repórter do marão

24
“Universidade funciona como um quartel dos anos 60, em que as pessoas vêm cá fazer a recruta" DOURO EMPREENDEDOR Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste repór ter do marão ABRIL ’ 12 Nº 1262 | abril '12 | Ano 29 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem média: 20 a 30.000 ex. OFERECEMOS LEITURA. Presidente da ULS teme que falta de dinheiro “possa afetar os cuidados de saúde" BELMIRO DE AZEVEDO: 'Falta de emprego é o trauma da crise' LEONOR SOUSA BASTOS: 'Chef no feminino deixou de ser preconceito' SAÚDE NO NORDESTE

Upload: reporter-marao

Post on 15-Mar-2016

219 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Revista Mensal de Informação. Tiragem média de 20 a 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança e parte dos de Viseu, Aveiro e Braga. Regiões do Douro, Tâmega e Sousa

TRANSCRIPT

Page 1: Repórter do Marão

“Universidade funciona como um quartel dos anos 60, em que as pessoas vêm cá fazer a recruta"

DOURO EMPREENDEDOR

Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste

repórterdomarãoABRIL ’ 12

Nº 12

62 | a

bril '

12 | A

no 29

| Men

sal |

Assin

atur

a Na

c. 40

€ | D

ireto

r: Jo

rge S

ousa

| Edi

ção:

Tâm

egap

ress

| Re

daçã

o: M

arco

de Ca

nave

ses |

t. 91

0 53

6 92

8 | Ti

rage

m m

édia

: 20 a

30.0

00 ex

. OF

EREC

EMOS

LEI

TURA

.

Presidente da ULS teme que falta dedinheiro “possa afetar os cuidados de saúde"

BELMIRO DE AZEVEDO: 'Falta de emprego é o trauma da crise' LEONOR SOUSA BASTOS: 'Chef no feminino deixou de ser preconceito'

SAÚDE NO NORDESTE

Page 2: Repórter do Marão

“Um doce por dia não faz mal”Pão-de-ló para um final feliz, bolo de chocolate com peras, mini-cheesecakes frios com morangos… só os nomes deixam a salivar até o menos guloso. Se a eles se juntarem as fotografias dos doces que saem das mãos, e da imaginação, de Leonor de Sousa Bastos, então a delícia é completa e flagrante. Flagrante Delícia é mesmo o nome do blogue que esta chef de pastelaria natural do Porto criou sem sonhar com o sucesso que iria ser e a inspiração que iria gerar nos milhares de seguidores viciados nas suas receitas de sobremesas porque, afinal, “um doce por dia não faz mal”.

ENTREVISTA | Chef Leonor de Sousa Bastos diz que a gastronomia atravessa a melhor fase

Liliana Leandro | [email protected] | Fotos D.R.

Nome completo: Leonor de Sousa BastosData de nascimento: 07 de fevereiro de 1983Local de Nascimento: PortoHabilitações literárias: Pós-graduação em alta cozinhaLivro Preferido: Livro do DesassossegoFilme: Labirinto do Fauno

Page 3: Repórter do Marão

“Um doce por dia não faz mal”“Desde pequena que gostava de estar na cozinha a observar e a ajudar nas tarefas mais

simples. Achava fascinante a preparação do menú nas reuniões e festas de família que, nor-malmente, eram verdadeiras odisseias”, começa por recordar Leonor de Sousa Bastos, criada num ambiente onde “sempre se cultivou o prazer da mesa”. Aos 10 anos, e com a partida da avó, também Leonor, começou a organizar e experimentar todas as receitas deixadas e, qua-se sem se aperceber, foi-se dedicando aos doces.

DocePorém, o destino tinha outros planos e levou-a para um curso de direito para o qual sen-

tia que não tinha a menor vocação. “Nunca me imaginei a ter uma profissão que não gos-tasse e como sempre tive a noção de que a maior parte do nosso tempo é passada a traba-lhar, achava que tinha que trabalhar com prazer”, confessou Leonor. Lentamente começou a substituir os códigos e leis pelas receitas e pelo açúcar e até percebeu que “preferia cozinhar do que ir às aulas”, mas faltava a coragem de recomeçar do zero e trocar tudo pela cozinha.

Um dia Leonor conheceu o namorado Miguel, arquiteto e fotógrafo, com quem sentiu o “apoio necessário” para seguir um novo caminho e deixar o Porto para rumar a Palma de Maiorca naquela que seria a aventura do curso de cozinha. “Escolhi Maiorca porque dentro das opções que conhecia, no momento, era aquela que tinha melhor fama e custos mais ou menos suportáveis”, contou.

Foi com os doces de Palma que em 2008 Leonor lançou o Flagrante Delícia na Internet, criando água na boca logo com uma receita de trufas de chocolate. Seguiram-se as madale-nas, as delícias de café, o tiramisu e os brigadeiros, as ganaches e as dacquoises, os scones, as tortas e até o arroz doce. Tudo num incansável bailado de doces até chegar aos 17 mil segui-dores, às 12 mil visitas diárias e a um total de seis milhões de visitas. “Nem eu própria sei como é que o Flagrante Delícia teve tanto sucesso. Foi repentino, nunca foi planeado e teve resulta-dos completamente inesperados”, diz Leonor que acabou por publicar em 2010 o livro de re-

ceitas com o nome de um dos blogues mais doces da blogosfera.Ainda que doce, o seu percurso pela cozinha não foi apenas uma adição de açúcar. “Tra-

balhar em cozinha implica um enorme esforço físico e, à partida, as mulheres estão em des-vantagem” porque “são muitas horas de pé, material pesado e perigoso, um horário sem hora de saída e muito stress”. E mesmo que nas novas cozinhas já não haja preconceito para com uma chef no feminino, a verdade é que na turma de Leonor em mais de 20 alunos apenas oito eram mulheres e no final do primeiro ano três desistiram. Não foi o caso da “hormigui-ta” Leonor para quem “a gastronomia em Portugal está agora a passar pela sua melhor fase”.

“ O facto de haver cursos de cozinha e hotelaria cada vez mais bem estruturados está a dar os seus frutos com uma nova geração de chefs com cultura, que conhecem o que se faz em todo o mundo e se preocupam por valorizar os produtos e origens portuguesas”, desta-ca a chef de pastelaria que nota “alguma evolução” nas sobremesas dos restaurantes mas de-fende um trabalho em conjunto entre chef de cozinha e de pastelaria para a “criação de pra-tos e menus harmoniosos”.

Delícia Harmonia à parte, a verdade é que “há uma procura crescente de uma alta pastelaria e

também de uma pastelaria caseira, com bons ingredientes e sabores mais simples que recor-dem aquele bolo que muitas pessoas nunca chegaram a fazer ou a comer em casa” porque “o doce deixou de ser visto como o pecado dominical para passar a fazer parte de um menu di-ário”. Aliás, a própria Leonor admite comer um “doce por dia” já que “na quantidade certa, não faz mal a ninguém se se tiverem cuidados gerais com a alimentação e estilo de vida”.

Sem querer revelar pormenores de projetos atuais, Leonor de Sousa Bastos conta ape-nas estar a preparar um dos seus sonhos e diz ter sido convidada para fazer parte de um livro que vai ser publicado fora de Portugal. “Faltam-me conquistar imensas coisas mas não quero morrer sem deixar uma marca na pastelaria”, remata.

ENTREVISTA | Chef Leonor de Sousa Bastos diz que a gastronomia atravessa a melhor fase

Liliana Leandro | [email protected] | Fotos D.R.

BOLO DE CHOCOLATEPara 6 a 8 pessoas:

Bolo- 200 g de chocolate negro 52 %- 200 g de manteiga - 5 ovos- 150 g de açúcar- 1 pitada de sal- 50 g de amido de milho, peneirado

BoloPré-aquecer o forno a 180º C. Untar com manteiga uma forma redonda com 23 cm de diâmetro e forrar o fundo com papel vegetal. Derreter o chocolate com a manteiga em banho-maria ou no microondas.Bater os ovos com o açúcar e o sal até homogeneizar. Jun-tar o chocolate derretido com a manteiga à mistura de ovo. Juntar o amido de milho e bater até homogeneizar.Cozer durante 20 a 22 minutos (o centro ainda deve es-tar mole).Retirar o bolo do forno e deixar arrefecer completamen-te dentro da forma. Desenformar o bolo sobre uma gra-de de pastelaria.

GanacheCortar finamente o chocolate com uma faca de serra ou usar uma picadora.Levar as natas a levantar fervura.Deitar as natas, aos poucos, sobre o cho-colate, mexendo com cuidado.Adicionar a manteiga e mexer com uma colher até que a mistura fique lisa e bri-lhante.Deitar toda a ganache sobre o bolo, dei-xando escorrer o excesso.Transferir o bolo para um prato com a aju-da de uma espátula.

Ganache- 200 g de chocolate negro 52 %- 50 g de natas- 50 g de manteiga amolecida

Page 4: Repórter do Marão

ENTREVISTA | ANTÓNIO MARÇÔA, Presidente da Unidade Local de Saúde do Nordeste Transmontano

Falta de dinheiro pode afetar cuidados de saúde

António Marçôa (na foto, em baixo à esquerda) foi o escolhido para conduzir o novo mo-delo de gestão da saúde no Nordeste Transmontano e é o único elemento das an-teriores administrações dos centros de saúde e hospitais que transitou para a admi-nistração da nova ULS.

O presidente do conselho de administração ainda está a elaborar o que chama de “plano de negócios” para os próximos três anos e que ditará as prioridades e ne-cessidades, na certeza de que terá de fazer muitas contas para conciliar os cortes di-tados pela contenção nacional com as necessidades de uma população envelhecida e dispersa por um vasto território.

Ás distâncias geográficas somam-se agora outras dificuldades no acesso à saúde numa região onde uma urgência pode custar meia reforma para um idoso regressar a casa e onde são cada vez mais as queixas daqueles que se vêem obrigados a aban-donar tratamentos e a faltar a consultas por falta de dinheiro para transporte.

O presidente da ULS acha que está a haver “muita confusão nesta região” relati-vamente ao transporte de doentes e admite que seja fruto da falta de esclarecimen-to por parte de quem de direito.

