabriel Marcuzzo do Canto Cavalheiro

Resumo

A Teoria Ator-Rede (Actor Network Theory ou ANT) tem origem nos estudos sobre como descobertas científicas e inovações tecnológicas são fenômenos socialmente explicáveis. A ANT provê um ferramental teórico e metodológico para análise da trajetória de redes de atores heterogêneos envolvidos nos processos de inovação tecnológica, dentre os quais se encontram os Sistemas de Informação (SI). Nesse contexto, representações gráficas podem prover uma percepção melhor e mais clara dos atores e suas relações. Assim, este trabalho revisa a literatura científica, objetivando aprimorar o entendimento das possibilidades de uso de gráficos em pesquisas baseadas na ANT na área de SI.

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INTRODUÇÃO A Teoria Ator-Rede, também referenciada pelo acrônimo ANTi, constitui um

arcabouço teórico e metodológico para o estudo de descobertas científicas e inovações tecnológicas. Para tal, engloba os diversos atores heterogêneos envolvidos nas atividades científicas, desde os pesquisadores e seus equipamentos, até políticos, investidores e sociedade, que, de alguma forma, estão relacionados aos empreendimentos tecnológicos (Latour, 1997).

A ANT surgiu ao final da década de 1970 no contexto dos estudos de ciência e tecnologia (Latour & Woolgar, 1979; Callon, 1980; Callon & Latour, 1981; Callon, 1986) e durante os últimos 30 anos se disseminou por diversas áreas. Atualmente, pesquisas baseadas nessa perspectiva se multiplicam em uma série de frentes, entre as quais: comunicação (Latour, 2008), meio ambiente (Latour, 2004), política (Callon, Lascoumes & Barthe, 2009), modernidade (Latour, 1994); sociologia econômica (Callon, 1998) e métodos heterogêneos (Law, 1992, 2003, 2004).

Assim como em outras áreas, a ANT vem sendo utilizada em pesquisas em Sistemas de Informação (SI) desde 1990 (Walsham, 1997; Ciborra & Hanseth, 1998) e, com maior intensidade, a partir de 2000. Tais pesquisas analisaram diversos contextos, entre eles recursos humanos (Ramiller, 2005), governo eletrônico (Hardy & Williams, 2007; Heeks & Stanforth, 2007; Barbosa, 2008), sistema financeiro (Lewis, 2007), geo-processamento (Silva, 2007; Rajao, 2008), saúde (Braa, Monteiro & Sahay, 2004; Lungo & Igira, 2008; Cresswell, Worth & Sheikh, 2010; Nguyen & Nyella, 2012) e inclusão digital (Andrade & Urquhart, 2010; Teles & Joia, 2011). Com isso, a ANT vem sendo considerada uma abordagem de pesquisa relevante para estudo de questões sociotécnicas no campo de SI (Walsham, 1997; Mitev, 2006; Walsham & Sahay, 2006; Mitev & Howcroft, 2011).

Entre os estudos baseados em ANT, há uma longa tradição na utilização de representações gráficas dos fenômenos investigados. Nesse sentido, vários estudos em SI empregaram gráficos para explicar a dinâmica de redes heterogêneas para a construção de sistemas de informação (Tuomi, 2000; Ramiller, 2005; Heeks & Stanforth, 2007; Lungo & Igira, 2008; Ramos, 2009; Andrade & Urquhart, 2010; Cresswell et al., 2010; Teles & Joia, 2011; Thapa, 2012). Assim, observa-se que o uso de representações gráficas pode prover uma visão mais clara dos atores e de suas relações.

Latour, Mauguin e Teil (1991, p. 14) lançaram o desafio de “discutir e colaborar na busca por outras maneiras de construir gráficos sociotécnicos”. Em linha com o exposto, Law (1999) advogou que a ANT é uma maneira de encontrar novas formas de representações heterogêneas além dos espaços estabelecidos.

