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Rua Nunes Machado, 68, Edifício The Five East Batel, Sala 706 Rebouças | Curitiba - PR | CEP 80250-000 www.ibdp.org.br NOTA SOBRE O SUBSTITUTIVO DO RELATOR SAMUEL MOREIRA PEC 06/2019 Apresentação: 13.06.2019. VISÃO GERAL O substituto apresentado pelo relator se mostra positivo em alguns pontos, corrigindo algumas distorções sociais, principalmente na questão das mulheres, que tiveram importante alteração da idade e da carência, bem como na exclusão da capitalização. Em outros, todavia, acabou por criar novo texto que traz preocupações sobre novos pontos apresentados. Numa visão ampla, o substitutivo se apresenta razoável, porém necessitando de mudanças para que se conduza a um texto adequado. DA APROVAÇÃO DE EMENDAS PELO IDEÁRIO O relatório do Dep. Samuel Moreira aprovou diversas emendas integral ou parcialmente, dentre elas a emenda de número 69 do Deputado Rodrigo Coelho, proposta pelo IBDP. Os ideários da emenda foram aproveitados em alguns pontos, tais como: 1. Suavização da desconstitucionalização; 2. Exclusão da proposta da capitalização; 3. Acumulo de benefícios e pensão de regimes diferentes; 4. Suavização das regras de transição; 5. Exclusão da contribuição extraordinária 6. Melhora das regras que garantam segurança à previdência complementar, dentre outros pontos; 7. Exclusão das alterações no BPC; 8. Exclusão das alterações no benefício rural; 9. Diminuição da carência da aposentadoria por idade da mulher; 10. Manutenção do valor real dos benefícios

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NOTA SOBRE O SUBSTITUTIVO DO RELATOR SAMUEL MOREIRA

PEC 06/2019

Apresentação: 13.06.2019.

VISÃO GERAL

O substituto apresentado pelo relator se mostra positivo em alguns pontos, corrigindo algumas distorções sociais, principalmente na questão das mulheres, que tiveram importante alteração da idade e da carência, bem como na exclusão da capitalização. Em outros, todavia, acabou por criar novo texto que traz preocupações sobre novos pontos apresentados.

Numa visão ampla, o substitutivo se apresenta razoável, porém necessitando de mudanças para que se conduza a um texto adequado.

DA APROVAÇÃO DE EMENDAS PELO IDEÁRIO

O relatório do Dep. Samuel Moreira aprovou diversas emendas integral ou parcialmente, dentre elas a emenda de número 69 do Deputado Rodrigo Coelho, proposta pelo IBDP.

Os ideários da emenda foram aproveitados em alguns pontos, tais como:

1. Suavização da desconstitucionalização;

2. Exclusão da proposta da capitalização;

3. Acumulo de benefícios e pensão de regimes diferentes;

4. Suavização das regras de transição;

5. Exclusão da contribuição extraordinária

6. Melhora das regras que garantam segurança à previdência complementar, dentre outros pontos;

7. Exclusão das alterações no BPC;

8. Exclusão das alterações no benefício rural;

9. Diminuição da carência da aposentadoria por idade da mulher;

10. Manutenção do valor real dos benefícios

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Ocorre que pontos essenciais ainda deveriam ser alterados pelos membros da comissão especial para construir novo texto por parte do relator, rememorando o que ocorrera na PEC 287/2016, ou apresentando texto substitutivo de relatório, visando de fato promover uma reforma que resgate a confiança no sistema.

DA MANUTENÇÃO DA DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO

Uma primeira questão a ser desmistificada é sobre a desconstitucionalização. É relativa a afirmação do relator de que suprimiu essa intenção, ao passo que o texto constitucional do art. 40 e do art. 201 mantém os critérios de acesso a benefícios previdenciários fora do texto constitucional, delegando à Lei ordinária tal competência, o que piora a proteção jurídica em relação ao proposto pelo texto original, que previa a Lei Complementar como instrumento legislativo competente, evitando o uso abusivo de medidas provisórias em matéria previdenciária.

AUSÊNCIA DE PROPOSTA DE CUSTEIO DO SUBSTITUTIVO

Algumas das propostas podem causar problemas jurídicos e orçamentários, ao passo que não definem a forma de custeio de certas proposições e, como tais, funcionarão sem maiores problemas de solvência. Dentre eles está a possível extinção dos RPPS, situação que além de incerta no texto, ainda se amolda perigosa ao equilíbrio financeiro e atuarial dos regimes hoje existentes. CONFUSÃO DAS REGRAS TRANSITÓRIAS E DE TRANSIÇÃO

O novo texto, ao contrário do original, não separou logicamente as regras em capítulos, o que dificulta sobremaneira a interpretação de tão densas matérias. Inobstante à esta diferença de estética legislativa, o texto mescla regras “transitórias” com regras de “transição”, criando 2 regras para a o regime próprio dos servidores federais e 6 regras para o regime geral de previdência social.

Algumas regras por vezes, se afiguram inócuas, ao passo que as regras de cálculos, em praticamente todas as propostas, remetem à nova proposta, o que reduzirá significativamente o valor médio das aposentadorias e pensões.

Sobre as regras de transição e transitórias, estas, tal como o texto original, só em parte favorecem o segurado ou servidor, ao passo que aplica as novas regras de cálculo de imediato (60% + 2% sobre o resultado da média de todos os salários de contribuição de 07/1994 ou da primeira contribuição, se posterior a aquela data), ressalvada uma exceção aos servidores públicos, que poderão, cumprindo 100% de pedágio, aposentar-se com paridade e uma pseudo-integralidade.