Desde o início do ano, as unidades hospitalares registaram “uma quebra”, que não soube especificar em números, nos reembolsos aos utentes que, em 2011, atin-giram os dois milhões de euros.

A ULS já fez publicar um comunicado a tentar esclarecer a população das novas regras que os responsáveis garantem continuar a apoiar quem precisa, mas que re-conhecem também que deixam de fora muitos dos que antes eram apoiados.

O anterior regime do transporte de doentes não urgentes garantia a todos os utentes que tivessem de se deslocar mais de 20 quilómetros da sua residência o re-embolso equivalente ao preço do transporte público mais barato, o autocarro.

Este benefício acabou e a nova legislação garante transporte em ambulância apenas quando “a situação clínica o justifique” e assegura direito de transporte a quem se encontrar em “situação de insuficiência económica”, ou seja que “integre um agregado familiar com rendimento médio mensal inferior a 419 euros, o valor do

indexante de apoios sociais”.A “confusão” alegada por António Marçôa permanece nestes casos já que nin-

guém sabe de que forma será feito o transporte, apenas que quem estiver nestas condições “tem de entregar um comprovativo das Finanças nos serviços sociais” da respetiva unidade de saúde para poder beneficiar de transporte, mas ainda nin-guém esclareceu em que condições será feito.

“Está a funcionar”, garantiu ao RM António Marçôa, acrescentando que “as pesso-as queixam-se porque antigamente não era obrigatório ter essa prova de insuficiên-cia económica, hoje em dia isso exige mais burocracia e a campanha que se fez em nada acabou por esclarecer os utentes e eventualmente deu mais confusão”.

O administrador garantiu ainda que a quebra registada nos reembolsos não se refletiu no número de utilizadores dos serviços de saúde. “A nível de utentes não no-tei quebra nenhuma”, afirmou.

Rede de urgências não depende da ULS

António Marçôa não prevê grandes alterações a nível da oferta existente no Nor-deste Transmontano, mantendo a especialização de cada um dos três hospitais com Mirandela a assegurar toda a cirurgia de ambulatório, Macedo de Cavaleiros a orto-pedia e Bragança com a urgência médico cirúrgica mais completa da região.

Já sobre a rede de urgências não pode garantir que não haverá alterações por essa matéria não ser da competência da ULS, mas defende “a manutenção de três ur-gências, uma a norte, outra a sul e outra no interior da região”.

Na rede de emergência, considera também fundamental “o helicóptero a funcio-nar em condições e os meios de emergência médica para colocar o doente no local adequado”.

“No país, a tendência até pode ser de olhar só para os números, mas nós cá es-tamos para desfazer isso”, afirmou, manifestando-se contra os critérios usados nas decisões. António Marçôa discorda que “se utilizem como argumento, por exemplo, médias nacionais ou até da região Norte, para serem aplicadas à ULS do Nordeste porque há-de sempre perder” relativamente ao resto do país.

Provavelmente, segundo diz, “se os 144 mil habitantes desta região estivessem localizados numa única cidade, seria apenas necessário um hospital com um único serviço de urgência e dois ou três centros de saúde”.

Mas estão dispersos por “sete mil quilómetros quadrados, que representam 40 por cento da região Norte, o que obriga a “ ter sempre mais recursos, mais redun-dância de recursos”.

O administrador “ainda não tem todos os dados para garantir que a ULS tem con-dições de garantir a prestação de cuidados e de qualidade aos utentes”, mas já tem a “noção perfeita que vai haver subfinanciamento” e que os cerca de 90 milhões de euros anuais que lhe foram atribuídos são “efetivamente insuficientes e bastantes in-feriores àquele (valor) atribuído a outras unidades”.

O orçamento foi calculado através da chamada capitação que atribui menos cem euros por habitante à ULS do Nordeste do que a outras semelhantes, segundo disse.

Se a administração conseguir convencer o Ministério da Saúde a alterar a capita-

Três meses depois de ter tomado posse, a administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULS do Nordeste) está a trabalhar no proces-so de reorganização dos cuidados primários e hospitalares que ficaram agrupados sob a mesma gestão.

O presidente do novo organismo, que gere os três hospitais e 15 cen-tros de saúde do Nordeste Transmontano ainda não dispõe de todos os dados para garantir que a ULS tem condições para prestar os cuidados necessários e de qualidade aos utentes.

O que parece cada vez mais evidente é que o orçamento de 90 milhões de euros é “manifestamente insuficiente” e conseguir convencer a tutela da necessidade de mais dinheiro para tratar os 144 mil habitantes desta região será o principal desafio deste gestor.

Helena Fidalgo | [email protected] | Fotos D.R./Arquivo Lusa e ULS-NE

Page 5: Repórter do Marão

ENTREVISTA | ANTÓNIO MARÇÔA, Presidente da Unidade Local de Saúde do Nordeste Transmontano

Falta de dinheiro pode afetar cuidados de saúdeção poderia ganhar mais cerca de 15 milhões de euros, o que já permitiria algum equilíbrio das contas, junto com a amortização que o Estado vai fazer de 50 por cento da dívida dos hospitais e que, no caso do Nordeste, implicará uma redução para metade do passivo de 30 milhões de euros.

“Nós estamos dispostos a provar a necessidade de financiamento e a defender a discri-minação positiva da ULS”, afirmou, adiantando que pretende iniciar negociações logo que o plano de negócios esteja concluído, o que perspetiva para “dentro de um mês”.

Crise pode empurrar médicos para o Interior

António Marçôa vai também ter de convencer a tutela a autorizar a contratação de vários especialistas que acredita conseguir “sem mais custos”, transferindo para os salá-rios que vierem a ser pagos a despesa que, neste momento, está a ser feita em horas ex-traordinárias.

A ULS do Nordeste precisa de um dermatologista, especialidade que não existe na re-gião, de mais um cardiologista, mais um nefrologista, e mais alguns cirurgiões e anestesistas.

A falta de médicos no Interior é um problema antigo, mas o presidente da ULS acredita que “a conjuntura atual, sendo negativa, para este caso específico é uma oportunidade por-que há muito especialista que, no litoral, está a ver que afinal de contas aquela certeza que ti-nha na empregabilidade médica, hoje já não é verdade”.

“A crise pode ser benéfica e nós, neste momento, já temos vários contactos com mé-dicos e penso que iremos conseguir atrair efetivamente alguns profissionais para cá”, sus-tentou.

A nível da enfermagem, também foram detetadas algumas carências nos três hospitais que a administração pensa resolver com “a folga” que existe nos centros de saúde. Apostar na “internalização” dos meios complementares de diagnóstico é outra orientação para reduzir custos e, depois das análises clínicas, seguem-se exames como raios X e ecografias.

Uma das primeiras medidas que esta administração tomou foi determinar que os uten-tes do Serviço Nacional de Saúde passem a fazer análises clínicas apenas nas unidades públi-cas, deixando de recorrer aos convencionados.

A medida tem sido alvo de contestação por parte dos privados e a Associação Nacional de Laboratórios já anunciou que vai processar esta e outras ULS que adotaram a mesma me-dida, nomeadamente as de Portalegre e da Guarda.

“Nós temos equipamentos instalados nos três hospitais, nós temos recursos nos três hos-pitais, para que é que eu vou mandar as análises clínicas serem feitas fora e pagar se eu as posso fazer aqui?”, pergunta António Marçôa que não se mostra “minimamente preocupado” com o protesto dos convencionados.

Até ao final do primeiro semestre, o administrador pretende alargar a medida à imagio-logia e quer também poupar nos convencionados em outras valências como a fisioterapia, a gastrenterologia e cardiologia.

A ligação entre os cuidados primários e hospitalares é “o mais importante” deste novo modelo de gestão da saúde na região. António Marçôa anunciou ainda que, com os profis-sionais existentes, será possível retomar “dentro de um mês” nos centros de saúde as valên-cias suspensas desde o início do ano como podologia, terapia da fala, eletrocardiologia, en-tre outras.

O mercado da energia está a ser progressiva-mente liberalizado e logo no primeiro dia de Janei-ro de 2013 as tarifas reguladas de electricidade e de gás serão extintas para todos os consumidores.

O fim das tarifas reguladas de gás natural faz com que os preços até aqui fixados pela entidade reguladora, ERSE, passem a ser definidos pelas empresas presentes no mercado.

Os portugueses passam assim a escolher en-tre os operadores do mercado o que mais lhe convier.

A Goldenergy lançou já uma campanha muito competitiva para fidelizar novos clientes. Assume todos os procedimentos necessários à mudança e dispensa os seus clientes da taxa fixa, o que em média se traduz numa poupança de cerca de 20%, sobre os valores hoje praticados no merca-do regulado.

A Goldenergy é uma empresa do grupo Dou-rogás e já opera à escala nacional tendo vindo a conquistar mercado na área das pequenas e mé-dias empresas e nos agregados familiares.

Tem já como clientes de referência, Hospitais Centrais, Empresas Industriais, e até o Centro Cultural de Belém ou o Santuário de Nossa Se-nhora de Fátima.

Os consumidores que pretendam melhorar as condições de fornecimento, podem consultar a Goldenergy, pelo telefone gratuito, 808 205 005 e comparar preços, formas de pagamento, pra-zos e promoções.

A mudança de comercializador não acarre-ta qualquer custo para o consumidor, é muito simples e o tempo de espera é de cerca de três semanas. A mudança pressupõe a existência de novo contrato de fornecimento de gás natu-ral. Após a assinatura do novo contrato, segundo a lei, o novo comercializador trata de todos os aspectos técnicos relacionados com a transfe-rência da relação contratual. Até à data da reali-zação da mudança, o fornecimento de gás natural mantém-se com o anterior comercializador.

Publicidade

Page 6: Repórter do Marão

MARCO DE CANAVESESPatrão da SONAE no Congresso dos 160 Anos

'Quem não dá o salto para empresário

não consegue criar riqueza

e emprego'Belmiro de Azevedo é conhecido pelo império que fez nascer e pela frontalidade com que diz o que pensa. Observador, crítico e bem-sucedido, Belmiro conquistou o mundo dos negócios. É o mais velho dos oito filhos de Manuel de Azevedo, carpinteiro e agricultor, e de Adelina Ferreira Mendes, costureira. Natural do Marco de Canaveses – foi um dos convidados do Congresso dos 160 Anos da fundação do Município –, o empresário faz questão de vir com frequência à terra que o viu nascer e onde consegue juntar a família.

