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Joana Margarida Pinheiro Teixeira Representação Social da Equipa Multidisciplinar Perspectiva do Doente Oncológico Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em Enfermagem Oncológica submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Orientador – Doutor Carlos Alberto da Silva Lopes Categoria – professor catedrático Afiliação – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Co-orientador – Lic. José Manuel Silva Teixeira Categoria – Assistente Estagiário Afiliação – Universidade Fernando Pessoa -1-

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Page 1: Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva … · Joana Margarida Pinheiro Teixeira . Representação Social da Equipa Multidisciplinar . Perspectiva do Doente

Joana Margarida Pinheiro Teixeira

Representação Social da Equipa Multidisciplinar

Perspectiva do Doente Oncológico

Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em

Enfermagem Oncológica submetida ao Instituto de

Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade

do Porto.

Orientador – Doutor Carlos Alberto da Silva Lopes

Categoria – professor catedrático

Afiliação – Instituto de Ciências Biomédicas Abel

Salazar da Universidade do Porto.

Co-orientador – Lic. José Manuel Silva Teixeira

Categoria – Assistente Estagiário

Afiliação – Universidade Fernando Pessoa

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Page 2: Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva … · Joana Margarida Pinheiro Teixeira . Representação Social da Equipa Multidisciplinar . Perspectiva do Doente

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Carlos Lopes, que com a sua experiência e sabedoria tornaram este

trabalho mais enriquecido.

Ao Professor José Teixeira, pelo tempo e ajuda que tornou possível este trabalho.

Ao meu Marido, pelo seu apoio incondicional e colaboração na realização deste trabalho.

Aos meus Pais e Irmã pela presença contínua, apoio e ponto de equilíbrio neste e em

outros momentos, e por permitirem mais uma etapa no meu conhecimento.

A Ana Almeida, grande amiga, que me ajudou na aplicação dos questionários e pela

força dada ao longo da realização do mesmo, obrigada por não me deixares desistir.

Aos doentes que participaram neste estudo, sem eles não seria possível a realização do

mesmo.

Ao IPO Porto que permitiu que desenvolvesse este estudo nos seus serviços de Cirurgia.

À Sílvia, Vânia e Mi…

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RESUMO

Nos últimos anos, conceito de Representação Social têm aparecido com grande

frequência em diversas áreas. A teoria das representações sociais é um instrumento da

compreensão e transformação da vida social e, por consequência, dos seus significados.

No campo profissional o estudo das representações é complexa uma vez que existe uma

diversidade de saberes e culturas. Em contexto hospital é impensável que apenas alguns

profissionais exercem com eficácia necessária um complexo número de acções. Este

estudo aborda, a nível teórico a noção de Representação Social. Descreve a sua origem,

evolução, estrutura, dimensão e formação. Aborda também o conceito de equipa

multidisciplinar e competências dos seus intervenientes.

Objectivo: Perceber quais as diferentes evocações que levam à actual representação

social da equipa multidisciplinar.

Método: A população do estudo foi os doentes internados nos serviços de cirurgia do

IPO do Porto entre Janeiro de 2011 e Junho de 2011. A amostra é constituída por 181

doentes. Foi utilizado um processo de amostragem não probabilística e uma amostra por

conveniência. É um estudo descritivo-correlacional e a metodologia utilizada na

investigação do mesmo, insere-se num paradigma quantitativo. Como instrumento de

colheita de dados utilizou-se um questionário e o tratamento estatístico foi realizado

utilizando o programa SPSS (Statistic Package for Social Sciences) na sua versão 17.0.

Resultados: Verificou-se a existência de correlação entre algumas variáveis sócio-

demográficas: entre as habilitações literárias e a categoria profissional que possui papel

de maior importância durante o internamento; entre o género e habilitações literárias e a

representação social que atribuem à equipa multidisciplinar; entre o número de

internamentos e evocações associadas aos profissionais de saúde.

Conclusões: As evocações que contribuem para a representação social da equipa

multidisciplinar que são: profissionalismo e ajuda como elementos do núcleo central e

medicação e ajuda como elementos do núcleo periférico. No que respeita ao número de

internamentos e a sua implicação para as representações sociais, podemos afirmar que

estes alteram as mesmas. No que concerne às características sócio-demográficas

apenas encontramos relação nas habilitações literárias e a sua implicação nas evocações

atribuídas aos profissionais e implicação na escolha do profissional (s) da equipa

multidisciplinar que possui o papel de maior importância durante o internamento.

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SUMMARY

In recent years, the concept of Social Representation have appeared frequently in various

fields of knowledge. The theory of social representations is an instrument of

understanding and transformation of social life and, consequently, on their meanings.

In the professional field the study of representations is complex since there is a diversity

of knowledge and culture. In clinical context it is unthinkable that only a few professionals

effectively perform a required number of complex actions. This study discusses the

theoretical level the concept of Social Representation. Describes the origin, evolution,

structure, size and training. It also discusses the concept of multidisciplinary team and

skills of its players.

Objective: Understand which the different invocations that lead to the current social

representation of the multidisciplinary team.

Method: The study population was patients hospitalized on surgical wards of Oporto IPO

between January 2011 and June 2011. The sample is composed of 181 patients. We

used a non-probability sampling process and a convenience sample. It is a descriptive-

correlational study and the methodology used to investigate the same, part of a

quantitative paradigm. As an instrument of data collection, was used a questionnaire and

statistical analysis was performed using SPSS (Statistic Package for Social Sciences)

version 17.0.

Results: Were found correlation between some socio-demographic variables: between

the educational and professional category that has greater role during hospitalization;

between gender and educational and social representation that attach to the

multidisciplinary team, among the number of evocations associated hospitalizations and

health professionals.

Conclusions: The evocations which contribute to the social representation of the

multidisciplinary team are: professionalism and help as the central core elements and

medication and help as peripheral core elements. In the case the number of admissions

and its implication for the social representations, we can say that they change the social

representations. Regarding the socio-demographic characteristics we only found

relationship between educational and its implication in evocations assigned to the

professionals and involvement in the choice of the professional (s) of the multidisciplinary

team that has the major role during hospitalization.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

ÍNDICE

0. Introdução ....................................................................................................................10

Parte I – Enquadramento Teórico ..................................................................................13

1. Conceito de Representações Sociais .....................................................................14

2. Evolução histórica das Representações Sociais .....................................................16

3. Teoria das Representações Sociais.........................................................................18

4. Formação das Representação Social ......................................................................20

5. Dimensão e Função das Representações Sociais ..................................................22

6. Estrutura das Representações Sociais ...................................................................24

6.1 Objectivação..................................................................................................24

6.2 Ancoragem....................................................................................................25

7. Organização interna das Representações Sociais: Sistema Central e Sistema

Periférico .....................................................................................................................28

7.1 Função do Núcleo Central.............................................................................30

7.2 Função do Núcleo Periférico .........................................................................32

7.3 Zona Muda das Representações Sociais......................................................33

8. Formas de Estudo das Representações Sociais .....................................................35

9. Consequências das Novas Práticas nas Representações Sociais .........................36

10. Equipa Multidisciplinar............................................................................................38

11. A comunicação da Equipa Multidisciplinar .............................................................45

12. Competências dos diferentes profissionais da equipa multidisciplinar ..................47

12.1 Enfermeiros .................................................................................................48

12.2 Médicos ......................................................................................................50

12.3 Assistentes Operacionais............................................................................52

12.4 Fisioterapeutas............................................................................................54

12.5 Psicólogos ...................................................................................................56

12.6 Assistentes Sociais .....................................................................................57

Parte II – Fase Metodológica ..........................................................................................59

1. Investigação .............................................................................................................60

1.1 Justificação de Investigação .........................................................................60

1.2 Questão de Partida .......................................................................................60

1.3 Objectivos Gerais ..........................................................................................61

1.4 Questões de Investigação.............................................................................61

1.5 Questões Éticas ............................................................................................61

 

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

 

2. Desenvolvimento da Investigação Empírica ............................................................63

2.1 Metodologia...................................................................................................63

2.2 Selecção da População e da Amostra ..........................................................64

2.3 Instrumento de Recolha de Dados................................................................64

2.4 Tratamento dos Dados..................................................................................66

Parte III – Fase Empírica .................................................................................................68

1. Apresentação e Análises dos Dados ............................................................................69

2. Caracterização da amostra .........................................................................................69

3. Análise distribuição dos indivíduos por local e frequência de internamento ................71

4. Análise da qualidade percepcionada no serviço ........................................................71

5. Análise da importância do papel e intervenção da equipa multidisciplinar ..................72

5.1. Análise da categoria profissional com papel mais importante no internamento

por aspectos sociológicos.....................................................................................73

5.2. Análise da categoria profissional com maior intervenção no internamento por

aspectos sociológicos...............................................................................................78

6. Análise da importância da equipa multidisciplinar por número de internamentos .......82

7. Análise da disponibilidade da equipa multidisciplinar por aspectos sociológicos .......84

8. Análise do desempenho da equipa multidisciplinar ....................................................86

9. Análise do modo de trabalhar da equipa multidisciplinar e influência de opinião por

terceiros .......................................................................................................................87

10. Análise da autonomia no processo de decisão da equipa multidisciplinar ..................88

11. Análise das evocações associados à equipa multidisciplinar ......................................89

11.1. Análise das evocações associados à equipa multidisciplinar por elementos

sociológicos ..........................................................................................................89

11.2. Análise das evocações associados à equipa multidisciplinar por número de

internamentos .......................................................................................................92

12. Discussão dos Resultados ...........................................................................................94

12.1. Concretização dos objectivos formulados...........................................................94

Parte IV – Conclusão.......................................................................................................98

Bibliografia .....................................................................................................................101

Anexos............................................................................................................................109

Anexo I – Instrumento de Recolha de Dados ...........................................................110

Anexo II – Consentimento Informado .......................................................................111

Anexo III – Autorização da Comissão de Ética.........................................................112

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ÍNDICE TABELAS

Tabela 1. Distribuição dos indivíduos por idade, género, estado civil, habilitações e sector

de actividade......................................................................................................................70

Tabela 2. – Distribuição dos indivíduos por local e frequência de internamento ..............71

Tabela 3. Distribuição da opinião dos inquiridos acerca das experiências negativas e

positivas nas dimensões da qualidade nos serviços .........................................................72

Tabela 4. Distribuição da opinião dos inquiridos acerca dos profissionais de saúde

relativamente à importância do seu papel e à frequência de intervenção no internamento..

...........................................................................................................................................73

Tabela 5. Análise da opinião dos inquiridos por categorias etárias da categoria

profissional com papel mais importante no internamento .................................................74

Tabela 6. Análise da opinião dos inquiridos por género da categoria profissional com

papel mais importante no internamento ............................................................................75

Tabela 7. Análise da opinião dos inquiridos por estado civil da categoria profissional com

papel mais importante no internamento ............................................................................75

Tabela 8. Análise da opinião dos inquiridos por habilitações literárias da categoria

profissional com papel mais importante no internamento .................................................76

Tabela 9. Análise da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade da

categoria profissional com papel mais importante no internamento..................................77

Tabela 10. Análise da opinião dos inquiridos por categorias etárias da categoria

profissional com maior intervenção no internamento .......................................................78

Tabela 11. Análise da opinião dos inquiridos por género da categoria profissional com

maior intervenção no internamento ...................................................................................79

Tabela 12. Análise da opinião dos inquiridos por estado civil da categoria profissional

com maior intervenção no internamento ...........................................................................80

 

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Tabela 13. Análise da opinião dos inquiridos por habilitações literárias da categoria

profissional com maior intervenção no internamento ........................................................81

Tabela 14. Análise da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade da

categoria profissional com maior intervenção no internamento ........................................82

Tabela 15. Análise da opinião dos inquiridos por número de internamentos da categoria

profissional com papel mais importante no internamento .................................................83

Tabela 16. Análise da opinião dos inquiridos por número de internamentos da categoria

profissional com maior intervenção no internamento ........................................................84

Tabela 17. Distribuição da opinião dos inquiridos pelas categorias dos elementos sócio-

demográficas relativamente à disponibilidade dos profissionais de saúde .......................85

Tabela 18. Distribuição do desempenho dos diferentes profissionais de saúde ..............86

Tabela 19. Distribuição da opinião dos inquiridos acerca do modo de trabalhar da equipa

multidisciplinar e influência de opinião por terceiros ........................................................87

Tabela 20. Distribuição da opinião dos inquiridos sobre a autonomia dos profissionais de

saúde no processo de decisão..........................................................................................88

Tabela 21. Distribuição da opinião dos inquiridos relativamente às evocações associadas

à equipa multidisciplinar de forma global...........................................................................89

Tabela 22. Distribuição da opinião dos inquiridos por idade sobre as evocações

associadas à equipa multidisciplinar ................................................................................90

Tabela 23. Distribuição da opinião dos inquiridos por género sobre as evocações

associadas equipa multidisciplinar ...................................................................................90

Tabela 24. Distribuição da opinião dos inquiridos por estado civil sobre as evocações

associadas equipa multidisciplinar ...................................................................................91

Tabela 25. Distribuição da opinião dos inquiridos por habilitações literárias sobre as

evocações associadas equipa multidisciplinar .................................................................91

Tabela 26. Distribuição da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade

sobre as evocações associadas equipa multidisciplinar ..................................................92

 

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Tabela 27. Distribuição da opinião dos inquiridos por número de internamentos sobre as

evocações associadas equipa multidisciplinar .................................................................93

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

0. INTRODUÇÃO

O crescimento exponencial do conhecimento criou novas necessidades no mundo do

trabalho. Na Antiguidade, sábios eram, ao mesmo tempo, filósofos, matemáticos,

astrónomos, engenheiros, artistas, escritores etc. (Velloso 2005).

Na área da saúde, até a primeira metade do século passado, cerca de quatro

profissionais formalmente habilitados dominavam todo o conhecimento e exerciam todas

as acções do sector. Nos tempos actuais, é totalmente impossível que apenas alguns

profissionais exerçam, com toda eficiência necessária, o conjunto amplo e complexo das

acções de saúde (Velloso 2005).

No decorrer do século XX, a sociedade observou várias transformações de ordem

económica, social, cultural e tecnológica, com reflexos nas organizações, constituindo

grandes modificações no mundo do trabalho, o que provocou mudanças nas filosofias de

administração, controle e gestão da produção de bens e serviços. (Alves et al, 1999).

As necessidades demandadas de saúde e o crescente desenvolvimento científico e

tecnológico produziram estratégias e mecanismos para efectivar o trabalho em equipa,

com qualidade e eficiência. É compreensível, dentro das características contraditórias do

ser humano, que o aumento de profissões e essa tentativa de criar o trabalho em equipa

tenha criado polémica, competição e disputa por espaço e poder (Velloso 2005).

A equipa multidisciplinar é, hoje, uma realidade insofismável e necessária em todos os

espaços onde se praticam acções que visam melhorar a qualidade de saúde e de vida

das populações (Velloso 2005).

Perceber quais as diferentes evocações que levam à actual Representação Social da

Equipa Multidisciplinar, pode contribuir para alterar comportamentos que melhorem

aspectos da forma de prestação de cuidados para que a representação social evolua

positivamente.

O estudo do tema “Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do

Doente Oncológico” surge, na sequência de uma reflexão, do investigador, sobre a sua

vivência diária no local de trabalho, onde a equipa multidisciplinar possui um papel de

extrema importância, quer para o doente, quer para os profissionais.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Este estudo pretende dar cumprimento ao plano curricular do Curso de Mestrado em

Oncologia do Instituto Abel Salazar.

O estudo é dividido em quatro capítulos: enquadramento teórico, fase metodológica, fase

empírica e conclusão. O primeiro capítulo integra vários pontos, onde é abordada toda a

revisão bibliográfica, que inclui os itens considerados essenciais para a compreensão do

tema em estudo. O segundo capítulo é constituído por vários pontos onde são abordados

os procedimentos metodológicos que servem de base para este estudo, na fase empírica

são apresentados e interpretados os resultados obtidos, baseados nos dados colhidos

através de um questionário, previamente testado através da realização do pré-teste. É

feita ainda a discussão dos resultados de forma a dar resposta aos objectivos traçados.

No último capítulo é feita uma conclusão onde são apresentadas algumas sugestões, que

consideramos úteis, no sentido alterar as representações que os doentes oncológicos

têm dos profissionais da equipa multidisciplinar.

Na elaboração deste trabalho foi utilizado o método expositivo/descritivo, uma vez que se

pretende transmitir sucintamente e de uma forma clara e objectiva a informação

seleccionada através da pesquisa bibliográfica, tanto através de livros científicos,

Internet, artigos.

Pretendemos com este estudo conseguir responder à questão “Quais as evocações que

levam à Representação Social da Equipa Multidisciplinar por parte do doente oncológico”

Pretende-se também com este trabalho atingir os seguintes objectivos:

Identificar a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional

com papel mais importante no internamento

Identificar a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional

com a categoria profissional com maior importância nas diferentes etapas do

internamento

Identificar a relação das variáveis sociológicas e a representação que os

doentes atribuem à equipa multidisciplinar

Identificar a relação entre o número de internamentos e a representação que

os doentes atribuem à equipa multidisciplinar

Identificar as evocações que pertencem ao núcleo central e periférico das

Representações Sociais resulte da influência do trabalho dos mesmos sobre

os utentes

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Este estudo decorreu entre Janeiro de 2011 e Junho de 2011. Foram aplicados

questionários aos utentes internados nos serviços de internamento de cirurgia do IPO

Porto.

As dificuldades na elaboração deste trabalho, prende-se, na maioria das vezes, devido ao

estado de saúde do doente ou a desmotivação dos mesmos, assim como à falta de

contacto dos doentes com alguns dos elementos da equipa multidisciplinar, não por falta

de acessibilidade aos mesmos mas porque não ser necessário a sua intervenção.

Com este trabalho de investigação identificamos as evocações que contribuem para a

representação social da equipa multidisciplinar que são: profissionalismo e ajuda como

elementos do núcleo central e medicação e ajuda como elementos do núcleo periférico.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

 

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

1. CONCEITO DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Para compreendermos o verdadeiro significado das representações sociais não podemos

deixar de definir representação. Representação vem do latim “repraesentatione” que

significa a forma como o objecto é percebido pelo espírito. A representação é “acção de

tornar sensível qualquer coisa, através de uma figura de um símbolo ou de um signo”.

“Por representação eu quero dizer um conjunto de estímulos feitos pelos homens, que têm a finalidade

de serem como um substituto a um sinal ou som que não pode ocorrer naturalmente. Algumas

representações funcionam como substitutos de estímulos, elas produzem a mesma experiência que o

mundo natural produziria”(Bower, 1977).

“Representar significa, a uma vez e ao mesmo tempo trazer presentes coisas ausentes e

apresentar coisas de tal forma que satisfaçam as condições de uma coerência

argumentativa, de uma racionalidade e da integridade normativa do grupo” (Moscovici,

2005).

“ Representar uma coisa (…) não é com efeito simplesmente duplica-la, repeti-la ou reproduzi-la; é

reconstituí-la, retocá-la, modificar-lhe o texto. A comunicação que se estabelece entre o conceito e a

percepção, um penetrando no outro, transformando a substância concreta comum, cria a impressão de

“realismo” (…) Essas constelações intelectuais uma vez fixadas nos fazem esquecer de que são obra

nossa, que tiveram um começo e que terão um fim, que a sua existência o exterior leva a marca e uma

passagem pelo psiquismo individual e social” (Moscovici, 1976).

A representação social “é uma forma de conhecimento socialmente elaborada e

partilhada tendo uma visão prática e contribuindo para a construção de uma realidade

comum de um acontecimento social” (Jodelet cit in Guareschi 2003).

Após a leitura e análise dos trabalhos de Moscovici podemos afirmar que as

representações sociais dependem de mecanismos cognitivos, das características

individuais do assunto e da realidade social. Uma representação social é determinada

pela estrutura na qual se desenvolve.

Segundo Pereira (2002) a representação social provem quer de indivíduos quer de

grupos, dando-se grande ênfase nos processos comunicacionais. Contudo, e segundo o

autor supracitado há uma grande diferença entre representação social e representação

colectiva. A representação social está em constante reconstrução devido à interacção

entre as pessoas e grupos, as representações colectivas não variam e são estáticas.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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Como consequência da grande difusão da Teoria das Representações Sociais no meio

científico a partir da década de 1970 e devido à complexidade do fenómeno em questão,

surgiram diferentes concepções sobre a noção de representação social.

As “representações sociais são sempre complexas e necessariamente inscritas dentro de

um referencial de um pensamento preexistente. Sempre dependentes, de sistemas de

crenças ancorados em valores, tradições e imagens do mundo e da existência”

(Moscovici, 2005 p. 216).

Segundo este autor, nós não conseguimos obter informação antes que esta seja sujeita

às representações impostas pelos objectos e pelas pessoas que lhe dão credibilidade e

fazem delas parcialmente inacessíveis.

“Quando contemplamos os indivíduos ou objectos, a predisposição herdada, as imagens,

os hábitos que aprendemos, as recordações que preservamos e as nossas categorias

culturais, tudo isto se junta para fazê-las tal e qual como as vemos” (Moscovici 2005).

Ainda segundo a ideia deste autor toda a “representação social é constituída como um

processo em que se pode localizar uma origem, mas uma origem é sempre inacabada, a

tal ponto que outros factos e discursos virão nutri-la ou deteriora-la” (Moscovici 2005).

“Elas são, sobretudo, o objecto de um permanente trabalho social, que pode ser

reincorporado dentro de modelos explicativos e justificativos que são familiares e

consequentemente aceitáveis”. (Moscovici, 2005, p. 216)

Segundo Jodelet, na comunidade científica, existe consenso em definir a representação

social como “ uma forma de conhecimento socialmente elaborado e compartilhado, tendo

a finalidade prática de uma realidade comum de um conjunto social” (Jodelet cit in

Guareschi 2003).