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Aos segurados do RGPS não há hipóteses de transição que lhes favoreçam quanto ao cálculo. O art. 18 tentou estabelecer “as regras do art. 29 da Lei 8.213/91”, aplicando o fator previdenciário sobre o resultado da nova metodologia de cálculos da média ofertada pelo art. 27.

Quanto aos servidores, a extensão da integralidade também não é completa, posto que não é o mesmo conceito do atualmente conhecido ao considerar integral apenas o vencimento básico, enquanto as gratificações incorporadas serão computadas proporcionalmente ao tempo de percepção ou à quantidade de horas médias utilizadas para pagamento.

Na regra de transição, o texto substitutivo prevê uma integralidade menos vantajosa em relação à atualmente em vigor. Assim, quando o cargo efetivo estiver sujeito à variação de carga horária ou sua remuneração for composta por vantagens pecuniária variáveis em decorrência de indicadores de desempenho ou produtividade, será considerada uma média aritmética simples da carga horária ou do indicador de desempenho, proporcional ao número de anos completos de recebimento e contribuição, contínuos ou intercalados, em relação ao tempo total exigido para a aposentadoria. Desta forma, o servidor poderá se aposentar com um valor inferior ao que efetivamente recebia em atividade.

REDUÇÃO DO PATAMAR DA PROTEÇÃO JURÍDICA

REBAIXAMENTO DO STATUS CONSTITUCIONAL ALTERAÇÃO DAS REGRAS TRANSITÓRIAS E DE TRANSIÇÃO POR LEI ORDINÁRIA OU COMPLEMENTAR

As regras de transição (que se confundem com transitórias na organização do texto) podem ser alteradas por Lei ordinária, ou seja, não garante confiança jurídica. Nesse sentido melhor seria ter sido mantido o texto original.

LEI ORDINÁRIA CONCORRE COM LEI COMPLEMENTAR

Em vários pontos das propostas de normas constitucionais (art. 40 e 201) há menção à lei (ordinária) e à lei complementar, não havendo interpretação segura de que tipo de instrumento e processo legislativo se seguirá para a regulamentação das novas normas previdenciárias. Seria mais adequado uma lógica única na escolha do instrumento legislativo.

Como exemplo, o art. 40 da proposta substitutiva remete à Lei (ordinária) a competência para dispor sobre os requisitos de acesso a benefícios. Já no art. 22, delega à lei complementar critérios de organização dos RPPS já existentes, sem dispor sobre os critérios de acesso aos benefícios previdenciários pelos servidores. Pela interpretação direta, Lei Complementar disporia sobre a organização dos RPPS. Já à Lei ordinária (que comporta Medidas Provisória) competirá estabelecer critérios de acesso aos benefícios previdenciários, já que estes não estão no rol do § 22. Reforçando esta

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interpretação, o art. 10 do substitutivo do relator também remete à lei federal (ordinária) a disciplina de benefícios do RPPS.

Com relação ao citado §22 do art. 40 da CF/88, verifica-se tratar-se de uma lei complementar que trará regras gerais de criação, gestão e extinção dos RPPS, aplicáveis a todos os entes federativos e não somente à União. Destarte, em razão da relevância do tema, que há anos exige um regramento unificado e pormenorizado que ajudem os RPPS a conquistar o necessário equilíbrio financeiro e atuarial, imperativo se faz o tratamento da matéria via lei complementar de caráter nacional.

Sendo regulamentado por Lei Complementar, está se conferindo maior segurança jurídica às normas, porquanto este instrumento legislativo não comporta alterações por medidas provisórias, que prejudica a estabilidade e a confiança.

ABERTURA DO MERCADO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DOS SERVIDORES PÚBLICOS AO SISTEMA FINANCEIRO

Ao retirar a natureza pública e trazer expressamente a possibilidade de previdência complementar por entidades abertas, traz preocupação quanto à segurança jurídica desses servidores, que não terão garantia e a proteção adequadas.

CONTRIBUIÇÃO SOBRE APOSENTADORIAS E PENSÕES DE SERVIDORES QUE SUPEREM O SALÁRIO-MÍNIMO

A proposta cria a possibilidade de cobrança da contribuição previdência dos inativos inclusive sobre os benefícios a partir do salário-mínimo, se comprovado o déficit atuarial. Como a maioria dos RPPS, inclusive os da União, estão nesta situação, a contribuição que hoje incide sobre os proventos que superam o limite máximo do salário de contribuição no RGPS passará a incidir sobre os proventos que superem o salário mínimo.

Na prática, se comprovado o déficit (o que já ocorre), incidirá sobre a totalidade da aposentadoria ou pensão dos servidores públicos superiores ao salário mínimo.

DAS MATÉRIAS ESTRANHAS

Estranhamente o relator inseriu na proposta alterações nos arts. 93, 103-B e 130-A, tratando de matéria totalmente externa à reforma previdenciária.

Tratando-se de matérias novas, adjacentes à previdenciária, é prudente que sejam subtraídas, em especial porque elas sequer fizeram parte de qualquer análise da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – CCJC.

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DA DESONERAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

A proposta promove a abertura das possibilidades de desoneração das contribuições sociais patronais à seguridade social, inserindo análise, inclusive, sobre atividade econômica, utilização “intensiva” de mão de obra, porte da empresa e da “condição estrutural do mercado de trabalho”, sem apresentar estudo de impacto orçamentário nesta renúncia de receitas.

