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RICARDO ALVES NAIA
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO REALIZADO NA
EQUIPA DE JUNIORES C (SUB-15) DO C. F. “OS
BELENENSES”
Orientador: Prof. Doutor Jorge Castelo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Faculdade de Educação Física e Desporto
Lisboa
2013
Ricardo Alves Naia
Relatório Final de Estágio - Juniores C (Sub-15) no C. F. “Os Belenenses” Mestrado em Treino
Desportivo
Faculdade de Educação Física e Desporto
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
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RICARDO ALVES NAIA
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO REALIZADO NA
EQUIPA DE JUNIORES C (SUB-15) DO C. F. “OS
BELENENSES”
Relatório de estágio profissionalizante elaborado para
a obtenção do grau de Mestre em Treino Desportivo
com especialização em Formação do Jovem
Desportista conferido pela Universidade Lusófona de
Humanidades e Tecnologias.
Orientador: Prof. Doutor Jorge Castelo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Faculdade de Educação Física e Desporto
Lisboa
2013
Ricardo Alves Naia
Relatório Final de Estágio - Juniores C (Sub-15) no C. F. “Os Belenenses” Mestrado em Treino
Desportivo
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Agradecimentos
À minha Mãe, pela educação e valores transmitidos assim como pelo apoio e incentivo
constantes.
Ao Martim que, fruto da minha dedicação ao trabalho realizado e aos períodos que
implicaram a minha ausência, foi com toda certeza a pessoa mais sacrificada.
À Sónia pela compreensão, paciência e carinho, suportando-me incondicionalmente nos
momentos menos bons.
À minha restante Família por tudo o que significam para mim.
Ao Professor Doutor Jorge Castelo pelos ensinamentos e apoio no decorrer do Mestrado
assim como pela disponibilidade demonstrada e acompanhamento efetuado ao longo do estágio.
Ao Professor Doutor Jorge Proença, diretor do Curso de Mestrado em Treino Desportivo,
que sempre demonstrou uma grande sabedoria levando-me muitas vezes a refletir sobre
determinados temas relacionados com o treino.
À Direção, Treinadores e Funcionários do Clube de Futebol “Os Belenenses” pela
maneira como me receberam no clube.
Ao treinador Luís Bandeira e restante equipa técnica pelo conjunto de conhecimentos
teóricos e práticos partilhados durante o ano de Estágio.
A todos os colegas de Mestrado pela partilha de conhecimentos, pela amizade e pelo
companheirismo demonstrados.
A todos…um muito Obrigado.
Ricardo Alves Naia
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Resumo
Este relatório surge no âmbito da realização do estágio profissionalizante integrado no
Mestrado em Treino Desportivo com especialização em Formação do Jovem Desportista
ministrado pela Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Lusófona de
Humanidades e Tecnologias de Lisboa.
Estando contextualizado no futebol formação, o estágio realizou-se na equipa de Juniores
C (Sub-15) do Clube de Futebol “Os Belenenses” (CFB), que disputou o Campeonato Nacional de
Juniores C organizado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) na época desportiva
2011/2012. Com a elaboração deste relatório pretendeu-se descrever o modelo de jogo adotado,
assim como os métodos e meios utilizados no processo de treino, com vista à operacionalização da
forma de jogar pretendida, fundamentando e refletindo acerca das ações e decisões tomadas ao
longo da época.
O relatório encontra-se estruturado do geral para o particular, estando dividido em três tipos
de planeamento: (1) Planificação Conceptual, onde se efetua uma caracterização geral da equipa
no início da época, assim como o contexto competitivo onde se integrou, a descrição detalhada do
modelo de jogo adotado e a apresentação dos objetivos gerais e específicos propostos à equipa; (2)
Planificação Estratégica, onde se insere o planeamento e periodização anual definida, o a descrição
do processo de observação e análise, o detalhe do microciclo padrão, a descrição dos métodos e
meios de treino utilizados, concluindo com uma análise e reflexão acerca dos valores estatísticos
observados ao longo da época; (3) Planificação Tática, que engloba todas as ações, decisões e
reações observadas durante e imediatamente após a competição.
Palavras-chave: Planeamento, Periodização, Modelo de Jogo, Processo de Treino, Métodos de
Treino, Futebol Formação, Competição, Treinador.
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Abstract
This report comes under the professional traineeship in the Master’s degree in Sports
Training – Slope of Training Young Sportsman administered by the Faculdade de Educação Física
e Desporto of Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisbon.
Being contextualized in youth soccer training, this stage took place in the Junior C football
team (Under-15) of Football Club "Os Belenenses" (CFB), who played the Junior C National
Championship organized by the Federação Portuguesa de Futebol (FPF), in the sports season
2011/2012. The aim of this report is to describe the style of play adopted and the methods and
means used in the training process to operationalize the desired style, supporting and reflecting
about the actions and decisions made throughout the entire season.
The report is structured from the general to the particular, being divided into three types of
planning: (1) Conceptual Planning , where conducts a general characterization of the team early in
the season as well as the competitive context in which is incorporated, a detailed description of the
game model adopted and the presentation of the general and specific objectives proposed to the
working group, (2) Strategic Planning, which includes the planning and annual periodization, the
detail of the observation and analysis process, the description of the training methods and means
used within the training processing, concluding with an analysis and reflection on the observed
statistical values, (3) Tactical Planning, which includes all actions, decisions and reactions
observed during and immediately after the competition .
Keywords: Planning, Periodization, Game Model, Training Process, Training Methods, Youth
Soccer, Competition, Coach.
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Abstracto
Este informe se produce en el marco del período de prácticas profesionales en la Maestría
en Entrenamiento Deportivo - Pendiente de Formación del Joven Deportista administrado por la
Faculdade de Educação Física e Desporto de la Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias, Lisboa.
Al estar contextualizada en el entrenamiento de fútbol juvenil, esta etapa se llevó a cabo en
el equipo de fútbol junior C (Sub- 15) del Clube de Futebol "Os Belenenses" (CFB), que jugó el
campeonato nacional junior C organizado por la Federação Portuguesa de Futebol (FPF), en la
temporada deportiva 2011/2012. El objetivo de este informe es describir el estilo de juego adoptado
y los métodos y medios utilizados en el proceso de capacitación para poner en funcionamiento el
estilo deseado, apoyar y reflexionar sobre las acciones y decisiones tomadas a lo largo de toda la
temporada.
El informe está estructurado de lo general a lo particular, que se divide en tres tipos de
planificación: (1) Planificación conceptual, donde lleva a cabo una caracterización general del
equipo en inició de la temporada, así como el contexto competitivo en el que se incorpora, un
detalladas descripción del modelo de juego adoptado y la presentación de los objetivos generales
y específicos propuestos para el grupo de trabajo, (2) la Planificación estratégica, que incluye la
planificación y periodización anual, el detalle del proceso de observación y análisis, la descripción
de los métodos de entrenamiento y medios utilizados en el procesamiento de la formación, para
concluir con un análisis y reflexión sobre los valores estadísticos observados, (3) la Planificación
táctica, que incluye todas las acciones, decisiones y reacciones observadas durante e
inmediatamente después de la competición.
Palabras clave: Planificación, Periodización, Modelo de juego, Proceso de formación, Métodos
de entrenamiento, Fútbol juvenil, Competición, Entrenador.
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Lista de abreviaturas e símbolos
ULHT – Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias de Lisboa
CFB – Clube de Futebol “Os Belenenses”
DFJ – Departamento de Futebol Juvenil
AFL – Associação de Futebol de Lisboa
MJ – Modelo de Jogo
GR – Guarda-Redes
DL – Defesa Lateral
DD – Defesa Direito
DE – Defesa Esquerdo
DC – Defesa Central
MDF – Médio Centro Defensivo
MOF – Médio Centro Ofensivo
EXT – Extremo Esquerdo / Direito
AV – Avançado Centro
FPF – Federação Portuguesa de Futebol
AFL – Associação de Futebol de Lisboa
JDC – Jogos Desportivos Coletivos
MPG – Métodos de Preparação Geral
MEPG – Métodos Específicos de Preparação Geral
MEP – Métodos Específicos de Preparação
MPB – Manutenção da Posse de Bola
LTAD – Long-Term Athlete Development
– Jogador sem bola
– Jogador com bola
– Passe
– Deslocamento
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Índice geral
Agradecimentos ............................................................................................................................... 3
Resumo ............................................................................................................................................ 4
Abstract ............................................................................................................................................ 5
Abstracto .......................................................................................................................................... 6
Lista de abreviaturas e símbolos ...................................................................................................... 7
Índice geral ...................................................................................................................................... 8
Índice de figuras ............................................................................................................................ 11
1. Introdução .............................................................................................................................. 13
2. Enquadramento e Contextualização ...................................................................................... 15
2.1. Contexto legal ................................................................................................................. 15
2.2. Contexto institucional e funcional .................................................................................. 15
2.3. Contexto estrutural / organizacional ............................................................................... 17
3. Planificação Conceptual ........................................................................................................ 19
3.1. Análise da época desportiva anterior .............................................................................. 19
3.2. A equipa para a nova época desportiva........................................................................... 21
3.2.1. Caracterização do plantel......................................................................................... 21
3.2.2. Caracterização da equipa técnica ............................................................................. 23
3.2.3. Contexto Competitivo ............................................................................................. 24
3.3. Revisão do modelo organizativo da equipa .................................................................... 26
3.3.1. Organização estrutural: sistemas de jogo ................................................................ 28
3.3.2. Organização defensiva ............................................................................................. 30
3.3.3. Transição ofensiva ................................................................................................... 32
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3.3.4. Organização ofensiva .............................................................................................. 33
3.3.5. Transição defensiva ................................................................................................. 35
3.3.6. Circulações táticas ................................................................................................... 36
3.3.7. Esquemas táticos ..................................................................................................... 39
3.4. Definição de objetivos gerais e específicos .................................................................... 44
4. Planificação Estratégica ......................................................................................................... 46
4.1. Periodização / Planeamento anual .................................................................................. 46
4.2. Observação e análise das equipas adversárias ................................................................ 47
4.3. Microciclo de treino padrão ............................................................................................ 49
4.4. O exercício e sua integração no processo de treino ........................................................ 50
4.5. Taxonomia dos exercícios .............................................................................................. 53
4.5.1. Métodos de preparação geral (MPG)....................................................................... 55
4.5.2. Métodos específicos de preparação geral (MEPG) ................................................. 57
4.5.3. Métodos específicos de preparação (MEP) ............................................................. 61
4.6. Análise dos métodos de treino utilizados ao longo da época ......................................... 69
5. Planificação Tática ................................................................................................................ 75
5.1. Direção da equipa durante a competição ........................................................................ 75
5.1.1. Comunicação com os jogadores .............................................................................. 76
5.1.2. Ações pontuais de acordo com o resultado ............................................................. 77
5.1.3. Substituições como meio operacional ..................................................................... 77
5.2. Direção da equipa durante o intervalo ............................................................................ 77
5.3. Ações após o final do jogo .............................................................................................. 78
6. Síntese Final .......................................................................................................................... 80
6.1. Conclusões ...................................................................................................................... 80
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6.2. Perspetivas futuras .......................................................................................................... 81
7. Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 83
8. Anexos ................................................................................................................................... 87
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Índice de figuras
Figura 1: Planta do Complexo Desportivo do CFB ....................................................................... 16
Figura 2: Estádio do Restelo .......................................................................................................... 16
Figura 3: Organigrama do Departamento Futebol Juvenil ............................................................ 18
Figura 4: Plantel Iniciados B na época transata Vs posição .......................................................... 20
Figura 5: Época 2010/2011: Classificação final da equipa de Iniciados B. Fonte:
www.afutebolisboa.org .................................................................................................................. 20
Figura 6: Iniciados B - Evolução classificativa ao longo da época 2010/2011 ............................. 21
Figura 7: Caraterização do plantel Iniciados A na época 2011/2012 ............................................ 23
Figura 8: Plantel Iniciados A do C.F. os Belenenses..................................................................... 23
Figura 9: Estrutura do Campeonato Nacional de Juniores C - 2011/2012 .................................... 25
Figura 10: Tabela Classificativa – 1ª Fase do Campeonato Nacional de Juniores C / Série E ..... 25
Figura 11: Redução em Estruturas Complexas. Fonte: http://www.efdeportes.com..................... 27
Figura 12: Exemplo de grandes princípios nos 4 momentos do jogo. Fonte:
http://organizacaodejogo.blogspot.pt/ ........................................................................................... 27
Figura 13: Sistema de jogo preferencial 1-4-3-3 ........................................................................... 29
Figura 14: Sistema de jogo alternativo 1-4-4-2 ............................................................................. 29
Figura 15: Organização Defensiva – Aproximação Intersectorial ................................................ 31
Figura 16: Organização Defensiva – Referência do Pressing ....................................................... 31
Figura 17: Transição Ofensiva – Aproveitamento de desequilíbrios ............................................ 32
Figura 18: Transição Ofensiva – Saída da pressão ........................................................................ 33
Figura 19: Organização Ofensiva – Combinações e equilíbrio ofensivo ...................................... 34
Figura 20: Organização Ofensiva – Permutas no Meio Campo .................................................... 35
Figura 21: Organização Ofensiva – Zonas de Finalização ............................................................ 35
Figura 22: Transição Defensiva – Pressão e linhas defensivas em profundidade ......................... 36
Figura 23: Circulações táticas iniciadas no sector defensivo ........................................................ 37
Figura 24: Circulação tática iniciada no sector intermédio ........................................................... 38
Figura 25: Lançamentos lateral no meio campo ofensivo ............................................................. 39
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Figura 26: Lançamentos laterais a favor perto área ....................................................................... 40
Figura 27: Lançamentos laterais a favor no meio campo defensivo ............................................. 40
Figura 28: Lançamentos laterais a favor depois meio campo ....................................................... 41
Figura 29: Cantos Defensivos ....................................................................................................... 42
Figura 30: Cantos Ofensivos ......................................................................................................... 42
Figura 31: Livres laterais no meio campo ofensivo ...................................................................... 43
Figura 32: Relação Modelo de Jogo Modelo de Análise Modelo de Treino. Castelo
(2012) ............................................................................................................................................ 48
Figura 33: Microciclo de Treino Padrão........................................................................................ 50
Figura 34: Elementos estruturais do exercício de treino (Castelo & Matos, 2006)....................... 51
Figura 35: Taxionomias de Queiroz e Cook – Adaptado de Faria (2010) .................................... 54
Figura 36: Taxonomia de base dos exercícios de treino para o jogo de futebol (Castelo & Matos,
2006) .............................................................................................................................................. 55
Figura 37: Exercício de Preparação Geral ..................................................................................... 56
Figura 38: Exercício descontextualizado ....................................................................................... 57
Figura 39: Exercícios de Posse de bola e lúdico/recreativos ......................................................... 59
Figura 40: Exercício organizado em circuito ................................................................................ 60
Figura 41: Exercício de finalização ............................................................................................... 62
Figura 42: Exercício metaespecializado ........................................................................................ 63
Figura 43: Exercício sectorial / intersectorial ................................................................................ 64
Figura 44: Exercício padronizado.................................................................................................. 66
Figura 45: Exercício de situação fixa de jogo ............................................................................... 67
Figura 46: Exercício competitivo .................................................................................................. 68
Figura 47: Métodos de treino utilizados ao longo da época .......................................................... 69
Figura 48: Plano de Formação do Atleta a Longo Prazo (Balyi). ................................................. 71
Figura 49: Fases sensíveis para o desenvolvimento das capacidades motoras (Adaptado de
Martin, 1982) ................................................................................................................................. 72
Figura 50: Métodos de treino utilizados por período .................................................................... 74
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1. Introdução
Nas últimas décadas, temos vindo a observar uma evolução considerável das modalidades
coletivas, nomeadamente o futebol. Fruto dessa evolução no contexto desportivo, surge a
necessidade de um investimento por parte dos participantes, o qual tem impacto direto no aumento
do período de envolvimento na prática desportiva, e por consequência na complexidade do papel
do treinador (Serpa, 2003).