Esta autora faz referência ao papel da comunicação nos processos da formação das

representações sociais. Assim, tem-se a noção que “a representação social é

compreendida como sistema de interpretação, teorias não oficiais e espontâneas, saber

prático de senso comum que rege a relação do homem com o mundo, além de orientar e

organizar a sua conduta e as comunicações sociais” (Jodelet, 2001).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

No século XIX Emile Durkheim (1858-1917) foi o primeiro a evocar a noção de

representações que chamava de “colectivas” através de estudos das religiões e dos

mitos. Para este sociólogo, “os primeiros sistemas de representações que o Homem tem

do mundo e dele são de origem religiosa” (Durkheim, 1991).

Este autor distinguiu as representações colectivas das individuais: “A sociedade é uma

realidade sui generis, com características próprias que não se encontram da mesma

forma, no resto do universo. As representações que experimentamos em conjunto têm

um conteúdo diferente que as representações puramente individuais e podemos

assegurar que as primeiras incorporam alguma coisa das segundas” (Durkheim, 1991).

Só no século XX, decorridos 30 anos, o conceito de representação social conhece um

interesse renovado em todas as disciplinas das ciências humanas.

A teoria das Representações Sociais foi elaborada inicialmente pelo psicólogo Romeno,

naturalizado em França, Serge Moscovici, a partir dos dados recolhidos em estudos

realizados entre 1952 e 1959 e a partir dos quais resultou na sua tese de doutoramento.

O objectivo da sua pesquisa era compreender como uma novidade, no campo do

conhecimento especializado, no caso a psicanálise, era recebida pelo público francês na

década de 1950 e reconstruída no imaginário social, transformando-se em saber prático

do senso comum.

Uma das preocupações de Moscovici era a construção de uma psicologia mais

socialmente orientada em oposição à perspectiva individualista da tradição norte-

americana dominante.

Durkheim (1968) define representações por uma dupla separação.

Numa primeira fase as representações colectivas separam-se das individuais, como o

conceito se separa da percepção ou imagem. Estas, próprias de cada indivíduo são

variáveis e alteram-se de forma interrupta. O conceito não varia, é universal e impessoal.

Numa segunda fase as representações individuais têm base a consciência de cada um,

enquanto que as representações colectivas têm por base a sociedade na sua totalidade.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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Assim, estas não são o denominador comum daquelas, mas antes a sua origem,

correspondendo “á maneira pela qual esse ser especial, que é a sociedade, pensa as

coisas da sua própria experiência” (Durkheim, 1968, p. 621).

Compreende-se que tal representação seja homogénea e vivida por todos os membros

de um grupo, da mesma forma que partilham uma língua. Ela tem por função preservar o

vínculo entre eles, prepará-los para pensar e agir de modo uniforme. Ela é colectiva

porque perdura pelas gerações e exerce uma coerção sobre os indivíduos, traço comum

a todos os factores sociais.

Em geral, Durkheim (1968,p.609) opõem as representações colectivas às representações

individuais por meio de um mesmo critério, a estabilidade da transmissão e da

reprodução de algumas, a variabilidade ou o carácter efémero das outras.

“ Se é comum a todos é porque é obra da comunidade. Já que não traz a marca de nenhuma

inteligência particular, é porque é elaborada por uma inteligência única, onde todas as outras se

reúnem e vêm, de certa forma, alimentar-se. Se ele tem mais estabilidade que as sensações ou as

imagens é porque as representações colectivas são mais estáveis que as individuais, pois, enquanto o

indivíduo é sensível até mesmo a pequenas mudanças que se produzem em seu meio interno ou

externo, só eventos suficientemente graves conseguem afectar o equilíbrio mental da sociedade”.

Weber (1971) faz das representações sociais um quadro de referência e um vector da

acção dos indivíduos.

“ É evidente que essas situações colectivas que fazem parte do pensamento quotidiano ou do

pensamento jurídico (ou de qualquer outro pensamento especializado) são representações de algo

que, para uma parte do ser, para uma parte do dever ser, paira sobre a cabeça dos homens reais (não

só os juízes e os funcionários, mas também o público), segundo as quais eles orientam sua actividade;

e tais estruturas têm uma importância causal considerável, até mesmo frequentemente dominante,

para a natureza do desenvolvimento da actividade dos homens reais” (Weber, 1971, p.12).

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3. TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Em 1898 Durkheim para explicar diversos fenómenos de ordem psicológicos utilizou a

noção de representações colectivas. A ideia de Durkheim reside sob o postulado pelo

qual a sociedade forma um todo, uma entidade original, diferente da simples soma dos

indivíduos que a compõem. A ideia específica do conceito de representações sociais é o

modo como o conhecimento se constrói colectivamente. Uma representação social não é

fruto de uma minoria de indivíduos que propõem a sua visão sobre certos aspectos do

mundo. Trata-se de uma elaboração colectiva que de certa maneira vai definir um

conceito social.

Moscovici (1961) com a publicação do seu trabalho Psychanalyse: son image et son

public, tentou mostrar como e porquê, diversos grupos sociais elaboram a representação

de um objecto mal conhecido, e no fundo, como é uma teoria científica, difundida e como

é que esta muda a visão que as pessoas têm.

O autor supracitado distingue-se por sugerir a existência de um pensamento social

resultante das experiências, das crenças e das trocas de informações presentes na vida

quotidiana. Para Moscovici (1961) o fenómeno das representações sociais é próprio das

sociedades pensantes “thinking society”. Este fenómeno constitui uma forma de

pensamento social que incluiu as informações, experiências, conhecimentos e modelos

que são recebidos e transmitidos através das tradições, educação e pela comunicação

social, circulam na sociedade.

A partir de Moscovici concluiu-se que a representação social é de ordem cognitiva:

articula as informações sobre o objecto de representação e as atitudes do sujeito

relativas a este. É deste modo, um guia para a acção e um modelo de interpretação da

realidade.

No contexto das representações sociais verificam-se 2 grandes modelos de

representações sociais: o representacional e o construtivista. O primeiro procura

sustentar a representação nos seus aspectos discursivos admitindo que não existem

diferenças significativas entre o discurso e pensamento. O segundo procura incorporar

todos os elementos que possam explicar a génese das representações. O modelo

representacional recorre ao que é comum e partilhado entre os indivíduos.

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A partir Moscovici foram muitos os trabalhos desenvolvidos sobre as representações

sociais.

Abric (1984) e Flament (1989) desenvolveram ainda um modelo teórico que caracteriza a

representação social formada a partir de um núcleo central e um núcleo periférico. Esta

concepção foi aceite e validada através de trabalhos laboratoriais e constituiu um grande

progresso na compreensão das representações sociais.

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4. FORMAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Para operacionalizar o conceito de representação social, Moscovici (1961) recorreu a

outros teóricos para apoiar a sua perspectiva a respeito da formação do saber e do valor

do saber prático. Vários foram os autores a quem Moscovici recorreu, mas os que maior

contributo deram foram: Piaget, Freud e Lévy-Bruhl.

Piaget esteve sempre muito íntimo ao pensamento de Lévy-Bruhl, tanto no seu método,

como na sua psicologia. Sem exagero, pode-se dizer que a psicologia das

representações “primitivas” estabelecidas por Lévy-Bruhl é repetida na psicologia das

representações das crianças por exemplo, no animismo infantil, no realismo intelectual,

etc. Por outras palavras, um descobriu nas representações públicas das sociedades, o

outro redescobriu, de maneira transposta, nas representações supostamente privadas

das crianças.

Piaget, contudo, distanciou-se de Lévy-Bruhl, e aproximou-se de Durkheim e Freud,

quando ele imaginou uma evolução contínua estendendo-se dessas representações “pré-

lógicas” da criança, para as representações mais lógicas e individuais dos adolescentes.

Piaget, deu o seu contributo a respeito do desenvolvimento do pensamento infantil – a

forma como se estrutura e se configura, mostra que ele se dá por imagens e também por

corte-e-cola, juntando fragmentos do que a criança já conhece para formar uma

configuração que traduza o que ela desconhece – o que muitas vezes se manifesta mais

claramente para os adultos como o “falar errado” das crianças. Mas também a partir do

julgamento moral, indicando a importância do contacto com os adultos, primeiramente, e

com outras crianças, mais tarde, para o desenvolvimento desse tipo de juízo e para a

construção das regras pelas crianças. A contribuição de Piaget diz respeito ao

desenvolvimento do pensamento infantil, a forma como se estrutura e se configura.

Freud através das teorias sexuais acerca das crianças mostrou como elas elaboram e

interiorizam as suas próprias teorias sobre questões fundamentais para a humanidade,

que carregam marcas sociais da sua origem.

Lévy- Bruhl contribuiu por meio dos seus estudos sobre pensamento místico encontrado

em povos distantes, aponta outras formas lógicas para pensar o mundo, baseado em

princípios diversos dos do pensamento ocidental.

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Com estas contribuições Moscovici encontrou alguns fundamentos da construção do

saber prático. Segundo Moscovici (1984) há dois tipos de universos de pensamento, o

consensual e o reificado. O consensual é o senso comum, encontra-se na prática

interactiva diária onde se constroem as representações sociais através de pressões do

dia-a-dia e de contradições da sociedade. O universo reificado refere-se ao mundo das

ciências, da objectividade.

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5. DIMENSÃO E FUNÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Desde o inicio dos anos oitenta que têm sido realizadas inúmeros estudos sobre a

organização interna das representações sociais (Abric, 1984; Flament, 1989; Sá, 1996).

Umas das primeiras proposições quanto á organização interna das representações,

estabelece que esta se configura ao longo de três dimensões: informação, atitude e

campo de representação ou imagem.

De acordo com Moscovici (cit in Sá 2002), “a informação refere-se à organização dos

conhecimentos que um grupo possui a respeito de um objecto social.”

Ainda segundo o mesmo autor “o campo de representação remete para a ideia de

imagem, de modelo social, ao conteúdo concreto e limitado das proposições acerca de

um aspecto preciso do objecto da representação social.”

A atitude “termina por focalizar a orientação global em relação ao objecto da

representação social”.

“… a atitude é a mais frequente das três dimensões e, talvez geneticamente a primeira. Por

conseguinte, é razoável concluir que as pessoas se informam e representam alguma coisa somente

depois de terem tomado uma posição e em função da posição tomada” (Moscovici cit in Sá 2002).

Todos estes trabalhos permitiram reduzir incertezas relativamente aos elementos

constituintes das representações sociais,

“ Com efeito, o tipo de realidade social para que aponta o conceito de representação social está

finamente tecido por um conjunto de elementos de natureza muito diversa: processos cognitivos,

inserções sociais, factores afectivos, sistemas de valores… que devem caber simultaneamente no

instrumento conceitual utilizado para elucidá-lo” (Ibañez cit in Sá 2002).

Moscovici (1981) atribui às representações sociais a função de tornar uma novidade algo

familiar. Percebe-se, assim, a sua importância como fonte de segurança para um grupo,

na medida em que representar o novo permite ao grupo manter o seu sentimento de

estabilidade diante de algo estranho e desprovido de significado.

Uma explicação adequada sobre as representações sociais deve ter em conta a sua

origem, fins ou funções e das circunstâncias da sua produção. Deste modo Abric

sistematizou a questão das finalidades próprias das representações sociais, atribuindo-

lhe quatro funções essenciais:

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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“Funções de saber: permitem compreender e explicar a realidade. (…) elas permitem aos actores

sociais adquirir conhecimentos e integrá-los a um quadro assimilável e compreensível para eles, em

coerência com o seu funcionamento cognitivo e os valores aos quais aderem. Por outro lado, elas

facilitam – e são mesmo condição necessária para a comunicação social;

Funções identitárias: definem a identidade e permitem a salvaguarda da especificidade dos grupos. “

(…) As representações têm também por função situar os indivíduos e os grupos no campo social

(permitindo) a elaboração de uma identidade social e pessoal gratificante, ou seja compatível com

sistemas de normas e de valores sociais e historicamente determinados;

Funções de orientação: guiam comportamentos e as práticas. A representação intervém directamente

na definição da finalidade da situação, determinando assim a priori o tipo de relações pertinentes para

o sujeito;

Funções justificatórias – permitem justificar a posteriori as tomadas de posição e os comportamentos”

Abric (cit in Sá 2002).

Segundo este autor, as representações sociais podem preservar e justificar a

diferenciação social, contribuindo para a discriminação e manutenção da distância social

entre diferentes grupos.

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6. ESTRUTURA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

“Não é fácil transformar palavras, ideias, seres desconhecidos em palavras usuais,

próximas e actuais. Para que seja possível entendê-las é necessário pôr em

funcionamento dois mecanismos de um processo de pensamento baseado na memória e

em conclusões passadas” (Moscovici, 2001).

“O primeiro mecanismo tenta ancorar ideias estranhas, reduzi-las a categorias e imagens comuns,

coloca-las num contexto familiar. O segundo mecanismo tem como finalidade objectivá-los, ou seja,

transformar algo abstracto em concreto, transferir algo que esta na mente em alguma coisa presente

no mundo físico. Estes mecanismos transformam o não familiar em familiar, primeiramente

transferindo-o para a nossa própria esfera particular onde nós somos capazes de compará-lo e

interpretá-lo e depois reproduzindo-o entre as coisas que nós podemos ver e tocar e

consequentemente controlar” (Moscovici, 2001).

Os processos constitutivos da representação social, a ancoragem e a objectivação

segundo Moscovici 2001 estão relacionados com a formação e o funcionamento das

mesmas, estão intrinsecamente ligados e são delineados por factores sociais.

“A ancoragem e a objectivação são maneiras de lidar com a memória” (Moscovici, 2005).

“A ancoragem mantém a memória em movimento e a memória é dirigida para dentro, está sempre a

colocar e a retirar pessoas, objectos e acontecimentos, que classifica de acordo com um tipo e rotula

com um nome. A objectivação é direccionada para fora, para os outros, tira daí conceitos e imagens

para juntá-los e reproduzi-los no mundo exterior, para fazer as coisas conhecidas a partir do que já é

conhecido” (Moscovici, 2005).

6.1. Objectivação

“A objectivação refere-se á forma como se organizam os elementos constituintes da

representação e ao percurso através do qual tais elementos adquirem materialidade, isto

é, se tornam expressões de uma realidade vista como natural” (Vala, 2002,p. 465).

A objectivação une a ideia de não-familiar com a de realidade, torna-se a verdadeira

essência da realidade.

Objectivar é “descobrir a qualidade icónica de uma ideia, ou ser mal definido isto é, fazer

equivaler o conceito com a imagem”(Moscovici, 1981, p. 199).

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As imagens que foram seleccionadas, devido a sua capacidade de ser representadas,

são integradas no núcleo figurativo, um complexo de imagens que reproduzem

visivelmente um complexo de ideias.

“Aquelas [palavras] que, devido à sua capacidade para serem representadas, tiverem sido

seleccionadas, (…) são integradas ao que chamei de um padrão de núcleo figurativo, um complexo de

imagens que reproduz visivelmente um conjunto de ideias (…). Uma vez que a sociedade tenha

adoptado tal paradigma ou núcleo figurativo, fica mais fácil falar sobre qualquer coisa que possa ser

associado ao paradigma e, por causa dessa facilidade, as palavras referentes a ele são usadas mais

frequentemente” (Moscovici cit in Sá, 2002).

De acordo com Cabecinhas (2004, pág.128) o processo de objectivação envolve 3

etapas:

Na primeira fase, as informações e crenças sobre um objecto da

representação sofrem um afastamento e descontextualização para que

apenas uma parte da informação disponível seja retida. Este processo

depende dos valores e das normas de cada grupo.

A segunda fase da objectivação corresponde à organização dos elementos.

Para a organização dos elementos Moscovici recorre ao esquema de nó

figurativo, em que os elementos da representação estabelecem entre si um

padrão de relações estruturadas.

A terceira e última fase da objectivação diz respeito à naturalização, ou seja,

os elementos adquirem materialidade, tornam-se concretos através da sua

expressão em imagens.

Objectivar significa transformar (ou materializar) elementos do pensamento em elementos

reais, que fazem parte da língua ou do vocabulário e são controlados pela memória.

Corresponde, também, “a um processo de associação de uma imagem a um conceito,

que fica concluído quando as diferenças entre a imagem e a realidade deixem de existir e

o conceito se transforma numa “cópia da realidade” (Oliveira, 2008).

6.2. Ancoragem

“Processo que transforma algo estranho e perturbador, que nos intriga, no nosso sistema

particular de categorias e o compara com um paradigma de uma categoria que nós

pensamos ser apropriada” (Moscovici, 2005, p.61).

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A ancoragem é designada como operação mental que vai permitir incorporar qualquer

coisa que não conhecemos ou conhecemos pouco, aproximando-a de qualquer coisa que

já conhecemos.

“No momento em que determinado objecto ou ideia é comparado ao paradigma de uma categoria,

adquire características dessa categoria e é reajustado para que se enquadre nela, se a classificação,

assim obtida, é geralmente aceite, então qualquer opinião que se relacione com a categoria irá se

relacionar também com o objecto ou com a ideia” (Moscovici, 2005, p.61).

“Ancorar é classificar e dar nome a alguma coisa”(Moscovici, 2005).

Classificar alguma coisa, significa que nós o limitamos a um conjunto de comportamentos

e regras que estipulam o que é, ou não é, permitido, em relação a todos os indivíduos

pertencentes a essa classe.

Rotular, relaciona-se à nomeação com uma palavra que o faz, significa, segundo

Moscovici, receber uma posição segura dentro da matriz de identidade da cultura a qual o

grupo pertence.

Desta forma no final desse processo o não identificável passa a ter uma identidade, o que

permite, por exemplo, que um conceito científico penetre na linguagem do dia-a-dia.

“Mas classificar e dar nomes não são simplesmente meios de graduar e de rotular

pessoas ou objectos considerados como entidades discretas. O seu principal objectivo é

facilitar a interpretação de características, a compreensão de intenções e motivos

subjacentes às acções das pessoas, ou seja, formar opiniões” (Moscovici, 2005).

“A grande maioria das classificações são feitas comparando as pessoas a um protótipo,

geralmente aceite como representante de uma classe e que o primeiro é definido através

da aproximação, ou da coincidência com o último. Classificar e dar nome são dois

aspectos da ancoragem das representações sociais” (Moscovici, 2005).

De encontro com Cabecinhas (2004) o processo de ancoragem por um lado precede a

objectivação e, por outro lado, situa-se na sua sequência. Como precedente a ancoragem

necessita de pontos de referência para tratar a informação, como sequente refere-se à

função social, ou seja permite compreender de que forma os elementos que estão

representados contribuem para construir as relações sociais.

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Segundo Jodelet (cit in Cabecinhas 2004) “a ancoragem serve à instrumentalização do

saber conferindo-lhe um valor funcional para a interpretação e a gestão do ambiente”

Vala (1993, p.363), afirma “o processo de ancoragem é, a um tempo, um processo de

redução do novo ao velho e reelaboração do velho tornando-o novo”.

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7. ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: SISTEMA

CENTRAL E SISTEMA PERIFÉRICO

Foi na base das constatações feitas por Abric (1976) que ele procurou mostrar que na

representação social existem elementos centrais em torno dos quais a representação se

organiza.

Assim sendo, a organização interna das representações sociais contém dois sistemas

fundamentais:

“ um central e outro periférico que em permanente dinâmica influenciam por sua vez as ancoragens e

as tomas de posição, colocando em relevo duas dimensões, uma individual, através das atitudes a

influenciaremos princípios organizadores das tomadas de posição e outra social através das pertenças

grupais”. (Pereira cit in Vala, 1993)

Todas as representações sociais são organizadas em redor de um núcleo central, que

tem como função a estrutura e gere o conjunto do campo representativo em relação a um

objecto. Segundo Flament (1989) o núcleo central de uma representação corresponde a

uma estrutura que dá coerência e sentido à representação.

Á volta do núcleo central e organizados para este encontram-se os elementos periféricos

que desempenham funções importantes.

Em 1992 Abric afirmou que as representações sociais têm a estrutura proposta por

Flament.

“ A organização de uma representação apresenta uma característica particular: não apenas os

elementos da representação são hierarquizados, mas além disso toda a representação é organizada

em torno do núcleo central, constituído de um ou alguns elementos que dão á representação o seu

significado” (Abric, 1994,p. 19).

O sistema central possui, segundo Abric (1994, p.20), as seguintes características:

“É determinado pela história do grupo, pelas suas referências ideológicas e normativas assim é

extremamente marcado pela memória colectiva;

Tem uma função consensual porque constitui a base comum colectivamente compartilhado das

representações sociais;

A sua estabilidade, a sua coerência, a sua resistência às mudanças permitem-lhe assegurar uma

segunda função, a de continuidade e a permanência da representação;

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Por fim o sistema central é pouco sensível ao contexto imediato”.

“Os elementos periféricos são governados pelo núcleo central que determina as suas

funções. Têm um papel essencial na dinâmica das representações sociais porque podem

ser definidos como modelos, prescritores de comportamentos” (Flament, 1989).

“O sistema periférico tem como primeira função a concretização do sistema central em termos de

conduções ou tomadas de posição. Por outro lado, o sistema central é menos flexível e evolutivo, o

que permite assegurar uma segunda função, a de regulação e adaptação deste à realidade concreta

na qual o grupo está organizado” (Flament, 1989).

São os elementos periféricos que protegem o núcleo central, alguns destes elementos

podem ser transformados sem que haja diminuição do significado central.

“Duas representações diferem unicamente se os seus núcleos centrais não forem os

mesmos” (Guimelli, 1994).

“As representações sociais são consensuais pelos seus núcleos centrais mas podem absorver fortes

diferenças inter-individuais nos seus sistemas periféricos. É a articulação deste duplo sistema que

permite as representações sociais assumir a sua função essencial: a adaptação sócio cognitiva”

(Guimelli, 1994).