Considerando que o sistema de seguridade social apresenta déficit financeiro desde o ano de 2015, fato inclusive corroborado pela ANFIP, a desoneração constitucional se afigura inadequada para com o sistema.

Além do mais, a referida proposta sequer foi apreciada pela CCJC e não existem quaisquer dados dos estudos econômicos, financeiros, atuariais e orçamentário que subsidiem a esta proposta.

Por fim, deve-se atentar à necessidade de manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial já previstos atualmente nos artigos 40 e 201 da CF e mantido no texto atualmente proposto.

SOBRE O CUSTEIO DO RGPS

1. Na CF, as redações aos Artigos 194 e 239 sofreram alterações, a saber

Art. 194, Parágrafo único, VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social; e

Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-desemprego, outras ações da previdência social e o abono de que trata o § 3º deste artigo.

§ 1º Dos recursos mencionados no caput, pelo menos vinte e oito por cento serão destinados ao Regime Geral de Previdência Social.

Obs. 1 : não há regra legal ou constitucional que determine qual será a receita destes três subsistemas individualmente. Ou seja, a receita é sempre da Seguridade, sem se identificar quais tributos custeará a saúde, por exemplo. A única previsão de individualização que surge é o § 1º do art. 239, que destina no mínimo 28% da arrecadação do PIS (que incide sobre faturamento/receita das empresas) para o RGPS. Logo, teremos lançamentos contábeis

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demonstrando a Despesa separada dos três subsistemas, mas para a receita não tem como haver tal individualização - exceto os 28% do PIS, acima. Será que isso poderá ser tratado, posteriormente, por Lei?

Obs. 2 : O § 1º do art. 239 destinava 40% da arrecadação do PIS para o BNDES, e no texto do relator estes 40% deixam de existir. Logo, o BNDES deixará de receber um recurso que era da seguridade - e, parte deste recurso (mínimo de 28%) será destinado exclusivamente ao RGPS.

2. Na CF, Art. 195, II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social;

PEC 06/2019, Art. 29. Até que lei altere a alíquota da contribuição de que trata a Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 devida pelo segurado empregado, inclusive o doméstico, e pelo trabalhador avulso, esta será de:

I - até um salário-mínimo, sete inteiros e cinco décimos por cento;

II - acima de um salário-mínimo até R$ 2.000,00 (dois mil reais), nove por cento;

III - de R$ 2.000,01 (dois mil reais e um centavo) até R$ 3.000,00 (três mil reais), de doze por cento; e

IV - de R$ 3.000,01 (três mil reais e um centavo) até o limite do salário de contribuição, de quatorze por cento.

§ 1º As alíquotas previstas no caput serão aplicadas de forma progressiva sobre o salário de contribuição do segurado.

§ 2º Os valores previstos no caput serão reajustados, a partir da data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, na mesma data e no mesmo índice em que se der o reajuste dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ressalvados aqueles vinculados ao salário mínimo, aos quais se aplica a legislação específica.

Obs .: Apenas inclui a possibilidade de alíquotas progressivas. Em se mantendo o restante do texto a este respeito, a mudança é positiva, pois faz justiça fiscal com o segurado. Por outro lado, reduz arrecadação, o que poderá prejudicar o Orçamento da Seguridade Social.

3. Na CF, Art. 195, § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo também autorizadas a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das alíneas b e c do inciso I do caput.

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§ 13 REVOGADO

PEC 06/2019, Art. 31. O disposto no § 9° do art. 195 da Constituição Federal não se aplica à diferenciação ou à substituição de base de cálculo da contribuição de que trata o inciso I, “a”, do caput do art. 195 da Constituição Federal prevista na legislação vigente à data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional.

Parágrafo único. O disposto no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição Federal não se aplica às contribuições sobre receita que, na data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, substituam a contribuição prevista na alínea “a” do inciso I do caput do art. 195.

Obs. : Aparentemente, elimina a possibilidade de se alterar a base de cálculo das contribuições sobre folha de pagamento, eliminando assim a "desoneração da folha de pagamento", que substituía a contribuição patronal sobre folha por outra contribuição, sobre o faturamento. Entretanto, o Art. 31 mantém as atuais regras de desoneração. Logo, a alteração do art. 195 só impede que se criem novas regras de desoneração da folha de pagamento.

4. Na CF, Art. 195, § 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo superior a sessenta meses e, na forma de lei complementar, a remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea “a” do inciso I e o inciso II do caput.

PEC 006/2019, Art. 32. O disposto no § 11 do art. 195 da Constituição Federal não se aplica aos parcelamentos previstos na legislação vigente à data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, sendo vedadas a reabertura ou a prorrogação de prazo para adesão.

Obs. : O texto limita os parcelamentos de débitos de tributos sobre a folha de salários a, no máximo 60 meses; porém, ressalva os parcelamentos que tenham sido feitos em data anterior à entrada em vigor da Emenda. Logo, quem já tem parcelamentos em períodos maiores não será afetado.

5. Na CF, Art. 195, § 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima mensal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de contribuições.