Segundo Curado (1982), o desenvolvimento desportivo tem que passar, obrigatoriamente,
por uma formação sólida e contínua dos agentes desportivos. Sendo o treinador um dos agentes
principais no que se refere ao processo de treino, o que se pede é uma grande competência,
alicerçada numa sólida formação, a qual terá de ser, por um lado, multilateral, e por outro,
especializada. O autor sugere ainda que os treinadores têm de saber tudo sobre a sua modalidade.
Partilhando do mesmo raciocínio, Reis (2008) e Serpa (2003) defendem que o desporto de
jovens deve ser perspetivado numa lógica de médio e longo prazo, exigindo ao treinador uma
preparação meticulosa, tendo consciência prévia de que o trabalho que se realiza num determinado
momento terá implicações no desenvolvimento futuro do praticante, potenciando assim uma
evolução consistente.
Para Ferreira (1983), citado por Casáis (2009), é nas etapas iniciais de formação que é
criado o suporte de base para o futuro dos jovens futebolistas, sendo que o treino e a competição
são os meios utilizados para a criação dos mesmos.
Para Proença (1986) o planeamento do treino permite definir objetivos, programar a
intervenção provável, inventariar e mobilizar os meios necessários e estabelecer formas de
regulação ou mecanismos de controlo, dando forma e transmitindo conteúdo à organização. Ao
organizarmos o processo de treino estamos assim a retirar-lhe o carácter casuístico, substituindo-o
assim por uma sistematização e ordenamento prévio. É então fundamental que o processo de treino
seja planeado e organizado adequadamente, potenciando assim que os atletas possam atingir no
futuro uma elevada prestação desportiva.
A opção pela realização do estágio profissionalizante integrado Mestrado em Treino
Desportivo da Faculdade de Educação Física e Desporto da ULHT esteve relacionada com o facto
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de pretender vivenciar uma experiência, acompanhando assim “in loco” o planeamento e a
operacionalização implementada numa equipa de futebol formação pertencente a um clube
conceituado a nível nacional, e observando que a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos
ao longo do mestrado tem uma enorme importância no processo de treino.
Segundo o regulamento do Mestrado de Treino Desportivo da Faculdade de Educação
Física e Desporto da ULHT, o estágio foi organizado e orientado para a formação e habilitação
profissional, sendo que no final o treinador deveria elaborar um relatório final com elevada
cientificidade.
Assim, e de acordo com o regulamento, o presente relatório encontra-se estruturado de
acordo com os seguintes pontos:
1. Introdução, onde é efetuada uma abordagem ao futebol formação, à necessidade de
uma formação adequada, à importância do planeamento e da organização do processo
de treino e por fim à caracterização geral do estágio.
2. Enquadramento e contextualização do estágio, onde é descrito o enquadramento e a
contextualização legal, institucional e organizacional do estágio.
3. Planificação Conceptual, onde se caracteriza a equipa no início da época assim como
o contexto competitivo onde se integrou, descreve detalhadamente do modelo de jogo
adotado e se apresentam os objetivos gerais e específicos propostos ao grupo de
trabalho.
4. Planificação Estratégica, onde é apresentado o planeamento e periodização anual
inicialmente definida, o detalhe do processo de observação e análise, o detalhe do
microciclo padrão, a descrição dos métodos e meios de treino utilizados e
correspondente análise e reflexão acerca dos valores estatísticos observados ao longo
da época.
5. Planificação Tática, que expõe todas as ações, decisões e reações observadas durante e
imediatamente após a competição.
6. Síntese Final, onde é efetuada uma síntese global do trabalho desenvolvido ao longo
do estágio assim como uma reflexão geral deixando algumas perspetivas futuras.
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2. Enquadramento e Contextualização
2.1. Contexto legal
O estágio profissionalizante enquadra-se no plano de estudos do Mestrado em Treino
Desportivo da Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Lusófona de
Humanidades e Tecnologias (ULHT). A realização do estágio é considerada como uma das
condições possíveis para a obtenção do grau de mestre, pois de acordo com a lei em vigor à data
da realização do estágio, o ciclo de estudos conducente ao grau de mestre de um curso de
especialização constituído por um conjunto organizado de unidades curriculares, integra uma
dissertação ou estágio de natureza profissional objeto de relatório final (Artigo 20, D/L nº 107/2008
de 25 de Junho).
No âmbito legal acima descrito e fruto de um protocolo de colaboração celebrado entre a
ULHT, o CFB e “Os Belenenses” – Sociedade Desportiva de Futebol, SAD, foi-me concedida a
oportunidade de poder realizar o estágio profissional nesta instituição tendo como principal
objetivo a obtenção do grau de mestre.
2.2. Contexto institucional e funcional
Alinhado com os estatutos aprovados em Assembleia Geral Extraordinária de 2 de Abril de
2009, o CFB é denominado uma associação desportiva, recreativa e cultural, com sede na Freguesia
de Santa Maria de Belém, concelho de Lisboa.
A fundação do CFB ocorreu no ano de 1919 por Artur José Pereira. Considerado durante
bastante tempo como sendo o melhor jogador português de sempre, após ter posto termo à sua
carreira como jogador, tornou-se treinador do clube, tendo lançado e formado muitos dos grandes
jogadores do Belenenses no primeiro quartel da sua existência.
Sendo um clube eclético, o Belenenses para além do futebol abarca um vasto leque de
modalidades amadoras tais como o atletismo, andebol, hóquei, basquetebol, futsal, natação, rugby,
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triatlo, voleibol ou o paintball. Tendo em consideração o trabalho desenvolvido nas camadas
jovens e prestígio alcançado ao longo do seu historial, é considerado por muitos como umas das
melhores escolas de formação desportiva em Portugal.
O complexo desportivo encontra-se localizado numa das zonas mais nobres da cidade de
Lisboa, na Avenida do Restelo, rodeado por monumentos históricos como o Padrão dos
Descobrimentos, o Mosteiro dos Jerónimos, a Ponte 25 de Abril e o Centro Cultural de Belém.
O Estádio do Restelo (Figura 3) foi inaugurado em 1956, e é parte integrante do Complexo
Desportivo (Figura 2) que para além do estádio, abarca o campo relvado “Major Baptista Silva”,
um campo sintético, o campo pelado “Maracananzinho”, o Pavilhão Gimnodesportivo “Acácio
Rosa”, um Polidesportivo e as Piscinas Olímpicas.
Figura 1: Planta do Complexo Desportivo do CFB
Figura 2: Estádio do Restelo
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No seu palmarés futebolístico conta com três Campeonatos de Portugal, três Taças de
Portugal e um Campeonato Nacional da 1ª Divisão, perfazendo sete títulos máximos, conferindo-
lhe a distinção do quarto clube em Portugal com mais troféus e internacionalizações.
Vários jogadores de renome passaram nas fileiras do clube dos quais se destacam o
fundador José Artur Pereira, Augusto Silva, Matateu, Pepe, José Pereira, Artur Quaresma, entre
outros.
Tendo uma presença meritória no panorama desportivo em Portugal, foi recebendo ao longo
do seu historial várias condecorações, tais como:
Comendador da Ordem Militar de Cristo, em 1933
Oficial da Ordem de Benemerência, em 1935
Medalha de Mérito Desportivo, em 1946
Medalha de Mérito Desportivo, em 1956
Em 1960 o Belenenses é reconhecido como Instituição de Utilidade Pública, fruto da
valorização e expansão da cultura física e das práticas desportivas em Portugal (D/L 43 153, 1960).
Relativamente ao contexto funcional, fui integrado na equipa técnica de Juniores C (Sub-
15), onde realizei o estágio que teve a duração de sensivelmente nove meses e meio
correspondentes a uma época desportiva (período de 15 de Agosto a 31 de Maio). Tive a
oportunidade de desenvolver funções ativas ao nível do treino, mais concretamente no apoio direto
ao treinador principal nas várias dimensões do processo de treino, das quais destaco o planeamento
anual, a elaboração, condução e avaliação de exercícios de treino e a observação e análise dos
jogos, culimando na elaboração do respetivo relatório para posterior análise. Durante cerca de dois
meses tive a oportunidade de efetuar trabalho específico de treino com os guarda-redes.
2.3. Contexto estrutural / organizacional
No contexto atual, e relativamente à modalidade futebol, o CFB para além da equipa sénior
profissional, é constituído por mais dez equipas não profissionais, correspondentes aos escalões de
futebol formação. Fruto de um protocolo celebrado entre as escolas do A.C. Milan e o CFB, os
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escalões de formação até aos Sub-14 inclusive passaram a ter uma gestão direta por parte do A.C.
Milan. Os três restantes escalões da formação integram os quadros competitivos nacionais
organizados pela FPF, concretamente os Juniores C (Sub-15), Juniores B (Sub-17) e Juniores A
(Sub-19), encontram-se sob a gestão direta do Departamento de Futebol Juvenil (DFJ) que
apresenta a seguinte estrutura organizacional:
Figura 3: Organigrama do Departamento Futebol Juvenil
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3. Planificação Conceptual
O planeamento e a periodização do treino têm vindo a merecer a atenção de vários autores
conceituados no mundo do desporto. A operacionalização do processo de treino deverá ter por base
um planeamento prévio estruturado e periodizado de modo a propiciar um ambiente favorável à
evolução dos atletas. Segundo Proença (1986) “…planear uma actividade pressupõe a definição
prévia de objectivos e estabelecimento de uma direcção (estratégia) para os atingir e constitui a
base segura para, após controlo, confirmar ou reorientar a estratégia definida”. Na mesma linha
de raciocínio, Petrovsky (1975, citado por Proença, 1986) afirma que a planificação é uma das
partes mais importantes da direção pedagógica e da organização do processo de Educação Física e
Treino Desportivo.
Além de estruturar e organizar todo o processo de treino, o planeamento está intimamente
ligado à possibilidade de antever o futuro, ajudando a prever alguns cenários hipotéticos que
poderão ocorrer durante os vários períodos definidos no plano, facilitando a resolução de
determinadas situações e potenciando a eficácia no treino e na competição.
Castelo (2009) define a planificação conceptual como o estabelecimento de um conjunto de
linhas gerais e específicas que procuram direcionar e orientar a trajetória da organização da equipa
no futuro próximo exprimindo-se no modelo de jogo da equipa e tem três objetivos fundamentais:
1) Analisar a situação atual da equipa, através da avaliação do trajeto na temporada competitiva
anterior, 2) Rever o modelo organizativo da equipa, procurando descrever o modelo de jogo que
se pretende no futuro e determinado os objetivos da época desportiva seguinte e 3) Elaborar
programas de ação pragmática definindo os meios e métodos de treino para atingir os efeitos
pretendidos.
