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RELATÓRIO FINAL Estágio profissionalizante Maria Luísa Vaz Pato Gama Vieira | 2013356 6º Ano do Mestrado Integrado em Medicina Regente: Prof. Doutor Rui Maio Orientador: Mestre Catarina Gouveia Junho 2019

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  • RELATÓRIO FINAL Estágio profissionalizante

    Maria Luísa Vaz Pato Gama Vieira | 2013356

    6º Ano do Mestrado Integrado em Medicina

    Regente: Prof. Doutor Rui Maio Orientador: Mestre Catarina Gouveia

    Junho 2019

  • 1

    ÍNDICE

    I - INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 2

    II - DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ......................................................................................... 3

    a) Estágio Parcelar de Medicina Interna .................................................................................................... 3

    b) Estágio Parcelar de Cirurgia Geral ......................................................................................................... 3

    c) Estágio Parcelar de Medicina Geral e Familiar ...................................................................................... 4

    d) Estágio Parcelar de Pediatria ................................................................................................................. 5

    e) Estágio Parcelar de Ginecologia e Obstetrícia ....................................................................................... 6

    f) Estágio Parcelar Saúde Mental .............................................................................................................. 6

    g) Estágio Clínico Opcional – Anestesiologia ............................................................................................. 7

    h) Unidade Curricular – Preparação para a Prática Clínica ........................................................................ 7

    III - SÍNTESE DO MEU PERCURSO ACADÉMICO ................................................................................................ 7

    IV - REFLEXÃO CRÍTICA ...................................................................................................................................... 8

    V – ANEXOS ..................................................................................................................................................... 10

  • 2

    I - INTRODUÇÃO

    O presente relatório descreve as atividades desenvolvidas ao longo do 6º ano do Mestrado Integrado em

    Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Encontra-se organizado em 4

    partes: uma secção introdutória, em que exponho os meus objetivos para o ano letivo; o corpo do trabalho,

    em que descrevo as atividades desenvolvidas ao longo do ano; uma terceira secção, composta por uma

    síntese do meu percurso académico; e termina com uma reflexão crítica do trabalho realizado.

    Sir William Osler, ‘pai da Medicina Moderna’, escreveu: “Estudar os fenómenos da doença sem livros é como

    navegar em mares desconhecidos; mas estudar livros sem doentes é como não ir sequer para o mar.”1 O

    último ano do curso é constituído, essencialmente, por seis estágios parcelares de prática clínica tutelada –

    Medicina Interna, Cirurgia Geral, Medicina Geral e Familiar, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, e Saúde

    Mental. Juntos formam o Estágio Profissionalizante, que tem um papel fundamental ao permitir ao estudante

    de medicina que se ‘lance a mares mais ou menos desconhecidos’, na certeza que terá um tutor para o ajudar

    a ‘manobrar o leme e traçar a rota adequada.’ Ao longo do curso, não me faltaram oportunidades para

    aprofundar conhecimentos, quer teóricos, quer práticos, graças aos estágios hospitalares desde o 3º ano. No

    entanto, no último ano antes de iniciar a minha atividade profissional, sentia-me ‘à deriva’. Assaltavam-me

    dúvidas e receios, tais como ‘sei que uma otite média aguda cursa com a membrana timpânica abaulada,

    mas será que a vou reconhecer numa otoscopia?’ ou ‘saberei detetar um sopro cardíaco grau II sem saber

    que ele existe de antemão?’ Porque as imagens dos livros não correspondem exatamente ao que se vê nos

    doentes, e porque é mais simples detetar algo que se procura do que quando não se sabe que existe. Porque

    podemos ver um cirurgião suturar inúmeras feridas, mas só quando temos a agulha na mão é que nos

    inteiramos da dificuldade. Porque a formação médica exige prática, e foi isso que procurei fazer: observar e

    participar no maior e mais variado número de atividades possível, tendo em conta os meus objetivos.