Aos 74 anos, Belmiro continua ativo e com a vi-são de negócios bem apurada. Um dos homens mais ricos de Portugal considera que não basta ser empreendedor, é necessário ser empresário. “Quem não consegue dar o salto para empresá-rio não é capaz de criar riqueza nem emprego”, ex-plicou.

Para o dono da SONAE, o desemprego é con-sequência da crise e afeta toda a gente de igual forma. “A falta de emprego é o trauma da crise. Hoje em dia é fácil verificar a reação das pessoas à crise e a forma como reagem ao desemprego. Não estamos apenas a falar dos operários com baixos

salários mas também dos que recebiam um bom ordenado. As pessoas não estavam habituadas às agruras de não ter dinheiro”, disse Belmiro de Aze-vedo.

O marcoense considera que os empresários têm de ir para onde existe atividade económica e deixar de lado a conotação negativa que a pala-vra emigrante tinha até agora. “Hoje em dia é difí-cil ter trabalho sempre no mesmo sítio. A palavra emigrante já não se usa e considero que se deve-riam chamar viajantes porque o emprego só exis-te onde há condições”, considerou.

O empresário defendeu ainda a mobilidade e o uso das novas tecnologias. “Atualmente, não é necessário ter um local fixo para trabalhar. Tendo um telemóvel e um automóvel somos ‘supermó-veis’. O que é preciso é ir para onde há falta de pes-soas e oportunidades de trabalho”.

Rio Tâmega é uma lixeira Belmiro sempre afirmou que tem uma forte li-

gação ao Marco de Canaveses e nunca escondeu as origens. Aproveitando o convite da Câmara Municipal para o congresso dos 160 anos do con-celho, Belmiro fez afirmações surpreendentes.

“Eu acho que o Marco não tem dois rios mas apenas um, o Douro. O Tâmega não pode ser con-siderado um rio mas sim uma lixeira. A distribui-ção vegetal e animal no rio é elevada havendo um excesso de nutrientes, ou seja, é um depósito dos

dejetos da cidade”, disse o empresário.Belmiro considerou ainda que é necessário

“criar sistemas modernos para a limpeza do rio”. “Com pouco dinheiro é possível transformar uma coisa horrível em algo positivo e que valorize a ci-dade”, afirmou.

Belmiro oferece apoio para requalificar a zona industrial

O engenheiro propôs um processo de requa-lificação na zona industrial de forma a facilitar o acesso. “Com uma intervenção simples era possí-vel ganhar qualidade urbanística e melhorar toda a zona”, referiu.

Belmiro acrescentou ainda que a intervenção deve contar com o apoio dos empresários e que ele próprio está disposto a apoiar.

“Espero que assim tenhamos a zona industrial do Marco de Canaveses requalificada mais de-pressa”, salientou.

O patrão da SONAE vem com frequência ao Marco de Canaveses e admite que é onde encon-tra alguma paz. “Eu venho praticamente todos os fins de semana ao Marco e é aqui que junto a famí-lia e estamos um bom bocado”, confessou.

Ao Repórter do Marão recordou o tempo em que caçava com o pai e como se sentia bem em terras marcoenses. “O meu health club foi durante muitos anos aqui, quando eu corria pelo meio dos campos”, recordou.

Joana Vales | [email protected] | Fotos J.V.

Page 7: Repórter do Marão
Page 8: Repórter do Marão

A mediação que fal tava | Fórum quer descobrir oportunidades a 2 e 3 de maio

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos J.S. e D.R.

A rede conta com 26 parcerias de agentes estratégicos, cuja articulação de esforços e com-petências vai potenciar o desenvolvimento de iniciativas empreendedoras numa região que apresenta os menores índices de desenvolvi-mento da Europa. “Se existir um potencial em-presário que queira investir numa determinada área e apresente o projeto, nós vamos ver quais são os parceiros que estão mais capazes para apoiar”, explica Fontaínhas Fernandes.

Entre este conjunto de entidades encon-tram-se a Estrutura de Missão do Douro, as ins-tituições de Ensino Superior, as autarquias e as associações de desenvolvimento, comerciais e empresariais. A UTAD e o Instituto Politécnico de Bragança vão funcionar como front-offices, assegurando a articulação com toda a rede: “va-mos dizer se é necessário um plano de negócio, um estudo de mercado ou quais as fontes de fi-nanciamento a que podem recorrer. No fundo, vamos facilitar e aumentar a fluidez dos canais que permitam a criação da empresa”. Assim, os empreendedores vão ser apoiados na matura-ção da ideia, na análise de risco, na constituição formal da empresa, na implementação de siste-mas de apoio à gestão, na cooperação empresa-

rial e internacionalização.O ambiente, a cultura e os vinhos foram os

clusters identificados como oportunidades de negócio no Douro, mas é fundamental “fazer a diferença”. “As pessoas não podem replicar o mesmo estilo de negócios. É preciso existir al-gum talento e criatividade”, frisa Fontaínhas Fer-nandes.

Liderada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), a rede EmpreenDouro tem aprovados pelo QREN dois projetos: Douro Empreendedor e Empreen-dedorismo Local, que vão receber um financia-mento de, aproximadamente, 800 mil euros.

Impulsionar a criatividadeFontaínhas Fernandes considera que é prio-

ritário estimular a criatividade nos jovens. “Nes-te momento, existe um hiato em Portugal. O Governo e os portugueses já perceberam que temos que conduzir os jovens para a criação de emprego e de empresas.”

Embora já existam unidades curriculares de empreendedorismo nos cursos superiores, o docente defende que é crucial introduzi-las no

Com o envolvimento de 26 instituições, a rede EmpreenDouro tem como linhas-mestras a

dinamização do empreendedorismo, a criação de empresas e uma inversão de paradigma na região duriense. “Importa criar condições para que as pessoas invistam no Douro, tanto os que estão cá, os que já estiveram, como aqueles que queiram estar”, sublinha António Fontaínhas Fernandes, coordenador do projeto Douro Empreendedor e docente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Page 9: Repórter do Marão

A mediação que fal tava | Fórum quer descobrir oportunidades a 2 e 3 de maio

A 2 e 3 de maio, a UTAD vai acolher o Fórum de Empreendedoris-mo e Empregabilidade. Durante o evento, discutir-se-á o papel das ins-tituições de Ensino Superior, nomeadamente a necessidade de, em paralelo com a formação e a investigação, apoiarem os jovens a criar empresas; haverá ainda testemunhos de empreendedores de sucesso e serão apresentadas boas práticas no Douro.

“Teremos ainda outro painel de jovens que tiveram alguma paixão com o Douro e que tomaram a decisão de não investir na zona de onde são provenientes”, avança Fontaínhas Fernandes.

O Fórum funcionará ainda como “uma montra de visibilidade” da rede, dando a conhecer os parceiros e o modo como podem auxiliar os potenciais empreendedores. “Em paralelo, vai existir um conjunto de empresas que, na perspetiva de empregabilidade, vão mostrar de que forma poderão apoiar”, acrescenta.

Estima-se que 400 pessoas possam vir a marcar presença no Fórum de Empreendedorismo e Empregabilidade.

Para maio, está ainda agendado o lançamento do Prémio Empre-enDouro que pretende distinguir o que de melhor se faz no Douro em matéria de empreendedorismo, inovação e promoção.

Dar a conhecer os bons exemplosFontaínhas Fernandes, Coordenador do projeto

início da formação e não no último ano, pois nessa altura “já é demasiadamente tarde”. “O jovem deve perceber as ferramentas, a neces-sidade de ser criativo e, no projeto final de cur-so, já pode complementar a sua ideia de em-presa.”

O professor universitário entende que as instituições de Ensino Superior devem desen-volver “um ecossistema que, além da forma-ção em determinada área, desenvolva uma cultura de empreendedorismo e outro tipo de competências como a responsabilidade social e ambiental, o voluntariado e a cultura”.

A 'recruta' à anos 60...A maioria dos estudantes que ingressa na

UTAD é oriunda do Norte litoral e, após a con-clusão da formação académica, regressa “ime-diatamente” às origens. “A Universidade está a funcionar como um quartel dos anos 60, em que as pessoas vêm cá fazer a recruta, que neste caso é o curso, e regressam à terra de origem. Portanto, a região tem que ter uma estrutura que fixe e crie condições para o em-preendedorismo.”

Page 10: Repórter do Marão

MARCO DE CANAVESES: DOLMEN - Lg. Sacadura Cabral | Edf. Asa Douro, Sala 5 | T. 255 521 004

As candidaturas provenientes dos concelhos de Amaran-te, Baião e Marco de Canaveses representaram 84%. De sa-lientar que os restantes municípios que compõem o terri-tório do GAL Dolmen apenas são abrangidos por parte das freguesias.

Após a análise das candidaturas referentes à medida 3.1 – Diversificação da economia e criação de emprego do Subprogra-ma 3 do PRO-DER, foram aprovados 31 projetos empresariais do territó-rio do Baixo-Tâmega (Amarante, Baião, Marco de Canaveses, Resende, Cinfães e Penafiel) correspondendo a um total de 2 796 241,65 € em termos de incentivo. Esta medida cria-rá ainda 77 postos de trabalho dos quais cerca de 14 serão qualificados.

A taxa de aprovação foi de 50%, sendo que Amarante viu 10 projetos aprovados representando um investimento to-tal de 1 988 560,75 € e uma comparticipação por parte do PRODER de 970 432,27 €.

Baião teve 11 projetos aprovados representando um in-vestimento total de 2 057 500,94 € e uma comparticipação de 853 399,12 €.

Marco de Canaveses obteve 5 projetos aprovados repre-

sentando um investimento total de 1 108 114,60 € e uma comparticipação de 496 623,68 €.

Cinfães teve 2 projetos aprovados representando um in-vestimento total de 533 524,71 € e uma comparticipação de 191 817,61 €. Resende teve também 2 projetos aprova-dos representando um investimento total de 557 797,76 € e

uma compar-ticipação de 246 962,60€ e Penafiel com 1 proje-to aprovado

que representa um investimento total de 61 959,31 € e uma comparticipação de 37 006,37 €.