Assim, este trabalho tem por objetivo aprimorar o entendimento das possibilidades de representações gráficas das trajetórias de redes de atores heterogêneos em SI. Para tal, realizou-se uma revisão bibliográfica extensiva sobre a utilização de representações gráficas em estudos baseados em ANT na área de SI, buscando-se avaliar criticamente: i) como tais representações têm sido utilizadas nas pesquisas nessa área; ii) como esses gráficos têm contribuído para entender os fenômenos sociotécnicos associados aos SI e iii) possibilidades de expansão do uso de representações gráficas associadas à ANT na área de SI.

Este trabalho está organizando da seguinte maneira. Após esta introdução, a segunda seção apresenta uma visão geral de cada uma das categorias de gráficos encontradas em pesquisas adotando ANT. A terceira seção discute as propriedades dos gráficos utilizados nas pesquisas em S.I. baseadas em ANT. Por fim, são apresentadas as conclusões do trabalho. REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS NA TEORIA ATOR-REDE

Este trabalho revisou mais de 150 artigos nas temáticas Sistemas de Informação, Estudos Sociotécnicos e Teoria Ator-Rede. Assim, foram levantados em torno de 50 gráficos, os quais foram categorizados em seis tipos – temporais, em rede, de poder, de tradução, de

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coesão e E-OU –, de acordo com suas características e informações representadas. Nas próximas seções cada categoria será descrita, evidenciando como os gráficos são utilizados e que tipo de informação eles apresentam. Gráficos Temporais

Para Latour (1997, p. 31), a ANT busca estudar “fatos e máquinas enquanto estão em construção; não levaremos conosco preconceitos relativos ao que constitui o saber; observaremos o fechamento das caixas-pretas tomando o cuidado de fazer a distinção entre duas explicações contraditórias desse fechamento, uma proferida depois dele e outra enquanto ele está sendo tentado.”. Ou seja, partindo do princípio que as inovações tecnológicas são construções coletivas, o estudo deve enfocar o processo de construção dessas inovações.

Para explicar esses processos de construção, diversos estudos têm se utilizado de gráficos temporais, os quais apresentam uma visão processual, enfocando a interação ao longo do tempo. Conforme apresentado na Figura 1, tais gráficos apresentam uma linha de tempo com eventos associados. Assim, esses gráficos são úteis para representar dinâmicas históricas ou processuais dos atores envolvidos nas questões sociotécnicas.

Figura 1 – Gráfico Temporal Fonte: construção dos autores

Os gráficos temporais foram utilizados em diversas pesquisas baseadas em ANT. Por

exemplo, Law (1973), na pré-história da ANT, utilizou esse gráfico para apresentar fatores influenciadores da escolha de atores científicos. De modo similar, estudos buscaram relacionar cientistas e descobertas científicas em uma perspectiva temporal (Law & Williams, 1982; Callon et al., 1985). Em alguns casos, a informação temporal pode ser combinada com outras informações, por exemplo, relações entre atores (Law & Williams, 1982). Outra possibilidade é a combinação com medidas quantitativas, conforme apresentado na Figura 2 (Courtial, Callon & Sigogneau, 1993).

Figura 2 – Gráfico temporal combinado com medidas quantitativas Fonte: Courtial et al. (1993, p. 238)

Nas pesquisas em SI, gráficos de tempo foram utilizados para representar a trajetória

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de construção do sistema operacional Linux (Tuomi, 2000), o desenvolvimento de navegador de internet (Faraj, Kwon & Watts, 2004), bem como a implantação de um sistema de informação para gestão de pessoas em uma organização (Ramiller, 2005).

Conforme dito, gráficos de tempo são úteis para apresentar uma cadeia temporal ou processual de eventos. Assim, este tipo de gráfico ajuda o leitor a entender como controvérsias, negociações e acordos ocorrem ao longo do tempo.