    Objetivos

    Após consulta dos objetivos específicos de cada Unidade Curricular, bem como do documento “O Licenciado

    Médico em Portugal”, delineei os seguintes objetivos: (1) familiarizar-me com as patologias mais frequentes

    em cada área, complementando conhecimentos adquiridos previamente com novas informações; (2) aplicá-

    los em situações reais, desde a anamnese cuidada e exame objetivo completo, com formulação de hipóteses

    de diagnóstico hierarquizadas de acordo com o seu carácter de probabilidade e urgência, para orientar a

    prescrição de exames complementares de diagnóstico, culminando na sua interpretação e orientação

    terapêutica do doente; (3) familiarizar-me com diferentes técnicas cirúrgicas e aperfeiçoar as minhas

    capacidades, particularmente no que diz respeito a procedimentos de pequena cirurgia; (4) adquirir

    confiança e sentido de responsabilidade, quer no meu raciocínio, quer nas minhas ações; (5) aperfeiçoar

    1 “Books and Men”, Boston Medical and Surgical Journal, 1901.

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    competências interpessoais no que diz respeito à comunicação com doentes, familiares e outros profissionais

    de saúde; (6) adotar uma conduta profissional, pautada pela ética e valores morais.

    II - DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

    a) Estágio Parcelar de Medicina Interna

    Este estágio decorreu no Serviço de Medicina 1.4 do Hospital de S. José, onde integrei uma equipa clínica

    durante 8 semanas, sob a tutoria do Dr. António Godinho e regência do Prof. Doutor Fernando Nolasco. A

    maioria do trabalho desenvolvido foi na enfermaria de mulheres, tendo ficado responsável por 2 doentes

    diariamente, totalizando 15, com uma média de 12 dias de internamento e que apresentavam,

    habitualmente, patologia múltipla. Destaco os diagnósticos mais frequentes: infeção do trato urinário e

    insuficiência cardíaca. As minhas funções consistiram na observação de doentes e avaliação da sua evolução

    clínica, consulta e pedido de exames complementares de diagnóstico, prescrição e ajuste de terapêutica,

    elaboração de diários clínicos e notas de alta/óbito, bem como articulação com outras especialidades e com

    os familiares dos doentes, sendo o trabalho posteriormente discutido em reunião de equipa, ou de Serviço.

    Participei semanalmente na consulta externa de Medicina Interna e, ocasionalmente, na consulta externa de

    Imunodeficiências, contactando de perto com os principais desafios no manejo destes doentes,

    nomeadamente, adesão à terapêutica, coinfecções e comorbilidades. Saliento o caso de um senhor de 82

    anos com HIV, que me fez refletir acerca da sobrevida cada vez maior destes doentes e a respetiva

    consequência - de que as causas de morbilidade derivam, não só da própria doença, mas principalmente de

    comorbilidades comuns aos doentes não infetados, nomeadamente, patologia do foro cardiovascular.

    Frequentei também o serviço de urgência, treinando o meu raciocínio clínico e hierarquização de hipóteses

    de diagnóstico em doentes agudos.

    Nas diversas vertentes do estágio, realizei gasimetrias arteriais, medições de glicémia capilar e

    eletrocardiograma. Observei ainda procedimentos mais complexos, tais como colocações de acessos

    periféricos e centrais, toracocenteses, biópsia de medula óssea e ecocardiograma à cabeceira do doente.

    Na componente teórica, redigi 3 histórias clínicas formais e apresentei 4 sessões subordinadas aos seguintes

    temas: anticoagulação oral, interações medicamentosas frequentes, diagnóstico diferencial de diarreias e

    pneumonia adquirida na comunidade. Adicionalmente, assisti semanalmente às sessões clínicas do Serviço,

    nas quais participei, apresentando o tema “Abordagem ao doente com patologia tiroideia” (Anexo I).

    Como complemento ao estágio, participei na formação NeuroDay – AVC no Serviço de Urgência (Anexo II).

    b) Estágio Parcelar de Cirurgia Geral

    Este estágio, sob a regência do Prof. Doutor Rui Maio, teve a duração de 8 semanas, tendo a primeira

    decorrido no Hospital Beatriz Ângelo, composta por formações teórico-práticas e o curso TEAM – Trauma

    Evaluation And Management. As restantes tiveram lugar no Hospital CUF Descobertas, sob a tutoria do Dr.

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    Nuno Pinheiro. Fui completamente integrada na equipa, acompanhando todas as etapas da prestação de

    cuidados e seguindo alguns doentes desde a 1ª consulta, ao planeamento cirúrgico, cirurgia e pós-operatório.