3.1. Análise da época desportiva anterior
Na época desportiva 2010/2011, a equipa de Iniciados B (Sub-14) era constituída por vinte
e três atletas, sete dos quais oriundos de outros clubes do território nacional:
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Posição Nº de Atletas
Guarda-Redes 3
Defesas 8
Médios 6
Avançados 6
Figura 4: Plantel Iniciados B na época transata Vs posição
Em termos de quadros competitivos, a equipa esteve integrada na Divisão de Honra do
Campeonato Distrital de Juniores C, organizado pela Associação de Futebol de Lisboa (AFL). Nos
últimos anos, tem-se observado um grande equilíbrio e uma enorme competitividade nesta divisão,
fator potenciador da evolução dos atletas, pois não existem grandes diferenças qualitativas entre as
equipas que o constituem, obrigando os atletas a superarem-se constantemente em cada ato
competitivo.
Na época 2010/2011, a Divisão de Honra foi constituída por dezasseis equipas, sendo que
cada uma realizou dois jogos com cada um dos adversários, em casa e fora, respetivamente. No
final da época a equipa ficou classificada em décimo lugar. É importante salientar que a maioria
das equipas integradas nesta divisão são equipas de Sub-15, ou seja, os jogadores tinham
maioritariamente mais um ano que os jogadores da equipa do CFB. Em termos competitivos, tal
facto poderá ter influenciado a classificação final.
Figura 5: Época 2010/2011: Classificação final da equipa de Iniciados B. Fonte: www.afutebolisboa.org
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Figura 6: Iniciados B - Evolução classificativa ao longo da época 2010/2011
Ao analisarmos a evolução classificativa (figura 6), constatamos que durante a primeira
volta a equipa oscilou consideravelmente, tendo estabilizado na segunda volta um pouco abaixo do
meio da tabela. Tentei obter informação acerca dos métodos e meios de treino utilizados ao longo
da época, assim como algumas nuances ou acontecimentos que pudessem ter tido impacto na
performance da equipa, mas tal situação não foi viável, o que inviabilizou de efetuar uma relação
hipotética entre os métodos de treino utilizados e a classificação apresentada.
Relativamente aos métodos de jogo, foi privilegiado no processo ofensivo o Ataque
Organizado e no processo defensivo a Defesa à Zona. O sistema tático utilizado foi o 1-4-3-3 com
dois médios defensivos.
3.2. A equipa para a nova época desportiva
3.2.1. Caracterização do plantel
A maioria dos atletas que constituíram o plantel na época desportiva 2011/2012 eram
provenientes da equipa de Iniciados B do CFB, muitos deles representaram inclusivamente o clube
em escalões inferiores ao longo do seu processo de formação, demonstrando a superação dos níveis
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de exigência impostos num clube de referência ao nível nacional como é o caso do CFB. A este
grupo juntou-se um conjunto de jogadores oriundos de outros clubes e de outros contextos
competitivos, estando previamente referenciados, e cujo perfil técnico-tático se assemelhava ao
dos jogadores que transitaram do escalão Iniciados B, isto é, jogadores considerados como tendo
um potencial desportivo elevado. A integração destes novos atletas teve como principal objetivo
colmatar algumas lacunas ou escassez de opções apresentadas para determinadas posições levando
a um o acréscimo de valor do conjunto.
Na figura 7 estão caracterizados todos os jogadores que representaram a equipa de Iniciados
A do CFB ao longo da época desportiva 2011/2012. A caracterização apresentada teve por base a
informação fornecida pelos atletas, após o preenchimento da ficha individual do atleta distribuída
no início da época (Anexo I).
# Nome Posição Clube Anterior Observações
1 André Santos DC C.F. Belenenses
2 Assmiou Bah AV Sem clube Jogador estrangeiro. Não foi inscrito
por falta de passaporte
3 Bernardo Ramos MDF C.F. Belenenses
4 Bruno Saraiva DD C.F. Belenenses
5 Bruno Pires AV Sporting C.P.
6 Carlos Lopes EXT S.L. Benfica Integrou o plantel em Dezembro
7 Cláudio Simões MOF C.F. Belenenses
8 Cláudio Tavares MDF C.F. Belenenses Saiu em Outubro / Novembro
9 Diogo Czarnieski AV Ponte Preta Jogador estrangeiro. Não foi inscrito
por falta de passaporte
10 Diogo Soares MOF C.F. Belenenses
11 Francisco Matos MDF S.L. Benfica Saiu em Outubro / Novembro
12 Frederico Batista (Fred) DD C.F. Belenenses
13 Gonçalo Canhoto DE S.L. Benfica Saiu em Outubro / Novembro
14 Henrique Graça EXT C.F. Belenenses Saiu em Outubro / Novembro
15 João Cabrito MDF C.F. Belenenses
16 Jorge Jesus DC C.F. Belenenses Saiu em Novembro / Dezembro
17 Márcio Delgado EXT Vitória de Setúbal
18 Miguel Freches EXT Corroios
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19 Pedro Fonseca MDF C.A.C. Pontinha Integrou o plantel em Dezembro
20 Pedro Guimarães DE C.F. Belenenses
21 Rafael Pereira (Rafa) GR S.L. Benfica
22 Rafael Pio DC Sporting C.P. Saiu em Janeiro
23 Renato Bouça GR C.F. Belenenses
24 Ricardo Amaral EXT C.A.C. Pontinha
25 Rúben Tavares DC C.F. Belenenses
26 Sandro Policarpo MOF C.F. Belenenses Saiu em Outubro / Novembro
27 Tiago Cabral (Calila) AV C.F. Belenenses Saiu em Janeiro
28 Tiago Guerreiro MDF C.F. Belenenses
29 Tiago Martins GR Damaiense Saiu em Outubro / Novembro
Figura 7: Caraterização do plantel Iniciados A na época 2011/2012
De realçar que à medida que a época desportiva foi progredindo, o número de jogadores do
plantel foi diminuindo, tendo estabilizado em janeiro nos 20 elementos. Esta redução foi a
consequência de inúmeros fatores que levaram a que alguns atletas optassem por abandonar o
clube.
Figura 8: Plantel Iniciados A do C.F. os Belenenses
3.2.2. Caracterização da equipa técnica
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A equipa técnica dos Juniores C / Sub-15 do CFB era constituída por um treinador principal,
licenciado em Educação física e com curso de treinadores de nível III - UEFA Advanced,
ministrado pela FPF; por um treinador adjunto igualmente licenciado em Desporto e Educação
Física; por cinco treinadores estagiários/adjuntos cujas funções englobavam a condução, o controlo
e a supervisão de exercícios de treino, a elaboração e realização de exercícios específicos para o
treino de guarda-redes, assim como a observação, recolha estatística e a análise de jogos; por um
psicólogo do desporto (estagiário) e por um delegado que se disponibilizava a apoiar na logística
necessária, quer durante os treinos, quer durante a competição.
Todas as decisões tomadas em termos de conceção, planeamento e operacionalização do
treino foram fruto das ideias e conceções do treinador principal, ressalvando que o mesmo esteve
sempre recetivo à exposição das ideias e conceitos dos seus treinadores adjuntos, tendo existido
liberdade suficiente para podermos intervir no processo de treino, assim existisse o consenso prévio
entre os treinadores.
3.2.3. Contexto Competitivo
Na época desportiva 2011/2012, a equipa de Iniciados A do CFB integrou a série E do
Campeonato Nacional de Juniores C, quadro competitivo organizado pela FPF que apresenta a
seguinte estrutura:
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Figura 9: Estrutura do Campeonato Nacional de Juniores C - 2011/2012
Figura 10: Tabela Classificativa – 1ª Fase do Campeonato Nacional de Juniores C / Série E
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3.3. Revisão do modelo organizativo da equipa
Para Teodurescu (1984), o Modelo de Jogo (MJ) é uma referência, construída a partir de
outras referências de ordem de rendimento superior que postulam um conjunto de ações individuais
e coletivas dos jogadores e da equipa integradas com o espírito físico e psíquico característico do
jogo individuais e coletivas dos jogadores e da equipe, integradas com o espírito físico e psíquico
característico do jogo.
Mourinho (2006) afirmou que ter um modelo de jogo definido é o mais importante para
uma equipa de futebol, e tal modelo é um conjunto de princípios que dão organização à sua equipa.
De facto, o modelo de jogo não é mais que a operacionalização das ideias do treinador
(Oliveira, 2003), isto é, um processo de visualização criado pelo treinador que permite que as
imagens contidas no modo como se concebe o jogo se tornem realidade por intermédio das ações
dos jogadores. Esta conjetura idealizada pelo treinador está sempre sujeita às interpretações dos
jogadores e que, por sua vez, dependem das suas experiências anteriores, das suas capacidades
cognitivas, das perspetivas e dos sentimentos e emoções associados aos momentos em que a
confrontação se dá (Damásio, 1994).
De modo a simplificar a estrutura complexa que um jogo de futebol apresenta, Casarin e
Oliveira (2010) sugerem que o modelo de jogo que se pretende operacionalizar seja reduzido em
estruturas complexas (sem empobrecimento), tais como são os princípios e os momentos de jogo,
ou seja, a desmontagem e hierarquização dos princípios e subprincípios que o treinador define para
o modelo que se pretende operacionalizar, de modo a permitir uma melhor compreensão didática
dos participantes do processo. Estes princípios compreendem uma relação específica com os vários
momentos de jogo (Gomes, 2006).
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Figura 11: Redução em Estruturas Complexas. Fonte: http://www.efdeportes.com
Figura 12: Exemplo de grandes princípios nos 4 momentos do jogo. Fonte: http://organizacaodejogo.blogspot.pt/
Assim, uma equipa, em cada momento do jogo procura influenciar o estado momentâneo
do sistema, procurando manter de forma dinâmica uma estabilidade organizativa e causar
desequilíbrios na organização da equipa adversária. Segundo Garganta (2001), a ação dos
elementos de cada uma das equipas é caracterizada “por uma sucessiva alternância de estados de
ordem e desordem, estabilidade e instabilidade, uniformidade e variedade”. Na prática,
independentemente da equipa ter ou não a posse da bola, deve atacar e defender de forma
simultânea, ou seja, ataca-se preparando para defender e defende-se preparando para atacar. O
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desenvolvimento decisional e comportamental dos jogadores, ao procurar implementar o modelo
de jogo, obriga a transitar de um nível estrutural e funcional para outros mais consistentes ou
precários, consoante as alterações provocadas na configuração tática que se verifica em cada
situação de jogo.
Em conclusão, o jogo de futebol funciona e desenvolve-se na égide de estados transitórios,
de fase para fase e de etapa para etapa dentro de cada fase do jogo; estabilidade dinâmica,
regularidade e previsibilidade (ordem), perturbados por acontecimentos imprevistos e casuísticos
geradores de desequilíbrio e de desordem organizacional.
3.3.1. Organização estrutural: sistemas de jogo
O modelo de jogo suporta-se em elementos estruturais específicos que derivam da conceção
de jogo do treinador, da dimensão estrutural do modelo, da dimensão relacional do modelo e os
princípios de orientação de intervenção tática da equipa, perante as diferentes situações de jogo e
ainda dos constrangimentos de ordem cultural, económica, e humana do clube.
Assim, sendo a natureza do subsistema estrutural consubstancia-se na dimensão estática,
denominada de sistema de jogo ou dispositivo tático, que corresponde ao posicionamento de jogo
de base do jogador no espaço de jogo, e dinâmica que contém as tarefas e missões táticas
distribuídas aos jogadores.
Fruto da conceção de jogo do treinador e da dimensão estrutural do modelo, adotou-se o
sistema de jogo 1-4-3-3 com a variante de dois médio-centro defensivos. Esta decisão teve por base
alguns fatores previamente analisados tais como rotinas que a equipa possuía no ano transato e as
características dos próprios jogadores.
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Figura 13: Sistema de jogo preferencial 1-4-3-3
Como sistema secundário optou-se pelo 1-4-4-2, tendo sido utilizado pontualmente no
decorrer do campeonato, em jogos em que a equipa se encontrava em desvantagem no marcador e
nos quais ainda existia probabilidade de poder chegar ao empate ou mesmo dar a volta ao resultado.
Com esta alteração tática pretendia-se dar uma maior profundidade à equipa e colocar mais
jogadores no sector ofensivo tentando criar situações de superioridade numérica perto da baliza
adversária.
Figura 14: Sistema de jogo alternativo 1-4-4-2
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3.3.2. Organização defensiva
A oposição efetuada a uma equipa, fase considerada como sendo fundamental num jogo de
futebol, é representada pelo processo defensivo (Teodorescu, 1994). Esta fase visa a neutralização
de todas as ações ofensivas do adversário em qualquer momento do jogo. É nesta etapa que a equipa
tenta recuperar a bola (Castelo, 1996) sem cometer infrações e impedindo que o adversário atinga
o objetivo do jogo, que é o golo (Teodurescu, 1994). Castelo (1996), divide o processo defensivo
em três fases distintas: 1) o equilíbrio defensivo-relacionado com o posicionamento dos jogadores
no espaço, ainda durante o processo ofensivo, 2) a recuperação defensiva-que se inicia e 3) defesa
propriamente dita.
Os métodos utilizados pela equipa durante o processo defensivo foi a defesa em Zona
Pressionante. Para Amieiro (2004), os dois tipos de organização defensiva (zonal e zona
pressionante) são semelhantes, visto que a grande preocupação é fechar coletivamente os espaços
de jogo. A grande diferença reside na agressividade com que se atacam esses espaços e o portador
da bola.
