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No meio da planície

uma cotovia canta,liberta de tudo.

Matsuo Bashô (trad. Luísa Freire, Imagens orientais, 2003)

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Ficha Técnica

DIRECTORA

Margarida Gil dos Reis ([email protected])

DIRECTORA ADJUNTA

Marta Pacheco Pinto ([email protected])

CONSELHO EDITORIAL

Arnaldo Saraiva (Univ. Porto)

Ellen Sapega (Univ. Winsconsin)

Fernando Guerreiro (Univ. Lisboa)

Helena Buescu (Univ. Lisboa)

João Ferreira Duarte (Univ. Lisboa)

Manuel Gusmão (Univ. Lisboa)

Paula Morão (Univ. Lisboa)

Paulo de Medeiros (Univ. Utrecht)

Susan Bassnett (Univ. Warwick)

Theo D’haen (Univ. Leuven)

REDACÇÃO

Elisabete Marques ([email protected])

Ricardo Paulouro ([email protected])

Rute Beirante ([email protected])

DIRECÇÃO ARTÍSTICA

Ricardo Paulouro

DESIGN GRÁFICO

David Duarte (www.daviduarte.com)

COLABORADORES DE IMAGEM

Adolfo Farsari

Dina Martins

Melanie Map´s

Tiago Oliveira

CAPA E SEPARADORES

David Duarte

IMPRESSÃO

Norprint, S. A.

PROPRIEDADE

Centro de Estudos Comparatistas

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

[email protected]

TIRAGEM

1000 exemplares

ISSN

1645-6017

DEPÓSITO LEGAL

196 998 / 03

PREÇO DE CAPA

10 Euros (com IVA incluído à taxa legal)

EDIÇÃO

Centro de Estudos Comparatistas

ERRATA

Na página 6 do número 14, onde se lê “neo-realismo”

deve ler-se “neo-liberalismo”.

TODOS OS ARTIGOS SÃO DA INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES

@2011 Textos e Pretextos e colaboradores deste número

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Editorial

Uma das muitas interessantes manifestações da psicologia do homem da Europa é sem

dúvida o amor, sentido por muitos indivíduos, pelos países estranhos e distantes,

pelas civilizações exóticas [...].

(Wenceslau de Moraes, “O Exotismo japonês” [1919]1)

Autodefinindo-se como amoroso do exotismo, Wenceslau de Moraes (1854-1929) cedo

compreendeu, com base na sua própria vivência de recolhimento no arquipélago nipónico durante

cerca de trinta anos, que a atracção pelo desconhecido é um traço característico do homem

europeu. É neste sentido que o número 15 da revista Textos e Pretextos convida o leitor a penetrar

o mistério do Oriente. Conceito de difícil definição, enformando sobretudo um imaginário colectivo

que se tende a fazer coincidir com determinadas fronteiras geográficas, é em 1978 analisado por

Edward Said, no seu texto seminal Orientalismo, como uma geografia imaginária. Ou seja, enquanto

construção discursiva pela qual a Europa procuraria exercer controlo e autoridade sobre esse Oriente,

transformado em palco da imaginação europeia e, por isso mesmo, fonte de um vasto leque de

representações atinentes à localização geográfica e à posição contingente de quem o enuncia.

O episódio do 11 de Setembro de 2001 inaugurou uma nova fase na redescoberta da arte

e da cultura orientais; no entanto, o Oriente islâmico e as suas relações com Portugal ou o seu

lugar na história e na literatura nacionais estão praticamente ausentes deste volume. Poderá isto

ser indicativo das principais tendências no estudo das relações entre Portugal e o Oriente, na

medida em que é sobretudo o Extremo Oriente (China e Japão) e a Índia que mais uma vez excitam o

imaginário nacional. Por um lado, a maior visibilidade deste mundo asiático na cultura portuguesa

contemporânea deve ser compreendida no âmbito da própria conjunctura socioeconómica e das

iniciativas de instituições privadas na promoção das culturas asiáticas em território nacional. Por

outro lado, a relação de Portugal com este Oriente é indissociável do projecto das descobertas de

Quinhentos e Seiscentos, em que Portugal mediou não apenas as relações comerciais com a Europa,

mas também as primeiras imagens que circularam sobre essas culturas longínquas. A salientar

ainda é o papel de Macau, que de estabelecimento português no Oriente, onde se processava o

1) Wenceslau de Moraes. 2006. O Exotismo japonês. In O-Yoné e Ko-Haru. Introdução de Tereza Sena. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 133.

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comércio internacional e regional de grande escala, foi assumindo progressivamente os contornos

de colónia. Foi este o último pilar do ciclo colonial português, que termina oficialmente em 1999

com a transferência de Macau para a República Popular da China.

Das contribuições ensaísticas incluídas na secção “Texturas” sobressaem vários Orientes.

O universo do paraíso artificial oferecido pelo “Opiário” de Álvaro de Campos, que Duarte Braga

analisa à luz do orientalismo de matriz saidiana, em diálogo com outras tendências orientalistas

da Europa finissecular e em articulação com a ideia nacional de Império. O Oriente chinês importado

da colecção Le Livre de jade (1867) de Judith Gautier, que Matteo Rei prova ter sido um

acontecimento literário com amplas repercussões na Europa oitocentista, analisando as suas

traduções para português e italiano e a conformação, por meio da tradução, dessa ideia de Oriente

à imaginação europeia. Por fim, a mulher chinesa do livro de contos A Chinesinha (1974) de

Maria Pacheco Borges, obra que Rogério Puga se propõe analisar como exercício de etnografia

literária, sobretudo no que toca a construção do exótico feminino enquanto espelho da condição

da mulher chinesa dentro da estrutura patriarcal da sociedade macaense da década de 1970.

Segue-se uma secção temática, com contribuições de quatro alunas de pós-graduação da

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que frequentaram o seminário “Visões do Oriente:

medos e seduções” (2009), coordenado pela Professora Ana Paula Laborinho. Tendo privilegiado

a análise de discursos europeus dos séculos XIX e XX sobre a China e o Japão a partir da perspectiva

orientalista problematizada por Edward Said, este seminário foi uma das primeiras iniciativas a

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nível pós-graduado para estudar como problema ou mito o Oriente na literatura portuguesa

finissecular em ligação com outros discursos coevos, sobretudo anglófono e francófono.

No conjunto de treze textos que compõe a secção “Contra-senha. Testemunhos” impera a

diversidade de temas, impressões e visões culturais, concretizados em estilos de escrita e registos

bem diferentes que sensibilizam o leitor para experiências, efeitos, sensações, sobretudo sons,

cheiros e imagens, que ilustram múltiplas formas de contacto intercultural.

Segue-se uma entrevista à polifacetada artista Fernanda Dias, que, nas artes plásticas, se

tem distinguido na arte da gravação e da pintura e, no âmbito da literatura, na poesia e também

no conto e na tradução poética. É um exemplo de sucesso de uma artista em constante movimento

entre Portugal e Macau, movimento este que a faz sentir-se permanentemente inspirada e ávida

de novas experiências, que naturalmente transpõe para o seu universo artístico.

Completa-se este volume com uma bibliografia seleccionada que privilegia trabalhos

monográficos e outros publicados em volume centrados nas relações entre Portugal e o Oriente.

Palavras finais de agradecimento a todos os colaboradores de texto e de imagem que se

disponibilizaram a enriquecer este álbum de viagens, sonhos e devaneios, assim como a todos

os que gostariam de ter colaborado mas que se viram impossibilitados por imposições de tempo

e prazos próprias de uma publicação desta natureza.

Marta Pacheco Pinto