Os gráficos de tempo se enquadram bem para representações temporais, contudo, não abordam elemento importantes da ANT, como as associações e a formação de redes. Assim, a dimensão rede pode ser melhor trabalhada na próxima categoria, ator-rede, a qual apresenta a relação entre atores com mais detalhes. Gráficos em Rede

Para a ANT, inovações tecnológicas são “coletivamente estabelecidas a partir de controvérsias, quando a atividade [...] não consiste apenas de crítica ou deformação, mas também confirmação” (Latour, 1997, p. 72). Assim, as grandes descobertas são, basicamente, uma sucessão de eventos em que atores se aliam para construir e sustentar uma “verdade”, formando uma rede heterogênea, englobando atores humanos e não humanos.

Dessa forma, para representar essas redes, muitas vezes são utilizados gráficos de ator-rede, os quais descrevem relações entre atores heterogêneos. Esses gráficos enfocam como os atores estão relacionados, bem como influenciam uns aos outros. Tais gráficos são compostos de nós e setas, onde cada nó representa um ator e as setas representam relações.

Callon et al. (1983) escolheram uma representação gráfica deste tipo para desenhar as palavras com maior frequência de ocorrência, bem como suas associações. Assim, conforme apresentado na Figura 3, propuseram dois tipos de gráficos para representar a associação entre as palavras: um diagrama de árvore e um diagrama concêntrico. Ao desenhar gráficos para representar sucessivos períodos de tempo, Callon et al. (1983) foram capazes de analisar como uma rede multipolar se alterou, devido à influência de múltiplos atores.

Figura 3 – Gráficos em Rede Fonte: Callon et al. (1983, p. 210)

Assim como Callon et al. (1983), Dodier e Barbot (2000) desenharam uma rede

gráfica com 133 pesquisadores médicos, 67 promotores (organizações públicas e privadas) e 132 testes terapêuticos sobre AIDS realizados na França entre 1989 e 1996 (Figura 4). Nesse estudo, pesquisadores ligados a testes formaram redes combinando atores humanos (pesquisadores) e não humanos (testes) (Dodier & Barbot, 2000). Gráficos de rede também foram utilizados na representação de atores envolvidos no desenvolvimento de um reator nuclear (Frickel, 1996), na elaboração de políticas públicas (Gärtner & Wagner, 1996) e em pesquisas sobre câncer de mama (Williams-Jones & Graham, 2003).

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Figura 4 – Gráfico em Rede Fonte: Dodier e Barbot (2000, p. 113)

Na área de SI, os gráficos de rede têm sido amplamente utilizados para representar os

atores envolvidos da implantação de sistemas (Souza et al., 2004; Ducheneaut, 2005; Ramiller, 2005; Sack et al., 2006; Ramos, 2009; Cresswell et al., 2010; Teles & Joia, 2011). Cabe destacar o trabalho de Ramos (2009), que, ao analisar a Política Nacional de Informática, representou a rede em seis momentos diferentes, relacionando atores humanos e não humanos. A rede formada em um desses momentos é apresentada na Figura 5.

Comparados aos gráficos de tempo, os gráficos de rede são mais estáticos; isto é, gráficos de tempo evidenciam situações processuais, enquanto gráficos de rede se detém a um momento específico. Porém, os gráficos de rede apresentam a rede de atores em mais detalhes.

De certa maneira, as duas primeiras categorias – tempo e redes – descrevem as redes de atores em diferentes dimensões, mas não fornecem subsídios para uma interpretação analítica da construção dos sistemas de informação. Assim, as próximas categorias possuem um foco analítico, incluindo dimensões de poder e coesão entre os atores.

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Figura 5 – Gráfico de Rede Fonte: Ramos (2009, p. 232)

Gráficos de Poder Conforme citado, a ANT estuda o processo de construção de inovações tecnológicas

por meio da associação de atores heterogêneos (Latour, 1997). Assim, a influência dos atores também pode ser representada por meio de gráficos. Para tal, gráficos de poder enfocam as relações de poder na formação da rede de atores ao longo do processo de inovação tecnológica.