Macro Princípios:
Concentração Defensiva e respetiva aproximação intersectorial
Defender em Quatros linhas
Zona Pressionante – Pressing médio
A equipa em organização defensiva tinha referências definidas que ditavam a execução de
um pressing ao portador da bola, consoante o sector onde a bola se encontrava. Caso o adversário
(portador da bola) estivesse posicionado no seu sector defensivo, a equipa adotava um
comportamento zonal sem existir qualquer pressing ao portador adversário. Se por outro lado a
bola entrasse no sector intermédio e/ou defensivo, eram imediatamente adotadas duas estruturas
distintas, um bloco pressionante junto do portador da bola e uma segunda linha zonal oferecendo
coberturas e equilíbrios defensivos.
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Neste momento de jogo deveria existir uma grande aproximação intersectorial
consubstanciada por uma interajuda sucessiva entre os jogadores.
Em qualquer sector de jogo, a equipa deveria dominar todos os princípios de jogo
específicos defensivos e saber defender em quatro linhas, apresentando um bom jogo de coberturas
defensivas, controlando o espaço, a bola e o adversário.
Durante o processo defensivo, a equipa jogava com as linhas próximas (horizontal e
verticalmente), basculando de acordo com o centro de jogo.
Figura 15: Organização Defensiva – Aproximação Intersectorial
Figura 16: Organização Defensiva – Referência do Pressing
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3.3.3. Transição ofensiva
A transição defesa-ataque é caracterizada pelas ações e comportamento individuais e
coletivos no momento da recuperação da bola.
Macro Princípios:
Procurar desequilíbrios na estrutura adversária através da mudança de ritmo
Retirar a bola da zona de pressão
Privilegiar a segurança quando a recuperação é efetuada no sector defensivo
Neste momento do jogo, a primeira preocupação do coletivo seria explorar alguns
desequilíbrios momentâneos através de deslocamentos de rutura sobre a linha defensiva adversária
por parte do avançado e movimentos diagonais realizados pelos extremos.
Figura 17: Transição Ofensiva – Aproveitamento de desequilíbrios
Caso não fosse possível efetuar o primeiro passe em profundidade, a sequência natural seria
retirar a bola da zona de pressão através da rápida circulação de bola com combinações indiretas a
um ou dois toques para o lado oposto ao centro de jogo. Esta situação era proporcionada pelas
desmarcações de apoio da linha de cobertura oferecendo constantemente linhas de passe e
comunicando constantemente com o portador da bola.
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Figura 18: Transição Ofensiva – Saída da pressão
3.3.4. Organização ofensiva
Segundo Bayer (1994), o desenvolvimento do processo ofensivo acontece quando a equipa
recupera a posse de bola e realiza um conjunto de intervenções motoras que permitem manter a
posse de bola, estando na disposição de dar continuidade ao processo ofensivo na tentativa de
conservar a posse, progredir com a bola para a baliza adversária e desequilibrar a defesa adversária
e por fim tentar marcar golo.
O processo ofensivo é orientado pelos princípios base da penetração, cobertura ofensiva e
mobilidade suportados pela criatividade e improvisação de cada jogador.
Macro Princípios:
Criar largura e profundidade
Procura de superioridade numérica nos corredores laterais
Manter equilíbrio ofensivo (equipa estar preparada para defender)
Tentando aproveitar a elevada capacidade técnica individual patente nos jogadores que
normalmente jogavam a extremos, optou-se por, numa primeira fase do processo ofensivo, tentar
fazer chegar rapidamente a bola a um dos corredores laterais através de construção longa a partir
dos centrais ou de um dos médios defensivos.
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Entrando a bola num dos corredores, dar-se-ia início à segunda fase de construção do
processo ofensivo. O DL procura subir no terreno com objetivo de criar uma superioridade
numérica no corredor. Nesta fase normalmente entram em ação direta no centro de jogo o MOF
através com movimentos de apoio ao EXT, o DL com movimentos de rotura em overlap, e o AV,
ou com movimentos de apoio frontal entre-linhas ao EXT ou de afastamento, levando normalmente
consigo um ou dois DC que o marcam, com o objetivo de criar espaços para penetração.
Figura 19: Organização Ofensiva – Combinações e equilíbrio ofensivo
O equilíbrio ofensivo era normalmente garantido pelos dois MDF e as trocas posicionais só
eram permitidas entre os jogadores do meio campo, mais concretamente quando um dos MDF,
através da mobilidade, efetuava desmarcações de apoio no meio campo ofensivo aos DL ou EXT,
e o MOF baixava oferecendo cobertura ao colega.
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Figura 20: Organização Ofensiva – Permutas no Meio Campo
Na última fase do processo ofensivo, as situações de finalização resultantes de cruzamentos
do extremo ou defesa lateral, ou passes em rutura originados preferencialmente pelo médio
ofensivo seriam espelhadas pela movimentação do avançado normalmente ao 1º porte e do extremo
do lado oposto (movimento de aproximação ao 2º poste).
Figura 21: Organização Ofensiva – Zonas de Finalização
3.3.5. Transição defensiva
A transição ataque-defesa é caracterizada pelas ações e comportamento individuais e
coletivos no momento da perda de bola.
Macro Princípios:
Pressão imediata ao portador da bola e espaço circundante
Fecho das linhas de passe no centro do jogo
Criação de quatro linhas defensivas em profundidade
Após a perda de bola e aproveitando a ação das linhas de cobertura ofensivas existentes no
momento anterior à perda, os jogadores no centro de jogo, devem tentar evitar ou retardar a
progressão através da pressão ao portador e às linhas de passe mais próximas do mesmo.
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Se por algum motivo o adversário conseguisse sair da zona de pressão, a equipa
reorganizava-se no espaço, ocupando preferencialmente o corredor central e reduzindo o espaço
intersectorial, formando quadro linhas defensivas em profundidade convidando o adversário a
jogar para trás.
Figura 22: Transição Defensiva – Pressão e linhas defensivas em profundidade
3.3.6. Circulações táticas
Este tipo de exercícios foi utilizado como meio para o desenvolvimento de padrões ou
rotinas de jogo que se manifestam na análise das regularidades comportamentais individuais e
coletivas da equipa, as quais apresentam um elevado grau de probabilidade de ocorrerem,
relativamente a outras plausíveis ou possíveis, tanto no ataque como na defesa (Castelo, 2011).
As figuras que se seguem evidenciam algumas rotinas de jogo exercitadas no processo de
treino e colocadas em prática em alguns momentos de jogo ofensivo.
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Figura 23: Circulações táticas iniciadas no sector defensivo
A figura demonstra duas circulações táticas distintas iniciadas a partir de um dos DC e
efetuadas sem qualquer oposição.
Na primeira, o DC efetua passe para o DL que perante o movimento de apoio frontal do AV
e respetiva comunicação verbal, efetua um passe rasteiro para o mesmo. Após receção de bola, o
AV devolve a bola ao MDF (nº6) que com receção orientada efetua passe longo em diagonal para
o EXT que se desmarca no corredor lateral oposto. EXT efetua receção da bola e cruza ao 2º poste.
No momento da receção de bola pelo EXT (nº 7), o AV (nº9) efetua deslocamento ao 1º poste e o
EXT do corredor oposto (nº 11) efetua deslocamento para o 2º poste.
Na segunda circulação, o objetivo é colocar rapidamente a bola no corredor lateral. Sendo
assim, a bola circula de um central para o outro e este último a dois toques (receção orientada e
passe rasteiro) coloca a bola no EXT do corredor lateral mais próximo. Após receção de bola, MOF
(nº10) efetua desmarcação de apoio, para efetuar combinação direta com o EXT. De seguida o EXT
recebe a bola perto da linha de fundo e cruza ao 2º poste. No momento da combinação direta, EXT
do corredor oposto (nº11) prepara-se para efetua movimento de aproximação ao 2º poste, e AV
efetua desmarcação circular e aparece no 1º poste.
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Figura 24: Circulação tática iniciada no sector intermédio
A figura 24 descreve uma rotina de jogo iniciada no sector intermédio por um dos MDF.
Na primeira instância, o MDF (nº8) circula a bola para o apoio lateral (2º MDF – nº6) através de
passe rasteiro. Após receção orientada, o MDF efetua passe longo para a linha de fundo, solicitando
a desmarcação do EXT do corredor lateral mais próximo. Neste momento o DL faz desmarcação
de apoio e solicita a bola ao EXT (portador da bola). Sem efetuar receção, DL efetua cruzamento
de primeira. No momento do passe do EXT ao DL, existe uma mobilidade coletiva efetuada da
seguinte forma:
MDF que iniciou a circulação desloca-se para a posição do médio ofensivo ficando à
entrada da área;
MOF desloca-se para a marca de penalti;
AV faz desmarcação circular e aparece no primeiro poste;
EXT do corredor lateral oposto efetua movimentação ao 2º poste com o objetivo de
tentar a finalização.
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Figura 25: Lançamentos lateral no meio campo ofensivo
Na figura 25 observamos um padrão de jogo iniciado a partir de um lançamento de linha
lateral no meio campo ofensivo efetuado pelo DC. Após o lançamento lateral efetuado para MOF
(nº2), existe uma desmarcação do EXT (nº 3) em overlap para a linha de fundo, realizando uma
troca posicional com o MDF (nº4). Neste momento o MOF (nº2) efetua combinação indireta com
o EXT e este realiza cruzamento para a área. Por fim, e perante a oposição de um DC, o AV (nº6)
efetua desmarcação circular ao primeiro poste, o 2º MDF desloca-se para a zona do penalti e o
EXT do corredor lateral oposto efetua movimento diagonal ao 2º poste com o objetivo de finalizar
perante oposição de um adversário (situação de 3x1 na grande-área).
3.3.7. Esquemas táticos
As situação de bola parada ou partes fixas do jogo é conseguia através da operacionalização
de exercícios para o desenvolvimento de esquemas táticos, cujo objetivo principal é aprimorar a
coordenação e a sincronização através de uma sequência comportamental individual e coletiva
tentando encontrar as melhores condições de êxito com vista à concretização dos objetivos do
ataque ou da defesa (Castelo, 2011).
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Figura 26: Lançamentos laterais a favor perto área
A figura 26 demonstra uma situação de bola parada, nomeadamente o aproveitamento dos
lançamentos laterais quando o local do lançamento se encontra no enfiamento da grande área
adversária. É efetuado um lançamento longo para o MOF que através de combinação direta devolve
ao DL que efetuou ao lançamento e seguidamente cruza a bola preferencialmente ao 2º poste.
Figura 27: Lançamentos laterais a favor no meio campo defensivo
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Nos lançamentos laterais a favor antes do meio campo (figura 27), o EXT inicialmente
colocado a uma distância considerável da zona do lançamento lateral efetua movimento de
aproximação para poder receber a bola no pé e devolver ao DL. O lançamento deveria ser efetuado
ao longo da linha, existindo uma troca posicional entre o MOF ou AV e o EXT que faz movimento
de aproximação.
Figura 28: Lançamentos laterais a favor depois meio campo
Nos lançamentos laterais a favor depois do meio campo (figura 28), era pedido que se usasse
preferencialmente as opções 1 e 2, e só em último caso opção 3, pois é na zona central que se
encontra um maior aglomerado de jogadores da equipa adversária. A linha de passe 2 deveria ser
ocupada pelo AV ou MOF, sendo que o EXT deveria ocupar uma zona central.
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Figura 29: Cantos Defensivos
A figura 29 evidencia o posicionamento e deslocamentos nos cantos defensivos. Caso o
adversário opta-se por realizar um canto curto, um MDF (nº6) e o AV (nº9) deveriam sair na
contenção e cobertura defensiva respetivamente, tentando impedir a progressão e/ou cruzamento
da equipa adversária. Neste tipo de lances deveria ser adotado o método defensivo zonal.
Figura 30: Cantos Ofensivos
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A figura 30 demonstra o padrão de jogo efetuado nos cruzamentos ofensivos. O marcador
seria sempre o EXT oposto ao da marcação, tentado cruzar a bola ao segundo poste.
Um dos MDF (nº6) tinha ordens para ficar junto ao guarda-redes adversário dificultando a
ação do mesmo. Neste tipo de lances, os jogadores que deveriam estar no centro de jogo ou perto
do mesmo, seriam os dois DC (nº 3 e 4), o AV (nº9) os EXT (um deles com a função de efetuar a
marcação do pontapé de canto e o outro efetuando desmarcação ao segundo poste) e os três médios
com funções distintas:
Um dos MDF posicionar-se junto do guarda-redes;
O outro MDF colocar-se junto ao primeiro poste;
O MOF (nº10) ficar à entrada da área com o objetivo de ganhar as segundas-bolas.
Figura 31: Livres laterais no meio campo ofensivo
A figura 31 descreve o posicionamento e as movimentações que deveriam existir na
marcação de pontapés livres laterais (diretos ou indiretos) a partir do último terço ofensivo.
O marcador do lance deveria ser sempre o EXT do lado oposto e tinha o objetivo de colocar
a bola em arco na direção do 2º poste.
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Momento antes de ser efetuada a marcação do livre, quatro ou cinco jogadores deveriam
efetuar deslocamentos para a área com o objetivo de tentar a finalização.
O número de jogadores que efetuavam o deslocamento (4 ou 5) dependia do comportamento
do médio ala da equipa contrária:
Caso o médio ala adversário acompanhasse a subida do DL, então o DL constituiria o
quinto elemento na área;
Caso contrário, a missão do DL do corredor oposto seria ficar no sector intermédio
juntamente com o outro DL e um dos MDF, criando a superioridade numérica numa
situação defensiva em caso de contra-ataque / ataque rápido da equipa adversária.