Abric (2005), aponta, num trabalho recente, para a existência de uma região de difícil

explicitação das representações sociais, que denominou “zona muda” (zone muette).

“Esse fenómeno aconteceria, sobretudo, para determinados tipos de objectos mais

sensíveis, fortemente marcados por valores e normas sociais” (Abric, 2005).

Nesta perspectiva, Flament, Guimelli e Abric (2006) afirmam que os sujeitos

seleccionariam os aspectos expressáveis da representação de determinados objectos em

razão da normatividade que percebem estar em jogo na situação em que se encontram e,

então, apresentam aquilo que imaginam ser a “boa resposta” ou o discurso “politicamente

correcto”.

“Exactamente, nessas situações existem duas facetas da representação: uma representação explícita,

verbalizada pelos sujeitos; e uma segunda parte da representação, não verbalizada ou não expressa

pelos sujeitos, a qual consistiria em uma zona muda das representações sociais” (Abric, 2005).

Segundo Abric (2005) é importante salientar que a zona muda das representações

sociais não é a parte inconsciente das representações. Os elementos nela contidos

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integram a consciência de cada indivíduo, mas devido à situação social, normas e valores

não podem ser expressos.

A representação social por conseguinte é constituída por conjunto de elementos ou

modelos cognitivos, estruturados e hierarquizados. Efectivamente, alguns desses

elementos ocupam uma posição estruturante que constitui assim o sistema central. Estes

elementos ocupam uma posição privilegiada no campo representativo porque o núcleo

central constitui o coração da representação. “É o elemento mais estável e mais

resistente à mudança” (Guimelli, 1994).

O conjunto do campo representativo compreende os elementos ou modelos cognitivos

centrais mas igualmente os modelos ou elementos periféricos. Estes desempenham um

papel diferente. Estão sob a dependência do núcleo central. A importância que pode

tomar um elemento periférico no campo representativo depende essencialmente da

estrutura e significado do núcleo central para o assunto. Os elementos periféricos são

muito mais flexíveis e mais evolutivos que os elementos centrais. Podem, sob efeito de

práticas novas mais ou menos contraditórias com a representação, sofrer uma

transformação, sem que o núcleo central seja posto em causa. Asseguram assim a

protecção dos elementos centrais.

7.1. Função do Núcleo Central

O núcleo central é o elemento mais estável da representação. É muito difícil de modificar,

nesta prestectiva Mugny e Carugati (1985) falam de “núcleo duro”. É a volta deste que se

organizam os elementos periféricos. “A mudança do núcleo central implica uma mudança

da representação social” (Pereira cit in Vala, 1993).

“ Ele será na representação o elemento que mais vai resistir à mudança. Com efeito, toda modificação

do núcleo central conduz a uma transformação completa da representação. Nós assumimos portanto

que é o levantamento desse núcleo central que permite o estudo comparativo das representações.

Para que duas representações sejam diferentes, elas devem ser organizadas em torno de dois núcleos

centrais diferentes. A simples descrição do conteúdo de uma representação não é portanto suficiente

para reconhecê-la e especificá-la. É a organização desse conteúdo que é essencial: duas

representações definidas pelo mesmo conteúdo podem ser radicalmente diferentes, se a organização

desse conteúdo, e portanto a centralidade de certos elementos, for diferente” (Abric, 1994, p.22).

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É este núcleo central que permite determinar, se uma representação é ou não autónoma.

É autónoma se, segundo Flament (1989) o princípio organizador (núcleo central) em si

mesmo é único.

Este autor refere ainda que a teoria do núcleo central procura explicar as diferenças

individuais a partir do sistema periférico. Para a teoria do núcleo central as diferenças

individuais são materializadas nas diferentes organizações do sistema cognitivo, a partir

de crenças normativas que impõe modulações diferentes.

A noção de núcleo figurativo, elaborado por Moscovici, foi retomada e desenvolvida por

Abric sob o tema de núcleo central ou (núcleo estruturante). Segundo esta teoria, uma

representação é um conjunto organizado à volta do núcleo central, composta por

elementos que dão significado à representação. O núcleo estruturante é um elemento

fundamental da representação. A sua localização permite o estudo comparativo das

representações sociais.

Abric (1994, p.22) afirma que o núcleo central assegura o comprimento de duas funções

essenciais:

“uma função geradora: ele é o elemento pelo qual se cria, ou se transforma, a significação dos outros

elementos constitutivos da representação. É por ele que esses elementos tomam um sentido, um

valor;

uma função organizadora: é o núcleo central que determina a natureza dos laços que unem entre si o

elemento unificador e estabilizador da representação”.

Para se saber o que está a ser representado é necessário encontrar o objecto de

representação, ou seja, precisamos de fazer o levantamento do núcleo central.

“ Observação em nosso entendimento fundamental: pois qualquer objecto não é necessariamente

objecto de representação. Para que um objecto seja objecto de representação é necessário que os

elementos organizadores de sua representação façam parte ou sejam directamente associados ao

próprio objecto” (Abric, 1994, p.24).

O conteúdo do núcleo central é constituído por elementos que dão sentido à

representação:

A natureza do objecto representado;

A relação deste objecto com o sujeito ou grupo;

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O sistema de valores e de normas (o contexto ideológico).

7.2. Função do Núcleo Periférico

Mesmo sendo o núcleo central o fundamento da representação, os elementos periféricos

têm um lugar importante na representação.

“ Eles compreendem as informações retidas, seleccionadas e interpretadas, os julgamentos

formulados a propósito de um objecto e da sua envolvente, os estereótipos e as crenças… Eles

constituem o interface entre o núcleo central e a situação da elaboração e funcionamento da

representação” (Abric, 1994, p.25).

Se o sistema central é normativo, o sistema periférico é funcional isto é, é devido ao

sistema periférico que a representação pode ancorar-se na realidade do momento.

Assim sendo, Sá cit in Abric (1994a) descreve as funções periférico em

complementaridade com o sistema central:

“ A sua primeira função é portanto a concretização do sistema central em termos de tomadas de

posição ou de condutas. Contrariamente ao sistema central ele é pois mais sensível e determinado

pelas características do contexto imediato. Ele é (…) mais flexível que os elementos centrais,

assegurando assim uma segunda função: a de regulação e de adaptação do sistema central aos

constrangimentos e às características da situação concreta à qual o grupo se encontra confrontado.

Ele é um elemento essencial nos mecanismos de defesa que visam proteger a significação central da

representação. É o sistema periférico que vai inicialmente absorver as novas informações ou eventos

susceptíveis de colocar em questão o núcleo central.

Por outro lado (…), o sistema periférico permite uma certa modulação individual da representação. Sua

flexibilidade e sua elasticidade permitem a integração na representação das variações individuais

ligadas à história própria do sujeito, a suas experiências pessoais, ao seu vivido. Ele permite assim a

elaboração de representações sociais individualizadas organizadas não obstante em torno de um

núcleo central comum”.

De acordo com Sá (2002), o núcleo central é muito resistente à mudança. Os elementos

periféricos permitem a integração de elementos novos na representação o que conduz, á

sua transformação.

Para Flament, os elementos periféricos são os esquemas que indicam o que é normal, ou

que não é, numa dada situação. São então os esquemas normais.

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Dependendo de certas circunstâncias os esquemas normais podem transformar-se em

esquemas estranhos. Assim, são definidas quatro componentes:

A noção de normal;

A designação do elemento estranho;

A afirmação de uma contradição entre dois termos;

A proposição de uma racionalização que permita suportar (no decurso do tempo)

a contradição (Flament, 1994).

Os modelos periféricos asseguram o funcionamento quase instantâneo da representação

como grelha descodificada de uma situação: indicam a maneira, às vezes muito

específica, do que é normal (e por contraste, o que não o é) e por conseguinte, o que é

necessário compreender e memorizar. Ainda segundo o autor supracitado os modelos

normais permitem que a representação funcione eficientemente, sem que haja

necessidade, a cada momento, de analisar a situação em relação aos princípios

organizadores que é o núcleo central.

7.3. “Zona Muda” das Representações Sociais

Segundo Abric (2005), há algum desfasamento entre o que as pessoas dizem e o que

elas pensam, entre o que elas dizem (nos seus discursos) e o que elas fazem (na sua

prática), o que coloca em dúvida a compreensão das representações sociais. Para este

autor as pessoas entrevistadas não nos dizem tudo, elas escondem alguns componentes

dos seus pensamentos em certas situações, e nestas existem duas facetas da

representação: uma explícita, verbalizada e outra não verbalizada, não expressa,

denominada “zona muda”.

A impossibilidade de estudar as representações sociais a partir apenas do que as

pessoas expressam verbalmente de forma directa tem sido defendida por diversos

especialistas das representações sociais, uma vez que elas não são necessariamente

totalmente conscientes. As explicações em relação à falta de consciencializar de

elementos que integram as representações são diversas e estão em consonância com as

concepções teóricas sobre as representações sociais que têm sido elaboradas por

diferentes autores.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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Para Abric (2005), a “zona muda” é “constituída pelos elementos da representação que

têm um carácter contra-normativo”. Para explicar essa ideia, Abric (2005) toma as

concepções de Guimelli e Deschamps (2000), que denominam a zona muda como um

subconjunto específico de cognições ou de crenças que, mesmo sendo disponíveis, não

são expressas pelos sujeitos nas condições normais de produção, e, se fossem

expressas (notadamente em certas situações), poderiam questionar os valores morais ou

as normas valorizadas pelos grupos.

Assim, certos elementos de representação – mesmo aqueles que seriam centrais –

podem ficar “escondidos” ou “mascarados”, de modo que aparecem só os elementos

periféricos. Abric (2005), considerando ainda, que os elementos do núcleo central podem

ser funcionais – práticas em relação ao objecto da representação –, ou normativos –

avaliação, julgamentos, atitudes ou estereótipos em relação ao objecto da representação

sugere que os que ficam na zona muda são os normativos, pois estes são mais ligados a

avaliações e valores, que aparecem como ilegítimos para o grupo de pertença do

indivíduo que os representa.

Para Abric (2005) e Menin, (2006), conseguir revelar os elementos da zona muda de

representação implica descobrir e desenvolver novos instrumentos de investigação que

permitam demarcá-la e evidenciá-la.

Menin (2006) sugere instrumentos que reduzam a pressão normativa sobre o sujeito que

representa, permitindo que ele expresse seus pensamentos através da redução dos

riscos de julgamento negativo da parte de seus interlocutores.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

8. FORMAS DE ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

O estudo teórico das Representações Sociais pode ser feito, segundo Camargo (1998)

de 3 formas:

Dimensional

Estrutural

Dinâmica

O estudo da abordagem dimensional iniciou-se com Moscovici que prioriza o conteúdo e

trabalha com três dimensões: a informação, a atitude e o campo de pesquisa.

A informação identifica e estuda todas as informações que os sujeitos/grupos têm sobre o

objecto de pesquisa. A atitude identifica o tipo de disposição que o sujeito tem perante o

objecto, exprime a orientação geral do grupo. O campo da pesquisa permite visualizar o

conhecimento que o grupo tem do objecto e a articulação deste conhecimento.

A abordagem estrutural das Representações Sociais funciona como sistema de

interpretação da realidade de determinado comportamento. Segundo Camargo (1998)

esta concepção define quatro funções para a Representação Social: de saber, identitária,

de orientação e justificadoras.

Abric (1998) organiza a abordagem estrutural da mesma forma que Moscovici, e trabalha

com a teoria do núcleo central das representações.

O núcleo central é identificado através das palavras que são primeiramente evocadas e

possuem maior frequência, o sistema periférico é identificado através das demais

palavras, possui uma maior variedade mas uma menor frequência.

No que diz respeito à abordagem dinâmica trabalha-se com dois elementos: a ancoragem

e a objectivação, abordados anteriormente.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

9. CONSEQUÊNCIAS DAS NOVAS PRÁTICAS NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

“Ser profissional é exercer uma actividade geralmente no seio de uma organização

pública ou privada, depois de obtida uma formação, que garanta uma competência

específica e assegure a obtenção de um diploma” (Blin, 1997).

As representações sociais evoluem e transformam-se. Estas representações não se

transformam de um dia para o outro. Como todos os fenómenos sociais evolutivos a

transformação de uma representação é condicionada pela história prévia.

“A história de uma representação social é marcada por acontecimentos sucessivos que

são susceptíveis de interferir com o seu objecto” (Rouquette et al, 1992).

“Certos acontecimentos têm um grau de incidência mais ou menos importante nas representações

sociais de um grupo. Assim sendo, para que um determinado acontecimento possa ter repercussões a

nível das representações sociais dos indivíduos é necessário que estes sejam particularmente

implicados. Naturalmente, nem todos os grupos sociais são implicados da mesma forma para um

mesmo acontecimento. Isto, depende da natureza do grupo ao qual o indivíduo pertence” (Rouquette,

1990).

Segundo o autor supracitado, o grau de implicação dos actores sociais numa situação

nova não é o suficiente para desencadear transformações nas representações sociais.

Flament (1994) introduziu a noção de reversibilidade da situação. Quando os indivíduos

implicados numa situação levam a efeito novas práticas pode considerar-se que esta

situação é reversível ou não. Isto é, o regresso às práticas antigas é impossível ou de

outra forma este regresso é possível e a situação actual é apenas temporária.

A evolução das representações sociais em termos de transformação, será totalmente

diferente conforme a situação é reversível ou não.

“É unicamente na medida em que as modificações das circunstâncias são percebidas como

irreversíveis que o processo de transformação das representações sociais (…) se pode conduzir”

(Roquette e Guimelli, 1992,p.14).

As práticas estão actualmente a sofrer modificações irreversíveis. Quando estas

modificações são percebidas como reversíveis, estas vão provocar modificações

superficiais ao nível das representações, vão apenas interferir com o núcleo periférico.

Por outro lado, se as novas práticas são percebidas como irreversíveis, vão ter

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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consequências muito importantes a nível da estrutura representativa atingindo assim

núcleo central.

Actualmente pode falar-se de três tipos de transformação das representações sociais.,

segundo o autor Abric (1998):

Transformação Resistente – Quando as práticas podem ser desenvolvida pelo

sistema periférico, forma-se os chamados esquemas estranhos, configurações de

elementos que evitam, provisoriamente, a contestação do sistema central. No entanto, a

proliferação desse tipo de formação leva à mudança do sistema central.

Transformação progressiva – No caso em que as novas práticas não contradizem

totalmente o núcleo central, e os novos elementos são gradativamente acrescentados a

ele, constituindo uma nova representação a isto chama-se

Transformação brutal – Quando as novas práticas atacam o núcleo de modo

inegociável pelo sistema periférico, tem-se uma transformação imediata do sistema

central e, consequentemente, da representação.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

10. EQUIPA MULTIDISCIPLINAR

Segundo Peduzzi (1998), o termo equipa deriva da palavra francesa “esquif”, cujo

significado se relacionava com filas de barcos amarrados uns aos outros e rebocados por

homens ou cavalos. Como os homens que puxavam os barcos trabalhavam

colectivamente na busca de um objectivo comum – rebocar a fila de barcos amarrados –

compartilhando sua tarefa, acabou-se por utilizar o termo equipa de trabalhadores para

designar o trabalho colectivo, compartilhado, de vários trabalhadores no desenvolvimento

de uma tarefa, compreendida como a meta comum do grupo.

“O crescimento exponencial do conhecimento criou necessidades no mundo do trabalho.

Na Antiguidade, sábios eram, ao mesmo tempo, filósofos, matemáticos, astrónomos,

engenheiros, artistas, escritores, etc.” (Velloso, 2005).

De acordo com Velloso (2005) na área da saúde até à primeira metade do século

passado, cerca de quatro profissionais formalmente habilitados dominavam todo o

conhecimento e exerciam todas as acções do sector

“No decorrer do século XX, a sociedade observou várias transformações de ordem económica, social,

cultural e tecnológica, com reflexo nas organizações, constituindo grandes modificações no mundo do

trabalho, o que provocou mudanças nas filosofias das administrações, controle e gestão da produção

de bens e serviços” (Alves et al 1999).

Peduzzi (1998) caracteriza o trabalho como um processo de transformação que ocorre

porque o homem tem necessidades que precisam ser satisfeitas. Para este autor um

determinado processo de trabalho não ocorre isoladamente, mas sim numa rede de

processos que se alimentam reciprocamente. Nessa rede, ocorre o encadeamento de

distintos processos de trabalho que se diferenciam pela sua peculiar conexão dos

elementos constituintes (objecto, instrumentos, actividades) e se integram por meio das

relações entre as necessidades que precisam interligar para se realizar. Tal como ocorre

no campo da saúde, em que distintas áreas profissionais, cada qual realizando um

processo de trabalho próprio, encontram nas necessidades de saúde seu ponto de

convergência.

Equipa, e trabalho em equipa são noções que fazem parte da mitologia das profissões

relacionadas com a saúde. Trabalhar em equipa implica a realização de um conjunto de

tarefas ou missões concretas como expressão da nossa linguagem profissional.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

“O trabalho em equipa, é a actividade sincronizada e coordenada de diversos profissionais, de

categorias diferentes para cumprir um objectivo comum, sendo que o produto final (equipa) é diferente

da soma das partes, ou seja, o trabalho desenvolvido por cada trabalhador isoladamente é diferente

daquele realizado pela equipa” (Loff, 1994).

Ao longo da história e segundo Pires (2000), as práticas de cuidados, as formas de

desenvolvimento de trabalho, a divisão do trabalho, o processo de formação profissional

e de produção de conhecimentos modificaram-se, sendo influenciados pelo modo de

produção hegemónico, pela cultura e pela forma de organização da produção nos

sectores mais dinâmicos da economia

Há uma tendência, de acordo com Peduzzi (2002), a uma maior qualificação dos

trabalhadores, pois o produto depende cada vez menos das operações directas do

trabalhador individual, e cada vez mais da articulação dos trabalhos colectivos.

Para Almeida e Mishima (2001) a construção do trabalho em equipa, pode levar, na

prática, para além de um trabalho técnico hierarquizado, um trabalho com interacção

social entre os trabalhadores, com maior horizontalidade e flexibilidade dos diferentes

poderes, possibilitando maior autonomia e criatividade dos agentes e, maior integração

dos trabalhadores.

O ‘trabalho em equipa” não tem na sua origem apenas o carácter de racionalização da assistência

médica, no sentido de garantir a melhor relação custo-benefício do trabalho médico e ampliar o acesso

e a cobertura da população atendida, mas também responde à necessidade de integração das

disciplinas e das profissões entendida como imprescindível para o desenvolvimento das práticas de

saúde a partir da nova concepção biopsicossocial do processo saúde doença (Almeida e Mishima,

2001).

Fortuna (1999) e Fortuna et al. (2005, p. 264) definem o ‘trabalho em equipa’ como “uma

rede de relações entre pessoas, rede de relações de poderes, saberes, afectos,

interesses e desejos, onde é possível identificar processos grupais”. As autoras destacam

a dinâmica grupal das equipas e propõem o reconhecimento e a compreensão desses

processos grupais pelos seus integrantes como forma de construir a própria equipa,

concebendo o ‘trabalho em equipa’ como as relações que o grupo de trabalhadores

constroem no quotidiano do trabalho.

De acordo com Bergamini (1982), “embora os indivíduos sejam tecnicamente capazes de

desenvolver tarefas sozinhos, não o fazem porque têm a necessidade social de agirem

em grupos sociais”.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Assim, os sujeitos estão constantemente a reunir-se em grupos, formais ou informais,

para satisfazerem as suas necessidades de segurança, status, auto-estima, associação,

poder e facilitação do alcance de suas metas individuais (Matheus, 1995; Munari, 1997;

Ingram, Desombre, 1999; Robbins, 2001).

Nas relações de trabalho, embora essa dinâmica seja válida, torna-se mais complexa

pelo facto de os indivíduos não escolhem os seus grupos, mas são neles inseridos de

acordo com suas responsabilidades e actividades dentro da instituição. Esses grupos são

denominados grupos formais, uma vez que não são compostos de acordo com as

afinidades pessoais, mas sim de acordo com uma estrutura formal de trabalho (Ingram,

Desombre, 1999; Robbins, 2001).

Já os chamados grupos informais são aqueles compostos a partir das escolhas pessoais

dos indivíduos, de acordo com suas afinidades, que se formam naturalmente dentro dos

ambientes formais. São os grupos de amigos de uma empresa, os colegas de escola,

enfim, aqueles grupos que respondem pelas necessidades sociais dos sujeitos (Ingram,

Desombre, 1999; Robbins, 2001).

“Embora os termos grupo e equipa sejam largamente utilizados para denominar um conjunto de

sujeitos, é importante considerar que tanto o grupo quanto a equipa definem um conjunto de pessoas

que desenvolvem as suas tarefas de acordo com um objectivo comum definido pelo conjunto, de

maneira que o resultado não seja simplesmente a soma das habilidades individuais de cada

membro”(Robbins, 2001; Abreu et al., 2005).

Ambos são trabalhos colectivos, que congregam profissionais interagindo entre si e

articulando suas acções. O que diferencia o trabalho em grupo do trabalho em equipa é a

situação de trabalho, a dinâmica do processo. O grupo pode existir sem a necessidade

de produzir resultados – como os grupos de amigos – mas a equipa está pautada na

dinâmica do processo de trabalho, com a preocupação de produzir resultados.

“A equipa deve ser organizada de forma coesa, a partir de um processo de maturidade do

grupo, no qual cada agente se sinta responsável pelo trabalho colectivo” (Bergamini,

1982).

“Tanto o processo de planeamento como a tomada de decisão são desenvolvidos por todos os

agentes do grupo, sendo que a tarefa de liderar a equipe é alternada entre seus membros, de acordo

com as necessidades do trabalho, assim como a partir do grau de maturidade da equipe e de seus

membros “(Canoletti, 2008).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Na busca de se tornarem eficientes e eficazes, as equipas devem percorrer o caminho

em direcção à maturidade, estudada por autores como Bergamini (1982) e Robbins

(2001). De acordo com esses autores, as equipas caminham por diversas etapas do

desenvolvimento humano em grupo, para criar uma “cultura” que permita sua actuação

plena enquanto equipa.