Os incentivos variam conforme os postos de trabalho (PT) a criar, ou seja, os projetos que não criam PT, são ape-nas financiados em 40%, se criar 1 PT em 50% e se criar 2 ou mais 60%.

Na ação 3.1.1, destinada essencialmente a projetos de agroturismo, foram aprovados 7 projetos, sendo dois do concelho de Amarante, dois de Baião, dois do Marco de Ca-naveses e um de Resende, representando um investimen-to total de 1 818 648,85 € e uma comparticipação de 733 101,86 €. Os projetos aprovados criarão 15 postos de traba-lho dos quais 4 são qualificados.

31 Projetos apoiados pela Medida 3.1 – Diversificação da economiae criação de emprego do PRODER – Subprograma 3

A Dolmen – Cooperativa de Formação, Educação e de Desenvolvimento do Baixo-Tâmega, foi a entidade responsável pela análise das 62 candidaturas, entregues no âmbito do 2º Concurso, das quais 11 foram apresentadas à ação 3.1.1 – Diversificação de Atividades na exploração Agrícola, 29 à ação 3.1.2 – Criação e Desenvolvimento de Microempresas e 22 à ação 3.1.3 – Desenvolvimento de Atividades Turísticas e de Lazer.

Quadro 1. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.1.1

FESTIVAL DO VERDE NA FREGUESIA DE SANCHE

(AMARANTE)

Promovido pela DOLMEN e pela Junta de Freguesia de San-che e com o apoio da associação CCR Sanche, vai ter lugar a 5 e 6 de Maio o Festival do Verde, uma das iguarias tradicionais daquela zona do concelho de Amarante.

O evento – que é financiado pelo PRODER – tem como ponto forte a degustação do 'Verde Ba-zulaque', mas nos dois dias do Fes-tival serão servidos petiscos, cal-do verde e o afamado vinho verde da sub-região de Amarante.

A animação do Festival integra um Encontro de Violas Amaranti-nas, Cantares ao Desafio e música popular com os grupos "Propago-de", "Marão Tradicional" e Tuna de Gondar".

Investimento elegível

4.757.088,13Incentivo aprovado

2.796.241,65Postos trabalho a criar

77

Page 11: Repórter do Marão

BAIÃO: DOLMEN - Centro de Promoção Produtos Locais | Rua de Camões, 296 | T. 255 542 154

31 Projetos apoiados pela Medida 3.1 – Diversificação da economiae criação de emprego do PRODER – Subprograma 3

Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

Quadro 2. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.1.2

Na ação 3.1.3 destinada ao turismo e lazer, foram aprovados 8 projetos totalizando um investimento total de 1 863 447,00 € e uma comparticipação de 758 471,23 €. Os incentivos ao investimento atribuí-

dos nesta ação visam melhorar a oferta de alojamen-to turístico e criar 18,5 postos de trabalho, sendo 2,5 postos de trabalho qualificados.

Quadro 3. Comparticipação dos projetos aprovados na ação 3.1.3

O projetos apresentados na ação 3.1.2, visam na sua maioria à dinamização da economia local, quer através da modernização ou expansão da atividade quer na criação de microempresas. Das 29 candidatu-

ras apresentadas, 16 mereceram aprovação represen-tando um investimento total de 2 625 362,22 € e uma comparticipação de 1 304 668,56 €. Esta ação criará ainda 43,5 postos de trabalho, sendo 6,5 qualificados.

FESTA DAS CAVACAS RESENDE22 DE ABRIL

Algumas dezenas de pequenos produtores de cavacas perpetuam em Resende uma iguaria cuja ori-gem os registos situam na Idade Média e que a autarquia tem pro-curado expandir a todo o territó-rio nacional.

A feira/festa das cavacas de-corre a 22 de abril naquela vila do Douro Sul, podendo ser visitada a partir das 11:00 no pavilhão mul-tiusos de Aregos.

Para obstar à falsificação ou adulteração do produto regional, a Câmara tem promovido medi-das para preservar a qualidade.

O programa do evento inclui ani-mação musical e no encerramen-to serão entregues certificados de participação aos produtores.

Page 12: Repórter do Marão

CABINAHIDROMASSAGEM10 JACTOS

369, 90€

MÁQ. LAVAR PRATIC 1500W

79, 90€

PENAFIEL

TDT SD4

23, 90€

139, 90€CONJ. ESCRITÓRIO

C/ OFERTA DE CADEIRA

Page 13: Repórter do Marão

199, 90€

CHURRASQUEIRA C/ GRELHA

MÁQ. LAVAR PRATIC 1500W

79, 90

CONJ. BERBEQUIM 1050W

+ APARAFUSADORA Li 4V

94, 90€

Preç

os v

álid

os n

este

pon

to d

e ve

nda,

sal

vo ru

ptur

a de

sto

ck o

u er

ro ti

pogr

áfic

o. A

dere

ços

não

incl

uído

s. F

otos

não

con

trat

uais

.CORTA RELVABOSCHROTAK 32, 1200W

C/ OFERTA DE APARADOR

89, 90€

Page 14: Repórter do Marão

EPAMACUMA REFERÊNCIA VITAL A SEGUIR

Tive a felicidade de visitar no início de abril a EPA-MAC. E do que vi, do que observei, do que reparei, do que inquiri e do que ouvi (de professores e de alunos) posso afirmar o que já pressentia e sabia: esta esco-la é mais do que uma escola. Esta escola é uma refe-rência para o que deveriam ser os projetos educati-vos de capacitação, realização e desenvolvimento dos nossos jovens.

Como é sabido, estive ligado à génese das escolas

profissionais, em 1988_1989. Como também será re-conhecido, muito escrevi sobre este modelo educati-vo, tendo aliás defendido uma tese de mestrado so-bre esta realidade, logo em 1992. Enquanto diretor do Departamento do Ensino Secundário (entre 1994 e 1996) pude acompanhar muito de perto a evolução e involução desta rede de escolas. E pude também lu-tar pela sua sobrevivência política no período crítico de 1995.

Retomo, de qualquer modo, a tese deste peque-no artigo: esta escola é uma referência vital, fonte de inspiração e de vida para duas centenas de alunos e merece por isso ser reconhecida e apoiada enquan-to escola pública detentora de um património de va-lor incalculável.

São sete os argumentos que quero aqui utilizar:

1) Porque o seu modelo educativo funda-se na aliança dos saberes necessários à vida presente e futura. Aqui não é só a teoria inerte que conta; não é o saber livresco e abstrato que gera o in-sucesso e o abandono que aqui tem lugar; não é o saber científico desligado da realidade que interessa cultivar; não é o saber técnico e prá-tico desligado da sua fundamentação. Aqui, os saberes coabitam porque todos são necessá-rios para a realização da pessoa, do cidadão e do profissional.

2) Porque a sua prática pedagógica promove o su-cesso dos alunos, colocando o sentido da ação em primeiro lugar. Pude ouvir os alunos do 3º ano falar, com um brilho nos olhos, dos coelhos pelos quais são responsáveis; das perdizes que cuidam durante todo o ciclo produtivo; das tru-tas e das vacas; e também das plantas, dos co-gumelos, das meloas (até aprendi a fazer a ope-ração de as “capar”), dos queijos que aprendem a fazer com a necessária ciência e arte.

3) Porque a sua organização curricular termina

com uma Prova de Aptidão Profissional que é a mobilização (ainda que parcial) do conheci-mento adquirido. E esta empregabilidade so-cial e pessoal do conhecimento ministrado na escola é um dos operadores mais importantes da inclusão dos alunos nos processos de apren-dizagem.

4) Porque a sua inserção territorial faz da esco-la um bem público valorizado e reconhecido. A sua inscrição material na terra (a escola, pela sua extensão é quase uma grande aldeia…) e as iniciativas que promove com a ativa partici-pação da comunidade faz dela um bem de pri-meira necessidade. As Vindimas, as Largadas de caça, os Encontros equestres, a Feira de Turis-mo, as Gincanas de tratores, as Mostras de plan-tas ornamentais… são alguns dos exemplos de uma escola viva e que promove os valores cul-turais que fazem a identidade de uma terra.

5) Porque assegura uma vida digna e feliz a duas centenas de alunos que redescobrem o valor e a gratificação do aprender.

6) Porque os alunos aprendem a trabalhar, a pro-duzir, a cuidar, a amar natureza – nossa mãe – e a serem responsáveis por uma atitude ecológi-ca – a única que nos permite a sobrevivência.

7) Porque o saber tem aqui um enorme sabor. E é também esta aliança que marca e faz a dife-rença.

Por tudo isto, esta escola – e de um modo geral to-das as escolas profissionais agrícolas – merece uma ou-tra atenção por parte dos poderes públicos. Merece um modelo de direção e gestão que não pode ser a cópia de organizações escolares que não têm nada a ver. Merece um modelo de recrutamento de docen-tes específico e autónomo que seja capaz de respon-der com mais eficácia aos grandes desafios de um pro-jeto educativo de valor incalculável.