    Participei em 165 consultas de Cirurgia Geral, quer primeiras consultas, quer consultas pré e pós-operatórias,

    quer de seguimento. A maioria devia-se a patologia tiroideia (refletindo a área de diferenciação do meu

    tutor), correspondendo os restantes casos a patologia herniária e litiásica da vesícula biliar, entre outros.

    No bloco operatório, observei 48 cirurgias, tendo participado na grande maioria delas (n = 40), como primeira

    (n = 19) ou segunda ajudante (n = 21), o que me permitiu não só aperfeiçoar métodos de assepsia e diversas

    técnicas e procedimentos cirúrgicos, como também observar vários procedimentos anestésicos, dos quais

    destaco a entubação orotraqueal com recurso a vídeolaringoscopia, anestesias regionais e infiltrações

    ecoguiadas. Dos procedimentos cirúrgicos, saliento os mais frequentes: hernioplastias e herniorrafias (35%),

    quer (para)umbilicais, quer inguinais; cirurgia tiroideia (19%), quer lobectomias quer tiroidectomias totais; e

    colecistectomia via laparoscópica (17%). Apesar de menos frequentes, menciono ainda pela sua

    complexidade, a participação em bypass gástricos, adrenalectomias e hemicolectomias. Participei também

    em procedimentos de ambulatório, tais como excisão de lipomas, biópsias excisionais e colocação de

    Implantofix®. Apesar da inexistência de serviço de urgência com atendimento de cirurgia geral, alguns

    procedimentos de pequena cirurgia eram realizados numa sala de tratamentos de enfermagem, pelo que

    pude assistir a: drenagem de abcessos perianais, de lesões de hidrosadenite supurativa e de sero-hematomas

    pós-operatórios; limpeza e desbridamento de feridas; e remoção de agrafes/suturas.

    No internamento, acompanhei a evolução pós-operatória dos doentes, avaliando o seu estado geral, sinais

    vitais, ferida cirúrgica, conteúdo e funcionalidade dos drenos, diurese, trânsito intestinal e queixas álgicas,

    informando o doente (e acompanhantes) acerca dos cuidados pós-cirúrgicos e sinais de alerta.

    Assisti também às reuniões multidisciplinares de decisão terapêutica de Oncologia e de Patologia Tiroideia,

    e participei, com mais duas colegas, no Mini-Congresso de Cirurgia, com um trabalho intitulado “Prevenção

    de uma gravidez cólica”, sobre um caso de migração cólica de um dispositivo intrauterino.

    Como complemento ao estágio, participei num Workshop de Suturas (Anexo II).

    c) Estágio Parcelar de Medicina Geral e Familiar

    Este estágio decorreu na Unidade de Saúde Familiar São João Evangelista dos Lóios, sob a tutoria da Dr.ª Ana

    Maria Cavaleiro e regência da Prof.ª Doutora Maria Isabel Santos. Ao longos das 4 semanas de estágio,

    participei ativamente em consultas programadas de Saúde do Adulto (incluindo consulta específica de

    diabetes mellitus), Saúde Infantil, Saúde Materna e Planeamento Familiar, bem como consultas de Urgência

    e ao Domicílio. Sob supervisão, tive oportunidade de conduzir a entrevista clínica, realizar exame objetivo,

    sugerir exames complementares de diagnóstico e propor plano terapêutico. Além da variedade de contexto

    cultural e socioeconómico dos utentes, os motivos de consulta eram também eles diversos: doenças crónicas,

    tais como diabetes mellitus, insuficiência cardíaca e hipertensão arterial; doenças agudas, particularmente

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    infeciosas, e que motivavam frequentemente consultas de urgência (gripe, amigdalite, infeção do trato

    urinário); e patologia do foro músculo-esquelético e psicológico/psiquiátrico, quer aguda quer crónica.

    Realço ainda as consultas de vigilância, com foco no bem-estar e prevenção de doença. Adicionalmente,

    assisti a consultas para renovação de receituário, obtenção de Atestado de Doença ou de Certificado de

    Incapacidade Temporária para o trabalho.