A maturidade das equipas ocorre a partir de estadios de desenvolvimento. Segundo

Robbins (2001), estes estadios são:

Formação – caracterizado por uma fase de incerteza acerca dos objectivos do

grupo e da determinação de suas regras de comportamento. Essa fase se encerra

no momento em que os agentes se percebem enquanto parte da equipa;

Adaptação – é uma fase de conflitos entre a existência do grupo e os limites a

individualidade de cada membro. Também é o estadio no qual se configura a

imagem do líder;

Normalização – na busca pela maturidade, o grupo começa a demonstrar coesão

e identidade grupal;

Desempenho – os agentes da equipe transferem os seus esforços em conhecer e

compreender os outros para o desenvolvimento da actividade para o qual a

equipe foi formada.

Transferência – os grupos podem desfazer-se, quer por terem atingido os

objectivos pretendidos, ou por um dos elementos sair devido ao desinteresse, a

equipa pode ser reestruturada.

“O alcance da maturidade da equipa pode ser reconhecido, a partir dessas duas análises, no momento

em que os indivíduos do grupo se reconhecem como membros da equipa sentem-se responsáveis

tanto pelos seus fracassos quanto pelos seus sucessos, participam da tomada de decisão e

principalmente, possuem clareza quanto à comunicação das informações relevantes para o trabalho

da equipa” (Ingram, Desombre, 1999; Wasch, 2005).

Apesar de proposto há décadas, o termo “trabalho em equipa” é utilizado na literatura

indistintamente tanto para denominar o conjunto de agentes de uma mesma instituição,

caracterizados como equipa apenas por trabalharem juntos, como para denominar a

possibilidade de trabalho cooperativo e integrado, no qual os saberes são articulados em

busca de metas comuns (Fortuna et al., 2005).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Segundo Peduzzi (2001), o “trabalho em equipa consiste numa modalidade de trabalho

colectivo que se configura na relação recíproca entre as intervenções técnicas e a

interacção dos agentes” (p.103).

Segundo Peduzzi (2006), a origem da concepção de trabalho em equipa na área da

saúde está relacionada há três vertentes:

a busca estratégica pela integração, no campo da medicina preventiva, nas

décadas de 1950 a 1970;

a adopção do conceito da multicausalidade do processo saúde-doença;

as alterações no processo de trabalho, a partir das mudanças da finalidade do

trabalho, seus objectos de intervenção e as novas tecnologias em saúde.

“É totalmente impossível, que na actualidade, apenas alguns profissionais exerçam, com

toda eficiência necessária, o conjunto amplo e complexo das acções de saúde” (Peduzzi,

2006).

Hoje, há um consenso em torno do ‘trabalho em equipa’ no sector saúde, porém Peduzzi

(2006) refere que ainda persiste e predomina uma noção de equipa que se restringe à

coexistência de vários profissionais numa mesma situação de trabalho.

“Embora uma equipa de trabalho possa, de forma sumária e restrita, ser definida como um grupo de

pessoas trabalhando com uma meta comum, não se pode deixar de compreender que tais grupos

apresentam diferenças relevantes se analisados à luz da ideia de equipa”(Canoletti, 2008).

Embora traga benefícios, a organização do trabalho em equipa expõe a diferente

valorização social dada ao trabalho intelectual, desenvolvido principalmente pelos

profissionais médicos, e trabalho manual, desenvolvido pelos demais profissionais de

saúde, os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Embora não haja diferença

no que se refere à necessidade técnica dos trabalhos intelectual e manual, socialmente

essa diferença de valor representa um entrave no desenvolvimento das equipes

compostas por profissionais de diversas áreas do conhecimento (McCalling, 2001).

“O trabalho em equipa expressa uma possibilidade real de alcançar a integração de

diferentes áreas profissionais e disciplinares, incluindo as suas intervenções técnicas e a

interacção dos diferentes agentes – profissionais”(Schofield, Amodeo, 1999).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Peduzzi (1998; 2001) reitera que “é por meio da relação entre trabalho e interacção que

os agentes da equipa são capazes de construir projectos comuns, que respondam às

necessidades dos usuários dos serviços de saúde”.

Embora muito se fale acerca do termo equipa, a sua utilização restringe-se àquele

conjunto de sujeitos que trabalham em busca do alcance de uma meta comum

determinada por eles mesmos, que articulam as suas acções de acordo com seus

diferentes saberes e experiências, e interagem entre si, de maneira que os seus esforços

estejam em sinergia, isto é, os esforços da equipa são maiores do que simplesmente a

soma dos esforços individuais (Lorimer, Manion, 1996; Ingram, Desombre, 1999;

McCalling, 2001; Abreu et al., 2005; Wasch, 2005).

São características indispensáveis das equipas a colaboração e a cooperação na

interacção de seus agentes, assim como a articulação e a interdependência de suas

acções e projectos, visando um objectivo comum (Ciampone, Peduzzi, 2005).

O trabalho em equipa revela-se complexo, uma vez que congrega em si as necessidades

dos usuários do serviço, da própria instituição, bem como os desejos e a individualidade

de cada membro da equipa.

Posto isto, não se pode negligenciar o facto de que embora o trabalho seja de equipa,

esta é composta por indivíduos com diferentes histórias de vida, saberes e formações

diversas (Canoletti, 2008).

Matheus (1995) pontua a importância dos indivíduos se sentirem satisfeitos em

desenvolver suas actividades, e essa satisfação está intimamente ligada ao

reconhecimento do indivíduo pela equipa, assim com a possibilidade de alcançar suas

metas individuais. Essa situação gera conflitos, mas também pode estimular a

criatividade, conduzindo a equipa na direcção de uma tomada de decisão mais

consciente e consistente, através da análise dos problemas sob as várias perspectivas

trazidas pelos diversos profissionais da equipa (Robbins, 2001; Wiecha 2004, Pollard,

2004; Fortuna et al., 2005; Peduzzi, Ciampone, 2005).

Importante ressaltar, que quando se fala em integração dos profissionais e

potencialização de suas competências, não se fala em igualar saberes, isto é, os

diferentes profissionais possuem conhecimentos diferentes que se completam e

cooperam entre si, mas não são uniformizados ou simplesmente somados (Peduzzi,

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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1998; 2001). Dessa forma, percebe-se que o trabalho em equipa não pode ser

considerado uma actividade automática ou natural da capacidade técnica ou profissional

dos sujeitos, mas sim uma qualidade constantemente desenvolvida como propriedade

colectiva, na qual as habilidades necessárias ao trabalho em equipa eficaz devem ser

constantemente desenvolvidas e amadurecidas (Matheus, 1995; McCalling, 2001).

“As equipas podem ser mais flexíveis que os indivíduos isolados, reagindo melhor às

situações de mudança, tão rápidas e vitais nos dias actuais” (Robbins, 2001).

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11. A COMUNICAÇÃO DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR

De acordo com Peruzzolo (2002, p. 20), comunicação é diálogo e partilha.

“A convivência social é um modo de se comunicar, pois ela é a respiração de uma

sociedade., sendo também ressaltada como um processo de influências. Comunicar-se

implica a existência de um relacionamento entre uma pessoa e outra pessoa, através de

um meio material”(Peruzzolo 2002, p. 28).

Logo, a comunicação é uma relação de um ser, o emissor com outro ser o receptor, que

recebe a mensagem, a percebe e emite uma resposta para que se tenha a certeza de

que a comunicação ocorreu. Possui um significado comum tanto para o emissor quanto

ao receptor (Peruzzolo 2002).

“No âmbito organizacional, a comunicação é entendida como um processo relacional

entre indivíduos, departamentos, unidades e organizações”(Kunsch, 2003, p. 71).

“A comunicação entre os membros de uma equipe de trabalho, e especificamente nas equipas de

saúde, revela-se como a chave necessária à solução de diversos problemas, como a discussão dos

valores, da filosofia e dos objectivos da equipa, e o planeamento de suas acções e dos recursos

necessários ao seu trabalho” (Wiecha, Pollard, 2004; McCalling, 2001).

Segundo Peduzzi (1998; 2001; 2007), a comunicação e o diálogo constituem-se como

dimensões essenciais para a integração do trabalho em equipa. É a partir da

comunicação que a interacção dos agentes se torna possível, assim como a articulação

dos trabalhos especializados com a interacção dos agentes da equipa, sendo que sem

interacção não se pode falar em trabalho em equipa. Assim, a dimensão comunicativa é

considerada intrínseca ao trabalho em equipa, é o seu denominador-comum. É através

da mediação da linguagem que a articulação das actividades, a integração dos saberes

técnicos e a interacção dos agentes se torna possível (Peduzzi, 1998; 2001).

Os agentes que compõem a equipa de trabalho apresentam como característica a

capacidade de elaborar conjuntamente a linguagem, objectivos, propostas e projectos

comuns, isto é, a elaboração de uma cultura comum à equipa de trabalho, desde a

concepção até a execução do trabalho (Peduzzi, 1998; 2001; Ingram, Desombre, 1999).

O ambiente propício para a eficiência da equipa é aquele onde a comunicação é clara,

frequente e aberta (Wasch, 2005). Portanto, uma equipa representa, para além de

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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relações de trabalho, relações de saberes, poderes e principalmente, relações

interpessoais, o que configura duas dimensões de uma equipa: a articulação das acções

executadas pelos diversos profissionais que a compõem e a interacção destes agentes

(Peduzzi, 2001; Fortuna et al., 2005; Peduzzi, Ciampone, 2005).

Segundo Peduzzi e Ciampone (2005, p. 15), o trabalho em equipa eficiente exige certas

competências que devem ser constantemente desenvolvidas, tais como “o aprender a

viver junto, a viver com os outros, a conviver (...) aprender a questionar o próprio

conhecimento, aprender a aprender com o outro (...). Implica, em última instância, em

trabalhar o autoconhecimento e a auto-estima”.

Para Dugas (1990), a característica mais importante a ser desenvolvida no profissional de

saúde, além do respeito mútuo, é a empatia. Considerada como a capacidade de

reconhecer e entender os sentimentos da outra pessoa em determinada situação, ela

contribui para a criação de um clima interpessoal de confiança, elemento básico no

relacionamento de assistência à saúde e desenvolvido lentamente à medida que uma

pessoa conhece a outra.

O processo comunicativo, por si só, interfere na relação interpessoal entre os pares

organizacionais, uma vez que, em situações normais do quotidiano, a comunicação

recebe interferência das mais variadas formas, sendo fundamental no contorno ou

superação dos momentos de crises organizacionais.

É imprescindível que a equipe multiprofissional de saúde tenha em conta a importância

da comunicação interpessoal no contexto organizacional, pois é através dessa

consciência organizacional que poderá trabalhar a eficiência de seu relacionamento com

o paciente em meio hospitalar (Kunsch, 2003).

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12. COMPETÊNCIAS DOS DIFERENTES PROFISSIONAIS DA EQUIPA

MULTIDISCIPLINAR

“O trabalho em saúde é marcado pelas relações interpessoais entre os profissionais e usuários

Caracteriza-se por ser um trabalho reflexivo e dependente do recrutamento de saberes distintos:

científico, técnico, derivado de experiências de trabalho e sociais e de valores ético-

políticos”(Depresbiteris, 2011).

Distingue-se também pela complexidade, isto é, incorpora a diversidade profissional, dos

actores e interesses, das tecnologias, da organização do espaço; pela heterogeneidade

devido à variedade de processos de trabalhos coexistentes e pela fragmentação

conceitual, do pensar e fazer, da técnica (pluralidade profissional) e social (divisão social

do trabalho e entre as categorias) (Depresbiteris, 2011).

O conceito de competência tem carácter polissémico, sendo descrito como: capacidade

para aplicar habilidades, conhecimentos e atitudes; habilidade de utilizar o conhecimento

a fim de chegar a um propósito; capacidade de utilizar conhecimentos e habilidades

adquiridos para o exercício profissional; capacidade de mobilizar saberes — saber-fazer,

saber-ser, saber-agir; capacidade para resolução de um problema (Perrenould, 1999).

Assim sendo, competência significa a construção de disposições e esquemas que

permitem mobilizar os conhecimentos, no momento certo e com discernimento. A

competência seria a capacidade de orquestração destes esquemas. Um especialista é

competente porque é capaz de dominar rapidamente situações comuns com esquemas

que entram em acção automaticamente e, além disso é capaz de, coordenar e diferenciar

rapidamente os esquemas de acção e os conhecimentos para enfrentar de situações

inéditas (Ramos, 2001).

Competências profissionais é aquilo que nos constitui e nos caracteriza como indivíduos,

são capacidades relacionais – facilitadoras ou impeditivas de uma boa inserção social.

Mobilizam um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações) para

solucionar situações de forma eficaz, são um conjunto de conhecimentos, qualidades,

capacidades e aptidões. Capacidade do sujeito mobilizar saberes, conhecimentos,

habilidades e atitudes para a resolução de problemas e para a tomada de decisões

adequadas (Zabala, 1998).

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Pressupõem conhecimentos teóricos fundamentados, acompanhados das qualidades e

das capacidades que permitem executar as decisões sugeridas. Podem estar presentes

nas actividades políticas, sociais e educativas como um todo. Aptidão para trabalhar em

equipa. Envolve facetas que vão do individual ao sócio-cultural, situacional (contextual

organizacional) e processual (Manfredi, 1998).

Competências não podem ser confundidas com o simples “desempenho” de tarefas.

12.1. ENFERMEIROS

Segundo o Conselho de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros (2004) são

competências dos Enfermeiros de Cuidados Gerais:

Adopção de uma conduta responsável e ética e actuar no respeito pelos direitos e

interesses, legalmente protegidos, dos cidadãos.

Promoção da saúde, prevenção da doença, tratamento, reabilitação e a

reinserção social.

Os enfermeiros têm uma actuação de complementaridade funcional relativamente

aos demais profissionais de saúde, mas dotada de idêntico nível de dignidade e

autonomia de exercício profissional.

As intervenções dos enfermeiros são autónomas e interdependentes.

Consideram-se autónomas as acções realizadas pelos enfermeiros, sob sua

única e exclusiva iniciativa e responsabilidade, de acordo com as respectivas

qualificações profissionais, seja na prestação de cuidados, na gestão, no ensino,

na formação ou na assessoria, com os contributos na investigação em

enfermagem.

Consideram-se interdependentes as acções realizadas pelos enfermeiros de

acordo com as respectivas qualificações profissionais, em conjunto com outros

técnicos, para atingir um objectivo comum, decorrentes de planos de acção

previamente definidos pelas equipas multidisciplinares em que estão integrados e

das prescrições ou orientações previamente formalizadas.

Organização, coordenação, execução e avaliação das intervenções de

enfermagem nos três níveis de prevenção;

Decisão sobre técnicas e meios a utilizar na prestação de cuidados de

enfermagem, potenciando e rentabilizando os recursos existentes, criando a

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

confiança e a participação activa do indivíduo, da família, dos grupos e da

comunidade;

Utilização de técnicas próprias da profissão de enfermagem, com vista à

manutenção e recuperação das funções vitais, nomeadamente, respiração,

alimentação, eliminação, circulação, comunicação, integridade cutânea e

mobilidade;

Participação na coordenação e dinamização das actividades inerentes à situação

de saúde / doença quer o utente seja seguido em internamento, ambulatório ou

domiciliário;

Administração da terapêutica prescrita, detectando os seus efeitos e actuando em

conformidade, devendo, em situação de emergência, agir de acordo com a

qualificação e os conhecimentos que detêm, tendo como finalidade a manutenção

ou recuperação das funções vitais;

Participação na elaboração e concretização de protocolos referentes a normas e

critérios para administração de tratamentos e medicamentos;

Ensino do utente sobre a administração e utilização de medicamentos ou

tratamentos.

Concebem, realizam e promovem e participam em trabalhos de investigação que

visem o progresso da enfermagem, em particular, e da saúde, em geral.

Contribuem, no exercício da sua actividade na área de gestão, investigação,

docência, formação e assessoria, para a melhoria e evolução da prestação dos

cuidados de enfermagem, nomeadamente:

o Organizando, coordenando, executando, supervisando e avaliando a

formação dos enfermeiros;

o Avaliando e propondo os recursos humanos necessários à prestação dos

cuidados de enfermagem, estabelecendo normas e critérios de actuação e

procedendo à avaliação do desempenho dos enfermeiros;

o Propondo protocolos e sistemas de informação adequados para a

prestação dos cuidados;

o Dando parecer técnico acerca de instalações, materiais e equipamentos

utilizados na prestação de cuidados de enfermagem;

o Colaborando na elaboração de protocolos entre as instituições de saúde e

as escolas, facilitadores e dinamizadores da aprendizagem dos

formandos;

o Participando na avaliação das necessidades da população e dos recursos

existentes em matéria de enfermagem e propondo a política geral para o

exercício da profissão, ensino e formação em enfermagem;

-49-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

o Promovendo e participando nos estudos necessários à reestruturação,

actualização e valorização da profissão de enfermagem.

Os enfermeiros só podem delegar tarefas em pessoal deles funcionalmente dependentes,

quando este tenha a preparação necessária para as executar, conjugando-se sempre a

natureza das tarefas com o grau de dependência do utente em cuidados de enfermagem.

12.2. MÉDICOS

Segundo o Decreto-lei nº 57/2008 de 4 de Setembro. Diário da República nº 171 - I Série

cabe ao médico enquanto profissional da equipa multidisciplinar:

Prestação dos melhores cuidados ao seu alcance, agindo sempre com correcção

e delicadeza, no exclusivo intuito de promover ou restituir a saúde, conservar a

vida e a sua qualidade, suavizar os sofrimentos, nomeadamente nos doentes sem

esperança de cura ou em fase terminal, no pleno respeito pela dignidade do ser

humano.

Tomar decisões ditadas pela ciência e pela sua consciência.

Liberdade de escolha de meios de diagnóstico e terapêutica, devendo, porém,

abster-se de prescrever desnecessariamente exames ou tratamentos onerosos ou

de realizar actos médicos supérfluos.

Deve exercer a sua profissão em condições que não prejudiquem a qualidade dos

seus serviços e a especificidade da sua acção, não aceitando situações de

interferência externa que lhe cerceiem a liberdade de fazer juízos clínicos e éticos

e de actuar em conformidade com as leges artis.

Dever de comunicar à Ordem todas as tentativas de condicionar a liberdade do

seu exercício ou de imposição de condições que prejudiquem os doentes.

Responsável pelos seus actos e pelos praticados por profissionais sob a sua

orientação, desde que estes não se afastem das suas instruções, nem excedam

os limites da sua competência.

Nas equipas multidisciplinares, a responsabilidade de cada médico deve ser apreciada

individualmente.

Deve abster-se de quaisquer actos que não estejam de acordo com as leges artis.

não deve ultrapassar os limites das suas qualificações e competências.

Quando lhe pareça indicado, deve pedir a colaboração de outro médico ou indicar

ao doente um colega que julgue mais qualificado.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Quando delegar competências noutros profissionais de saúde, médicos ou não

médicos devidamente habilitados, é dever do médico não ultrapassar nesta

delegação as competências destes profissionais, sendo também responsável

pelos actos delegados, excepto em situações de emergência em que não possa

recorrer em tempo útil a colega competente, o médico não pode, em caso algum,

praticar actos médicos para os quais reconheça não ser capaz ou não possuir a

competência técnica e capacidade física e mentais exigíveis.

Tem o direito de recusar a prática de acto da sua profissão quando tal prática

entre em conflito com a sua consciência, ofendendo os seus princípios éticos,

morais, religiosos, filosóficos ou humanitários

O exercício da objecção de consciência deverá ser comunicado à Ordem, em

documento registado, sem prejuízo de dever ser imediatamente comunicada ao

doente ou a quem no seu lugar prestar o consentimento.

A objecção de consciência não pode ser invocada em situação urgente e que

implique perigo de vida ou grave dano para a saúde e se não houver outro médico

disponível a quem o doente possa recorrer.

Deve sempre respeitar a pessoa do doente, a idade, o sexo, as convicções do

doente, bem como a natureza da doença são elementos que devem ser tidos em

consideração no exame clínico e tratamento do doente.

Deve respeitar o direito do doente a mudar de médico, devendo mesmo antecipar-

se, por dignidade profissional, à menor suspeita de que tal vontade exista.

Pode recusar-se a prestar assistência a um doente, excepto quando este se

encontrar em perigo iminente de vida ou não existir outro médico de qualificação

equivalente a quem o doente possa recorrer.

Recusar -se a continuar a prestar assistência a um doente, quando se verifiquem

cumulativamente os seguintes requisitos:

o Não haja prejuízo para o doente, nomeadamente por lhe ser possível

assegurar assistência por médico de qualificação equivalente;

o Tenha fornecido os esclarecimentos necessários para a regular

continuidade do tratamento;

o Tenha advertido o doente ou a família com a antecedência necessária a

assegurar a substituição.

A incapacidade para controlar a doença não justifica o abandono do doente.

Recusar qualquer acto ou exame cuja indicação clínica lhe pareça mal

fundamentada.

Dever de prestar o esclarecimento sobre o diagnóstico, a terapêutica e o

prognóstico da sua doença.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

O esclarecimento deve ser prestado previamente e incidir sobre os aspectos

relevantes de actos e práticas, dos seus objectivos e consequências funcionais,

permitindo que o doente possa consentir em consciência.

O esclarecimento deve ser prestado pelo médico com palavras adequadas, em

termos compreensíveis, adaptados a cada doente, realçando o que tem

importância ou o que, sendo menos importante, preocupa o doente.

O esclarecimento deve ter em conta o estado emocional do doente, a sua

capacidade de compreensão e o seu nível cultural.