Uma Escola que é Mais que uma Escola

José Matias Alves(Professor Associado Convidado da Universidade Católica . Porto)

Page 15: Repórter do Marão

Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC

Page 16: Repórter do Marão

ra um dia que tinha acordado cedo. Um dia próprio de calendário, como mandam os dias normais. Vestia-se de sol em nuvens, leves espreita-

res de calor por entre o cinzento da chuva que dispersava. Quando o dia acordou, ain-da as casas dormiam. Entre todas havia uma mais adormecida. Era a Casa. A Casa vesti-da de velho. Tinha paredes tristes, portas a ranger, janelas sem paisagem. Na Casa vi-viam muitos. Viviam todos os que lá cabiam e todos os outros que existiam em branco. Moviam-se à vez ou de vez em quando to-dos juntos, numa mesma direcção, em fila indiana, uns atrás dos outros, os passos cer-tos em alinho, que o desalinho não era coisa que se soubesse. Movimentos lentos, pega-josos. Movimentos polidos sem pisar as li-nhas dos azulejos. Era uma Casa de moleza, com certeza. Quando o sol nascia, a Casa crescia em sombra. Espreguiçava-se em di-recção a si própria, esticava-se sem saber chegar a qualquer sitio. Era assim todos os dias. Dias que pareciam sempre o mesmo. Quem lá vivia nascia e morria sem sair da Casa e os que mudavam de compartimen-

rem dos sonhos que sonhavam. Ligeiramente esquecidos de se lembrarem. Acontece po-rém, que uma noite os sonhos inventaram de sonhar mais alto. E das fronhas gastas dos Homens tristes, voaram lestos para uma reunião há muito sonhada: o primeiro encon-tro nacional de sonhos. Sonhou-se alto nes-sa noite. Se há coisa que não se pode apon-tar aos sonhos é de eles não saberem voar. Voam sem asas. Os sonhos dessa noite so-nharam de escrever os resultados do sonho conjunto. Nos quartos, os Homens dormiam virados para as janelas sem estrelas. No es-critório, os sonhos descobriam uma folha li-vre de um velho livro de História. Era uma fo-lha em branco. Ao princípio, até os sonhos ficaram amedrontados perante a folha vesti-da de futuro. Era uma folha imaculada. Atrás dela, dezenas de folhas escritas de uma his-tória feita. À frente dela, outras dezenas de folhas numa festa de iniciantes, num baila-do de páginas à procura de dedos que as vi-rassem. Os sonhos viram tanta luz que quase cegaram de branco e por pouco não regres-saram às cabeças dos Homens em fronhas. Só que o livro estava aberto e a folha espe-rava a escrita dos sonhos. E as folhas em branco são presenças vivas e inquietantes, até para os sonhos. Então, talvez conscien-tes que dessa necessidade de dar vida à folha que os aguardava, os sonhos sonhados jun-taram-se em dedos meigos e escreveram le-tra a letra, parágrafo a parágrafo, silêncio a silêncio, o sonho sonhado em tantas noites escuras, em tantas noites escondidas. A pá-gina, branca de nascença, foi tomando co-res, foi ficando repleta de vida própria de pá-gina que se permite escrever. Nos quartos, os Homens acordavam, olhos arregalados, per-turbados com a lembrança que lhes faltavam os sonhos. Cabeças vazias. Um a um todos saíram dos quartos. Olhavam-se emudecidos pela ausência descoberta. E em passos desa-linhados procuraram os sonhos. Cada qual o seu, cada qual ao seu passo, ao seu ritmo, à sua cadência, cada qual à medida do seu so-nho. Encontraram-se à entrada do escritó-rio, coração da Casa. A porta aberta. O livro em cima da secretária. Entraram. Estava es-crita uma nova página da História. A seguir, páginas em branco. O sol beijava a Casa. Os olhos dos Homens choviam de mar. Na jane-la, nascia o Amanhã. Pintado na paisagem.

Eduarda Freitas

Foto: © All Rights Reserved by Flickr member Atilla Kefeli

to julgavam o mundo grande. O mundo era feito à medida dos passos alinhados, con-tados entre a cozinha e a casa de banho, entre a sala e o quarto de dormir. As jane-las tinham vistas em branco. A velha casa de velhas coisas tinha um velho escritório. Um sitio em jeito de caixa fechada, um co-ração vestido de pó. No velho escritório só os sonhos que se sonhavam de olhos fecha-dos, conseguiam entrar. Os sonhos que se sonhavam com a cabeça deitada na fronha gasta conseguiam ser leves e invisíveis, pró-prios para entrar em buracos de fechadura. Era aí, durante esses sonhos sonhados, que o escritório recebia visitas. Os sonhos entra-vam escondidos pelo noite e acotovelavam-se em conversas cantadas. Noite após noite, as cabeças dos Homens vestidos de triste, sonhavam sonhos invisíveis. E os sonhos que saiam dessas cabeças gastas, uniam-se em volta de uma mesa de escritório em vonta-des só próprias de sonhos. De dia, quando o sol acordava a sombra da Casa, os Homens acordavam os olhos e deitavam os sonhos. De passos certos acendiam as lides da Casa ligeiramente perturbados por não se lembra-

Page 17: Repórter do Marão

CP reduz comboios para o Marco

A redução de comboios entre o Porto e o Marco de Canaveses está a preocupar os muitos utentes deste meio de transporte, sobretudo aque-les que o usam para as deslocações entre o local de trabalho e a residência.

Embora a CP insista que nenhuma decisão está tomada – embora in-vocando o prejuízo que esta ligação acarreta –, os utentes suspeitam que a operadora ferroviária se prepara para eliminar algumas ligações subur-banas (ou a maioria dos horários) que até agora eram feitas entre os ur-banos do Porto (de tração eléctrica), que apenas chegam a Caíde, e a es-tação do Marco de Canaveses. Esta ligação tem sido feita em locomotivas diesel e obriga os utentes a mudar de comboio.

Manifestação a 22 de abrilPara contestar esta intenção da CP, os partidos políticos locais e os

utentes decidiram manifestar-se no dia 22 à tarde junto à gare marcuen-se. Exigem que a CP mantenha as ligações existentes em horários de tra-balho e apenas aceitam discutir a eliminação de alguns horários menos concorridos. No mesmo sentido vai o parecer da autarquia.

O presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Manuel Moreira, cita-do pela Lusa, refere que vai “lutar até às últimas consequências” para que a CP não acabe com as ligações, em comboio urbano, à estação de Caíde.

Segundo o autarca marcuense (eleito pelo PSD, em 2005), se essa medida avançar ficará comprometida a eletrificação da Linha do Douro, no troço entre Caíde (Lousada) e Marco de Canaveses, empreitada previs-ta desde 1997 mas sucessivamente adiada.

No entanto, a crer no plano de investimentos dos próximos anos da REFER, dificilmente a empresa terá condições financeiras para avançar com a obra, pelo menos no atual ciclo político.

“Não aceitamos cortes, porque era um sinal negativo para o nosso objetivo central que é a eletrificação”, afirmou Manuel Moreira, que con-sidera aquela intervenção “uma obra estruturante de proximidade”.

“Não abdico da eletrificação. Tem que ser feita, custe o que custar. Já chega que esta região seja sempre penalizada, seja no tempo de vacas gordas ou de vacas esqueléticas”, afirmou.

Nas reuniões de estudo das medidas de contenção de custos, a CP apresentou um documento de trabalho no qual se refere que a ligação a Caíde tem um défice de 760 mil euros, em que é avaliada a possibilidade de suprimir 15 comboios urbanos naquele troço de linha.

A Refer tinha lançado dois concursos em 2009 para a modernização e eletrificação do troço de 15 quilómetros, entre Marco de Canaveses e Caíde, mas as empreitadas nunca chegaram a ser adjudicadas devido ao eclodir da crise económico-financeira. O total das duas empreitadas ron-dava 70 milhões de euros.

Prémio Gazeta de Imprensa > 5 mil euros

Prémio Gazeta de Televisão > 5 mil euros

Prémio Gazeta de Rádio > 5 mil euros

Prémio Gazeta de Fotojornalismo > 5 mil euros

Prémio Gazeta Revelação > 5 mil euros

Prémio Gazeta Multimédia > Troféu

Prémio Gazeta Imprensa Regional > Troféu

Prémio Gazeta de Mérito > Troféu

O prazo limite para entrega de originais termina a 30 de Abril de 2012

Caixa Geral de Depósitos patrocina

Prémios Gazetade Jornalismo 2011

Clube de Jornalistas | Rua das Trinas - 127, r /c 1200 Lisboa Tel .21 396 57 74 | Fax.21 396 57 52 | E-mail :c j@clubedejornalistas .pt

PRESSCLUB

15 PUB_GAZETAS:15 PUB_GAZETAS.qxd 01-03-2012 14:58 Page 45

17abril '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoregiões | diversos

Alpendurada criou marca para os granitos

As empresas de extração e transformação de gra-nitos de Alpendurada, no Marco de Canaveses, cria-ram uma marca própria com o intuito de promover aquela indústria nos mercados da exportação, no-meadamente europeus e asiáticos.

Segundo a Confraria do Granito, além de ser uma medida para “lutar contra a crise”, vai permitir que os empresários obtenham mais valias na atividade.

“Ter uma imagem corporativa forte nos certames internacionais pode contribuir para um impulso das exportações”, salienta a confraria, que representa cerca de 150 empresários.

Cerca de 60 por cento dos granitos extraídos e transformados em Alpendurada destina-se à expor-tação, sobretudo para a Europa, mas o setor quer alargar os mercados para onde vende.

Neste âmbito, insere-se a participação em feiras internacionais, começando por um certame no Qa-tar, a decorrer entre 29 de Abril e 3 de Maio.

Esta actividade extrativa emprega quatro mil pes-soas e o volume de negócios anual ultrapassa os 250 milhões de euros.

Page 18: Repórter do Marão

18 abril '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão empresas & crónica

Cenários deEnvelhecimento

Cláudia Moura

ENVELHECIMENTO ATIVOE EMPOWERMENT

Efetivamente é importante pensar e compreender o envelhecimento. A expressividade do fenómeno conduz

ao importante e legítimo interesse de estudos que procuram compreender a velhice e o envelhecimento.

[email protected] Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia.

DEIXO-VOS A PENSAR …

O problema do envelhecimento adquire, assim, uma dimensão social, resultante das transformações demográficas incutidas nas úl-timas décadas nas sociedades mais desenvolvidas, as quais condu-ziram a um progressivo aumento da esperança de vida.

Na atualidade, o desafio é promover o envelhecimento ativo. Para tanto, importa pensar no envelhecimento de forma diferente e equacionar novas formas de viver a longevidade e obviamente pre-servar os princípios da dignidade, da autonomia e da solidariedade.

Tal como tenho vindo referir nas reflexões anteriores o envelhe-cimento humano é algo único, próprio, complexo, dependente de condicionantes biológicas e acontecimentos sociais intrínsecos. Va-lorizando-se a forma como o indivíduo viveu e como se adaptou, ou não, aos vários acontecimentos. Este assunto, tem conduzido ques-tões ímpares à reflexão, nomeadamente o confronto entre viver mais e a qualidade de viver.