    Tratou-se de um estágio em que pus em prática os meus conhecimentos de semiologia, inteirando-me das

    minhas dificuldades, e onde pude aperfeiçoar técnicas de exame objetivo que até então não tinha tido

    realizado com frequência, tais como colpocitologia, exame ginecológico com palpação bimanual, e

    otoscopia. Numa componente teórica, familiarizei-me com as normas de orientação clínica da Direção Geral

    de Saúde existentes para os casos com os quais contactei.

    d) Estágio Parcelar de Pediatria

    O meu estágio de Pediatria decorreu no Hospital Dona Estefânia, sob a tutoria da Dr.ª Marta Conde e regência

    do Prof. Doutor Luís Varandas. Durante as 4 semanas de estágio, a maior parte do trabalho desenvolveu-se

    na consulta externa de Reumatologia Pediátrica, refletindo a área de diferenciação da minha tutora, onde

    tive oportunidade de observar e efetuar o exame objetivo articular completo em crianças e adolescentes.

    Destaco a Artrite Idiopática Juvenil (36%) como diagnóstico mais frequente. Nesta consulta, apercebi-me

    que mais do que a limitação/dor que se objetiva no exame físico, é fundamental compreender como a doença

    afeta a vida diária destes doentes e respetivas famílias, daí a importância de uma história clínica exaustiva.

    Outra vertente que destaco foi o serviço de urgência, onde sob supervisão da minha tutora, observei 32

    doentes com idades compreendidas entre 1 mês e 17 anos, propus diagnósticos, sugeri exames

    complementares e medicação apropriada (calculando a dose terapêutica adequada ao peso). Realço como

    mais frequentes os diagnósticos de gastroenterite aguda (28%), amigdalite (10%) e otite média aguda (10%).

    Tendo em conta que realizei o meu estágio de Pediatria do 5º ano em Bolonha, ao abrigo do programa

    ERASMUS+, tinha como objetivo pessoal contactar com o maior número de serviços e valências diferentes.

    Para tal, integrei também as enfermarias de Pediatria Médica e de Infeciologia, as consultas de

    Imunoalergologia, de Nefrologia e de Desenvolvimento, e ainda, a UMAD - Unidade de Apoio Móvel Ao

    Domicílio, que me despertou para a importância não só do apoio médico, mas do apoio social em casos

    paliativos, bem como para as consequências da doença na vivência familiar.

    Além das atividades descritas, assisti diariamente às reuniões gerais de discussão de doentes recém-

    internados, a sessões clínicas e para internos, e participei num Workshop de Urgências Pediátricas. Redigi

    uma história clínica formal sobre uma menina de 2 anos com alterações da marcha, o que me permitiu

    explorar os diferentes diagnósticos diferenciais, tais como ataxia cerebelar aguda pós-infeciosa, tóxica, ...

    Em conjunto com 3 colegas, elaborei e apresentei o trabalho “Complicações da gripe em idade pediátrica”,

    uma revisão da gripe e suas complicações graves (pneumonia, miosite/rabdomiólise, miocardite aguda,

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    convulsões febris e encefalopatia), concluindo com uma pequena casuística da realidade do Hospital Dona

    Estefânia na época de gripe 2017/2018 vs. atual.

    e) Estágio Parcelar de Ginecologia e Obstetrícia

    O estágio decorreu no Hospital CUF Descobertas, sob a tutoria da Dr.ª Eugénia Chaveiro e regência da Prof.ª

    Doutora Teresinha Simões, e teve a duração de 4 semanas, durante as quais acompanhei diversas valências

    em regime de rotatividade. A vertente que mais me interessou foi o serviço de urgência, pela sua ligação ao

    internamento peri-parto e bloco de partos, permitindo-me não só acompanhar mulheres com patologia

    aguda, quer ginecológica (maioritariamente infeções vaginais ou do trato urinário), quer obstétrica

    (principalmente algias pélvicas), mas também participar em 10 partos. Dos partos observados, 80% foram

    cesarianas segmentares transversas, a maioria eletivas, e a média de idades das grávidas era de 36 anos.

    Destaco uma cesariana particularmente complexa, devido a placenta acreta e vasa prévia, que culminou em

    histerectomia para controlo hemostático. Pude ainda observar procedimentos cirúrgicos mais raros, tais

    como a sutura B-Lynch e técnica de Alcides Pereira num caso de atonia uterina pós-parto refratária à

    terapêutica médica.