PEC 06/2019, Art. 30. Até que entre em vigor lei que disponha sobre o § 14 do art. 195 da Constituição Federal, o segurado que, no somatório de remunerações auferidas no período de um mês receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição, poderá:

I - complementar a sua contribuição, de forma a alcançar o limite mínimo exigido;

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II - utilizar o valor da contribuição que exceder o limite mínimo de contribuição de uma competência em outra; ou

III - agrupar contribuições inferiores ao limite mínimo de diferentes competências, para aproveitamento em contribuições mínimas mensais.

Parágrafo único. Os ajustes de complementação ou agrupamento de contribuições previstos nos incisos I, II e III do caput somente poderão ser feitos ao longo do mesmo ano civil.

Obs .: mantém uma proposta que foi rechaçada na reforma trabalhista, de exigir contribuição sobre, no mínimo, um salário mínimo, mesmo de segurados empregados. Existem pessoas que tem renda inferior a este patamar mínimo, não possuem outra fonte de rendimento e serão relegadas ao abandono por não conseguirem contribuir com o mínimo exigido. As possibilidades de compensação previstas no art. 30 amenizam, mas não resolvem o problema. Além disso, restringem o aproveitamento de contribuições ao prever a compensação dentro do mesmo ano civil. Pensemos em um empregado que receba salário mínimo todos os meses, mas em dezembro de um determinado ano teve faltas, e recebeu menos. Aquele mês está perdido, salvo se ele complementar a contribuição. Como não tem condições de pagar a complementação, ele quer fazer horas extras no mês seguinte para compensar. O problema é que o mês seguinte é janeiro de outro ano civil, e ele não poderá fazer a compensação, tendo perdido um mês de contribuição.

6. No ADCT, Art. 76, § 4° A desvinculação de que trata o caput não se aplica às receitas das contribuições sociais destinadas ao custeio da seguridade social.

Obs. : Acaba com a DRU nas fontes de custeio da Seguridade Social

CONCLUSÃO

É imperioso compreender que a Seguridade Social é a pedra fundamental da Ordem Social. Sua reforma trará consequências sociais muito graves e que custarão ainda mais ao Estado.

Uma economia estável e crescente demanda do Estado segurança jurídica, estabilidade legislativa e, principalmente, ordem social. Sem estes, não há crescimento econômico.

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O recado econômico não é diferente do jurídico: crescimento econômico real e estável demanda ordem social, segurança jurídica e confiança legítima. Por isso, a reforma é essencial, pois o modelo atual já não mais protege, promove ordem social ou gera confiança como deveria. Precisamos, sim, de uma reforma, mas que seja consciente, inteligente, segura e estável. Sugere-se um debate técnico sobre o texto, apontando-se possíveis correções, para se chegar a um texto adequado e bom para o país.

DIRETORIA EXECUTIVA DO IBDP

ANÁLISES PRELIMINARES

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PONTOS POSITIVOS

• Suprime a proposta de capitalização para ambos os regimes (porém

abre a previdência complementar dos servidores ao sistema financeiro);

• Suprime a proposta de alteração nas regras do BPC;

• Suprime a proposta de alteração nas regras dos trabalhadores rurais;

• Garante aposentadoria aos 15 anos de contribuição para as mulheres na

4ª regra de transição;

• Mantém a diferença dos critérios de acesso entre professores e

professoras;

• Reduz a idade mínima das professoras para 57 anos na regra

transitória, porém insere idade mínima nas regras de transição;

• Mantém o limite atual do critério de renda do segurado de baixa renda.

PONTOS POLÊMICOS REGRAS CONSTITUCIONAIS

A. Art. 37, §13 - readaptação do servidor: o novo texto excluiu a garantia da remuneração do cargo de origem.

a. Exemplo: o servidor que for readaptado não terá direito à garantia dos vencimentos do cargo de origem, podendo o novo cargo lhe pagar valor inferior de remuneração.

B. Art. 37, §14 (inclusão) – rompimento de vínculo pelo uso de tempo de contribuição: propõe o rompimento automático do vinculo de emprego, cargo ou função pública pelo uso do tempo de contribuição para fins de aposentação em qualquer RPPS.

TEXTO SUBSTITUTO: “A aposentadoria concedida no âmbito do RGPS, decorrente da utilização de tempo de contribuição vertido em cargo, emprego ou função pública, acarretará o automático rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição, isto é, a aposentadoria concedida no RGPS, provocará a vacância do cargo efetivo e a dissolução do contrato de trabalho do empregado público. Assim, o servidor não mais poderá continuar no cargo após sua

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aposentadoria, mesmo que ela se dê no RGPS. Vale ressaltar que, na forma da redação do art. 7º do texto substitutivo, o rompimento do vínculo não se aplica a aposentadorias já concedidas pelo RGPS antes da entrada em vigor da Emenda Constitucional, isto é, todos os servidores e empregados públicos que já se encontram aposentados pelo INSS, poderão continuar mantendo a acumulação dos seus proventos, pagos pelo RGPS, com a remuneração do cargo ou do emprego público.

C. Art. 37, §15 (inclusão) – veda a complementação de aposentadoria, afigurando risco ao Benefício Especial – regra transportada do § 9º do art. 39 do texto original da PEC 06. Reforço da interpretação pelo art. 13 do substitutivo, o qual apenas garante certa segurança a benefício “concedidos”. Como sabido, o B.E. somente será concedido quando da concessão da aposentadoria do servidor que optou por este regime.

a. Exemplo: o servidor que aderiu ao RPC poderá ter que resolver possível problema jurídico com o Benefício Especial, cuja interpretação da natureza jurídica ainda é instável.