O esclarecimento deve ser feito, sempre que possível, em função dos dados

probabilísticos e dando ao doente as informações necessárias para que possa ter

uma visão clara da situação clínica e optar com decisão consciente

A actuação dos médicos deve ter sempre como finalidade a defesa dos melhores

interesses dos doentes, com especial cuidado relativamente aos doentes

incapazes de comunicarem a sua opinião, entendendo – se como melhor

interesse do doente a decisão que este tomaria de forma livre e esclarecida caso

o pudesse fazer.

Deve respeitar as opções religiosas, filosóficas ou ideológicas e os interesses

legítimos do doente.

O médico deve usar de particular solicitude e cuidado para com o menor, o idoso

ou o deficiente, especialmente quando verificar que os seus familiares ou outros

responsáveis não são suficientemente capazes ou cuidadosos para tratar da sua

saúde ou assegurar o seu bem -estar.

Sempre que o médico, chamado a tratar um menor, um idoso, um deficiente ou

um incapaz, verifique que estes são vítimas de sevícias, maus-tratos ou assédio,

deve tomar providências adequadas para os proteger, nomeadamente alertando

O médico respeitará o desejo do doente de fazer -se acompanhar por alguém da

sua confiança, excepto quando tal possa interferir com o normal desenvolvimento

do acto médico.

O médico pode limitar o horário e a duração das visitas de terceiros aos doentes

sob sua responsabilidade, se entender necessário à saúde do doente ou à defesa

dos direitos de terceiros, tendo em vista o normal funcionamento dos serviços.

12.3. ASSISTENTE OPERACIONAL

São competência do assistente operacional as seguintes actividades de acordo com a

Portaria n.º 1041/2010 de 7 de Outubro. Diário da República nº 195: o assistente

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

operacional de saúde é o profissional que, sob a orientação de profissionais de saúde

com formação superior.

Auxilia na prestação de cuidados de saúde aos utentes,

Na recolha e transporte de amostras biológicas,

Na limpeza, higienização e transporte de roupas, materiais e equipamentos, na

limpeza e higienização dos espaços e no logístico e administrativo das diferentes

unidades e de saúde.

Auxiliar na prestação de cuidados aos utentes, de acordo com orientações do

enfermeiro:

o Ajudar o utente nas necessidades de eliminação e nos cuidados de

higiene e conforto de acordo com orientações do enfermeiro;

o Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados de eliminação, nos

cuidados de higiene e conforto ao utente e na realização de tratamentos a

feridas e úlceras;

o Auxiliar o enfermeiro na prestação de cuidados ao utente que vai fazer, ou

fez, uma intervenção cirúrgica;

o Auxiliar nas tarefas de alimentação e hidratação do utente,

nomeadamente na preparação de refeições ligeiras ou suplementos

alimentares e no acompanhamento durante as refeições;

o Executar tarefas que exijam uma intervenção imediata e simultânea ao

alerta do profissional de saúde;

o Auxiliar na transferência, posicionamento e transporte do utente, que

necessita de ajuda total ou parcial, de acordo com orientações do

profissional de saúde;

o Auxiliar nos cuidados post-mortem, de acordo com orientações do

profissional de saúde;

o Assegurar a limpeza, higienização e transporte de roupas, espaços,

materiais e equipamentos, sob a orientação de profissional de saúde;

o Assegurar a recolha, transporte, triagem e acondicionamento de roupa da

unidade do utente, de acordo com normas e ou procedimentos definidos;

o Efectuar a limpeza e higienização das instalações superfícies da unidade

do utente, e de outros espaços específicos, de acordo com normas e ou

procedimentos definidos;

o Efectuar a lavagem e desinfecção de material hoteleiro, material clínico e

material de apoio clínico em local próprio, de acordo com normas e ou

procedimentos definidos;

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

o Assegurar o armazenamento e conservação adequada de material

hoteleiro, material de apoio clínico e clínico de acordo com normas e ou

procedimentos definidos;

o Efectuar a lavagem (manual e mecânica) e desinfecção química, em local

apropriado, de equipamentos do serviço, de acordo com normas e ou

procedimentos definidos;

o Recolher, lavar e acondicionar os materiais e equipamentos utilizados na

lavagem e desinfecção, de acordo com normas e ou procedimentos

definidos, para posterior recolha de serviço interna ou externa;

o Assegurar a recolha, triagem, transporte e acondicionamento de resíduos

hospitalares, garantindo o manuseamento e transporte adequado dos

mesmos de acordo com procedimentos definidos.

Assegurar actividades de apoio ao funcionamento das diferentes unidades e

serviços de saúde:

o Efectuar a manutenção preventiva e reposição de material e

equipamentos;

o Efectuar o transporte de informação entre as diferentes unidades e

serviços de prestação de cuidados de saúde;

o Encaminhar os contactos telefónicos de acordo com normas e ou

procedimentos definidos;

o Encaminhar o utente, familiar e ou cuidador, de acordo com normas e ou

procedimentos definidos.

 

12.4. FISIOTERAPEUTAS

 

Cabe aos fisioterapeutas enquanto tecnico da área de saúde as seguinte actividades

publicadas no Decreto-lei nº 564/99 de 21 de Dezembro. Diário da República nº 295 - I

Série A.

O Fisioterapeuta centra-se na

Análise e avaliação do movimento e da postura, baseadas na estrutura e função

do corpo, utilizando modalidades educativas e terapêuticas específicas, com

base, essencialmente, no movimento, nas terapias manipulativas e em meios

físicos e naturais, com a finalidade de promoção da saúde e prevenção da

doença, da deficiência, de incapacidade e da inadaptação e de tratar, habilitar ou

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

reabilitar indivíduos com disfunções de natureza física, mental, de

desenvolvimento ou outras, incluindo a dor, com o objectivo de os ajudar a atingir

a máxima funcionalidade e qualidade de vida;

A carreira de terapêutica reflecte a diferenciação e qualificação profissionais inerentes ao

exercício das funções próprias de cada profissão, devendo aquelas ser exercidas com

plena responsabilidade profissional e autonomia técnica, sem prejuízo da

intercomplementaridade ao nível das equipas em que se inserem.

Ao fisioterapeuta compete-lhe:

Planear, recolher, seleccionar, preparar e aplicar os elementos necessários ao

desenvolvimento normal da sua actividade profissional;

Recolher os meios e prestar os serviços e cuidados de saúde necessários à

prevenção da doença, à manutenção, à defesa e à promoção do bem-estar e

qualidade de vida do indivíduo e da comunidade;

Prestar cuidados directos de saúde, necessários ao tratamento e reabilitação do

doente, por forma a facilitar a sua reintegração no respectivo meio social;

Preparar o doente para a execução de exames, assegurando a sua vigilância

durante os mesmos, bem como no decurso do respectivo processo de

diagnóstico, tratamento e reabilitação, por forma a garantir a eficácia e

efectividade daqueles;

Assegurar, através de métodos e técnicas apropriados, o diagnóstico, o

tratamento e a reabilitação do doente, procurando obter a participação esclarecida

deste no seu processo de prevenção, cura, reabilitação ou reinserção social;

Assegurar, no âmbito da sua actividade, a oportunidade, a qualidade, o rigor e a

humanização dos cuidados de saúde;

Assegurar a gestão, aprovisionamento e manutenção dos materiais e

equipamentos com que trabalha, participando nas respectivas comissões de

análise e escolha;

Assegurar a elaboração e a permanente actualização dos ficheiros dos utentes do

seu sector, bem como de outros elementos estatísticos, e assegurar o registo de

exames e tratamentos efectuados;

Integrar júris de concursos;

Articular a sua actuação com outros profissionais de saúde, para a prossecução

eficaz dos cuidados de saúde;

Zelar pela formação contínua, pela gestão técnico- científica e pedagógica dos

processos de aprendizagem e aperfeiçoamento profissional, bem como pela

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

conduta deontológica, tendo em vista a qualidade da prestação dos cuidados de

saúde;

Avaliar o desempenho dos profissionais da carreira e colaborar na avaliação de

outro pessoal do serviço;

Desenvolver e ou participar em projectos multidisciplinares de pesquisa e

investigação;

Assegurar a gestão operacional da profissão no serviço em que está inserido.

Integrar órgãos de gestão ou direcção, nos termos da legislação aplicável;

Integrar equipas técnicas responsáveis pelo processo de instalação de novos

serviços;

Ministrar o ensino das tecnologias da saúde e ou orientar estágios profissionais no

âmbito da sua profissão.

12.5. PSICÓLOGOS

Diário da República, 1.ª série — N.º 171 — 4 de Setembro de 2008, publica as

actividades/competências destes profissionais de saúde.

No exercício da sua actividade profissional, devem ser respeitados pelo psicólogo os

seguintes princípios gerais:

Actuar com independência e isenção profissional;

Prestigiar e dignificar a profissão;

Colocar a sua capacidade ao serviço do interesse público;

Empenhar -se no estabelecimento de uma dinâmica de cooperação social com o

objectivo de melhorar o bem-estar individual e colectivo;

Defender e fazer defender o sigilo profissional;

Exigir aos seus membros e colaboradores o respeito pela confidencialidade;

Utilizar os instrumentos científicos adequados ao rigor exigido na prática da sua

profissão;

Conhecer e agir com respeito pelos preceitos legais e regulamentares;

Respeitar as normas de incompatibilidade que decorram da lei.

O psicólogo, na sua actividade profissional, deve:

Abster -se de sancionar documentos ou de fazer declarações que indevidamente

resultem em favorecimento próprio ou de outrem;

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Evitar a deturpação da interpretação do conteúdo, explícito ou implícito, de

documentos de apoio técnico ao exercício da profissão, com o intuito de iludir a

boa fé de outrem;

Defender os princípios da ética da profissão, recusando colaborar ou participar em

qualquer serviço ou empreendimento que julgue ferir esses princípios;

Exercer a sua actividade em áreas dentro da psicologia para as quais não tenha

recebido formação específica;

Recusar quaisquer interferências no exercício da sua actividade que ponham em

causa aspectos técnico-científicos ou éticos do exercício profissional, sejam quais

forem as suas funções e dependências hierárquicas ou o local onde exerce a sua

actividade;

Abster -se de utilizar materiais específicos da profissão para os quais não tenha

recebido formação, que saiba desactualizados ou que sejam desadequados ao

contexto de aplicação.

Respeitar o trabalho dos colegas;

Manter qualquer tipo de colaboração quando seja necessário.

12.6. ASSISTENTES SOCIAIS

Segundo o código de ética da Associação Nacional dos Assistentes Sociais (Março 2007)

são competências profissionais:

 

Ajudar pessoas carentes e ter em conta problemas sociais.

Elevar o seu trabalho acima dos próprios interesses.

Utilizar os seus conhecimentos, valores e capacidades de modo a ajudar pessoas

necessitadas tendo em atenção os problemas sociais.

Exercer serviço voluntário sem esperarem retribuição financeira significante.

Procurar a mudança social particularmente no interesse de indivíduos ou grupos

sociais oprimidos e vulneráveis. Os esforços dos assistentes sociais no que diz

respeito à mudança social centram-se principalmente em questões de pobreza,

desemprego, discriminação e outras formas de injustiça social. Estas actividades

procuram promover sensibilidade e conhecimentos acerca da opressão e acerca

da diversidade étnica e cultural.

Assegurar a todas as pessoas o acesso à informação necessária, serviços e

recursos, promovendo a igualdade de oportunidades e a participação activa na

tomada de decisões.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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Promoção da auto determinação do cliente. Procuram fazer com que o cliente

tenha a capacidade de ter noção das suas próprias necessidades e aproveite

oportunidades de mudança.

Responsabilidade dupla para com os clientes e para com a sociedade. Procuram

resolver os conflitos que existem entre os interesses do indivíduo e os interesses

da sociedade em geral, de um modo socialmente responsável, em coerência com

os valores, princípios, e padrões éticos da profissão.

Procurar fortalecer as relações entre as pessoas num esforço resoluto para

promover, restaurar, manter e alcançar o bem-estar dos indivíduos, das famílias,

grupos sociais, organizações e comunidades.

Os assistentes sociais estão sempre conscientes da missão da sua profissão, valores,

princípios e padrões éticos, actuando em coerência com os mesmos. Assim, actuam

honestamente e de forma responsável, promovendo práticas éticas no âmbito das

organizações para as quais trabalham.

Os assistentes sociais esforçam-se continuamente para aumentar o seu conhecimento

profissional e as suas capacidades aplicando-as na prática.

Os assistentes sociais devem ambicionar contribuir para o crescimento dos

conhecimentos base da profissão.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

PARTE II – FASE METODOLÓGIA

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

1. INVESTIGAÇÃO

1.1. Justificação de Investigação

 

Com o aumento das experiências no âmbito da vivência hospitalar, constatamos que

muitas têm sido as mudanças quer por parte da intervenção dos profissionais da equipa

multidisciplinar quer do nível de exigência dos utentes.

Esta situação deriva do facto de nos últimos anos se terem produzido uma série de

transformações na sociedade portuguesa, que trouxeram mudanças estruturais.

O desenvolvimento das várias ciências e a influência das diferentes correntes sociais,

económicas e culturais provocaram uma mudança e necessidade de adaptação dos

diferentes profissionais de saúde impondo o trabalho em equipa.

Apesar de todas estas transformações continuamos sem saber qual o “valor social” da

prática da equipa multidisciplinar. Põem-se ainda uma outra questão, com tantas

alterações que existiram, como é que estas contribuíram para a alteração da prática

desenvolvida pelos diferentes elementos da equipa multidisciplinar?

Por considerarmos que é necessário, perceber quais as evocações que levam ás

diferentes representações e identificar a actual representação social que os utentes têm

da equipa multidisciplinar, faz-nos emergir a vontade de nos debruçarmos atentamente

sobre o tema:”Representação Social da Equipa Multidisciplinar”.

O estudo deste tema contribuirá não só para perceber as evocações que levam á actual

representações social da equipa multidisciplinar, mas também, como é que os diferentes

elementos da equipa multidisciplinar podem fazer para contribuir, caso seja necessário,

para uma representação social que se enquadre com o desempenho e competência dos

mesmos.

1.2. Questão de Partida

Quais as evocações que levam à actual Representação Social da Equipa Multidisciplinar

por parte do doente oncológico?

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

1.3. Objectivos Gerais

 

Identificar as evocações que pertencem ao núcleo central e periférico das

Representações Sociais resulte da influência do trabalho dos mesmos sobre

os utentes

Identificar a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional

com papel mais importante no internamento

Identificar a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional

com a categoria profissional com maior importância nas diferentes etapas do

internamento

Identificar a relação das variáveis sociológicas e a representação que os

doentes atribuem à equipa multidisciplinar

Identificar a relação entre o número de internamentos e a representação que

os doentes atribuem à equipa multidisciplinar

1.4. Questões de Investigação

Quais as evocações que pertencem ao núcleo central e periférico que contribuem

para a representação social da Equipa Multidisciplinar e que resulte da influência

do trabalho dos mesmos sobre os utentes?

Qual a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional com papel

mais importante no internamento?

Qual a relação das variáveis sociológicas com a categoria profissional com a

categoria profissional com maior importância nas diferentes etapas do

internamento?

Qual a relação das variáveis sociológicas e a representação que os doentes

atribuem à equipa multidisciplinar?

Qual a relação entre o número de internamentos e a representação que os

doentes atribuem à equipa multidisciplinar

1.5. Questões Éticas

Na elaboração de qualquer trabalho científico é essencial ter-se em atenção as

considerações éticas, pois, segundo Rogers (1997, p.448), é indispensável proteger os

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

direitos dos indivíduos envolvidos na realização da investigação, designadamente o

direito ao livre arbítrio, o direito à privacidade, à confidencialidade e ao anonimato.

Na tentativa de respeitar o princípio da autonomia, em que as pessoas são livres de

participar e podem desistir quando quiserem, sem coacção nem medo de recriminações,

teve-se o cuidado de as informar desse direito, uma vez que, para Rogers (1997, p. 448),

os indivíduos objecto de investigação devem ter acesso pleno às informações,

considerando que a sonegação destas é indevida e constitui fraude.

Outros direitos que assistem aos investigados e que foram assegurados são a

confidencialidade e o anonimato. Segundo Rogers (1997, p.448), confidencialidade

significa que as informações divulgadas por um indivíduo, objecto da investigação, serão

guardadas e não serão tornadas públicas nem partilhadas com terceiros. O anonimato

verifica-se quando a identidade dos indivíduos não pode ser associada às suas

respostas.

Não se sobrepôs os interesses do investigador aos interesses dos investigados e não

existem riscos associados à participação dos mesmos neste estudo.

A nível ético teve-se em conta o tipo, a finalidade, os resultados e como é feito o estudo.

Como já foi referido anteriormente, a pessoa tem que aceitar participar no estudo e pode

desistir em qualquer altura. Todos estes princípios foram respeitados de forma a tornar

este estudo válido.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

2. DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

2.1. Metodologia

A metodologia desempenha um papel essencial no desenvolvimento de um trabalho de

investigação, pois quase sempre os resultados finais são condicionados pelo processo, o

método e a forma como se obtiveram estes dados. Segundo Fortin (1999, p.131) a fase

metodológica consiste em precisar como o fenómeno em estudo, será integrado num

plano de trabalho que ditará as actividades conducentes à realização da investigação.

Segundo Polit e Hungler (1995, p.17), o método científico constitui um instrumento

extremamente poderoso que auxilia na compreensão do mundo em que vivemos e na

solução de muitos problemas de ordem prática.

É importante que na elaboração de um trabalho de investigação, os elementos

metodológicos em estudo estejam em perfeita sintonia, possibilitando deste modo, uma

maior e melhor adequação das decisões e dos procedimentos científicos.

Este estudo empírico, desenvolveu-se no período compreendido entre Janeiro de 2011 e

Junho de 2011, tem como finalidade identificar as evocações que levam à Representação

Social da Equipa Multidisciplinar na perspectiva do doente oncológico.

Um dos factores fundamentais para a determinação da metodologia de um estudo é o

fenómeno a estudar, a abordagem do mesmo e o objectivo do estudo.

Atendendo à finalidade e à natureza específica do estudo sobre a descoberta de relações

entre factores, optou-se por uma metodologia quantitativa.

O presente estudo é descritivo-correlacional.

As variáveis atributo são:

Sexo

Idade

Habilitações Literárias

Estado Civil

Sector de Actividade

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tem como variável dependente a Representação Social, que vai ter uma acção directa

na variável independente.

A variável independente, ou seja, aquela que vai ser manipuladas com a finalidade de

estudar os seus efeitos na variável dependente, é a perspectiva dos doentes.

2.2. Selecção da População e da Amostra

A população deste estudo são os doentes internados no IPO Porto nos serviços de

cirurgia, no período de Janeiro de 2011 e Junho de 2011.

A amostra é constituída por 181 doentes internados. Foi escolhido o número de 181 por

se considerar uma amostra suficientemente grande para detectar diferenças estatísticas,

considerando o tempo disponível para a realização deste estudo.

O método de amostragem escolhido foi o não probabilístico. A escolha deste método de

amostragem deve-se ao facto da população alvo ser somente aquela que se encontra

internada nos serviços de cirurgia do Ipo Porto.

A amostra é uma amostra de conveniência ou acidental, porque são escolhidos de entre

a população de doentes, que estão internados nos serviços de cirurgia, ou seja, aqueles

que são mais convenientes para o investigador. A forma de colher os dados consiste na

entrega de um questionário a cada doente no período estipulado para a colheita de

dados. Este procedimento continuará até que se complete o número de inquiridos

necessários para formar a amostra deste estudo.

2.3. Instrumento de Recolha de Dados

 

Na escolha do método de colheita de dados, o investigador deve ter em conta se a

informação que vai colher corresponde aos objectivos do que se vai investigar. Neste

estudo que é descritivo-correlacional, o objectivo é tentar recolher uma grande parte da

informação com o objectivo estudar relações entre variáveis.

O questionário utilizado (Anexo 1) permite organizar, normalizar e controlar os dados,

para que as informações procuradas sejam colhidas de forma rigorosa, evitando assim o

desvio às questões efectuadas.

-64-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Como instrumento de colheita de dados, o questionário apresenta vantagens e

desvantagens. As vantagens existentes e que neste estudo são válidas, são o facto de

ser menos dispendioso que a entrevista e exigir menos apetências por parte de quem o

põe em prática; é impessoal, apresentando-se de forma uniforme, com a mesma ordem

de questões colocadas, facilitando a comparação entre os indivíduos; as pessoas

sentem-se mais à vontade, exprimindo livremente as suas opiniões devido ao anonimato

das respostas. Entre as desvantagens, podemos destacar o custo elevado e a

superficialidade das respostas.

Para a colheita de dados optámos pelo questionário, com questões fechadas, onde

figuram um conjunto estruturado de questões, as quais são respondidas na ausência do

pesquisador.

O questionário utilizado neste estudo foi elaborado pelo investigador, tendo-se realizado

um pré-teste, pois houve necessidade de verificar se todos os termos eram facilmente

compreensíveis e desprovidos de equívocos (verificação de compreensão semântica).

O pré teste foi realizado na última semana de Dezembro de 2010 a 20 doentes da

população.

O pré-teste tem por objecto principal avaliar a eficácia e a pertinência do questionário e

verificar os seguintes elementos:

Se os termos utilizados são facilmente compreensíveis e desprovido de equívocos: é o

teste da compreensão semântica;

Se a forma das questões utilizadas permite colher as informações desejadas;

Se o questionário não é muito longo e não provoca desinteresse ou irritação;

Se as questões não apresentam ambiguidade.

O resultado do pré-teste revelou que havia necessidade de se efectuarem alterações na

estrutura do questionário.

Foi necessário aumentar o tempo médio de resposta ao questionário de 10 para 20

minutos, uma vez que grande parte dos doentes demorava cerca de 20 minutos a

responder ao mesmo.