Tais gráficos também foram empregados por Law (1983), que utilizou um diagrama de setas para apresentar forças concorrentes ou interesses na publicação de um artigo científico (Figura 6). De modo similar, Callon (1986), baseado em Law (Law, 1983), em um artigo clássico da ANT apresentou forças concorrentes ao analisar o caso em que cientistas estudavam a reprodução de vieiras na Baía de St. Brieuc.

Gráficos de poder, diferente de representações mais abrangentes como as redes, enfatizam como um ator está influenciando outro. Tais gráficos, geralmente representam forças influenciando o comportamento dos atores. Latour (1997) sintetiza cinco estratégias diferentes para influenciar objetivos dos atores (Figura 7). Esses gráficos ajudam a evidenciar como redes de atores possuem a agência, influenciando comportamentos. Esse é um conceito analítico importante, pois a materialidade apresentada nesses gráficos fornece explicações baseadas em estruturas ocultas. Contudo, não foram encontrados gráficos deste tipo nos estudos em SI.

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Figura 6 – Gráfico de poder Fonte: Law (1983, p. 240)

Figura 7 – Estratégias de influência Fonte: Latour (1997, p.120)

Gráficos de Tradução A tradução é um conceito fundamental da ANT e pode ser entendida como a

mobilização de atores em torno de um objetivo comum, chamado ponto de passagem obrigatório (PPO), o qual estabelece a ligação da rede de atores (Callon, 1986). O processo de tradução ocorre em quatro etapas: problematização, interessamento, negociação e mobilização.

Callon (1986), em estudo sobre o trabalho dos cientistas na criação de vieiras na Baía de St. Brieuc, apresentou o conceito de tradução, ao observar que três cientistas estabeleceram um PPO para os pescadores, vieiras e comunidade científica, tornando-se porta-vozes desses grupos. Para tal, Callon (1986) utilizou um gráfico (Figura 8) em que os interesses dos atores foram bloqueados por diversos obstáculos e, para alcançar seus objetivos, eles precisaram

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fazer retrocessos e passar por meio de um PPO estabelecido pelo cientistas.

Figura 8 – Atores, interesses, obstáculos e pontos de passagem obrigatórios Fonte: Callon (1986, p. 20)

Este tipo de gráfico tem sido utilizado amplamente nos estudos em SI, como por exemplo, na implantação de um sistema de orçamento público (Heeks & Stanforth, 2007) e de um sistema de informação em saúde (Thapa, 2012). Há também representações gráficas de tradução, evidenciando os momentos do processo de tradução por meio de um gráfico circular (Faraj et al., 2004; Andrade & Urquhart, 2010), conforme apresentado na Figura 9.

Os gráficos de tradução podem ser entendidos como uma representação aprimorada dos gráficos de poder, pois além da influência, também enfatizam momentos do processo de tradução. Tais gráficos geralmente representam atores, seus objetivos iniciais, PPO e como os atores alteraram seus objetivos usando o PPO.

Figura 9 – Gráfico de Tradução Fonte: Faraj, Know e Watts (2004, p. 190)

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Gráficos de Coesão Law e Callon (1992) realizaram um estudo sobre a trajetória da construção do avião

militar TSR.2, estudo este que expandiu a análise das redes de atores ao observar que o “sucesso e o formato de um projeto, o TSR.2, dependeram crucialmente da criação de duas redes e do intercâmbio dos intermediários entre essas redes” (Law & Callon, 1992, p. 41).

Law & Callon (1992) representaram a trajetória do projeto TSR.2 por meio de um gráfico bidimensional (Figura 10), “onde o eixo x mede o grau de mobilização dos atores locais”, e o “eixo y mede o quanto os atores externos estão ligados” (Law & Callon, 1992, p. 47). Um projeto onde a rede global é altamente coesa e a rede local é altamente mobilizada, isto é, posicionado no quadrante superior direito, é um projeto sólido e indispensável; o oposto, no quadrante inferior esquerdo, é um projeto fraco e desagregado. Assim, os diferentes estágios da trajetória do projeto TSR.2 foram desenhados no gráfico, indicando o grau de coesão da rede global e a mobilização da rede local. As letras no gráfico indicam sucessivos momentos no tempo, enquanto as setas indicam o caminho seguido ao longo da narrativa.