Até há algumas décadas atrás, as pessoas idosas eram vistas pela sociedade como um grupo de saber acumulado, sobrevalori-zando-as em relação a outros grupos etários, conferindo-lhes um forte poder de decisão.

Com a transformação da sociedade, que passa a valorizar a produtividade, o novo e o belo, os idosos tornam-se um grupo particularmente vulnerável à exclusão e são por vezes vítimas de discriminação, de representações sociais e de estereótipos.

Ilustrativamente, se o idoso tem uma aparência saudável é clas-sificado como jovem, quando associado a uma vida social intensa é independente, mas se, ao contrário, possui uma aparência tida como frágil carrega a imagem de que é fisicamente dependente.

A imagem que a sociedade tem acerca dos idosos e o papel que lhes atribui na teia social, determina muitas vezes a forma como en-velhecem, condicionando-lhes o campo de ação. Dito isto, é subs-tancial proporcionar a mudança de mentalidades. Porém, é neces-sário para além da mudança de mentalidades, alterar também os comportamentos, a começar nas esferas sociais.

Diante da longevidade é imperioso desenvolver programas, que sejam coerentes com o modelo a intervir, assumindo os com-promissos com a autonomia e empowerment, bem como as suas implicações junto desta população.

Para que tal aconteça é preciso dinamizar a participação ativa das pessoas idosas nas esferas, família e sociedade. É necessário fa-zer compreender às pessoas idosas que a sua vida não está esgota-da, mas pelo contrário, ainda pode contribuir em muito ao nível do acompanhamento aos mais novos, trabalho voluntário e prática de exercício físico adequados à idade.

A promoção do envelhecimento ativo é um dos princípios estra-tégicos promovidos pela Organização Mundial de Saúde para uma nova perspetiva de desenvolvimento social. Prevenir e minimizar o impacto das causas das principais doenças relacionadas com os es-tilos de vida é a grande prioridade para esta intervenção de promo-ção de saúde.

Um novo modo de envelhecer é estimulado, procurando de-monstrar que é possível ter um envelhecimento adequado e bem-sucedido através da adoção do novo estilo de vida na velhice.

O Grupo MCoutinho tem-se revelado uma das mais dinâmicas empresas do distrito de Vila Real e con-tinua a apostar no nordeste transmontano. A última novidade foi a mudança das instalações da sua Con-cessão Mercedes-Benz e Smart para um novo espaço exclusivo que integra o showroom de vendas e uma oficina dedicada a estas duas marcas.

Esta unidade que esteve durante 6 anos na Avenida da Europa, encontrou uma nova localização na Rua dos Três Lagares, junto ao Centro de Saúde de Mateus, na cidade de Vila Real. Os seus serviços refletem a preocupação pelo bem-estar dos seus Clientes e esta mudança verifica-se no sentido de melhorar o aco-lhimento de quem os visita, bem como uma maior e melhor capacidade de resposta nos seus serviços de após-venda.

De forma a comunicar esta nova localização, o MCoutinho promoveu um fim-de-semana de portas abertas, que contou com a presença de centenas de clientes que não perderam a oportunidade de co-nhecer as novas instalações. A opinião foi unânime quanto à escolha do novo local, a mudança foi para melhor. Os clientes referiram o conforto, o amplo espaço e as novas condições das oficinas como os pon-tos que mais marcam a diferença.

MCoutinho Mercedes-Benz e Smart com novo espaço em Vila Real

[A seu pedido, alguns colaboradores escrevem de acordo com a antiga ortografia]

Os clientes e apreciadores da marca BMW do distrito de Vila Real têm agora ao seu dispor no-vas instalações no nordeste transmontano, após a abertura de uma nova concessão da MCoutinho Motors, no passado dia 16 de Abril.

Localizadas na Avenida da Europa, as novas ins-talações BMW dispõem de todas as comodidades para um serviço de vendas e após-venda (BMW Service e Mini Service) de excelência, característi-ca distintiva da marca e do Grupo MCoutinho.

O actual investimento em Vila Real é um passo de-cisivo do Grupo MCoutinho na expansão da marca ale-mã nesta capital de distrito, “um desejo há muito ambi-cionado”, conforme referiu na cerimónia de inaugura-ção o presidente do con-selho de administração, Sr. Manuel Moreira Coutinho, que assumiu o compromis-so de respeitar os valores da marca, agora em Vila Real.

O evento contou com a presença de vários mem-bros da BMW Portugal, reuniu ainda várias indivi-dualidades, entidades insti-tucionais e representantes da sociedade de Vila Real.

Refira-se que a marca BMW faz parte do portefó-lio de marcas comercializadas pelo Grupo MCouti-nho desde Julho de 2009, com a abertura de uma concessão no distrito de Bragança.

Assim, numa época de contração económica o Grupo MCoutinho continua a destacar-se pelo seu dinamismo comercial tendo um grande orgulho em representar marcas como a BMW, onde a apos-ta é, sem dúvida, a excelência.

MCoutinho Motors aposta na BMW em Vila Real

[INFO COMERCIAL: Informação disponibilizada pelas marcas]

Page 19: Repórter do Marão

COLABORADORES:

PATROCINADORES:EMPRESAS PARTICIPANTES:PROMOTORES:

A urgência de Vila Real reabre até ao final do mês, depois de obras de modernização e de ampliação. Segundo o presidente do CA do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), Carlos Vaz, o objeti-vo foi "aumentar a capacidade e a qualidade do atendimento às populações". A nova ur-gência pediátrica e a unidade de neonato-logia entrarão também em funcionamento.

A CHTMAD integra, para além de Vila Real, os hospitais de Lamego, Peso da Ré-gua e Chaves, onde a urgência médico-ci-rúrgica foi também remodelada.

Urgência de Vila Realabre remodelada

A Eurocidade Chaves-Verín promove a 9ª edição do Programa de Termalismo Sénior entre 24 de abril e 8 de maio.

Este evento permite que os habitantes das duas cidades (maiores de 50 anos) utili-zem as Termas de Chaves para os tratamen-tos, com descontos que atingem 50% sobre o preço base.

Cada participante terá direito à consulta do médico e do acompanhamento de en-fermagem bem como todo o material ne-cessário para aceder aos tratamentos.

As inscrições estão abertas no Gabinete de Apoio Técnico da Eurocidade em Verín e nas Termas de Chaves - Spa do Imperador.

Termas de Chavescom descontos

O hospital de proximidade de Lamego deverá entrar em funcionamento nas pró-ximas semanas, apesar de as obras, que es-tão em fase de conclusão, terem sofrido al-guns atrasos.

Com este novo hospital, fica concluído um ciclo de obras de remodelação do Cen-tro Hospital de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) que teve um investimento supe-rior a 100 milhões de euros.

Esta unidade de Lamego é um projeto inovador na qual pretende reduzir o impac-to do internamento na vida dos doentes e das suas famílias. Grande parte da cirurgia de ambulatório de todo o CHTMAD esta-rá centralizada neste hospital que prestará cuidados a cerca de cem mil habitantes dos dez concelhos do Douro Sul.

A nova unidade irá contar com 14 espe-cialidades médicas e médico-cirúrgicas, três blocos operatórios para cirurgias de ambu-latório, um hospital de dia, urgência básica e 30 camas de cuidados continuados.

Hospital de Lamegoabre em breve

19abril '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoregiões | diversos

Rui Veloso e Áurea na Semana Académica de Vila Real

A semana académica da Universi-dade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), decorrerá até ao dia 25 de abril, no mesmo local dos últimos anos (ao lado da biblioteca municipal).

A organização, a cargo da AAUTAD (Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), espera receber cerca de 3 mil e 500 pessoas por noite num evento que marca o fim de uma etapa para muitos finalistas .

Além dos famosos concertos de ban-

das do top musical, haverá também ani-mação com vários DJ’s, Bandas de Gara-gem, a Missa da benção das pastas (dia 21), o Baile Académico (22), o Rally das Tascas (23).

Rui Veloso, Expensive Soul, Mónica Ferraz, Áurea e Quim Barreiros são os principais artistas dos concertos deste ano da Semana Académica da UTAD.

O Cortejo Académico (no dia 25) en-cerra uma semana emblemática para os milhares de estudantes da UTAD.

A comunidade estudantil da cidade de Bragança participa em mais uma Semana Académica entre 24 a 30 de abril.

Organizado pela Associação Académica de Bragança (AAIPB), o evento decorrerá no Pavilhão do Nerba.

O cartaz para este ano promete muita animação, em que se destacam os concer-tos de Boss AC, Quim Barreiros, Xutos e Pon-tapés e Bruraka Som Sistema.

A Monumental Serenata abre o primeiro dia, a Missa de benção das pastas realiza-se a 28 e a Garraiada Académica a 29 de abril.

Semana Académica anima Bragança

Page 20: Repórter do Marão

20 abril '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão opinião

Regeneração quer dizer regenerar. Regenerar quer dizer reabilitar, reorganizar, restaurar, melhorar. Levado à letra é assim. Na prática nem assim nem as-sado. Pelo menos em Penafiel, o acto de regenerar, configura-se num acto de mudar. E mudar é diferen-te de restaurar, de melhorar, de recuperar.

Penafiel assiste hoje não a uma regeneração, mas a uma revolução da sua imagem. Desde o início que digo que esta regeneração tem pontos positivos e negativos. Mas os pontos negativos são bem maio-res que os positivos. E não é com pontos negativos que se ganham campeonatos.

Penafiel necessitava de facto de uma regenera-ção. Mas não esta que está a decorrer. Penafiel pre-cisava de melhorar a sua mobilidade fazendo da sua cidade uma cidade para todos, uma cidade mais in-clusiva. Necessitava de justificar umas quantas ban-deiras que foi recebendo adiantadamente. Pena-fiel precisava de recuperar a sua zona histórica que se está a degradar a cada dia que passa. Penafiel ne-cessitava de algumas correcções e não de algumas surrealistas invenções. A construção de pontes, esta-ções, quiosques, postos de turismo, constrangimen-tos das ruas, são páginas de vaidade que Penafiel não necessitava de ver acrescentadas no seu livro de história. Mas o maior crime que está a ser perpetra-do na cidade é a substituição da calçada portuguesa por blocos de cinzento granito nos passeios. Isto são obras de destruição maciça, engendradas num labo-ratório de ideias, que Penafiel se tornou. Parece que Penafiel está a servir de cobaia, por mãos que não sa-bem e não têm a mínima ideia do que é ser cidadão de Penafiel. Não é este o rosto da nossa gente.