TEXTO SUBSTITUTO: Agora está terminantemente proibido que entes federativos promovam qualquer tipo de complementação aos proventos de aposentadorias e pensões que não esteja estabelecida na previdência complementar prevista nos §§ 14 a 16 do art. 40. A redação é favorável aos municípios que não possuem RPPS, que, muitas vezes, são obrigados por lei ou decisão judicial, a complementar a diferença entre a remuneração do servidor no cargo efetivo e o valor da aposentadoria concedida pelo RGPS, quando aquela for maior que esta. Com o novo texto, fica vedada qualquer tipo de complementação que não seja a prevista na previdência complementar, como é o caso do FUNPRESP, na União.

D. Art. 40, caput – deixa de identificar os segurados pelo RPPS e sua abrangência no território por entes federativos.

TEXTO COMPLEMENTAR: O novo texto deixa de contemplar os servidores titulares de cargos efetivos de estados, municípios e o distrito federal, para possibilitar que estes entes federativos façam sua própria reforma, estabelecendo as regras de aposentadoria, sobretudo, no que concerne aos requisitos de elegibilidade e critérios de cálculo.

E. Art. 40, inciso III – desconstitucionaliza as principais regras de acesso a benefícios previdenciários, delegando à lei (ordinária) do ente federativo.

TEXTO COMPLEMENTAR: Sem dúvida, trata-se de uma das mais graves e inoportunas alterações ao texto constitucional, uma vez que

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autoriza Estados e Municípios a estabelecerem, por meio de norma local, que pode ser lei ordinária ou lei complementar, requisitos para a concessão de aposentadorias voluntárias, o que poderá fazer com que os diversos entes federativos possuam regras de aposentadoria distintas para categorias que possuem atribuições semelhantes. Uma verdadeira teratologia jurídica.

F. Art. 40, §3º - cada ente federativo estabelecerá sua metodologia de cálculo, o que poderá criar enorme distinção entre os regimes previdenciários no País.

TEXTO COMPLEMENTAR: Cada ente federativo, a depender do equilíbrio financeiro e atuarial do seu RPPS, poderá estabelecer critérios de cálculo mais ou menos prejudiciais ao servidor púbico. A título de exemplo, os critérios para a confecção do cálculo da média aritmética simples poderão variar consideravelmente de ente para ente, o que poderá acarretar extrema desigualdade de tratamento entre servidores e categorias que, embora pertencentes a entes diferentes, possuem o mesmo status e atribuições semelhantes.

G. Art. 40, § 4º-B – vincula como atividade de risco somente as atividades agente penitenciário, de agente socioeducativo e policiais, não considerando a realidade de outras atividades de risco porventura existentes nas realidades municipais, estaduais e distrital.

TEXTO COMPLEMENTAR: No que pese o fato da Administração Pública estar repleta de cargos que, pela natureza das atribuições, se constituem em atividades de risco para o servidor, o Estado continua a negar-lhes esta natureza, preferindo, em razão de questões econômicas, restringir o leque de atividades consideradas de risco, deixando de fora da aposentadoria especial, inúmeras carreiras que à ela deveriam ter direito.

H. Art. 40, §§ 4° e 5° - PROFESSORES - RPPS: não traz nenhuma regra, só remetendo a uma possível diferenciação, que deverá sobrevir por lei (ordinária) do ente federativo.

TEXTO COMPLEMENTAR: aqui, até mesmo os requisitos de idade e tempo de contribuição diferenciados para servidores submetidos a condições especiais, incluídos os professores, deverão ser fixados pelos Estados e municípios, por meio de lei local, o que poderá acarretar em uma verdadeira miscelânea de regramentos díspares aplicados em cada ente federativo, sobre situações que mereceriam tratamento uno.

I. Art. 40, § 6º - Cumulação de benefícios: está equiparado ao RGPS, sendo vedado a cumulação de mais de uma aposentadoria paga por RPPS.

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TEXTO SUBSTITUTIVO: o texto começa preservando a regra atualmente em vigor, que permite a acumulação de dois proventos de aposentadoria pagos pelo RPPS, quando decorrentes de cargos acumuláveis na forma da Constituição Federal. Mas, em seguida, de forma confusa, permite que sejam estabelecidas outras condições e formas de vedação de acumulação de proventos, na forma do que é estabelecido pelo RGPS. Ora, no RGPS, só pode ser concedido um único benefício de aposentadoria, independente de quantos vínculos o segurado possua. Já no RPPS, podem ser concedidos dois benefícios, em se tratando de cargos acumuláveis. Este dispositivo, portanto, precisa ser melhor explicado.

J. Art. 40, §7° - Pensão por morte. Não há regras, as quais deverão ser estabelecidas por Lei ordinária do ente federativo.

Obs: Tratamento diferenciado aos dependentes do policial que venha a óbito por agressão sofrida no exercício da função.

TEXTO COMPLEMENTAR: aqui, mais uma vez, o Governo perde a oportunidade de unificar, nos moldes do que estabelece o RGPS, as regras que tratam da concessão do benefício de pensão por morte, uma vez que, atualmente, cada ente federado já estabelece de forma autônoma e díspare os requisitos gerais e o rol de beneficiários que terão direito à pensão por morte.

K. Art. 40, §15 – Previdência complementar dos servidores: retira a natureza pública e abre ao mercado da previdência complementar aberta.

TEXTO COMPLEMENTAR: Segundo o Glossário existente no site do FUNPRESP (https://www.funpresp.com.br/portal/paginas/2013/02/79): Entidade Aberta de Previdência Complementar – EAPC: é a entidade de previdência complementar com fins lucrativos, constituída sob a forma de sociedade anônima e integrante do Sistema Nacional de Seguros Privados. Entidade Fechada de Previdência Complementar – EFPC : é a entidade sem fins lucrativos, constituída por patrocinador ou instituidor, sob a forma de sociedade civil ou fundação, que tem por objetivo instituir planos privados de concessão de benefícios complementares ou assemelhados ao do Regime Geral de Previdência Social, popularmente conhecidos como fundos de pensão. As definições, falam por si. O texto constitucional, permite que a gestão possa se dar por meio de entidade aberta. Demonstra o interesse em se privatizar e entregar ao mercado a previdência complementar do servidor público.

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L. Art. 40, §18 – Contribuição ordinária sobre proventos de aposentadorias e pensões a partir do salário-mínimo: possibilita a cobrança da contribuição ordinária às aposentadorias e pensões acima do mínimo, desde que comprovado o déficit atuarial.

TEXTO COMPLEMENTAR: não bastasse esta previsão de contribuição previdenciária para aposentados e pensionistas incidente sobre os proventos que ultrapassarem um salário mínimo, no caso de comprovado déficit atuarial, a proposta de emenda à Constituição também revoga o atual §21 do art. 40, que permite aos aposentados e pensionistas, portadores de doença incapacitante, contribuírem apenas sobre o que ultrapassar o dobro de teto do RGPS. Trata-se, portanto, de regra de custeio bastante rigorosa com o servidor aposentado, que mais uma vez será chamado para equacionar, solidariamente, e desta vez sobre o que ultrapassar um salário mínimo, o déficit financeiro e atuarial de Estados e municípios.

M. Art. 93, 103-B e 130-A – matérias estranhas à reforma da previdência e totalmente novas no texto da proposta original, que sequer foram submetidas ao crivo da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – CCJC.

N. Art. 149 – exclusão da contribuição extraordinária e das regras básicas das contribuições.

TEXTO COMPLEMENTAR: fica, entretanto, mantida a alíquota ordinária progressiva a depender do valor da base de contribuição ou do benefício recebido.

O. Art. 195, §9º - aumento da possibilidade de desoneração de contribuição sociais, a empresas com base em sua atividade econômica, utilização “intensiva” de mão de obra, porte e/ou “condição estrutural do mercado de trabalho”.

P. Art. 201, inciso V – garantia do salário mínimo à pensão por morte somente se for a única fonte de renda do dependente.

Q. Art. 201, §7° - garante apenas aposentadoria por idade e exclui a carência como critério para concessão do benefício, delegando à Lei ordinária apenas estabelecer o tempo de contribuição mínimo.

R. Art. 201, §14 – veda a contagem de tempo fictício: impossibilita a conversão de tempo especial em comum, trazendo ao RGPS o texto usualmente praticado no RPPS. Ocorre que veda para a concessão, ou seja, para o computo do tempo mínimo necessário à aposentadoria, mas não está claro como seria para fins de cálculo.

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S. Art. 202 – traz novas regras de fiscalização e controle de previdências complementares, sem maiores modificações significativas.

DIREITO ADQUIRIDO

Art. 3º - Direito adquirido garantido apenas aos servidores públicos

federais e segurados do RGPS. Servidores estaduais, municipais e do distrito

federal foram excluídos.

TEXTO COMPLEMENTAR: obviamente, mesmo que a PEC não

trouxesse em seu texto, a previsão da garantia ao direito adquirido para os

servidores de todos os entes federativos, este direito seria incontestável na

forma do que estabelece o art. 5º, XXXVI da CF/88. Sendo, pois, cláusula

pétrea, é vedado à lei prejudicar o direito adquirido. Assim, desnecessário seria

até sua previsão no texto da reforma. Entretanto, por cautela, é de bom alvitre

inserir-se artigos realçando a garantia do direito adquirido ao servidor que

implementou todos os requisitos da regra em vigor, antes de sua revogação.

REGRAS DE TRANSIÇÃO E TRANSITÓRIAS

A. Art. 4º - 1ª regra de transição – APENAS PARA SERVIDORES FEDERAIS:

GÊNERO/CRITÉRIOS IDADE TEMPO SERVIÇO CARGO PONTOS

Mulher 56/57 30 20 5 86/100

Homem 61/62 35 20 5 96/105

PROFESSORES SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS

GÊNERO/CRITÉRIOS IDADE TEMPO PONTOS

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Professora 51/52 25 81/92

Professor 56/57 30 91/100

Cálculo 1: Totalidade e paridade se atingirem 62 anos de idade, se mulher, 65 anos de idade, se homem, ou 60 anos de idade se professores, para ambos os sexos, e desde que tenham ingressado no serviço público em cargo efetivo até 31/12/2003.

Cálculo 2: nova regra – 60% + 2% do que superar 20 anos de contribuição sobre a média dos 100% salários de contribuição de 07/1994 ou desde o início das contribuições, se posterior àquela.

Obs: O cálculo poderá ser alterado por Lei.

B. Art. 5º - 2ª regra de transição – APENAS PARA SERVIDORES FEDERAIS:

GÊNERO/CRITÉRIOS IDADE TEMPO SERVIÇO CARGO PEDÁGIO

Mulher 57 30 20 5 100%

Homem 60 35 20 5 100%

PROFESSORES SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS

GÊNERO/CRITÉRIOS IDADE TEMPO PEDÁGIO

Professora 55 25 100%

Professor 58 30 100%

Cálculo 1: Totalidade e paridade se tiver ingressado no serviço público em cargo efetivo até 31/12/2003.

Cálculo 2: nova regra – 60% + 2% do que superar 20 anos de contribuição sobre a média dos 100% salários de

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contribuição de 07/1994 ou desde o início das contribuições, se posterior àquela.

Obs: O cálculo poderá ser alterado por Lei.

C. Art. 9º, §4º - Contribuição dos servidores dos estados, DF e municípios não poderá ser inferior àquela estabelecida aos servidores da União, exceto se comprovarem a inexistência de déficit.

D. Art. 9º, §7º - possibilita ao RPPS aplicar parte de seus recursos para fornecer empréstimos consignados a seus segurados.

E. Art. 10 – Regra Transitória - APENAS PARA SERVIDORES FEDERAIS:

ATIVIDADE ESPECIAL

GÊNERO/CRITÉRIOS IDADE TEMPO SERVIÇO CARGO

Mulher 60 25 10 5

Homem 60 25 10 5

PROFESSORES SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS

GÊNERO/CRITÉRIOS IDADE TEMPO SERVIÇO CARGO

Mulher 57 25 10 5

Homem 60 25 10 5

Cálculo: nova regra – 60% + 2% do que superar 20 anos de contribuição sobre a média dos 100% salários de contribuição de 07/1994 ou desde o início das contribuições, se posterior àquela, limitado ao teto do RGPS.

GÊNERO/CRITÉRIOS IDADE TEMPO SERVIÇO CARGO

Mulher 62 25 10 5

Homem 65 25 10 5

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OBSERVAÇÃO: no caso da regra transitória permanente do servidor, o cálculo garante 70% do resultado da média e não apenas 60%, pois o tempo mínimo de contribuição exigido é de 25 anos. Assim, nos primeiros 20 anos, o servidor terá direito a 60% da média, e nos outros 5, terá direito a mais 10%, correspondente a 2% por ano que supere os primeiros 20 anos (2% x 5 = 10%) (60% + 10% = 70%).

Obs: O cálculo poderá ser alterado por Lei.

F. Art. 10, § 6º - pensão integral aos dependentes do policial agredido em serviço.

G. Art. 11 – alíquotas de contribuição – mesma regra do texto original.

H. Art. 16 – 1ª Regra de transição RGPS.

PROFESSORES

GÊNERO/CRITÉRIOS TEMPO PONTOS

Professora 25 81/92

Professor 30 91/100

Cálculo: nova regra – 60% + 2% do que superar 20 anos de contribuição sobre a média dos 100% salários de contribuição de 07/1994 ou desde o início das contribuições, se posterior àquela.

Obs: O cálculo poderá ser alterado por Lei.

I. Art. 17 – 2ª Regra de transição RGPS.

GÊNERO/CRITÉRIOS TEMPO PONTOS

Mulher 30 86/100

Homem 35 96/105

GÊNERO/CRITÉRIOS TEMPO IDADE

Mulher 30 56/62

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PROFESSORES

Cálculo: nova regra – 60% + 2% do que superar 20 anos de contribuição sobre a média dos 100% salários de contribuição de 07/1994 ou desde o início das contribuições, se posterior àquela.

Obs: O cálculo poderá ser alterado por Lei.

J. Art. 18 – 3ª Regra de transição RGPS.

Deverá contar com mais de 28 anos de contribuição, se mulher, e 33 anos de contribuição, se homem, e

Cálculo: nova regra – média dos 100% salários de contribuição de 07/1994 ou desde o início das contribuições, se posterior àquela, multiplicado pelo fator previdenciário.

Obs: O cálculo NÃO poderá ser alterado por Lei, posto não estar vinculado ao art. 27.

K. Art. 19 – 4ª Regra de transição RGPS.

Homem 35 61/65

GÊNERO/CRITÉRIOS TEMPO IDADE

Professora 25 51/57

Professor 30 56/60

GÊNERO/CRITÉRIOS TEMPO PEDÁGIO

Mulher 30 50%

Homem 35 50%

GÊNERO/CRITÉRIOS TEMPO IDADE

Mulher 15/20 60/62

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Cálculo: nova regra – 60% + 2% do que superar 20 anos de contribuição sobre a média dos 100% salários de contribuição de 07/1994 ou desde o início das contribuições, se posterior àquela.

Obs: O cálculo poderá ser alterado por Lei.

L. Art. 21 – 5ª Regra de Transição RGPS.

PROFESSORES

Cálculo: nova regra – 60% + 2% do que superar 20 anos de contribuição sobre a média dos 100% salários de contribuição de 07/1994 ou desde o início das contribuições, se posterior àquela.

Obs: O cálculo poderá ser alterado por Lei.

M. Art. 20 – Regra Transitória RGPS.

ESPECIAL

PROFESSORES

Homem 15/20 65

GÊNERO/CRITÉRIOS TEMPO IDADE PEDÁGIO

Mulher 30 57 100%

Homem 35 60 100%

GÊNERO/CRITÉRIOS TEMPO IDADE

Professora 28 55

Professor 33 58

GÊNERO/CRITÉRIOS TEMPO IDADE

Mulher 15 62

Homem 20 65 ATIVIDADE/CRITÉRIOS IDADE

15 ANOS 55

20 ANOS 58

25 ANOS 60

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GÊNERO/CRITÉRIOS TEMPO IDADE

Professora 25 57

Professor 25 60

Cálculo: nova regra – 60% + 2% do que superar 20 anos de contribuição sobre a média dos 100% salários de contribuição de 07/1994 ou desde o início das contribuições, se posterior àquela.

Obs: O cálculo poderá ser alterado por Lei.

Obs 2: no caso do segurado exposto a atividade de 15 anos, o cálculo do benefício será de 60% + 2% do que superar 15 anos de contribuição.

N. Aposentaria especial na migração entre regimes.

ATIVIDADE/CRITÉRIOS PONTOS SERVIÇO PÚBLICO CARGO

15 ANOS 66/81 20 5

20 ANOS 76/91 20 5

25 ANOS 86/96 20 5

Cálculo: nova regra – 60% + 2% do que superar 20 anos de contribuição sobre a média dos 100% salários de contribuição de 07/1994 ou desde o início das contribuições, se posterior àquela.

Obs: O cálculo poderá ser alterado por Lei.

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Obs 2: no caso do segurado exposto a atividade de 15 anos, o cálculo do benefício será de 60% + 2% do que superar 15 anos de contribuição.

O. Art. 23 – Aposentadoria da pessoa com deficiência – seguirá as regras da LCP 142/2015 tanto para o RPPS quanto para o RGPS.

I - grave, 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se identificado no sexo masculino, e 20 (vinte) anos, se identificado no sexo feminino;

II - moderada, 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se identificado no sexo masculino, e 24 (vinte e quatro) anos, se identificado no sexo feminino;

III - leve, 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se identificado no sexo masculino, e 28 (vinte e oito) anos, se identificado no sexo feminino; e

ou

IV - por idade, aos 60 (sessenta) anos de idade, se identificado no sexo masculino, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se identificado no sexo feminino, independentemente do grau de deficiência, desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de 20 (vinte) anos e comprovada a existência de deficiência durante igual período.

P. Art. 24 – Regra transitória de Pensão por morte ao RGPS ou RPPS.

• 50% + 10% por dependente não reversíveis sobre o cálculo novo.

• Obs: a pensão por morte não está limitada ao teto do RGPS.

OBSERVAÇÃO: entretanto, a pensão por morte estará limitada ao teto do RGPS, em caso de servidor falecido vinculado ao Regime de Previdência Complementar.

• Se houver dependentes inválidos ou com deficiência, o valor da pensão será de 100% da aposentadoria do instituidor, até o teto do RGPS + 50%+10% por dependente, não reversíveis, do que ultrapassar o teto.

• Obs: a Lei pode mudar estas regras.

Q. Art. 25 – Cumulação de pensão com benefícios previdenciários.

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• É vedada a cumulação de mais de uma pensão, no âmbito do mesmo regime, salvo se forem cargos cumuláveis.

• Podem cumular:

o Pensões de regimes diferentes, inclusive o militar;

o Pensão com aposentadoria de qualquer regime, inclusive o militar;

o Aposentadoria de qualquer regime com pensão militar.

Neste caso, o benefício será equivalente à integralidade do benefício principal acrescido, cumulativamente , de:

• 80% do valor igual ou inferior ao salário mínimo;

• 60% do que exceder entre 1 e 2 salários mínimos;

• 40% do que exceder entre 2 e 3 salários mínimos;

• 20% do que exceder entre 3 e 4 salários mínimos;

• 10% do que exceder 4 salários mínimos.

Exemplo: aposentadoria no valor de R$ 15.000,00 e pensão no valor de R$10.000,00. A pensão será calculada da seguinte forma:

• 80% de R$ 998,00 = R$ 798,40;

• 60% de R$ 1.995,99 = R$ 1.197,59;

• 40% de R$ 2.993,99 = R$ 1.197,59;

• 20% de R$ 3.991,99 = R$ 798,39;

• 10% de R$ 20,00 = R$ 2,00

• Total da pensão: R$ 3.993,97

• Obs: estas regras poderão ser modificadas por Lei.

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R. Art. 26 – Conversão do tempo especial em comum pretéritos à aprovação da reforma.

• É possível a conversão do tempo especial em comum do tempo laborado até a promulgação da emenda, desde que se comprove o efetivo exercício e o efetivo prejuízo à saúde da atividade, modificando a forma de apuração inclusive do período já incorporado ao patrimônio jurídico do trabalhador.

• Obs: provavelmente enfrentará ação judicial para aplicação do princípio tempus regit actum.

S. Art. 28 – Critério de baixa renda para auxílio-reclusão, salário-família e abono – R$ 1.364,43, reajustáveis pelo mesmo índice anual do RGPS.

• Auxílio-reclusão: valor máximo de 1 salário-mínimo;

• Salário-família: valor de R$ 46,54;

T. Art. 37 – revogações importantes:

• Extingue a imunidade da contribuição acima do dobro do RGPS ao servidor acometido de doença incapacitante.

OBSERVAÇÃO: um retrocesso.

• Extingue todas as regras de transição das emendas 20, 41 e 47.

OBSERVAÇÃO: eis a maior preocupação dos servidores que estão com o direito expectado à estas regras que, infelizmente, serão revogadas. A mudança das regras do jogo, enquanto o jogo é jogado, traz desconfiança e insegurança jurídica ao regime.