Gráficos de coesão se apresentam como atores globais e locais interagem durante o desenvolvimento de inovações tecnológicas. Pode-se observar que o gráfico de coesão apresenta três informações: o acoplamento global, a mobilização local e uma trajetória temporal.

Este gráfico, que apareceu pela primeira vez na análise do desenvolvimento do avião militar TSR.2 (Law & Callon, 1992), tem sido amplamente utilizado nas pesquisas em SI (Heeks & Stanforth, 2007; Lungo & Igira, 2008; Ramos, 2009; Teles & Joia, 2011), por conta de sua grande capacidade explanatória, a qual relaciona os resultados dos projetos de SI a múltiplas dimensões (atores globais, atores locais e trajetória temporal).

Figura 10 – A Trajetória do TSR.2 Fonte: Law e Callon (1992, p. 50)

Gráficos E-OU Gráficos E-OU são utilizados para representar possibilidades e traduções. Latour,

Mauguin e Teil (1991) objetivaram “poder comparar, por este método novo e outro em

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elaboração, os estudos oriundos da história das ciências e das técnicas, da sociologia, ou da economia” (Latour et al., 1991, p. 420). Esta primeira tentativa de seguir ao longo do tempo tanto a cadeia de informantes, quanto suas postulações, produziu o gráfico E-OU, também conhecido como gráfico AND-OR, ou Gráfico SocioTécnico (Figura 11).

Figura 11 – Gráfico E-OU Fonte: Latour, Mauguin e Teil (1991, p. 424)

Baseado neste simples diagrama, um gráfico mais complexo foi gerado, a partir do

ponto de vista de um gerente de hotel que tenta induzir seus hóspedes a devolverem suas chaves (Figura 12) (Latour et al., 1991, p. 425). Esse gráfico E-OU possui dois eixos. O eixo vertical OU representa as técnicas possíveis para serem utilizadas pelo gerente para traduzir o interesse de algum hóspede e associá-lo à rede de atores, essas técnicas também são chamadas programas. Por outro lado, o eixo horizontal E representa o número de hóspedes a serem traduzidos, os hospedes que não devolvem as chaves mediante o emprego de determinada técnica executam um antiprograma. Desse modo, o diagrama mostra a progressão das técnicas de tradução para alcançar a formação da rede de atores.

Figura 12 – Gráfico E-OU Fonte : Latour et al. (1991, p. 425)

No estudos em SI, Santos (2005) aplica uma versão simplificada do diagrama E-OU

(Figura 13) para a implementação de um sistema de internet banking. Contudo, não foram encontrados outros gráficos desse tipo nos estudos em SI.

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Figura 13 – Gráfico E-OU Fonte: Santos (2005, p. 91)

Assim, o gráfico E-OU representa três informações: técnicas, traduções e atores. Por

meio desse gráfico é possível construir a progressão sobre os momentos de tradução e apresentar como atores são inscritos em uma ator-rede. Contudo, conforme observado, tal gráfico tem tido pouca utilização na área de SI.

Após apresentar os gráficos acima, a próxima seção discutirá as características dos gráficos apresentado e como eles têm sido utilizados na área de SI. DISCUSSÃO

Ao se revisar a literatura sobre ANT, é possível distinguir seis categorias de gráficos: temporais, em rede, de poder, de tradução, de coesão e E-OU. Essas categorias englobam um conjunto de características que descrevem as representações gráficas apresentadas nos estudos de ANT mais relevantes. A Figura 14 lista as categorias e provê uma breve descrição de cada uma delas.

Os gráficos temporais e em rede são descritivos, geralmente utilizados para descrever uma cadeia de eventos ou relações de rede. Gráficos em rede são amplamente utilizados devido à natureza dos trabalhos em ANT, os quais, ao invés de apelar para estruturas ocultas na explicação das forças que governam as relações sociais, buscam apresentar um conjunto de associações materiais em formato de rede, mais flexível e ajustável à dinâmica da complexidade do mundo real.