Ninguém tem o direito de estragar o que está bem feito. Penafiel está a ser bombardeada por bom-bas de granito. E os estragos estão à vista. Há quem se esfarrape todo justificando que assim estamos a dar emprego a muita gente e a contribuir para a ma-nutenção de algumas empresas da indústria de ex-tracção. Argumen-to que só convence os distraídos com bola e telenovelas. Porque nessa or-dem de ideias, se é para manter postos de trabalho ou tirar pessoas do desem-prego, porque ra-zão não constroem um Cine-Teatro de Penafiel? Porque não constroem um bom Lar de Idosos, já que para entrar para o lar da Santa Casa de Misericór-dia era preciso ser rico (eu disse, era, porque com a nova direcção quero acreditar que algo esteja a mu-dar). Porque não constroem um novo cemitério, já que o actual está a rebentar pelas costuras? Porque não constroem uma galeria de arte, já que as expo-sições temporárias que têm acontecido em Penafiel, são feitas em locais impróprios. Porque não recupe-ram o casario envelhecido que, ao mais pequeno sopro pode vir abaixo? As Ruas Direita e do Carmo,

por exemplo, depois das obras concluídas, vão asse-melhar-se a corredores lindamente alcatifados, mas com as paredes a deixar entrar o sol pelas friestas.

Argumentos falaciosos, são o que são.Como são falaciosos os argumentos de que os

oito milhões de euros que vieram dos fundos comu-nitários, só devem ser usados nas obras que se estão a fazer. Ora muito obrigados pela informação. Toda a gente sabe que é assim. Então se a Câmara se can-didatou aos fundos para determinado fim e o fim é este que está à vista, para onde queriam que o di-nheiro fosse?

Para fazer uma regeneração urbana digna des-se nome não era necessário recorrer a tantos mi-lhões europeus. É que os oito milhões que estão a voar nesta história também vêm dos bolsos dos contribuintes. De onde é que pensam que o “grave-to” vem?

É muito dinheiro muito mal gasto. Sabendo nós, portugueses e europeus que há milhões de cida-dãos que não têm propriamente o rendimento de um tal Mexia.

Penafiel merecia melhor sorte....Para terminar, tiro o meu chapéu, ao edifício que

foi construído no local do antigo cinema. Ficou igual ao antigo Cine-Teatro S. Martinho.

Respeitaram a traça anterior. Está bonito. É pena não incluir uma sala de espectáculos, de que Penafiel carece há vinte e cinco anos.

Sabem porque razão este edifício ficou especta-cular? Porque não tem o dedo do executivo cama-rário penafidelense. Basta olhar para o antigo Ma-gistério...

[A seu pedido, alguns colaboradores escrevem de acordo com a antiga ortografia]

OBRAS DE DESTRUIÇÃO MACIÇA

Já tenho saudades de escrever coisas agradáveis e te-mas positivos mas, sempre que surge um em que apetece pegar, coisa cada vez mais rara, logo um sem número de outros o abafam e obrigam a esquecer. Saudades que au-mentam outras do tempo em que as palavras tinham um significado preciso e objectivo, não careciam de enquadra-mento, eram assertivas e não desmentidas, corrigidas, in-terpretadas ou contextualizadas mal acabavam de ser ditas, e por aí adiante.

Mentira agora é lapso, enquanto promessa passou a ser apenas desejo do que se poderia ou não fazer, sendo esta a hipótese mais certa se for em benefício da Nação, pois na negativa a «elite» fica de fora. Tudo depende da “conjuntura”.

Soberania? Foi um ar que lhe deu. Num dia lamenta-se o exagero e continuidade da subida dos combustíveis, mas logo se acrescenta que nada se pode fazer pois são regras do «mercado», (sabendo nós que mais de metade do preço é imposto), para logo a seguir se apregoar a baixa de pre-ço dos remédios, e que se não houver para tal um acordo nas negociações que ainda decorriam se fixavam os preços administrativamente... Mercado para onde foste?... Econo-mia o que é?...

É interessante ver um dizer que é branco para logo ou-tro corrigir a dizer que é preto, e um terceiro a contextu-alizar a emenda aos dois dizendo que se esqueceram da mistura para dar cinzento. Acabamos por ficar todos ama-relos de pasmo. Quem reage? E que adianta se nada é de-cidido cá?

Noutro regis-to foi sempre es-capatória nas via-gens de Estado ao estrangeiro não responder ou co-mentar matérias nacionais. Aceita-va-se se tal acon-tecesse no re-gresso. Mas era mesmo para es-quecer pois bem se sabe que atrás de uma outra virá para a obliterar ou

secundarizar. Ao contrário, agora aproveitam-se as viagens para justificar lá fora o que se escondeu cá dentro, e até se dão grandes entrevistas televisivas a partir de lá com reca-dos para cá. Fica sempre em aberto fugir aos temas no re-gresso dizendo que já se respondeu caso não haja o efeito desejado ou o esquecimento.

Qual o significado de «imagem precipitada» que tería-mos se, como diz o 1.º, retomássemos em 2014 os dois me-ses de vencimento que fazem parte da retribuição que, por direito, auferem funcionários públicos e pensionistas? Eram (só) dois anos, como anunciaram no esmifrar a meia retri-buição do ano passado. Afinal, e porque, como descobriu o mestre financeiro, 2014 vem na sequência de 2013, e as-

sim sucessivamente, a retoma será depois de 2015, aos bo-chechos e se der para tal, e por transferência bancária “post morten” para o BPN (Banco Português do Necrotério). Só nos preocupa esta imagem? E que imagem darão com os trillers políticos que rodam dia a dia?

Só a questão dos dadores de sangue e das taxas mode-radoras, em paralelo com o transporte de doentes, ilustram bem o que é a “magnanimidade” governamental. Mal se pensa em tirar ou cobrar algo, desde que seja da classe mé-dia para baixo, é um ver se te avias. Verificado, mas não ad-mitido o erro, corrige-se. Mas, tal como a CS logo relata, não houve erro ou redução mas sim um aumento, remodelação e correcção. Aliás, sempre que se equacionam estas ques-tões introduzindo o calendário, percebe-se bem melhor o desejado efeito eleitoral. Mesmo o novo imposto ao super mercados, que acaba por cair no consumidor, foi apresen-tado com uma justificação e candura que mais parecia o Zé do Telhado que diziam tirar aos ricos para dar aos pobres.

Realce ainda para o mais alto (1 metro e quanto?) ma-gistrado da Nação que, segundo a Comunicação Social (CS), finalmente acedeu a falar-lhe e responder a muitas ques-tões. Eram muitas sim senhor, e a todas nada disse a não ser que não podia falar como economista, que promulgar não significa concordar (o que significará afinal?), que como PR não lhe compete comentar nem divulgar, etc. etc. etc. De-pois a cereja no bolo (CS onde andas?): Que não voltava a falar das suas reformas porque se tem dito tanta mentira sobre isso que decidiu por um ponto final no assunto. Não haja qualquer dúvida: transparente e esclarecedor.

EM VEz DE UM ACORDO ORTOGRÁFICOPRECISAMOS DE UM NOVO DICIONÁRIO

Armando MiroJornalista

Fernando Beça MoreiraPenafiel

Page 21: Repórter do Marão
Page 22: Repórter do Marão

Fundado em 1984 | Jornal/Revista MensalRegisto ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89

Redação:Rua Dr. Francisco Sá Carneiro | Rua Manuel Pereira Soares, 81 - 2º, Sala 23 | Aparta-do 200 | 4630-296 MARCO DE CANAVESESTelef. 910 536 928E-mail: [email protected]

Diretor: Jorge Sousa (C.P. 1689)Redação e colaboradores: Liliana Leandro (C.P. 8592), Paula Lima (C.P. 6019), Carlos Alexan-dre Teixeira (C.P. 2950), Patrícia Posse (C.P. 9322), Helena Fidalgo (C.P. 3563) Alexandre Panda (C.P. 8276), António Orlando (C.P. 3057), Jorge Sousa, Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carva-lho, A. Massa Constâncio (C.P. 3919), Ana Leite (T.P. 1341), Armindo Mendes (C.P. 3041), Paulo Alexandre Teixeira (C.P. 9336), Iolanda Vilar (C.P. 5555), Manuel Teles (Fotojornalista), Mónica Ferreira (C.P. 8839), Lúcia Pereira (C.P. 6958), Daniel Faiões (T.P. 991), Joana Vales (T.P. 1599).

Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota, Eduarda Freitas.Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas Permanentes e Ocasionais: José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo.

Colaborações/Outsourcing/Agências: Media Marco, Baião Repórter/Marão Online

Marketing, RP e Publicidade: Telef. 910 536 928 - Marta [email protected] | [email protected]

Propriedade e Edição:Tâmegapress-Comunicação e Multimédia, Lda. • NIPC: 508920450Sede: Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, 230 Apartado 4 - 4630-279 MARCO DE CANAVESES

Cap. Social: 80.000 Euros – Partes sociais superiores a 10% do capital: António Martinho Barbosa Gomes Coutinho, Jorge Manuel Soares de Sousa.

Impressão: Multiponto SA - Baltar, Paredes

Tiragem média: 20.000 a 30.000 ex. (Auditados) | Associado APCT - Ass. Portuguesa de Controlo de Tiragem e Circulação | Ass. nº 486

Assinaturas | Anual: Embalamento e pagamento dos portes CTT – Continente: 40,00 | Europa: 70,00 | Resto do Mundo: 100,00 (IVA incluído)

A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à da Direção deste jornal.

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

22 abril '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão crónica & artes

Sem títuloAmarante

- Anos 70

DESACERTOA.M.PIRES CABRAL

Tenho um carinho muito especial pela vila de Mogadouro. Fui lá a primeira vez, teria talvez os meus dez anos, levado por pessoas amigas. Era na festa da Senhora do Caminho. Lembro-me de quase nada, salvo o fogo de artifício e as tendas no grande largo fronteiro à capela. De resto, muita gente, muita poeira e o jantar em casa não sei de quem. Não me lembro de mais nada. Mas isso foi o suficiente para criar em mim laços de simpatia e ternura por aquela terra que até hoje ainda não foram desatados.