Foi necessário agrupar a pergunta “Durante a sua hospitalização que tipo de experiência

(s) positiva (s) vivenciou?” e “Durante a sua hospitalização que tipo de experiência (s)

negativa (s) vivenciou?”, uma vez que a maioria dos doentes referia não ter vivenciados

experiências negativas.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Retiramos a pergunta “Quando se fala de Profissionais de Saúde quais as palavras que

lhe surgem”, uma vez que não obtivemos quase nenhuma resposta à mesma questão.

Na pergunta “Considera que os profissionais de saúde referidos anteriormente trabalham

em equipa?” pedimos aos inquiridos para justificar a resposta negativa, dos inquiridos

que a seleccionaram não obtivemos qualquer justificação, por isso optamos por retirar a

mesma de forma a não condicionar as respostas dos inquiridos.

Devido à dificuldade na interpretação de algumas foi necessário alterara o vocabulário de

algumas questões, nomeadamente a questão “Tendo em conta o desempenho dos

diferentes profissionais de saúde, identifique qual (ais) considera importante (s):

Readaptação funcional”;” profissionais anteriormente referidos, quais os que considera

autónomos”.

2.4. Tratamento dos Dados

Para tornar possível o tratamento dos dados foi necessário transformar em unidades de

medida toda a informação recolhida, ou seja, operacionalizar as variáveis, isto significa

definir as variáveis de maneira a que possam ser medidas, significa também atribuir um

significado às variáveis, especificando as operações necessárias para as medir.

Segundo Ribeiro (1999, p.105) a investigação científica depende de quão bem os

conceitos se possam medir, da possibilidade dos resultados de uma qualquer variável se

distribuírem por categorias ou valores. Torna-se assim necessário atribuir números a

objectos ou acontecimentos, de forma a que os dados colhidos possam ser medidos.

As escalas de medida nominais reflectem diferenças qualitativas em vez de diferenças

quantitativas, assim as palavras podem ser substituídas por números.

Para Fortin (1999, p. 222), a escala de medida nominal representa o grau mais elementar

das escalas de medida. O investigador com este tipo de escala está limitado no que diz

respeito à utilização das estatísticas, porque os números utilizados na escala nominal não

podem ser tratados de forma aritmética. A escala nominal permite a utilização de

estatísticas descritivas.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Segundo Ribeiro (1999, p.106) dois critérios se impõem à utilização deste tipo de escalas

e são eles os critérios de mútua exclusividade e da exaustibilidade, que foram objecto de

atenção aquando da sua utilização.

Com o intuito de se alcançar não apenas a estrutura mas os elementos que constituem o

núcleo central e periférico das representações sociais optei por aplicar a técnica do

“Quadro das Quatro Casas, criados Vergés (1992). Este quadro é indicado para analisar

evocações, considerando a frequência e a ordem em que estas foram produzidas. Para

este autor, os termos que atendam simultaneamente aos critérios aos critérios de

evocação com maior frequência e nos primeiros lugares, teriam maior importância no

esquema cognitivo do sujeito. Estes seriam então o núcleo central da representação.

Combinam-se assim 2 critérios a frequência e a ordem.

O trabalho de análise estatística que se apresenta foi realizado com recurso ao software

SPSS 17.0. Ao longo de todo o estudo apenas se considerou as respostas válidas. Tendo

em consideração a exactidão que o estudo exige optou-se por definir, para todas as

análises inferenciais, um nível de significância de 0,05, ou seja, que se admite um erro de

5%.

Para a consecução dos objectivos recorreu-se a análise e interpretação de frequências e

respectivas percentagens e, atendendo ao tipo de variáveis, à aplicação dos testes não

paramétricos, nomeadamente o teste de Mann-Whitney e o teste de Kruskal Wallis. Neste

último, para analisar as diferenças entre as categorias de cada variável procedeu-se à

comparação múltipla de médias das ordens ao método LSD de Fisher, como recomenda

Maroco (2007).

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PARTE III – FASE EMPÍRICA

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

1. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo, apresentam-se os resultados e discutem-se paralelamente, colocando-os

em confronto com as concepções teóricas da revisão da literatura, documentadas nos

capítulos anteriores.

Esta abordagem procurará descrever os aspectos gerais caracterizadores da nossa

amostra e em simultâneo analisar os objectivos definidos no estudo.

2. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra é constituída por 181 indivíduos que internados nos diferentes serviços de

internamento de cirurgia do IPO Porto entre Janeiro e Junho de 2011.

Iniciemos a caracterização dos indivíduos relativamente aos aspectos sociológicos idade,

género, estado civil, habilitações e sector de actividade conforme evidencia a Tabela 1.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 1 – Distribuição dos indivíduos por idade, género, estado civil, habilitações e sector de actividade

Caracterização sociológica  n  % 

Idade  Entre 20 e 39 anos  22  12,2% 

  Entre 40 e 59 anos  65  35,9% 

  Entre 60 e 79 anos  82  45,3% 

  Superior a 80 anos  12  6,6% 

Feminino  83  45,9% Género 

Masculino  98  54,1% 

Estado Civil  Casado(a)  103  56,9% 

  Solteiro(a)  21  11,6% 

  Viúvo(a)  45  24,9% 

  Divorciado(a)  12  6,6% 

Habilitações  4º ano  69  38,1% 

  6º e 9º ano  43  23,8% 

  12º ano  22  12,2% 

  Estudos Superiores  32  17,7% 

  Outro  15  8,3% 

Sector Primário  19  10,5% 

Sector Secundário  37  20,4% 

Sector Terciário  71  39,2% 

Desempregado  9  5,0% 

Reformado  43  23,8% 

Sector económico de 

actividade 

Estudante  2  1,1% 

 

A idade dos elementos inquiridos está compreendida entre os 20 e 85 anos, com uma

média de 58,4 anos e um desvio padrão de 14,7 anos. Agrupou-se a idade em quatro

categorias nomeadamente entre 20 e 39 anos com 12,2%, entre 40 e 59 anos com

35,9%, entre 60 e 79 anos com 45,3% e superior a 80 anos com 6,6%. Relativamente ao

género, verifica-se que, 45,9% dos inquiridos são do sexo feminino e 54,1% do sexo

masculino. Ao nível do estado civil constata-se que 56,9% são casados, 11,6% solteiros,

24,9% viúvos e 6,6% são divorciados. Relativamente às habilitações 38,1% referem 4º

ano, 23,8% escolaridade de 6º e 9º ano, 12,2% escolaridade de 12º ano, 17,7% estudos

superiores e 8,3% outras habilitações. Acerca da profissão verificou-se uma grande

diversidades de actividades pelo que se decidiu proceder-se ao seu agrupamento por

sectores económicos de actividade e aos quais se acrescentaram as situações de

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

desempregado, reformado e estudante. Assim, verificou-se que 10,5% são trabalhadores

do sector primário, 20,4% do sector secundário, 39,2% do sector terciário, 5,0% estão em

situação de desemprego, 23,8% em situação de reformado e 1,1% encontra-se ainda a

estudar.

3. ANÁLISE DISTRIBUIÇÃO DOS INDIVÍDUOS POR LOCAL E FREQUÊNCIA DE

INTERNAMENTO

Nesta etapa ir-se-á proceder à caracterização dos indivíduos relativamente ao número de

internamentos conforme evidencia a Tabela 2.

 

Tabela 2 – Distribuição dos indivíduos por local e frequência de internamento

Primeira vez internado     Global serviço  Uma ou duas 

vezes 

Três ou mais 

vezes 

  n  %      n  %  n  %  n  % 

Não  46  56,8%  16  34,8%  30  65,2% 

Primeira vez internado no serviço 

Sim  35  43,2%         Não  81  45,0% 

Internamento Global      39  48,1%  42  51,9% 

Sim  99  55,0%                 

 

Verificamos que dos 180 doentes que responderam à questão, 45% não era a primeira

vez que se encontravam internados e 55% era a primeira vez. Dos 81 doentes que já

tinham estado internados no serviço onde foi aplicado o questionário 48,1% esteve

internado uma ou duas vezes naquele serviço e 51,9% três ou mais vezes.

 

4. ANÁLISE DA QUALIDADE PERCEPCIONADA NO SERVIÇO

De forma a proceder-se a uma caracterização global da qualidade percepcionada por

parte dos indivíduos relativamente aos internamentos solicitou-se aos inquiridos

referencias que neste âmbito estivessem associadas a experiências positivas e

negativas. Estas menções foram categorizadas nas dimensões da qualidade nos

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

serviços1 identificadas por Parasuraman et al. (1988) e apresentam-se as frequências e

respectiva percentagem na Tabela 3.

Tabela 3 – Distribuição da opinião dos inquiridos acerca das experiências negativas e positivas nas dimensões da qualidade nos serviços

Experiências Negativas Experiências Positivas Dimensões da qualidade nos serviços

n % n %

Tangibilidade 191 46,2% 5 0,9%

Fiabilidade 22 5,3% 215 39,6%

Capacidade de resposta 106 25,7% 9 1,7%

Confiabilidade e segurança 56 13,6% 83 15,3%

Empatia 38 9,2% 231 42,5%

 

Foi pedido aos inquiridos que referissem no mínimo 3 experiências negativas e 3

experiências positivas vivenciadas ao longo dos internamentos, de uma forma geral no

que diz respeito às experiências negativas estas aparecem em maior número 46,2%

relacionadas com a tangibilidade, isto é, ligadas à aparência dos elementos físicos e

humanos, 25,7% diz respeito à capacidade de resposta.

Relativamente às experiências positivas 42,5% refere-se à empatia, relacionada com o

cuidado e atenção dada a cada doente, 39,6% refere-se à fiabilidade, capacidade de

prestar um serviço de forma digna e cuidada.

5. ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DO PAPEL E INTERVENÇÃO DA EQUIPA

MULTIDISCIPLINAR

 

De seguida procede-se à caracterização da opinião dos indivíduos da nossa amostra

acerca dos profissionais de saúde com maior importância e os de maior intervenção

durante o internamento. Para o efeito apresenta-se a frequência e respectiva

percentagem da menção ao profissional de saúde e a percentagem das menções perante

os restantes elementos que compõem a equipa multidisciplinar conforme evidencia a

Tabela 4.

                                                            1 Parasuraman et al. (1988) identificaram cinco dimensões da qualidade nos serviços nomeadamente a Tangibilidade ligada à aparência dos elementos físicos e humanos, a fiabilidade associada à capacidade da organização prestar o serviço de forma digna e cuidada, a capacidade de resposta que traduz a disponibilidade para ajudar os clientes e prestar um serviço rápido, a confiabilidade e segurança que reflecte o conhecimento e cortesia dos empregados e a sua capacidade de criar confiança e segurança e a empatia relacionada com o cuidado e a atenção individual dados ao cliente.

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Tabela 4 – Distribuição da opinião dos inquiridos acerca dos profissionais de saúde relativamente à importância do seu papel e à frequência de intervenção no internamento

Papel de maior importância durante o seu internamento

Maior intervenção nas diferentes etapas do internamento

Profissionais de Saúde

n %

individual % global n

% individual

% global

Enfermeiros 170 93,9% 40,3% 166 91,7% 41,7%

Médicos 158 87,3% 37,4% 144 79,6% 36,2%

Assistentes Operacionais 80 44,2% 19,0% 73 40,3% 18,3%

Fisioterapeutas 5 2,8% 1,2% 6 3,3% 1,5%

Assistente Social 3 1,7% 0,7% 2 1,1% 0,5%

Psicólogos 6 3,3% 1,4% 7 3,9% 1,8%

 

Como podemos observar na tabela acima os enfermeiros são os profissionais que os

inquiridos consideram que têm um papel de maior importância durante o seu

internamento com 40,3% das respostas, seguidos dos médicos com 37,4% e dos

assistentes operacionais com 19,9%.

No que respeita ao papel de maior intervenção nas diferentes etapas os enfermeiros

obtêm 41,7% das respostas, os médicos 36,2% e os assistentes operacionais 18,3%.

 

5.1. Análise da categoria profissional com papel mais importante no

internamento por aspectos sociológicos

Nesta fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por grupos

etários relativamente à importância do papel dos profissionais de saúde durante o

internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria etária a frequência e

respectiva percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância do

teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 5.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 5 – Análise da opinião dos inquiridos por categorias etárias da categoria profissional com papel mais importante no internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Idade n  n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  %  Teste Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

Entre 20 e 39 anos  22  20  90,9% 19 86,4% 12 54,5% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0%

Entre 40 e 59 anos  65  61  93,8% 55 84,6% 23 35,4% 4  6,2% 2  3,1% 3  4,6%

Entre 60 e 79 anos  82  77  93,9% 73 89,0% 37 45,1% 1  1,2% 1  1,2% 3  3,7%

Superior a 80 anos  12  12 100,0%

=0,881 

p=0,882 

11 91,7%

=0,845

p=0,849 

8  66,7%

=5,430

p=0,140 

0  0,0%

=3,013

p=0,336 

0  0,0%

=1,358 

p=0,777 

0  0,0%

=0,881

p=0,882 

De uma forma global, as respostas obtidas nesta pergunta foram dadas em maior número

por inquiridos com idades compreendidas entre os 69 e 79 anos e entre os 40 e 59 anos.

Se observarmos a tabela por categoria profissional, podemos verificar que dos inquiridos

que seleccionaram a categoria profissional enfermeiro 77 respostas foram dadas por

indivíduos com idade compreendidas entre os 60 e 79 anos, seguidos dos inquiridos com

idades compreendidas entre os 40 e 59 anos. O mesmo se passa para a categoria

profissional médicos que obtêm maior número de respostas de inquiridos com idades

compreendidas entre os 60 e 79 anos (73 respostas) seguidos dos inquiridos com idades

compreendidas entre os 40 e 59 anos (55 respostas). Na categoria assistentes

operacionais a situação repete-se sendo o número de respostas inferiores às anteriores

categorias mas em maior número dadas por inquiridos com idades compreendidas entre

os 60 e 79 anos (37 respostas), seguidos dos inquiridos com idades compreendidas entre

os 40 e 59 anos (23 respostas). Nas categorias fisioterapeutas, assistentes sociais e

psicólogos as idades dos inquiridos que escolheram esta categoria profissional, em maior

número, têm idades compreendidas entre os 40 e 59 anos, sendo que os psicólogos têm

o mesmo número de respostas de inquiridos com idades entre os 60 e 79 anos. Podemos

observar que não existe diferença estatisticamente significativa entre a opinião dos

inquiridos diferentes faixas etárias sobre a categoria profissional com papel mais

importante no internamento.

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

género relativamente à importância do papel dos profissionais de saúde durante o

internamento. Para o efeito apresenta-se para cada género a frequência e respectiva

percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância do teste de

Fisher, conforme evidencia a Tabela 6.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 6 – Análise da opinião dos inquiridos por género da categoria profissional com papel mais importante no internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Género n  n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  %  Teste Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

Feminino  83  76 91,6% 71 85,5% 40 48,2% 3  3,6% 1  1,2% 1  1,2%

Masculino  98  94 95,9%

=1,491 

p=0,350  87 88,8%

=0,424

p=0,655  40 40,8%

=0,991

p=0,368  2  2,0%

=0,414

p=0,662  2  2,0%

=0,193 

p=1,000  5  5,1%

=2,130

p=0,221 

Dos inquiridos que consideram os enfermeiros os profissionais com o papel mais

importante durante o internamento, 91,6% pertencem ao sexo feminino e 95,9% ao sexo

masculino. Os que seleccionaram como sendo mais importante os médicos 85,5% são do

sexo feminino e 88,8% do sexo masculino. Os que seleccionaram os assistentes

operacionais 48,2% pertencem ao sexo feminino e 40,8% ao sexo masculino. Aos

fisioterapeutas 3,6% das respostas são do sexo feminino e 2,0% do sexo masculino. Os

assistentes sociais obtêm 1,2% das respostas do sexo feminino e 2,0% do sexo

masculino. Por fim os psicólogos obtêm 1,2% das respostas pertencentes à classe

feminina e 5,1% à classe masculina. Como nos mostra a tabela acima referida, não existe

diferenças estatisticamente significativas dos inquiridos de géneros diferentes sobre a

categoria profissional com papel mais importante no internamento

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

estado civil relativamente à importância do papel dos profissionais de saúde durante o

internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria do estado civil a frequência

e respectiva percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância

do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 7.

Tabela 7 – Análise da opinião dos inquiridos por estado civil da categoria profissional com papel mais importante no internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Estado Civil n  n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  %  Teste Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

Casado(a)  103  97  94,2% 87 84,5% 42 40,8% 4  3,9% 2  1,9% 3  2,9%

Solteiro(a)  21  18  85,7% 18 85,7% 9  42,9% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0%

Viúvo(a)  45  43  95,6% 43 95,6% 23 51,1% 0  0,0% 0  0,0% 2  4,4%

Divorciado(a)  12  12 100,0%

=2,703 

p=0,383 

10 83,3%

=4,238

p=0,217 

6  50,0%

=1,613

p=0,664 

1  8,3%

=3,290

p=0,267 

1  8,3%

=3,535 

p=0,263 

1  8,3%

=2,160

p=0,539 

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Quando verificamos qual o estado civil dos inquiridos que seleccionaram o profissional

enfermeiros como o que possui o papel de maior importância durante o internamento

podemos verificar que 97 doentes são casados, 43 são viúvos, 18 solteiros e 12

divorciados. Ao profissional médico o maior número de doentes 87 pertencem ao estado

civil casados, 43 viúvos, 18 solteiros e 10 divorciados. Os assistentes sociais obtêm 42

respostas de inquiridos casados, 23 respostas de inquiridos viúvos, 9 de solteiros e 6 de

divorciados. Dos inquiridos que seleccionaram os fisioterapeutas 4 são casados e 1

divorciado. Os que seleccionaram os assistentes sociais 2 são casados e 1 divorciado.

Os psicólogos obtêm 3 respostas de inquiridos casados e 1 uma resposta de divorciado.

Relativamente ao estado civil dos inquiridos podemos afirmar que não existem diferenças

estatisticamente significativas na opinião destes sobre categoria profissional com papel

mais importante no internamento

 

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

habilitações literárias relativamente à importância do papel dos profissionais de saúde

durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria das habilitações

literárias a frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional de saúde e o

valor e a significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 8.

Tabela 8 – Análise da opinião dos inquiridos por habilitações literárias da categoria profissional com papel mais importante no internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Habilitações 

Literárias 

n  n  % Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  %  Teste Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

4º ano  69  66  95,7% 65 94,2% 29 42,0% 1  1,4% 1  1,4% 3  4,3%

6º ano e 9º ano  43  37  86,0% 32 74,4% 19 44,2% 1  2,3% 0  0,0% 0  0,0%

12º ano  22  21  95,5% 20 90,9% 10 45,5% 1  4,5% 1  4,5% 1  4,5%

Est. Superiores  32  32 100,0% 28 87,5% 17 53,1% 2  6,3% 1  3,1% 2  6,3%

Outro  15  14  93,3%

=6,205 

p=0,116 

13 86,7%

=8,922

p=0,046 

5  33,3%

=1,900

p=0,768 

0  0,0%

=2,768

p=0,585 

0  0,0%

=3,046 

p=0,484 

0  0,0%

=3,076

p=0,477 

De uma forma geral, os inquiridos que seleccionaram, quer os enfermeiros, médicos ou

assistentes operacionais os mais importantes durante o internamento, possuem o 4º ano

de escolaridade. No caso dos fisioterapeutas observa-se que o maior número de

respostas obtidas é de inquiridos com estudos superiores (2). Os assistentes sociais

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

-77-

obtêm o mesmo número de respostas de inquiridos com o 4º ano de escolaridade (1) 12º

ano (1) e estudos superiores (1). Os psicólogos obtêm respostas de inquiridos com o 4º

ano (3), 12º ano (1) e estudos superiores (2). Através da tabela acima mencionada,

podemos afirmar que para a resposta dos inquiridos sobre categoria profissional com

papel mais importante no internamento existem diferenças estatisticamente significativas

dos indivíduos com diferentes habilitações literárias.

 

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

sectores económicos de actividade relativamente à importância do papel dos

profissionais de saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada

categoria etária a frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional de

saúde e o valor e a significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 9.

Tabela 9 – Análise da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade da categoria profissional com papel mais importante no

internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Sector de 

Actividade 

n  n  % Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  %  Teste Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

Sector Primário  19  18  94,7% 16  84,2%  5  26,3% 0  0,0% 0  0,0% 2  10,5%

Sector Secundário  37  34  91,9% 31  83,8%  16 43,2% 3  8,1% 2  5,4% 2  5,4% 

Sector Terciário  71  66  93,0% 62  87,3%  30 42,3% 2  2,8% 1  1,4% 1  1,4% 

Desempregado  9  9  100,0% 9  100,0% 4  44,4% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0% 

Reformado  43  41  95,3% 38  88,4%  23 53,5% 0  0,0% 0  0,0% 1  2,3% 

Estudante  2  2  100,0%

=1,418 

p=0,969 

2  100,0%

=1,839

p=0,858 

2  100,0%

=6,224

p=0,267 

0  0,0%

=5,371

p=0,347 

0  0,0%

=5,169 

p=0,440 

0  0,0% 

=5,464

p=0,288 

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

A maior parte das respostas que indicam o enfermeiro como o profissional de saúde que

possui o papel de maior importância no internamento pertence a inquiridos do sector

terciário de actividade (66), o mesmo acontece com os médicos (62) e com os

assistentes operacionais (30). As respostas atribuídas aos fisioterapeutas são em maior

número do sector secundário de actividade (2). As respostas dos indivíduos que

seleccionaram a categoria profissional psicólogos são provenientes de inquiridos com

actividade no sector primário (2), secundário (2), terciário (1) e reformados (1). Não se

observam diferenças estatisticamente significativas no que diz respeito ao sector de

actividade de cada indivíduo da categoria profissional com papel mais importante no

internamento

5.2. Análise da categoria profissional com maior intervenção no

internamento por aspectos sociológicos

 

Nesta fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por grupos

etários relativamente à importância da intervenção aos profissionais de saúde durante o

internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria etária a frequência e

respectiva percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância do

teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 10.