Os demais gráficos – poder, tradução, coesão e E-OU – apresentam dimensões analíticas. Gráficos de poder apresentam relações de poder que direcionam o comportamento dos atores. Por outro lado, gráficos de tradução relacionam momentos de tradução, evidenciando como pontos de passagem obrigatórios alteram os objetivos dos atores. Já os gráficos de coesão, um tipo amplamente utilizado, reúnem três dimensões analíticas – patrocinadores, técnicos e tempo. Esse gráfico, baseado em suas capacidades analíticas, é usado para explicar trajetórias de projetos de sistemas de informação.

Finalmente, gráficos E-OU reúnem técnicas e traduções para mostrar como definições prévias influenciam comportamentos dos atores ao longo do tempo. Este gráfico foi pouco utilizado nos trabalhos em SI, mas é uma poderosa ferramenta analítica que poderia ser mais explorada em trabalhos empíricos.

Também é importante ressaltar que diferentes gráficos podem ser utilizados em um mesmo trabalho. Ramos (2009), ao analisar a política nacional de informática descreve a configuração de redes de atores em sucessivos momentos, para então apresentar a trajetória da política por meio do gráfico de coesão. Ramiller (2005) reúne gráficos de tempo e de redes de atores, evidenciando, assim, como eventos ao longo do tempo configuraram redes de associações. Tais estudos, por meio de uma cadeia de eventos ou de uma rede de atores, buscaram prover uma visão panorâmica do caso em estudo, para então aprofundar a discussão utilizando gráficos com dimensões analíticas, como, por exemplo, poder, tradução e coesão.

Do mesmo modo que gráficos podem ser utilizados para apresentar atores e seus relacionamentos no contexto de ANT, os gráficos se tornam uma inscrição e um ator por si só, traduzindo aos leitores um fenômeno mais complexo que foi primeiramente traduzido em uma

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narrativa. Contudo, o gráfico não substitui a narrativa, ele provê uma segunda perspectiva que aprimora a visão como um binóculo (Latour, 1986).

CATEGORIA CARACTERÍSTICAS REFERÊNCIAS

Temporais

Descritivo; Representa um encadeamento de eventos; Visão processual enfocando interação temporal.

Law (1973; 1982); Faraj et al. (2004); Ramiller (2005); Tuomi (2000)

Em rede

Descritivo; Configuração de uma rede de atores; Gráficos compostos por nós e setas; Enfoca como os atores estão relacionados e como influenciam uns aos outros.

Latour (1996); Callon et al. (1983); Gärtner and Wagner (1996); Dodier and Barbot (2000); Ramos (2009); Teles e Joia (2011); Cresswell et al. (2010); Ramiller (2005).

De poder

Interpretação Analítica; Representa forças direcionando o comportamento dos atores; Enfoca em relações de poder na formação de uma rede de atores.

Law (1983); Callon (1986), Latour (1997).

De tradução

Interpretação Analítica; Geralmente representam atores, seus objetivos iniciais e como esses objetivos foram alterados para PPO; Enfoca momentos de tradução.

Callon (1986); Heeks and Stanforth (2007); Tapha (2012); Faraj et al. (2004); Andrade e Urquhart (2010), Gooding (2006).

De coesão

Interpretação Analítica; Representa como patrocinados globais e técnicos locais interagem ao longo do tempo. Múltiplas dimensões no mesmo gráfico: atores globais, atores locais e trajetória temporal.

Law e Callon (1992); Heeks e Stanforth (2007), Ramos (2009); Teles (2011); Lungo and Igira (2008).

E-OU

Interpretação Analítica; Representa progressão de técnicas de tradução para alcançar uma rede de atores. Múltiplas dimensões no mesmo gráfico: técnicas, atores e traduções; Enfoca a possibilidade de traduções.

Latour et al. (1991); Latour (1992); Santos (2005).

