repensando o papel do professor-tutor e suas prÁticas pedagÓgicas em ead

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE POLOS Emerson Evandro Martins Moraes REPENSANDO O PAPEL DO PROFESSOR-TUTOR E SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EAD

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TCC Gestão de Polos para EAD - UFPEL

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Page 1: REPENSANDO O PAPEL DO PROFESSOR-TUTOR  E SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS   EM EAD

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE POLOS

Emerson Evandro Martins Moraes

REPENSANDO O PAPEL DO PROFESSOR-TUTOR E SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EAD

PELOTAS2011

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Emerson Evandro Martins Moraes

REPENSANDO O PAPEL DO PROFESSOR-TUTOR E SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EAD

Artigo de conclusão de curso apresentado ao Programa Universidade Aberta do Brasil – Especialização em Gestão de Polos da Universidade Federal de Pelotas, como requisito para obtenção do título de Especialista em Gestão de Polos, sob orientação do Profª. Msª. Maria Raquel Rodrigues Vieira.

PELOTAS2011

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre a importância do Tutor de sede ou Tutor presencial dentro de um sistema de Educação a Distancia. Sabedores de que há uma grande diferença entre as modalidades presenciais e a distância buscou-se através de embasamento cientifico elucidar as características e habilidades necessárias para uma otimização do trabalho desenvolvido por estes agentes. Durante este processo nos deparamos com diversas teorias e conceituações a cerca do tema proposto. Nota-se que em ambas as formas de ensino a afetividade tem um papel importantíssimo no processo ensino-aprendizagem, mas em se tratando de Educação a Distância é o fator preponderante para que haja uma redução na evasão. Constatou-se também a necessidade de mudanças na forma de trabalho a ser realizado pelos tutores presenciais uma vez que estes personificam a instituição perante os acadêmicos. Uma reestruturação e ressignificação de habilidades e competências demonstram que este novo campo de atuação ainda enfrentará mudanças em suas concepções pedagógicas. Isto nos levou a reavaliar o processo de sistema de tutoria e suas diversas interpretações.

Palavras-chave: tutoria – afetividade – Educação a Distância

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ABSTRACT

This paper aims to review literature on the importance of thirst or Tutor and Tutor face within a system of Distance Education. Knowing that there is a big difference between the modalities and distance is sought through scientific foundations to explain the characteristics and skills necessary to optimize the work of these agents. During this process we came across several theories and concepts about the proposed topic. Note that in both forms of instruction affectivity has an important role in the teaching-learning process, but when it comes to distance education is the main factor in that there is a reduction in fraud. It was also the need for changes in the way of work to be done by tutors face as they embody the institution to the students. Restructuring and redefinition of skills and abilities demonstrate that this new playing field will still face changes in their pedagogical conceptions. This led us to reassess the system of mentoring and its various interpretations.

Keywords: mentoring - affection - Distance Education

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O trabalho como Tutor Presencial apresenta-se como um desafio a ser

alcançado, pois representa uma oportunidade de novos conhecimentos e

aprendizados, numa forma de trabalho metodológico inovador e que exige uma nova

postura .

A modalidade Ensino a Distância – EAD, oportuniza formação diversificada

para os alunos a serem inseridos no exigente mercado de trabalho da atualidade,

proporcionando a construção de novos conhecimentos de forma inovadora com o

uso da tecnologia como ferramenta de trabalho. Abrangendo uma grande massa de

pessoas que não tinham acesso à Educação, a modalidade é uma forma de

aproveitamento eficiente do tempo e do espaço, fundamentando, assim, o papel

exercido pelo Tutor Presencial.

Entende-se que o conhecimento se adquire no dia a dia, na interação entre

as pessoas que fazem parte do processo e num caminho de fundamentação teórica

que dá suporte à prática.

Com a experiência , ao longo do trabalho como Tutor Presencial surgiram

algumas inquietações, sobre o verdadeiro papel a ser exercido pelo mesmo.

A partir daí, o problema de pesquisa foi formulado da seguinte maneira: De

que forma o professor-tutor deve desempenhar seu papel e efetivar suas práticas

pedagógicas, a fim de contemplar um trabalho de qualidade?

Diante dessa situação, tem-se como objetivo analisar em quais aspectos há

necessidade de mudança no papel do professor-tutor da modalidade EAD, na

formação de professores, passando de um modelo pedagógico predefinido, linear,

de cima para baixo, à construção de um espaço que se configura no

compartilhamento dos pares na ação da prática educativa.

Na atualidade, pensar novas formas de educação exige que haja uma re-

significação de saberes, pois vivemos em face das necessidades de um mundo

global, onde estes se superam e se reconstroem. Diante desses novos paradigmas

de Educação é que são postos questionamentos e preocupações com a Educação à

Distância.

Sendo assim, urge que se repense o papel do Professor-Tutor Presencial

em EAD e suas Práticas Pedagógicas, refletindo sobre seus limites e possibilidades,

dentro desse processo educacional não-presencial.

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REPENSANDO O PAPEL DO PROFESSOR-TUTOR E SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EAD

1 Relações e interações - a construção do conhecimento

Iniciamos esta pesquisa a partir da observação de como se forma ou se

constrói o conhecimento, para isso se faz necessário recorrer à Epistemologia

Genética, estudo aprofundado por Piaget que nos esclarece diversos pontos a cerca

destas relações.

Epistemologia genética, ou teoria do conhecimento, é a teoria pela qual

Piaget define, tendo como base as questões biológicas, a forma como um indivíduo

constrói o conhecimento a partir das interações com o meio. Segundo Piaget:

A inteligência não principia, pois, pelo conhecimento do eu nem pelo das

coisas como tais, mas pelo da sua interação; e é orientando-se simultaneamente

para os dois pólos dessa interação que a inteligência organiza o mundo,

organizando-se a si própria (PIAGET, 1973, p.330).

A construção do conhecimento se processa através das interações entre o

individuo e o objeto, isso não exclui todas as demais relações envolvidas no

processo, não apenas as relações interpessoais, mas toda “bagagem” que o mesmo

carrega através de suas vivências. Em Educação a Distância este processo envolve

todas as interações entre Professores – Tutores – alunos. Bem mais do que o objeto

de estudo, o que realmente proporciona a construção do conhecimento são estas

ações que ocorrem de um ponto ao outro. A satisfação depende do sentimento de

acolhimento, este talvez seja um dos grandes problemas da EAD, a humanização do

ambiente e a afetividade envolvida no processo.

Desta forma, encontramos suporte em Paulo Freire que legitima a autonomia

do individuo e a relevância de apoiarmos a metodologia em seus conhecimentos

adquiridos. A autonomia a que nos referimos é aquela que torna o individuo capaz

de decidir baseado em sua realidade. Sendo assim, a EaD tem como meta criar nos

envolvidos no processo uma autonomia desenvolvida para educar através das

diferenças pessoais.

Paulo Freire (2002, p.7) afirma que a pedagogia da autonomia está

"fundamentada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do

educando". Sabemos que a pedagogia da autonomia envolve todas as interações do

individuo com o meio, ações e reações, construções e desconstruções, e este

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processo é dinâmico, ocorre sem previsão e a todo o momento. Toda ação do

indivíduo proporciona a construção de conhecimento e, como consequência, a

autonomia de gerir este processo; a participação democrática em um ambiente

virtual leva ao desenvolvimento do senso crítico e a uma postura reflexiva.

A pedagogia da autonomia propõe ainda, a cooperação entre os indivíduos

e as aprendizagens através da discussão de pontos de vista contrários, a partir

desta ideia ocorrem, nos indivíduos, diferentes reações e questionamentos,

construção e desconstrução de conhecimentos a partir de um mesmo ponto.

O que se propõe é que as atividades sejam questionadoras, que os

indivíduos sejam incentivados a expressar suas opiniões, a refletir e criticar o que

suas vivências promoveram neste processo, passando de um pensamento intuitivo a

um pensamento racional.

Segundo a Pedagogia da autonomia, a afetividade entre os sujeitos

dinamiza o processo de construção de conhecimento e o desenvolvimento

intelectual; percebe-se, assim, a importância que o diálogo assume como ferramenta

pedagógica imprescindível para o êxito da educação. A interação entre os sujeitos

inseridos no processo pode dinamizar a transformação do conhecimento e da

sociedade em que está arraigada, pois vimos que a mudança de postura esta ligada

às trocas de conhecimentos.

Em EaD se faz necessário que o diálogo e a reflexão sejam ainda mais

importantes do que no ensino regular, criando condições para surgimento de sujeitos

críticos e com possibilidade de construir uma nova história e uma nova sociedade.

Os educadores envolvidos devem utilizar esta ferramenta como forma de

aproximação do objeto com o sujeito e propiciando desta forma um pouco de

“afetividade” ao ambiente virtual. Desta maneira, o conhecimento deve estar

embasado no diálogo, o que, sem dúvidas, desenvolve a interação entre os

envolvidos no ensino-aprendizagem através do ambiente virtual.

Neste ponto, surgem as teorias de Vygotsky, onde a interação social

transforma afetividade e interatividade em motivação de grupo; este processo se

desenvolve a partir do diálogo e confiança entre os envolvidos.

Segundo Vygotsky (1998) toda ação é baseada na motivação, e esta é a

característica que desenvolve desejos, interesses e atitudes nos sujeitos, se formos

pensar no desenvolvimento deste processo vemos a necessidade de “humanização”

do ambiente virtual e do suporte afetivo desenvolvido pela figura do tutor presencial.

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Sabendo que o conhecimento se constrói através das depurações e

reflexões, o tutor em EaD assume um papel de destaque neste processo

educacional, representando a humanização e a relação humana em um espaço

virtual que pode se tornar frio e desinteressante se não forem trabalhados de forma

correta. Este é o ponto principal deste trabalho, demonstrar como a relação entre o

tutor presencial e o acadêmico pode colaborar para diminuir a evasão e aproximar o

aluno do ambiente e da Instituição a que está ligado, bem como refletir sobre ações

que podem dinamizar este processo.

2 A tutoria como mediação

No processo ensino-aprendizagem onde o conhecimento é construído por

meio da interação entre o sujeito e o objeto do conhecimento e, principalmente pela

interação do sujeito-objeto e sujeito-sujeito, é que o papel do tutor-professor como

mediador ganha importância e lhe dá um aumento de responsabilidade.

Segundo Moore:

[...] considerado como essencial pela maioria dos alunos e como altamente desejável pela maior parte dos educadores, é a interação do aluno com o tutor. Após o conteúdo ter sido apresentado – seja informação, demonstração de aptidão ou o aparecimento de certas atitudes e valores -, os tutores auxiliam os alunos a interagir com o conteúdo. Algumas das formas pelas quais fazem isso é pelo estímulo do interesse dos alunos pela matéria e da motivação que têm para aprender.

Essa mediação necessita de interação e percepção, independente da

presença física, pois é através das “falas” que se fazem presente no Ambiente

Virtual de Aprendizagem , que o professor-tutor preparado faz a mediação, no

sentido de fornecer aos alunos referenciais de apoio para que eles possam construir

seu conhecimento.

Sendo assim, aparece a figura do professor-tutor como um animador, um

motivador no processo ensino-aprendizagem, deixando a questão mais simples,

assim como deixando de ser somente um facilitador. Esse tipo de tutoria como

mediação dá ao professor-tutor um papel de integração no curso e de co-

responsabilidade no processo de formação do aluno Ead.

Pode-se afirmar que o professor-tutor é um Educador a Distância, que

media a aprendizagem, enfim ele é um professor no espaço virtual.

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Desta forma, o professor-tutor trabalha com seus alunos com o objetivo de

que eles aprendam a usar a tecnologia, adquiram competências e habilidades; seu

trabalho deverá procurar garantir a relação teoria-prática.

O professor-tutor assume assim um papel de relevante importância, pois

trabalha diretamente com o aluno, esclarece suas dúvidas, incentiva-o a prosseguir

e participa da construção do conhecimento.

Para exercer o papel de professor-tutor, há a exigência de que o mesmo

possua um perfil profissional com capacidades, habilidades e competências

inerentes à função, pois a importância e a complexidade de sua função na EAD

fazem com que o mesmo tenha domínio de uma prática política, educativa, formativa

e mediadora.

Moore (2008, p.148) nos apresenta os três pilares que dão suporte ao

trabalho do Tutor em EaD, funções divididas em grupos de ensino, progresso do

aluno e apoio ao aluno. O autor se refere ao papel do tutor como professor e

mediador do conhecimento, mas também como suporte aos questionamentos e

anseios dos acadêmicos, uma vez que ele personifica a instituição junto aos

discentes.

A modalidade do Ensino a Distância, nos espaços dos Ambientes Virtuais

de Aprendizagem torna-se muito próprio para a efetivação de práticas pedagógicas

autônomas, numa relação de trocas, que só pode obter sucesso se for efetuado com

afetividade e mediado pela tecnologia (de certa forma, avaliada como “fria”)

É nesse espaço, que os professores-tutores devem atuar a fim de criar

possibilidades para que os alunos sejam autores de seu próprio saber.

3 Perfil do professor-tutor

Esse Professor-Tutor necessita apresentar um perfil com habilidades e

competências específicas, já que deve conhecer a política educativa da Instituição

que oferta o curso em que está inserido, dominar em termos de conhecimento o que

vai trabalhar, além de exercer um papel de sedução pedagógica, a fim de que o

processo educativo se cumpra em todas as suas etapas.

Moore nos apresenta uma tabela como forma de demonstrar as funções

desejáveis em um tutor EaD:

- Supervisionar e ser o moderador das discussões

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- Supervisionar os projetos individuais e em grupo- Ajudar os alunos a gerenciar seu tempo- Motivar os alunos- Responder ou encaminhar questões administrativas- Responder ou encaminhar questões técnicas- Responder ou encaminhar questões de aconselhamento- Representar os alunos perante a administração(MOORE, 2008, p.149)

O aluno enfrenta e supera os obstáculos na construção de seu

conhecimento numa relação de respeito e confiança mútuos com o tutor. Na

verdade, o tutor extrapola seu papel, já que é o elo entre o sistema de ensino e o

aluno. Por isso, seu papel pode ser traduzido como condução e encaminhamento,

sendo que ao mesmo tempo em que o processo educativo se desenvolve, a

tendência é de mudanças e aprofundamento dos laços afetivos entre os dois, pois o

homem constrói uma visão própria de mundo, conforme elabora seu conhecimento.

Diante dessa situação, se faz necessária a atualização e o aperfeiçoamento

das práticas pedagógicas do professor-tutor, a fim de efetivar a “sedução

pedagógica” do aluno, através da afetividade.

Esse professor-tutor, sem sombra de dúvidas, deve ter facilidade de

comunicação, dinamismo, criatividade e iniciativa, como forma de exercer seu

trabalho de facilitador na turma de alunos que trabalha com o tutor.

O tutor-professor deve estar comprometido na formação de alunos que

pensem e sejam capazes de discutir, problematizar e elaborar seu próprio

conhecimento.

O aprender a aprender é condição básica para o sucesso do aluno EAD,

logo cabe a esse tutor-professor o papel de instigador da participação do aluno no

processo educativo como um todo, evitando a desistência e o desencanto dos

alunos.

O conhecimento da realidade de vida de seus alunos deve perpassar pelas

dimensões pessoal, social, familiar e educativa, dando assim embasamento real a

seu trabalho.

Enfim, o professor-tutor deve acompanhar, motivar, orientar e estimular a

aprendizagem do aluno, usando metodologias e recursos adequados para facilitar e

orientar essa operação. É importante lembrar que todo esse trabalho deve ser

desenvolvido através do diálogo, do confronto, da discussão de pontos de vista e do

respeito pela individualidade cultural de cada um.

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Como forma de estratégia da EAD, pode-se perceber no setor de tutoria a

finalidade resolver os problemas de comunicação que surjam durante o processo,

articulando ações para que esse Sistema de Educação esteja sendo refletido e re-

significado em suas metas.

4 Afetividade e amorosidade na EaD

Faz-se necessária uma revisão das questões metodológicas, mas antes de

qualquer coisa nunca deve ser deixado de considerar a questão da Afetividade e da

Amorosidade na construção do conhecimento desses alunos, tão difundida por

Paulo Freire e tão necessária na Educação a Distância.

Trabalhar em Tutoria nesta modalidade exige um profissional aberto a

mudanças, que desenvolva suas atividades com prazer e amorosidade.

Quando se fala em EAD logo se pensa em planejamentos e estratégias com

o uso de tecnologias digitais, sendo que a afetividade é um elemento muito

importante nessa modalidade de ensino, através daqueles professores-tutores que

encaram o desafio e buscam meios de minimizar a ausência, tornando a

aprendizagem um processo autônomo.

As escolas não estão conseguindo educar a emoção. Elas estão gerando jovens insensíveis, hipersensíveis ou alienados. Precisamos formar jovens que tenham uma emoção rica, protegida e integrada. [...] Seu objetivo principal é ensinar os alunos a serem pensadores e não repetidores de informações. (CURY, 2003, p.67-68)

A afetividade na EAD pode ser trabalhada através de dois sentimentos: a

paixão e a compaixão. Paixão no sentido de exercício da função que, ao mesmo

tempo em que exerce sacrifícios pessoais, proporciona momentos de alegria na

relação com o aluno.Compaixão no sentido de humanização; o professor-tutor que

esteja de posse dela, não perderá a capacidade de se indignar diante das injustiças

que se apresentam na vida social.

O que somos, pensamos e vivemos é, na verdade, um misto de nossas experiências acumulaas re-elaboradas e o todo como elas nos tocaram desde muito antes de nossa memória consciente. SOmos, por extensão, um emaranhado vivo de histórias, tanto as que protagonizamos quanto aquelas que tivemos acesso como ouvintes ou leitores. Nós nos mesclamos a elas, nos enredamos em suas tramas e, de repente, passamos a ser a fibra forte que compõe o texto (do latim _textum, que significa aquilo que foi tecido). (CHALITA, 2003, P.9)

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É impossível separar Afetividade de Educação, pois essa troca permanente

é indispensável para o sucesso do trabalho pedagógico como forma de conduzir a

aprendizagem a contento.

De forma alguma o trabalho pedagógico deve ser orientado somente

através do domínio e conhecimento de metodologias e tecnologias, mas sim com o

objetivo de oportunizar mudanças profundas em sua estrutura; mudanças

constantes entre os dois lados do processo, ou seja, professor-tutor e aluno.

Existe uma questão prática quanto à construção do perfil do aluno EAD, de

suma importância que é a questão de que os mesmos desenvolvem várias

atividades, que são adultos e realizam sua formação continuada.

Enfim, pode-se dizer que o papel do professor-tutor perpassa as simples

atividades de acompanhamento, correção de tarefas e informes administrativos. Sua

função deve acontecer na base da comunicação e do diálogo, no respeito aos

alunos. Além disso, no entendimento que a construção do conhecimento não deve

ser efetivada de forma linear, mas sim em uma tríade do EDUCANDO e sua relação

vivida com a rede, do PROFESSOR-TUTOR e sua presença mediadora, do

AMBIENTE como espaço de aprendizagem.

O professor-tutor deve estar preparado para trabalhar num modelo

pedagógico onde existe a elaboração dos conhecimentos pelos próprios alunos, mas

de forma a que não seja algo pronto e formatado.

O professor-tutor tem como desafio nos dias atuais as questões sócio-

afetivas e necessita elaborar estratégias de contato e interação com os estudantes,

assim estabelecendo uma postura de “estar junto virtual”, num novo olhar da

Educação à Distância.

Segundo Moore este é um dos principais motivos de evasão em cursos a

distância.

[...] se os alunos se frustrarem ao tentar concluir o curso ou cuidar de exigências administrativas sem receberem o apoio; se receberem pouco ou nenhum feedback sobre trabalhos do curso ou progresso alcançado e se tiverem pouca ou nenhuma interação com o instrutor, orientador ou outros alunos e, portanto, ficarem isolados. (MOORE, 2008, p.187)

Quando o papel do professor-tutor não é desenvolvido a contento, provoca

uma falta de confiança o aluno, o que pode levá-lo ao maior problema da EAD, a

evasão irreversível. Enfim, no exercício de suas funções de tutor-professor, a

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sedução pedagógica deve acontecer de modo a buscar autenticidade, tanto na

questão pedagógica, quanto na pessoal.

Os alunos da Educação a Distância devem ter o acompanhamento de um

tutor-professor que tenha um olhar cuidadoso em seu processo de elaboração do

conhecimento, incentivando-o a continuar seu trabalho, de forma próxima e nunca

distanciada. A arte de seduzir o aluno, no sentido pedagógico, através da

afetividade, aparece como forma de cumprir a contento, o processo educativo na

Educação a Distância; ela requer o envolvimento entre aquele que acompanha

ativamente o processo de aprendizagem e os alunos, dando uma imagem de

aprendizagem sedutora e contagiante.

Na EAD , o tutor necessita estar presente, sem estar fisicamente junto com

o aluno, acompanhando o processo ensino-aprendizagem. Mas o fato da distância

não pode ser confundido com distante, já que há envolvimento entre pessoas, que

necessitam de presença, dedicação e respeito, pois não se deve esquecer que

pessoas têm sentimentos e emoções.

Esse envolvimento deve ser elaborado passo a passo num processo de

construção de confiança e cumplicidade, numa relação de afeto entre professor-tutor

e alunos.

A modalidade do Ensino a Distância , nos espaços dos Ambientes Virtuais

de Aprendizagem torna-se muito próprio para a efetivação de práticas pedagógicas

autônomas, numa relação de trocas, que só pode obter sucesso se for efetuado com

afetividade e mediado pela tecnologia (de certa forma avaliada como “fria”).

É nesse espaço, que os professores-tutores devem atuar a fim de criar

possibilidades para que os alunos sejam autores de seu próprio saber.

5 Aluno da educação à distância

O aluno EAD aprende a ter autonomia e a pesquisar, ampliando o seu grau

de independência, ao mesmo tempo em que vai construindo seu conhecimento,

dentro de uma relação interligada de troca de saberes.

Os alunos aprendem a estudar e pesquisar por conta própria, mas contando

sempre com o apoio do professor-tutor, o que faz este papel ser imprescindível na

EAD.

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Não deve ser esquecido jamais que esses alunos vêm das mais diversas

realidades de crenças, idades, etnias, gêneros, sexualidades, classes sociais,

culturas, espaços e modos de vida.

Assim sendo, fica demonstrada sua capacidade de trabalhar de forma

individual e em equipe, dando significação para a análise da realidade vivida pelo

aluno.

O aluno necessita do auxílio do professor-tutor para a organização das

atividades programadas e para a aprendizagem do uso das ferramentas de trabalho

fornecidas pelas TICs ,fator essencial na EAD. Essas ferramentas devem ser usadas

de forma eficaz , sendo necessário habilidades específicas do professor-tutor, dando

assim um uso mais efetivo do Ambiente Virtual de Aprendizagem. O uso dessas

ferramentas deve dar-se de modo inteligente, de maneira a que a humanização não

seja deixada de lado.