Tabela 10 – Análise da opinião dos inquiridos por categorias etárias da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Idade n  n  %  Teste Fisher  n  % 

Teste 

Fisher n  %  Teste Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

Entre 20 e 39 anos  22  19  86,4% 20 90,9% 8  36,4% 0  0,0% 0  0,0% 0  0,0%

Entre 40 e 59 anos  65  60  92,3% 51 78,5% 24 36,9% 5  7,7% 1  1,5% 3  4,6%

Entre 60 e 79 anos  82  75  91,5% 63 76,8% 34 41,5% 1  1,2% 1  1,2% 4  4,9%

Superior a 80 anos  12  12 100,0%

=1,572 

p=0,677 

10 83,3%

=2,096

p=0,548 

7  58,3%

=2,108

p=0,556 

0  0,0%

=4,238

p=0,201 

0  0,0%

=1,312 

p=1,000 

0  0,0%

=0,779

p=0,855 

 

Tentamos identificar a que faixa etária pertenciam as respostas que seleccionaram os

diferentes profissionais de saúde como tendo maior intervenção nas diferentes fases do

internamento e respostas com maior número, no caso dos enfermeiros, médicos e

assistentes operacionais pertencem a inquiridos com idades compreendidas entre os 60

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

e os 79 anos. No caso dos fisioterapeutas as respostas com maior número provêm de

inquiridos com idades compreendidas entre os 40 e os 59 anos. No caso dos assistentes

sociais as respostas dividem-se entre inquiridos com idades compreendidas entre os 40 e

59 anos e 40 e 59 anos. Os psicólogos obtêm respostas de inquiridos com idades

compreendidas entre os 40 e 59 anos e 60 e 79 anos. Não se observam diferenças

estatisticamente significativas entre a opinião dos inquiridos e as diferentes faixas etárias

Na próxima fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

género relativamente à importância da intervenção aos profissionais de saúde durante o

internamento. Para o efeito apresenta-se para cada género a frequência e respectiva

percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância do teste de

Fisher, conforme evidencia a Tabela 11.

Tabela 11 – Análise da opinião dos inquiridos por género da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Género n  n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  %  Teste Fisher n  %  Teste Fisher n  %  Teste Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

Feminino  83  73  88,0%  67 80,7% 31 37,3% 3  3,6% 1  1,2% 4  4,8% 

Masculino  98  93  94,9% 

=2,853 

p=0,109  77 78,6%

=0,128

p=0,854  42 42,9%

=0,566

p=0,543  3  3,1%

=0,043

p=1,000  1  1,0%

=0,014 

p=1,000  3  3,1% 

=0,374

p=0,704 

 

Provêm do sexo masculino as respostas, em maior número, que seleccionam os

enfermeiros médicos e assistentes operacionais. As respostas que seleccionam os

fisioterapeutas obtêm o mesmo número quer do sexo feminino quer do sexo masculino.

No caso dos psicólogos o sexo feminino que responde em maior número. Não se

observam diferenças estatisticamente significativas entre as respostas dadas e o género

dos inquiridos.

Na próxima fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

estado civil etários relativamente à importância da intervenção aos profissionais de saúde

durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria do estado civil a

frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional de saúde e o valor e a

significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 12.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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Tabela 12 – Análise da opinião dos inquiridos por estado civil da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Global  Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Estado Civil n  n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

Casado(a)  103  94  91,3% 78  75,7%  35 34,0% 5  4,9% 2  1,9%  4  3,9% 

Solteiro(a)  21  18  85,7% 21  100,0%  8  38,1% 0  0,0% 0  0,0%  0  0,0% 

Viúvo(a)  45  44  97,8% 36  80,0%  24 53,3% 1  2,2% 0  0,0%  2  4,4% 

Divorciado(a)  12  10  83,3%

=4,928

p=0,126 

9  75,0% 

=7,91

p=0,041

6  50,0%

=5,41

p=0,143

0  0,0%

=0,90

p=0,806

0  0,0% 

=1,52

p=1,000 

1  8,3% 

=1,71

p=0,612

Dos inquiridos que seleccionam as diferentes categorias profissionais podemos verificar

que as respostas em maior número pertencem a inquiridos casados, verificamos que a

categoria profissional enfermeiro obteve 94 respostas, a categoria profissional médicos

com 78 respostas a categoria assistentes operacionais com 35 respostas, os

fisioterapeutas com 5 respostas dadas, os assistentes sociais com 2 respostas e os

psicólogos com 4 respostas obtidas. Concluimos que não se observam diferenças

estatisticamente significativas entre o estado civil e as respostas dos inquiridos.

Na próxima fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

habilitações literárias relativamente à importância da intervenção aos profissionais de

saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria das

habilitações literárias a frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional

de saúde e o valor e a significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 13.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 13 – Análise da opinião dos inquiridos por habilitações literárias da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Habilitações 

Literárias 

n  n  % Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  %  Teste Fisher n  %  Teste Fisher n  %  Teste Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

4º ano  69  64  92,8%  60 87,0% 24 34,8% 1  1,4% 1  1,4% 3  4,3% 

6º ano e 9º ano  43  38  88,4%  28 65,1% 15 34,9% 3  7,0% 0  0,0% 1  2,3% 

12º ano  22  20  90,9%  17 77,3% 11 50,0% 1  4,5% 1  4,5% 2  9,1% 

Est. Superiores  32  31  96,9%  26 81,3% 16 50,0% 1  3,1% 0  0,0% 0  0,0% 

Outro  15  13  86,7% 

=2,710 

p=0,605 

13 86,7%

=7,860

p=0,088 

7  46,7%

=3,826

p=0,432 

0  0,0%

=2,982

p=0,491 

0  0,0%

=3,399 

p=0,538 

1  6,7% 

=3,692

p=0,372 

Dos inquiridos que seleccionaram a categoria profissional enfermeiro, médicos e

assistentes operacionais, podemos verificar que as respostas obtidas com maior número,

são provenientes de inquiridos com o 4º ano de escolaridade. Já os fisioterapeutas obtêm

maior número de respostas provenientes de inquiridos com o 6º e 9º ano de escolaridade.

No caso dos assistentes sociais as respostas dividem-se entre inquiridos casados e

inquiridos com o 12º ano de escolaridade. Os psicólogos obtêm respostas em maior

número de inquiridos casados e com o 12º ano de escolaridade. Não se observam

diferenças estatisticamente significativas.

Na próxima fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

sectores económicos de actividade relativamente à importância da intervenção aos

profissionais de saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada

categoria dos sectores económicos de actividade a frequência e respectiva percentagem

da menção ao profissional de saúde e o valor e a significância do teste de Fisher,

conforme evidencia a Tabela 14.

-81-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 14 – Análise da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Sector de 

Actividade 

n  n  % Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

Sector Primário  19  17  89,5%  17  89,5%  4  21,1% 0  0,0% 0  0,0%  1  5,3% 

Sector 

Secundário 37  33  89,2%  30  81,1%  15 40,5% 4  10,8% 2  5,4%  2  5,4% 

Sector Terciário  71  64  90,1%  53  74,6%  26 36,6% 2  2,8% 0  0,0%  2  2,8% 

Desempregado  9  9  100,0% 9  100,0% 4  44,4% 0  0,0% 0  0,0%  1  11,1%

Reformado  43  41  95,3%  33  76,7%  22 51,2% 0  0,0% 0  0,0%  1  2,3% 

Estudante  2  2  100,0%

=2,280 

p=0,813 

2  100,0%

=4,461

p=0,453 

2  100,0%

=8,041

p=0,135 

0  0,0%

=6,966

p=0,170 

0  0,0% 

=7,516 

p=0,170 

0  0,0% 

=4,049

p=0,527 

 

De uma forma geral as respostas obtidas sobre a equipa multidisciplinar, pertencem a

inquiridos que trabalham no sector de actividade terciário (71 respostas) seguidos de

inquiridos reformados (43 respostas). Se observarmos individualmente cada categoria

profissional podemos verificar que 64 respostas dos inquiridos que seleccionaram a

categoria profissional enfermeiros são de inquiridos pertencentes ao sector de actividade

terciário, o mesmo se passa com a categoria profissional médicos (53 respostas) e a

categoria profissional assistentes operacionais (26 respostas). Os fisioterapeutas e

assistentes sociais obtêm respostas provenientes de inquiridos do sector de actividade

secundária, os psicólogos obtêm maior número de respostas quer do sector secundário

quer do sector terciário. Não se observam diferenças estatisticamente significativas entre

o sector de actividade e as respostas dadas pelos inquiridos.

 

6. ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR POR NÚMERO DE

INTERNAMENTOS

 

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

número de internamentos relativamente à importância do papel dos profissionais de

saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria do número

de internamentos a frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional de

saúde e o valor e a significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 15.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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Tabela 15 – Análise da opinião dos inquiridos por número de internamentos da categoria profissional com papel mais importante no internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas  Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Nº de 

internamentos 

n  n  % Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  %  Teste Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

Nunca esteve 

internado 99  93  93,9%  86 86,9% 35 35,4% 4  4,0% 2  2,0%  2  2,0% 

Uma ou duas vezes

internado 40  35  87,5%  36 90,0% 21 52,5% 0  0,0% 0  0,0%  3  7,5% 

Três ou mais vezes 

internado 42  42  100,0%

=5,502 

p=0,053 

36 85,7%

=0,383

p=0,875 

24 57,1%

=7,094

p=0,029 

1  2,4%

=1,276

p=0,610 

1  2,4% 

=0,859 

p=1,000 

1  2,4% 

=2,592

p=0,237 

 

Quisemos saber de que forma as respostas obtidas pelos inquiridos se alteravam ou não

com o número de internamentos a que eram sujeitos. Podemos verificar que à medida

que o número de internamentos cresce, o número de inquiridos que seleccionam o

profissional enfermeiros decresce, o mesmo se passa com a categoria profissional

médicos assistentes operacionais. No caso dos fisioterapeutas os inquiridos que

estiveram internados uma ou duas vezes não seleccionam esta categoria profissional e o

maior número de respostas são obtidas por inquiridos que nunca estiveram internados.

Os psicólogos obtêm maior número de respostas de doentes que estiveram internados

uma ou duas vezes, os inquiridos com três ou mais internamentos seleccionaram esta

resposta em menor número. Não se observam diferenças estatisticamente significativas.

Na próxima fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

número de internamentos relativamente à importância da intervenção aos profissionais de

saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se para cada categoria do número

de internamentos a frequência e respectiva percentagem da menção ao profissional de

saúde e o valor e a significância do teste de Fisher, conforme evidencia a Tabela 16.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 16 – Análise da opinião dos inquiridos por número de internamentos da categoria profissional com maior intervenção no internamento

Global Enfermeiros  Médicos Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas Assistente Social  Psicólogos 

Categoria Profissional 

 

  Estado Civil n  n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  %  Teste Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher n  % 

Teste 

Fisher 

Nunca esteve 

internado 99  90 90,9% 80 80,8% 40 40,4% 6  6,1% 2  2,0% 4  4,0%

Uma ou duas vezes 

internado 40  37 92,5% 31 77,5% 18 45,0% 0  0,0% 0  0,0% 2  5,0%

Três ou mais vezes 

internado 42  39 92,9%

=0,166 

p=1,000 

33 78,6%

=0,324

p=0,884 

15 35,7%

=0,746

p=0,693 

0  0,0%

=3,764

p=0,114 

0  0,0%

=0,957 

p=1,000 

1  2,4%

=0,503

p=0,890 

 

No que diz respeito ao profissional com maior intervenção nas diferentes etapas do

internamento verificamos que em todas as categorias profissionais o número de

respostas atribuídas a cada profissional diminui com o número de internamentos. Não se

observam diferenças estatisticamente significativas.

 

7. ANÁLISE DA DISPONIBILIDADE DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR POR

ASPECTOS SOCIOLÓGICOS

Nesta fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

categorias dos elementos sociológicos relativamente à disponibilidade dos profissionais

de saúde durante o internamento que foi avaliada numa escala ordinal de cinco itens2.

Para o efeito apresenta-se para cada categoria a frequência e respectiva mediana e o

valor e a significância do teste de Kruskal-Wallis ou Mann-Whitney, conforme evidencia a

Tabela 17.

                                                            2 A escala estava definida por: 1- Nada Disponível; 2- Pouco Disponível; 3- Nem muito nem pouco disponível; 4- Disponível; 5- Muito Disponível.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 17 – Distribuição da opinião dos inquiridos pelas categorias dos elementos sociológicos relativamente à disponibilidade dos profissionais de saúde

Elementos sociológicos  n  Mediana  Teste de Kruskal‐Wallis 

Entre 20 e 39 anos  22  5,0 

Entre 40 e 59 anos  63  5,0 

Entre 60 e 79 anos  80  4,0 

Idade 

Superior a 80 anos  12  5,0 

H=3,173 

p=0,366 

Feminino  81  5,0 Género 

Masculino  96  5,0 

U=3680,5  a) 

W=8336,5 

p=0,491 

Casado(a)  99  4,0 

Solteiro(a)  21  5,0 

Viúvo(a)  45  5,0 

Estado Civil 

Divorciado(a)  12  4,0 

H=9,569 

p=0,023 

4º ano  68  5,0 

6º ano e 9º ano  41  4,0 

12º ano  21  4,0 

Estudos Superiores  32  5,0 

Habilitações 

Literárias 

Outro  15  5,0 

H=6,679 

p=0,154 

Sector Primário  19  4,0 

Sector Secundário  33  4,0 

Sector Terciário  71  5,0 

Desempregado  9  5,0 

Reformado  43  5,0 

Sector de 

Actividade 

Estudante  2  4,5 

H=6,948 

p=0,225 

a) Teste de Mann-Whitney justificado pelo número de categorias da variável género

Relativamente à opinião dos indivíduos acerca da disponibilidade dos profissionais de

saúde ressaltam dois aspectos primordiais. Um primeiro evidencia que,

independentemente da categoria do elemento sociológico em análise, os indivíduos

consideram que os profissionais de saúde demonstram elevados índices de

disponibilidade. Um segundo revelador de existências de diferenças estatisticamente

significativas ao nível das categorias do estado civil dos inquiridos, que de acordo com a

comparação múltipla de médias das ordens são entre as categorias Divorciado(a) e as

restantes categorias (pDivorciado(a)/Casado(a)= 0,020; pDivorciado(a)/Solteiro(a)= 0,006 e

-85-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

.

pDivorciado(a)/Viúvo(a)= 0,004) (Anexo 17B) sendo a categoria Divorciado(a) aquela que revela

a existência de uma menor disponibilidade por parte dos profissionais de saúde

 

8. ANÁLISE DO DESEMPENHO DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR

Neste momento procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos sobre o

desempenho dos profissionais de saúde da equipa multidisciplinar durante o

internamento. Para o efeito apresenta-se a frequência e respectiva percentagem da

menção ao profissional de saúde conforme evidencia a Tabela 18.

Tabela 18 – Distribuição do desempenho dos diferentes profissionais de saúde

 Enfermeiros  Médicos 

Assistentes 

Operacionais Fisioterapeutas 

Assistente 

Social Psicólogos 

  n  %  n  %  n  %  n  %  n  %  n  % 

Esclarecimento de dúvidas  159  87,8%  130  71,8%  4  2,2%  5  2,8%  0  0,0%  8  4,4% 

Satisfação das necessidades dos doentes  163  90,1%  66  36,5%  87  48,1%  6  3,3%  4  2,2%  5  2,8% 

Promover a saúde  152  84,0%  144  79,6%  9  5,0%  10  5,5%  1  0,6%  6  3,3% 

Preparação da alta  148  81,8%  169  93,4%  0  0,0%  5  2,8%  4  2,2%  5  2,8% 

Bem‐estar e autonomia do doente  174  96,1%  62  34,3%  117  64,6%  11  6,1%  0  0,0%  5  2,8% 

Organização dos cuidados de saúde  173  95,6%  51  28,2%  69  38,1%  1  0,6%  2  1,1%  2  1,1% 

Ensinos  170  93,9%  57  31,5%  9  5,0%  20  11,0%  1  0,6%  3  1,7% 

Adaptação às novas condições/limitações após 

cirurgia 164  90,6%  88  48,6%  13  7,2%  23  12,7%  5  2,8%  10  5,5% 

Apoio Emocional  162  89,5%  34  18,8%  85  47,0%  5  2,8%  3  1,7%  31  17,1%

No que se refere ao esclarecimento de dúvidas os profissionais de saúde enfermeiros e

médicos obtêm o maior número de respostas os enfermeiros com 87,8% e os médicos

71,8%, segundo o que podemos verificar na tabelo os profissionais assistentes sociais

não obtêm nenhuma resposta. Relativamente à satisfação das necessidades dos doentes

são os enfermeiros (90,1%) e os assistentes operacionais (48,1%) que os inquiridos

consideram mais importantes. Quer na promoção da saúde, quer na preparação da alta

as classes profissionais com maior número de respostas são os enfermeiros e os

médicos, de salientar que os assistentes operacionais não obtêm nenhuma resposta no

que respeita à preparação da alta. No bem-estar e autonomia dos doentes os inquiridos

-86-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

consideram que os profissionais que mais contribuem são os enfermeiros (96,1%) e os

assistentes operacionais (64,6%), s assistentes sociais não obtêm nenhuma resposta.

Quando questionados sobre a organização dos cuidados de saúde os inquiridos

consideram, na sua maioria, que são os enfermeiros (95,6%) que maior contributo dão.

Relativamente aos ensinos a categoria profissional que obtêm maior número de

respostas são os enfermeiros (93,9%), médicos (31,5%) e fisioterapeutas (11%).

Da mesma forma que acontece com os ensinos, também as categorias profissionais que

surgem quando questionados os indivíduos sobre a categoria profissional mais

importante na adaptação às novas condições/limitações após cirurgia são os enfermeiros

(90,6%) os médicos (48,6%) e os fisioterapeutas (12,7%) que surgem como sendo os

mais importantes.

Finalmente os inquiridos foram questionados sobre os profissionais de saúde que

consideram mais importantes para o apoio emocional e as três categorias profissionais

que ressaltam são os enfermeiros (89,5%), os auxiliares (47%) e os psicólogos (31%).

9. ANÁLISE DO MODO DE TRABALHAR DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR E

INFLUÊNCIA DE OPINIÃO POR TERCEIROS

Nesta fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos acerca do

modo de trabalhar da equipa multidisciplinar e, ainda, a influência de opinião por terceiros

dos profissionais de saúde durante o internamento. Para o efeito apresenta-se a

frequência e respectiva percentagem conforme evidencia a Tabela 19.

Tabela 19 – Distribuição da opinião dos inquiridos acerca do modo de trabalhar da equipa multidisciplinar e influência de opinião por terceiros

  Sim  Não 

  n  %  n  % 

Profissionais de Saúde trabalham em equipa  142  78,5%  34  18,8% 

Opinião pessoal sobre Profissionais de Saúde é influenciada pela opinião de outras pessoas  9  5,0%  172  95,0% 

Como podemos verificar 78,5% dos inquiridos consideram que os profissionais de saúde

trabalham em equipa e 18,8% considera que não.

-87-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Quisemos saber se a opinião dos outros contribui de algum modo para a opinião pessoal

que os inquiridos têm sobre a equipa multidisciplinar observamos que apenas 5% dos

inquiridos responde que sim e 95% responde que a sua opinião não é influenciada por

terceiros.

10. ANÁLISE DA AUTONOMIA NO PROCESSO DE DECISÃO DA EQUIPA

MULTIDISCIPLINAR

Seguidamente procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos acerca da

independência no processo de decisão da equipa multidisciplinar durante o internamento.

Para o efeito apresenta-se para cada categoria profissional a frequência e respectiva

percentagem conforme evidencia a Tabela 20.

Tabela 20 – Distribuição da opinião dos inquiridos sobre a autonomia dos profissionais de saúde no processo de decisão

Independência no processo de decisão 

Profissionais de Saúde 

n  % 

Enfermeiros  102  56,4% 

Médicos  169  93,4% 

Assistentes Operacionais  3  1,7% 

Fisioterapeutas  50  27,6% 

Assistente Social  34  18,8% 

Psicólogos  40  22,1% 

A classe profissional que apresenta maior autonomia para os inquiridos são os médicos

com 93,4% das respostas, seguidos dos enfermeiros com 56,4%, os fisioterapeutas com

27,6% das respostas, os psicólogos com 22,1% os assistentes sociais com 18,8% e os

profissionais com menor autonomia no processo de decisão os assistentes operacionais

com 1,7%.

-88-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

11. ANÁLISE DAS EVOCAÇÕES ASSOCIADOS À EQUIPA MULTIDISCIPLINAR

Iniciemos esta fase com a caracterização e análise da opinião dos indivíduos acerca das

evocações associados à categoria profissional dos elementos da equipa multidisciplinar.

Para o efeito apresenta-se para cada conceito por categoria profissional a frequência e

respectiva percentagem conforme evidencia a Tabela 21.

Tabela 21 – Distribuição da opinião dos inquiridos relativamente às evocações associadas à equipa multidisciplinar de forma global

IMPORTÂNCIA 

FORTE  FRACA 

 

EVOCAÇÕES  %  EVOCAÇÕES  % 

Profissionalismo  20,7%  

Forte  Ajuda  20,1% 

Humanos  18,1% 

Prestação de Cuidados  11,6% 

Freq

uên

cia 

 

Fraca 

 

Competência 

 

19,1%  Medicação  10,3% 

Como podemos observar pela tabela as evocações que pertencem ao núcleo central são

“Profissionalismo e Ajuda”, as que pertencem ao núcleo periférico são as evocações “

Prestação de cuidados e Medicação”. As evocações “Competência e Humanos” são

elementos intermediários.