No colégio que frequentei em Macedo de Cavaleiros estudavam inúmeros alu-nos oriundos das aldeias de Mogadouro (onde à época, suponho, não devia haver ensino secundário), e de quase todos era amigo, porque eram gente boa, compa-nheira, leal.

Hoje, quando me apetece ir a Moga-douro, não escolho o dia da festa, por-que as festas são todas iguais em toda a parte e muitíssimo monótonas. Prefiro ir aí por Maio, se o tempo anda de feição, e extasiar-me do morro onde está o que resta do Castelo com a vista daqueles tri-gais que têm alguma coisa de alentejano. (Entre parênteses: e me recordam o tem-po em que o meu concelho era também assim um mar de searas verdes a ondular ao vento, lembrando rebanhos a subir uma encosta sem sair do sítio. O meu concelho hoje é mais escasso de searas do que o Sahara de nascentes de água. E teve ele em tempos o epíteto de ‘con-celho de fouce’! Onde isso vai! Fim de parênteses, lágrima enxugada.)

Nas imediações do alto do Castelo, há ainda muitos e variados elementos histó-ricos e patrimoniais que gosto de rever. E tenho um fraquinho muito especial pela pietá de pedra-mármore que se encontra num nicho sobre o portal da Igreja da Misericórdia.

Outro motivo que me aproxima de Mogadouro é, sem dúvida, o ter sido a pátria de um dos mais amáveis e discre-tos e cândidos escritores portugueses de todos os tempos: Trindade Coelho. Gosto sempre de respirar o mesmo ar que respiraram escritores e artistas que aprecio, ver os mesmos horizontes que eles viram, e acho que o meu espírito se consegue encontrar com o dele nas

vizinhanças do convento de S. Francis-co e no alto do Castelo, olhando as tais searas e as serras longínquas a cerrar os horizontes. Fantasias de quem se afez a valorizar as coisas do espírito mais do que as da matéria.

Precisamente, a vila de Mogadouro parece ter despertado para a figura do seu contista exemplar, e sucedem-se as iniciativas relacionadas com ele: publi-cações, colóquios, conferências, exposi-ções. Bem anda a Câmara Municipal em preservar a memória do mais ilustre dos filhos da terra.

Justamente integrado nesta louvá-vel linha de acção cultural, decorre até Dezembro deste ano o prazo para apresentar trabalhos a um concurso de poesia chamado En(Canto) dos Poetas. Até aqui tudo bem. Saúdo vivamente a iniciativa. Mas há um senãozinho que me indispõe, velho rabugento que sou e já não mudo. E – até em razão da minha sincera estima por Mogadouro – não posso calar esse senão. Que é este: o artigo 3.º do regulamento impõe que os trabalhos a concurso estejam obrigato-riamente «de acordo com o Novo Acor-do Ortográfico».

Parece que para as bandas de Moga-douro se ignora que o nefando acordo or-tográfico só entra plenamente em vigor (se chegar a entrar, do que Deus nos de-fenda) em 2015, e que esta abstrusa nor-ma do regulamento exclui aqueles que, com toda a razão e legitimidade, não se rendem ao abrasileiramento e preferem escrever de acordo com a ortografia que sempre usaram e sempre lhes serviu muito bem.

Pode a norma não ser anticonstitucio-nal (do que duvido, pois a Constituição é severa contra toda a discriminação) — mas que ofende gravemente a liberdade dos poetas, isso ofende.

Sinceramente, a vida cultural mo-gadourense não merecia um desacerto daqueles.

[email protected]

Nota: Este texto foi escrito com delibe-rada inobservância do Acordo (?) Orto-gráfico.

O OLHAR DE...Eduardo Pinto 1933-2009

Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]

Júlio PomarPintor

2012

Menção Honrosano XIV PortoCartoon 2012

PUBLICIDADE 910 536 [email protected]

Page 23: Repórter do Marão

Eugénia e FranciscoAgora, com este setenta e

cinco que me carregam os cos-tados, e os setenta e um da mi-nha Eugénia, esperámos que as horas passem, que os dias se-jam levezinhos e as noites não se me tornem longas e difíceis de roer.

E como eu detesto as noi-tes em claro. Estamos ali dei-tados de olhos fechados a ver passar o filme da nossa vida de trás para a frente, de frente para trás, acompanhados com a música dos bichos da madei-ra e o ressonar de passarinho da companheira.

Por vezes quero que o fil-me pare, porque preciso de ver com nitidez certas ima-gens, mas nem sempre consi-go, e isso deixa-me angustia-do. Há muito tempo que quero lembrar-me do rosto do meu pai, quero ver os olhos de mi-nha mãe, que eram tão azuis, tão serenos, e não consigo. Já não vejo a minha mãe há trin-ta e dois anos, e ainda hoje me faz tanta falta.

Registe: a memória é traido-ra e mentirosa. Não confie na memória, que tudo distorce, tudo manipula.

Também me custou ver mãos alheias tratando-me da limpeza das intimidades do meu corpo, quando deixei de poder andar e este braço di-reito começou a rir-se e a fa-zer greve ao que eu lhe pedia. Foi ruim, muito ruim esse tem-po. Ruim é uma palavra estra-nha, hoje já pouca gente usa. Até as palavras têm prazo de validade.

Custou-me ver-me assim tão indefeso, habituado a ser tão senhor de mim. Escanhoado na perfeição e vestido decen-temente sempre que saía de casa, sem esquecer os sapatos bem engraxados.

A minha mãe dizia: se que-res saber se uma pessoa é or-ganizada, repara na limpeza dos sapatos que ela calça. Ex-perimente o exercício, e vai ver que a minha mãe tinha razão. Pois é: o sapato é pormenor im-portantíssimo.

A minha mãe chamava-se Eva. Se eu tivesse uma filha pu-nha-lhe o nome da avó. Só te-nho um rapaz, coitado, tem tido uma vida complicada. Vai na terceira e parece que ainda não está satisfeito.

Agora, já estou melhor, pelo menos mexo-me. Ando deva-

garinho, uma perna pede li-cença à outra para se levantar, quase arrasto os pés, mas ando.

Canso-me muito, mas logo pela manhã, faço o meu pe-queno-almoço e o da Eugénia, e depois de cada um ter engoli-do a sua ração matinal de pas-tilhas, saio de casa. Canso-me muito, mas faço questão de ir sozinho comprar o jornal.

Não é pelas notícias que vou comprar o jornal, isso já não me interessa. Mais facada, me-nos facada, mais desastre, me-nos desastre, mais morte, me-nos morte, mais mentiroso, menos mentiroso, o jornal não me espanta.

Os homens não mudam nem querem mudar.

Vou comprar o jornal para ter uma oportunidade de sair de casa e ver a gente nova a bulir, os velhos conhecidos a levantarem os braços, a acena-ram com a mão, perguntando pela Eugénia. Gosto de ir com-prar o jornal, porque falo com este e com aquele. É uma con-versa de chacha, eu sei. Fala-se do sol que há-de vir, da chuva que não pára, do furacão que passou numa cidade dos Es-tados Unidos e levou pelo ar, como se fossem penas de pas-sarinhos, camiões imensos, e telhados inteiros. Fala-se do fu-tebol e dos árbitros, e dos go-los que não o chegaram a ser, mas que podiam ter sido se a sorte quisesse, mas não quis. Fala-se do Manuel que foi en-ganado por uma menina cari-nhosa, e do João que quer ser presidente disto ou daquilo. Fa-la-se do centro de saúde, das taxas moderadoras, da con-ta da farmácia, e do sacana do Zé, que não aguentou ser viúvo mais que dois meses, e já está a viver com uma senhora que respondeu ao anúncio que ele pôs no jornal.

Vou comprar o jornal, por-que naquele curto espaço de tempo, a minha vida volta a ter sentido, e eu esqueço que te-nho de fazer companhia per-manente a uma mulher que só tem a metade esquerda do cor-po a funcionar enquanto não aparece a vaga no lar. Doce Repouso, é o nome do lar, di-zem que é muito bom, cada quarto só tem duas camas.

António Mota

23abril '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãodiversos | crónica

[email protected]

A Galeria Municipal de Fafe apresenta até ao fim do mês uma exposição de pin-tura de Alfredo Barros, que foi vereador da Cultura e Educação da Câmara de Matosinhos e é atualmente o presidente da Assembleia Municipal.Licenciado pela Escola de Belas Artes do Porto, Alfredo Barros é docente na Es-cola Superior de Arte e Design, em Matosinhos. Participou em diversas exposi-ções individuais e coletivas no país e no estrangeiro. Já obteve alguns prémios nacionais e internacionais. Está a concluir um painel de azulejos (75m x 5m) alu-sivo aos matosinhenses vítimas de naufrágio de 1945 e da Guerra Colonial. É também ilustrador de livros infantis e didáticos para várias editoras.

II Encontro Equestre na Escola de AgriculturaA Escola Profissional de Agricultura e Desen-

volvimento Rural do Marco de Canaveses (EPA-MAC) organiza a 20 de Maio, o II Encontro Eques-tre EPAMAC, uma actividade inserida no currículo de alguns alunos do estabelecimento de ensino.

"É uma actividade inovadora e que pretende manter uma forte dinâmica no seio da própria es-cola, propícia ao funcionamento do curso Técni-co de Gestão Equína", refere fonte da Escola.

Segundo a EPAMAC, "este encontro, que nas-ceu da vontade da Escola e dos seus professores e alunos de corresponder às necessidades e di-nâmicas sócioculturais do seu território de inter-venção, permite o encontro entre os aficionados dos cavalos e as muitas empresas do concelho e região que trabalham nesta área". Além disso, a Escola "cumpre uma função de ser local de dina-mização de encontros entre a Comunidade Local e as suas empresas e instituições, num ambien-te descontraído, em que os seus alunos, sob co-ordenação dos professores, organizam eventos e desenvolvem as suas competências técnicas, profissionais e cívicas".

Exposição de pintura em Fafe

Page 24: Repórter do Marão