3.4. Definição de objetivos gerais e específicos
Para Deci e Ryan (2000) a definição de objetivos (realistas) é considerado como sendo um
fator facilitador da motivação intrínseca do ser humano. Locke & Latham (1990), citados por
Porém et al. (2001) afirmam que vários treinadores defendem que o sucesso no contexto desportivo
está intimamente ligado à motivação inerente aos próprios atletas. Sabendo da importância que o
fator motivacional poderá ter no rendimento dos jogadores, foram definidos objetivos gerais e
específicos (competitivos) respeitando a filosofia, a cultura e os valores do clube. Seguindo este
mote, foram definidos os seguintes objetivos:
Evoluir do ponto de vista técnico-tático, físico e psicológico de modo probabilidade
do atleta integrar o plantel de Juvenis no ano seguinte;
Adquirir um conjunto de valores tais como a responsabilidade, o espírito de sacrifício,
a capacidade de superação e a cooperação dentro de um grupo;
Criar hábitos saudáveis promovendo o gosto pela prática desportiva;
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Garantir uma formação escolar positiva, através do apoio e acompanhamento
individual do processo escolar de cada um dos jogadores;
Como objetivo competitivo, foi colocado à equipa o desafio de alcançar a qualificação para
a 2ª fase do Campeonato Nacional de Iniciados, sabendo de antemão que na série onde o Belenenses
ficou integrado, estavam equipas com o Sporting e Benfica e que para a fase final teriam apenas
entrada direta os dois primeiros classificados e o melhor terceiro de cada série.
Ao longo da época foram definidos vários objetivos de realização orientados à tarefa. a,
sendo considerados como um forte fator motivacional, alimentando o aumento da performance
individual e coletiva no decorrer dos encontros. Este tipo de objetivos foi sugerido pelo psicólogo
da equipa com o aval do treinador. Exemplos:
Efetuar X desarmes de bola;
Realizar X remates à baliza;
Não sofrer golos na 1ª parte.
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4. Planificação Estratégica
Segundo Castelo (2009), a planificação estratégica é consubstanciada pela elaboração de
planos plausíveis de intervenção e pressupõe um conjunto de operações lógicas integradas que
permitem dar à organização dinâmica do jogo, as melhores condições para atingir os objetivos
competitivos.
Este tipo de planificação estratégica espelha todo o processo de treino a implementar com
visando a operacionalização da forma de jogar pretendida acrescida das adaptações que são
necessárias efetuar, em função do conhecimento da equipa adversária. A implementação deste
processo traduz-se no desenvolvimento de conteúdos de treino que recriem as condições e as
particularidades que a competição prospetiva, procurando simular cenários de jogo (Castelo, 2009).
Neste sentido, o processo de treino foi sistematizado ao longo da época, com base no
planeamento anual efetuado e no desenvolvimento de um microciclo padrão constituído por
diversos conteúdos, que visavam a implementação da forma de jogar pretendida e respetivas
adaptações a efetuar, fruto da análise efetuada à equipa adversária.
4.1. Periodização / Planeamento anual
Para que a criança/jovem possa evoluir no desporto com uma base sólida, é necessário que
exista a organização e direção apropriadas, bem como o planeamento, que, simultaneamente,
constitua o seu fundamento e base hipotética de reformulação (Proença, 1986). Deste modo, faz
todo o sentido que o processo de ensino seja devidamente planeado numa perspetiva de longo
prazo, adotando uma metodologia de intervenção fundamentada na aquisição consciente e racional
das situações propostas (Casáis, 2009), determinando um conjunto de objetivos assim como os
conteúdos e estratégias adequados para atingir os objetivos propostos.
Como refere Bompa (2000), ao sistematizarmos o treino de crianças e jovens em estádios
de desenvolvimento com objetivos bem definidos, serão criados mais pressupostos para a formação
de atletas excelentes e saudáveis. Isto só é possível com uma boa planificação, pois esta permite
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analisar, definir e sistematizar as diferentes operações inerentes à construção e desenvolvimento
de uma equipa (Castelo, 2009).
De acordo com Silva (1995), a periodização tradicional do treino sugerida por Matvéiev
(1991), tende a não enquadrar-se na realidade do desporto moderno, nem a responder às exigências
de um quadro competitivo denso como são os da atualidade, quer no alto rendimento, quer na
formação de jovens. Respeitando as etapas sensíveis de maturação dos jovens, decidiu-se adotar
um tipo de periodização que permitisse desde cedo iniciar o trabalho em especificidade e de acordo
com o modelo de jogo pretendido, reduzindo deste modo o tempo dedicado a trabalhos de natureza
geral.
No período preparatório, pretendeu-se dar um maior volume de treino através da realização
de 4 sessões de treino em cada um dos 4 microciclos semanais que compuseram o período. Desde
logo se começaram a desenhar e implementar exercícios de treino que espelhassem o
comportamento coletivo a adotar nos diferentes momentos do jogo.
No período competitivo, cada microciclo passou a ser composto por apenas 3 sessões de
treino, fruto de restrições logísticas que se prenderam com a ocupação dos espaços de treino por
parte de outras modalidades do clube. Tentou-se manter níveis de volume e intensidade de treino
estáveis ao longo do período sendo definido um microciclo padrão para efeito.
No período transitório, representado apenas por 2 microciclos semanais com 2 sessões de
treino cada, verificou-se uma diminuição do volume e intensidade do treino e os objetivos
principais foram eliminar a fadiga mental gerada pelo longo período competitivo e observar novos
jogadores para a integração no plantel da época seguinte. No anexo I encontra-se descrito o
planeamento anual efetuado.
4.2. Observação e análise das equipas adversárias
Segundo Hughes & Franks (1997), citados por Garganta (2001), a informação recolhida a
partir da análise do comportamento dos atletas em contextos de treino e competição, é considerada
atualmente uma das variáveis que mais afetam a aprendizagem e a eficácia da ação desportiva. Os
mesmos autores defendem que o processo de treino visa induzir modificações observáveis no
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comportamento dos praticantes no sentido em que as mesmas adquiram o máximo de transfere
positivo para os contextos de competição. Sendo assim, faz sentido que a utilização de meios de
observação e análise sejam englobados no planeamento estratégico da equipa, isto é, na preparação
da equipa para o próximo contexto competitivo.
Figura 32: Relação Modelo de Jogo Modelo de Análise Modelo de Treino. Castelo (2012)
Ao longo da época desportiva foram efetuadas ações de recolha de informação acerca das
equipas adversárias, através da mobilização de um dos treinadores adjuntos com o intuito de
observar diretamente o adversário utilizando a notação manual como meio de recolha. A
informação era posteriormente introduzida e preparada no computador (Anexo III) servindo de
feedback para a realização de adaptações pontuais aos conteúdos de treino por forma a fomentar
alguns comportamentos em função dos pontos fortes / pontos fracos do adversário.
Complementarmente, foram utilizados sítios de informação desportiva na internet, com o intuito
de recolher algumas estatísticas relevantes acerca do adversário.
No decorrer dos jogos, uma das tarefas dos treinadores adjuntos consistiu em recolher
informação estatística e comportamental da própria equipa, compilando-a posteriormente em
formato eletrónico (ver Anexos IV, V, VI e VII). Os jogos realizados no Restelo foram filmados
por uma entidade externa sendo que as filmagens eram facultadas posteriormente à equipa técnica
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e trabalhadas de modo a isolar algumas situações de jogo em que os comportamentos não foram os
esperados e vice-versa.
Toda a informação tratada foi exposta aos jogadores semanalmente durante uma sessão de
meia hora realizada (consultar Anexo I) nas instalações do clube.
Todas as ações de observação e análise acima descritas constituíram as primeiras etapas da
planificação estratégica.
4.3. Microciclo de treino padrão
De acordo com Castelo (2009), a elaboração de um programa de preparação para o ciclo de
treino, passa primeiramente pela concretização do número de treinos a realizar, a sua duração, a
gradação da intensidade do esforço a que os jogadores estarão sujeitos e, por último, aos objetivos
fundamentais a que cada sessão de treino deve obedecer. Para Alves (2004), citado por Santos
(2006), as adaptações de treino vão-se conseguindo através da repetição sistemática e da
organização dos diversos exercícios, em função da orientação definida e planeada, ou seja, é pela
repetição dos estímulos que se viabiliza a aquisição de adaptações estáveis.
Partindo destes pressupostos, e tendo em consideração que o período entre a realização de
duas competições sucessivas foi de uma semana, desenvolveu-se um microciclo padrão (figura 33)
subjugado ao aperfeiçoamento de aspetos inerentes ao modelo de jogos da equipa assim como à
criação de cenários mais previsíveis de acontecerem na competição seguinte, suportados na análise
previamente efetuada do adversário.
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Figura 33: Microciclo de Treino Padrão
4.4. O exercício e sua integração no processo de treino
Queiroz (1986) considera o exercício de treino como uma estrutura base de todo o processo
responsável pela elevação do rendimento do jogador e da equipa e, como tal, uma parte significativa
do rendimento global. Reforçando esta ideia, Castelo (2003) considera o exercício de treino o
principal meio de preparação dos jogadores e das equipas, e a sua integração no processo de treino
procura induzir nos praticantes os modelos de comportamentos desejados por forma a
operacionalizar a forma de jogar pretendida (Garganta, 2002).
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Para Martin (1991), citado por Marques et al. (2001), a evolução das condições que
promovem o potencial dos atletas não deve depender apenas do aumento do tempo consagrado ao
treino, mas sim promover uma maior qualidade de intervenção, através de cargas e conteúdos
criteriosamente escolhidos, isto é, deve-se privilegiar a qualidade do estímulo em detrimento da
quantidade (Santos, 2006).
Assim, todos os exercícios de treino deverão ser conceptualizados tendo em conta a forma
de jogar pretendida, o desempenho no último jogo e as características do próximo adversário (Silva,
2008) e condicionados mediante a utilização criteriosa das condicionantes estruturais do exercício
de treino (Castelo & Matos, 2006), visto existirem estudos (Clemente et al., 2012) que sugerem
que a intensidade do exercício e as qualidades técnico-táticas podem ser manipuladas pelos
treinadores através de condicionantes estruturais tais como o espaço, o número de jogadores, ou a
comunicação/feedback.
Figura 34: Elementos estruturais do exercício de treino (Castelo & Matos, 2006)
Segundo Castelo (2009), as condicionantes estruturais poderão compatibilizar diferentes
graus de complexidade, tendo em atenção o desempenho futebolístico dos jogadores em questão,
das margens de progressão de prestação desportiva dos jogadores e equipa assim como as
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necessidades individuais e coletivas observadas durante a competição, modelando-as em função de
uma identidade própria de jogar.
Na conceção do exercício, o treinador deverá ter em conta o grau de desenvolvimento dos
jogadores e o objetivo do exercício, pois ambas influenciarão a manipulação das condicionantes
estruturais a aplicar na sua operacionalização do exercício. No plano fisiológico (Castelo, 1996), a
aplicação de condicionantes tais como a duração, o volume ou a intensidade tem impacto na
totalidade do sujeito, e poderão manifestar-se com particular incidência no âmbito
anatomofisiológico, psicológico ou sociológico (Proença, 1998). Apesar das condicionantes
mencionadas serem de uma elevada importante, principalmente no treino de jovens, será no plano
técnico-tático que o treinador deverá enfatizar a estruturação do treino. Através da manipulação
das suas componentes estruturais, tais como o espaço, o tempo, o número de jogadores ou as
formas, é possível regular a complexidade do exercício e adaptá-lo à especificidade do modo de
jogar pretendido. Castelo (2009) refere que as condicionantes estruturais estão diretamente
relacionadas com a possibilidade de criação de uma ampla variedade de contextos de jogo, que
poderão ser recreados, conceptualizados e por fim operacionalidades no decorrer do processo de
treino.
Ao longo da época verificou-se que as condicionantes estruturais foram maioritariamente
aplicadas na parte inicial das sessões de treino, momento onde normalmente são focadas as tarefas
de aprendizagem, desenvolvimento e aperfeiçoamento individual e coletivo. Fazendo o uso da
condicionante espaço, através da elaboração de exercícios de treino em espaços reduzidos,
pretendeu-se aumentar a velocidade na tomada de decisão e execução de ações individuais e
coletivas subsequentes no menor espaço de tempo possível.
O envolvimento de um número reduzido de jogadores em determinados exercícios de treino
também se verificou usualmente, pois era pretendido que a) “aumentasse o número de vezes que
os praticantes poderiam relacionar-se de forma: - directa com a bola; ou, próximo dos
companheiros e adversários que num dado momento a detém; e, tão ou mais importante, serem
eles próprios a concretizarem o objectivo final estabelecido para o exercício” (Castelo, 1999),
como por exemplo um exercício de finalização de 2x1; b) aumentar a intensidade de jogo, pois um
estudo realizado por Rampinini et al. (2007) observou-se um aumento de frequência cardíaca
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durante a realização de jogos reduzidos/simplificados integrados por um número reduzido de
jogadores, sugerindo um associação entre a intensidade de jogo e o número (reduzido) de jogadores
presentes na situação contextual criada pelo exercício.
Segundo Castelo (1999), a solução dos problemas em contexto competitivo está
diretamente relacionada com o tempo que o jogador dispõe para refletir sobre os mesmos. Se
considerarmos o tempo reduzido que o jogador dispõe para resolver determinadas situações de
jogo, torna-se evidente a importância da utilização da condicionante temporal no exercício de
treino. Ao logo da época a utilização da condicionante estrutural tempo verificou-se pontualmente
em determinado exercícios onde era pretendido que os jogadores executassem ações técnico-táticas
no menor tempo possível, tais como por exemplo, após criação de superioridade numérica ter 5
segundos para tentar a finalização. Para Castelo (1999), “a invariável tempo está estritamente
ligada ao espaço”, significando que o rendimento individual e coletivo poderá depender da correta
aplicação destas duas condicionantes nos exercícios de treino pois segundo Queiroz (1986), a
eficácia técnica depende de um complexo de variáveis técnicas e táticas desenvolvidas em
competição que podem, ou não, perturbar o jogador quando se o pressiona pelo tempo e se o priva
de espaço.