Figura 14 – Categorias de Representações Gráficas nos Estudos em ANT.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho revisou a literatura científica para identificar como gráficos baseados na

Teoria Ator-Rede têm sido utilizados para explicar a dinâmica de projetos de sistemas de informação. Foram encontrados seis categorias de gráficos, duas delas – tempo e ator-rede – descritivas, sendo a primeira útil para representar uma cadeia de eventos e a segunda para representar a configuração de uma rede de atores. As demais categorias – poder, tradução, coesão e E-OU – enfocam interpretações analíticas, representando múltiplas dimensões no mesmo gráfico, por exemplo, poder, tempo e atores.

Alguns desses gráficos têm sido amplamente utilizados nas pesquisas em SI, como, por exemplo, os gráficos de redes de atores, tradução e coesão. Por outro lado, gráficos de poder e do tipo E-OU, embora tenham grande capacidade de representar fenômenos sociotécnicos, foram pouco explorados nos trabalhos da área.

Ademais, na comunidade de SI, a maioria das pesquisas reproduziu gráficos de outros

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estudos de ANT. Concluindo sua apresentação na tentativa de criar um espaço visual e conceitual, Latour, Mauguin e Teil (1992) apontam para a necessidade de mais trabalhos objetivando uma representação gráfica a ser utilizada para analisar estudos de caso grandes e complexos. Assim, nota-se um enorme campo de possibilidades para se criar novas formas de representações gráficas em ANT aplicada à área de SI.

É importante lembrar que a representação por meio de gráficos também é problemática. Latour (1996) explica que a representação gráfica na ANT é um filamento, como tantas superfícies quanto conexões possíveis; isto é, por trabalhar com redes, a ANT está sujeita às limitações de escalas. Até agora, representações gráficas, embora apresentadas algumas vezes como redes, ainda são superficiais, i.e., a complexidade das redes não é captada por completo nos gráficos. Dessa forma, as narrativas são fundamentais para descrição dos fenômenos investigados.

Esta pesquisa não tentou ser exaustiva, mas apenas extensiva. Embora ela tenha se baseado em uma ampla revisão de trabalhos de SI, Estudos de Ciência e Tecnologia e ANT, podem faltar algumas partes nesta história. Isto pode ocorrer pelo fato dos autores desta pesquisa não terem conseguido seguir todos os caminhos, deixando alguns atores invisíveis para trás (Latour, 2005).

Além disso, este trabalho é baseado em uma pesquisa bibliográfica, não tendo sido realizadas entrevistas. Contudo, quando esta pesquisa terminou, uma longa história de autores, artigos, revistas, gráficos, assim como outros atores envolvidos, clamaram por uma abordagem ANT para enquadrar as caixas pretas formadas, transformadas e abandonadas, e para entender como o artefato “representação gráfica em SI” se traduziu e inscreveu na ANT.

Considerando que a área de SI é familiar com a linguagem gráfica, há um espaço promissor para o desenvolvimento de representações gráficas baseadas em ANT. Assim, espera-se que uma futura representação gráfica de sucesso se torne um ator importante nos espaços de ANT e SI. Contudo, há um longo caminho a percorrer, e mais trabalho é necessário para aprimorar as notações apresentadas neste trabalho e suas aplicações em pesquisas em SI. Espera-se, portanto, que a rede de autores, conferências, revistas, livros e outros traduzam esta pesquisa em uma configuração estável, inscrevendo-a numa rede de atores aplicada a SI.

REFERÊNCIAS Andrade, A. D. & Urquhart, C. (2010). The Affordances of Actor-Network Theory. ICT for Development Research,23(4), 352-374.

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i O termo teoria ator-rede, em inglês Actor-Network Theory (ANT), foi cunhado por Michell Callon em 1985 (Callon, Law & Rip, 1985). Neste trabalho será adotado o acrônimo ANT para denominar a Teoria Ator-Rede, uma vez que a sigla ANT é amplamente utilizada nas referências à Teoria Ator-Rede.