    Ainda no âmbito da Obstetrícia, na consulta externa observei um total de 21 grávidas de baixo risco,

    participando ativamente na medição de altura uterina e auscultação de foco fetal. Assisti também às

    consultas de Alto Risco Obstétrico e de Patologia Tromboembólica e Autoimune, acompanhando

    principalmente mulheres em fase pré-concecional e em estudo de perda gestacional recorrente. No âmbito

    da Ginecologia, assisti a consultas de Senologia e consultas de Ginecologia, a maioria das quais de rotina.

    Além das atividades descritas, frequentei também o bloco operatório, observando maioritariamente

    histerectomias, e acompanhei a realização de exames complementares de diagnóstico e terapêutica, num

    total de 26 ecografias, 11 colposcopias e 5 histeroscopias.

    Assisti semanalmente às reuniões multidisciplinares de decisão terapêutica de Patologia Mamária, do grupo

    de Alto Risco Obstétrico e às reuniões clínicas do Serviço, em que participei num Journal Club, apresentando

    o artigo “Vaginal progesterone, oral progesterone, 17-OHPC, cerclage, and pessary for preventing preterm

    birth in at-risk singleton pregnancies: an updated systematic review and network meta-analysis”, incluindo

    uma análise crítica do mesmo.

    f) Estágio Parcelar Saúde Mental

    O meu estágio de Saúde Mental, sob a regência do Prof. Doutor Miguel Talina, decorreu no Centro Hospitalar

    Psiquiátrico de Lisboa, mais concretamente, no serviço de Psiquiatria Geriátrica, por se tratar da área de

    diferenciação da minha tutora, Dr.ª Margarida Baptista. No internamento, participei em entrevistas clínicas

    a doentes internados, maioritariamente por psicose. Destes, destaco um caso de surto psicótico após

    terapêutica anti-androgénica em contexto de neoplasia da próstata, que selecionei para realizar história

    clínica, por se tratar de uma etiologia rara. Na consulta de Psicogeriatria, acompanhei maioritariamente casos

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    de perturbação depressiva, expectável tendo em conta a sua prevalência nesta faixa etária. Participei ainda

    na consulta de Neuropsiquiatria, marcada por casos de perturbação demencial, principalmente Doença de

    Alzheimer e demência vascular, refletindo a realidade portuguesa. No serviço de urgência, assisti

    principalmente a casos de ataque de pânico e psicose. Quer no serviço de urgência, quer na consulta ou

    internamento, fui encorajada a participar ativamente nas entrevistas clínicas e apliquei o Mini Mental State

    Examination. Além das atividades descritas, assisti ainda a sessões de eletroconvulsivoterapia.

    Realço ainda a importante componente teórica e teórico-prática do estágio, constituída por dois seminários

    para os alunos acerca de casos clínicos e estigma da doença mental, pelas sessões clínicas semanais do

    internato médico e pelo Journal Club do serviço de Psicogeriatria.

    g) Estágio Clínico Opcional – Anestesiologia

    Face ao meu interesse na área, realizei um estágio opcional no serviço de Anestesiologia do Hospital da Luz,

    durante 2 semanas, sob a tutoria da Dr.ª Cristina Pestana. Tratou-se de um estágio particularmente

    proveitoso, uma vez que acompanhei diversos procedimentos anestésicos, quer de anestesia geral, quer de

    sedação, quer de analgesia loco-regional (bloqueio periférico, raquianestesia e anestesia epidural) em

    diferentes contextos: cirurgia geral, ortopédica, ginecológica, urológica, torácica e vascular. Além da

    oportunidade de aperfeiçoar a minha técnica de ventilação em 6 ocasiões, coloquei 5 máscaras laríngeas,

    realizei entubação orotraqueal a dois doentes, coloquei uma linha arterial e um cateter venoso central.

    Assisti ainda a procedimentos mais complexos tais como entubação com recurso a Airtraq®, fibroscopia e

    videolaringoscopia, e aprendi a utilizar equipamentos de monitorização hemodinâmica invasivos

    (PulsioFlex®) e não-invasivos (Starling™ SV). Como complemento, participei numa formação de Acessos

    Venosos Centrais e Periféricos e Bloqueio Subaracnoideu (Anexo IV).

    h) Unidade Curricular – Preparação para a Prática Clínica

    Não podia deixar de mencionar esta Unidade Curricular, regida pelo Prof. Doutor Roberto Palma dos Reis e

    lecionada por especialistas de diferentes áreas, cuja a abordagem de diversos casos clínicos e respetivos

    diagnósticos diferenciais visa a integração de conhecimentos, o que considero uma mais-valia.

    III - SÍNTESE DO MEU PERCURSO ACADÉMICO

    O meu percurso académico universitário iniciou-se no curso de Biologia, onde o interesse pela ciência e

    investigação me levou a estagiar voluntariamente no Instituto de Fisiologia da Faculdade de Medicina da

    Universidade de Lisboa (Anexo V). Foi aqui que surgiu o meu fascínio pela fisiologia humana que, entre

    outros motivos, me levou a iniciar o Mestrado Integrado em Medicina. Simultaneamente, continuei o estágio,

    desenvolvendo trabalho no âmbito do sistema nervoso autónomo. Após o seu término, mantive-me ligada

    a esta área, através da Unidade Curricular Opcional Projeto de Investigação II do 3º ano, onde participei num

    estudo de disfunção endotelial do grupo de Estratégias Terapêuticas de Controlo Neuronal de Distúrbios

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    Metabólicos do Centro de Estudos de Doenças Crónicas, liderado pela Prof.ª Doutora Sílvia Conde. Ainda no

    3º ano, o meu gosto pela fisiologia aliou-se ao meu gosto por ensinar e comunicar ciência e medicina, na

    exposição “Real Bodies – Descubra o Corpo Humano”, onde trabalhei como monitora (Anexo VI).

    Sempre procurei estar ao corrente das atualizações na investigação médica básica e translacional, e foi com

    o objetivo de cativar os meus colegas que durante o 4º ano do curso integrei a Comissão Organizadora do

    iMed Conference 9.0, o maior congresso europeu para estudantes da área das Ciências da Vida, enquanto

    membro do departamento científico (Anexo VII). Satisfeita com o resultado, mas almejando mais e melhor,

    continuei durante o meu 5º e 6º ano no iMed Conference 10.0, desta vez como Diretora do departamento

    científico, sendo responsável pela curadoria e gestão de 38 workshops, 19 palestras, 3 competições e uma

    mesa redonda acerca de pseudociência (Anexo VIII). Apesar de ter sido desafiante gerir uma equipa num

    projeto deste calibre, foi igualmente recompensador, não só pelo resultado final, como pelas relações

    estabelecidas com profissionais de renome.

    Gostaria de destacar também a minha participação no programa ERASMUS+ durante o 5º ano, onde estudei

    na Universidade de Bolonha e contactei com um sistema de ensino diferente (Anexo IX).

    IV - REFLEXÃO CRÍTICA

    Termino o 6º ano com uma apreciação global extremamente positiva. Revisitando os meus objetivos e

    expetativas, considero que alcancei as metas a que me propus, não só graças ao meu empenho, mas também

    graças aos vários profissionais de saúde com quem contactei, que se esforçaram por me ensinar e

    proporcionar uma experiência o mais diversa e completa possível, potenciada pelo rácio tutor:aluno 1:1 ou

    1:2. Independentemente das particularidades de cada estágio, julgo ter-me familiarizado com as patologias

    mais frequentes de cada área, desenvolvido o meu raciocínio clínico e aptidões interpessoais, bem como soft

    skills tais como exposição oral e gestão eficaz de tempo e recursos. Transversalmente a todas as áreas, notei

    maior dificuldade na proposta de plano terapêutico, que espero colmatar com prática frequente e

    atualização constante. No geral, este ano pautou-se pela aquisição gradual de confiança no meu raciocínio e

    ações, possibilitada pela prática tutelada repetida, uma característica essencial no Estágio Profissionalizante,

    e que o distingue dos estágios anteriores.

    Analisando cada estágio, foi em Medicina Interna que notei uma maior integração na equipa médica,

    desempenhando, sob supervisão, tarefas que se esperam de um médico recém-formado. Em comparação

    com estágios anteriores, realço o treino na comunicação com doentes e familiares, articulação com as

    restantes especialidades e proposta de terapêutica, vertentes que não tinha tido oportunidade de explorar.

    O estágio de Cirurgia Geral no Hospital CUF Descobertas superou as minhas espectativas. Tratando-se de um

    hospital privado, receava a limitação nos procedimentos cirúrgicos observados e praticados, particularmente

    no que diz respeito à pequena cirurgia, porém, os meus receios revelaram-se infundados. Pela negativa,

  • 9

    destaco a inexistência de serviço de urgência de Cirurgia Geral, impossibilitando a abordagem e

    reconhecimento de situações urgentes e emergentes.

    O estágio de Medicina Geral e Familiar demarcou-se pela heterogeneidade: etária, de contexto cultural e

    socioeconómico e, principalmente, de patologia. O seu carácter abrangente torna-o fulcral na formação pré-

    graduada de qualquer médico, independentemente da especialidade pela qual venha a optar. Deste modo,

    4 semanas de estágio são insuficientes, a meu ver, pelo que sugiro o seu prolongamento para 5-6 semanas,

    oferecendo como hipótese a redução do estágio de Cirurgia Geral (indo ao encontro da importância dada a

    estas disciplinas na Prova Nacional de Acesso). Positivamente, realço o progresso marcado no

    relacionamento com o doente e no estabelecimento de uma relação médico-doente-família.

    Outro estágio que se destacou pelo aperfeiçoar da capacidade de comunicação foi o estágio de Pediatria.

    Nesta especialidade, mais do que em qualquer outra, a anamnese e exame objetivo são dificultados pelas

    limitações de expressão inerentes a esta faixa etária, bem como pelo medo e desconfiança das crianças em

    relação ao médico. No decorrer da minha atividade, desenvolvi e aprimorei técnicas para cativar a atenção e

    confiança das crianças (e seus cuidadores), o que considero uma mais-valia.

    O estágio de Ginecologia e Obstetrícia, pelo seu regime de rotatividade abrangente e bem estruturado,

    permitiu-me aprofundar conhecimentos na área da Saúde da Mulher bem como explorar esta especialidade

    na sua globalidade, em oposição ao estágio do 4º ano, cuja atividade formativa se focou na procriação

    medicamente assistida.

    Por fim, no estágio de Saúde Mental desenvolvi técnicas de entrevista clínica e familiarizei-me com a

    patologia psiquiátrica, fundamental tendo em conta a elevada prevalência e impacto das perturbações

    mentais em Portugal. Porém, o meu estágio de Psiquiatria do 5º ano decorreu num serviço de

    Neuropsiquiatria Infantil, e o do 6º ano num serviço de Psiquiatria Geriátrica, o que impossibilitou uma visão

    global da Psiquiatria. Deste modo, sugiro a incorporação de um regime de rotatividade pelas diversas

    valências do centro hospitalar atribuído ou uma maior facilidade em assistir a diversos tipos de consultas e

    frequentar diferentes enfermarias.

    Saliento também o Estágio Opcional em Anestesiologia, que me permitiu explorar uma especialidade de

    interesse e com a qual não tive muito contacto prático prévio, a Unidade Curricular de Preparação para a

    Prática Clínica, pela integração de conhecimentos adquiridos ao longo do curso, e os Workshops em que

    participei, como complemento a áreas menos exploradas nos estágios.

    No culminar de um projeto com 6 anos, sinto-me orgulhosa das minhas capacidades e conhecedora do meu

    perfil enquanto futura profissional, que se pautará, à semelhança do meu percurso académico, pelo interesse

    na investigação médica, pela divulgação e ensino de ciência e medicina e pela constante procura de

    conhecimento e desenvolvimento pessoal, porque a formação médica não tem fim, e a formação humana

    também não.

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    V – ANEXOS

    Anexo I – Participação nas Sessões Clínicas do Serviço de Medicina Interna 1.4 do Hospital de S. José

  • 11

    Anexo II – Certificado de participação na formação NeuroDay

  • 12

    Anexo III – Certificado de participação no Workshop de Suturas

  • 13

    Anexo IV – Declaração de presença na formação “Colocação de Acessos Centrais e Periféricos e Bloqueio

    Subaracnoideu, com recurso à simulação”

  • 14

    Anexo V – Atividades desenvolvidas no decurso de estágio voluntário no Instituto de Fisiologia da

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

  • 15

    Anexo VI – Certificado de participação como monitora na exposição Real Bodies

  • 16

    Anexo VII – Certificado de participação na Comissão Organizadora do iMed Conference® 9.0

  • 17

    Anexo VIII – Certificado de participação na Comissão Organizadora do iMed Conference® 10.0

  • 18

    Anexo IX – Certificado de conclusão do programa de mobilidade ERASMUS+, em Bolonha