De acordo com Castelo (1999), as relações que se estabelecem entre os critérios número,
tempo e espaço devem ser consideradas pois segundo Queiroz (1986) constituem variáveis
fundamentais da estrutura e organização dos exercícios assim como variáveis decisivas a) na
adequação da estrutura de complexidade de um exercício, b) que permitem estabelecer uma relação
entre os conceitos conteúdo e estrutura c) que permitem estabelecer uma correlação entre conteúdo
e estrutura do jogo e conteúdo e estrutura do exercício.
4.5. Taxonomia dos exercícios
Desde cedo que vários especialistas do treino desportivo sentiram a necessidade de
classificar os exercícios de treino, sendo que taxionomia mais difundida que a abrange quase todas
as modalidades desportivas é baseada em três elementos: técnico, físico e psicológico.
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Respeitando as particularidades específicas do futebol e tendo em consideração que se trata
de uma modalidade desportiva coletiva, vários autores, tais como Queiroz e Cook sugeriram
taxionomias adaptadas à modalidade.
Figura 35: Taxionomias de Queiroz e Cook – Adaptado de Faria (2010)
O futebol visto como um fenómeno representado por um sistema dinâmico complexo tem
vindo a observar o aparecimento de novas ideias e conceitos e tais como fases, etapas e momento
do jogo, fruto dos diversificados padrões que emergem em virtude das múltiplas possibilidades de
interação entre os elementos integrantes de um jogo (Castelo, 2009). Na procura de atribuir novas
denominações mais agregadoras para definir cada fenómeno do jogo, Castelo (2009) sugere uma
nova taxionomia para os diferentes métodos específicos de treino, resultantes do desenvolvimento
e aperfeiçoamento das novas conceções e práticas do jogo de futebol:
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Figura 36: Taxonomia de base dos exercícios de treino para o jogo de futebol (Castelo & Matos, 2006)
Com o objetivo de exercitar a forma de jogar pretendida, apresentam-se de seguida alguns
exercícios aplicados frequentemente no processo de treino da equipa de Iniciados A do CFB
durante a época desportiva 2011/2012, organizados segundo os métodos de treino base sugeridos
pela taxionomia de Castelo.
4.5.1. Métodos de preparação geral (MPG)
Segundo Castelo (2009), os métodos de MPG não incluem a bola como elemento central
de decisão/ação dos jogadores. Estes métodos de treino têm como objetivos favorecer o
desenvolver a preparação multilateral dos jogadores, direcionar os processos de recuperação e criar
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uma base funcional sobre a qual se apoiam de forma sustentada os outros métodos de treino. Estes
métodos incidem sobre as capacidades condicionais tais como resistência, a força, a velocidade e
flexibilidade.
Exercício: Velocidade + Travagem + Coordenação + Concentração
Figura 37: Exercício de Preparação Geral
Organização: Grupos de 6.
Espaço: 20m (5m entre cada cone).
Tempo: 3 Séries com duas repetições.
Objetivo: Velocidade, Coordenação e Força.
Este exercício foi realizado frequentemente no último treino da semana, ou seja, o
imediatamente antes da competição. As constantes travagens e mudanças de direção durante a
exercitação tinham como objetivo a simulação dos movimentos tipicamente presentes num jogo de
futebol e os estímulos que proporcionavam o início da sua execução pretendiam potenciar os níveis
de concentração/atenção que os jogadores devem ter perante os imensos estímulos presentes
durante uma partida de futebol. Por forma a enriquecer o conteúdo do exercício, poderia ser
incluído a presença de bola e as consequentes ações de finalização.
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4.5.2. Métodos específicos de preparação geral (MEPG)
Ao contrário dos MPG, os MEPG incluem a bola como centro de decisão/ação dos
jogadores e da equipa, apesar do objetivo a atingir não ser o golo. Durante a época desportiva,
foram utilizados todos os tipos básicos de meios de treino integrados nos métodos específicos de
preparação geral sugerido por Castelo (2006), ou seja, exercícios descontextualizados
(aperfeiçoamento das ações motoras específicas do jogo), manutenção da posse de bola,
organizados em circuito e lúdico/recreativos.
Descontextualizados
Os métodos de treino descontextualizados são conceptualizados e operacionalizados,
através de um conjunto de decisões/ações motoras específicas, as quais, são realizadas sem terem
em consideração os contextos situacionais que o jogo de futebol estabelece e desenvolve (Castelo,
2009). Servem essencialmente para desenvolver as competências técnicas e táticas em condições
de treino com diferentes escalas de aproximação à realidade competitiva.
Exercício: Triângulos passe curto passe longo.
Figura 38: Exercício descontextualizado
Organização: Grupos de 4/5 elementos em cada estação. 1 Bola por triângulo.
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Espaço: Triângulos de 20 metros entre vértices.
Tempo: 2’30’’ em cada esquema. 2 Repetições em cada estação. Tempo total aprox.: 15’.
Objetivo: Aperfeiçoamento técnico. Combinações diretas e indiretas.
Condicionante: Receção orientada e passe a apenas a toques.
Este exercício era normalmente realizado no início das sessões de treino de quarta-feira. É
um exercício de baixa/média complexidade imposta pela condicionante colocada durante a
realização do exercício. O objetivo principal era o desenvolvimento algumas capacidades técnicas
individuais tais como a condução de bola, a receção orientada e o passe. Sendo que no modelo de
jogo conceptualizado o método ofensivo predominante era o ataque rápido, este tipo de exercício
permitia desenvolver a velocidade de execução nas combinações diretas e indiretas, procurando
exacerbar o princípio da alternância entre o passe curto retirando a bola da zona de pressão e o
passe longo colocando-a rapidamente no sector ofensivo. Neste exercício a comunicação como
portador da bola foi incentivada sucessivamente pelo treinador.
Manutenção da Posse de Bola e Lúdicos/Recreativos
Os métodos de treino para a manutenção da posse de bola permitem desenvolver a
capacidade da equipa manter e circular a bola, privilegiando a segurança, quando num determinado
cenário situacional existem constrangimentos temporários que impedem a progressão ou o ataque
da baliza adversária em condições que possibilitem um sucesso mínimo aceitável (Castelo, 2009).
Por sua vez, e segundo o mesmo autor, os métodos lúdicos/recreativos formulam-se na
maior parte dos casos em situações “jogáveis” e, simultaneamente, de alegria, divertimento e
prazer, cujo produto final não é o resultado numérico atingido mas sim o momento vivido, ou seja,
promovem atividades e tarefas individuais e coletivas (em pequenos grupos) de carácter lúdico e
recreativo num quadro de divertimento e sã convivência, com o objetivo de reforçar a coesão do
grupo e minimizar as tensões de carácter interno e externo derivadas de situações pré e pós
competitivas.
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Exercício: Jogos reduzidos a 3 jogadores
Figura 39: Exercícios de Posse de bola e lúdico/recreativos
Organização: 5 Estações. 2 Equipas de 3 em cada estação.
Espaço: Cada estação: 25x30m.
Tempo: 3’ + 1’ de pausa. Tempo total aprox.: 20’ (5x 3’ + 4’ de pausa).
Objetivo: Manutenção da posse de bola + lúdico.
Condicionantes: Número de toques. Passes com a mão.
Este exercício foi regularmente utilizado no início da sessão de terça-feira. Com este
exercício pretendeu-se atingir dois objetivos distintos: 1) aperfeiçoar as capacidades técnico-táticas
que suportam a uma boa circulação e posse da bola em espaços reduzidos, exercitando as
capacidades técnicas individuais do passe e a receção e estimulando os comportamentos que
incutissem os jogadores a procurar constantemente o espaço vazio através da realização de
desmarcações de modo a criarem condições favoráveis para uma receção segura da bola e 2)
estimular a coesão de grupo e eliminação tensões pós-competitivas através do uso de uma estação
para jogar “touch-rugby”. Neste conjunto de estações existiu um grande foco por parte do treinador
no estímulo da comunicação, fator essencial ao bom desempenho no cenário proposto.
Organizados em Circuito
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Os métodos de treino organizados em circuito representam um das formas de organização
dos exercícios de treino sendo normalmente indicados para o aperfeiçoamento muscular, treinos
da resistência e flexibilidade ou aperfeiçoamento da técnica e da tática. Segundo Castelo (2009),
são constituídos por um conjunto mais ou menos alargado, de tarefas motoras organizadas em
percurso ou estações, as quais são metodologicamente e estrategicamente colocadas no espaço do
treino.
Exercício: Jogos reduzidos a 3 jogadores
Figura 40: Exercício organizado em circuito
Organização: Grupos de 6 elementos em cada uma das 4 filas. A cada 5 repetições, cada grupo
desloca-se para a fila imediatamente à sua direita.
Espaço: ¾ do espaço regulamentar.
Tempo: 5 repetições em cada fila. Pausa de 1’ entre filas. Tempo total aproximado: 20’.
Objetivo: Desenvolvimento de capacidades físicas, técnicas e táticas.
Este exercício espelha um circuito técnico/tático e físico utilizado esporadicamente às
terças-feiras. Tinha como objetivo o desenvolvimento da força através da realização de saltos, e da
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velocidade através de acelerações e travagens com mudança de direção. Na parte final do exercício
existia um cruzamento efetuado a partir de uma dos corredores laterais com o aparecimento em
zonas de finalização dos outros 3 jogadores que executavam paralelamente o exercício. O
posicionamento e deslocamento efetuado para zonas de finalizavam espelhavam as movimentações
preconizadas no modelo de jogo pretendido na altura dos cruzamentos para a área adversária.
4.5.3. Métodos específicos de preparação (MEP)
Os MEP são idênticos aos métodos específicos de preparação geral, isto é, incluem a bola
como centro de decisão/ação dos jogadores e da equipa contudo desenvolvem-se em cenários e
ambientes próximos da realidade desportiva e, portanto, apresentam uma matriz que persegue
constantemente o golo e formas mais complexas e modelares de organização coletiva (Castelo,
2009).
Finalização
Segundo Castelo (2009), os métodos de treino denominados para a concretização do
objetivo do jogo, ou seja o golo, criam condições favoráveis ao aperfeiçoamento da ação
tático/técnica de remate através da de contextos situacionais de caráter individual e coletivo
propício à concretização do jogo.
Exercício: Finalização 2 x 1 + (1) + GR / 3 x 1 + (1) + GR
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Figura 41: Exercício de finalização
Organização: 4 Grupos de 4-6 elementos em cada uma das filas. 2 Grupos de defesas e 2 grupos
de atacantes.
Espaço: ½ campo.
Tempo: 10’em cada situação (defesa e atacante) Tempo total aproximado: 20’.
Objetivo: Desenvolvimento de capacidades físicas, técnicas e táticas.
Este exercício foi utilizado essencialmente nos treinos de terça e sexta-feira tendo como
objetivos, o aperfeiçoamento da ação técnica do remate, assim como elevar a rapidez na tomada de
decisão perante uma situação de superioridade numérica (2x1 e 3x1) através da colocação de um
segundo defesa a pressionar nas costas. Para os jogadores que se encontravam no processo
defensivo, o objetivo seria o aperfeiçoar o gesto técnico do desarme e os princípios específicos
defensivos contenção e a cobertura. Com a situação de 3x1 + 1 pretendeu-se simular um cenário
de ataque rápido efetuado pelo avançado e pelos extremos em que a situação de superioridade
numérica estava previamente criada.
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Metaespecializados
Os métodos de treino que potenciam as missões táticas dos jogadores no quadro da
organização da equipa (metaespecializados) permitem, através da delimitação dos espaços de
atividade dos jogadores, objetivar a racionalização e a otimização das ações individuais e coletivas,
durante a fase ofensiva e defensiva do jogo, atendendo simultaneamente aos diferentes contextos
situacionais relativos ao jogo de futebol ou, do modelo de jogo adotado (Castelo, 2009). Estes
métodos de treino foram utilizados ao longo de todas as sessões do microciclo semanal.
Exercício: GR + 6 x 6 + (6) + GR
Figura 42: Exercício metaespecializado
Organização: 3 Equipas de 6 elementos. 2 Guarda-redes.
Espaço: ½ campo.
Tempo: Trocar as equipas a cada 2’. Tempo total aproximado: 20’.
Objetivo: Organização coletiva em espaços delimitados
Condicionante: Só é permitido marcar golo através de cruzamento sendo que estes só podem ser
efetuados pelo apoios após a bola ter passado pelos dois corredores laterais.
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Este foi um exercício tipicamente utilizado nas sessões de treino das terças ou sextas-feiras.
Com exercício pretendeu-se estimular e desenvolver vários comportamentos, quer da equipa em
posse, quer da equipa que se encontrava no processo defensivo. Em termos de organização
ofensiva, os objetivos passavam por exacerbar alguns comportamentos inerentes ao modelo de jogo
idealizado, incentivando os jogadores a iniciar o ataque pelos corredores laterais tentado circular
rapidamente a bola de um corredor lateral para o outro, variando rapidamente o centro de jogo na
procura de espaços menos ocupados pela equipa adversária e posteriormente estimular a realização
de cruzamentos para zona de finalização. Em termos de organização defensiva, pretendeu-se
exercitar a basculação em função da bola. A colocação dos apoios bem abertos nos corredores
laterais tinha como objetivo dar a largura e profundidade ao ataque preconizada no modelo de jogo.
Sectoriais
Estes métodos de treino permitem a sincronização das ações dos jogadores pertencentes ao
mesmo sector, bem como a sua interação com os demais sectores da equipa, promovendo assim
condições de jogo, para o aperfeiçoamento e otimização do trabalho coletivo.
Exercício: Sectorial e intersectorial - GR + 8 x 8 + GR
Figura 43: Exercício sectorial / intersectorial
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Organização: 2 Equipas de 9 jogadores.
Espaço: Campo inteiro.
Tempo: 15’.
Objetivo: Manutenção da posse de bola e transição entre sectores.
Condicionantes: a) Posse de bola realizada entre a zona dos pinos, Após 3 passes, efetuar passe
longo em diagonal solicitando jogador no corredor lateral. b) Os defesas só podem entrar na zona
defensiva quando o avançado adversário tocar na bola.
Com este exercício organizado sobre os 3 sectores de jogo e secundado pelo método de
jogo ofensivo, pretendeu-se articular posicionalmente as linhas em organização ofensiva e
estimulando a colocação da bola no sector ofensivo após rápida troca de bola no sector
intermediário, utilizando um passe longo em diagonal.
Padronizados
Os meios de treinos que permitem o desenvolvimento de padrões ou rotinas de jogo
suportam-se num conjunto de rotinas e sub-rotinas de jogo, manifestadas na análise das
regularizadas comportamentais individuais e coletivas da equipa, as quais apresentam um elevado
grau de probabilidade de ocorrerem, relativamente a outras plausíveis ou possível, quer no ataque,
quer na defesa (Castelo, 2009).
Exercício: Circulação a partir da linha defensiva
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Figura 44: Exercício padronizado
Organização: Jogadores colocados na sua posição de base.
Espaço: ¾ de campo.
Tempo: 20’.
Objetivo: Criação de rotinas de jogo.
Variante: A bola circula inicialmente do DC para o lateral mais próximo (trajeto 2).
Com este exercício secundado pelo método de jogo ofensivo, pretendeu-se desenvolver
algumas rotinas na organização ofensiva, quando a bola se encontrava inicialmente no sector
defensivo. Foi estimulada a alternância entre o passe curto (entre defesas) e passe longo (entre
laterais de avançado e medio defensivo e extremo colocado no corredor oposto), tentando fazer
com que a bola chegasse rapidamente ao sector ofensivo, espelhando assim o método de jogo
ofensivo privilegiado no modelo de jogo conceptualizado.
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Esquemas táticos
Os métodos de treino que permitem desenvolver os esquemas táticos, ou seja, as situações
de bola parada ou partes fixas do jogo, tentando racionalizar-se comportamentos e soluções
estratégico/táticas em função da situação de jogos, encontrando-se as melhores condições de êxito
com vista à concretização dos objetivos do ataque ou da defesa (Castelo, 2009).
Exercício: Livres diretos laterais ofensivos
Figura 45: Exercício de situação fixa de jogo
Organização: Jogadores colocados nas posições indicadas na figura.
Espaço: ½ do campo.
Tempo: 20’.
Objetivo: Sincronização coletiva das movimentações nos livres diretos ofensivos
Variante: A bola circula inicialmente do DC para o DL mais próximo (trajeto 2).
Com este exercício procurou-se promover a sincronização das movimentações a realizar
nos livres diretos ofensivos.
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Competitivos
Segundo Castelo (2009), os métodos competitivos com diferentes escalas de aproximação
à realidade são os que mais se aproximam do ponto de vista estrutural e funcional, das exigências
e das condições reais inerentes à luta competitiva.
Exercício: GR + 10 x 10 + GR
Figura 46: Exercício competitivo
Organização: Jogadores colocados nas posições indicadas na figura 46.
Espaço: Campo inteiro.
Tempo: 20’.
Objetivo: Identificação de referências para pressão.
Este exercício competitivo de ações coletivas tinha como objetivo o reconhecimento das
referências de pressão por parte da equipa em organização defensiva e a adoção dos
comportamentos pretendidos perante a ocorrência de determinado contexto. Exº: Quando a bola
entrava no sector intermediário, era pretendido exercer uma pressão imediata sobre o portador da
bola e zona circundante.
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No Anexo IX é possível consultar um exemplo de um microciclo semanal composto por
três sessões de treino.
4.6. Análise dos métodos de treino utilizados ao longo da época
Neste subcapítulo é efetuada uma análise à distribuição dos métodos de treino utilizados ao
longo da época desportiva nos diferentes períodos que integram a periodização anual, perfazendo
no total 45 microciclos semanais e 139 sessões de treino correspondendo a aproximadamente
13640 minutos / 210 horas de treino.
Figura 47: Métodos de treino utilizados ao longo da época
Preparação Geral15%
Descontextualizados17%
Manutenção da Posse da Bola
5%
Organizados em Circuito
3%Lúdico-Recreativo4%
Finalização6%
Metaespecializado10%
Sectorial4%
Padronizado10%
Situações Fixas do Jogo8%
Competitivos18%
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Observando a figura 47 que apresenta os métodos de treino que compõem a dimensão
vertical da taxonomia em cada uma das macros famílias que a constituem, constatamos que os
métodos predominantemente utilizados ao longo da época foram os competitivos, os
descontextualizados e os de preparação geral.
A frequente utilização dos métodos competitivos com diferentes escalas de aproximação à
realidade justifica-se pelo fato de estes se assemelharem à essência e natureza da competição
(Castelo, 2009), permitindo exercitar os grandes princípios do modelo de jogo conceptualizados
em contextos próximos da realidade competitiva.
Foi verificada uma utilização idêntica dos métodos descontextualizados pois pretendeu-se
criar cenários que potenciassem o desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades técnicas
individuais do atletas, dimensão do treino a desenvolver predominantemente nos escalões de
formação, permitindo aos atletas aprimorar gestos técnicos que suportem as ações técnico-táticas
e estratégico-táticas preconizadas no modelo de jogo a adotar.
Uma utilização considerável dos métodos de preparação geral ao longo da época está
relacionada com o fato destes permitirem desenvolver as capacidades físicas dos atletas. De acordo
com Ferreira (1983) citado por Casáis et. al. (2009), o ensino do futebol deve considerar
simultaneamente o desenvolvimento dos jovens praticantes e os conteúdos próprios do jogo,
estruturando o processo de aprendizagem em etapas que relacionam níveis de complexidade do
jogo com níveis de aptidão do praticante. Assim a preparação física deve ser considerada como
uma dos fatores determinantes do treino nas etapas de formação do jovem desportista, sendo que
desta dependerá em grande medida, a qualidade e a duração da sua vida desportiva. Reforçando
esta ideia, Balyi (2005), cita que “os estragos causados nas idades entre os 6-10 e os 10-16 anos
nunca chegam a ser completamente corrigidos (os atletas nunca irão conseguir alcançar aquilo que
o seu potencial genético lhes iria permitir”. O mesmo autor desenvolveu um Plano de Formação
do Atleta a Longo Prazo (Figura 48), estruturado em etapas tendo em conta a idade biológica (nível
de maturação do indivíduo).
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Figura 48: Plano de Formação do Atleta a Longo Prazo (Balyi).
O autor defende que na etapa “Training to Train” se deva construir a “máquina” (estrutura
corporal e condição física) e a aquisição plena das capacidades técnicas das modalidades
desportivas escolhidas, sendo considerada a maior fase de desenvolvimento da aptidão física. É
nesta etapa que os jogadores da equipa de Iniciados A se enquadram. Considerando que o treino
das capacidades motoras (coordenativas ou condicionais) não tem o mesmo efeito em qualquer
idade, existindo fases sensíveis para o seu desenvolvimento, torna-se igualmente fundamental que
o treinador saiba escolher os meios e métodos mais eficazes e adequados ao desenvolvimento de
cada uma das capacidades.
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Figura 49: Fases sensíveis para o desenvolvimento das capacidades motoras (Adaptado de Martin, 1982)
Justifica-se assim que o uso dos métodos de preparação geral tivessem uma incidência
considerável (em termos percentuais) no processo de treino ao longo da época, pois através do
treino das capacidades condicionais (resistência, velocidade, força e flexibilidade) procurou-se
evitar a predisposição dos jogadores para lesões e desequilíbrios posturais (Bompa, 2002),
fomentar a preparação multilateral dos jogadores, direcionar os processos de recuperação e criar
uma base funcional sobre a qual se apoiam de forma sustentada os outros métodos de treino
(Castelo, 2009). Na contabilização destes métodos de treino, foram igualmente considerados os
exercícios de ativação/preparação inicial do organismo (mobilização geral) e coordenação.
Verifica-se igualmente uma utilização considerável dos métodos de treino
metaespecializados (10%), pretendendo-se a reprodução das especificidades do modelo de jogo
conceptualizado através da indução de uma especialização comportamental das missões táticas
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inerentes a cada posicionamento tático (Castelo, 2009). Um das razões pelas quais se optou pela
utilização destes métodos de treino, esta relacionada com os comportamentos específicos do
modelo de jogo durante a organização ofensiva da equipa, onde era pretendido que existisse uma
estabilidade constante ao nível posicional, evitando as permutas entre jogadores nos vários espaços
de jogo. Consequentemente fica justificada a pouca utilização dos métodos intersectoriais, que
incentivam constantemente a alternâncias posicionais e potenciam as interações de jogadores entre
sectores. Sou da opinião que se deveria ter utilizado com mais frequência os métodos de treino
intersectoriais, pois permitem exercitar a sincronização dos elementos pertencentes a diferentes
sectores, otimizando assim o jogo coletivo da equipa, complementando assim os métodos de treino
metaespecializados.
Com um pouco menos de frequência (8%), os métodos de treino padronizados foram
utilizados com o intuito de criar algumas rotinas no desenvolvimento ofensivo. Partilhando da ideia
que as situações fixas de jogo têm uma enorme importância num jogo de futebol, o treinador
integrou frequentemente no processo de treino a exercitação de lances de bolas paradas.
No eixo oposto, constata-se que os métodos de treino para a manutenção da posse de bola
foram pouco utilizados. Tal facto está relacionado com o método de jogo ofensivo
predominantemente utilizado, ou seja o ataque rápido, sendo que uma das características deste
método é colocação rápida da bola no sector ofensivo evitando que a equipa tenha um processo de
construção elaborado com base na circulação e manutenção e da posse de bola.
Nas restantes categorias, verificou-se um equilíbrio percentual, indo de encontro ao
princípio de treino metodológico da variabilidade, que preconiza a existência de uma variabilidade
de meios de preparação utilizados de modo a provocar na equipa uma menor monotonia nos
contextos de exercitação, evitando assim uma possível estagnação do rendimento desportivo
(Castelo, 2009).
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Figura 50: Métodos de treino utilizados por período
Observando os dados da figura 50, podemos verificar a existência de um equilíbrio
percentual na utilização dos métodos de preparação geral, descontextualizados, padronizado e de
finalização, nos períodos preparatório e competitivo.
Os métodos de treino lúdicos/recreativos foram utilizados maioritariamente no período
preparatório com o objetivo de fomentar a integração e coesão do grupo e no período transitório,
fruto da ausência de competição oficial, proporcionando aos atletas um minimizar de tensões
derivadas de situações competitivas.
Verifica-se que os métodos competitivos e os descontextualizados foram os mais utilizados
ao longo dos três períodos, por motivos distintos a) os competitivos porque são os que se
aproximam da realidade e b) os descontextualizados porque permitem exercitar subprincípios do
modelo de jogo, através de ações técnicas e técnico-táticas características da forma de jogar
pretendida.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
Período Preparat.
Período Competitivo
Período Transição
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5. Planificação Tática
Para Castelo (2009), a planificação tática é “definida pelo carácter aplicativo e operativo
da planificação conceptual e da planificação estratégica, procurando utilizar de forma racional e
oportuna durante o jogo, as qualidades físicas, tácito/técnicas e psicológicas, individuais e
coletivas dos jogadores que constituem a equipa com vista à concretização dos objetivos pré-
estabelecidos”.
As duas identidades essenciais e interdependentes que constituem os meios que exprimem
a planificação tática são os jogadores que constituem a equipa e o treinador cujo papel passa por
dar indicações claras e concisas, de forma a ajudar os seus jogadores na resolução dos problemas
de jogo. Segundo o mesmo autor, a planificação tática é constituída pelas seguintes etapas: a
direção da equipa durante a competição, a direção da equipa durante o intervalo e por fim as ações
a ter em conta logo após o termo do jogo.
5.1. Direção da equipa durante a competição
Partindo do pressuposto que o desporto tem em seu contexto uma componente que dele é
indissociável, a competição, esta constitui um dos meios de ensino, não só dos conteúdos
específicos das atividades desportivas, mas também de diferentes valores psicossociais,
sustentáveis ao longo de seu desenvolvimento (Milistetd et. al., 2008).
Segundo Ferreira (1994), a competição constitui o momento onde são medidas forças e
capacidades entre duas equipas em confronto, onde para além dos atletas, há a destacar o Treinador
que assume o papel decisor na gestão, orientação e direção da equipa.
Reforçando a mesma ideia, Santos e Rodrigues (2008) indicam que é no momento da
competição que a equipa expressa o seu rendimento desportivo, sendo o culminar do processo de
preparação e como tal, o treinador não poderá demitir-se do seu papel fundamental da direção e
orientação da equipa durante o jogo.
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Para Pina e Rodrigues (1994) a direção da equipa em competição é uma função importante
do treinador, sendo a relação que se estabelece entre o treinador e o atleta considerada um fator
crítico de sucesso.
Para Mesquita (2004), citado por Milistetd et. al. (2008) no desporto de crianças e jovens a
competição deve constituir uma extensão e complemento do treino, o qual deverá primar pela
educação e formação do indivíduo. Assim, o processo de integração de jovens nas formas de
competição adultas deve ser progressivo, de maneira que sejam consideradas, simultaneamente, a
capacidade de realização e a predisposição para a participação, numa perspetiva de formação a
longo prazo, centrada no bem-estar do atleta e não tanto no resultado final obtido nas diferentes
competições, promovendo assim um ambiente propício a: a) potencialização da motivação para a
excelência, b) correr riscos para aprender e c) assumir mais facilmente a responsabilidade dos seus
atos (Gomes, 2001).
5.1.1. Comunicação com os jogadores
Segundo Petit e Durny (2000), citados por Santos et. al. (2008), o treinador comunica para
orientar e conduzir o atleta à correta execução de ações previamente trabalhadas no processo de
treino. Para tal é necessário que neste processo exista uma comunicação eficaz exercida pelo
treinador.
Para Castelo (2002), um treinador pode saber tudo sobre metodologia, pode conhecer
bastante sobre uma modalidade assim como ser exímio na observação do jogo, mas o êxito da sua
atuação irá sempre depender da comunicação com os seus atletas.
Cruz e Gomes (1996) defendem que no contexto do futebol formação, o treinador deve
direcionar a sua comunicação encorajando o esforço e o trabalho dos jogadores em vez de pedir e
exigir resultados ou golos. Deve transmitir assim o apreço e a valorização do esforço realizado
pelos atletas utilizando reforços positivos e encorajar imediatamente após os erros cometidos,
evitando a punição e o castigo quando as coisas correm menos bem.
Apesar de, ao longo da época desportiva ter-se verificado a ausência de punições perante
ações onde os atletas não foram de encontro ao esperado, constatou-se que o uso de reforços
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positivos com o intuito de valorizar o esforço, potenciando assim o aumento dos níveis de
motivação dos atletas, foi em determinados momentos, diminuto. Durante o processo de direção
da equipa verificou-se o treinador teve o cuidado em dosear a alegria e a tristeza, evitando assim
geração de conflitos com outros intervenientes do jogo, tais como os árbitros ou os adversários.
5.1.2. Ações pontuais de acordo com o resultado
Ao longo da época, verificou-se um padrão nas tomadas de decisão do treinador, aquando
da ocorrência de sofrimento de um golo e consequente adiantamento da equipa adversária para a
frente do marcador. Se o cenário descrito ocorresse na segunda metade do encontro, era
imediatamente efetuada uma alteração ao sistema tático, implicando normalmente a realização de
uma substituição, colocando assim mais jogadores no sector ofensivo de modo a procurar
rapidamente inverter o resultado negativo. Esta alteração estava previamente contemplada no plano
de jogo e nunca foi feita ao acaso.
5.1.3. Substituições como meio operacional
Segundo Castelo (2009), o treinador ao efetuar substituições procura modificar ou corrigir
aspetos de carácter geral ou pontual, considerados indispensáveis ao cumprimento do plano de jogo
da equipa. Ao longo da época verificou-se que as substituições efetuadas (de caracter opcional)
tiveram por base três fundamentos: 1) a correção de alguns aspetos estratégicos/táticos exercidos
por um determinado jogador a ser substituído 2) a alteração de missões táticas do coletivo e 3) a
oportunidade de alguns jogadores menos utilizados ganharem ritmo competitivo. Esta última opção
verificou-se normalmente quando o resultado era bastante favorável à nossa equipa, existindo à
partida uma probabilidade muito elevada de vitória no encontro.
5.2. Direção da equipa durante o intervalo
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O intervalo constitui o período de paragem compreendido entre as duas partes oficiais de
um jogo de futebol, correspondendo a sensivelmente 10-15 minutos. Santos e Rodrigues (2008),
citando Castelo (1996) e Peseiro & Crispim-Santos (1999), enunciam que o treinador deve
aproveitar este momento para realizar as devidas correções técnico-táticas, assim como a
preparação do plano tático-estratégico para a segunda parte. Castelo (2009) sugere que as ações a
efetuar durante o intervalo devam ser sistematizadas em três etapas distintas: 1)
relaxar/tranquilizar, 2) vigilância médica e por último 3) preparação tático/técnica para a segunda
parte.
Logo após o apito do árbitro dando como encerrado o 1º tempo, todos os jogadores
recolhiam ordeiramente ao balneário. Ao longo da época, constatou-se que o processo sugerido por
Castelo se verificou durante o intervalo dos jogos. Em casos pontuais, a fase de relaxamento e
recuperação do esforço era acompanhada simultaneamente por ações de vigilância médica
(realizadas pelo fisioterapeuta), com o intuito de verificar o quanto antes a existência de lesões por
forma a otimizar o tempo disponível. Estas ações foram sempre procedidas da comunicação do
treinador que, numa primeira fase efetuava a análise aos erros individuais e coletivos cometidos na
primeira parte, contrariando assim alguns autores (Santos e Rodrigues, 2008), Castelo (2009) que
sugerem que o foco da comunicação deverá ser no que foi bem feito, e finalizando com a prescrição
curta e sucinta do comportamento técnico-tático individual e coletivo que os jogadores deveriam
adotar durante a segunda parte. Partilho da opinião que durante o intervalo, e não ignorando por
completo algumas situações menos boas ocorridas na primeira parte, se deva focar a comunicação
nos aspetos positivos do jogo reforçando os aspetos motivacionais dos atletas para a segunda parte.
5.3. Ações após o final do jogo
Moreira et al. (2007) defendem que a ética desportiva surge como uma estrutura moral que
define alguns limites para o comportamento dos desportistas, de forma a preservar um sistema
desportivo civilizado. Partilhando do mesmo raciocínio, foi definido pela equipa técnica que após
o término de cada jogo, os jogadores (incluindo os suplentes) tinham o dever de cumprimentar
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todos os elementos da equipa adversária (jogadores e a equipa técnica) assim como os árbitros da
partida, independentemente do resultado, e de seguida cumprimentar o público presente nas
bancadas, demonstrando assim que valores tais como o fair-play e o respeito por todos os
intervenientes se elevam perante um simples jogo de futebol.
Castelo (2009) indica algumas ações a ter em consideração imediatamente após o termo do
jogo: (i) partilhar com toda a equipa o resultado do jogo, (ii) intervir de forma curta para acalmar
a tensão, (iii) rever lesões e casos particulares e (iv) avaliar a eficácia da equipa tendo em
consideração o resultado final. As três primeiras ações foram verificadas em praticamente todos os
jogos, quer pelo treinador principal, quer pela restante equipa técnica. A avaliação da eficácia da
equipa era efetuada apenas numa sessão de análise única realizada às terças-feiras antes do início
da sessão de treino.
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6. Síntese Final
6.1. Conclusões
Ao longo do estágio tive a oportunidade de constatar a complexidade inerente às tarefas de
um treinador, levando-o à necessidade uma constante reflexão e realização de adaptações pontuais
fruto do grau considerável de imprevisibilidade que os vários contextos do treino e da competição
abarcam.
No término deste ciclo formativo concluo que as vivências experimentadas foram
extremamente enriquecedoras, tanto a nível profissional como pessoal, tendo a certeza de que os
ensinamentos recebidos ao longo do mestrado me dotaram de maior preparação e capacidade,
permitindo-me enfrentar desafios futuros com otimismo.
Efetuando uma síntese final do trabalho realizado durante o estágio, concluo que:
É de enorme importância a realização prévia do planeamento e periodização anual,
constituindo a base de toda a organização e direção da equipa ao longo da época
(Proença, 1986).
O saldo global relativamente aos objetivos propostos foi positivo. Verificou-se uma
evolução geral dos jogadores tendo em consideração as várias dimensões do treino,
culminando na integração de cinco deles no plantel da equipa de Juvenis A na época
seguinte, fato relevante tendo em conta que na época seguinte não existiu equipa de
Juvenis B. A maioria dos restantes jogadores foram emprestados a outros clubes, tendo
regressado ao CFB na época posterior. Todos os jogadores respeitaram e adotaram os
valores transmitidos e as regras estabelecidas. Existiram dois jogadores que
necessitaram de apoio escolar por parte de um dos treinadores, por forma a evitar o
afastamento da equipa (imposição colocada pelos encarregados de educação). Em
termos competitivos, e devido a um conjunto variado de fatores, a equipa não conseguiu
atingir a 2ª fase do campeonato nacional.
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A definição de um microciclo padrão organizado segundo uma taxionomia adaptada
aos conceitos do futebol atual, tais como fases, etapas e momentos de jogo,
proporcionando o estabelecimento de uma linguagem comum e um conhecimento
teórico-prático fundamental de base, que espelha as situações mais representativas a
desenvolver na relação treino-competição.
O conjunto de exercícios utilizados no processo de treino tiveram sempre o intuito de
criar cenários que permitissem operacionalizar a forma de jogar pretendida,
consubstanciada no modelo de jogo conceptualizado.
6.2. Perspetivas futuras
Segundo Curado (2011), o treinador é a pessoa que defende e transmite valores, possui e
desenvolve pensamento crítico, promove tarefas-problema, tem capacidade de liderança e interage
com o meio envolvente. Assim é fundamental que o treinador tenha uma formação adequada,
dotando-o de competências e comportamentos que coadunem as elevadas exigências das suas
funções.
Ao longo do estágio deparei-me com inúmeras situações, inseridas nos mais variados
contextos do treino e do futebol em geral, que me levaram a refletir e concluir que poderiam ser
passíveis de uma investigação mais profunda e consequente melhoria, as quais destaco:
O subaproveitamento das tecnologias de informação e respetivo impacto no
processo de observação e análise. Por exemplo, ao utilizarmos um sistema de cameras colocadas
nos diversos campos, efetuando o processamento das imagens captadas utilizando para tal um
software específico, seria possível captar indicadores, padrões e comportamento avaliando assim
a qualidade do treino e ajudando os treinadores na tomada de decisão durante a competição,
permitindo aceder à informação praticamente em tempo real.
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Aumentar o grau de fidelização e envolvimento dos atletas ao clube, criando para
tal cenários de interação com a equipa sénior que representam usualmente o modelo de jogador a
seguir para os jogadores que integram o futebol formação do clube
Otimizar alguns aspetos na conceptualização do modelo de jogo adotado, tendo em
conta as tendências evolutivas do modelo de jogo, tais como a distância entre jogadores no centro
e fora do centro de jogo, a profundidade dos jogadores (linhas de blocos) em função de zona aberta
(não pressionada) ou em função da zona fechada (pressionada), posicionamento e distâncias
determinadas pelas características dos adversário ou controlo e comando do jogo através da defesa.
Melhorias no processo comunicacional com os atletas, enfatizando o reforço
positivo através do uso do elogio e da recompensa, ajudando os atletas a valorizarem-se e
consequentemente aumentarem a autoestima.
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8. Anexos
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Anexo I
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Anexo I – Ficha Individual do Jogador
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Anexo II
Anexo II: Planeamento Anual
Anexo III
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Anexo III – Relatório de observação de equipa adversária
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Anexo IV
Anexo IV – Relatório estatístico individual no jogo Belenenses - Sporting
Anexo V
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Anexo V - Grelha Estatística Totais Individuais - Passes
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Anexo VI
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Anexo VI – Observação coletiva – C.A.C – C.F. “Os Belenenses”
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Anexo VII
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Anexo VII: Relatório sobre comunicação verbal
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Anexo VIII
Anexo VIII - Micro Padrão Semanal
Anexo IX
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Anexo IX: Exemplo do Microciclo semanal
Sessão de Treino – 3ª Feira
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Sessão de Treino – 4ª Feira
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Sessão de Treino – 6ª Feira
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Anexo X
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Anexo X: Campeonato Nacional de Juniores C – Classificação Final 1ª Fase
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ANEXO XI
ANEXO XI – Métodos de Treino utilizados ao longo da época
Métodos de Treino (Quantidade) Métodos de Treino (Percentagem)
Designação Período Tota
l Designação
Período
Preparat
.
Competitiv
o
Transiçã
o
Preparat
. Competitivo
Transiçã
o
Preparação Geral 12 76 4 92 Preparação Geral 14,63% 15,14% 20,00%
Descontextualizados 14 86 4 104 Descontextualizados 17,07% 17,13% 20,00%
Manutenção da Posse da Bola 6 22 28 Manutenção da Posse da Bola 7,32% 4,38% 0,00%
Organizados em Circuito 2 16 2 20 Organizados em Circuito 2,44% 3,19% 10,00%
Lúdico-Recreativo 10 12 4 26 Lúdico-Recreativo 12,20% 2,39% 20,00%
Finalização 6 30 36 Finalização 7,32% 5,98% 0,00%
Metaespecializado 6 50 2 58 Metaespecializado 7,32% 9,96% 10,00%
Sectorial 2 20 22 Sectorial 2,44% 3,98% 0,00%
Padronizado 8 52 60 Padronizado 9,76% 10,36% 0,00%
Situações Fixas do Jogo 4 46 50 Situações Fixas do Jogo 4,88% 9,16% 0,00%
Competitivos 12 92 4 108 Competitivos 14,63% 18,33% 20,00%