11.1. Análise das evocações associados à equipa multidisciplinar por

elementos sociológicos

Para uma análise global da equipa multidisciplinar optou-se por construir uma escala

avaliativa para cada conceito resultante da soma das evocações atribuídas a cada

categoria profissional em cada conceito. Deste modo obteve-se para cada conceito uma

escala que varia entre um mínimo de zero e um máximo de seis, que permitirá

desenvolver a análise da opinião dos indivíduos sobre os conceitos que se encontram

associados à equipa multidisciplinar pelos diversos elementos sociológicos considerados.

Assim, nesta primeira fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos

indivíduos por idade sobre dos conceitos associados à equipa multidisciplinar. Para o

efeito apresenta-se para cada categoria da idade a média associada a cada conceito e

apresenta-se o valor do teste de Kruskal-Wallis e a respectiva significância conforme

evidencia a Tabela 22.

-89-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

-90-

Tabela 22 – Distribuição da opinião dos inquiridos por idade sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados Competência  Ajuda Elemento 

sociológico ‐ 

Idade  Média Teste de 

Kruskal‐Wallis Média 

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia 

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia 

Teste de 

Kruskal‐Wallis Média 

Teste de 

Kruskal‐Wallis

Entre 20 e 39 anos  2,0  1,7  0,8  1,0  2,2  1,8 

Entre 40 e 59 anos  2,3  1,9  1,0  1,3  1,9  2,1 

Entre 60 e 79 anos  2,0  1,9  1,1  1,2  2,0  2,2 

Superior a 80 anos  2,4 

H=2,409 

p=0,492 

1,9 

H=0,840 

p=0,840 

1,8 

H=7,700 

p=0,053 

1,4 

H=2,817 

p=0,421 

1,8 

H=1,280 

p=0,734 

 

2,1 

H=3,324 

p=0,344 

Constata-se que não se verificam diferenças estatisticamente significativas ao nível das

categorias da idade relativamente a qualquer um dos conceitos associados à equipa

disciplinar.

Numa segunda fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

género sobre dos conceitos associados à equipa multidisciplinar. Para o efeito apresenta-

se para cada género a média associada a cada conceito e apresenta-se o valor do teste

de Mann-Whitney e a respectiva significância conforme evidencia a Tabela 23.

Tabela 23 – Distribuição da opinião dos inquiridos por género sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados Competência  Ajuda 

Elemento sociológico ‐ 

Género Média 

Teste de 

Mann‐

Whitney 

Média 

Teste de 

Mann‐

Whitney 

Média 

Teste de 

Mann‐

Whitney 

Média

Teste de 

Mann‐

Whitney 

Média

Teste de 

Mann‐

Whitney 

Média 

Teste de 

Mann‐

Whitney 

Feminino  2,4  2,2  1,1  1,3  2,4  2,2 

Masculino  1,9 

U=3011,5 

W=7862,5 

p=0,002 1,6 

U=2803,0 

W=7654,0 

p<0,001 1,0 

U=3777,0

W=8628,0

p=0,373 1,1 

U=3526,5

W=8377,5

p=0,086 1,6 

U=2326,5 

W=7177,5 

p<0,001 2,0 

U=3500,0

W=8351,0

p=0,092 

Constatam-se diferenças estatisticamente significativas ao nível do género dos indivíduos

relativamente às evocações “Profissionalismo, Humanos e Competência” traduzidas por

maiores menções por parte dos elementos do género feminino relativamente ao género

masculino.

Na terceira fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

estado civil sobre as evocações associados à equipa multidisciplinar. Para o efeito

apresenta-se para cada categoria do estado civil a média associada a cada conceito e

apresenta-se o valor do teste de Kruskal-Wallis e a respectiva significância conforme

evidencia a Tabela 24.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 24 – Distribuição da opinião dos inquiridos por estado civil sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados  Competência  Ajuda Elemento 

sociológico – 

Estado Civil Média 

Teste de 

Kruskal‐Wallis Média 

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia

Teste de 

Kruskal‐

Wallis 

MédiaTeste de 

Kruskal‐Wallis Média 

Teste de 

Kruskal‐Wallis

Casado(a)  2,1  1,8  1,0  1,2  1,9  2,0 

Solteiro(a)  2,3  1,8  0,7  0,9  2,2  1,8 

Viúvo(a)  2,1  2,1  1,2  1,2  2,0  2,3 

Divorciado(a)  2,4 

H=0,835 

p=0,841 

2,1 

H=1,556 

p=0,669 

1,4 

H=7,244 

p=0,065 

1,8 

H=6,558 

p=0,087 

2,2 

H=1,393 

p=0,707 

2,4 

H=4,293 

p=0,231 

Constata-se que não se verificam diferenças estatisticamente significativas ao nível das

categorias do estado civil relativamente a qualquer um dos conceitos associados à

equipa multidisciplinar.

Numa quarta fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

habilitações literárias sobre dos conceitos associados à equipa multidisciplinar. Para o

efeito apresenta-se para cada categoria das habilitações literárias a média associada a

cada conceito e apresenta-se o valor do teste de Kruskal-Wallis e a respectiva

significância conforme evidencia a Tabela 25.

Tabela 25 – Distribuição da opinião dos inquiridos por habilitações literárias sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados  Competência  Ajuda Elemento 

sociológico ‐ 

Habilitações 

Literárias Média 

Teste de 

Kruskal‐Wallis Média 

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia

Teste de 

Kruskal‐

Wallis 

MédiaTeste de 

Kruskal‐Wallis Média 

Teste de 

Kruskal‐

Wallis 

4º ano  2,1  2,0  1,2  1,2  1,9  2,1 

6º ano e 9º ano  2,1  1,7  1,0  1,1  2,0  2,0 

12º ano  2,2  1,9  1,3  1,3  2,0  2,6 

Estudos Superiores  2,4  2,1  0,8  1,3  2,3  1,9 

Outro  1,9 

 

H=1,771 

p=0,778 

 

1,7 

 

H=2,485 

p=0,647 

 

1,1 

 

H=4,728 

p=0,316 

 

1,1 

 

H=2,377 

p=0,667 

 

1,3 

 

H=6,290 

p=0,179 

 

1,5 

H=11,493 

p=0,022 

Constata-se que apenas para a evocação “Ajuda” se verificam diferenças

estatisticamente significativas ao nível das habilitações literárias dos indivíduos. De

acordo com a comparação múltipla de médias das ordens, pode-se afirmar que as

médias entre a categoria 12º ano e as categorias Estudos Superiores e Outro são

significativamente diferentes, sendo os indivíduos da categoria 12º ano os que atribuem

maior menção à evocação “Ajuda”.

-91-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

-92-

Numa última fase procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

sector económico de actividade sobre dos conceitos associados à equipa multidisciplinar.

Para o efeito apresenta-se para cada categoria do sector económico de actividade a

média associada a cada conceito e apresenta-se o valor do teste de Kruskal-Wallis e a

respectiva significância conforme evidencia a Tabela 26.

Tabela 26 – Distribuição da opinião dos inquiridos por sector económico de actividade sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados  Competência  Ajuda Elemento 

sociológico – 

Sector 

Económico de 

Actividade 

Média Teste de 

Kruskal‐Wallis Média 

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia

Teste de 

Kruskal‐

Wallis 

MédiaTeste de 

Kruskal‐Wallis Média 

Teste de 

Kruskal‐

Wallis 

Sector Primário  1,5  1,4  0,8  1,2  1,9  1,8 

Sector 

Secundário 2,1  1,6  1,1  1,1  1,6  2,1 

Sector Terciário  2,3  2,1  1,1  1,4  2,2  2,0 

Desempregado  2,2  2,1  1,3  1,2  2,3  2,3 

Reformado  2,1  1,9  1,0  1,0  1,9  2,2 

Estudante  2,5 

 

 

H=5,877 

p=0,318 

 

 2,0 

 

 

H=7,072 

p=0,215 

 

 1,5 

 

 

H=3,947 

p=0,557 

 

 1,5 

 

 

H=9,480 

p=0,091 

 

 3,0 

 

 

H=8,526 

p=0,130 

 

 4,5 

H=6,704 

p=0,244 

Constata-se que não se verificam diferenças estatisticamente significativas ao nível das

categorias do sector económico de actividade relativamente a qualquer um dos conceitos

associados à equipa disciplinar.

11.2. Análise das evocações associados à equipa multidisciplinar por

número de internamentos

Neste momento procede-se à caracterização e análise da opinião dos indivíduos por

número de internamentos sobre dos conceitos associados à equipa multidisciplinar. Para

o efeito apresenta-se para cada categoria do número de internamentos a média

associada a cada conceito e apresenta-se o valor do teste de Kruskal-Wallis e a

respectiva significância conforme evidencia a Tabela 27.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Tabela 27 – Distribuição da opinião dos inquiridos por número de internamentos sobre conceitos associados equipa multidisciplinar

Profissionalismo  Humanos  Medicação  Prestação Cuidados  Competência  Ajuda Elemento 

sociológico – 

Número de 

Internamentos Média 

Teste de 

Kruskal‐Wallis Média 

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia

Teste de 

Kruskal‐WallisMédia

Teste de 

Kruskal‐

Wallis 

MédiaTeste de 

Kruskal‐Wallis Média 

Teste de 

Kruskal‐

Wallis 

Nunca esteve 

internado 2,3  1,9  1,0  1,2  2,1  2,0 

Uma ou duas 

vezes internado 1,7  1,5  0,9  1,0  1,7  1,9 

Três ou mais 

vezes internado 2,2 

H=9,309 

p=0,010 

2,2 

H=6,000 

p=0,050 

1,3 

H=6,569 

p=0,037 

1,4 

H=3,801 

p=0,150 

2,0 

H=2,051 

p=0,359 

2,4 

H=2,634 

p=0,268 

Constatam-se para as evocações “Profissionalismo, Humanos e Medicação” há

diferenças estatisticamente significativas ao nível do número de internamentos dos

indivíduos. Para a evocação “Profissionalismo”, de acordo com a comparação múltipla de

médias das ordens, verifica-se que as médias das categorias Nunca esteve internado e

Três ou mais vezes internado são significativamente diferentes da categoria Uma ou duas

vezes internado, sendo os últimos os que atribuem uma menor menção a esta evocação.

Para a evocação Humanos, de acordo com a comparação múltipla de médias das

ordens, verifica-se que a média da categoria Três ou mais vezes internado é

significativamente diferente da categoria Uma ou duas vezes internado, sendo os

primeiros os que atribuem uma maior menção a esta evocação. Para ao evocação

Medicação, de acordo com a comparação múltipla de médias das ordens, verifica-se que

a média da categoria Três ou mais vezes internado é significativamente diferente quer da

categoria Nunca esteve internado quer da categoria Uma ou duas vezes internado, sendo

os primeiros os que atribuem uma maior menção a esta evocação.

-93-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

12. DISCUSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo iremos proceder à discussão dos resultados encontrados, descrevendo

as possíveis implicações teór icas e práticas, tendo como pontos de re fe rênc ia a

síntese bibliográfica apresentada nos capítulos anteriores sobre o tema em estudo e

os objectivos formulados inicialmente.

12.1. Concretização dos objectivos formulados

Com a finalidade de darmos resposta aos objectivos propostos no início deste trabalho

de investigação, vamos discutir os resultados por nós encontrados. Recordamos os

objectivos por nós propostos:

A. Identificar as evocações que contribuem para a Representação Social da Equipa

Multidisciplinar que resulte da influência do trabalho dos mesmos sobre os utentes

B. Identificar a relação entre o número de internamentos e a representação que os

doentes atribuem à equipa multidisciplinar

C. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas e a representação que os

doentes atribuem à equipa multidisciplinar

D. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas com a categoria profissional

com maior importância nas diferentes etapas do internamento

E. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas com a categoria profissional

que possui o papel de maior importância durante o internamento.

Esta será a ordem pela qual nos propomos a apresentar discussão dos resultados por

nós encontrados.

Na pesquisa efectuada através das bases disponíveis aquando a realização deste

estudo, não encontramos estudos semelhantes a este de forma a servirem de

comparação ao estudo actual. Contudo, a forma como foi realizado este estudo segue os

mesmos moldes de estudos encontrados sobre representação social nomeadamente

Gomes e Oliveira (2005), Oliveira e Gomes (2008), Shimamoto (2004), Demathé e

Cordeiro (2009) e Marques e tal (2003).

-94-

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

A. Identificar as evocações que contribuem para a Representação Social da Equipa

Multidisciplinar que resulte da influência do trabalho dos mesmos sobre os utentes

As evocações que contribuem para a Representação Social da Equipa Multidisciplinar na

perspectiva dos doentes oncológicos são “Profissionalismo, Ajuda, Prestação de

cuidados e Medicação”.

Como núcleo central fazem parte os elementos “Ajuda e Profissionalismo” tendo em

conta um critério de importância e frequência mais forte na base da percentagem. Estes

elementos fazem parte do núcleo central, e este tem como função a estrutura que dá

coerência e sentido à representação. Como elementos periféricos da nossa

representação temos as evocações “Prestação de Cuidados e Medicação”. De qualquer

das formas este núcleo periférico é importante também ser aqui referenciado porque não

só é uma complementaridade para o núcleo central como também o influencia. Podemos

afirmar que o núcleo periférico é funcional, e que devido a este, a representação pode

ancorar-se á realidade do momento, ou seja tem um papel essencial na dinâmica das

representações sociais porque podem ser definidos como modelos, prescritores de

comportamentos. Assim, o núcleo periférico tem como primeira função a concretização

do sistema central em termos de condução ou tomadas de posição.

Sabemos pela pesquisa efectuada que o trabalho em equipa tornou-se uma realidade na

grande maioria das instituições. Apesar do núcleo central ser pouco sensível ao contexto

imediato e dos os elementos periféricos evoluírem primariamente e protegerem os

elementos do núcleo central de sofrerem alterações, estes ainda nos parecem muito

primitivos e longe de traduzir a evolução da equipa multidisciplinar no contexto hospitalar.

B. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas com a categoria

profissional que possui o papel de maior importância durante o internamento.

No que se refere às variáveis idade, género, estado civil e sector de actividade foi

demonstrado pelas tabelas anteriormente apresentadas (tabelas nº 5,6,7 e 9) não existe

diferença estatisticamente significativa no que respeita à relação das variáveis sócio-

demográficas acima referidas e a categoria profissional que possui um papel de maior

importância durante o internamento, isto quer dizer que independentemente do que neste

estudo são os enfermeiros e o médicos. Mas podemos observar pela tabela

anteriormente apresentada (tabela nº 8) que nas respostas dos inquiridos de diferentes

habilitações literárias sobre a categoria profissional médicos à diferenças estatisticamente

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

significativas, isto poderá demonstrar a percepção que os indivíduos com graus de

habilitação literárias superiores têm sobre a evolução do trabalho em equipa, sendo que o

médico deixa de ser apenas o profissional que desempenha, na visão dos utentes, todas

as tarefas.

C. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas com a categoria

profissional com maior importância nas diferentes etapas do internamento

Foi demonstrado pelas tabelas anteriormente apresentadas (tabelas nº 10,11,12,13 e 14)

que relativamente à categoria profissional com maior importância nas diferentes etapas

do internamento as variáveis sócio demográficas não interferem na opinião dos

inquiridos, não existe diferença estatisticamente significativa da opinião destes com

diferentes características sócio demográficas.

D. Identificar a relação das variáveis sócio-demográficas e a representação que os

doentes atribuem à equipa multidisciplinar

Relativamente às evocações que cada inquirido atribui a cada elemento da equipa

multidisciplinar podemos observar pelas tabelas anteriormente apresentadas (tabelas nº

22,23,24,25 e 26) as variáveis sócio-demográficas e as respectivas evocações.

A idade e estado civil de cada um dos inquiridos não alteram as evocações que atribuem

à equipa multidisciplinar.

No que diz respeito ao género podemos observar diferenças estatisticamente

significativas para as evocações “Profissionalismo, Humanos e Competência”, traduzidas

por maiores menções por parte dos elementos do género feminino relativamente ao

género masculino.

De acordo com a Tabela nº 25, referente às habilitações literárias dos inquiridos e a sua

influência ao nível da representação social apenas observamos diferenças

estatisticamente significativas para o conceito “Ajuda”.

Contudo com os testes realizados podemos afirmar que as medias das respostas dos

inquiridos pertencentes à categoria 12º ano e às categorias Estudos Superiores e Outro

são significativamente diferentes, o que traduz de alguma forma o conhecimento sobre a

evolução do trabalho da equipa multidisciplinar tal como nos diz Velloso (2005).

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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E. Identificar a relação entre o número de internamentos e a representação que os

doentes atribuem à equipa multidisciplinar

A tabela nº 27 mostra-nos que existem diferenças estatisticamente significativas no que

diz respeito ao número de internamentos dos inquiridos e as evocações que atribuem à

equipa multidisciplinar. Constatam-se para as evocações “Profissionalismo, Humanos e

Medicação” existem diferenças estatisticamente significativas ao nível do número de

internamentos dos indivíduos. Para a evocação “Profissionalismo” verifica-se que as

médias das categorias Nunca esteve internado e Três ou mais vezes internado são

significativamente diferentes da categoria Uma ou duas vezes internado, sendo os

últimos os que atribuem uma menor menção a esta evocação. Para a evocação

“Humanos”, verifica-se que a média da categoria Três ou mais vezes internado é

significativamente diferente da categoria Uma ou duas vezes internado, sendo os

primeiros os que atribuem uma maior menção a esta evocação. Para a evocação

“Medicação verifica-se que a média da categoria Três ou mais vezes internado é

significativamente diferente quer da categoria Nunca esteve internado quer da categoria

Uma ou duas vezes internado, sendo os primeiros os que atribuem uma maior menção a

esta evocação.

Podemos concluir que com o aumento do número de internamentos dos inquiridos as

evocações referentes à tarefa desempenhada pelos profissionais de saúde se

confundem com as características de cada profissional, ao contrário dos inquiridos que

nunca estiveram internados ou apenas estiveram um vez internados que dão mais

ênfase às características destes, o que nos leva a pensar que de uma forma geral os

inquiridos deste estudo não têm um verdadeiro conhecimento sobre as tarefas de cada

profissional de saúde e as características da equipa de saúde.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

PARTE IV – CONCLUSÃO

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

Consideramos pertinente, neste momento, “tecer” algumas reflexões no que concerne

aos resultados obtidos e a todo o percurso vivenciado, numa perspectiva crítico-reflexiva.

Como é evidente este estudo de âmbito limitado, não se pretende apresentar análises

definitivas no campo das representações sociais da equipa multidisciplinar profissão de

enfermagem, mas sim compreender o que está em modificação e, essencialmente

conhecer o que é evocado em relação á representação dos profissionais de saúde

No fundo tentamos, perceber qual/quais as evocações que levam á actual representação

social da equipa multidisciplinar de forma a permitir aos profissionais de saúde uma

alteração nos comportamentos e intervenções realizadas.

No que diz respeito á pergunta de partida e para a qual pretendíamos uma resposta

fidedigna chegamos á conclusão que as principiais evocações que caracterizam os

elementos da equipa multidisciplinar para esta amostra, no que diz respeito à sua

representação social, são o profissionalismo e a ajuda.

Podemos ainda retirar deste estudo que o número de internamentos altera as evocações

que os utentes têm dos profissionais da equipa multidisciplinar, o que quer dizer que com

o aumento do numero dos internamentos as evocações sobre estes profissionais alteram-

se, o que nos leva a crer que competências e características profissionais não estão

ainda bem definidas para os doentes deste estudo. Referimos ainda que as habilitações

literárias, de um modo geral, são um factor sócio-demográfico importante para a

percepção do trabalho e evolução da equipa multidisciplinar.

No decurso do nosso trabalho percebemos a dimensão da teoria das representações

sociais, no ângulo da antropologia, da sociologia, da história e de outra ciências. Com

este trabalho de investigação não quisemos levantar polémicas, mas sim, como já foi

referido por Jodelet, tentar dar o nosso contributo para aprofundar e enriquecer o

conhecimento desta teoria, de forma particular no campo da intervenção da equipa

multidisciplinar. Por outro lado, reflectir um pouco mais sobre a actividade que

desenvolvemos enquanto elementos da equipa multidisciplinar e desta forma permitir

clarificar a importância dos mesmos para o doente.

Pela nossa parte, e após reflexão sobre esta temática, achamos que seria pertinente, que

se desenvolvessem ao nível do campo de investigação, outros estudos que visassem

estudar esta problemática.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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O desenvolvimento e conclusão da presente investigação permitiu identificar lacunas,

que, por falta de condições temporais, técnicas ou circunstanciais ocorreram e forneceu

sugestões para futuras investigações.

Assim, analisam-se de seguida alguns dos problemas identificados e algumas

perspectivas futuras no âmbito da investigação.

O facto da amostra incluir utentes de uma só instituição do Serviço Nacional de Saude

(IPOPFG, EPE), impede a extrapolação dos resultados deste estudo, não permitindo tirar

conclusões para a população portuguesa.

Futuramente, seria importante:

Realizar um estudo prospectivo e longitudinal, que possa esclarecer sobre as

experiências vivenciadas, aquando do internamento dos doentes.

Assim, acredita-se que os resultados resultantes do estudo Representação Social num

futuro próximo, poderá contribuir para integrar a avaliação nos serviços de saúde, tendo

como objectivo a satisfação do doente.

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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Anexos

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

ANEXO I – INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

ANEXO II – CONSENTIMENTO INFORMADO

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Representação Social da Equipa Multidisciplinar – Perspectiva do Doente Oncológico

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ANEXO III – AUTORIZAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA