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Dossiê Eólico NESTA EDIÇÃO ::: Reportagem especial trata da geração de energia eólica no Brasil Entrevista exclusiva com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel Mercado de carbono ano 1 > # 6 > 2011 > www.renergybrasil.com.br ISSN 2178-5732 R$ 10,00 9 7 7 2 1 7 8 5 7 3 0 0 6 0 6

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Dossie Eolico

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Dossiê EólicoNESTA EDIÇÃO ::: Reportagem especial trata da geração de energia eólica

no Brasil • Entrevista exclusiva com o ministro do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel • Mercado de carbono

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ISSN 2178-5732

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Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel • Mercado de carbono

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índiceA relação direta do homem com o meio ambiente

Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis

Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável

Eco

Energia

Sustentável

Como navegar pelo conteúdoLocalize os temas do seu interesse através dos ícones abaixo relacionados:

Às vésperas de novo leilão, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior declara que o Brasil avança na consolidação de fontes alternativas de energia. Em entrevista exclusiva, Pimentel fala sobre investimentos em inovação tecnológica, para o País tornar-se mais competitivo no setor

Às vésperas de novo leilão, o ministro

Brasil avança na consolidação de fontes alternativas de energia. Em entrevista exclusiva, Pimentel fala sobre investimentos em inovação tecnológica, para o País tornar-se

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FERNANDO PIMENTEL

“entrevista

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92Dicas para reduzir, reutilizar e reciclar o papel na era virtual 102

Guia prático de como descartar pilhas, baterias e carregadores sem prejudicar o meio ambiente 104

Livros, sites, fi lmes e produtos ligados a energias renováveis e sustentabilidade 106

Os ilustradores do Baião Ilustrado celebram um ano de revista na seção “O Último Apaga a Luz” 110

Série de documentários explicita que a diversidade das culturas também está em risco de extinção 12

Mais lixo do que gente: Brasil sofre retrocesso em relação aos resíduos sólidos 14

Prefeitos das maiores cidades do mundo se reuniram para trocar experiências de combate às mudanças climáticas 31

Paraíso verde no deserto: Masdar City, em Abu Dhabi, pretende ser a primeira cidade carbono zero do mundo 34

Ricardo Baitelo, do Greenpeace, e sua militância ecológica para mudar o modelo energético do País

Dossiê trata sobre a geração de energia eólica e a “indústria dos ventos” no Brasil

Política do Carbon Free ganha adeptos no Brasil, mas o mercado está preparado para um modelo mais sustentável?

Opinião: CEO da Braselco e diretor da ABEEólica, Armando Abreu, traça linha do tempo da eólica 70

Programas e projetos piloto dão os primeiros passos para a implementação de smart grids no Brasil 74

Projeto que cria a Agência Nacional de Energias Renováveis entra em tramitação no Congresso Federal 80

Nova plataforma eletrônica torna-se bolsa de valores para a negociação de energia no mercado nacional 84

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editorial

Em recente visita ao Uruguai, a presidente Dilma Rousseff fechou mais um acordo de investimentos em energia na América Latina. O foco

foi o potencial energético vindo das usinas eólicas. Até 2015, o País se pre-para para investir R$ 6 bilhões em outros países do continente. Ainda que desenvolvendo estudos de diversos tipos de geração nos demais países do Mercosul, a estatal brasileira Eletrobrás prospecta grandes oportunidades especificamente para esta fonte renovável, vinda dos aerogeradores.

Mas é olhando para dentro de nossas próprias fronteiras que se enxer-ga melhor as perspectivas deste novo momento dos “ventos brasileiros”. A produção de energia eólica ganhou novo fôlego e, às vésperas de novo leilão, mostra que cada vez mais está em um momento propício. A crise nos mer-cados desenvolvidos tem colocado o Brasil na mira de fabricantes e demais

investidores do setor. Nossa reportagem de

capa trata dos seis anos de geração de energia eólica no Brasil. Um dossiê, que puxa por uma linha do tem-po desde que o País optou por diversificar sua matriz energética, passando pelos primeiros passos do Progra-ma de Incentivo às Fontes de Energia Renováveis (Proin-fa) até o atual montante de um gigawatt em capacidade instalada de energia eólica

no Brasil, atingida em maio passado com a entrada em operação do parque Elbrás Cidreira, no Rio Grande do Sul.

O ministro Fernando Pimentel, do Ministério do Desenvolvimento, In-dústria e Comércio Exterior, em entrevista exclusiva à Renergy, fala deste recente quadro de consolidação de novas fontes de energia e explica que são necessários investimentos em inovação tecnológica para o Brasil continuar competitivo.

Dentro destas perspectivas de crescimento, a revista discute como é ne-cessário conciliar desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Aprovei-tamos para tratar da política Carbon Free, que é uma das modalidades desse novo perfil do mercado.

Esta edição celebra não só este momento de expansão da energia reno-vável, mas comemora um ano da Renergy Brasil. Uma revista que acredita na discussão e na difusão de ideias relacionadas às preocupações ambientais e econômicas, locais e mundiais, que direcionam o governo, a indústria e o cidadão a enfrentar o desafio de construir um novo futuro.

A força do vento brasileiro

Mas é olhando para dentro de nossas próprias fronteiras que se enxerga melhor as perspectivas deste novo momento dos “ventos brasileiros”

expedienteDIREÇÃO GERALJoana [email protected]ário [email protected]ÇÃOAna [email protected]ÇÃOCarol de Castro e Paola [email protected] GRÁFICOGil DicelliDIREÇÃO DE ARTEAldonso Palá[email protected]ÇÃO ELETRÔNICAGerardo JúniorEstalo! Comunicação + DesignREVISÃOEleuda de CarvalhoCONSULTA TÉCNICAGustavo [email protected] NESTA EDIÇÃOMônica Lucas (textos), Armando Abreu (artigo) e Thyago/Assis/Wendel/Sandes e Julião - Baião Ilustrado (ilustração)DEPARTAMENTO COMERCIALMeiry Benevides(85) 3023 [email protected]ÃOGráfica Santa MartaTIRAGEM10 mil exemplaresRENERGY BRASIL EDITORA Ltda.Av. Senador Virgílio Távora, 1701 sala 1404 - AldeotaCEP 60170-251 Fortaleza CE Brasilwww.renergybrasil.com.brJORNALISTA RESPONSÁVELAna NaddafMTB CE01131CAPAMax UchôaEstalo! Comunicação + DesignOs artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessaria-mente, a opinião da revista.É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.

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ver

Ovelejador Amyr Klink em-barca em nova aventura.

Mas, desta vez, longe do mar. Klink apresenta a nova série de programas Caminhos da Ener-gia, do Canal Futura. O foco é a matriz energética brasileira. Produzida em parceria com a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), a série em tom do-cumental trata do uso sustentá-vel da energia, através de fontes renováveis e menos poluentes.

São dez episódios, com du-ração de 30 minutos cada, onde especialistas falam de geração, distribuição e consumo de ener-gia. Entre eles estão o secretá-rio de Políticas e Programas de

Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecno-logia, Carlos Nobre, o advogado e ambientalista Fábio Feldmann e o físico nuclear e professor da USP, José Goldemberg.

Além dos episódios, foram produzidos pequenos progra-mas de um minuto com dicas de consumo consciente de

energia. Exibidos nos intervalos da programação, estes interpro-gramas trazem dicas de uso de pilhas, escolha de lâmpadas e eletrodomésticos e aspectos de construção sustentável. O obje-tivo é mostrar para a população que todos fazem parte desta luta contra o desperdício de recursos naturais.

Série de programas trata do uso sustentável da eletricidade. Apresentada pelo velejador Amyr Klink, a série Caminhos da Energia é produzida pelo Canal Futura e tem caráter documental

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Para sabermais sobre

Os programas da série Caminhos da Energia estão sendo veiculados às quartas-feiras, às 20h30. A série também estará disponível para download dos usuários da FuturaTec, a videoteca virtual do Canal Futura.Mais informações: www.futura.org.br

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Make the most of your energy SM

As soluções completas da Schneider Electric melhoram aprodutividade e reduzem os custos de energia em até 30%.

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Soluções completas de um único fornecedorHá anos, a energia eólica vem evoluindo. Agora, finalmente temos soluções para otimizar a produtividade e tornar os parques eólicos lucrativos e eficientes.

O que provocou esta mudança? É simples: soluções energeticamente eficientes que tratam da operação eólica como um todo – desde equipamentos e rede de media tensão até as subestações coletoras – e fornecem uma conexão segura e confiável com a rede.

Mais eficiência e disponibilidadeApresentamos três novas soluções para maximizar sua produção de energia e reduzir os gastos operacionais e de capital:

> Sistema de Média Tensão: Oferecemos uma solução completa de equipamentos e serviços de todo o sistema elétrico para o setor de energia eólica, garantindo uma melhor eficiência e continuidade dos serviços.

> Conexão com a rede: Reduza os gastos operacionais e de capital assegurando que a conexão com a rede esteja em conformidade com os requisitos de instalações, e disponibilize o máximo da eletricidade produzida.

> Supervisão: Nosso sistema inovador de operação e supervisão remotas proporciona a medição de energia precisa.

Como obter uma vantagem competitivaNesse negócio, escolher o parceiro certo pode fazer toda a diferença. É por isso que é importante obter uma solução completa de um único provedor e fazer da Schneider Electric™ esse parceiro de confiança.

Com garantia de desempenho para amparar seu investimento, você poderá certificar-se de que seu projeto será executado de modo eficaz do início ao fim.

Apresentando uma conexão com a rede mais eficiente para a operação de seu parque eólico.

Soluções integradas para cada etapa do processoProjetos específi cos para o setor de energia eólica, compatibilidade homogênea e garantia de desempenho de 20 anos são apenas algumas das razões pelas quais a Schneider Electric pode aumentar a lucratividade de seu parque eólico e proporcionar uma vantagem competitiva.

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documentar

Série do Discovery Channel e da BBC volta seu foco para o homem e seus mais diferentes habitats. Planeta Humano explicita que não são apenas os animais que correm risco de extinção, mas também a diversidade das culturas

Planetahumano

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Depois de séries bem suce-didas como Vida e Planeta

Terra, que destacam a vida e o ambiente dos animais selvagens, o Discovery Channel e a BBC voltam seu foco para o homem. Planeta Humano apresenta o nosso momento evolutivo e as formas que encontramos para sobreviver nas mais diversas (e adversas) condições.

A série é dividida em oito epi-sódios, com uma hora de duração, e cada um deles aborda um habitat diferente: oceanos, mon-tanhas, fl orestas, savanas, rios, Ártico, desertos e grandes centros urbanos. Com imagens espetacu-lares captadas ao longo de quatro anos, em tecnologia HD e alta resolução, a série mostra indiví-duos, comunidades e tradições

nos desafi os do cotidiano. Esse emocionante relato de

sobrevivência se mostra também celebração das diferenças. Pla-neta Humano explicita que não são apenas os animais que correm riscos de extinção, mas também a diversidade das culturas. Mani-festações como as danças da tribo Wodaabe, no Níger, e os treina-dores de falcão da Mongólia estão cada vez mais perto do fi m.

O primeiro episódio, Oce-anos, conta com cenas gravadas no Brasil. A série exibe pes-cadores de Laguna, em Santa Catarina, que mantém uma curiosa parceria com golfi nhos nariz de garrafa. Os animais direcionam as tainhas para as redes, em troca de ganhar os peixes que tentam se desvenci-

lhar das malhas. Os pescadores aparecem ao lado de famílias que passam sua vida inteira em barcos e de outros homens que ainda mantém tradições na caça de tubarões e baleias.

O lançamento no Brasil acon-teceu em São Paulo, com a exi-bição do primeiro episódio na fachada do Masp, para que todos os pedestres pudessem assistir. O evento contou com a presença do narrador da série no Brasil, o cantor Milton Nascimento - envolvido com ecologia e que em 1990 gravou o álbum Txai, fruto de suas viagens pelos iga-rapés da Amazônia conhecendo os cantos dos povos da fl oresta. Em sua versão original, em inglês, a série é narrada pelo ator britânico John Hurt.

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conscientizar

Nunca geramos tanto lixo quanto em 2010. Em doze

meses, cada brasileiro produziu sozinho 378 quilos de lixo. No ano em que foi criada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o País sofreu um retro-cesso em relação à produção e

destinação do seu lixo: foram ge-radas 61 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU), 6,8% a mais do que no ano ante-rior. Enquanto isso, o crescimen-to populacional foi de apenas 1%. Ou seja, não há mais lixo só por-que há mais gente.

De acordo com Carlos Silva Filho, diretor da Associação Bra-sileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o problema é um refl exo do aumento do poder aquisitivo da população. Um consumo mais expressivo gera

O País sofreu um retrocesso em relação à produção e destinação do lixo, nos últimos doze meses. Enquanto o crescimento populacional foi de apenas 1%, geramos 6,8% a mais de lixo do que no ano anterior

Mais lixo do que gente

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mais resíduos, principalmente na ausência de uma cultura de consumo e descarte sustentável. Além disso, argumenta, as ações de educação e conscientização ambiental ainda são tímidas e praticamente inexiste um pro-cesso industrial que contemple o eco design e a sustentabilidade de maneira efetiva.

Os dados fazem parte do Pa-norama dos Resíduos Sólidos no Brasil, pesquisa realizada pela en-tidade em todo o País, e revelam um cenário preocupante. A quan-tidade de lixo com destinação inadequada chega a 23 milhões de toneladas - resíduos que foram encaminhados a lixões e aterros controlados que, por falta de me-canismos apropriados de disposi-ção e armazenamento, contami-nam o solo e a água. O pior índice de destinação inadequada é o da região Centro Oeste, onde mais de 71% do lixo produzido vai para lixões e aterros controlados. Em seguida, aparecem o Nordeste (66%) e o Norte (65%)

Os motivos que levam os municípios a adotar ou permi-tir uma destinação não ade-quada são vários. “Passam pela carência de recursos, falta de planejamento, desconhecimen-to técnico e até mesmo indis-ponibilidade de outro tipo de solução”, cita Silva Filho. Entre-

tanto, segundo ele, todos esses entraves podem ser superados mediante a adoção de uma visão estratégica e integrada na gestão de resíduos sólidos, optando-se por soluções encadeadas e não por uma única alternativa, que em geral não funciona para a to-talidade dos resíduos gerados.

Políticas PúblicasNa avaliação do diretor da

Abrelpe, as políticas públicas da área não estão entre as priorida-des do Estado e ainda se valem mais de medidas informais e voluntárias do que de projetos e ações estruturadas de médio e longo prazo. A educação seria um ponto que precisa ser enfrentado de maneira objetiva, não como medida lúdica ou acessória, com o tema sendo incluído não ape-nas na grade curricular das esco-las, mas também incorporado na educação familiar, no comporta-mento social e na prática cotidia-na. “Para tanto - e aí chegamos no principal obstáculo para o desen-volvimento do setor - é preciso comprometimento de todos os setores da sociedade, que devem atuar de maneira concreta para alcançar esse objetivo maior”, diz o diretor da Abrelpe.

A poucos anos de sediar uma Copa do Mundo e Olimpíadas e com necessidade de grandes

obras, o Brasil também enfrenta problemas na coleta de resíduos de construção e demolição, que aumentaram em 8,7%. Para a Abrelpe, é preciso estabelecer um modelo de gestão adequada desses resíduos e um processo de fi scalização efetiva. Para tanto, os municípios deveriam estabelecer um código de condutas para re-alização de obras e construções e traçar um sistema de contro-le e rastreamento dos resíduos gerados, averiguando as ações adotadas para só então outorgar as licenças e autorizações neces-sárias. “São sistemas já bastante consolidados no exterior, que po-dem facilmente ter aplicação no País”, comenta Silva Filho.

Apesar do impacto dos nú-meros de produção e destinação inadequada, a pesquisa também registrou resultados positivos, especialmente em relação à co-leta pelos serviços públicos de limpeza, que cresceu 7,7% em relação a 2009. A quantidade de iniciativas de coleta seletiva também aumentou. Atualmente, 57,6% dos municípios brasilei-ros possuem projetos de coleta seletiva, embora os percentuais regionais ainda chamem atenção pela desigualdade: cerca de 80% das cidades do Sudeste possuem tais iniciativas, contra menos de 30% no Centro Oeste.

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construir

De cima, tudo branco!Iniciativa do Green Building Council Brasil incentiva a adoção de medidas verdes para diminuir o aquecimento global. É o projeto One Less Degree ou Um Grau a Menos, que propõe a troca de telhados e pavimentos escuros por brancos para reduzir as ilhas de calor nas cidades

Aadoção de uma medida simples pela construção civil

mostra que é possível diminuir a temperatura das ilhas de calor nos grandes centros urbanos em 1 grau Celsius. Parece pouco, mas isso pode resultar em economia de energia e também em um ambiente com muito mais qualidade, além do benefício ambiental. A forma de se conseguir essa redução não poderia ser mais simples: pintar os telhados e pavimentos de branco, com uma tinta refl etiva.

Essa é uma proposta do projeto One Less Degree ou Um Grau a Menos, para combater o aque-cimento global e a formação de ilhas de calor nos grandes conglo-

merados urbanos. O projeto é realizado em cidades do mundo inteiro e impulsiona a adoção de medidas verdes, como esta, na construção civil. Um dos apoia-dores da campanha é o engajado cantor de rock Bono Vox, da Banda U2.

No Brasil, Um Grau a Menos vem sendo impulsionado nas cidades pelo Green Building Council (GBC), que destaca que é uma medida simples e efi ciente, já que não requer especialização, é de fácil aplicação e baixa manu-tenção. Conforme a GBC do Brasil, é uma das mais efi cientes medidas a serem adotadas no momento, pois o resultado é instantâneo e

contempla muitas pessoas. A adoção dos telhados ou

coberturas brancas é apoiada, segundo a GBC, por Steven Chu, secretário de Energia dos Estados Unidos e prêmio Nobel de Física, que tem falado sobre o assunto em suas aparições públicas, incentivando que todos os países adotem os “cool roofs” e deem sua contribuição para dar fi m ao aque-cimento global.

As ilhas de calor são frequentes em áreas urbanas. A absorção de calor por telhados escuros assim como a falta de áreas verdes e construção concentrada de edifícios, evitando a circulação de ventos, são práticas respon-

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sáveis pela formação das ilhas de calor, onde as temperaturas variam de 1ºC a 6ºC a mais que áreas rurais próximas.

Com os tetos pintados de branco, os raios solares simples-mente são refletidos novamente para a atmosfera, diminuindo as ilhas de calor. A Green Building Council diz que a compensação gerada pelo esfriamento das superfícies urbanas possibilitaria um atraso importante nos efeitos das alterações climáticas, período em que poderiam ser pensadas e desenvolvidas outras medidas para combater o aquecimento global. No mundo todo, a grande maioria dos tetos e coberturas são

escuros e refletem no máximo 20% da luz solar.

PesquisaUm estudo feio pelo labora-

tório norte-americano Lawrence Berkeley, que também é apoiador da campanha, mostra que pintar telhados com material branco ou claro diminui sensivelmente os efeitos da incidência solar. Estima-se que para cada 100 m² de telhado pintado com cores claras são compensadas dez toneladas de emissão de gás carbônico.

O laboratório acredita que a pintura com cores brancas, tanto em pavimentos quanto em telhados, nas regiões temperadas e

tropicais, pode gerar uma compen-sação equivalente de 44 bilhões de toneladas de CO2 emitido. Mais de 50% da população mundial vive em áreas urbanas e prevê-se que em 2040 este percentual atinja 70%. Isso considerando que tetos e pavimentos representam cerca de 60% das superfícies urbanas (tetos equivalem a 20%/25% e pavimentos, 40%).

Se os telhados no mundo inteiro tivessem suas cores escuras substituídas por cor branca, o Um Grau a Menos estima que se poderia conseguir uma compen-sação da ordem de 24 bilhões de toneladas de CO2. É a força do telhado branco.

Cobertura Refletiva

Benefícios dos telhados brancos:

Pintar o telhado com uma tinta refletiva pode diminuir em até 3 graus a temperatura da superfície pintada em um dia de verão. Dados da Environmental Energy Technologies Division, dos Estados Unidos, mostram que os revestimentos brancos são capazes de refletir de 70 a 80% da energia do sol. E diminuem o gasto com ar condicionado em até 20%.

• Diminuição das ilhas de calor dos prédios/casas;

• Diminuição da emissão de CO2; • Ajuda a refletir raio solar de volta ao espaço;

• Fácil aplicação e pouca manutenção; • Resultado imediato; • Reduz custo de ar condicionado em até 20%;• Ação que combate o aquecimento global.

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Fonte: GBC do Brasil

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decorar

P ara decorar: uma mandala feita com resíduos multico-

loridos de e.v.a que geram efeitos óticos instigantes. Para guardar e organizar com estilo: uma caixa em MDF certificado e tampa em Lyptus para as lembranças. Para usar: uma carteira feita a partir de tecelagem manual, misturando matérias e cores que podem ir bem com qualquer look e uma bolsa feminina confec-cionada com reaproveitamento de lacres de latinha de alumínio fixados em crochê para dar um toque exclusivo ao visual.

Estes objetos que envolvem design e, ao mesmo tempo, rea-proveitamento de resíduos que certamente acabariam no lixo são alguns dos produtos oferecidos na Eco.lógica Design, a primeira loja virtual de ecodesign brasileira.

A mistura dos conceitos de eco, lógica e design traduzem muito bem a intenção da loja em fornecer produtos que não produzem impacto no meio ambiente, sem abrir mão do senso estético, com beleza e ori-ginalidade. Isso porque consumir com responsabilidade ambiental não é só uma tendência, mas uma necessidade em tempos de transformações na natureza.

Para isso, a loja conta com um acervo de diversos profissionais do País.

A Eco.lógica trabalha essen-cialmente com o conceito de ecodesign. Conforme a pro-prietária, Isabela Castello, o ecodesign é uma nova forma de pensar o design de um pro-duto, incorporando a responsa-bilidade ambiental. “É pensar e

tentar minimizar, no momento da concepção de um novo pro-duto, o seu impacto ambiental, envolvendo desde a etapa de produção, transporte, consumo e descarte final”, explica.

Levar para o consumidor não só informações de como aquele determinado produto é produ-zido como também os benefícios ambientais do seu consumo são

Produtos de design produzidos sem impacto ambiental são vendidos na primeira loja virtual de ecodesign do Brasil, a Eco.lógica Design

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diferenciais do site, que propõe uma nova forma de relação de consumo. “O consumo é neces-sário para a nossa vida. Preci-samos de alimentos, roupas, mobiliário, locomoção, energia, água. Claro que, na fase atual da nossa sociedade, precisamos rever nossos padrões de con-sumo, tentar consumir menos e de forma mais consciente, com menor impacto ambiental. A idéia da loja é oferecer aos con-sumidores que estão revendo sua forma de consumir opções de produtos com menor impacto ambiental”, disse Castello.

Certificação AmbientalApesar de fazer uma espécie

de relato do processo de produção dos produtos vendidos no site, a empresária destaca que a questão da certificação ainda é um desa-fio. Conforme Isabela Castello, a certificação ambiental de produ-tos artesanais ainda não é uma realidade e a maioria dos fornece-dores não são certificados.

“A certificação é um processo novo e ainda caro para a maio-ria dos meus fornecedores, que são micro e pequenas empresas, associações ou cooperativas de artesãos. Se fosse exigir alguma certificação, teria poucos pro-

dutos para comercializar. Por isso, optei por comercializar os produtos mesmo sem certifica-ção e informar ao consumidor sobre os materiais utilizados e seus impactos ambientais. Com o tempo e o crescimento desses pequenos negócios, acredito que a certificação se tornará uma realidade”, destaca.

No ar desde dezembro de 2010, a Eco.lógica Design espera ampliar o leque de fornecedores e o mix de produtos para con-quistar novos clientes em todo o território nacional. “Ainda vejo que estamos em fase de consoli-dação de um novo conceito, uma nova proposta de fazer negócios. Sabemos que todo negócio pio-neiro exige um tempo maior de maturação, até que o mercado incorpore os novos conceitos. Estamos na fase de investir e com expectativa de ampliação do volume de negócios ao longo de 2011”, finaliza.

Para sabermais sobre

Vale a visita no site da Eco.lógica Design: www.ecologicadesign.com.br

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“Para aprendermos a viver juntos, primeiro é preci-

so que conheçamos uns aos ou-tros, ter a audácia de dar o pri-meiro passo, fazer perguntas, e fazer parte da história de outra pessoa”. Foi pensando nisso que o fotógrafo e cineasta francês Yann Arthus-Bertrand, conheci-do mundialmente pelo seu livro “A Terra vista do Céu”, lançou o

Projeto 6 Bilhões de Outros.Pode-se certamente dizer que

Yann Arthus-Bertrand não é so-mente um homem de imagens, mas também de atitudes. Enga-jado ambientalista e forte defen-sor do meio ambiente, ele criou em 2005 a Fundação GoodPla-net, uma instituição sem fins lu-crativos cuja missão é promover o desenvolvimento sustentável.

O projeto 6 Bilhões de Outros, sob a forma da condição huma-na, também se junta ao que já era realizado ambientalmente pelo fotógrafo de paisagens aéreas.

Até o momento, cinco mil depoimentos foram captados em 75 diferentes países, durante seis anos. O objetivo é mostrar “o que nos une e o que nos separa no mundo” e também fazer uma

olhar

Seis bilhõesde outrosA mostra do fotógrafo e cineasta francês Yann Arthus-Bertrand, que acaba de passar pelo Brasil, reúne cinco mil depoimentos de pessoas de 75 países, gravados durante seis anos. É uma compilação de histórias humanas

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Imagine um mundo que, além de girar, voa!

©2010 ExxonMobil Corporation. O logotipo Mobil® e o desenho do Pegasus são marcas registradas da ExxonMobil Corporation, de suas subsidiárias ou distribuidores autorizados.

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3,5 milhões já viram a exposição, desde janeiro de 2009

5 mil entrevistados75 países visitados6 anos de fi lmagem40 mesmas questões postuladas a cada um dos

entrevistados15 questões suplementares sobre a problemática

da mudança climática50 línguas (sem contar os dialetos)

compilação da humanidade. Apresentado em uma mostra visual, já vista por 3,5 milhões de pessoas na Europa e Ásia, com público recorde na França, o pro-jeto chegou ao Brasil em forma de exposição no Museu de São Paulo (MASP), em cartaz até 10 de julho.

Os “outros” são pessoas comuns, de diferentes profi s-sões, sexos, religiões, raças, cul-turas, condições sociais que res-ponderam as mesmas cerca de 40 questões simples, como suas lembranças de criança, seus sonhos, projetos futuros e sobre natureza, aquecimento global, meio ambiente, desenvolvi-mento sustentável.

Os depoimentos foram gra-vados em primeiro plano e a sen-sação é de que o entrevistado está falando diretamente com o espectador. Não há interferên-cias do jornalista nem de acessó-rios como microfones, tudo para dar intimidade entre quem fala e

quem escuta. A edição é assinada pelos diretores Sibylle d’Orgeval e Baptiste Rouget-Luchaire. Na exposição, cerca de onze horas de vídeo conseguem mostrar todas as entrevistas, ilustradas pelas diferenças de fi sionomia, acessó-rios e visões sobre a vida.

Diferentes rostos, vozes, idiomas, cores, acessórios e ade-reços mostram que, por isso, o homem é a grande riqueza da Terra. Para Arthus-Bertrand, o poder mobilizador desses depoi-mentos é imenso. “Somos mais de seis bilhões na Terra e não haverá um desenvolvimento sus-tentável se não pudermos viver juntos. Por isso, 6 bilhões de Outros é tão importante para mim. Eu acredito nele, porque é do interesse de todos nós, e porque nos encoraja a tomar uma atitude. Espero que cada um de nós queira estender a mão e fazer estes encontros, para escutar as outras pessoas e con-tribuir para a vida de 6 bilhões

de Outros adicionando as nossas próprias experiências e expres-sando o desejo de viver juntos”, disse.

O projeto de Bertrand, como ele mesmo disse, é interativo. Na página ofi cial do projeto é pos-sível fazer o upload de um vídeo mandando testemunho sobre um dos assuntos propostos por Bertrand, como forma de apro-ximar as pessoas. No Brasil, as gravações dos depoimentos resultaram em uma série com vídeos do País.

Para sabermais sobre

Você pode também participar deste projeto. Veja como na página oficial do projeto 6 Bilhões de Outros: www.6bilhoesdeoutros.org Para conhecer melhor os outros projetos de Bertrand, visite a Fundação Good Planet: www.goodplanet.org/

Números de 6 Bilhões de Outros

olhar

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reutilizar

Novas pesquisas apontam alternativas de produzir plástico sem envolver o petróleo como matéria prima. O bioplástico é um plástico biodegradável feito a partir de fi bras de vegetais e frutas, como a banana e o abacaxi

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Condenado por ecologistas, o plástico pode receber per-

dão em breve. Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) descobriram uma alter-nativa para a produção do mate-rial, que não envolve petróleo. A matéria prima no caso vem das fi bras de banana, abacaxi e coco. Além de produzido com uma fonte completamente renovável, o bioplástico é biodegradável, não provoca efeito estufa e tem pro-priedades que atendem a diversas indústrias: é 30% mais leve e de três a quatro vezes mais forte que o plástico comum.

O material ainda não foi paten-teado, mas a estimativa é de que chegue ao mercado nos próximos dez meses. Fabricantes do setor automobilístico demonstram interesse na substituição pelo bioplástico em algumas peças, como painéis e parachoques. A opção por esse material diminui o peso do carro, proporcionando

ainda economia de combustível e consequente redução da emissão de CO2 na atmosfera. Outra vanta-gem é a maior resistência a danos causados por calor e derramamen-to de líquidos, como a gasolina.

O bioplástico tem se mostrado bastante versátil e pelas suas pro-priedades óticas, como a transpa-rência, pode ser usado no lugar da fi bra de vidro. Além da indústria automotiva, empresas de eletrô-nicos já cogitam trabalhar com o material. Os setores médico e odontológico também podem ser benefi ciados, com o uso do bio-plástico em próteses e pinos. Há potencial ainda para utilização na indústria têxtil e nas áreas militar e aeronáutica, substituindo até o Kevlar, usado em coletes à prova de bala e capacetes militares.

NanoceluloseO engenheiro agrônomo Alci-

des Leão, professor que conduz as pesquisas na Unesp, explica que a

fase mais importante do proces-so é a obtenção da nanocelulose, que dá origem ao bioplástico. A nanocelulose é extraída após o tratamento intensivo da celulose retirada das fi bras das frutas e vegetais. Ele destaca ainda que as frutas não são retiradas da alimen-tação, pois as fi bras são obtidas da casca da banana e do tronco da bananeira. No caso do abacaxi, são usados o caroço central e as folhas; e do coco, a casca.

Não são apenas as frutas que vem sendo utilizadas para a pro-dução de bioplásticos. A Unesp tem experiências bem sucedidas com folhas de sisal e taboa e com o lodo das fábricas de celulose de papel. Em 2009, outro brasileiro, o professor de engenharia química Leonardo Simon, mostrou que era possível utilizar a palha do trigo para produzir peças de veículos e substituir materiais não renová-veis, como carbonato de cálcio, talco e mica.

No ano passado, esse plástico já era utilizado em algumas peças do carro Ford Flex. A nanocelu-lose também pode ser misturada ao plástico convencional para re-forçá-lo mas, usada desta maneira, o resultado fi nal não é mais um produto biodegradável.

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inovar

De Los Angeles a Foz do Igua-çu. Este é o percurso que

um carro de passeio brasileiro 100% elétrico vem percorrendo desde o início de abril, no pro-jeto “Zero Emissão”. A equipe tem como objetivo estabelecer o recorde para o percurso de 30 mil quilômetros, através das três Américas. Não é uma tarefa fá-cil: as estradas são consideradas o maior teste de resistência de um

veículo elétrico. Até agora o Fiat Palio Weekend Elétrico usado na expedição tem mostrado desem-penho satisfatório. O carro foi produzido pela Fiat do Brasil em parceria com a Itaipu Binacional.

Em pouco mais de um mês, o veículo já havia cruzado sete países e completado 10 mil quilô-metros percorridos. Após sair dos Estados Unidos, o Palio Weekend passou por México, Guatemala,

Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica. Até agora o percurso vem ocorrendo dentro do espe-rado, 300 quilômetros a cada 27 horas. Sem surpresas também no desempenho do carro, que con-tinua o mesmo de quando novo, atingindo as cargas da bateria no tempo previsto e rodando a uma velocidade média de 68 km/h.

A ideia de utilizar um veículo 100% elétrico em uma expedi-

Projeto Emissão Zero coloca carro elétrico na estrada. O carro, que foi produzido pela Fiat do Brasil em parceria com a Itaipu Binacional, irá percorrer um trajeto que inclui 15 países e uma grande diversidade geográfi ca e climática

Viagem na tomada

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Nos parques eólicos, inovação e conhecimento são tão importantes quanto os ventos In wind farms, innovation and knowledge are just as important as the wind.Fundamental para garantir a viabilidade dos projetos, a infraestrutura dos parques eólicos precisa ser executada por profi ssionais que reúnam experiência e tecnologia. Por isso o Consórcio Petra-BM é o líder deste segmento no Brasil. Responsável pelas obras de parques que respondem por parcela signifi cativa da capacidade instalada no país, o Consórcio Petra-BM desenvolve soluções sob medida para qualquer tipo de terreno. Graças ao conhecimento de seus engenheiros e à sua capacidade de inovação, a empresa aproveita as condições naturais para criar projetos ainda mais efi cientes. Assim, o Consórcio Petra-BM é hoje uma das principais parceiras do desenvolvimento do parque eólico nacional ao reunir experiência, excelência técnica e compromisso com o meio ambiente.

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Essential for making sure that the projects are indeed feasible, the infrastructure of wind farms needs to be implemented by professional people who bring experience as well as technology. For this reason, Petra-BM Consortium is the leader of this segment in Brazil. Responsible for the construction work for wind farms that account for a signifi cant part of the capacity installed in the country, Petra-BM Consortium develops tailor-made solutions for any kind of terrain. Thanks to the knowledge amassed by the company engineers and also their capacity of innovation, the company makes use of the natural conditions to create projects that are even more effi cient. Thus, Petra-BM Consortium is now one of the most important partners in the development of the national wind energy park, on bringing a unique blend of experience, technical excellence and a commitment to the environment.

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inovar

ção veio de Paulo Rollo, jorna-lista com 23 anos de estrada no currículo. Literalmente. Autor do livro-DVD “A volta ao mundo em 8.000 dias”, Rollo já visitou 71 países, percorrendo mais de 1,5 milhão de quilômetros de carro e motocicleta. Para isso, convidou a Fiat e a Itaipu como parceiras. “Estamos em um projeto que tem um objetivo importante, que é provar a capacidade desta tecno-logia, que pode ser tão importan-te para todos nós em um futuro muito próximo”, diz o jornalista que chefia o projeto.

Zero de emissãoO trajeto total inclui 15 países

e uma grande diversidade geográ-fica e climática. O carro não roda-rá apenas sobre asfaltos perfeitos, terá que passar sobre pavimentos extremamente precários, passan-do por terra, cascalho, gelo e até neve. A altitude varia desde o ní-vel do mar até os 5.000 metros, na Cordilheira dos Andes. A tem-peratura também não dará folga, oscilando entre os 15°C negativos da Patagônia aos 45°C da zona equatorial. A velocidade máxima atingida, durante a fase de testes, foi de 131 km/h na Interstate 15, na Califórnia, e a menor foi de 6 km/h, quando a equipe deixou San Salvador, em El Salvador.

Para a bateria do Palio Wee-kend elétrico, Itaipu e Fiat op-taram pela suíça Zebra, sigla de Zero Emission Battery Research Activity (algo como pesquisa da bateria de emissão zero). Utili-zando íons de sal, ela é 100% re-

ciclável e mais “verde” do que as de lítio. Atualmente, todos os veí-culos elétricos ainda enfrentam um problema comum, que é o tempo de recarga das baterias. No caso da bateria do Palio Weekend Elétrico, totalmente reciclável, o equipamento demanda 8 horas para uma recarga completa e a autonomia é de pouco mais de 100 km.

Para garantir que o projeto pudesse mesmo ser “Zero Emis-são”, a WayCarbon é mais uma parceira. Consultora do segmento ambiental, sua meta é montar um minucioso inventário de todo o impacto climático que a viagem está gerando e neutralizando as emissões de gases de efeito estu-fa através do plantio de árvores. A Plascar também se uniu ao projeto, fornecendo para o Palio Weekend Elétrico parachoques desenvolvidos e produzidos com materiais 100% recicláveis, com incorporação de até 20% de fibras naturais obtidas junto a coopera-tivas de trabalhadores rurais, que substituem a aplicação de ma-teriais de origem petroquímica (fontes não renováveis).

Fazendo as contas, a primeira viagem de longa distância feita com veículo totalmente elétrico no mundo deve durar cerca de quatro meses. Além de Rollo, fazem parte da equipe mais três pessoas - inclusive uma fotógrafa e um cinegrafista. Além de se re-vezarem na condução do carro, todos trabalham na realização de um documentário da viagem. O registro servirá também como

um apanhado cultural e geográ-fico dos povos encontrados pelo percurso, assim como uma aferi-ção das condições da rota Pana-mericana.

Projeto VEDesde maio de 2006, a Itaipu

Binacional em parceria com a suí-ça KWO - fabricante de motores elétricos - mantém o Projeto VE. A ideia é aproveitar as condições privilegiadas do Brasil para pro-duzir veículos elétricos, afinal, grande parte da eletricidade gera-da vem de hidrelétricas - uma energia limpa e barata. Esses veí-culos ainda não são produzidos para venda comercial e os protó-tipos são adquiridos por empresas parceiras para que sejam testados e desenvolvidos.

Embora tenha o Palio Wee-kend como carro oficial do pro-jeto, Leonardo Cavaliere, super-visor de Inovações e Veículos Especiais Fiat, conta que há ex-periências pontuais com outros veículos. Uma das mais recentes é o desenvolvimento do Novo Uno elétrico e há planos também para a Ducato e Doblò. A intenção da empresa é desenvolver know-how nacional nesta tecnologia, bus-cando dar autonomia e agilidade na adoção de carros elétricos.

Para sabermais sobre

O dia a dia da expedição pode ser acompanhado no site www.zero-emission.com.br

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debater

Às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, come-

morado em 5 de junho, gestores de vários países participaram do C40 São Paulo Summit. O evento, que chegou a sua quarta edição, tem como objetivos a troca de ex-periências e o debate de ações de combate e adaptação às mudanças climáticas. Realizado este ano em São Paulo, o encontro teve início no dia 31 de maio, com o plantio no Parque do Ibirapuera de 59 ár-vores de 12 espécies pertencentes

à flora nativa nacional, formando o Bosque C40.

O C40 São Paulo Summit contou com a participação de 16 prefeitos e representantes de ou-tras 31 cidades de todo o planeta. Ou seja, das 59 cidades que com-põem a rede, 47 estavam presen-tes. Em seu discurso de abertura, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, chamou atenção para o papel das cidades contra as mu-danças climáticas. “O enfrenta-mento das mudanças climáticas

começa nas nossas casas, ruas e indústrias. Porque é aí onde estão o lixo, o déficit de saneamento, as diferenças sociais, entre outros problemas”, afirmou.

Espera-se que em vinte anos 60% da população mundial viva em cidades. Logo, são necessários investimentos em boas ideias para evitar o caos climático. O presi-dente do Banco Mundial, Robert Zoellick, anunciou no encontro a criação de linhas de financia-mento para projetos ambientais que facilitem o acesso das cida-des aos recursos disponíveis para ações sustentáveis. O acordo foi assinado com Michael Bloom-berg, prefeito de Nova York e pre-sidente do comitê C40. Zoellick aproveitou para dar exemplos de iniciativas, como as ciclovias e postos para locações de bicicletas na Cidade do México.

Ainda no clima de compar-tilhamento de conhecimentos entre as cidades, Bill Clinton, ex--presidente dos Estados Unidos e fundador da Clinton Climativa Initiative, firmou uma parceria entre a instituição e a rede C40 na implementação de soluções para

Prefeitos das maiores cidades do mundo se reuniram na capital paulista para trocar experiências de combate às mudanças climáticas. No encontro, o Banco Mundial anunciou a criação de linhas de financiamento para projetos que facilitem ações ambientais

Cidades maissustentáveis

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a redução de emissão de gases de efeito estufa. Ele também elogiou a iniciativa do Banco Mundial. “Uma das grandes dificuldades é em relação à parte financeira. Geralmente os projetos são caros e quase todos tem compensação em vinte anos”, argumentou.

Projetos verdesO evento prosseguiu nos dias

primeiro e 2 de junho, com ple-nárias, sessões e mesas redondas realizadas no Hotel Sheraton. En-tre os assuntos abordados, temas como novas tecnologias, soluções e projetos de proteção ao meio ambiente e criação de centros ur-banos sustentáveis. Foram apre-sentados diversos projetos “ver-des”, tais como ônibus de baixa emissão, construções sustentáveis e capturas de gases em aterros sa-nitários, entre tantos outros.

A cidade de Berlim, por exem-plo, assumiu o compromisso de que até 2010 irá reduzir em 40% suas emissões de CO², em relação aos níveis de 1990. Para cumprir essa meta, irá recorrer à ajuda de um aplicativo do Google Earth: o Solar Atlas Berlin, um programa que mostra todo o território da

cidade em 3D, apontando os te-lhados com maior potencial para geração de energia solar. Por en-quanto, foram mapeados cerca de 500 mil telhados e, em mais ou menos um ano, incentivou a im-plantação de mais de 60 sistemas de produção de energia solar em coberturas da cidade.

Já em Heidelberg, também na Alemanha, o diferencial é a parti-cipação popular, com a organiza-ção de assembléias para discutir o que deve ser feito pela cidade. E o governo de Santiago, no Chile, criou um programa para que seja plantada uma árvore por cada chileno todos os anos. Segundo Jéssica Mualisi, as florestas urba-nas podem regular a temperatura da metrópole.

Em relação a construções sus-tentáveis, o Rio de Janeiro foi um dos destaques, com seus projetos para a Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016. O vice-prefeito Carlos Alberto Muniz contou que a pre-feitura anunciará um decreto para regulamentar as construções sus-tentáveis na cidade. Edifícios que utilizarem material de construção sustentável e economizarem ener-gia ganharão o selo Qualiverde.

A cidade que recebeu o evento também mostrou alguns avanços, como o programa de inspeção vei-cular e o aumento de áreas verdes - hoje, são 50 milhões de metros quadrados em parques. Há pouco tempo começou a circular na capi-tal paulista uma frota de 50 ônibus movidos a etanol. Outra parceria se deu entre São Paulo e a capital francesa. Gilberto Kassab e a vice--prefeita de Paris, Anne Hidalgo, assinaram um termo de coopera-ção para ampliar o intercâmbio de experiências nos setores de desen-volvimento urbano, tratamento de resíduos e saneamento. Kassab também assinou um acordo com Michael Bloomberg, de Nova York, para a cooperação bilateral entre as duas cidades.

Ao final, os prefeitos e repre-sentantes assinaram uma carta a ser entregue na conferência das Nações Unidas (Rio +20), em 2012, no Rio de Janeiro. No documento, os líderes pedem mais apoio dos governos para o desenvolvimento sustentável dos centros urbanos. Ao contrário das edições anteriores, não foi anun-ciada a cidade sede da próxima cúpula C40.

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E X E M P L O D E S U S T E N TA B I L I DA D E

Masdar City, no emirado de Abu Dhabi, pretende se tornar a primeira cidade carbono zero do mundo. Um exemplo de sustentabilidade até 2025, com matriz energética 100% renovável, reciclagem de resíduos e uso praticamente zero de papel

cidade renovável

Paraíso verde no

deserto

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No coração do deserto surge uma cidade que pretende su-

perar os desafi os geográfi cos e se tornar um exemplo de sustentabi-lidade até 2025. A primeira etapa de concepção de Masdar City, no emirado de Abu Dhabi, começou em 2006 e foram necessários três anos para que a ideia começasse a se tornar realidade. Assinado pelo arquiteto britânico Norman Foster, o projeto inclui matriz energética 100% renovável, reciclagem de re-síduos, completa infraestrutura de escoamento e refrigeração natural dos edifícios e ruas da cidade, basea-da na arquitetura árabe tradicional. Até a documentação dos habitantes é totalmente digital, para evitar o uso de papel.

Há dois anos em construção, sob tutela da fi rma Foster & Partners, sediada em Londres, Masdar City é uma ideia ambiciosa, inicialmente orçada em US$ 22 bilhões. Fazem parte do projeto grandes compa-nhias como Siemens e Mitsubishi,

cujos veículos elétricos estão sen-do testados no transporte público. Atualmente existem cerca de 3 mil pessoas trabalhando na construção da primeira cidade carbono zero do mundo, que deverá abrigar 40 mil habitantes e 50 mil visitantes. Uma cidade convencional com o mesmo tamanho e densidade emite cerca de 1,1 milhão de toneladas de CO2 por ano.

A cidade comporta ainda 1.500 empresas de tecnologia limpa, além do Masdar Institute of Science and Technology, uma universidade com foco em pesquisa e inovação, desen-volvida em cooperação com o Mas-sachusetts Institute of Technology (MIT). Os primeiros residentes da cidade são os membros do corpo docente e alunos pesquisadores fo-cados em energias renováveis e sus-tentabilidade. Espera-se que logo eles sejam acompanhados por uma série de empresas da área, transfor-mando Masdar City em um cluster de tecnologia limpa.

“A inovação é a força motriz por trás da visão total de Masdar City. A iniciativa simboliza o compromisso de Abu Dhabi com o desenvolvi-mento das energias renováveis e é uma abordagem holística, abran-gente e progressiva desta indústria em ascensão”, afi rma com entusias-mo Alan Frost, diretor do projeto Masdar City. Hoje, o local abriga diversos projetos piloto para gera-ção de energia renovável e limpa. Eles incluem investigações sobre energia geotérmica e chillers que poderiam fornecer refrigeração para a cidade.

Frost acredita que o mercado global de tecnologias limpas está sendo impulsionado pela deman-da derivada da necessidade. “A necessidade surge de uma série de fatores: a ameaça do aqueci-mento global, evolução das tec-nologias renováveis e preços cada vez mais competitivos, a crescente conscientização do público sobre os benefícios da vida sustentável. De

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cidade renovável

muitas maneiras, pode-se dizer que estamos trabalhando para uma in-dústria preparada para crescer de forma exponencial”, argumenta.

Em 2009, o empresário Jürgen Beigel confi rmou sua participação na Abu Dhabi Future Energy Com-pany (ADFEC), para selecionar e avaliar novos investimentos em todos os tipos de geração de ener-gias renováveis. Com sua equipe, ele montou as estruturas, normas e funções do programa Solar Roof, em que o governo incentiva fi nan-ceiramente o uso de energia solar PV fotovoltaica em telhados, mais acessíveis aos consumidores de Abu Dhabi. “O programa deve esti-mular o crescimento das indústrias locais, negócios atividades e com-petências no setor de energia solar

em Abu Dhabi”, diz Beigel. O pro-grama foi projetado para 500 MW fotovoltaicos em telhados no prazo de vinte anos.

Os planos para Masdar City in-cluem ainda uma gestão efi ciente da água, com a maximização de re-cursos hídricos locais, recolhimen-to e tratamento de águas residuais. O projeto também utiliza uma cen-tral de dessalinização com recurso à energia solar. Além disso, as autori-dades da cidade tentarão fazer com que todo o lixo seja valorizado, atra-vés de fertilizantes para o solo ou para a produção de energia através da incineração. Plásticos e metais serão reciclados ou reutilizados.

Outra preocupação é com o am-biente de negócios. Masdar City oferecerá os benefícios de uma zona

franca, com redução nas barreiras com o Oriente Médio, taxas zero, isenção de tarifas de importação e ausência de restrições ao movimen-to de capital, assim como pretende promover uma série de desenvol-vimento de negócios, incubações e oportunidades de colaboração com outras empresas do setor de tecno-logias limpas.

Críticas ao paraíso verdeEntretanto, esta descrição de

um “paraíso verde” não está livre de problemas. Além das críticas à origem do dinheiro - empresários do ramo petrolífero - questiona-se o modelo. Em artigo, Nicolai Ourous-soff, crítico de arquitetura do New York Times, elogiou a integração entre tecnologias de última gera-

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ção e o design antigo das cidades árabes, no entanto, abordou pontos que considera “fracos” do projeto: para o crítico, a sustentabilidade de Masdar City é inacessível ao resto do mundo e refl ete uma mentali-dade de isolamento semelhante a de condomínios fechados. O colu-nista da revista Time, Bryan Walsh, afi rma que se trata apenas de uma “experiência agradável”, caso per-maneça apartada do mundo.

Alan Frost defende que Masdar City está longe de ser um espaço estéril e controlado. “A cidade é totalmente defi nida por sua andabi-lidade e dependência do transporte público. Estas não são caracterís-

ticas de um condomínio fechado e precisamente fazem dela uma cidade real”. Ele chama atenção ainda para os espaços públicos, que promovem a interação das pessoas, e da ligação via metrô e LRT (Li-ght Rail Transit), um veículo leve sobre trilhos, com o restante da região metropolitana de Abu Dha-bi. Como centro de comércio e re-ferência em tecnologias de ponta, também deverá atrair estudantes e jovens profi ssionais para morar e trabalhar na cidade.

O projeto também não passou imune à retração da economia glo-bal em 2008, que obrigou a uma revisão de prazos e investimentos.

O primeiro Plano Diretor previa que toda a cidade estaria pronta em seis a dez anos. Já o novo cro-nograma trabalha com a ideia de que Masdar City estará completa até 2025. Com a queda na procura, o foco agora é na construção sob demanda, não mais em seguir um calendário. Mas, segundo o diretor do projeto, é possível tirar vanta-gens da crise econômica mundial. Com a redução de custos, foi pos-sível adquirir materiais a preços melhores e incorporar tecnologias de ponta em cada fase, fi rmando parcerias com a indústria de tecno-logias emergentes, em vez de cen-trar forças na construção.

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O engenheiro elétrico Ricardo Baitelo é o coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace Brasil. Aos quatros cantos do País, o jovem de 35 anos leva a mensagem da necessidade da mudança do atual modelo energético por outro mais limpo, sem deixar impactos no meio ambiente

Militância social e técnica pelasenergias renováveis

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Quando se fala em Greenpeace, logo se imagina as manifestações

mais inusitadas e originais realizadas para alertar sobre algum tema relacio-nado ao meio ambiente. Porém, não se imagina, num primeiro momento, no nível de profissionalização e dedicação das pessoas que estão por trás disso. O engenheiro elétrico Ricardo Lacerda Baitelo, especialista em energia e co-ordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace Brasil, é uma dessas pessoas.

O paulista de 35 anos é um dos principais nomes do País quando se trata de energias renováveis, não só pela sua forte militância ambiental, mas também por sua formação em Engenharia Elétrica pela Universi-dade de São Paulo (USP) e mestra-do na área de eficiência energética. Ele leva para os diferentes cantos do Brasil a mensagem de que o modelo energético atual precisa evoluir para uma modalidade limpa.

A “energia” e o movimento social entraram na sua vida um atrás da outra. Conforme Baitelo, esse começo coin-cide exatamente com sua entrada no

Greenpeace, no final de 2006. Antes do Greenpeace, ele esteve envolvido diretamente com o grupo de Planeja-mento Integrado de Recursos da USP, formado entre a Escola Politécnica e o Instituto de Eletrotécnica e Energia.

“Naquela época, estava no grupo há cinco anos e estávamos condu-zindo o projeto Novos Instrumentos de Planejamento Energético Regional, visando o desenvolvimento sustentável na região de Araçatuba, com apoio da FAPESP [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo]. Já tínhamos um contato com a organi-zação e surgiu a vaga de coordenador da campanha de energias renová-veis, que combinava bastante com o que vínhamos fazendo em termos de pesquisa de PIR, só que de forma mais prática”, conta.

Baitelo considera que sua posição pode ser definida tanto como militan-te como especialista. Isso porque está nos dois campos. “Por ter me especia-lizado na área de Planejamento Inte-grado de Recursos, há uma leitura da questão energética fundamentada não apenas nos pilares técnico ou econô-

mico, como também no ambiental e social. Portanto, o planejamento ener-gético tem uma forte interface com a minimização de impactos ambientais decorrentes da construção de usinas, seja optando por projetos renováveis e sustentáveis ou ampliando o alcance de programas de eficiência energéti-ca”, explica.

A rotina de Baitelo é mesmo fre-nética e dinâmica, como não poderia ser diferente pelo fato de fazer parte do Greenpeace. Reuniões, eventos, palestras, seminários, entrevistas, manifestações, planejamentos fazem parte das inúmeras atividades, mas as surpresas e mudanças são comuns na sua agenda super atribulada. “Ainda que nos planejemos com antecedên-cia, devo admitir que não temos uma rotina fixa. Partimos de calendários, tanto profissionais quanto pessoais, mas temos o jogo de cintura para al-terar compromissos em cima da hora, o que acontece com relativa frequên-cia”, comenta.

O resultado final do trabalho, su-perando os desafios dos meios, é o que é mais importante. Mesmo sem

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1. Ativistas do Greenpeace estendem banners na frente da rampa do Palácio do Planalto, para pedir à presidenta Dilma Rousseff que suspenda os investimentos em energia nuclear. 2. Ativistas fazem vigília na África do Sul para pedir o fim da energia nuclear no mundo.

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ter um público alvo específi co, a Campanha de Energias Renováveis já chegou às diversas regiões do Brasil. Baitelo destaca que não só ele como o Greenpeace conversam muito com as pessoas nas ruas, por meio dos grupos de voluntários, com parlamentares, quando são convidados a audiências e com um público técnico e acadêmico em palestras.

“As campanhas do Greenpeace exercem uma fonte de pressão em re-lação à resolução de temas ambientais, desde a redução do desmatamento na Amazônia à aprovação de incentivos a energias renováveis. Nesse sentido, a disseminação destes temas e a con-quista de vitórias nessa área repercu-tem naturalmente em melhorias à sociedade e à natureza”, disse.

Para Ricardo Baitelo, espalhar essa mensagem representa uma responsa-bilidade, pela qualidade da informa-ção que se leva a todos esses públicos. “Representa uma grande oportuni-dade de dialogar com públicos tão diversos em termos de região, faixa etária e background e mostrar a todos

o grande papel que essas energias tem em ajudar o meio ambiente e a socie-dade, tanto no curto quanto no longo prazo”, considera.

Com relação ao desenvolvimento nacional das energias renováveis, o coordenador de campanha do Gre-enpeace destaca que, entre as grandes difi culdades, está a disparidade de incentivos entre fontes renováveis e fósseis. E, mesmo dentro do campo das renováveis, segundo ele, a falta de isonomia entre as condições de desen-volvimento destas fontes, atualmente colocadas em competição em leilões, favorece algumas e prejudicam outras.

“No lado positivo, sem dúvida, apontaria o crescimento da geração eólica nos últimos dois anos e as boas perspectivas para o setor nos próximos, que podem fazer com que o Brasil fi -gure na lista dos dez maiores geradores de energia eólica do mundo”, afi rmou.

Para que esse momento chegue, Baitelo tem trabalhado em várias fren-tes, entre elas, a campanha nuclear. Após o acidente na usina de Fukushi-ma, no Japão, o Greenpeace vem pe-

dindo a revisão do programa nuclear brasileiro e a interrupção da constru-ção de Angra 3. “E no campo das re-nováveis, seguimos pressionando o governo pela aprovação do Projeto de Lei 630/03, conhecido como ‘Lei das Renováveis’, que deve fornecer uma base de desenvolvimento para todas as energias renováveis no Brasil, mas que infelizmente encontra-se paralisa-do na Câmara dos Deputados há mais de um ano”.

Conforme ele, a campanha pelas energias renováveis já resultou em con-quistas importantes, como o avanço da geração eólica, a partir de um trabalho coletivo entre a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Câma-ra dos Deputados, Banco do Nordeste e Greenpeace. “Fomos bem sucedidos em transmitir os inúmeros benefícios da energia eólica ao governo brasileiro e por termos garantido a realização de dois leilões até o momento, que devem resultar na multiplicação da capacida-de instalada desta fonte nos próximos três anos. Nossas principais vitórias ainda estão por vir”, fi naliza.

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Às vésperas de novo leilão, o ministro Fernando Pimentel declara que o Brasil avança na consolidação de novas fontes de energia. Para tal, o País exige grandes investimentos em inovação tecnológica e ganhos de escala até tornar-se competitivo

Investir em inovação paracompetir

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uando assumiu o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel afirmou que seu esforço estaria concentrado em dar mais competitividade ao mercado brasileiro. Um dos setores a que o ministro tem se dedicado é relacionado com o desenvolvi-mento de tecnologias limpas.

Segundo relatório realizado pela Bloomberg New Energy Finance - provedor líder mundial de novidades, dados e análises a respeito de energia limpa e inves-timentos e financiamentos para o mercado de carbono -, o setor de energias renováveis é classificado como uma “grande oportunidade econômica”. De acordo com o rela-tório, as políticas atuais que visam o desenvolvimento em fontes reno-váveis, das 20 nações mais ricas do mundo, deverão resultar em um investimento de US$2,3 trilhões até 2020.

E o Brasil entendeu o recado. “As iniciativas para a manutenção da nossa matriz limpa e renovável, com custos cada vez mais baixos, combinado com o esforço em prol da eficiência energética, são de fundamental importância para a manutenção da competitividade das nossas empresas”, explica Pimentel.

Inovação é ponto fundamental para manter a demanda aque-cida no setor, atrair mais investi-mentos privados para projetos de energia limpa e de competir mais eficazmente por negócios neste setor global emergente. Entre os incentivos estabelecidos pelo MDIC, no caso das eólicas, é a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para aerogeradores, “que muito contribuiu para a maior competi-tividade desta fonte nos leilões de energia”, exemplifica o ministro, nesta entrevista exclusiva à revista Renergy.

Renergy:: Segundo especia-listas, o Brasil, apesar de seu enorme potencial, desperdiça oportunidades de explorar fontes de energias limpas. Na opinião do senhor, por que isso acontece?Fernando Pimentel:: Somos um País de possibilidades imensas, seja pela grande extensão terri-torial, a riqueza natural, o clima tropical, ameno. Essa condição privilegiada poderia ter nos permi-tido avançar mais no passado. Mas é fato que percorremos um longo caminho nos últimos anos, notadamente no uso e desenvolvi-mento de tecnologias de biocom-bustíveis, e temos avançado firme-mente na utilização da energia eólica. O Brasil é - e continuará sendo - referência quando se fala de utilização de energias limpas. E não poderia ser diferente, em se tratando das nossas características geográficas. Temos uma matriz energética muito mais limpa do que a média mundial. Enquanto no resto do mundo apenas 13% da energia provém de fontes limpas e

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Enquanto no resto do mundo apenas 13% da energia provém de fontes limpas e renováveis, no Brasil nós já conseguimos atingir 46%

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renováveis, no Brasil nós já conse-guimos atingir 46%.

R:: O fato de a matriz energética brasileira ser baseada princi-palmente em hidrelétrica, que também é limpa, interfere nesse processo?FP:: A energia hidráulica é um dos fatores que garantem a manu-tenção de nossa matriz preponde-rantemente não poluente. A modi-cidade tarifária é um norteador no processo de implantação de novas fontes de geração de energia elétrica e, no planejamento de longo prazo, as hidrelétricas ainda são uma das fontes mais competi-tivas para produção de energia. Ao mesmo tempo, temos consciência que o desenvolvimento de fontes alternativas de energia é, de início, muito caro, exigindo grandes investimentos em inovação tecnológica e ganhos de escala até tornar-se competitivo. A recente experiência, de bastante sucesso, dos leilões de energia tendo como fonte de geração a energia alter-nativa - eólica, biomassa e PCH - mostrou que o Brasil avança na consolidação de novas fontes de energia, a um custo cada vez mais próximo do praticado na geração de energia a partir de fonte hidráu-lica. Isso é positivo, além de dar mais segurança e confiabilidade ao sistema em períodos de maior escassez de água nos reserva-tórios. Espero que, num futuro não muito distante, estejamos comemorando o mesmo sucesso para leilões de energia solar, outra fonte que está se desenvolvendo a passos largos.

R:: Os investimentos em ener-gias renováveis aumentam ano

a ano no mercado brasileiro. No entanto, ainda são muito pequenos se comparados a de outros países. Um estudo do Pew Environment Group com países do G-20 mostrou que, enquanto os investimentos da China nesta área foram de US$ 34,6 bilhões em 2009, os do Brasil foram de US$ 7,4 bilhões. Quais os planos para os próximos anos?FP:: Eu diria que já estamos em outra etapa de desenvolvimento nesse ranking. A China é um exemplo que confirma isso. Apesar dos avanços, apenas 26% da matriz energética chinesa provém de energias limpas. A principal fonte de energia ainda é o carvão e eles estão em um esforço fenomenal para avançar, com a implantação de mais geração de energia solar e eólica e, de forma concomi-tante, promovendo a desativação de usinas térmicas. Ressalto que este montante de investimentos no Brasil que você citou, de mais de US$ 7 bilhões, nos coloca em posição de destaque entre as economias emergentes. Esta é uma tendência que deverá ser intensificada nos próximos anos.

R:: De acordo com um relatório realizado pela Bloomberg New Energy Finance, o setor de ener-gias renováveis é classificado como uma “grande oportuni-dade econômica”. Segundo o relatório, as políticas atuais de desenvolvimento de tecnologias limpas das 20 nações mais ricas do mundo deverão resultar em um investimento de 2,3 trilhões de dólares em energias renová-veis até 2020. De que forma o Brasil pode tirar proveito disso?FP:: As iniciativas para a manu-

Espero que, num futuro não muito distante, estejamos comemorando o mesmo sucesso para leilões de energia solar, outra fonte que está se desenvolvendo a passos largos

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tenção da nossa matriz limpa e renovável, com custos cada vez mais baixos, combinado com o esforço em prol da eficiência energética, são de fundamental importância para a manutenção da competitividade das nossas empresas. Os biocombustíveis, a energia eólica e solar e outras fontes limpas trazem ainda um ganho adicional: o domínio de novas tecnologias, como os avanços associados ao desenvol-vimento do etanol de segunda geração, por exemplo. Destaco que, no caso do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - num esforço integrado com os ministérios da Ciência e Tecnologia e da Fazenda e diversos outros órgãos do governo federal - estamos fina-lizando uma nova fase da Política de Desenvolvimento Produtivo. O ponto fundamental nessa formu-lação é o aumento da competi-tividade das nossas empresas, a partir de um forte viés vinculado à inovação.

R:: Do ponto de vista de legis-lação e incentivos, como o Estado brasileiro respalda iniciativas que desenvolvem a geração de energias limpas?FP:: Entre as iniciativas mais recentes do governo federal para o avanço no desenvolvimento de novas fontes de energia, cito o acordo assinado entre o BNDES e a Finep, para disponi-bilizar créditos de R$ 1 bilhão em projetos de inovação tecno-lógica para o desenvolvimento de biocombustíveis. Entre outros incentivos que estabelecemos, no caso das usinas eólicas, cito a desoneração de IPI para aerogera-

dores, que muito contribuiu para a maior competitividade desta fonte de energia limpa nos leilões de energia. A própria realização, de forma regular, de leilões para contratação de energia a partir de fontes limpas e renováveis, como a biomassa e as eólicas (neste caso, com o leilão previsto para julho já estaremos indo para o terceiro certame com predominância da energia eólica, em pouco mais de 18 meses), foi um grande incen-tivo. Isto traz previsibilidade e é fundamental para a adesão dos empreendedores. Esta previsibi-lidade de mercado, assim como os ganhos oriundos do aumento de escala com as contratações para fornecimento de equipa-mentos em projetos de geração de energia eólica, possibilitaram o grande interesse pela insta-lação e ampliação de plantas para produção de pás, turbinas e equi-pamentos para usinas eólicas. Em uma lista não exaustiva, podemos citar a Siemens, Alston, Suzlon, Wolben, GE, como fabricantes que estão se movimentando para atender este mercado crescente.

R:: A estabilidade da economia brasileira atraiu muitos inves-tidores nos últimos anos. A presidente Dilma Rousseff já declarou que o seu governo vai consolidar a energia limpa. Como será o cenário para inves-tidores nos próximos anos?FP:: O investimento em infra-estrutura de energia é um dos nossos grandes desafios para os próximos anos, na medida em que deveremos dar suporte a este ciclo de crescimento que se iniciou no Brasil e, com isso, apoiar o neces-sário investimento do setor produ-

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Entre outros incentivos que estabelecemos, no caso das usinas eólicas, cito a desoneração de IPI para aerogeradores

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tivo privado, ampliando a parti-cipação das energias limpas. A presidenta Dilma tem externado de forma muito clara esta preocu-pação. Nunca é demais lembrar que ela tem uma forte ligação com o setor elétrico, e sabe de suas necessidades. Continuaremos buscando formas de desonerar a produção, incentivando a adoção de equipamentos e máquinas mais efi cientes e destinados à geração de energia limpa. Um exemplo de oportunidades que se avizinha é a substituição dos atuais medi-dores de energia analógicos por outros mais modernos, digitais, com incorporação da tecnologia de smart grids, as redes elétricas inteligentes. Nos próximos anos teremos, com esta iniciativa, um grande avanço em ganhos de efi ciência energética e consoli-dação de oportunidades para a energia limpa. Além disso, da parte da iniciativa privada, posso citar que os setores intensivos em carbono da indústria brasileira vêm avançando na utilização de alternativas tecnológicas de baixo carbono, como o carvão vegetal na produção de ferrogusa e o copro-cessamento de resíduos e o uso de adições na indústria de cimento (escória de altoforno, cinzas).

R:: Diante das perspectivas de expansão da geração de energia no Brasil, empresários de que países estão interessados para tratar de investimentos no setor de fontes limpas e renováveis?FP:: Temos recebido constan-temente empresários dos mais diversos países, em busca de oportunidades de investimento em energias renováveis. Posso destacar Espanha, Portugal e

Alemanha como os países que mais têm nos procurado, espe-cialmente, na busca de oportuni-dades para o setor de energia solar fotovoltaica.

R:: A exploração do petróleo na camada pré-sal colocará o Brasil em uma posição privilegiada no cenário mundial, em termos de energia. Barack Obama veio recentemente ao Brasil e revelou interesse pelo pré-sal. Quais as oportunidades e os riscos para o Brasil, neste setor?FP:: As reservas de petróleo do pré-sal são um indicador da importância que o Brasil terá como produtor e exportador de petróleo e derivados. Será uma oportunidade para o desenvolvi-mento de toda uma cadeia pro-dutiva, com grandes avanços no desenvolvimento da indústria de máquinas e equipamentos, com elevada agregação de conteúdo tecnológico. Mas é um fato con-creto de que temos uma matriz energética limpa e temos vanta-gens comparativas únicas na pro-dução de biocombustiveis e na uti-lização de biomassa para produção energética. Os Estados Unidos e, de resto, todo o mundo, também procuram estas alternativas. Esta-remos em posição de destaque em qualquer dessas modalidades de energia e, em especial, no que se refere ao desenvolvimento de novas fontes de energia limpa. Assim, respondendo a pergunta, ao mesmo tempo em que o petróleo continuará sendo a prin-cipal fonte de energia em nossa matriz energética, a tendência é de ampliação da participação de energias limpas e renováveis. Não abriremos mão disso.

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Um exemplo de oportunidades que se avizinha é a substituição dos atuais medidores de energia analógicos por outros mais modernos, digitais

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VENTOSA geração de energia eólica no Brasil ganhou fôlego há cerca de seis anos, quando o País optou por diversificar sua matriz energética, reduzindo a dependência das usinas hidrelétricas. A atração das empresas do setor para montar a cadeia produtiva contou com incentivos do Proinfa e gerou mais de R$ 25 bilhões

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Um gigawatt. Esta é a capa-cidade instalada de ener-

gia eólica no Brasil, atingida em maio deste ano, após a entrada em operação do parque eólico Elebrás Cidreira 1, da EDP Re-nováveis, no município de Tra-mandaí, no Rio Grande do Sul. Agora, são 50 empreendimentos deste tipo no País, espalhados em nove estados brasileiros, que res-pondem por quase 1% da energia outorgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Segundo o vice presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Lauro Fiúza, a marca de 1 GW instalado é um fecho importante do Programa de Incentivo às Fontes Alternati-vas de Energia Elétrica (Proinfa), “uma fase importante da energia eólica no Brasil”. Porém, para

que se conclua este programa, ainda restam 12 parques com 453,5 MW.

Para a ABEEólica, a atual pro-dução representa para os gerado-res e desenvolvedores de parques eólicos o início da consolidação de uma fase de crescimento, que cada vez mais irá se acelerar. A expectativa é alcançar a geração de 5,2 GW até 2013, consideran-do os resultados dos leilões de 2009 e 2010. Serão investidos no País cerca de R$ 25 bilhões em 141 projetos em dez estados.

Fiúza destaca que o Ministé-rio de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Ener-gética (EPE) tem sinalizado na direção de manter a participação das eólicas nos leilões. Com is-so, a ABEEólica espera que, por ano, sejam licitados entre 2 mil

MW e 2,5 mil MW eólicos. O executivo diz que a expectativa é da ordem de 10 GW de projetos inscritos e 7,5 GW habilitados para os leilões de reserva e fontes alternativas programados para acontecerem no segundo semes-tre deste ano.

Em 2005, o Brasil possuía uma capacidade instalada de energia eólica de apenas 29 MW. Com os investimentos do Proinfa e os ainda previstos, de-correntes dos últimos leilões, o País marca presença na corrida pela geração de energia susten-tável, hoje liderada pela China e seguida pelos Estados Unidos. A expansão das eólicas no Brasil, pelo menos nos próximos três anos, é garantida pela venda de projetos nos leilões voltados para o segmento. Além de produzir

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O legado do ProinfaO Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) foi criado em 2004 com o objetivo de aumentar a participação de fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCH) no Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN). A diversi-ficação da matriz energética brasileira busca aumentar a segurança no abastecimento de energia elétrica, além de permitir a valorização das características e potencia-lidades regionais e locais.

De acordo com a Lei 11.943 de 2009, o prazo para o início de funcionamento desses empreendimentos encerrou-se em 30 de dezembro de 2010. O progra-ma prevê a implantação de 144 usinas, totalizando 3.299,40 MW de capacidade instalada, sendo 1.191,24 MW provenientes de 63 PCHs, 1.422,92 MW de 54 usinas eólicas, e 685,24 MW de 27 usinas a base de biomassa. Toda essa energia tem garantia de contrata-ção por 20 anos pela Eletrobrás.

No entanto, o programa atrasou e, agora, uma prorrogação foi autorizada pela Medida Provisória 517/2010. A MP vai custar R$ 182 milhões aos con-sumidores brasileiros de energia elétrica, ao permitir a operação de parques eólicos com custo da energia

muito acima do praticado hoje no mercado. O cálcu-lo foi feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a pedido da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumi-dores Livres (Abrace).

Para o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, a crí-tica ao Proinfa refere-se a “uma tecnologia e um custo de capital do passado. Trata-se de um programa criado há dez anos. Se o governo comprou energia eólica a R$ 130 por MWh no último leilão, a gente não vê sen-tido em manter esse programa”, diz.

No cálculo feito pela Aneel, foi considerada a entra-da em operação, com tarifas do Proinfa, de 534 MW em parques eólicos atrasados. Pela argumentação do governo, a renovação do programa cria estabilidade regulatória, ao não prejudicar agentes que participa-ram da iniciativa com seus projetos. Para Pedrosa, a mudança legal em nome da estabilidade regulatória é uma contradição. “A estabilidade seria preservada com a manutenção da regra legal e dos contratos originais, e a perda dos benefícios por aqueles que a ela deixaram de fazer jus”, afirma. Esta é a terceira vez que o prazo para os empreendimentos tem de ser prorrogado.

energia limpa, o País quer atrair e fortalecer a cadeia produtiva do setor e, assim, se transformar em exportador de equipamentos pa-ra a construção de usinas eólicas.

“Círculo virtuoso”Em 2002, o Brasil começou

a atrair empresas do setor, por meio do Proinfa (instituído pela Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002). E segundo o presidente da ABEEólica, Ricardo Simões, este tipo de energia poderá che-gar a 4,3% do total de eletricida-de do País, com a construção dos 141 parques previstos. O custo da energia eólica baixou e já chega a ser mais vantajoso do que a ener-

gia termelétrica, que gira em tor-no de R$ 140 a R$ 150 por MWh (megawatt-hora). A energia eó-lica poderá, inclusive, reduzir a operação da usinas térmicas a gás natural. Nos três leilões fei-

tos até hoje, o custo médio da eólica foi de R$ 140 por MWh. A geração hidrelétrica, a mais bara-ta do mercado, custa, em média, R$ 110 por MWh.

Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, diante do grande número de projetos desse segmento inscritos para os leilões A-3 e de energia de re-serva de 2011, a energia eólica entrou em um “círculo virtuo-so” no Brasil e vem se firmando cada vez mais como alternativa para geração elétrica. “A cada leilão, mais projetos eólicos são inscritos e com isso o preço de produção tem caído, o que atrai

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outros investidores. É um círculo virtuoso, o preço cai e você tem a possibilidade de contratar mais”, diz o executivo. “Existem várias empresas se instalando aqui e o Brasil pode virar uma plataforma de exportação (de equipamentos eólicos) para a América Latina”.

Os custos de implementação de parques eólicos também caí-ram em decorrência do baratea-mento de equipamentos, o que reduziu o preço da eletricidade eólica a níveis abaixo das Pe-quenas Centrais Hidrelétricas (PCH). Um parque eólico tem um custo de implementação próximo a R$ 3,5 milhões e leva dois anos para começar a operar, enquanto uma PCH não sai por menos de R$ 7 milhões, e até cinco anos para ser concluída.

No mundoOs efeitos do aquecimento

global exigem soluções para uma energia de confiança, eficiente e durável. A intenção é reduzir os impactos climáticos causados por combustíveis fósseis e evitar apagões. De acordo com dados do Global Wind Energy Council (GWEC), enquanto o Brasil atin-giu a marca de 1 GW, a potência instalada na China supera os 44,7 mil MW. Nos Estados Unidos, a capacidade passa de 40 mil MW e na Alemanha, maior produtor de energia eólica da Europa, ul-trapassa 27 mil MW. Há mais de 20 anos, a Alemanha desenvolve e exporta conhecimento no setor.

O desenvolvimento de tecno-logias para geração de energias renováveis deve impulsionar a indústria global. O cenário é otimista, caso os países mem-bros do G-20 avancem em suas

políticas ambientais. Os inves-timentos no mercado mundial de energia limpa podem chegar a US$ 2,3 trilhões até 2020, se-gundo levantamento da Pew Charitable Trusts, instituição sem fins lucrativos com sede na Pensilvânia, Estados Unidos. Em até dez anos, China, Índia, Japão e Coreia do Sul somarão apro-ximadamente 40% dos investi-mentos mundiais em projetos de energia limpa.

A China, apesar do elevado índice de queima de combustí-veis fósseis, é a principal respon-sável pela rápida expansão dos parques eólicos nos últimos anos. É responsável por um quinto de toda a energia eólica no mundo. Somente em 2010, os chineses inauguraram 16,5 GW em capa-cidade de geração, quase metade de todo o crescimento mundial.

Negócios dos ventosEm 2005, a cadeia de negó-

cios relacionados à geração de energia eólica começou a ser estruturada. O País estimulou a produção da energia propria-mente dita e de equipamentos para as usinas. Os incentivos são o crédito barato, via BNDES e BNB, e a garantia de contratos de compra de energia por meio da CCEE, via leilões. O resulta-do é o desenvolvimento de um complexo industrial em torno dos ventos.

Com a garantia de leilões pa-ra compra de energia eólica, o Brasil começou a atrair investi-mentos estrangeiros. No setor de energia eólica, a expectativa dos fabricantes de turbinas para os próximos anos é a adição de cerca de 2.000 MW de energia

instalada por ano no País, o que equivale aproximadamente a mil turbinas eólicas instaladas anual-mente. Para a indústria, o desa-fio é desenvolver produtos cada vez mais eficientes.

A indiana Suzlon, líder no mercado brasileiro de energia eólica e quinta maior fabrican-te mundial de aerogeradores, fechou o trimestre com lucro de US$ 96 milhões. A receita da empresa foi de US$ 1,6 bi-lhão, crescimento de 20% com relação a igual período do ano passado. Na avaliação de Tulsi Tanti, fundador e presidente da Suzlon, houve melhorias na per-formance do grupo. “Estamos muito satisfeitos em relatar que tivemos um trimestre muito pro-dutivo. Nosso foco em mercados

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emergentes e mercados chave já desenvolvidos, assim como em projetos off-shore, está mostrando os resultados esperados: uma ro-busta carteira de pedidos e vários projetos em discussão”, disse. “Fi-zemos progresso substancial em diversas ações estratégicas, in-cluindo o lançamento da nova li-nha de turbinas S9X e o processo de aquisição total da REpower, empresa voltada para off-shore, da qual hoje detemos 95% de participação. Ambas as iniciati-vas terão papel importante no fortalecimento de nossa posição”.

Em março, a Suzlon fechou uma parceria com a ABB, espe-cializada em tecnologias de po-tência e de automação, para ins-talar 106 subestações no Ceará e Rio Grande do Norte, ao custo

de R$ 38 milhões, para melhorar o rendimento dos parques eóli-cos que a empresa vai construir e operar a partir do segundo se-mestre deste ano, por encomen-da da Martifer Renováveis. A ideia é gerar 218 MW em ambos os estados para o fornecimento de energia suficiente para aten-der 160 mil famílias.

A empresa já instalou 183 tur-binas eólicas no País, todas em operação, resultando em uma ca-pacidade de geração de energia de 384 MW, o que corresponde a 42% da capacidade nacional de geração eólica (dados da ANEEL - maio/2011). O maior parque em operação no Brasil utiliza aerogeradores da Suzlon: Praia Formosa, em Camocim (CE), com 105MW.

Em 2011, a Suzlon também fechou novos contratos para a construção de parques com a Impel. Implantou em 60 dias, um tempo recorde, a primei-ra turbina do parque eólico de Alhandra I. Localizado na Paraí-ba, o projeto, quando completo, terá capacidade de geração de 6,3 MW e investimento total de R$ 22 milhões.

O Brasil também foi palco para o lançamento dos novos modelos da família de aeroge-radores S9X, as turbinas S95 e S97, com capacidade de geração de 2,1 MW. A grande diferença entre os modelos S95 e S97 para o modelo anterior, S88, além do tamanho das pás (95 metros e 97 metros versus 88 metros), está na capacidade de operação das torres em baixo regime de ven-tos, o que significa a manuten-ção da capacidade de geração de energia mesmo quando os ventos

se tornam mais fracos, tornando os equipamentos adaptáveis a condições climáticas variadas.

Para o CEO da Suzlon no Bra-sil, Arthur Lavieri, a empresa vê o País como um mercado pro-missor e estável, com a crescente conscientização dos investidores em relação às vantagens econô-micas e ambientais da energia eólica. A empresa está aberta aos investimentos no Brasil, inclusi-ve prevendo a instalação de uma fábrica de pás eólicas, com pro-dução inicial de 300 unidades/ ano e geração de 200 empregos diretos. Com um investimento de R$ 30 milhões, a fábrica de-ve ser construída em Horizonte, município na região metropoli-tana de Fortaleza.

Outros grandes grupos glo-bais, como o dinarmarquês Ves-tas, a alemã Fuhrländer, o fran-cês Alstom e o americano GE, também estão instalando fábricas para acompanhar o ritmo de ex-pansão da energia eólica. Atual-mente, as empresas de geração ditam o ritmo dos negócios na busca por escala da produção de energia, dando origem a um pro-cesso de concentração via fusões e aquisições.

A Vestas está instalando uma fábrica de montagem de equipa-mentos para energia eólica em Maracanaú, no Ceará. Eles con-tam com incentivos do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI) do Estado, para ter os bene-fícios fiscais. Outra contrapartida governamental é a infraestrutu-ra de acesso, que exige vias para caminhões de até 60 toneladas, transportando máquinas pesadas.

A empresa utilizará um gal-pão de 3,8 mil metros quadra-

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dos, em um terreno total de 10 mil m². O projeto será desenvol-vido em duas fases. Inicialmen-te, com a planta em Maracanaú, que funcionará como uma “ilha de montagem”.

A empresa importará os componentes dos aerogerado-res, como as celes, as pás, torres e a parte eletrônica, e montará na unidade, usando o processo conhecido por Plug-and-Play. A segunda fase prevê nacionalizar a maioria dos componentes. A ideia é garantir uma cadeia de fornecedores locais e, daí, pre-tendem montar uma outra in-dústria no Pecém para fabricar componentes.

A Fuhrländer, que possui ter-

reno no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), tam-bém quer construir fábrica de aerogeradores.

A Alstom começou em março deste ano a construção de sua fá-brica de equipamentos eólicos na Bahia. A fábrica, em construção no Pólo Industrial de Camaçari, será entregue no segundo se-mestre deste ano e vai gerar 150 empregos diretos e 500 indiretos. A planta terá capacidade instala-da de 300 MW por ano, em um terreno de 50 mil m², com 30 mil m² de área construída.

Cerca de R$ 50 milhões se-

rão investidos no projeto, entre construção e aquisição de equi-pamentos. A nova fábrica será responsável pela fabricação de aerogeradores, tornando-se a primeira planta dedicada a mate-riais eólicos da empresa no Brasil e sua oitava fábrica entre todos os seus setores de atuação.

“A construção desta fábrica representa um passo muito im-portante para a Alstom no Bra-sil. Acreditamos que o mercado eólico crescerá a passos largos nos próximos anos e já é uma das melhores alternativas em termos econômicos e ambientais. Além do mercado nacional, atendere-mos a outros projetos na América Latina”, afirma Marcos Costa, vi-

ce presidente do Setor Power da Alstom para a América Latina. A meta da Alstom é assumir a lide-rança do setor eólico brasileiro, segundo Costa. “Quase a metade dos investimentos em turbinas fabricadas pela Alstom no mun-do em 2011 virá para o Brasil”.

A empresa está presente no País há 55 anos, atuando ativa-mente nas áreas de transporte ferroviário, geração e transmis-são de energia. O mercado de energia eólica passa a ser um dos grandes focos de trabalho da companhia, que já fechou seu primeiro contrato nacional.

Em julho de 2010, a Alstom as-sinou um contrato no valor de R$ 250 milhões com a empresa brasileira de geração de energia renovável Desenvix, subsidiária do grupo econômico Engevix, para a construção de um com-plexo eólico de 90 MW, também na Bahia. O Complexo de Brotas consistirá em três usinas eólicas denominadas Macaúbas, Novo Horizonte e Seabra. De acordo com os termos e condições do contrato, a Alstom está fornecen-do 57 turbinas eólicas ECO 86 de 1,67 MW cada, cujos princi-pais componentes estão sendo fabricados na Espanha e no Bra-sil. As três usinas eólicas deverão entrar em operação em julho

deste ano.A GE Energy, que já possui

uma fábrica em Campinas, São Paulo, onde produz aerogerado-res, agora vai começar a cons-truir uma segunda unidade. O local ainda não está definido, embora o governo baiano garan-ta que a companhia americana já assinou uma carta de intenções para se instalar no estado. Seja onde for, a ideia da multinacio-nal é dar conta dos contratos em carteira para o fornecimento de turbinas, que chegam a quase R$ 2 bilhões, assumidos nos úl-timos dois anos.

A construção desta fábrica representa um passo muito importante para a Alstom no Brasil. Acreditamos que o mercado eólico crescerá a passos largos nos próximos anos e já é uma das melhores alternativas em termos econômicos e ambientais. Além do mercado nacional, atenderemos a outros projetos na América Latina

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Um lance bilionário foi dado pela CPFL, uma das maiores geradoras e distribuidoras do País, que adquiriu primeiramente a franco portuguesa Siif Énergies, por R$ 1,5 bilhão, no início de abril, e logo depois fundiu seus ativos na área de energia renovável com a Ersa, controlada pelos fundos de private equity Pátria, Eton Park e BTG Pactual. A fusão deu origem à CPFL Energias Renováveis, que nasce com ativos avaliados em R$ 4,5 bilhões, líder do setor de energia não convencional, e dona de uma fatia de 6,5% do mercado.

O copresidente da CPFL Ener-gias Renováveis, Miguel Saad, diz que o mercado de energia eólica passará por uma consolidação. A empresa, segundo ele, avalia novas oportunidades. A compa-nhia tem R$ 5 bilhões em caixa para novas aquisições nos próxi-mos três anos. “Fomos criados para ser líderes desse segmento”, declara Saad.

Oportunidades de crescimento

O setor eólico é a aposta das empresas energéticas do País. A Cemig, empresa de geração de Minas Gerais, também prepara um grande negócio. Há dois anos, adquiriu 49% da empresa Impsa Wind, por R$ 213 milhões. E, agora, há informações de que a empresa mineira está perto de fechar a aquisição de um projeto grande de geração na Bahia. A companhia não detalha a opera-ção, apenas afirma que o interesse no potencial energético de fontes renováveis se tornou uma reli-gião. No setor, a empresa injetou R$ 550 milhões, incluindo a com-pra de parte da Impsa Wind. Com

a aquisição, a estatal passou a ter três usinas no litoral cearense, totalizando, aproximadamente, 100 MW.

A busca da Cemig pelos bons ventos não se limita ao Ceará ou Bahia. Estudo da estatal identifi-cou em Minas Gerais um poten-cial eólico de 40 gigawatts, o equivalente a quatro usinas de Itaipu. Segundo a ABEEólica, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Bahia são os estados com maior potencial para a ener-gia dos ventos.

Além da CPFL Renováveis e da Cemig, outras empresas de geração, como a Neoenergia, Tractebel, Chesf e EDP, estão monitorando oportunidades de crescimento.

A Renova, única empresa de capital aberto do mercado eólico nacional, não segue o caminho das concorrentes. Descarta com-pras em favor de sua produção e aposta no mercado de capitais. Em menos de um ano desde o seu lançamento, ocorrido em julho de 2010, suas ações se valo-

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rizaram mais de 130%, o maior desempenho dentre os recentes IPOs na Bovespa, o que mostra o potencial do mercado de ener-gia eólica.

A Wobben Windpower, pri-meira empresa brasileira fabri-cante de aerogeradores de grande porte (de 800 a 3.000 kW), deve alcançar até junho de 2012 a pro-dução de 1.054,10 MW em 45 usinas. São 18 (415,8 MW) em operação, 22 (554 MW) a serem instaladas e outras três (62,7 MW) na Argentina, Costa Rica e Anti-

lhas Holandesas em produção.Segundo o diretor presidente

da empresa, Pedro Angelo Vial, os parques eólicos instalados no Brasil até o próximo ano irão gerar um total de 2.000.000 MWh/ano, equivalente ao consumo médio de 8 milhões de pessoas, contri-buindo para a redução de aproxi-madamente 1,2 milhão de tone-ladas de emissão de CO2 por ano. Hoje, são três fábricas de equipa-mentos eólicos (Sorocaba - SP, Pecém - CE e Parazinho - RN).

A Energimp, empresa da argen-tina Impsa e FI-FGTS, conseguiu liberação de R$ 480 milhões, via BNDES, para construir sete usi-nas eólicas em Acaraú e Aracati, no Ceará. A operação de 211 MW (comercializada no Leilão de Energia Reserva de 2009) deve começar em 2012. Os contratos de financiamento representam a pri-meira parcela de um total de apro-ximadamente R$ 563 milhões que serão utilizados para a implemen-tação completa do projeto.

Com uma carteira de proje-tos por 803 MW e investimen-tos previstos de R$ 1,9 bilhão até 2012, a Energimp se consolida como a principal investidora em geração de energia eólica do Bra-sil. Além dos parques aqui anun-ciados, a Energimp está em fase de finalização de um novo finan-ciamento para outros nove par-ques eólicos no Ceará e no Rio Grande do Norte, que juntos vão agregar uma potência insta-lada de 270 MW. No estado de Santa Catarina, a Energimp está implantando 10 parques eólicos, com 148 geradores e uma potên-cia instalada total de 222 MW que entrarão em operação nos próximos meses.

A Renova, única empresa de capital aberto do mercado eólico nacional, não segue o caminho das concorrentes. Descarta compras em favor de sua produção e aposta no mercado de capitais.

Parque eólico de Osório - RS

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Financiando bons ventos

A consolidação dos negócios em energia eólica tem o apoio dos desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financia pelo menos 28 grandes negócios do setor no País. Para o banco, o processo é mais do que natural e necessário. Segundo o chefe do Departamento de Energias Al-ternativas do BNDES, Antonio Tovar, os recursos permitem “em-presas mais robustas, que possam oferecer preços mais atraentes nos leilões de energia por ganho de escala”. É o que vem aconte-cendo nos últimos anos.

De acordo com ele, os primei-

ros leilões de energia eólica, em 2009, garantiam energia a R$ 150 por MWh. Hoje, já custa em torno de R$ 130, e a expectativa é que no próximo leilão, em julho, o preço caia ainda mais. Desde 2005, o banco já aprovou R$ 3,2 bilhões em financiamentos. Há outros R$ 4,1 bilhões em análise. Até o fim deste ano, pode-se alcançar um total de R$ 7,3 bilhões.

O segmento atraiu ainda ou-tros agentes financeiros de peso, como o Bradesco, que participava do capital da Ersa e agora é sócio minoritário na CPFL Renováveis.

Para o setor de energia elétri-ca, o BNDES liberou no primeiro

trimestre do ano R$ 2,1 bilhões, sendo que R$ 928 milhões desti-nados às fontes renováveis. As eó-licas receberam R$ 184 milhões; as PCHs, R$ 75 milhões; açúcar/etanol/biomassa responderam pela maior parte, R$ 661 milhões, enquanto o biodiesel, por R$ 8 milhões. No mesmo trimestre de 2010, as fontes alternativas rece-beram R$ 813 milhões em finan-ciamento, sendo R$ 200 milhões para eólicas; R$ 128 milhões para PCHs; R$ 478 milhões para açú-car/etanol/biomassa; e R$ 8 mi-lhões para biodiesel.

O presidente do BNDES, Lu-ciano Coutinho, reconhece que as

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Luciano Coutinho, Presidente do BNDES

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eólicas tiveram papel importante nos desembolsos do segmento no período. As eólicas só começa-ram a aparecer nos desembolsos do banco no ano passado, quando receberam R$ 809 milhões em fi-nanciamento. As aprovações para o setor de energia elétrica no perí-odo fecharam em R$ 5,4 bilhões.

Na parte de infraestrutura, os desembolsos entre janeiro e março deste ano alcançaram R$ 10,103 bilhões, o que representa 40% do total, e nos últimos 12 meses, R$ 52,686 bilhões, mon-tante que corresponde a 31% dos desembolsos na área. As aprova-ções no setor de infraestrutura representaram 38% do total no primeiro trimestre e fecharam

em R$ 13,687 bilhões. Nos últi-mos 12 meses, as aprovações no segmento ficaram em R$ 72,298 bilhões, ou 35% do total.

Este ano, a Superintendência de Desenvolvimento do Nordes-te (Sudene) já aprovou 23 cartas consulta referentes a projetos que pleiteiam investimentos do Fun-do de Desenvolvimento do Nor-deste (FDNE), com o objetivo de implantar empresas do setor de energia nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. Desse total, 10 foram aprovadas em abril, du-rante reunião da diretoria colegia-da da autarquia.

Todos os empreendimentos

relativos às cartas consulta apro-vadas em 2011 são voltados para a geração de energia eólica e, juntos, receberão do FDNE um montante no valor de R$ 1,2 bi-lhão. Para este ano, o orçamento do Fundo é de R$ 1,7 bilhão. O projeto de maior porte que conta com o financiamento do FDNE é a Transnordestina, cujos re-cursos, segundo informações da Diretoria de Gestão de Fundos e Incentivos e de Atração de In-vestimentos, foram totalmente empenhados.

Para o Ceará, no primeiro trimestre deste ano, oito empre-endimentos ligados à energia dos ventos tiveram suas cartas consul-ta autorizadas pela instituição. Os

recursos destinados a esses proje-tos no estado somam R$ 490 mi-lhões, liberados por meio do Fun-do. Acrescentando-se os aportes próprios dos equipamentos, o total a ser injetado para a geração de energia é de R$ 1,1 bilhão.

No ano passado, a Sudene liberou somente sete cartas con-sulta em todos os estados do Nor-deste. Em 2010, o FDNE liberou recursos de R$ 526 milhões para a região, enquanto, neste ano, to-talizam R$ 2,5 bilhões, registran-do um incremento de 375%. Rio Grande do Norte, com 14 libe-rações, e Ceará são os principais beneficiados com os processos.

A carta consulta é o primeiro procedimento para se obter um financiamento. Depois da apro-vação, a empresa precisa subme-ter um projeto à instituição (no caso do FDNE, esse processo é feito pelo Banco do Nordeste), que fica incumbida de realizar a análise de risco e verificar a via-bilidade técnico financeira do empreendimento.

Dentre os pleitos que tiveram cartas consulta com o aval da Su-dene neste ano, quatro dos cinco que cumpriram todas as etapas e já foram implantados são do Ceará, com investimentos totais de R$ 887 milhões. Atualmente, 19 demandas estão em análise. A Sudene não detalhou todos os

projetos, mas informou que oito são referentes a termelétricas nos estados da Paraíba, Minas Gerais e Bahia.

De acordo com a Sudene, em 2009 e 2010, grande parte do or-çamento do fundo de desenvol-vimento foi dirigido às obras da ferrovia Transnordestina, projeto que já recebeu R$ 1,02 bilhão e aguarda ainda mais R$ 1,64 bilhão. No entanto, neste ano, o segmento energético tem se destacado em virtude, principal-mente, do leilão de eólicas que, segundo a Superintendência, fez com que muitas empresas buscas-sem o FDNE.

As eólicas só começaram a aparecer nos desembolsos do banco no ano passado, quando receberam R$ 809 milhões em financiamento. As aprovações para o setor de energia elétrica no período fecharam em R$ 5,4 bilhões.

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Eólica no Brasil até 201350

usinas em operação com potência 1.006.332 (kW)

0,87%do total em operação

35 usinas em obras com

potência 927.990 (kW)

6,58%do total em obra

112usinas outorgadas com

potência 3.650.537 (kW)

11,02%do total outorgado

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Ceará

Em Operação

Quantidade Potência (kW)

17 518.934

Outorgados

25 866.400

Paraná

Em Operação

Quantidade Potência (kW)

2 2.502

Piauí

Em Operação

Quantidade Potência (kW)

1 18.000

Pernambuco

Em Operação

Quantidade Potência (kW)

5 24.750

Sergipe

Outorgados

Quantidade Potência (kW)

1 30.000

Paraíba

Em Operação

Quantidade Potência (kW)

13 61.800

Rio de Janeiro

Em Operação

Quantidade Potência (kW)

1 28.050

Outorgados

Quantidade Potência (kW)

2 165.000

Santa Catarina

Em Operação

Quantidade Potência (kW)

3 14.400

Em Construção

Quantidade Potência (kW)

10 222.000

Outorgados

Quantidade Potência (kW)

2 49.531

Rio Grande do Sul

Em Operação

Quantidade Potência (kW)

5 228.000

Em Construção

Quantidade Potência (kW)

5 112.000

Outorgados

Quantidade Potência (kW)

18 476.700

Bahia

Em Construção

Quantidade Potência (kW)

7 174.390

Outorgados

Quantidade Potência (kW)

22 705.900

Rio Grande do Norte

Em Operação

Quantidade Potência (kW)

3 102.100

EM Construção

Quantidade Potência (kW)

13 419.600

Outorgados

Quantidade Potência (kW)

42 1.357.006

Ranking por estado

Info

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Gargalos: logística e meio ambiente

A geração de energia eólica no País está conseguindo superar o entrave causado pelo preço do megawatt produzido pelos ven-tos. Entretanto, hoje, o setor en-frenta entraves na infraestrutura. O diretor presidente da Wobben Windpower, Pedro Angelo Vial, analisa o cenário: “O preço da energia eólica hoje é altamente competitivo com as outras formas de energia. O maior gargalo para o setor eólico é a ausência de al-gumas linhas de transmissão nas regiões de maior potencial, além das dificuldades de logística, co-mo estradas, guindastes etc.”

O produto ficou mais barato, mas perde competitividade ao enfrentar estradas e portos precá-rios. O problema da logística virou entrave para a produção de vários setores no Brasil.

O presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), José Alberto Pereira Ribeiro, propõe a criação da Empresa Brasileira de Planeja-mento Logístico (EBPL), entidade estatal que seria responsável por grandes projetos na área de trans-portes. A proposta já foi entregue ao Conselho de Infraestrutura (Coinfra) da Confederação Na-cional da Indústria (CNI).

“O sistema logístico brasileiro se ressente de uma estrutura de planejamento de médio e longo prazos em nível governamen-tal, o que limita drasticamente os horizontes também do setor privado em suas decisões de in-vestimento em infraestrutura, diretamente ou em parceria com o governo”, justificou Ribeiro. Pa-

ra ele, a EBPL é uma necessidade para a economia. “A função que irá exercer exige um ente públi-co, pois seu trabalho pressupõe investimentos a fundo perdido, que só o setor público pode fazer”, acrescentou.

O presidente da Aneor citou como um bom precedente a cria-ção da EPE, a Empresa de Pes-quisa Energética. “O modelo da EPE, que pode ser melhorado, se aplica ao campo da infraestrutura de transportes. Nos dois setores, a característica central são os proje-tos de grande escala, longo prazo de maturação, ampla interferên-cia com o meio ambiente e alto risco. Dificilmente o setor priva-do correria o risco da elaboração dos projetos nesses setores, pelas incertezas de retorno”, afirma.

O Rio Grande do Norte já colo-cou o assunto no plano de governo. Por exemplo, o porto de Natal já foi alvo de encontros da governadora Rosalba Ciarlini em Brasília para tratar de investimentos em sua ampliação. Por lá, os equipamen-tos serão desembarcados antes de seguirem para os parques eólicos no interior.

O governo também mostrou preocupação com a linha de cone-xão para energia eólica, o conhe-cido “linhão”. Ciarlini esteve com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para solicitar a ante-cipação da conclusão da conexão para escoamento da geração de energia eólica do estado.

Depois de uma audiência com o presidente da Agência Nacio-nal de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, com a governa-

O Ceará é o estado que mais enfrentou problemas de ordens ambientais. Várias obras de parques eólicos foram suspensas por força de ações movidas pelo Ministério Público Federal.

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dora, foi garantida a unificação do cronograma para a geração, distribuição e comercialização da energia alternativa no Rio Grande do Norte.

A linha de conexão, o chamado linhão, para o escoamento da gera-ção de energia, deve ser concluído até setembro de 2013, e até janeiro do mesmo ano deve ser finalizada também a operação de comercia-lização. Além de apoiar os investi-dores, o governo do estado criará o Centro Tecnológico de Energia Eólica, que vai capacitar mais de 10 mil trabalhadores. Serão pro-duzidos cursos como geração de oportunidades à população.

Entrave verdeA questão ambiental é outro

entrave. O governador da Bahia,

Jacques Wagner, reconhece que, no que se refere à implantação das usinas, o estado tem ainda obstáculos quanto à regularidade fundiária - pois grande parte das terras é considerada devoluta - e no processo de licenciamento am-biental. “Essa é uma realidade bra-sileira, mas nada que seja intrans-ponível. Avançaremos com muito diálogo e planejamento”, garante.

O Ceará é o estado que mais en-frentou problemas de ordens am-bientais. Várias obras de parques eólicos foram suspensas por força de ações movidas pelo Ministério Público Federal. O estado já foi apontado por investidores como um “clima de impedimento” para geração de energia eólica. Para reverter o quadro, a Câmara Seto-rial de Eólica (CSE) da Agência de

Desenvolvimento do Estado (Ade-ce) apresentou ao governador Cid Gomes um balanço da indústria eólica do Ceará, os principais pro-blemas e algumas sugestões para que o segmento possa crescer.

Há o entendimento de que o impacto da energia eólica é zero para a natureza. Uma sugestão é a possibilidade de instalar parques em Áreas de Proteção Ambiental (APAs), desde que o produtor pre-serve o local, sob acompanhamen-to dos órgãos públicos. Outra ideia é criar uma área definida para dar mais agilidade na implantação dos investimentos, reduzindo os prazos para entrega das licenças ambientais, com o surgimento da Área Ecológica Eólica (AEE). O investidor saberia onde pode ou não se instalar.

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História das eólicasem quatro estadosCeará, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul são os estados brasileiros que se destacam na geração de energia eólica no Brasil

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Aprimeira turbina eólica da América Latina foi instala-

da na ilha de Fernando de Noro-nha, Pernambuco, em 1992. En-tretanto, a usina eólica da Taíba, localizada no município de São Gonçalo do Amarante, no Ceará, foi a primeira a atuar como pro-dutor independente no País. Em operação desde janeiro de 1999, a central é composta por 10 tur-binas de 500 kW, o que resulta em uma potência de 5 MW. Foi a primeira usina construída no Brasil pela Wobben, em 1998, resultado de uma concorrência feita pela Companhia Energética do Ceará (Coelce). Desde o início de sua operação até hoje, a ener-gia gerada pela Taíba, bem como a da Prainha e Mucuripe, são ad-quiridas pela Coelce.

A partir desta usina, o Ceará saiu na frente e liderou a geração de energia eólica comercial no País. Hoje, são 17 parques em fun-cionamento, gerando 518 MW. O pioneirismo colocou o estado em uma posição tão confortável em atração de empreendimentos que somente em 2010 acendeu a luz amarela para a concorrên-cia com outros estados. Quando todos os parques previstos atual-mente estiverem em operação, o líder de produção eólica será o Rio Grande do Norte, que hoje tem três usinas totalizando 102.1 MW, 13 já estão em construção (419 MW) e 39 estão previstas (1.297 MW), totalizando 1,8 GW até 2013. O Ceará conta com a previsão de 25 usinas (866 MW), alcançando 1,3 GW nos próximos dois anos. Essa ultrapassagem de-ve-se aos resultados dos leilões de 2009 e 2010.

O Rio Grande do Norte é o

estado que mais tem avançado na aprovação de novos parques eólicos no País. No último leilão, ocorrido em agosto do ano passa-do, os potiguares garantiram 30 projetos, somando 817,4 MW no de energias alternativas e outros nove (com 247,2 MW) no leilão de reserva. Enquanto isso, o Cea-rá teve apenas cinco projetos, totalizando 150 MW, aprovados, sendo que nenhum para energia de reserva. O Rio Grande do Nor-te havia conseguido a liderança no número de novos projetos em eólica desde o leilão de 2009, e consolidou esta posição em 2010.

Para não perder o posto, a go-vernadora potiguar Rosalba Ciar-lini tem articulado encontro com representantes do setor eólico do Brasil e do mundo. São investi-dores em parques de geração de energia e em fábricas da cadeia produtiva do setor da Dinamarca, Índia, Espanha, Alemanha, Ar-gentina e outros países, e até com ministros da Educação e Ciência e Tecnologia e representantes de universidades. Ciarlini já revelou interesse em conhecer os traba-lhos referentes à produção de energia através de fontes renová-veis. “Sou uma grande entusiasta dos projetos que utilizam energia renovável”.

Ainda iniciante na área de eó-licas, a Bahia, por sua vez, corre para aumentar sua importância no setor. Em maio, inaugurou sua primeira fábrica de aerogerado-res. Instalada no polo industrial de Camaçari, com investimento inicial de R$ 50 milhões, a uni-dade é da empresa espanhola Ga-mesa. O estado tem sete parques eólicos em construção, que vão produzir 174 MW. Outras vinte

O desafio agora é atrair novas empresas da cadeia produtiva: fabricantes de torres, pás e componentes. O principal nós já temos: um invejável potencial eólico, afirma o governador Jaques Wagner

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usinas estão outorgadas e serão responsáveis por 652 MW. Juntos, serão 826 MW, o que representa-rá a terceira maior produção de energia eólica do País. A Alstom também está construindo sua fá-brica na Bahia. Uma companhia que aposta no potencial eólico do estado é a empresa de geração Re-nova, de São Paulo, que tem entre seus sócios o banco Santander, os fundos InfraBrasil e FIP Caixa Ambiental. A companhia inves-te R$ 1,2 bilhão, dos quais 75% contarão com fi nanciamento do BNDES. Outros R$ 650 milhões estão programados.

O governador baiano Jacques Wagner afi rma que o trabalho é para consolidar um polo eó-lico que irá reduzir o custo de produção de equipamentos e a logística envolvida no processo. “Os resultados estão surgindo”, afi rma, em referência a Alstom e a Gamesa. Juntas, vão investir cerca de R$ 200 milhões e ge-rar 210 empregos. Uma terceira grande empresa deverá se instalar ainda em 2011. “O desafi o agora é atrair novas empresas da cadeia produtiva: fabricantes de torres, pás e componentes. O principal nós já temos: um invejável po-tencial eólico”. Para ele, a energia eólica representa a diversifi cação da matriz energética. “Não pode-mos ser dependentes, somente, de uma fonte de energia. A Bahia, assim como o Brasil, está em rá-pida transformação e precisamos oferecer soluções energéticas sustentáveis para os novos desa-fi os que se apresentam”, diz.

Do outro lado do Brasil, o Rio Grande do Sul disputa atração de investidores. O estado abriga cinco parques com capacidade

instalada de 228 MW. Outros cin-co estão em obras e vão gerar 112 MW. Mais 18 usinas estão no pa-pel e devem produzir 476,7 MW. Todos somam 816,7 MW, a quarta maior produção de energia eóli-ca do País até 2013. O objetivo do estado é subir neste ranking. “Vamos criar as condições para que a energia eólica aumente sua parcela de contribuição na gera-ção de energia para o Rio Grande do Sul”, ressaltou o governador Tarso Genro. Em entendimentos com a Enerfín, empresa do grupo espanhol Elecnor e controladora da Ventos do Sul Energia, o estado deve receber até 2012 os investi-mentos de mais de R$ 1 bilhão. A Ventos do Sul Energia adminis-tra o Complexo Eólico de Osório, onde atualmente são produzidos 150 MW de energia limpa. A ex-pectativa é de que, com a amplia-ção, a capacidade seja dobrada.

Segundo o governador Tarso Genro, inúmeras empresas, de vários setores, estão procurando o estado para se instalar, justamen-te pelo clima de estabilidade po-lítica em que o Rio Grande do Sul encontra-se. Empresários dos se-tores da atividade agroindustrial, máquinas agrícolas, fabricantes de implementos elétricos, mon-tadoras de caminhões, fabrican-tes de ônibus e carros elétricos, estaleiros, parque de aerogerado-res, energia eólica, renovável, pai-néis solares, usinas termelétricas, entre outros, querem se instalar no RS. “Estamos estudando o que estas empresas pretendem para os nossos trabalhadores, como a formação de mão de obra e qua-lifi cação tecnológica, e que fi que comprovada a consolidação de novos empregos”, diz Genro.

Vamos criar as condições para que a energia eólica aumente sua parcela de contribuição na geração de energia para o Rio Grande do Sul, ressaltou o governador Tarso Genro

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Page 69: Renergy #6

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A RT I G O

Écom muito orgulho e satis-fação que escrevo este artigo

para a revista Renergy, numa edi-ção especial dedicada à energia eólica. Em 1996, quando cheguei ao Ceará, vim na realidade “atrás dos ventos”. A atividade eólica tinha dado uma parada na Europa, e o Brasil parecia-me a próxima grande aposta para um técnico português, que trabalha no setor desde 1989.

Mais uma vez o Ceará apresen-tava-se como estado pioneiro nas energias alternativas, tendo desen-volvido o primeiro programa, cons-tante e consistente, de medição de ventos do Brasil. E, através da Companhia de Energia Elétrica do Estado do Ceará (Coelce), efetuado a primeira concorrência pública para compra de energia elétrica, proveniente de Centrais Geradoras Solares, Eólicas e de Pequenas Cen-trais Hídricas.

Logo quando cheguei, nos pri-meiros contatos, deparei com as mesmas difi culdades que tinha encontrado na Europa, sete, oito anos antes. Uma resistência natu-ral à mudança, principalmente no setor elétrico existente.

Sendo o Brasil um País essen-cialmente hídrico, a introdução de uma nova fonte de energia renová-vel, mesmo mais limpa e descentra-lizada, encontrou grandes obstácu-los. Esses obstáculos eram e sempre foram os mais variados, de natureza técnica, estratégica e mesmo tendo a ver com alguns “egos” de alguns fundamentalistas hídricos.

Nunca mais esqueci uma decla-ração de um técnico sênior de uma empresa do Grupo Eletrobrás, afi rmando que considerava um

descaso, e mesmo uma falta de res-peito pessoal, terem-no obrigado a migrar de grandes centrais hídricas de alguns milhares de MW para centrais térmicas de algumas cen-tenas de MW, e agora para centrais geradoras eólicas de algumas deze-nas de MW. Na interpretação dele, era uma desconsideração pessoal e profi ssional ter de trabalhar agora em “algumas centraizinhas eólicas de alguns MW”.

Toda essa situação foi ultrapas-sada aos poucos, com muito traba-lho e persistência de alguns quan-tos técnicos e profi ssionais da área, dos quais ressalto Everaldo Feitosa, Laura Porto, Regina, Ivonice Cam-pos, Pedro Vial, Valdénia, Paulo Craveiro, Antious, Jorge Lima, entre outros.

Juntos fundamos a primeira versão da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), e con-tinuamos a batalhar para a aceita-ção - por parte das instituições e governos estaduais e federais - da energia eólica como parte válida da matriz energética brasileira.

Independentemente de algu-mas tentativas, como o Proeólica, o primeiro grande passo foi dado com o Proinfa, cujo processo se ini-ciou em 2002, tendo sido a concor-rência pública efetivada em 2004, com as suas várias interações.

Deste processo nasceram 1.426 MW de contratos de compra de energia elétrica, proveniente de fonte eólica, com uma duração de 20 anos e um preço adequado às condições econômicas e fi nancei-ras da época. Espera-se que os últi-mos parques eólicos, provenientes desse processo, entrem em opera-

ção comercial até o fi nal de 2011.Uns dizem que foi um “fra-

casso”, principalmente por causa dos atrasos, mas eu, pessoalmente, considero um grande sucesso. Foi o primeiro e o maior programa dessa dimensão no mundo inteiro, no setor eólico. E, muito mais impor-tante que isso, foi ele que ajudou a criar as bases para os leilões de 2009, 2010, 2011 e todos os futuros leilões dos próximos anos.

O desenvolvimento de estudos técnicos, econômicos e fi nancei-ros, juntamente com a “perfor-mance” dos parques já instalados,

Armando Abreu

Do Proinfa aos leilões

em ação

Page 71: Renergy #6

r e n e rg y. ano 1 > # 6 > 2011 { 7 1 }

levou ao convencimento das ins-tituições públicas e privadas, bem como dos governos estaduais e federal, de que a energia eólica é imprescindível na matriz energé-tica brasileira.

Neste ponto dos leilões, tenho que “dar a mão à palmatória”. No início das discussões com o go-verno federal, fui completamente contra o modelo dos leilões. A prin-cipal razão da minha posição tinha a ver com o fato de este modelo de contratação não ter funcionado com resultado em nenhum país da Europa, casos da Inglaterra e

França, por exemplo.Hoje, tenho de concordar, que

não tinha razão. O modelo de lei-lões foi e é um sucesso no Brasil. A prová-lo estão os montantes de energia contratados no leilão de dezembro de 2009, agosto de 2010, e a quantidade de MW cadastrados na EPE, para os leilões de 2011, bem como o nível de tarifas atingido.

A energia eólica é hoje um componente importante da matriz energética brasileira, estando pre-vista em todos os Planos de Expan-são da Matriz de Energia.

Por causa deste importantíssimo

ponto, hoje o Brasil é “a bola da vez”, no setor eólico mundial. A Europa e os Estados Unidos estão em veloci-dade lenta, a China e a Índia estão em velocidade acelerada, mas os mercados são dominados por empresas locais, restando o Brasil.

Para confirmar isso, basta anali-sar os planos de expansão e implan-tação de todos os grandes fabrican-tes de turbinas eólicas para o Brasil. Fora a Enercon, a Impsa e a Suzlon, que já cá estão, todos os outros, GE, Vestas, Alston, Siemens, Sinovel, e outros estão a desenvolver e a implantar usinas industriais, para a fabricação de pás, nacelles e outros componentes das turbinas eólicas.

Outro passo importante é a entrada no setor eólico de grandes players, nacionais e internacio-nais. Todo o setor eólico, mas todo mesmo, está de parabéns no Brasil. No entanto, gostaria de deixar uma menção especial à ABEEólica, cujo trabalho, nos últimos quatro anos, permitiu levar a energia eólica, no seu todo, ao patamar em que esta-mos hoje.

Vivam os ventos.

Armando Abreu é doutorado PhD em Energias Alternativas pela Universidade de Coimbra, em Por-tugal. CEO da Braselco e diretor da ABEEólica. Desenvolve vários estudos e projetos técnicos, econô-micos e financeiros para a implan-tação de parques eólicos, no Brasil e na América Latina. Assessor do Governo Federal Brasileiro para a implementação do Proinfa e do Governo do Estado do Ceará para a implementação do programa Pró-Eólica.

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Page 74: Renergy #6

{ 74 } r e n e rg y. ano 1 > # 6 > 2011

Nos próximos dez anos, o siste-ma elétrico brasileiro passará

por uma mudança gradual e pro-funda. Em 2020, espera-se que o consumidor tenha a possibilidade de planejar como e quando consu-mir energia e - em uma segunda etapa - até mesmo gerá-la. As re-des inteligentes, mais conhecidas

como smart grids, unem as vanta-gens da tecnologia da informação à distribuição de energia elétrica, promovendo um uso mais efi ciente do sistema.

Os primeiros passos para a im-plementação das redes inteligen-tes no Brasil já foram dados. Sob a coordenação da Agência Nacional

de Energia Elétrica (Aneel), fabri-cantes, distribuidoras e órgãos regu-ladores participaram de audiência pública para defi nir as funcionali-dades mínimas obrigatórias para os medidores de energia no mercado nacional. “Isso é fundamental, por-que o medidor eletrônico é o cora-ção da smart grid”, defi ne André

smart grids

Implementação dasredes inteligentesSob a coordenação da Aneel, uma audiência pública irá defi nir as funcionalidades mínimas para os medidores de energia, primeiro passo para a implementação de smart grids no Brasil. Companhias elétricas já investem em programas de pesquisa e projetos piloto

{ por Mônica Lucas

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r e n e rg y. ano 1 > # 6 > 2011 { 7 5 }

Pepitone, diretor da Aneel.Nas redes inteligentes, o medi-

dor deixa de ser um mero regis-trador de consumo mensal para se tornar uma central que apresentará vários dados de qualidade a serem interpretados, tais como tensão, frequência e duração, entre outros. Essa medição não dependerá mais da leitura mensal de funcionários das companhias, pois a troca de informações será em tempo real e o consumo registrado de hora em hora. Isso fará com que as perdas de energia ao longo da transmissão também sejam detectadas e corrigi-das imediatamente. Ou seja, o País terá um fornecimento de energia mais efi ciente, moderno, seguro e sustentável.

Os custos de implementação das smart grids ainda estão em análise pela Aneel, mas o mercado e o pró-prio Ministério de Minas e Energia trabalham com a hipótese de que seriam necessários de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões. Cerca de 70% des-se valor se referem aos gastos com a troca dos medidores analógicos pelos digitais. Os recursos restantes seriam aplicados principalmente nos sistemas de comunicação e tecnologia da informação. Análises preliminares apontam em reajuste de 0,5% ao ano na tarifa ao consu-midor durante a implantação. Ape-sar dos valores elevados, Pepitone destaca que em médio e longo prazo os medidores representarão uma grande economia, com o consumo

mais inteligente e a redução das perdas no sistema.

Estima-se que existam, atual-mente, cerca de 64 milhões de aparelhos antigos no País. O Conse-lho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou o aprofundamento dos estudos que irão defi nir se todos eles serão substituídos ou se as smart grids serão implementadas apenas em alguns estados. Mas as expec-tativas do mercado e da própria Aneel é de que todo o Brasil adote as redes inteligentes. Os planos da agência reguladora ainda dependem de deliberação do colegiado, mas a ideia é fazer a substituição de cerca de 10% dos medidores a cada ano.

Estrutura tarifáriaComo a medição é feita de hora

em hora, a estrutura tarifária pre-cisará passar por mudanças, com a criação de uma modalidade tarifária para o grupo de baixa tensão, com três preços de consumo de energia, de acordo com três postos tarifários que seriam criados conforme maior ou menor demanda do sistema: de ponta, intermediário e fora de ponta - sendo a primeira a mais cara. A nova estrutura permitirá que o con-sumidor possa se programar para usar mais energia fora do horário de pico e pague menos, de forma semelhante ao que acontece na telefonia fi xa.

Pepitone garante que na mé-dia não haverá aumento no preço da tarifa: “Se após as mudanças o

consumidor mantiver sua rotina, sua conta não mudará”. Entretan-to, a ideia é justamente levar os usuários do sistema a repensarem seus hábitos, reduzindo o consumo nos horários de pico. Diferente do que acontece hoje com o modelo analógico, o medidor digital pode ser acessado pelo consumidor a qualquer momento. Ou seja, se ele verifi car que naquele horário o quilowatt-hora está no pico, po-derá optar por ligar o computador, por exemplo, mais tarde, quando o preço for menor. Por isso, é fun-damental investir em ações de educação e conscientização para gerar essa interação com o medidor.

Pensada em forma de input e output, a rede inteligente permite que, numa segunda etapa, o consu-midor possa também atuar na mi-crogeração de energia e introduzi-la no sistema, sendo recompensado por isso. Para isso, seria necessário criar um sistema que valorasse a energia injetada na rede. É algo a ser pensado em médio prazo, segundo Pepitone. A indústria de eletrodo-mésticos e eletrônicos também deve ser incluída no processo no futuro, com a adaptação inteligente, como o uso de chips que permitem ao con-sumidor mensurar o consumo de cada aparelho e programá-los para usar no horário em que a energia estiver mais barata.

Primeiras experiênciasA necessidade de fazer um

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Page 76: Renergy #6

{ 76 } r e n e rg y. ano 1 > # 6 > 2011

Como funciona o Smart Grid

Além dos grandes produtores, todos fornecem energia

para o sistema

Os dados de qualidade de transmissão ou falhas são monitorados para que o governo monitore a qualidade da energia

Com os medidores digitais é possível diminuir os roubos de energia e de�nir o padrão de consumo de cada casa

Na Central de monitoramento serão

avaliados todo o caminho da energia

Sensores espalhados pela rede transmitirão dados para consumidores e geradores de energia

É possível saber com mais precisão

quanto cada aparelho gasta.

1

4

2

3

smart grids

uso mais inteligente dos recursos naturais tem levado vários países a adotarem ou planejarem smart grids. Itália e Espanha estão entre os exemplos mais bem sucedidos, mas algumas localidades dos Esta-dos Unidos - um dos maiores con-sumidores de energia do mundo - já mostram resultados. Muitas vezes inspirados nesses modelos, várias companhias estão desenvolvendo seus projetos no Brasil, contando com a expertise de escritórios já conceituados em outros países. Light e Cemig estão entre as mais avançadas nas pesquisas.

A Kema presta consultoria para alguns dos maiores programas de smart grid no mundo nos Estados Unidos e na Holanda, nos mais di-

ferentes estágios. Presente no Brasil há mais de dez anos, inclusive com escritório no Rio de Janeiro, a em-presa vem apostando em smart grid no Brasil. Segundo Robert Wilhit, vice-presidente da empresa, o Brasil tem alguns dos drivers mais fortes do mundo quando se trata de jus-tificar os investimentos em smart grid. A experiência da companhia no desenvolvimento de modelos econômicos detalhados para o País aponta para duas áreas específicas, que serão fundamentais para justifi-car os investimentos na rede inteli-gente: melhorias na confiabilidade do sistema de potência e redução de perdas de energia.

O Brasil se beneficiará signifi-cativamente com a demonstração

global de novas e emergentes tecno-logias de smart grid, destaca Wilhit. Mas ele também chama atenção para o fato de que o País precisa de tempo para se familiarizar com essas aplicações, antes de avançar para uma implantação em larga escala. “Portanto, um aumento do escopo e escala dos projectos de demonstração brasileira será fun-damental para tirar partido destes desenvolvimentos”, diz.

Visando preparar as distribui-doras para essa transformação, as companhias Light e Cemig firma-ram uma parceria em outubro de 2010, que envolve investimento de R$ 65 milhões em um programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O projeto recebeu ainda,

Info

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Page 77: Renergy #6

r e n e rg y. ano 1 > # 6 > 2011 { 7 7 }

em março último, mais US$ 710 mil oriundos de um tratado de coo-peração com o governo dos Estados Unidos, que possibilitará a troca de informações e tecnologias entre empresas americanas e as empre-sas Light e Cemig. “Isso permitirá que as redes de energia dos dois países sejam qualificadas entre as melhores do mundo”, afirma o co-ordenador executivo do programa Smart Grid Light-Cemig.

Com relação à medição de energia e o relacionamento com os consumidores, dois projetos piloto servirão de campo de prova para os produtos desenvolvidos no progra-ma. No Rio de Janeiro, onde a Light

distribui energia para 4 milhões de clientes, mil consumidores partici-parão da fase de testes do programa, que será implantado, inicialmente, em bairros das Zonas Sul e Oeste, em comunidades beneficiadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e na Baixada Fluminense. Em Minas Gerais, onde a Cemig é responsável pela distribuição de energia a 774 municípios, a implan-tação será na cidade de Sete Lagoas e contemplará inicialmente dois mil consumidores.

A espanhola Endesa não re-vela planos de investimentos por enquanto, mas admite que está estudando a implantação de

smart grids no Brasil. A empresa se respalda no desenvolvimento da cidade inteligente de Málaga, na Espanha, totalmente estruturada de forma a estabelecer um conceito de eficiência em toda a arquitetura urbana, com prédios e residências iluminados por lâmpadas de menor consumo de energia e iluminação pública com lâmpadas de LED. An-dré Moragas, diretor de Relações Institucionais da Endesa Brasil, conta que o trabalho da Endesa em Málaga começou justamente com a conversão da rede de dis-tribuição de energia em uma rede mais inteligente, capaz de integrar toda a geração existente.

inlustração multi empreendimentos.ai 1 13/06/2011 12:46:56

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{ 78 } r e n e rg y. ano 1 > # 6 > 2011

E V E N T O S D O S E T O R

Um panorama dosetor de energiaO setor eólico latino-americano se dedicou a uma jornada de encontros e trocas de ideias no Wind Forum Latam Chile 2011. O objetivo foi traçar um panorama da situação da energia eólica no continente. A Renergy ainda traz um resumo de outros eventos do setor de energia

Depois das edições no Brasil e na Argentina, foi a vez

do Chile sediar a conferência Wind Forum Latam 2011, rea-lizada em Santiago. Durante os dias 7 e 8 de junho, o setor eólico latino-americano se dedicou a uma jornada de encontros e tro-cas de ideias na capital chilena. Além das empresas regionais mais importantes em atividade, o evento reuniu os ministros de energia do Chile e do Peru, per-mitindo traçar um panorama da situação da energia eólica no continente.

O primeiro dia foi marcado por uma mesa redonda sobre o que cada país está fazendo para estimular o crescimento da ener-gia eólica. Foram levantados pon-tos como o potencial e maturida-de de cada mercado, a concessão de territórios e as perspectivas de marcos regulatórios em médio e longo prazo, além das possibilida-des de conciliação entre os desa-fios da política para o setor com os da indústria.

No mesmo dia, Mark Argar analisou o desenvolvimento da energia eólica na América Lati-

na, estabelecendo uma compa-ração entre Brasil e Chile, com sugestões para obter sucesso na implementação de projetos, des-de a planta até a comercialização. Discutiu-se ainda os impactos da política de comercialização de energia e as dificuldades no desenvolvimento dos projetos. A Costa Rica e a Colômbia também marcaram presença no debate

sobre oportunidades de novos negócios no continente na co-mercialização de energia eólica.

ProjetosEntre os projetos para geração

de energia conhecidos durante o Wind Forum Latam Chile 2011, impressionou o desenvolvimento do Parque Eólico Canela (Canela I e II), apresentando em primeira

cobertura

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r e n e rg y. ano 1 > # 6 > 2011 { 7 9 }

mão no evento. Wilfredo Tirape-gui, gerente geral da Endesa Eco no Chile, foi o responsável por mostrar os detalhes do parque, que promete ser o maior do Chile e o segundo da América Latina.

Apesar de ser uma conferência focada na geração eólica, também

houve espaço para conversas sobre energia solar. Richard Aylwin, di-retor de efi ciência energética da estatal chilena Codelco, frisou que a energia solar poderia cumprir um papel importante na expansão das atividades das mineradoras locais - intensiva no uso de energia. Se-

gundo ele, essa é uma energia cada vez mais competitiva, afi nal, a in-dústria enfrenta pressões crescentes para reduzir emissões de carbono e adequá-las a padrões internacio-nais. Hoje quase 99% da geração é obtida através de combustíveis fósseis.

AconteceuGas Summit Latin America 2011

O Gas Summit Latin America reúne os principais executivos do Brasil e da América Latina com o objetivo de debater os rumos

do mercado de gás natural. Este ano, o evento - que aconteceu entre 9 e 11 de maio, na cidade do Rio de Janeiro - teve como tema principal o impacto da regulamentação da Lei do Gás, que ocupou os debates do segundo dia.Em 2011, o encontro apresentou formato reno-vado. Com inédito painel internacional, contem-plou o cenário atual e o planejamento de cresci-mento de todos os países atuantes no mercado de gás da América Latina. Dois encontros abordaram o desenvolvimento do gás não convencional em diversos países e as políticas ambientais do nosso continente.

Encontro de Inves-tidores em PCH Conferência para o Desenvolvimento da Energia SolarA terceira edição do

Encontro de Investidores em Pequenas Centrais Hidrelétricas e a segunda Conferência para o Desenvolvimento da Energia Solar aconteceram simultaneamente nos dias 24 e 25 de maio em São Paulo. Ambos os eventos reuniram investi-dores, representantes do governo, fabricantes de máquinas e equipamentos, construtoras e demais

envolvidos com a cadeia de investimento destas fontes de geração.O PCH 2011 debateu aspectos regulatórios, fi nan-ceiros e operacionais para a viabilização de projetos de pequenas e médias centrais hidrelétricas, pro-pondo uma refl exão sobre um novo ciclo de investi-mentos das PCHs no Brasil. Já o Solar 2011 discutiu os aspectos técnico econômicos para o desenvolvi-mento e aplicação de projetos de energia solar na matriz energética brasileira. As intenções governa-mentais, o potencial para geração em larga escala, projetos de usinas solares, tecnologia e equipa-mentos e autoprodução foram alguns dos assuntos abordados.

Congresso de Cogeração de EnergiaNos dias 24 e 25 de maio, em São Paulo, o IQPC Brasil realizou

o 3º Fórum de Cogeração de Energia. O evento reuniu alguns dos principais agentes do setor e tratou da oferta de subsídios para o desenvolvi-mento de planejamento estratégico na implantação de plantas de cogeração, através de novos casos prá-ticos e experiências de sucesso.Entre os temas abordados, potencialidades e incen-tivos para a inserção da cogeração na matriz energé-tica e propostas de políticas públicas para fomentar a fonte. A captação de recursos foi outro assunto importante, com a discussão sobre as etapas para a aprovação de crédito no BNDES e técnicas de pro-ject fi nance.

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legislação

A agência da transiçãoO projeto de lei 495/09, que cria a Agência Nacional de Energias Renováveis (ANER), está em tramitação no Congresso Federal. O órgão tem como proposta coordenar o processo de transição do uso intensivo de energias não renováveis para formas renováveis no Brasil

OBrasil está em fase de criar mecanismos legais para po-

tencializar seu desenvolvimento em energias renováveis. Legisla-ções muito importantes para o setor e que criam marcos regu-latórios para a geração energéti-ca limpa, como o projeto de lei 630/03, conhecido como Lei das Renováveis, e o projeto 495/09, que cria a Agência Nacional de Energias Renováveis (ANER), ainda estão à espera do bater do martelo dos parlamentares brasi-leiros no Congresso Nacional.

A tramitação do projeto da Lei das Renováveis está parada há mais de um ano. Já o projeto de criação da ANER tramita no Senado Federal, onde já recebeu aval da Comissão de Infra-Estru-tura e aguarda a posição da Co-missão de Constituição e Justiça, que votará em decisão terminati-va, seguindo para a Câmara.

Trata-se de uma agência cujo objetivo é coordenar o processo de transição do uso intensivo de energias não renováveis para formas renováveis de utilização

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do potencial energético do País, bem como realizar estudos e elaborar políticas públicas para apoiar o aprimoramento da ma-triz energética nacional, visando o desenvolvimento sustentável. Caso seja aprovada, a ANER será um órgão de natureza autárquica, vinculado à Casa Civil da Presi-dência da República.

“Depois disso, teremos que aguardar a deliberação da Câ-mara. Essa é a parte que cabe ao Congresso Nacional. O restante, que é a parte funcional da ANER, dependerá do Poder Executivo”, explica o autor do projeto, sena-dor Marcelo Crivella (PRB-RJ).

Conforme Crivella, a ANER é um meio para melhorar o acesso à energia barata, limpa e confiável. “O Brasil possui um dos maiores potenciais do mundo para a im-plantação de uma matriz energé-tica majoritariamente sustentada em formas renováveis de energia. Nesse ambiente de regulação do Estado, considero importante a instalação da agência nacional, até para que se crie uma interface

entre o Brasil e a Agência Inter-nacional de Energias Renováveis (Irena), de forma que possamos planejar e desenvolver programas eficientes e bem coordenados nessa área”, disse.

Além disso, o senador Marcelo Crivella destaca ainda que a cria-ção da ANER vai complementar as ações e os instrumentos neces-sários ao processo de transição do uso intensivo de energias não re-nováveis para formas renováveis, facilitando o acesso a informa-ções estratégicas sobre os poten-ciais dessas formas de energia, bem como estimulando as boas práticas do setor.

A intenção, conforme Cri-vella, é que a ANER seja uma agência diferente das demais. Isso porque deverá ter uma ponte de interação com a Irena, vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), com mais de 130 países membros e que tem como prin-cipal vetor a promoção de uma rápida transição para o uso de energias limpas em escala global.

Já o relator do projeto de

criação da ANER, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que emitiu parecer favorável à criação do órgão, explica que a agência não atuará sozinha. Conforme disse, há uma imposição legal para que a agência exerça suas atividades em estreita colaboração com a Agên-cia Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e com a Agência Nacio-nal de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“De fato, o uso atual das energias renováveis em escala comercial vem sendo posterga-do, principalmente pela falta de investimentos e, consequente-mente, por elevadas tarifas e por barreiras tecnológicas. A criação no Brasil de uma agência capaz de prover o País de mecanismos de planejamento adequado e de uma coordenação ágil e competente dos órgãos governamentais que interagem no tratamento desse tema está em harmonia com as diretrizes da ONU”. Para Flexa Ribeiro, a ANER é um desafio inadiável para a garantia da sus-tentabilidade do planeta.

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fontes alternativas

O termo “alga” inclui um grupo de organismos de

reinos distintos, encontrados nos mais diversos ambientes, mas que possuem em comum a clorofila A. Além disso, podem gerar energia. Um projeto desenvolvido pela Uni-versidade de Cambridge, no Reino Unido, propõe usá-la em uma casa completa para duas pessoas. Os pesquisadores garantem que é pos-sível manter ligados computador, forno de microondas, aparelho de televisão e todos os demais equipa-mentos que usamos no cotidiano.

O segredo está em uma modificação genética das algas, que são destituídas de enxofre e

produzem hidrogênio - elemento que se transforma na energia con-sumida. Elas ficam abrigadas em uma série de tubos, que recebem iluminação solar. Para o processo ocorrer sem anormalidades, os pesquisadores perceberam que a intensidade da luz deve variar conforme o clima da região, sendo mais intenso durante o inverno e mais ameno nos meses de verão. Um sistema de vidro e uma pisci-na de água também fazem parte da estrutura.

Foram envolvidos na pesquisa os departamentos de Engenharia e Arquitetura da universidade. Em 2009, a equipe “Algaetec-

ture” levou o primeiro lugar no concurso internacional realizado pela III International Conference on Smart and Sustainable Built Environments, na Holanda.

"As algas e as pessoas podem não se apresentar como com-panheiros óbvios, mas através deste projeto esperamos mostrar que a integração das algas como um gerador de energia dentro de uma casa não apenas é viável, como abre muitas possibilidades interessantes de arquitetura para a vida verde”, disse Karuga Koinange, do Departamento de Arquitetura, ao site da Universi-dade de Cambridge.

Estudantes da Universidade de Cambridge criaram projeto de uma casa com energia alimentada por algas geneticamente modificadas. Os responsáveis pelo projeto garantem a energia de uma residência para duas pessoas

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renováveis

Lançada a plataforma eletrônica Brix, uma bolsa de valores para a negociação de energia. Em curto prazo, a plataforma pretende avaliar os contratos de petróleo e gás natural também

Bolsa (energética)de valores

Após várias tentativas frus-tradas, fi nalmente o Brasil

terá uma bolsa de valores para a negociação de energia. A plata-forma eletrônica da Brix foi lançada no último mês de abril, no Rio de Janeiro. A promessa é de dar mais agilidade, segurança e transparência às negociações no Ambiente de Contratação Livre (ACL), o chamado mercado livre, que representa 25% da energia consumida no País.

Atualmente são 1.400 agen-tes, responsáveis pela movimen-tação de R$ 25 bilhões em 2010. Com a nova plataforma, a esti-mativa é triplicar esse valor. A princípio o foco é a negociação de energia elétrica mas, em curto prazo, a Brix pretende avaliar os contratos de petróleo e gás natu-ral também.

A iniciativa de desenvolver uma bolsa de energia partiu de uma parceria entre pesos pesa-

dos do setor: os empresários Eike Batista (EBX Holding), Josué Gomes da Silva (Coteminas) e Marcelo Parodi (Compass Ener-gia) e o economista Roberto Teixeira da Costa, um dos cria-dores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A eles se uniu a gigante norteamericana Intercontinental Exchange (ICE), líder global de nego-ciações eletrônicas de energia elétrica, petróleo e commodities

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agrícolas, que forneceu subsídios tecnológicos e operacionais para que a plataforma fosse criada.

A implantação da plataforma eletrônica no mercado será grada-tiva, em três etapas. Na primeira, as negociações bilaterais serão efetuadas apenas entre agentes do ACL, sempre com liquida-ção física por meio de registro na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) da energia elétrica transacionada. Na segunda fase, a ideia é lançar contratos bilaterais de derivativos com liquidação financeira (sem registro de entrega/ recebimento de energia física na CCEE), a serem negociados tanto por agentes do mercado livre como por instituições financeiras. Será necessária autorização da CVM.

Já na terceira e última fase, quando a Brix planeja instituir uma câmara de compensação e liquidação financeira (clearing house), para propiciar o lança-mento de contratos multilate-rais de derivativos com liqui-dação financeira, será preciso autorização do Banco Central, além da CVM.

DNA de energiaSegundo Marcelo Mello,

presidente e portavoz da empresa, o mercado livre de energia brasileiro chegou, há alguns anos, a um estágio de maturidade que tornou necessá-ria a criação de um ambiente de negociação de bolsa, seguindo uma evolução já observada em mercados mais maduros, princi-palmente nos Estados Unidos e na Europa. As soluções da Brix pretendem promover aumento de liquidez, redução de custo transacional e mais transparên-cia e eficiência na formação de preços, beneficiando o mercado como um todo.

A vantagem competitiva da Brix em relação a tentativas ante-riores seria o que Mello chama de

“DNA de energia”: “É um setor que conhecemos bem. Agrega-mos diferentes perspectivas sobre o mercado de energia elétrica no Brasil e trazemos a expertise de liderança mundial sobre negocia-ção de bolsa de energia da ICE. Estamos prontos para oferecer o melhor no Brasil”, explica.

A receptividade tem sido bem satisfatória. Dentre os grandes players do mercado que já mostraram interesse em aderir ao modelo de negócio da Brix, estão Alcoa, Alupar, Anglo American, Camargo Corrêa, CSN, Emae, Eucatex, MPX, NC Energia, Novelis, Petrobras, Renova Energia, Seal Energia, Vale e Votorantim.

Marcelo Mello, Chuck Vice, Roberto Teixeira da Costa, Marcelo Parodi, Eike Batista e Jeffrey Sprecher

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eólica

Hastes ao ventoO conceito Windstalks é composto de hastes que produzem energia ao balançarem com o vento. São silenciosas e não ocupam grandes áreas

Os benefícios da energia eó-lica são incontáveis e os

problemas conhecidos causados pelos gigantes moinhos de vento, como o barulho, perigo aos pás-saros e ocupação de grandes es-paços, daqui a algum tempo não serão vistos como problemas.

A empresa nova-iorquina de design Atelier DNA desenvolveu um projeto de usina eólica para a

cidade projetada de Masdar, perto de Abu Dhabi, nos Emirados Ára-bes, que é silencioso, não extermi-na pássaros e ocupa menos espaço do que as instalações tradicionais.

É o Windstalks - hastes que ba-lançam ao vento e devem produ-zir a mesma energia que os tradi-cionais aerogeradores. O projeto ganhou o segundo prêmio Land Art Generator, concurso patroci-

nado por Masdar para identifi car as melhores obras de arte que geram energia renovável a partir de um conjunto de apresentações internacionais.

Não só pelo design inovador e criativo, o projeto eólico Win-dstalks chama a atenção. Com as hastes balançando pode reprodu-zir, numa visão tecnomoderna, a imagem de uma plantação com

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vegetação ao movimento do ven-to. Mas a proposta é bem maior do que simplesmente a beleza de uma atração turística.

O Windstalks é composto por 1.203 hastes de fibra de carbono, reforçadas com resina, que pos-suem 0,3 metros de largura, 54 metros de altura e estão fixadas em bases de concreto com diâme-tros entre 10 e 20 metros. Cada haste contém camadas de eletro-dos e discos de cerâmica alterna-dos, feitos de materiais piezelétri-cos (que geram correntes quando colocados sob pressão). Quando as hastes balançam ao vento, es-

ses discos são comprimidos e ge-ram energia.

No topo, a haste tem uma es-pessura de 2,5 cm e uma lâmpa-da de LED que fica acesa quando venta, causando um efeito ótico único. Há ainda um sistema de armazenamento de energia, com uma bateria para os momentos de escassez de vento. Entre as bases de concreto, um sistema deve ca-nalizar água para o crescimento livre de árvores e plantas e tornar o local mais agradável ao passeio.

Os inventores do modelo dizem que o sistema é muito eficiente, na medida em que

não há perda de fricção associa-da com mais sistemas mecâni-cos, tais como turbinas eólicas convencionais.

Após a conclusão, uma Win-dstalk deve ser capaz de gerar a mesma eletricidade de uma única turbina de vento. O próximo pro-jeto da Atelier DNA é levar a ideia Windstalk subaquática. Chamado Wavestalk, todo o sistema seria in-vertido para aproveitar a energia do fluxo de correntes oceânicas e ondas. A meta de longo prazo da empresa é construir um sistema de grande porte nos Estados Uni-dos, em terra ou na água.

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Como funcionamos aerogeradoresO funcionamento de uma turbina eólica ou aerogerador envolve vários campos do conhecimento: meteorologia, mecânica, aerodinâmica, aeroelasticidade, eletromecânica, eletrotécnica, atuação & controle, além de construção civil

O processoAs turbinas eólicas modernas,

ou aerogeradores, são máquinas eletro- mecânicas que convertem a energia cinética de uma massa de ar (vento) em energia mecâ-nica e depois em energia elétrica.

A massa de ar que incide na turbina move as pás do rotor. Ao girá-lo, seu eixo também gira na mesma velocidade em baixa rota-ção (aprox. 10 a 20 RPM). Nesta etapa ocorre a transformação da energia cinética em energia mecâ-nica. A velocidade do eixo de bai-xa rotação é aumentada por uma caixa multiplicadora para um se-gundo eixo em alta rotação (aprox.

1.500 a 1.800 RPM). O segundo eixo é conectado mecanicamente a um gerador elétrico, no qual será produzida a energia elétrica.

A energia elétrica produzida pelo gerador (geralmente em bai-xa tensão, de 360 a 690 V) será elevada por um transformador individual para uma tensão da rede interna (13.8kV a 34kV). A rede elétrica interna irá conectar cada máquina a uma subestação de saída (SE), cujas funções prin-cipais são: elevar a tensão ao nível do ponto de conexão (de 69kV a 230kV), e gerenciar e dar proteção à ligação do parque eólico à rede elétrica.

A elegia elétrica produzida pelo parque eólico é transferida a partir de linhas de transmissão até o ponto de conexão, que geral-mente é uma subestação elétrica de propriedade da concessionária local ou de uma grande geradora, como a CHESF no Nordeste ou a ELETROSUL no Sul do Brasil.

Com o aumento da potência dos aerogeradores mais modernos (acima de 2MW), as dimensões do rotor (e das pás) e altura das torres também são aumentadas para captar mais energia prove-niente dos ventos. Portanto, para evitar problemas estruturais e de ruído, a rotação do rotor é redu-zida de modo que a ponta da pá não ultrapasse a velocidade linear de 45m/s.

Alguns modelos de aerogera-dores não possuem a caixa mul-tiplicadora. A energia produzida próxima ao rotor por um gerador de múltiplos pólos é retificada pa-ra uma tensão contínua, desta for-ma o rotor trabalha sempre com eficiência máxima. A energia em corrente contínua é transformada em corrente alternada por um in-versor que já efetua o sincronismo com a rede elétrica.

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1. Pás do rotor: captura o vento e transmite sua potência até o gerador. São fabricadas com ma-teriais ultraleves semelhantes às asas dos aviões, como poliéster ou epóxi com fibra de vidro ou fibra de carbono. Na ponta de cada pá existe um mecanismo de rotação que permite alteração de ângulo, visando melhor captação de vento.

2. Eixo: transfere a energia rotacional para o gerador. Quando o rotor gira, o eixo gira junto. Desse modo, o rotor transfere sua energia mecâ-nica rotacional para o eixo, que está conectado a um gerador elétrico na outra extremidade.

3. Caixa de engrenagens multiplicadora de velocidade: aumenta a velocidade do eixo entre o cubo do rotor e o gerador.

4. Gerador: usa a energia rotacional do eixo para

gerar eletricidade usando eletromagnetismo.5. Unidade de controle eletrônico (não mostra-

da): monitora o sistema, desliga a turbina em caso de mau funcionamento e controla o me-canismo de ajuste para alinhamento da turbina com o vento.

6. Freios: detêm a rotação do eixo em caso de sobrecarga de energia ou falha no sistema.

7. Torre: sustenta o rotor, além de erguer todo o conjunto a uma altura onde as pás possam girar com segurança e distantes do solo.

8. Equipamentos elétricos: transmitem a eletri-cidade do gerador através da torre e controlam os diversos elementos de segurança da turbina.

9. Anemômetro e medidor de direção: mede a velocidade e a direção do vento.

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O aerogerador é uma máquina que possui gerador elétrico integrado ao eixo de um catavento, cuja missão é converter energia eólica em energia elétrica

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Clipper WindPowerCortez EngenhariaCTI Cargas InternacionaisDuPontDuPont PV ECO EngenhariaElos EletrotécnicaEltek ValereEnpecelERICOFC SolarFG Soluções

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IEM Eletromecânica JemaKotraKTRKyocera SolarMegajouleMercurius Mobil LubrificantesMPXOrg. Paulo RochaOrmazabal do BrasilBM Construções

PETROBRASPhelps DodgePrüftechnikPureatmospherebrasilRenergyRennerRMS EngenhariaSanterno Schneider ElectricSchunkSiemensSSSolar

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destaqueM E RC A D O D E C A R B O NO

O mercado de carbono no Brasil ainda inicia seus passos e o que existe é um mercado voluntário onde se pratica a neutralização ou compensação das emissões de gases poluentes de forma isolada. A política Carbon Free, que a cada dia ganha mais adeptos, é uma das modalidades desse comércio que tem tudo para crescer no País

{ por Paola Vasconcelos

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destaque

Aemissão de gás carbônico na atmosfera é um dos principais

causadores do aquecimento global. Somente em 2010, os níveis de emis-sões de gases poluentes atingiram índices jamais alcançados, conforme a Agência Internacional de Energia (AIE). Com a aceleração da economia mundial, somente o setor elétrico foi responsável por 30,6 gigatoneladas (bilhões de toneladas) de emissões de dióxido de carbono na atmosfera no ano passado, contra 29,3 gigatonela-das de CO2 em 2008, considerada até o momento a maior alta das emissões do setor elétrico.

O Brasil está entre os dez maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE) para a atmosfera, com cerca de 75% dessas emissões originadas pelo uso pouco cuidadoso da vegeta-ção natural. Mesmo em tempos de alerta e de economia verde, os níveis de emissões continuam subindo. As emissões de gases de efeito estufa em São Paulo, por exemplo, cresceram 58%, entre 1990 e 2008, consideran-do as emissões de um dos principais gases, o CO2, segundo inventário da Companhia Ambiental do Estado.

Políticas de redução de emissões, desenvolvimento de energias limpas, neutralização de atividades são algu-mas ações implementadas para ten-tar diminuir os efeitos da existência humana e todas as suas implicações no meio ambiente. A política Carbon Free, ou simplesmente, carbono neu-tro, é uma das que vem cada vez mais ganhando adeptos no mundo. Isso porque a neutralização compensa o que será emitido em virtude de uma atividade. Essa compensação pode ser feita, por exemplo, através do plantio de árvores em áreas degradadas.

Essa é uma das modalidades do mercado de carbono, que teve a sua ascensão junto com a assinatura do

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Protocolo de Kyoto, em 1997, quando países desenvolvidos se comprome-teram a reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa até 2012 para diminuir o aquecimento global.

Para ajudar os países a alcançarem suas metas e também para encorajar o setor privado e os países em desen-volvimento a contribuir nos esforços de redução das emissões, os nego-ciadores do Protocolo definiram três mecanismos de mercado, além das ações de caráter nacional ou esforços de redução individuais: comércio de emissões (quem tiver com limites de emissões sobrando pode vender esse excesso para outras nações que estão emitindo acima dos limites), implementação conjunta (os países

podem agir em conjunto para atingir suas metas) e mecanismo de desen-volvimento limpo (permite projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento, que não possuem metas de redução de emissões no âm-bito do Protocolo).

Mercado de caborno brasileiro

No Brasil, o mercado de carbono não funciona nos moldes dos países que devem reduzir suas emissões, co-mo determina o Protocolo de Kyoto. Para o advogado Antonio Fernando Pinheiro Pedro, que é consultor do Banco Mundial em vários estudos realizados no Brasil, membro do Co-mitê de Energia e Desenvolvimento Sustentável e integrante do Green

Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, atualmente, o mercado de carbono “não funcio-na” no Brasil.

“O que temos por aqui são proje-tos que visam obtenção de créditos nos mercados mandatórios, que é re-gulado pelo Protocolo de Kyoto, e vo-luntário, existente nos Estados Uni-dos e no Reino Unido. Assim, nosso mercado resume-se à formulação de um produto cujos títulos certificados, que irão lhe atribuir um valor, serão emitidos conforme for determinado pelos mercados sediados lá fora”, ex-plica Pinheiro Pedro.

Ele é um dos consultores respon-sáveis pelo estudo “Organização do Mercado de Créditos de Carbono

no Brasil”, que faz parte do conjunto de estudos sobre o tema, feito pela BM&FBovespa, pelo Banco Mundial e pela Financiadora de Estudos e Pro-jetos (Finep).

O estudo traz, em suas conclu-sões, não só a necessidade de o País se adaptar para aproveitar as oportu-nidades resultantes de seu potencial natural, como também orientações para organizar um mercado que ain-da inicia seus passos. “O Brasil tem grande capacidade de contribuir com a redução das emissões globais de GEE, devido a suas características naturais somadas a sua estrutura eco-nômica. Esse potencial engloba tanto as reduções de emissões que ocorrem no próprio território brasileiro quan-to aquelas geradas no exterior, por

meio da exportação de combustíveis e matérias primas renováveis”, anali-sa o consultor.

O arcabouço regulatório brasilei-ro sobre mudanças climáticas, em formação sob a égide da Lei Federal 12.187, de 29 de dezembro de 2009, conforme o consultor, é favorável à adoção de mecanismos de mercado para o cumprimento do compromis-so nacional voluntário, de reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões projetadas até 2020. Pinheiro Pedro explica que o mercado doméstico re-sultante, mencionado expressamente na lei, terá característica voluntária, ao menos de início, podendo evoluir para um sistema mandatório ao lon-go do tempo.

Conforme o estudo “Organização do Mercado de Créditos de Carbono no Brasil”, a concretização do poten-cial de reduções deve ser apoiada pelo estabelecimento de uma plataforma brasileira de negociação de ativos relacionados à redução de emissões: créditos de carbono de diversos tipos e seus derivativos. Para o consultor, a operação dessa plataforma por meio de instrumentos padronizados, do-tados de transparência e confiabili-dade, trará a liquidez necessária para os ativos e atrairá maiores volumes de investimento, viabilizando novos projetos e iniciativas, que formarão um ciclo virtuoso brasileiro.

Outra proposição do estudo foi a implementação do Sistema Brasilei-ro de Controle de Carbono (SBCC),

O que temos por aqui são projetos que visam obtenção de créditos nos mercados mandatórios, que é regulado pelo Protocolo de Kyoto, e voluntário, existente nos Estados Unidos e no Reino Unido

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destaque

de acordo com os compromissos de redução de emissões assumidos pelo Brasil. Caberia ao SBCC a implemen-tação de uma nova gama de ativos com demanda pelos mesmos, por meio do estabelecimento de metas autorregulatórias setoriais de redu-ção de emissões.

No entanto, Fernando Pinheiro Pedro destaca que, a partir da entra-da em vigor da Política Nacional de Mudanças Climáticas, é que se dará autorização legal para a formação de um mercado nacional de carbono.

Mesmo ainda em compasso de organização, as expectativas para o Brasil são positivas. “O mercado de carbono está, no momento, sofrendo com as indefinições que o atingem, como a toda a economia mundial. No entanto, passada a crise, não tenho dúvida que o mercado de compensa-ção de emissões estará firme na pauta da economia nacional. Então, a pla-taforma proposta por nosso estudo estará na agenda dos organismos de regulação do mercado, de controle da poluição e de gestão do clima”, desta-ca o advogado.

Mercado VoluntárioO mercado de carbono brasileiro

ainda funciona de maneira volun-tária e sem um marco regulatório significativo. O presidente da Inicia-tiva Verde (organização que aplica o programa Carbon Free em empresas e instituições interessadas em neutra-lizar suas emissões), Magno Castello Branco, explica que ainda não exis-tem metas setoriais vigentes e que demandem uma procura significativa por créditos.

“Ou seja, as empresas não preci-sam reduzir emissões a partir de um nível determinado, como ocorre com os países industrializados dentro do Protocolo de Kyoto. Basicamente,

as empresas que querem compen-sar emissões - total ou parcialmen-te - compram créditos oriundos de diversos padrões de certificação ou investem em projetos que reduzem emissões de carbono”, explica Cas-tello Branco.

O consultor da área, advogado Antonio Fernando Pinheiro Pedro, destaca que, durante alguns anos, a prática foi desenvolvida sem nenhum arcabouço regulatório, deixando à livre avaliação dos stakeholders a credibilidade e correção das ações propostas. Essa lacuna, conforme ele, tem sido apontada no mercado como um limitador da prática e, muitas vezes, como um indutor de práticas qualificadas como pouco sérias, na linha do greenwashing.

Algumas iniciativas, no entanto, vem tomando espaço internacio-nalmente no sentido de introduzir o elemento regulatório faltante. “A mais importante é o Voluntary Car-bon Standard (VCS), entidade com sede no Reino Unido, que congrega uma norma e um sistema de registro e controle do comércio dos créditos gerados”. Nesses casos, segundo Pi-nheiro Pedro, o mercado não deixa de ser voluntário, mas passa a ser au-torregulado. Há também, nessa área, a existência de uma grande série de “selos” indicativos de situações de neutralização de emissões, por di-ferentes critérios, em geral voltados para uso no mercado de consumo de bens, serviços e eventos. “É um ambiente de credibilidade relativa, à

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Área de reflorestamento de eucaliptos no Espírito Santo

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exceção de certificações associadas a algumas normas que começam a sur-gir nesse campo, como, por exemplo, a PAS 2050 inglesa ou a nova norma do GHG Protocol para emissões na cadeia produtiva, no momento em operação experimental”, destaca.

A autorregulamentação do setor pode evitar a ideia de que muitos pa-íses e até empresas podem se utilizar da neutralização do carbono para po-luir mais. Para Magno Castello Bran-co, da Iniciativa Verde, se os projetos de compensação ou neutralização de

carbono das empresas forem uma re-alidade física e não apenas greenwa-shing, já há um grande avanço, pelo menos no Brasil, onde as empresas realizam isso de forma voluntária.

“Entretanto, o que as empresas tem que definitivamente fazer é que as práticas de baixo carbono façam parte de seus valores corporativos e não apenas de uma estratégia de marketing. Infelizmente, isso ainda é uma realidade no setor corporativo e uma das melhores maneiras de mu-dar isso é, como consumidores, exigir atitudes reais de baixo carbono das empresas com que nos relacionamos. A responsabilidade também é nossa”, diz Castello Branco.

Em 2012 expira o primeiro perío-do de compromisso do Protocolo de Kyoto e, efetivamente, ainda é incerto o futuro do principal mercado de car-bono. O presidente da Iniciativa Ver-de considera que, se por um lado esse mercado que existe entre países está

um pouco em stand-by, internamente a movimentação está forte. Entre os motivos para isso, ele cita a recente publicação de normas regulamentan-do o mercado de carbono no Brasil pela ABNT, o Plano Nacional de Mu-danças Climáticas e a Política Esta-dual de Mudanças Climáticas de São Paulo, que preveem metas de redução por setores, o que fomentará um mer-cado interno vigoroso no nosso País.

“Além disso, existem outras nego-ciações em andamento, como a ini-ciativa da Califórnia em estabelecer

metas setoriais com créditos oriun-dos de desmatamento evitado no Acre. Enfim, sem dúvida, teremos um mercado bastante aquecido nos anos que estão por vir”, considera. Apesar das medidas e movimentações, para Castello Branco, o mercado de car-bono é apenas um dos mecanismos existentes para combater as mudan-ças climáticas, e que isoladamente ele nem de longe é a solução.

“A nossa sociedade precisará pas-sar por uma profunda transformação no que diz respeito à utilização dos nossos recursos naturais, à maneira como nos transportamos e aos nossos padrões de consumo. Sinto-me ple-namente confortável em dizer que no próximo século não teremos mais os mesmos valores que temos hoje. Os automóveis passarão a ser valorizados pela sua eficiência e baixo consumo energético, e não mais porque che-gam a 240 km/h ou aceleram a 100 km/h em 8 segundos. Esse modelo de valorização estará completamente obsoleto no futuro”, destaca Magno Castello Branco.0650

Neutralizar é possívelNão basta só conhecer, é preciso

também fazer parte da onda verde que invade o mundo e também já chega ao Brasil, multiplicando adep-tos. Fazer a neutralização das emis-sões, não só de carbono mas de outros GEE, já é possível para empresas, ins-tituições e pessoas físicas.

Claro que existe o peso do mar-keting, de um negócio ou ativida-des ambientalmente corretos, mas a questão, de fato, é muito maior. A adoção de medidas que reduzam a emissão de gases poluentes não pode ser somente entendida como uma ação promocional e muitas em-presas já tem como parceiro o pró-prio cliente.

A autorregulamentação do setor pode evitar a ideia de que muitos países e até empresas podem se utilizar da neutralização do carbono para poluir mais

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Imagine ir a um show, evento, alugar um carro, utilizar combus-tível, gerar gases, gasto de energia, entre outros, e no final, sair com um saldo positivo com o meio ambiente. Isso é possível através de neutraliza-ção de emissões de carbono de ati-vidades. Várias empresas já disponi-bilizam o serviço e, em sua maioria, fazem a compensação através do plantio de árvores.

A Movida Rent a Car, empresa de aluguel de veículos que atua em parte do território brasileiro, oferece a locação Carbon Free. Com um cus-to de até R$2,75 por dia de locação, dependendo da motorização do ve-ículo, a empresa faz a compensação das emissões de carbono através do plantio de árvores.

A diretora comercial e de mar-keting da Movida Rent a Car, Lucila Castro, explica que é feito um cálculo baseado na quilometragem do veícu-lo, no combustível consumido e na motorização do carro. O resultado é a quantidade de CO2 lançada na atmos-fera. “Com base nisso é que chegamos à conversão da poluição em neutrali-zação, no caso, no número de árvores que devem ser plantadas. Desde 22 de abril de 2009 já plantamos 480 ár-vores. O segundo plantio acontece es-te ano, quando serão plantadas mais de três mil mudas”, relata.

A adesão dos clientes pela neutra-lização de suas emissões, conforme Lucila Castro, é muito boa. “Nossa maior porcentagem de optantes des-te serviço está na região Sudeste, com 73% de adesão. O perfil que traçamos é de pessoas que se preocupam com o meio ambiente, sabem da impor-tância da preservação do planeta. São motoristas jovens, amantes da tecno-logia e da comunicação instantânea. Para eles, o tema sustentabilidade é levado a sério”, explica.

Projetos Carbon FreePara aderir a programas Carbon

Free, que fazem a neutralização ou compensação de gases poluentes na atmosfera, basta decisão. A Iniciati-va Verde, que faz e executa projetos Carbon Free no País, informa que o primeiro passo é calcular a “pegada de carbono”, ou seja, fazer a realiza-ção de um inventário de carbono das operações da empresa, da fabricação de um produto, da realização de um evento, entre outros. Com estes valo-res em mãos, é desenhado um proje-to de restauro florestal a ser realiza-do em áreas legalmente protegidas e que não estejam sujeitas a multas ambientais ou a obrigações judiciais de restauro. Durante o seu cresci-mento, a floresta implantada remo-verá da atmosfera uma quantidade equivalente de carbono, realizando a compensação.

Desta forma, como explica o pre-sidente da Iniciativa Verde, Magno Castello Branco, é fundamental que estas florestas sejam de mata nativa e implantadas em áreas legalmen-te protegidas, pois não pode haver supressão ou corte desta vegetação. “Neste modelo de trabalho conse-guimos ir além da simples questão climática, pois estas florestas contri-buem também para a manutenção da qualidade da água dos rios e fun-cionam como corredores de biodi-versidade”, explica.

Para fazer o cálculo de emissões, a organização utiliza o GHG Protocol e a ISO 14064, que são padrões de con-tabilização de emissões de carbono. Magno Castello Branco explica que a importância de utilizarem estes padrões é que os inventários podem ser analisados por uma terceira parte independente, pois os requisitos de contabilização nesses protocolos es-tão disponíveis para qualquer pessoa.

“Os fatores de emissão de carbo-no utilizados por nós são obtidos de fontes internacionalmente reconhe-cidas, como o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), o Department for Environment, Food and Rural Affairs (Defra) e o Minis-tério da Ciência e Tecnologia (MCT). Assim trabalhando conseguimos ela-borar cálculos de emissões de carbo-no com o máximo de credibilidade científica e que são facilmente audi-táveis e verificáveis por uma terceira parte, devido à transparência exigida pelos protocolos de reporte”.

Empresas de todos os setores e ta-manhos procuram a Iniciativa Verde para tornarem-se Carbon Free. “Te-mos clientes com apenas dois fun-cionários e também empresas que estão entre as 100 maiores do Brasil”, disse o presidente. Castello Branco explica que o modelo de compensa-ção de carbono - o programa Carbon Free - capacita comunidades rurais de baixa renda, que são remuneradas durante três anos para cuidar das flo-restas sob supervisão técnica.

“A maioria dessas florestas é im-plantada em áreas de matas ciliares com a presença de espécies ameaça-das de extinção. Desta forma, o que oferecemos é um programa de com-pensação de emissões com outros benefícios agregados, como a con-servação da água, da biodiversidade e com geração de renda no campo. E se analisarmos com critério, observa-mos que em escala local estes bene-fícios superam de longe a compen-sação climática. Assim trabalhando, fazemos do programa Carbon Free um programa que ajuda as empresas a cumprir uma agenda completa de responsabilidade socioambiental. Isso traz enormes benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a imagem das empresas”, disse.

destaque

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Reciclagem e 100% neutroO Rock in Rio 2011, que acontece em setembro e outubro no Rio de

Janeiro, pretende fazer 100% de compensação e neutralização de suas emissões de carbono. Desde 2006, o evento já adotou essa prática sustentável, além da reciclagem de todos os resíduos a partir de 2008, quando passou a adotar o Manual de Boas Práticas, um guia com 18 medidas a serem adotadas por todos os envolvidos na realização do festival para reduzir o impacto ambiental do Rock in Rio e ter de compensar apenas as emissões inevitáveis.

Selo Carbon Free

Rock verdeBandas mundialmente conhe-

cidas, como Coldplay e Pink Floyd, levam a bandeira verde para seus shows, fazendo a neutralização das emissões de seus shows e ainda das gravações de seus álbuns.

Energia positivaEventos como o All About, que

congrega o setor de energias reno-váveis em todo o mundo e acontece de 05 a 08 de julho deste ano, em Fortaleza, são Carbon Free.

Folia responsávelO Carnaval de Salvador faz com-

pensação das emissões dos trios elé-tricos e carros de apoio que circulam, a partir de várias ações. Uma das ma-neiras é o abastecimento dos veículos, nos seis dias de folia, com B-5, mistu-ra de óleo diesel com 5% de biocom-bustível, fornecido pela Petrobras

Criando modaA moda, que arrebata seguidores,

também assumiu sua responsabi-lidade ambiental. O principal evento de moda do Brasil, a São Paulo Fashion Week, com 30 mil empresas reunidas e faturamento de 50 bilhões de reais, também neutraliza suas emissões de CO2.

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destaque

M E RC A D O D E C A R B O NO

Após cinco anos consecutivos de forte crescimento, o valor total do mercado de carbono global ficou estagnado, em 2010, em US$ 142 bi-lhões, com redução de 1,2% e sofren-do de falta de clareza para o período pós 2012. O panorama não muito po-sitivo é um alerta do relatório anual do Banco Mundial, “State and Trends of the Carbon Market 2010”, divulga-do no final de maio de 2011.

O estudo do Banco Mundial con-sidera que o crescimento do mercado de carbono parou em um “particular momento inoportuno”. Isso porque 2010 provou ser o mais quente já re-gistrado, enquanto os níveis de emis-sões continuaram em inexorável as-censão. Os estopins para essa quebra no desenvolvimento do mercado de carbono, conforme o relatório, foram as iniciativas políticas em curso que

acabaram por não se concretizar.Alguns exemplos são as experiên-

cias dos Estados Unidos, onde não houve apoio suficiente para passar a legislação cap-and-trade fede-ral. No Japão, a Lei de Base sobre o aquecimento global, que passou na Câmara, foi interrompida quando o governo perdeu o controle da casa superior. O Senado da Austrália não conseguiu aprovar o Plano de Redu-ção de Poluição por Carbono.

Na Coreia, a aprovação da Lei--Quadro sobre baixas emissões de carbono e crescimento verde azedou quando o governo, enfrentando opo-sição interna, decidiu, no início de 2011, atrasar a execução do seu regi-me de cap-and-trade até 2015.

O Banco Mundial sinaliza que, embora o ambiente regulatório in-ternacional permaneça incerto, ini-

ciativas nacionais e locais tem visi-velmente êxito e podem oferecer o potencial para superar coletivamen-te a lacuna de regulamentação inter-nacional. A mais importante destas iniciativas é o regime cap-and-trade da Califórnia, que deverá começar a operar em 2012.

Outras iniciativas de baixo car-bono, incluindo metas de redução das emissões nacionais, programas de certificação de energias limpas, cumprimento voluntário de acordos pré domésticos, programas de com-pensação de comércio e trocas de carbono, ganharam tração crescente das economias em desenvolvimento como Brasil, China, Índia e México. “Estas iniciativas são sinal de que, de uma forma ou de outra, as soluções para enfrentar o desafio do clima vão surgir”, diz o relatório.

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Mercado em estagnação global

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Como reduzir a sua pegada de carbono• Ao comprar um veículo, prefira os que vem com

a opção flex. Abastecer com etanol é menos prejudicial ao ambiente.

• Se possível, use mais o transporte coletivo ou a bicicleta.

• Não jogue lixo na rua.• Tire aparelhos em stand by das tomadas.• Aproveite a luz do sol para iluminar a casa, abra

bem as janelas e cortinas.• Limite o uso de ar condicionado.• Realize transações bancárias pela internet - menos

tempo e combustível do deslocamento.• Faça compras a pé nos mercados próximos de casa,

sem esquecer de levar sua ecobag, reduzindo o

consumo de plástico.• Prefira produtos duráveis aos descartáveis,

ajudando a reduzir a quantidade de lixo gerado no mundo.

• Desligue equipamentos quando não os estiver usando.

• Desabilite a proteção de tela do computador, que gera um consumo desnecessário de energia.

• Imprima com responsabilidade.• Recicle material do escritório; adote o uso de papel

ecoeficiente ou reciclado e aproveite os dois lados das folhas de papel.

• Resolver questões por telefone, quando possível, ao invés de usar transporte.

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3r’s reduzir, reutilizar, reciclar

Para ler e reciclarPode-se dizer que o papel é um item de primeira necessidade na vida humana. É tanto que o consumo mundial do produto cresceu mais de seis vezes desde a metade do século XX, segundo dados do Worldwatch Institute, podendo chegar a mais de 300 Kg per capita ao ano em alguns países. Na era virtual, muito desse montante é claramente desnecessário. Diminuir o uso e também fazer a reciclagem do papel não é só uma tendência verde, mas uma necessidade mundial.

R E A P R OV E I TA M E N T O40%

DO LIXOURBANO NO

MUNDO É COMPOSTO

DE PAPEL

REDUZIRO fato de cerca de 40% do lixo urba-no no mundo ser composto de papel já seria um motivo mais do que sufi -ciente para se reduzir o consumo de papel. Para produzir uma tonelada de papel, a indústria do setor gasta de duas a três toneladas de madeira, sem contar que usa uma quantidade de água superior a qualquer outra atividade industrial e tem um alto gasto energético - está em quinto lu-gar na lista das que mais consomem energia. O uso de produtos quími-cos altamente tóxicos, como o cloro, na separação e no branqueamento da celulose, também é um risco ao meio ambiente. A produção de uma tonelada de papel novo consome de 50 a 60 eucaliptos, 100 mil litros de água e 5 mil KW/h de energia. Já uma tonelada de papel reciclado conso-me 1.200 Kg de papel velho, 2 mil li-tros de água e 1.000 a 2.500 KW/h de energia. O uso racional do papel já é uma realidade para muitas pessoas, empresas e instituições, mas precisa ser ampliado.

RECICLARNo Brasil, onde a coleta seletiva ainda não é política pública (já que apenas 13% do lixo são reciclados), cerca de 50% do papel produzido vai para a reciclagem. De todo o papel recicla-do, 80% é destinado à confecção de embalagens. A cada tonelada de pa-pel reciclado, evita-se o corte de 30 ou mais árvores. Além disso, a reci-clagem é um meio de vida no Brasil em mais de 600 cooperativas, que geram aproximadamente 30 mil pos-tos de trabalho. Jornais, revistas, cai-xas, papelão, folhas de caderno, car-tolinas, embalagens de longa vida e envelopes são exemplos de tipos de papéis que podem ser reciclados. O setor tem potencial para crescer, mas emperra no sistema de coleta sele-tiva que, na verdade, praticamente não existe no País.

REUTILIZARO papel reciclado tem praticamente todas as características do papel co-mum. Engana-se quem pensa que o papel reciclado é só aquele bege com ranhuras que reproduz uma imagem rústica. Na verdade, a tecnologia hoje já permite fazer papéis reciclados to-talmente brancos e de diversas apli-cações. A principal fonte e o principal consumidor de reciclados no Brasil é a indústria de papelão ondulado, que é o tipo mais reciclado no País (77,3%). É um produto 100% biodegradável e com resistência a choques, variações de temperatura e compressão. Al-guns países da Europa, como medi-da para reduzir o consumo de papel, já diminuíram a quantidade de pa-péis nas embalagens de seus produ-tos. E Estados brasileiros, como o Pa-raná, estudam a utilização do papel reciclado na administração pública.

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Como?B AT E R I A S E C A R R E G A D O R E S

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Reciclagem - Segundo estudos recentes, apenas 3% das pessoas em todo o mundo reciclam seus celulares. Uma realidade que precisa ser mudada, afi nal, boa parte desse material pode ser recuperada. Você sabia que um aparelho pode conter até 0,02g de ouro, além de paládio, prata, cobre e platina? Fabricantes como Sony Ericsson, Motorola e Nokia possuem programas de reciclagem, com pontos de coleta de celulares, baterias e carregadores em seus pontos de venda e revendedores autorizados. Veja a marca dos equipamentos que serão descartados e confi ra no site da empresa o endereço mais próximo. Você também pode deixá-lo nas lojas das operadoras de telefonia móvel.

Selo - Repare se suas pilhas e baterias possuem o selo da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) com um bonequinho jogando um objeto num cesto e a inscrição "lixo doméstico”. Essa é uma garantia que o nível tóxico delas é baixo e que podem ser descartadas normalmente. Entretanto vale lembrar que em países de legislação mais rígida, nem essas podem ir para o lixo comum. Portanto, o melhor é a reciclagem. Se não souber onde encontrar um posto de coleta, você pode pedir informações na Secretaria do Meio Ambiente do seu município ou devolvê-las ao comerciante - que deve repassá-las aos fabricantes ou encaminhá-las a aterros especiais. Outra opção é enviar o produto de volta ao fabricante pelo correio.

Recarregáveis - Ao trocar seus eletrônicos, dê preferência aos que utilizam pilhas ou baterias recarregáveis. Eles também possuem metais pesados em sua composição, mas estima-se que a carga de uma pilha recarregável dure de duas a quatro vezes mais do que uma pilha alcalina comum. Além disso, a maioria delas anuncia um tempo de vida de mil recargas. Ou seja, ao enviar uma pilha recarregável para a reciclagem, o benefí cio será equivalente ao de milhares de pilhas comuns. É possível deixá-las nas agências do Banco Santander, em lojas do Pão de Açúcar e da Drogaria São Paulo, entre outras empresas. A maioria aceita pilhas comuns e recarregáveis e baterias portáteis.

Internet - Em São Paulo, o site e-lixo.org ajuda a população a localizar os postos de coleta de lixo eletrônico mais próximos de casa ou do trabalho, através do CEP. Já a Cidadão Eco (www.cidadaoeco.combr) recolhe gratuitamente todo tipo de lixo eletrônico por meio do agendamento na internet. Moradores de outras cidades podem enviar material para a empresa pelo correio. Os sites do Cempre (www.cempre.org.br) e da Recicloteca (www.recicloteca.org.br) mantém bancos de dados com cooperativas de catadores e recicladoras, que podem ser consultados a qualquer momento.

Ecológicos - Embora ainda não sejam muito comuns, já existem no mercado algumas opções de carregadores ecológicos, como os produzidos pelas empresas C3 Tech e Green Power, que são recarregados com energia solar.

Dando “pilha” na reciclagemCuidado na hora de descartar pilhas, baterias e carregadores. Todos eles possuem metais pesados em sua composição. São elementos tóxicos, em especial chumbo, mercúrio e cádmio, que podem contaminar o ambiente, solo e água, se jogados em lixões, aterros ou outros locais inadequados. Segundo o Instituto Akatu, considerando somente as 180 milhões de baterias de celular descartadas todos os anos no Brasil, são cerca de 11 toneladas de lixo tóxico que deveria ser reciclado. Veja como fazer sua parte.

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opções de carregadores ecológicos, como os produzidos pelas empresas C3 Tech e Green Power, que são recarregados com energia solar.

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fi lmeNovo documentário da rede norte-americana PBS, cha-mado Beyond the Light Switch (“Além do Interruptor

de Luz”, em tradução livre), foca no tema energia e fontes alternativas. O documentário não pretende passar por uma esfera da política pública e sim trazer informações úteis que detalham as mudanças que estamos

enfrentando no mundo da energia solar e da eólica, da energia nuclear e do gás natural. Discutindo a viabilidade de cada fonte agora e no futuro, por exemplo, tratando dos preços da energia solar e do uso de redes inteligentes. Você pode assistir um trailer do fi lme em beyondthelightswitch.com

simpósioO Conselho Brasileiro de Construção Sustentável organiza a quarta edição do

Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável, que este ano trata sobre o papel da sustentabilidade no desenvolvimento das cidades. O evento receberá palestrantes nacionais e internacionais. Quando: 4 a 5 de agosto. Onde: Complexo Empresarial WTC, em São Paulo, SP. Mais informações: www.cbcs.org.br

livroEm parceria com o escritor Tony Juniper e o jornalista Ian Skelly, o Príncipe Charles lança o livro Harmony: A revolução da sus-

tentabilidade. O livro é baseado nas pesquisas desenvolvidas pelo príncipe, que há décadas estuda os aspectos que envolvem os impactos do homem so-bre a natureza, da arquitetura à agricultura, passando ainda pela economia. Os coautores são ambientalistas e seus assessores sobre temas ligados à sustenta-bilidade. Da Editora Campus Elsevier.

eventoRealizado desde 2000 pela IBC Latin America, empresa integrante da multinacional Informa

Group, o Energy Summit tem a missão de orientar os tomadores de decisão a negociar e investir estrategicamente no mercado brasileiro de energia. Nesta edição, o evento traz dois seminários, “Comercializa-

ção de Energia para Consumidores Industriais e Comerciais” e “Financiamento de Projetos e Análise da Viabilidade de Investimentos em Energia”. Quando: 2 a 4 de agosto. Onde: Windsor Barra Hotel, Rio de Janeiro (RJ). Mais informações: www.energysummit.com.br

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eventoA Conferência Wind Power é o maior evento anual sobre energia eólica do mundo,

organizado pelo Global Wind Energy Council. A versão brasileira deste evento trata sobre o mercado latino-americano e seu poten-cial em recursos eólicos, além das políticas que criam oportunida-

des e desafi os no setor. Destaque para o debate sobre leilões brasileiros. Por aqui, o evento conta com o apoio da Associação Brasileira de Energia Eólica. Quando: 31 de agosto a 02 de setembro. Onde: Centro de Convenções, Rio de Janeiro - RJ. Mais informações: www.brazilwindpower.org

fórumA segunda edição do Fórum de Resíduos Sólidos - Re-gulamentação e aproveitamento energético apresentará

temas relacionados ao potencial de geração, modelagem fi nanceira e compa-rativo das tecnologias disponíveis no mercado para geração de energia a partir de resíduos sólidos, como consequência da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Quando: 8 e 9 de agosto . Onde: Blue Tree Premium Morum-bi, São Paulo (SP). Mais informações: www.vxa.com.br

livro O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Mauricio Tolmas-quim, narra no livro Novo Modelo do Setor Elétrico Brasileiro o

processo de construção do marco regulatório atualmente vigente, iniciado em 2003 e implementado a partir de 2004, onde o jogo começou a virar no setor elétri-co. Tolmasquim explicita as diretrizes que nortearam o desenvolvimento do cha-mado Novo Modelo, com ênfase na abordagem da segurança do abastecimento e da modicidade tarifária. A publicação conta com prefácio da presidenta da Repú-blica, Dilma Rousseff . Da Synergia Editora.

novidadeO Belkin é um destes green gadget que vale a pena ter. O dispositivo funciona como

uma espécie de tomada-temporizador, que pode agir por meia hora, 3 ou 6 horas apenas pressionado um botão para iniciar. Após o tempo determinado, ele se desliga e não deixa desperdiçar energia. Ideal, por exemplo, quando você coloca seu celular para carregar durante a noite. Versátil, serve para vários aparelhos ao redor da casa, ou até mesmo do escritório. O valor do dispositivo gira em torno de 10 dólares e pode ser encontrado em sites como Amazon.

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o último apaga a luzCabeça de Vento. Thyago/Assis/Wendel/Sandes e Julião. Ilustração manual e colagem, 2011

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