6 Desafios do professor-tutor

Realmente , o papel do professor-tutor apresenta-se como um desafio na

educação no sentido de desenvolver uma prática afetuosa e com sensibilidade ,

acompanhando o crescimento de seus alunos., buscando sentido e significado no

seu trabalho e inovando o fazer docente.

O tutor-professor deve trabalhar em conjunto com seu aluno, de modo a que

o mesmo aprenda a “ler” o mundo, elabore seu próprio conhecimento, redimensione

seus valores e reveja suas atitudes.

O papel do professor-tutor, hoje, assume uma importância ímpar, pois a

sedução na arte de ensinar depende quase que exclusivamente dos mesmos.; com

a mente aberta para o novo é a forma de re-significação de conceitos e

transversalização do conhecimento.

O Tutor-professor é o elemento no processo pedagógico da EAD que

melhor personifica a instituição, pois é ele quem lida diretamente com os estudantes

nas questões administrativas, nos processos de aprendizagem, na avaliação do

processo formativo e/ou no controle das atividades realizadas pelos estudantes.

Na verdade, o tutor-professor é o “fator humanizador” do Ensino a Distância,

que usa o recurso do diálogo, como forma de construir um sistema de tutoria onde o

mesmo exerce a função de mediador.

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A tutoria é um ponto-chave neste renovado jeito de trabalhar o

conhecimento, pois ainda é dominante a idéia de ligação entre professor e aluno. O

tutor pode ser definido como o “guia, protetor ou defensor de alguém em qualquer

aspecto”, enquanto o professor é alguém que “ensina qualquer coisa” (LITWIN apud

ALVES, 2003, p.93). Existem várias questões a serem repensadas, quanto à

teorização e prática das atitudes do professor-tutor, pois parece existir pouca paixão

pelo trabalho e muita argumentação, passando uma imagem de simples treinadores

nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, em detrimento de um trabalho educativo

realizado por educadores, propriamente dito.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a freqüente utilização das tecnologias de informação e comunicação

surgiu a necessidade de se trabalhar as informações disponíveis no ciberespaço de

uma maneira que se construa conhecimento e não apenas memorização e

assimilação. Não se faz necessário “decorar conteúdos” quando temos a informação

ao alcance de um clique e a qualquer momento.

Isto exposto, é necessário que haja uma ressignificação do papel do

professor na sociedade da informação, desenvolver novas práticas, assumir uma

nova postura e conceber que o processo ensino-aprendizagem precisa de

modificações urgentes.

Partindo desses pressupostos, as competências e habilidades necessárias

à tutoria em Educação a Distância, correspondem às ações que possibilitarão o

desenvolvimento do cursista e do curso. Assim o tutor deve ter competências

gerenciais, tecnológicas e pedagógicas.

Pode-se dizer que a formação continuada do professor-tutor e o seu

desempenho como mediador , num Ambiente Virtual de Aprendizagem , usando de

afetividade na construção do conhecimento do aluno , são fatores essenciais para o

sucesso da Educação a distância.

 A interrogação que fica é de como estão sendo preparados os professores-

tutores para a prática de seu ofício num Ambiente Virtual de Aprendizagem?Será

que as práticas colaborativas, a interação entre os atores do processo, a partilha e

re-significação do conhecimento e a construção e/ou elaboração do mesmo estão

sendo efetivadas?

São questões que podem ser respondidas através de pesquisas

direcionadas a este fim e que não foram contempladas através deste trabalho de

pesquisa bibliográfica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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VIGOSTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores, São Paulo, Martins Fontes, 1998.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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CLICK EAD – UFPEL. Revista Semestral da CEAD/UFPEL. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, Ano I nº 2, dezembro de 2010.

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OLIVEIRA, Gleyva M.S. de. O sistema de tutoria na educação a distância. Disponível em http://www.uab.ufmt.br/uab/images/artigos_site_uab/tutoria_ead.pdf acessado em abril de 2011.

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